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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ENGENHARIA DE PETRÓLEO

INFLUÊNCIA DO PROPANTE DE FRATURAMENTO HIDRÁULICO


NA PRODUÇÃO DE RESERVATÓRIO TIGHT GAS

Marco Aurélio da Câmara Cavalcanti de Albuquerque Neto

Novembro de 2017
NATAL, RN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Marco Aurélio da Câmara Cavalcanti de Albuquerque Neto

INFLUÊNCIA DO PROPANTE DE FRATURAMENTO HIDRÁULICO


NA PRODUÇÃO DE RESERVATÓRIO TIGHT GAS

Trabalho apresentado ao Curso de


Engenharia de Petróleo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenção do título
de Engenheiro de Petróleo.

Orientador: Dr. Marcos Allyson Felipe Rodrigues

Novembro de 2017
NATAL, RN

Marco Aurélio da C. C. A. Neto ii

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Marco Aurélio da C. C. A. Neto iii

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

ALBUQUERQUE NETO, Marco Aurélio da Câmara Cavalcanti de. Influência do Propante


de Fraturamento Hidráulico na Produção de Reservatório Tight Gas. 2017. TCC - Curso de
Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Allyson Felipe Rodrigues

RESUMO
___________________________________________________________________________
A crescente necessidade energética mundial induz a busca por novos recursos
petrolíferos, fazendo a indústria investir na produção de reservatórios não convencionais, que
são aqueles cujo acesso é mais difícil e possuem uma maior necessidade tecnológica para o
seu desenvolvimento. A exemplo nós temos os reservatórios Tight Gas, que possuem baixas
permeabilidades. No passado esses reservatórios eram considerados antieconômicos, pois
exigiam altos custos e a produção era baixa. Com o estudo e investimento em técnicas como o
fraturamento hidráulico, tornou-se possível a produção de grandes volumes de gás
compensando os custos inerentes a produção. O fraturamento tem por finalidade aumentar o
índice de produtividade e injetividade, criando um caminho de alta condutividade entre o
poço e o reservatório através do bombeio do propante, entretanto análises para potencializar a
produção tornam-se imprescindíveis, visto que essa técnica envolve custos consideráveis.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho consiste em fazer uma análise de como as propriedades
do propante irão impactar em termos produtivos. Os estudos foram realizados através do
software da CMG (Computer Modelling Group) versão 2013.1 com o auxílio de um programa
auxiliar desenvolvido no Microsoft Office Excel 2007. Foram feitas mudanças na quantidade
em massa de seis propantes intitulados de Propante “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”, avaliados
as suas propriedades e sua influência na produção de um reservatório Tight Gas perfurado
com poço vertical. Foi constatado que o aumento demasiado de algumas propriedades não
trouxe benefícios produtivos significativos, reforçando a necessidade de se fazer uma análise
criteriosa quanto a um projeto de fraturamento. O bombeio de 90000 𝑙𝑏𝑚 do Propante “A”
foi o que apresentou o melhor resultado.
Palavras-Chaves: Fraturamento hidráulico, propante, reservatórios Tight Gas

Marco Aurélio da C. C. A. Neto iv

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

ALBUQUERQUE NETO, Marco Aurélio da Câmara Cavalcanti de. Influência do Propante


de Fraturamento Hidráulico na Produção de Reservatório Tight Gas. 2017. TCC - Curso de
Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.
Tutor:Prof. Dr. Marcos Allyson Felipe Rodrigues

ABSTRACT
__________________________________________________________________________
The increasing global energetic demand forces the researchers to search for new
extraction approaches of oil resources, inducing the industry to invest in the production of
unconventional reservoirs, which access is more difficult and requires the use of high
development technologies. An example of this kind are the tight gas reservoir that present a
permeability bellow 0.1 MD. In the past, these reservoirs were considered uneconomical,
once that they were expensive and had a low production. The study and investment in
techniques, such as hydraulic fracturing, made it possible to produce large volumes of gas,
making up the production cost. The purpose of fracturing is to increase the productivity and
injectivity index, creating a path of high conductivity between well and reservoir through the
pumping of proppant. However, analyses to enhance the production become indispensable,
since this technique involves considerable costs. Thus, the objective of this work was to
perform an analysis of how the proppant properties will impact in production. The studies
were conducted using the IMEX module from CMG (Computer Modelling Group) version
2013.1, assisted with a complementary program developed in Microsoft Office Excel 2007.
During this work the mass of proppant were varied in six concentrations and entitled as
proppant "A","B", "C", "D", "E" and "F", evaluating its properties and influences in the
production of a tight gas reservoir drilled vertically. It was discovered that the increase of
some properties didn't result in significant benefits to production, reinforcing the necessity to
make careful analysis in the design of fracturing projects. The pumping of 90000 lb. of
proppant "A" presented the best result in this study.
Keywords: Hydraulic fracturing, proppant, Tight Gas Reservoir

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DEDICATÓRIA

Ofereço esse trabalho a Deus, por toda saúde e


força de vontade para a realização desse
trabalho. Ofereço aos meus pais pela educação
e por todos os ensinamentos com o qual me
proporcionaram. Ofereço também a minha
namorada por toda paciência e auxílio com as
minhas obrigações diárias.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto vi

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre me dar amparo nos momentos de fraqueza. Agradeço ao
corpo docente do curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte por me dar suporte intelectual para a realização das minhas atividades profissionais e
acadêmicas, especialmente a pessoa de meu orientador, Prof. Dr. Marcos Allyson Felipe
Rodrigues, pela de minha coordenadora, Profª. Drª. Jennys Lourdes Meneses Barillas e aos
meus Profs. Dr. Edney Rafael Viana Pinheiro Galvão, Dr. José Altamiro Carrilho dos Santos
e Dr. Tarcilio Viana Dutra Júnior por terem acreditado na minha capacidade, por toda ajuda
no âmbito acadêmico, por serem elementos facilitadores de todo esse estudo e por terem me
dado a oportunidade de aplicar e adquirir novos conhecimentos ao lado deles. Agradeço
também aos meus amigos e companheiros de estudo Amanda Braun Barbosa Araújo, Dennise
Lorenna Gomes Camilo, Everton de Lima de Andrade, Fabricia Minelly Ferreira da Silva,
Henrique Borges de Moraes Juviniano, Igor Lisboa Bezerra, Rafael Breno Pereira de
Medeiros, Ricardo de Castro Madruga Filho, Sarah Miyako Kasuya de Oliveira, Thaise Maria
Silva de Paula e Yago Ramon Gouveia Cabral, que sempre estiveram presentes do meu lado
ao longo da minha graduação. Agradeço a minha namorada Jéssica Salustio da Silva pelo
apoio as minhas atividades acadêmicas e a todos os momentos maravilhosos da minha vida
com o qual ela me proporcionou. Agradeço a toda a minha família, em especial ao meu pai
Carlos Magno Pereira do Nascimento, a Minha mãe Karla Susanna Correia Cavalcanti de
Albuquerque e a minha irmã Rafaela Cavalcanti de Albuquerque Nascimento por todo amor,
dedicação e oportunidades que proporcionaram a minha Pessoa. Agradeço a Agência
Nacional de Petróleo (ANP), ao Programa de Recursos Humanos (PRH-ANP 43), ao
Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI) e a Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP) por todo o incentivo a formação na Engenharia de Petróleo, por todo apoio
financeiro e por terem sido elementos fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.

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“O gênio é composto por 2% de talento e


98% de perseverante aplicação.”
(Ludwig Van Beethoven)
“Não se pode criar experiência, é preciso
passar por ela.”
(Albert Camus)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 2
1.1 OBJETIVOS GERAIS................................................................................................ 3
1.1.1 Objetivos Específicos............................................................................................... 3

2 ASPECTOS TEÓRICOS............................................................................................... 6
2.1 RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS........................................................ 6
2.1.1 Reservatórios não Convencionais no Brasil.............................................................9
2.1.2 Reservatórios não Convencionais de Gás................................................................ 11
2.2 FRATURAMENTO HIDRÁULICO.......................................................................... 18
2.2.1 Histórico do Fraturamento Hidráulico..................................................................... 18
2.2.2 Aspectos Técnicos do Fraturamento Hidráulico...................................................... 20
2.2.3 Mecânica do Fraturamento Hidráulico.................................................................... 25
2.2.4 Fluido deFraturamento............................................................................................. 29
2.2.5 Agente de Sustentação............................................................................................. 36
2.2.6 Parâmetros Ótimos para o Fraturamento................................................................. 44

3 MATERIAS E MÉTODOS........................................................................................... 47
3.1 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS.................................................................. 47
3.1.1 Módulo WINPROP..................................................................................................48
3.1.2 Módulo BUILDER...................................................................................................48
3.1.3 Módulo IMEX.......................................................................................................... 48
3.2 CONDIÇÕES INICIAIS............................................................................................. 49
3.2.1 Modelo de Fluido.....................................................................................................49
3.2.2 Modelo de Reservatório........................................................................................... 50
3.2.3 Propriedades da Rocha e dos Fluidos...................................................................... 51
3.2.4 Características Operacionais do Poço Produtor....................................................... 55

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3.2.5 Modelagem da Fratura............................................................................................. 57


3.3 METODOLOGIA.......................................................................................................59

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................. 61
4.1 ANÁLISE DA PRODUÇÃO SEM O FRATURAMENTO.......................................62
4.2 ANÁLISE DA PRODUÇÃO COM O FRATURAMENTO......................................63
4.2.1 Análise Comparativa para Diferentes Propantes..................................................... 63
4.2.2 Análise da Produtividade do Modelo Base para Diferentes Massas........................ 71
4.2.3 Análise da Produtividade para Diferentes Meshes...................................................77
4.2.4 Análise Comparativa para Perdas de Condutividade da Fratura............................. 81

5 CONCLUSÕESE RECOMENDAÇÕES...................................................................... 88
5.1 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 88
5.2 RECOMENDAÇÕES................................................................................................. 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 94

Marco Aurélio da C. C. A. Neto x

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Definição de reservatórios convencionais com base na permeabilidade e


viscosidade. .................................................................................................................... 7
Figura 2 - Pirâmide de reservatórios de gás ............................................................................ 8
Figura 3 - Principais bacias brasileiras com potencial de recursos não convencionais. .......... 10
Figura 4 – Hidratos de metano no mundo, ocorrências recuperadas e inferidas ..................... 14
Figura 5 – Moléculas de água confinando em seu interior moléculas de metano ................... 15
Figura 6 - Principais países desenvolvedores de reservatório de metano em camadas de carvão
..................................................................................................................................... 16
Figura 7 – Água e gás sendo produzidos através de um reservatório de metano em camadas de
carvão .......................................................................................................................... 17
Figura 8 - Produção através de metano em camadas de carvão. Em (a) ocorre a dessorção do
gás, em (b) a difusão através do meio poroso e em (c) o fluxo através das fraturas
naturais. ....................................................................................................................... 17
Figura 9 - Torpedo de Roberts, antes e durante a explosão. .................................................. 18
Figura 10 - Fluido de fraturamento bombeado sem propante para iniciar a ruptura da
formação. ..................................................................................................................... 21
Figura 11 - Fluido de fraturamento bombeado sem propante para propagar a fratura. ........... 21
Figura 12 - Fluido de fraturamento bombeado com propante para o interior da fratura
hidráulica. .................................................................................................................... 22
Figura 13 - Injeção de fluido para deslocar o fluido carreador para os canhoneados. ............. 22
Figura 14 - Modelo de fluxo para um poço fraturado hidraulicamente. ................................. 23
Figura 15 - Aumento da área aberta ao fluxo devido a fratura hidráulica .............................. 24
Figura 16 - Fratura hidráulica ultrapassando uma zona danificada próxima ao poço. ............ 24
Figura 17 - Distribuição das tensões conforme a sua direção. ............................................... 28
Figura 18 - Propagação da fratura para um poço horizontal em relação a sua orientação com
as tensões horizontais. .................................................................................................. 29

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Figura 19 - Propagação da fratura. Em (a) a fratura atinge apenas a zona desejada, em (b) a
fratura atinge, além do reservatório, camadas não desejadas e em (c) a fratura atinge uma
zona de água................................................................................................................. 33
Figura 20 - Guia para seleção do fluido de fraturamento para um poço produtor de gás. ....... 35
Figura 21 - Guia para seleção do fluido de fraturamento para um poço produtor de óleo ...... 36
Figura 22 - Seleção do tipo de propante de acordo com a temperatura e a tensão. ................. 38
Figura 23 - Diagrama de Krumbein para esfericidade e arredondamento dos grãos. .............. 40
Figura 24 – Vista tridimensional do reservatório .................................................................. 51
Figura 25 – Curva de permeabilidade relativa para o sistema gás/óleo em função da saturação
de gás ........................................................................................................................... 52
Figura 26 – Curva de permeabilidade relativa para o sistema óleo/água em função da
saturação de água ......................................................................................................... 53
Figura 27 – Viscosidade do gás e do óleo em função da pressão ........................................... 54
Figura 28 – Fator volume formação do gás em função da pressão ........................................ 55
Figura 29 – Poço produtor localizado no centro do plano “ij” do reservatório. ...................... 56
Figura 30 – Trecho canhoneado do poço produtor no centro do plano “ik” doreservatório. ... 56
Figura 31 – Vista da fratura hidráulica no plano “ij”............................................................. 58
Figura 32 – Produção acumulada de gás para o reservatório não fraturado............................ 62
Figura 33 - Permeabilidade dos propantes para diferentes tensões de fechamento para 2
lbm/ft² .......................................................................................................................... 64
Figura 34 – Volume fraturado para diferentes massas dos propantes. ................................... 65
Figura 35 – Comprimento de fratura para diferentes massas de propante. ............................. 66
Figura 36 – Espessura da fratura propada para diferentes massas de propantes. .................... 67
Figura 37 – Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes
propantes. ..................................................................................................................... 68
Figura 38 – Folds of increase para diferentes propantes. ....................................................... 70
Figura 39– Permeabilidade do Propante A para diferentes tensões de fechamento para 2
lbm/ft² . ........................................................................................................................ 72
Figura 40 – Volume fraturado para diferentes massas do Propante A.................................... 73
Figura 41 – Comprimento e espessura da fratura para diferentes massas do Propante A. ...... 74

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Figura 42 – Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes
massas do Propante A................................................................................................... 75
Figura 43 – Folds of Increase para diferentes massas do Propante A. ................................... 76
Figura 44 - Permeabilidade do Modelo de Referência com diferentes meshes e tensões de
fechamento para 2 lbm/ft² ............................................................................................. 78
Figura 45 - Volume fraturado para diferentes meshes do Propante A. ................................... 79
Figura 46 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes
meshes do Propante A. ................................................................................................. 80
Figura 47 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes
meshes do Propante A considerando as perdas.............................................................. 82
Figura 48 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A
mesh 40/80 considerando e desconsiderando as perdas. ................................................ 83
Figura 49 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A
mesh 30/60 considerando e desconsiderando as perdas. ................................................ 84
Figura 50 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A
mesh 20/40 considerando e desconsiderando as perdas. ................................................ 85
Figura 51 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A
mesh 16/30 considerando e desconsiderando as perdas. ................................................ 86

Marco Aurélio da C. C. A. Neto xiii

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Volume recuperável de gás não convencional das principais bacias sedimentares
brasileiras ..................................................................................................................... 10
Tabela 2 - Valores do coeficiente de Poisson e módulo de Young para diferentes tipos de
rocha. ........................................................................................................................... 27
Tabela 3 - Fluidos de fraturamento e condições para utilização ............................................ 32
Tabela 4 - Níveis aceitos de qualidade da água para o fraturamento...................................... 32
Tabela 5 - Principais aditivos utilizados no fluido de fraturamento ....................................... 34
Tabela 6 - Resistência ao esmagamento para diferentes propantes. ....................................... 39
Tabela 7 – Composição do fluido ......................................................................................... 49
Tabela 8 – Número de blocos utilizados para o refinamento do reservatório. ........................ 50
Tabela 9 – Dimensões do reservatório e dos blocos. ............................................................. 50
Tabela 10 – Propriedades do reservatório ............................................................................. 51
Tabela 11– Parâmetros operacionais do poço produtor. ........................................................ 56
Tabela 12 – Propriedades genéricas para as simulações da fratura. ....................................... 57
Tabela 13 - Características técnicas dos propantes para 2 lbm/ft². ......................................... 63
Tabela 14 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço
para diferentes propantes. ............................................................................................. 69
Tabela 15 – Características técnicas do Propante A para 2 lbm/ft². ....................................... 71
Tabela 16 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço
para diferentes massas do propante A ........................................................................... 75
Tabela 17 – Características técnicas do Propante A com diferentes meshes para 2 lbm/ft². ... 77
Tabela 18 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço
para diferentes meshes do Propante A. ......................................................................... 80

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LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SÍMBOLOS E/OU SIGLAS

ANP - Agência Nacional de Petróleo


AAPG - American Association of Petroleum Geologist
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CNPE - Conselho Nacional de Política Energética
CTMA - Comitê Técnico de Meio Ambiente
EIA - Energy Information Administration
EPE - Empresa de Pesquisa Energética
MME - Ministério de Minas e Energia
OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PROMINP - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural
SPE - Society of Petroleum Engineers
𝛼 - Constante Poroelástica de Biot
𝐶𝑓𝑖𝑛𝑠𝑖𝑡𝑢 - Condutividade da Fratura na Tensão de Fechamento
𝐶𝑓𝑙𝑎𝑏 - Condutividade da Fratura em Condições de Laboratório
𝐶𝑝 - Concentração de Propante
𝐶𝑆 - Tensão de Fechamento
𝐹𝐶 - Fator de Condutividade
𝐹𝐶𝐷 - Condutividade Adimensional
𝐹𝐶𝐷𝑜 - Condutividade Adimensional Ótima
𝐹𝑂𝐼 - Folds os Increase
𝑔 - Gravidade
𝐻 - Profundidade Vertical
𝑕𝑓 - Altura da Fratura
𝑘 - Permeabilidade da Formação
𝑘𝐶𝑆 - Permeabilidade do Propante na Tensão de Fechamento
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𝑘𝑝 - Permeabilidade do Propante
𝑚𝑝 - Massa de Propante
𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 - Número de Propante
𝜍𝐻 - Tensão Horizontal
𝜍𝐻′ - Tensão Horizontal Efetiva
𝜍𝐻𝑚𝑎𝑥 - Tensão Horizontal Máxima
𝜍𝐻𝑚𝑖𝑛 - Tensão Horizontal Mínima
𝜍𝑣 - Tensão Vertical
𝜍𝑣′ - Tensão Vertical Efetiva
𝜍𝑡𝑒𝑐 - Tensão Tectônica
𝑝 - Pressão de Poros
𝑝𝑤𝑓 - Pressão de Fluxo do Fundo do Poço
𝑝𝑏𝑑 - Pressão de Ruptura
𝜌𝑏𝑢𝑙𝑘 - Densidade Bulk
𝜌𝑓 - Massa Específica da Formação
𝜌𝑚 - Massa Específica Média
𝜌𝑝 - Massa Específica do Propante
𝑟𝑒 - Raio de Drenagem
𝑟𝑤 - Raio do Poço
𝑟𝑤′ - Raio Equivalente
𝑠𝑘𝑖𝑛 - Dano a Formação
𝑇0 - Resistência a Tração
𝑣 - Coeficiente de Poisson
𝑉𝑓𝑟𝑎𝑡𝑝𝑟𝑜𝑝 - Volume da Fratura Propada
𝑉𝑟𝑒𝑠 - Volume do Reservatório
𝜙𝑝 - Porosidade do Pacote de Propante
𝑤𝑐𝑠 - Espessura da Fratura Propada na Tensão de Fechamento
𝑤𝑜 - Espessura de Fratura Ótima
𝑤𝑝 - Espessura da Fratura Propada
𝑥𝑓 - Comprimento da Fratura

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𝑥𝑓𝑜 - Comprimento de Fratura Ótima

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CAPÍTULO I:
INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

Durante anos o foco da indústria petrolífera foi explotar reservatórios convencionais,


no entanto o crescente consumo por petróleo pode fazer com que esses reservatórios não
atendam a demanda energética, fazendo a indústria investir na produção de reservatórios não
convencionais. Os reservatórios não convencionais são aqueles cujo acesso é mais difícil,
possuem baixa porosidade e permeabilidade e demandam mais recursos para a sua produção
(BESSA JÚNIOR, 2014).
No passado a produção desses reservatórios era considerada antieconômica, pois além
de exigir altos custos, a produção era baixa, porém com o desenvolvimento tecnológico, em
técnicas como o fraturamento hidráulico e a perfuração horizontal, tornou-se possível a
produção de grandes volumes de petróleo compensando os custos inerentes a produção
(SANTOS; CORADESQUI, 2013).
A exemplo temos os Estados Unidos, que é o maior consumidor de petróleo do
mundo, porém grande parte do que é consumido é proveniente de outros países. Por ter se
tornado um grande produtor de reservatórios não convencionais, devido ao investimento em
tecnologias, capital de risco e uma infra-estrutura de energia bem desenvolvida, os Estados
unidos conseguiu diminuir a sua dependência de outros países, estimulou a competitividade
econômica e reduziu os custos inerentes a indústria de produtos químicos (LAGE, 2013).
No Brasil existem bacias sedimentares com volumes consideráveis de gás não
convencional, destacando-se as onshore do São Francisco, Recôncavo, Parecis, Parnaíba,
Paraná, Potiguar, Solimões e Amazonas e as bacias offshore da Foz do Amazonas e Pelotas,
que podem tornar o país uma das maiores reservas de gás natural no mundo e desenvolver o
mercado de gás do país. Para que isso venha a ser possível, se faz necessário o investimento
em pesquisas e tecnologias na área do fraturamento hidráulico (CTMA e PROMINP, 2016).
O fraturamento hidráulico consiste de uma operação de workover para estimulação de
poços cujo objetivo é aumentar o seu índice de produtividade e injetividade, além de
contribuir para o aumento da recuperação final das jazidas. Nessa técnica, fluido de

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 2

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Neto
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fraturamento é bombeado a uma pressão maior do que a de ruptura da rocha até que a mesma
seja fraturada.A fratura se manterá aberta com o bombeio de um agente de sustentação,
também conhecido como propante, para o interior da fratura. O propante é o responsável por
possibilitar a criação de um caminho de maior condutividade para o fluxo de fluidos do
reservatório para o poço (ou vice-versa) (THOMAS et al, 2004).
O fraturamento hidráulico tem uma maior influência em formações de baixas
permeabilidades (THOMAS et al, 2004), como é o caso dos reservatórios de tight gas e shale
gas, sendo uma excelente forma de aumentar produção desses tipos de reservatórios,
entretanto se faz necessário uma análise criteriosa quanto ao processo, pois esta técnica
envolve custos operacionais consideráveis.

1.1 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral deste trabalho consiste em realizar um estudo sobre a influência do


propante e suas propriedades no fator de recuperação deum reservatório tight gás perfurado
com poço vertical através de simulações no modulo IMEX da Computer Modelling Group
(CMG) versões 2013.1 e com o auxílio de um programa de autoria própria criada no
Microsoft Office Excel 2007.

1.1.1 Objetivos Específicos

A fim de se atingir o objetivo geral deste trabalho foi desenvolvido os seguintes


objetivos específicos:

 Caracterizar os principais conteúdos intrínsecos aos reservatórios não


convencionais, fraturamento hidráulico e agentes de sustentação;
 Avaliar a metodologia de cálculo para um projeto de fraturamento hidráulico;

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 3

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
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 Implementar a metodologia de cálculo no Microsoft Office Excel 2007;


 Implementar os resultados obtidos através do Microsoft Office Excel 2007no
Computer Modelling Group 2013.1;
 Verificar e comparar a influência das propriedades do agente de sustentação no
fator de recuperação do reservatório;
 Desenvolver uma metodologia que permita uma escolha de forma criteriosa do
propante a ser utilizado.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 4

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CAPÍTULO II:
ASPECTOS TEÓRICOS

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 5

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2 ASPECTOS TEÓRICOS

Neste capítulo serão abordados aspectos fundamentais sobre reservatórios não


convencionais, os seus diferentes tipos, sobrelevando os portadores de hidrocarbonetos
gasosos. Posteriormente será abordada a técnica do fraturamento hidráulico, explicitando a
sua história, descrevendo a sua mecânica, geometria da fratura, tipos de fluidos utilizados,
bem como os seus aditivos.

2.1 RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS

Com o avanço tecnológico tornou-se possível o aproveitamento dos reservatórios não


convencionais, em especial nos Estados Unidos, que apresentou nos últimos anos uma
tendência ao desenvolvimento dos seus recursos não convencionais. O investimento nessa
alternativa de produção desencadeou um aumento no crescimento econômico do país e
sobrelevou a importância do desenvolvimento desse tipo de recurso. Em 2016, 40% da
produção de gás dos Estados Unidos era advinda de recursos não convencionais (CTMA e
PROMINP, 2016).
Apesar de que o seu desenvolvimento vem tornando-se ativo, em especial na América
do Norte, até o presente momento não existe uma definição formal do que viria a ser um
reservatório não convencional.
Nos Estados Unidos nos anos 70, o termo reservatório não convencional estava
atrelado a questões financeiras, sendo esses tipos de reservatórios aqueles que eram
considerados sub-econômicos (LAW; CURTIS, 2002). .Alguns autores o definem com base
em interpretações geológicas, como sendo os reservatórios que fogem dos fatores tradicionais
condicionantes para a ocorrência de petróleo, outros autores o definem em termos de
propriedades das rochas tais como a permeabilidade, sendo reservatórios que possuem uma

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permeabilidade abaixo de 0,1 mD, enquanto outros o definem em termos da relação entre
permeabilidade do reservatório e viscosidade dos fluidos nele contido (CANDER, 2012). A
Figura 1 ilustra a definição de reservatórios não convencionais em termos das propriedades
permeabilidade e viscosidade.

Figura 1- Definição de reservatórios convencionais com base na permeabilidade e viscosidade.

Fonte: Adaptado de Cander, 2012.

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis na sua revisão e


melhoria do artigo equivalente a portaria ANP nº 9/2000, define os reservatórios
convencionais como sendo aqueles que possuem permeabilidades médias a altas, de pequena
extensão geográfica, porém de fácil desenvolvimento, ocorrendo em uma estrutura geológica
ou condição estratigráfica, significante afetada por influências hidrodinâmicas, tal como a
flutuabilidade do petróleo na água. Na mesma portaria a ANP define os reservatórios não
convencionais como aqueles que, diferentemente dos convencionais, não são afetados
significativamente por influências hidrodinâmicas e nem são condicionados à existência de
uma estrutura geológica ou condição estratigráfica, requerendo normalmente, tecnologias
especiais de extração, tais como fraturamento hidráulico, aquecimento e perfuração
horizontal.
A definição de resevatórios não convencionais descrita anteriormente inclui os de
petróleos extra pesados, depósitos arenosos betuminosos (tar sands), folhelhos ricos em
matéria orgânica (xistos betuminosos), gás de carvão (coalbed methane), petróleo ou gás em

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formações com baixíssima permoporosidade (tight oil, tight gas, shale oil e shale gas) e
hidratos de gás (methane hydrates). A ANP também define em sua portaria nº 21/2014 os
reservatórios não convencionais como sendo aqueles portadores de hidrocarbonetos que
possuem permeabilidade inferior a 0,1 𝑚𝐷.
Os reservatórios não convencionais diferem dos convencionais não somente na sua
formação geológica como também na sua forma de ser desenvolvido, são reservatórios de
acesso mais difícil e de baixa produtividade, fazendo necessário o uso de técnicas que
proporcionem uma maior extração de óleo e gás, o que vai atrelar um maior custo operacional
a sua produção (ANP, 2010).
A Figura 2 ilustra a pirâmide de reservatórios de gás, sobrelevando os não
convencionais em termos de volume e sua maior necessidade de recursos tecnológicos e
financeiros para o seu desenvolvimento.

Figura 2 - Pirâmide de reservatórios de gás

Fonte: Adaptado de Holditch, 2006.

Tendo em vista que as maiorias dos reservatórios do mundo são do tipo não
convencional, associado à crescente necessidade por petróleo e a disponibilidade de volumes
consideráveis de gás não convencional em algumas bacias sedimentares do mundo, se faz
necessário o investimento em técnicas que permitam a produção desses reservatórios de forma
economicamente viável.

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2.1.1 Reservatórios não Convencionais no Brasil

O sucesso norte americano fez com que o governo brasileiro realizasse ações para
quantificar os recursos não convencionais do país. O Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE), o Ministério de Minas e Energia (MME) e outras instituições têm
trabalhado na aquisição de dados da geologia das formações e na reavaliação das informações
já existentes com o intuito de desenvolver no futuro os reservatórios não convencionas do
Brasil, que além de contribuir para a geração de emprego, também iria manter as atividades
exploratórias das bacias maduras (CTMA e PROMINP, 2016).
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou, em 2013, a 12ª
Rodada de Licitações de blocos para a exploração de hidrocarbonetos. O aumento da oferta de
gás natural onshore foi o principal objetivo da rodada e pela primeira vez no país se frisou a
possibilidade de se desenvolver reservatórios não convencionais. Esse momento estava aliado
ao êxito histórico dos Estados Unidos na produção de gás de folhelho. (CTMA e PROMINP,
2016)
As reservas de gás não convencional no Brasil são consideradas significativas e se
desenvolvidas irão propiciar o crescimento do mercado de gás do país (LAGE, 2013).Estima-
se que o Brasil possua um volume de gás não convencional de 1279 trilhões de pés cúbicos.
Este volume estaria esperado nas bacias onshore do São Francisco, Recôncavo, Parecis,
Parnaíba, Paraná, Potiguar, Solimões e Amazonas e nas bacias offshore da Foz do Amazonas
e Pelotas. (EIA, 2015).
O Brasil possui potencial para o desenvolvimento de ambos os recursos, porém os
recursos não convencionais não tiveram prioridade de desenvolvimento devido aos altos
custos atrelados a sua explotação. Devido a importantes recursos não convencionais existentes
no país é esperado que somente no futuro esses reservatórios sejam desenvolvidos em
detrimento aos recursos convencionais (CTMA e PROMINP, 2016). A Figura 3 ilustra as
principais bacias do Brasil com potencial de recursos não convencionais. A Tabela 1 mostra

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as principais bacias sedimentares portadoras de gás não convencional e o seu estimado


volume recuperável.

Figura 3 - Principais bacias brasileiras com potencial de recursos não convencionais.

Fonte: Adaptado CTMA e PROMINP, 2016.

Tabela 1 – Volume recuperável de gás não convencional das principais bacias sedimentares brasileiras
Bacia sedimentar Volume de gás recuperável (TCF)
Parecis 124
Amazonas 99,9
Parana 80,5
Parnaíba 64
Recôncavo 20
Solimões 11,1
Potiguar 0,5
São Francisco -
Pelotas -

Fonte: Adaptado de EIA, 2015.

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2.1.2 Reservatórios não Convencionais de Gás

Mesmo com os efeitos da crise econômica mundial, o aumento da necessidade


energética para as próximas década é algo eminente. Países com dependência energética
elevada direcionam a sua política energética para a diversificação das fontes de energia (EPE
e MME, 2016).
Estudos indicam que até 2040 cerca de 74% da energia mundial continuará sendo
proveniente de combustíveis fosseis, sendo o gás natural o que apresenta um crescimento
percentual mais acentuado. Uma das razões para esse crescimento é devido a sua menor
emissão de dióxido de carbono por unidade de energia em detrimento a outros combustíveis
fósseis. Os recursos de gás convencional atenderão cerca de 69% da demanda mundial de gás
natural, sendo o restante proveniente de gás não convencional (EPE e MME, 2016).
A Energy Information Administration estima que devido aos investimentos no
desenvolvimento de reservatórios de gás apertado e gás de folhelho, a produção de gás natural
no mundo deverá crescer a uma alta taxa anual de 4% até 2020, após esse ano o crescimento
será contínuo, porém a uma taxa menor de 1% ao ano (EIA, 2017).Um estruturado mercado
de gás irá contribuir para o desenvolvimento econômico do país (MACHADO, 2017).
Para o Brasil é previsto que para 2024 a produção bruta de gás convencional seja de

171 milhões de 𝑚³ 𝑑𝑖𝑎, com uma produção líquida de 99 milhões de 𝑚³ 𝑑𝑖𝑎, descontando-se

o gás para reinjeção, queima e outras atividades intrínsecas ao processo produtivo. Uma
significante parte do gás produzido poderá ser advinda do Pré-sal, porém fatores como
elevada profundidade, lamina d’água e distância das plataformas de produção para a costa
fará com que o cenário de busca mude para fontes onshore, principalmente nas proximidades
dos potenciais consumidores, aumentando a importância do desenvolvimento dos
reservatórios de gás não convencional, em especial nas bacias do Parnaíba, Recôncavo e São
Francisco (CTMA e PROMINP, 2016).

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Neste tópico será discutido a respeito dos principais reservatórios de gás não
convencional, intensificando as suas características, propriedades físicas e ocorrências no
cenário mundial. São eles os reservatórios de gás apertado (tight gas), de gás de folhelho
(shale gas), metano em camadas de carvão (coalbed methane) e hidratos de metano (methane
hidrates).

2.1.2.1 Reservatórios de Gás Apertado (Tight Gas)

Na década de 1970, o governo dos Estados Unidos decidiu que a definição de um


reservatório de gás apertado é aquele em que o valor esperado da permeabilidade ao fluxo de
gás seria inferior a 0,1 mD. Esta definição foi uma definição política que tem sido utilizada
para determinar quais poços receberia créditos tributários federais e estaduais para a produção
de gás a partir de reservatórios apertados (HOLDITCH, 2006) (ZOU, 2012).
A produção do tight gasé caracterizada por um curto período de alta produção com
rápida queda, seguida por um longo de período de baixa produção e declínio lento. Um poço
de tightgaspode ter uma vida útil de até 50 anos, dependendo da capacidade de remoção de
líquidos e do custo de produção com o avançar do tempo. Melhorar a produtividade nos
estágios iniciais de produção tem uma grande influência na atratividade econômica do
empreendimento, enquanto que gerenciar a produção nos estágios mais avançados de
produção impacta diretamente a reserva possível de ser recuperada (SMITH et al.2009).

2.1.2.2 Reservatórios de Gás de Folhelho (ShaleGas)

Os reservatórios de gás de xisto são característicos de possuírem um alto conteúdo de


material orgânico e compreenderem um sistema petrolífero que foge da cadeia de processos
tradicionais que levam a formação, acumulação e o aprisionamento do petróleo. Nesse

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sistema a rocha geradora funciona como rocha reservatório além de possuir também
características selantes (CIPOLLA et al, 2010).
Típicos reservatórios de gás de xisto possuem espessura de 50 a 600ft, porosidade de 2
a 8%, TOC de 1 a 14% e profundidade de 1000 a 13000ft e permeabilidade de 0,00001 a
0,0001 mD (CIPOLLA et al, 2010).
Em muitos casos a produção econômica desse tipo de reservatório somente se torna
bem sucedida com a criação de fraturas que se estendam com uma grande área superficial ao
longo do reservatório. Normalmente nos tratamentos em reservatórios de gás de xisto são
utilizados grandes volumes de fluido de fraturamento de baixa viscosidade para promover as
fraturas e agentes de sustentação de baixo diâmetro e em pequenas concentrações.
Fraturamento feito nessas condições proporcionam fraturas estreitas e de grande
comprimento.

2.1.2.3 Reservatórios de Hidratos de Metano (Methane Hydrates)

Devido a questões ambientais, cada vez mais se aumentou o interesse em fontes de


energia fóssil com menores emissões de gases de efeito estufa. Ainda que não exista uma
produção bem desenvolvida, os reservatórios de hidratos de metano podem se encaixar bem
nesse contexto. Esse tipo de reservatório é encontrado em abundância e em diversas
localidades do mundo (EPE e MME, 2016). A Figura 4 ilustra as ocorrências de hidratos de
metano que foram recuperadas e que foram inferidas em escala mundial.

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Figura 4 – Hidratos de metano no mundo, ocorrências recuperadas e inferidas

Fonte: EPE e MME, 2016.

Os hidratos consistem de uma solução sólida cristalina composta por moléculas de


água, que confinam em seu interior moléculas de gases, tal como o metano conforme ilustra a
Figura 5. Normalmente esse composto sólido tende a se formar na presença conjunta de água
na fase líquida e hidrocarbonetos gasosos de baixo peso molecular, submetidos a condições de
baixas temperaturas e altas pressões, o que favorecem a sua formação(EPE e MME, 2016).

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Figura 5 – Moléculas de água confinando em seu interior moléculas de metano

Fonte: EPE e MME, 2016.

A extração do hidrato de metano tem como princípio básico o inverso da sua reação de
formação. O aumento da temperatura e a redução da pressão proporcionarão condições
favoráveis para que ocorra a liberação do gás. Os processos se baseiam no deslocamento do
equilíbrio termodinâmico do diagrama de fases, são eles a estimulação térmica, a injeção de
inibidores e a despressurização (GANDARA et al, 2015).

2.1.2.4 Reservatórios de Metano em Camadas de Carvão (CoalbedMethane)

Hidrocarbonetos gasosos, que possuem o metano como o seu principal constituinte


pode acumular-se em camadas de carvão. Nesta classe de reservatório, as camadas de carvão
funcionam não somente como rocha reservatório, mas também como rocha geradora. A figura
6 ilustra os principais desenvolvedores desse tipo de reservatório.

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Figura 6 - Principais países desenvolvedores de reservatório de metano em camadas de carvão

Fonte: Johnston et al, 2009.

Os reservatórios de metano em camadas de carvão são capazes de armazenar


quantidades de gases maiores do que os reservatórios convencionais de gás, devido ao seu
armazenamento ocorrer pelo fenômeno de adsorção. Neste processo, o gás adere-se a
superfície das camadas de carvão, aumentando a sua massa específica até valores próximos ao
líquido correspondente, o que permite um aumento na sua capacidade de estocagem.
O principal sistema de transferência do gás do reservatório para o poço é através de
fraturas naturais da própria rocha. Normalmente essas fraturas encontram-se saturadas em
água, que são responsáveis por exercer a pressão adequada para manter o gás adsorvido na
superfície do carvão, por isso que no início da produção a quantidade de gás livre nesse
reservatório é habitualmente pequena, o que faz com que a princípio ocorra uma maior
produção de água conforme ilustra a Figura 7 (JOHNSTON et al, 2009).

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Figura 7 – Água e gás sendo produzidos através de um reservatório de metano em camadas de carvão

Fonte: Adaptado de Johnston et al, 2009.

A redução da saturação de água nas fraturas provoca uma redução na pressão e uma
consequente dessorção das moléculas de gás presentes na superfície do carvão, a fase gasosa
permeia lentamente pelos microporos da rocha até atingir as fraturas naturais para serem
produzidas, conforme ilustra a Figura 8.

Figura 8 - Produção através de metano em camadas de carvão. Em (a) ocorre a dessorção do gás, em (b)
a difusão através do meio poroso e em (c) o fluxo através das fraturas naturais.

Fonte: Adaptado de Johnston et al, 2009.

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2.2 FRATURAMENTO HIDRÁULICO

Neste tópico serão abordados os aspectos fundamentais referentes ao fraturamento


hidráulico, sobrelevando a sua história, descrevendo a sua mecânica, geometria da fratura,
tipos de fluidos utilizados, bem como os seus aditivos.

2.2.1 Histórico do Fraturamento Hidráulico

Apesar da técnica do fraturamento hidráulico ser considerada relativamente nova, a


sua história pode ser traçada desde 1866, quando o coronel Edward A. Roberts recebeu a sua
primeira patente com a explosão de torpedos em poços artesianos, passando posteriormente a
serem utilizados em poços de petróleo. A figura 9 ilustra o torpedo de Roberts utilizado para
o fraturamento. Esta invenção levou a fundação da Roberts Petroleum Torpedo Company
(MANFREDA, 2015).

Figura 9 - Torpedo de Roberts, antes e durante a explosão.

Fonte: Manfreda, 2015.

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Embora o nascimento do fraturamento tenha ocorrido na década de 1860, a técnica


moderna do fraturamento começou na década de 1940, quando a Stanolind Oil and Gas
conduziu um estudo que levou a primeira fratura hidráulica no campo de gás em Hugoton,
localizada no Kansas, no ano de 1947. Esta experiência não produziu um aumento
significativo na produção, porém marcou o início do atual fraturamento hidráulico
(MANFREDA, 2015).
Apesar da falha do experimento em Hugoton, a pesquisa continuou e em 1949 a
Halliburton conduziu dois experimentos comerciais, um em Oklahoma e o outro no Texas,
com ótimos resultados o que desencadeou uma rápida expansão da técnica. Nessa época a
aplicação do fraturamento concentrava-se em reservatórios de baixa permeabilidade
(MANFREDA, 2015).
Após a década de 1950, com o amadurecimento da técnica e a redução do preço do
óleo, não haviam grandes investimentos em pesquisas na área. Somente a partir da década de
1970, com a redução da oferta de petróleo pela OPEP (organização dos países exportadores de
petróleo) e conseqüentemente com a elevação no preço do barril, que o aprimoramento da
técnica continuou e viabilizou o desenvolvimento de grandes reservas em formações de
baixas permeabilidades, como os reservatórios tight gas.
A estimulação dessas formações, por necessitarem de um custo alto, levou a um
grande investimento em pesquisa, trazendo vários benefícios ao desenvolvimento do
fraturamento, como a melhoria e a modernização da modelagem e dos procedimentos
operacionais, permitindo a introdução do fraturamento também em formações de alta
permeabilidade e aumentando significativamente a antecipação da produção de
hidrocarbonetos e a sua extração. A possibilidade de aplicar a técnica em formações de baixa
e alta permeabilidade tornou o fraturamento uma alternativa de intervenção nos variados tipos
de reservatórios.

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2.2.2 Aspectos Técnicos do Fraturamento Hidráulico

O fraturamento hidráulico consiste de uma operação de workover para estimulação de


poços cujo objetivo é aumentar o seu índice de produtividade e injetividade, além de
contribuir para o aumento da recuperação final das jazidas (THOMAS et al, 2004).
O seu princípio de funcionamento se baseia em bombear o fluido de fraturamento a
alta pressão contra as paredes do reservatório até a sua ruptura. A pressão do fluido injetado
deverá superar a pressão de fraturamento para que haja o rompimento da rocha. A fratura irá
se propagar com o bombeio do fluido dentro da rocha a uma pressão superior a que tende
fechar a mesma até ser atingido o comprimento projetado (THOMAS et al, 2004).
Após cessar o diferencial de pressão, a fratura se manterá aberta com o bombeio de um
agente de sustentação, também conhecido como propante, para o interior da fratura. O
propante é o responsável por possibilitar a criação de um caminho de maior condutividade
para o fluxo de fluidos do reservatório para o poço (ou vice-versa) (ALLEN; ROBERTS,
2012). Em situações em que são fraturadas rochas calcárias, que se utilizam fluidos de
fraturamento com base ácida, o uso de propante pode ser dispensado.
O fluido de fraturamento que fica nos tanques é succionado para os misturadores,
neles serão dosados os aditivos para que o fluido de fraturamento possua as propriedades
adequadas para a operação. Através de bombas para altas pressões e vazões que o fluido é
injetado para dentro do poço, pela coluna de produção ou pelo revestimento.
Segundo Meiners et al (2013) uma operação de fraturamento hidráulico pode ser
dividida em quatro principais estágios:

 Estágio Ácido (acid stage): Ácido diluído é utilizado para limpar os


canhoneados de vestígios deixados pela cimentação, além de remover
carbonatos da formação presentes nas proximidades;

 Estágio de pré-colchão (pre-pad stage): No pré-colchão o fluido de


fraturamento é bombeado sem o propante a altas taxas de injeção de modo a
iniciar a propagação da fratura, normalmente se utiliza um fluido de baixa
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viscosidade e alta perda de filtrado com exceções em formações naturalmente


fraturadas ou com alta permeabilidade, que para tais casos é recomendada a
utilização de redutores de filtrado. A Figura 10 representa o pré-colchão sendo
bombeado para iniciar a fratura.

Figura 10 - Fluido de fraturamento bombeado sem propante para iniciar a ruptura da formação.

Fonte: Carvalho, 2012.

 Estágio de colchão (pad stage): Posteriormente ao pré-colchão é injetado um


colchão gelificado de modo a abrir a fratura até certo ponto, normalmente se
utiliza um fluido de maior viscosidade e menor perda de filtrado do que o
utilizado na etapa anterior. A Figura 11 representa o colchão sendo bombeado
para propagar a fratura.

Figura 11 - Fluido de fraturamento bombeado sem propante para propagar a fratura.

Fonte: Carvalho, 2012.

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 Estágio de propante (prop stage): Nesta fase, após iniciar a fratura, a


concentração do agente de sustentação em suspensão no fluido é aumentada
gradualmente com o objetivo de preencher a fratura formada. Nessa etapa
utiliza-se géis reticulados para carrear o propante. A figura 12 ilustra o
propante sendo bombeado para o interior da fratura formada;

Figura 12 - Fluido de fraturamento bombeado com propante para o interior da fratura hidráulica.

Fonte: Carvalho, 2012.

 Estágio de deslocamento (flush stage): Na etapa final, utiliza-se um fluido para


deslocar o fluido carreador de propante para próximo dos canhoneados. Nessa
etapa deve-se utilizar um fluido com baixa perda de carga, de modo a reduzir a
pressão de bombeio. A Figura 13 ilustra a injeção do fluido de deslocamento.

Figura 13 - Injeção de fluido para deslocar o fluido carreador para os canhoneados.

Fonte: Carvalho, 2012.

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Thomas et al (2004) afirma que o fraturamento não é capaz de alterar a capacidade


natural de fluxo de fluidos através da rocha, porém a técnica possibilita o aumento do índice
de produtividade e injetividade devido aos seguintes fatores:

 Promove a alteração do modelo de fluxo do reservatório para o poço. O mesmo


passa a ser bilinear, ou seja, linear no interior e nas faces da fratura e pseudo-
radial nas suas proximidades, fazendo com que o fluido percorra caminhos de
menor resistência. No regime pseudo-radial o reservatório “enxerga” a fratura
como um poço de maior diâmetro. A Figura 14 a) mostra o regime linear
dentro da fratura, b) o regime linear nas faces da fratura, c) o regime bilinear na
fratura por completo e d) o regime pseudo-radial nas proximidades da fratura.

Figura 14 - Modelo de fluxo para um poço fraturado hidraulicamente.

Fonte: Cinco-Ley; Samaniego, 1981.

 Pode atingir áreas do reservatório com melhores características permoporosas


ou em áreas que estavam isoladas hidraulicamente;

 Possibilita uma melhor produção em reservatórios lenticulares (zonas


produtoras de pequena espessura intercalada com folhelhos);

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 Pode conectar fissuras naturais do reservatório em quantidade para melhorar a


produção;
 Aumenta a área aberta ao fluxo conforme ilustra a Figura 15;

Figura 15 - Aumento da área aberta ao fluxo devido a fratura hidráulica

Fonte: Carvalho, 2012.

 Atravessa, se existir, zonas danificadas com permeabilidade restringida nas


proximidades do poço, conforme ilustra a figura 16.

Figura 16 - Fratura hidráulica ultrapassando uma zona danificada próxima ao poço.

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2012.

O fraturamento apresenta melhores resultados em reservatórios de baixa a moderada


permeabilidade (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009), onde exerce alta
influência no fator de recuperação. Em reservatórios de alta permeabilidade o impacto no

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fator de recuperação não é significativo da mesma forma, porém contribui para o aumento da
vazão e conseqüentemente influencia na melhora do fluxo de caixa. De maneira geral o
fraturamento em conjunto com a acidificação de matriz são os métodos mais bem-sucedidos
de estimulação de poços na indústria petrolífera até o momento (THOMAS et al, 2004).
Um projeto eficaz de estimulação por fraturamento hidráulico envolve muitos
parâmetros e lida com fatores que na maioria das situações são apenas aproximações. No
entanto foram realizados progressos significativos no estudo do fraturamento, especialmente
no que diz respeito a softwares para modelagem de fraturas, o que permitiu aprimorar os
projetos de engenharia na área e auxiliar a tomada de decisões, principalmente no âmbito
financeiro (ALLEN; ROBERTS, 2012).

2.2.3 Mecânica do Fraturamento Hidráulico

Neste tópico será abordado a respeito da mecânica do fraturamento hidráulico, de


modo a entender como a fratura formada em subsuperfície está relacionada com o tipo de
rochas e fluidos contidos em seu meio poroso. Posteriormente será abordado como as tensões
estão relacionadas a geometria da fratura.

2.2.3.1 Estudo das Tensões

Formações rochosas a certa profundidade estão submetida a tensões que poderão ser
decompostas em seus vetores constituintes. A mais facilmente entendida delas é a tensão
vertical ou tensão de overburden, correspondente ao peso das camadas de rochas sobrepostas.
Para uma formação a uma profundidade 𝐻, a tensão vertical, 𝜍𝑣, é dada pela Equação 1, onde
𝜌𝑓 é a massa específica das formações sobrepostas ao reservatório e 𝑔 é a aceleração da
gravidade (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).

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𝜍𝑣 = 𝑔 𝜌𝑓 𝑑𝐻 (1)
0

Simplificando a Equação 1 para uma massa específica média𝜌𝑚 em 𝑙𝑏 e a


𝑓𝑡³
profundidade em 𝑓𝑡 tem-se a Equação 2 que representa a tensão vertical em 𝑝𝑠𝑖.

𝜌𝑚 𝐻 (2)
𝜍𝑣 =
144

Desde que o peso da sobrecarga esteja disposto em todos os grãos da rocha e no fluido
contido no espaço poroso, a tensão vertical efetiva 𝜍𝑣′ é dada pela Equação 3, onde 𝛼 é a
constante poroelástica de Biot, que para reservatórios de hidrocarbonetos é de
aproximadamente 0,7 e 𝑝 é a pressão de poros da formação (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-
ECONOMIDES, 2009).

𝜍𝑣′ = 𝜍𝑣 − 𝛼𝑝 (3)

A tensão vertical é transladada horizontalmente através do coeficiente de Poisson, 𝑣,


conforme a Equação4, onde 𝜍𝐻′ é a tensão horizontal efetiva.

𝑣 (4)
𝜍𝐻′ = 𝜍′
1−𝑣 𝑣

O coeficiente de Poisson representa a relação entre os valores absolutos da deformação


longitudinal e transversal e pode ser determinado através de perfis acústicos ou por
correlações baseadas na litologia. Esse parâmetro depende do módulo de Young da rocha e da
sua porosidade. A Tabela 2 mostra faixas de valores do coeficiente de Poisson e módulo de
Young para diferentes litologias. Para a maioria dos arenitos, o coeficiente de Poisson é de
aproximadamente 0,25 (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).

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Tabela 2 - Valores do coeficiente de Poisson e módulo de Young para diferentes tipos de rocha.

Módulo de Coeficiente
Litologia
Young (10⁶psi) de Poisson
Arenito macio 0,1-1,0 0,2-0,35
Arenito médio 2,0-5,0 0,15-0,25
Arenito duro 6,0-10,0 0,1-0,15
Calcário 8,0-12,0 0,3-0,35
Carvão 0,1-1,0 0,35-0,45
Folhelho 1,0-10,0 0,28-0,43

Fonte: PetroWiki-SPE, Fracture Mechanics, 2017

Mantendo a mesma relação da Equação 3, a tensão horizontal absoluta𝜍𝐻 será igual à


efetiva adicionando o produto entre a constante poroeslática e a pressão de poros do
reservatório conforme mostra a Equação 5.

𝜍𝐻 = 𝜍𝐻′ + 𝛼𝑝 (5)

A tensão horizontal não é a mesma em todas as direções no plano. A tensão


correspondente a Equação 5 faz referência a tensão horizontal mínima, 𝜍𝐻𝑚𝑖𝑛 , enquanto que a
tensão horizontal máxima,𝜍𝐻𝑚𝑎𝑥 , consiste da horizontal mínima acrescentada a componente
tectônica, 𝜍𝑡𝑒𝑐 , conforme mostra a Equação 6 (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-
ECONOMIDES, 2009).A tensão tectônica é diferente de zero em zonas tectonicamente
ativas.

𝜍𝐻𝑚𝑎𝑥 = 𝜍𝐻𝑚𝑖𝑛 + 𝜍𝑡𝑒𝑐 (6)

As tensões vertical, horizontal mínima e máxima são normalmente compressivas,


anisotrópicas e não homogêneas, ou seja, elas são diferentes em direção e em magnitude. A
Figura 17 ilustra essas três tensões e as suas respectivas direções.

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Figura 17 - Distribuição das tensões conforme a sua direção.

Fonte: Adaptado de Hubbert; Willis, 1957.

Segundo Terzangui (2003, apud Economides 2009), a pressão de ruptura da rocha ou


break down pressure, 𝑝𝑏𝑑 , está relacionada com as tensões horizontais de acordo com a
Equação 7, onde 𝑇0 é a sua resistência a tração.

𝑝𝑏𝑑 = 3𝜍𝐻𝑚𝑖𝑛 − 𝜍𝐻𝑚𝑎𝑥 + 𝑇0 − 𝑝 (7)

As tensões nas proximidades do poço sofrem forte influência das tensões iniciais, da
diferença de pressão entre a formação e o poço e do efeito do fluxo causado por esse
diferencial de pressão.

2.2.3.2 Direção da Fratura

Ao fraturar a formação, a mesma irá se propagar na direção da horizontal máxima e se


abrir na direção da menor tensão, que na maioria das situações é a horizontal mínima. A
Figura 18 mostra a forma com o qual a fratura irá se abrir, para um poço horizontal, a
depender da direção em que o mesmo foi perfurado com relação as tensões horizontais
máximas e mínimas, para o exemplo 𝜍𝑣 > 𝜍𝐻𝑚𝑎𝑥 > 𝜍𝐻𝑚𝑖𝑛 .

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Figura 18 - Propagação da fratura para um poço horizontal em relação a sua orientação com as tensões
horizontais.

Fonte: Meiners et al, 2013.

Para formações rasas ou que tiveram parte da sua litologia removida devido a
fenômenos como a erosão, a menor tensão atuante poderá ser a vertical, neste caso a fratura se
propagará horizontalmente. Caso contrário, a fratura se propagará verticalmente, com a menor
tensão sendo a horizontal mínima.
A produção de óleo e gás de um reservatório fraturado hidraulicamente está
intimamente ligada aos parâmetros geométricos da fratura, como altura, comprimento e
espessura. O crescimento real e o modo com a fratura irá se propagar é um fenômeno
complexo e difícil de prever com certeza.

2.2.4 Fluido deFraturamento

Os reservatórios de petróleo diferem uns dos outros em termos de composição


mineralógica, características permoporosas, temperatura e pressões. Para tal foram
desenvolvidos diferentes tipos de fluidos de fraturamento, para que os mesmos pudessem ser
adequadamente utilizados para cada tipo de reservatório.
Um projeto eficaz de estimulação por fraturamento hidráulico envolve a seleção do
fluido e agente de sustentação apropriado para a operação. A quantidade de fluido e propante
utilizado, bem como a pressão e a taxa de injeção, estão intimamente relacionados com as

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dimensões da fratura e, conseqüentemente, com a sua produtividade (ECONOMIDES; HILL;


EHLIG-ECONOMIDES, 2009).
Fraturas hidráulicas são criadas no interior do reservatório através do bombeio do
fluido de fraturamento a uma pressão superior a de ruptura da rocha. Quando rompida, a
fratura irá se prolongar a uma pressão denominada de pressão de propagação da fratura. A
fratura deverá ficar preenchida com um agente de sustentação que possibilite que a mesma
permaneça aberta. Para que o fraturamento seja efetivo, aditivos são adicionados ao fluido de
modo que o mesmo possua as incumbências necessárias para tal fim.
O fluido de fraturamento deverá possuir as seguintes características:

 Ser capaz de transportar o agente de sustentação até a fratura criada;

 Ser compatível com a formação atravessada e os fluidos do seu interior;

 Ser capaz de gerar pressões adequadas para um fraturamento efetivo;

 Utilizar aditivos químicos aprovados pelas regulamentações ambientais locais;

 Ser economicamente viável.

A viscosidade do fluido é um parâmetro importante para a geometria da fratura.


Fluidos com baixa viscosidade e baixas concentrações de propante (0,2 a 5 𝑙𝑏 ),
𝑓𝑡³
bombeados a uma taxa alta geram fraturas com pequena espessura e grande comprimento. Em
comparação, fluidos com alta viscosidade (50 a1000𝑐𝑝) e altas concentrações de propante (1

a 10 𝑙𝑏 ) geram fraturas com maior espessura (Petro Wiki-SPE, Fracturing fluids and
𝑓𝑡³
additives, 2016).
A densidade do fluido é outro parâmetro importante para o fraturamento, pois irá
impactar na pressão que será exercida para romper a rocha. Formações com baixas pressões
requerem o uso de fluidos de menor densidade, em contrapartida, formações com maiores
pressões requerem fluidos mais densos. Esse parâmetro também está relacionado ao retorno
do fluido a superfície após a estimulação (Petro Wiki-SPE, Fracturing fluids and additives,
2016).

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 30

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2.2.4.1 Tipos de Fluidos de Fraturamento

A depender das características da rocha a ser fraturada bem como dos fluidos nela
presentes diferentes tipos de fluido de fraturamento podem ser utilizados. Os principais tipos
são:
 Fluidos a base água;
 Fluidos a base espuma;
 Fluidos a base óleo;
 Fluidos a base ácido.

Os fluidos a base água são normalmente viscosificados, de modo a melhorar o


transporte do agente de sustentação e adicionado redutores de fricção, para altas taxas de
bombeamento (MEINERS et al, 2013).
Fluidos a base de espuma consistem, normalmente, de emulsões água-gás, mas podem
também ser de ácido-gás ou álcool-gás. Os gases comumente utilizados são o nitrogênio (N₂)
e o dióxido de carbono (CO₂) (MEINERS et al, 2013).
Fluidos a base óleo são utilizados principalmente em situações em que os fluidos a
base água encontram limitações, tais como em formações hidratáveis. São comumente fluidos
gelificados ou emulsões água-óleo. Normalmente é utilizado o diesel como fase oleosa
(MEINERS et al, 2013).
Os fluidos a base ácido são empregados para formações solúveis em ácido, tais como
rochas calcárias e dolomitas. Normalmente é utilizado o ácido clorídrico como fase contínua
(MEINERS et al, 2013).
A Tabela 3 mostra os diferentes tipos de fluidos utilizados na indústria e o seu uso
geral. Para a maioria dos reservatórios os fluidos base aquosa são os mais utilizados devido a
maior facilidade de aquisição de grandes volumes de água. A água a ser utilizada no
fraturamento deverá ser testada quanto a sua qualidade devido a sensibilidade de certas
substâncias químicas a composição mistura-água. A Tabela 4 mostra os níveis geralmente

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aceitos da qualidade da água para o fraturamento (PetroWiki-SPE, Fracturing fluids and


additives, 2016).

Tabela 3 - Fluidos de fraturamento e condições para utilização


Base Tipo Composição principal Utilização

Linear Guar, HPG, HEC, CMHPG Fraturas curtas, baixas temperaturas

Crosslinker + Guar, HPG, Fraturas longas,


Água Crosslinked
CMHPG ou CMHEC altas temperaturas
Fraturas intermediárias,
Micelar Eletrólito + Sulfactante
temperaturas intermediárias
Formações com baixas
Base água Espuma + N₂ ou CO₂
pressões
Formações carbonáticas
Espuma Base ácido Espuma + N₂
com baixas pressões
Formações sencíveis a água
Base álcool Metanol + espuma + N₂
com baixas pressões
Fraturas curtas,
Linear Agente gelificante
formações sensíveis a água
Crosslinker + agente Fraturas longas,
Óleo Crosslinked
gelificante formações sensíveis a água
Água + óleo + Fraturas intermediárias,
Emulsão com água
emulsificante controle de perda de fluido
Fraturas curtas,
Linear Guar ou HPG
formações carbonáticas
Fraturas longas e espessas,
Ácido Crosslinked Crosslinker + Guar ou HPG
formações carbonáticas
Ácido + óleo + Fraturas intermediárias,
Emulsão com óleo
emulsificante formações carbonáticas

Fonte: PetroWiki-SPE, Fracturing fluids and additives, 2016

Tabela 4 - Níveis aceitos de qualidade da água para o fraturamento


Parâmetro Valor
pH 6a8
Ferro <10ppm
Agentes oxidantes Nenhum
Agentes redutores Nenhum
Carbonatos <300ppm
Bicarbonatos <300ppm
Bactérias Nenhum
Limpeza Razoável
Fonte: PetroWiki-SPE, Fracturing fluids and additives, 2016

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 32

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Os principais fatores que irão impactar na escolha do fluido de fraturamento e


conseqüentemente na sua composição, são o transporte adequado do agente de sustentação e a
possibilidade de dano ao pacote de propante. A pressão e a taxa de injeção de fluido deverão
ser controladas de modo que a fratura formada possa se propagar de forma eficiente e que a
mesma não se direcione para outras formações indesejáveis. A Figura 19 ilustra a propagação
de uma fratura hidráulica (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).

Figura 19 - Propagação da fratura. Em (a) a fratura atinge apenas a zona desejada, em (b) a fratura
atinge, além do reservatório, camadas não desejadas e em (c) a fratura atinge uma zona de água.

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2012.

2.2.4.2 Aditivos e Seleção do Fluido de Fraturamento

Segundo Meiners et al. (2013) além da fase contínua, aditivos são adicionados ao
fluido para lhe conferir as propriedades necessárias para a operação de fraturamento
hidráulico, tais como:
 Transporte do agente de sustentação;
 Prevenção de precipitados insolúveis;
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 Prevenção do crescimento bacteriano, inchamento de argilas e agentes


corrosivos;
 Redução do atrito do fluido e potência das bombas.

A Tabela 5 mostra os principais aditivos utilizados bem como a sua aplicação. A


depender da fase contínua do fluido, nem todos os aditivos podem estar presentes.

Tabela 5 - Principais aditivos utilizados no fluido de fraturamento

Aditivo Função

Mantem as fraturas abertas e cria um caminho de alta condutividade


Propante
para o poço

Inibidores de incrustrações Previne a deposição de precipitados pouco solúveis


Bactericidas Previne o crescimento bacteriano
Sequestradores de ferro Previne a precipitação de óxidos de ferro

Garante o transporte do agente de sustentação


Agentes gelificantes
com o aumento da sua viscosidade

Estabilizadores de temperatura Previne a decomposição do gel a altas temperaturas


Quebradores de estado gel Reduz a viscosidade com a deposição do propante
Inibidores de corrosão Protege os equipamentos contra a corrosão
Solventes Melhora a solubilidade dos aditivos
Reguladores de pH Controla o pH do fluido de fraturamento
Crosslinkers Aumenta a viscosidade do fluido a altas temperaturas
Redutores de fricção Reduz a perda de carga

Limpa as seções do poço dissolvendo minerais solúveis


Ácidos
no ácido

Espumas Auxilia o transporte de propante


Eliminadores de H₂S Protege os equipamentos contra a corrosão pelo H₂S
Sulfactantes Reduz a tensão superficial
Estabilizadores de argila Reduz inchaço e migração de minerais argilosos

Fonte: MEINERS et al, 2013.

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A escolha dos aditivos químicos é feita de acordo com as condições de pressão,


temperatura e características mineralógicas, geoquímicas e petrofísicas da rocha que será
fraturada. Os aditivos podem ser selecionados de forma específica para cada poço em um
mesmo resevatório (MEINERS et al., 2013).
Um guia para seleção do fluido de fraturamento foi desenvolvido através de práticas
industriais por Economides em 1991. A Figura 20 ilustra esse guia para poços produtores de
gás e a Figura 21 para poços produtores de óleo (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-
ECONOMIDES, 2009).

Figura 20 - Guia para seleção do fluido de fraturamento para um poço produtor de gás.

Fonte: Adaptado deEconomides; Hill; Ehlig-Economides, 2009.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 35

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Figura 21 - Guia para seleção do fluido de fraturamento para um poço produtor de óleo

Fonte: Adaptado deEconomides; Hill; Ehlig-Economides, 2009.

2.2.5 Agente de Sustentação

O agente de sustentação ou propante é o material que possibilitará a criação de um


caminho de maior condutividade para o fluido e sua escolha deverá ser feita de forma
criteriosa para que o mesmo resista ao fechamento da fratura e garanta o fluxo do reservatório
para o poço ou o inverso (ALLEN; ROBERTS, 2012). O propante deverá apresentar
dimensões e massa específica que permitam que o mesmo seja transportado através do fluido
de fraturamento e ser o mínimo degradável com o tempo. Neste tópico serão abordados sobre
os diferentes tipos de propantes utilizados, suas propriedades, características.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 36

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2.2.5.1 Tipos Agente de Sustentação

Os principais tipos de propantes utilizados são a areia, bauxita e cerâmica. A areia é o


propante mais comumente utilizado (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).
Ela é adequada para quase todos os tipos de reservatórios, pois possui razoável resistência e
baixo custo quando comparado aos demais propantes, porém sob tensões de confinamento
acima de 6000 𝑝𝑠𝑖, a mesma tende a quebrar-se, promovendo a redução da condutividade da
fratura. Se tratada com resina, a areia poderá resistir a tensões de até 8000 𝑝𝑠𝑖. (CACHAY,
2004).
A bauxita sinterizada resiste a tensões maiores do que a areia, podendo suportar até
15000 𝑝𝑠𝑖 e conseqüentemente estará menos susceptível a quebra. Esse tipo de propante é
mais denso que a areia, o que necessitaria de fluidos de fraturamento mais viscosos para
garantir o seu carreamento.
A cerâmica, que possui em sua composição alumínio extraído da bauxita, pode se
destinar a dois tipos de propantes a depender da bauxita empregada, que são as cerâmicas de
resistência intermediária e elevada. A cerâmica de resistência intermediária é oriunda da
bauxita rica em mulita e é adequada para tensões de 5000 a 10000 𝑝𝑠𝑖. A cerâmica de
resistência elevada é oriunda da bauxita rica em corundo e é adequada para tensões superiores
a 10000 𝑝𝑠𝑖 (CACHAY, 2004). Em termos de resistência está entre a areia e a bauxita
sinterizada e apresenta também uma massa específica intermediária entre ambas.
Um guia para a seleção do propante conforme a temperatura e a tensão com o qual o
mesmo estará submetido foi definida por Economides (2000, apud CACHAY, 2004)
conforme ilustra a Figura 22.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 37

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Figura 22 - Seleção do tipo de propante de acordo com a temperatura e a tensão.

Fonte: Adaptado de Economides (2000, apud CACHAY, 2004)

2.2.5.2 Características do Agente de Sustentação

Para que o propante tenha as atribuições necessárias para um fraturamento bem


sucedido, algumas características do mesmo devem ser levadas em conta, são elas o diâmetro
dos grãos, a distribuição granulométrica, o arredondamento, a esfericidade, a quantidade de
impurezas, a densidade e a sua resistência.

2.2.5.2.1 Resistência dos Grãos

A tensão efetiva sob o pacote de propante atua no sentido de fechar a fratura, para tal a
resistência do material de sustentação deverá ser elevada o suficiente para resistir ao
esmagamento provocado por essas tensões (CACHAY, 2004). A Tabela 6 apresenta os
valores de resistência ao esmagamento para diferentes propantes.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 38

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
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Tabela 6 - Resistência ao esmagamento para diferentes propantes.


Propante Resistência (psi)
Areia < 6000
Areia tratada
< 8000
com resina
Cerâmica de
5000-10000
resistência intermediária
Cerâmica de
> 10000
resistência elevada

Fonte: Adaptado de Economides (2000, apud CACHAY, 2004, p 27)

Caso o propante não resista as tensões, haverá uma redução significativa na


condutividade da fratura (CACHAY. 2004).

2.2.5.2.2 Tamanho dos Grãos

Propantes de maior diâmetro proporcionam uma maior permeabilidade do pacote de


sustentação, porém maior será a sua suscetibilidade ao esmagamento, além de que o seu
transporte para o interior da fratura se torna mais difícil. A condutividade da fratura poderá
ser reduzida também com a migração de finos para o seu interior, que se torna mais fácil
quando o diâmetro das partículas é grande (CACHAY, 2004).
Partículas de menor diâmetro, apesar de proporcionarem uma menor condutividade
inicial, apresentam valores médios maiores ao longo do tempo em detrimento das partículas
de maior diâmetro, que mais rapidamente diminuem a sua condutividade (CACHAY, 2004).

2.2.5.2.3 Arredondamento e Esfericidade dos Grãos

O arredondamento define o quanto pontiaguda ou não são as bordas dos grãos,


enquanto a esfericidade define o quão próximo o grão é da forma esférica (CACHAY, 2004).

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 39

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A Figura 23 ilustra o diagrama de Krumbein, onde quanto maior for o valor, mais
arredondado e esférico será o grão.

Figura 23 - Diagrama de Krumbein para esfericidade e arredondamento dos grãos.

Fonte: Cachay, 2004.

Grãos mais arredondados e esféricos proporcionam uma distribuição melhor das


tensões sob o pacote de propante, reduzindo de tal forma o seu esmagamento mantendo a
condutividade em valores maiores (CACHAY, 2004).

2.2.5.2.4 Massa Específica dos Grãos

A massa específica do propante, que corresponde a massa de grãos por unidade de


volume do mesmo, é uma propriedade importante no que diz respeito ao transporte do mesmo
para o interior da fratura. Grãos de maior massa específica são menos propensos a se manter
em suspensão no fluido, dificultado o seu posicionamento na parte superior da fratura. Para
esse caso pode ser utilizado um fluido de fraturamento mais viscoso ou aumentar a taxa de
injeção (CACHAY, 2004).
Enquanto que a massa específica do propante é utilizada para os cálculos da
sedimentação dos grãos, a massa específica aparente, que corresponde à massa de grãos por
unidade de volume do pacote de propante, ou seja, volume dos grãos mais vazios é utilizado

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 40

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Neto
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para os cálculos do volume de propante a ser injetado e do volume da fratura (CACHAY,


2004).
Ambas as propriedades são medidas sem levar em consideração a tensão de
fechamento da fratura, porém deverá ser levado em conta o aumento da massa específica
aparente quando ocorrer o esmagamento do pacote de propante (CACHAY, 2004).

2.2.5.3 Concentração do Agente de Sustentação

A produtividade de um reservatório fraturado hidraulicamente irá depender, além da


geometria final, da condutividade da fratura, que está relacionada ao efetivo transporte e
deposição do propante para o seu interior (RAHMAM; RAHMAM, 2010). O conceito de
condutividade da fratura será descrito no tópico seguinte.
A espessura da fratura preenchida com o agente de sustentação, 𝑤𝑝 ,pode ser calculada
com base na Equação 8, onde 𝜙𝑝 e 𝜌𝑝 são a porosidade e a massa específica do propante
respectivamente (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).

𝑚𝑝 (8)
𝑤𝑝 =
2𝑥𝑓 𝑕𝑓 (1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝

O produto entre 2𝑤𝑝 𝑥𝑓 𝑕𝑓 (1 − 𝜙𝑝 ) representa o volume do pacote de propante que


preenche a fratura (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).
Um parâmetro usual utilizado no estudo do fraturamento é a concentração de propante,
𝐶𝑝 , dado pela Equação 9. Ela expressa a massa de propante contida por área de fratura
(ECONOMIDES; HILL; EHLIG-ECONOMIDES, 2009).

𝐶𝑝 = 𝑤𝑝 (1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝 (9)

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 41

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A Equação 9 também pode ser escrita em termos da massa de propante, do


comprimento e da altura da fratura conforme a Equação 10 (ECONOMIDES; HILL; EHLIG-
ECONOMIDES, 2009, p453).

𝑚𝑝 (10)
𝐶𝑝 =
2𝑥𝑓 𝑕𝑓

2.2.5.4 Condutividade

A condutividade é um parâmetro importante que indica a capacidade de transmissão


fluido da formação até a fratura e da fratura até o poço. A condutividade da formação é dada
pelo produto da permeabilidade da formação 𝑘 com o comprimento da asa da fratura 𝑥𝑓 , já a
condutividade da fratura é dada pelo produto da permeabilidade da fratura sustentada 𝑘𝑝 com
a sua espessura propada 𝑤𝑝 , ambas na tensão de fechamento (RAHMAM; RAHMAM, 2010).
Cinco-Ley e Samaniego (1981) introduziram o conceito de condutividade
adimensional da fratura 𝐹𝐶𝐷 como sendo uma relação entre a condutividade da fratura e da
formação de acordo com a Equação 11.

𝑘𝑝 𝑤𝑝 (11)
𝐹𝐶𝐷 =
𝑘𝑥𝑓

Os valores de condutividade de fratura são geralmente retirados a partir de ensaios


laboratoriais de acordo com o padrão API (American Petroleum Institute) com base no tipo de
propante utilizado e na tensão de fechamento𝐶𝑆, que para a maioria dos casos pode ser
aproximado pela subtração entre a tensão horizontal mínima e a pressão de fundo do poço
𝑝𝑤𝑓 (RAHMAM; RAHMAM, 2010). A tensão de fechamento é representada através da
Equação12.

𝐶𝑆 = 𝜍𝐻𝑚𝑖𝑛 − 𝑝𝑤𝑓 (12)

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 42

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O teste padrão API consiste em medir o fluxo de fluido através de uma camada de
propante que se encontra pressurizada entre placas de aço. O propante é testado a uma
concentração de 2𝑙𝑏 𝑓𝑡2, ou seja, 2𝑙𝑏 de propante por 1𝑓𝑡² que representaria a área fraturada.

Posteriormente os dados são corrigidos da concentração utilizada em laboratório para a


verdadeira através da Equação 13, onde 𝐶𝑓 𝑖𝑛 𝑠𝑖𝑡𝑢 é a condutividade da fratura na tensão de
fechamento, 𝐶𝑝 é a concentração verdadeira de propante após o fechamento da fratura e 𝐶𝑙𝑎𝑏
é a condutividade da fratura obtida com a concentração de laboratório (RAHMAM;
RAHMAM, 2010).

𝐶𝑙𝑎𝑏 (13)
𝐶𝑓 𝑖𝑛 𝑠𝑖𝑡𝑢 = 𝐶𝑝
2 𝑙𝑏
𝑓𝑡²

Se a permeabilidade 𝑘𝑐𝑠 e a espessura da camada de propante 𝑤𝑐𝑠 , ambos na tensão de


fechamento, forem conhecidas, a condutividade da fratura na tensão de fechamento pode ser
expressa pela Equação 14.

𝐶𝑓 𝑖𝑛 𝑠𝑖𝑡𝑢 = 𝑘𝐶𝑆 𝑤𝑐𝑠 (14)

Ainda que seja aplicada a correção da concentração de propante na tensão de


fechamento, os valores de condutividade de fratura ainda exprimem resultados mais altos do
que o real, isso ocorre porque não está sendo considerados fatores como a produção de finos,
dano causado pelo próprio fluido de fraturamento, variações das tensões e do regime de fluxo.
Se incorporados, esses fatores irão reduzir de forma significativa a condutividade. Uma
prática comum seria incorporar o fator de condutividade efetiva 𝐹𝐶 na Equação 14 resultando
na Equação 15. Esse fator reduziria a condutividade de 50 a 60%, apresentando valores mais
próximos do que ocorre na realidade (RAHMAM; RAHMAM, 2010).

𝐶𝑓 𝑒𝑓 = 𝐶𝑓 𝑖𝑛 𝑠𝑖𝑡𝑢 𝐹𝐶 (15)

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 43

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2.2.6 Parâmetros Ótimos para o Fraturamento

Neste tópico será discutido a respeito dos parâmetros geométricos ótimos para uma
fratura hidráulica a depender do propante utilizado e das características do reservatório.
As dimensões da fratura é um parâmetro importante a ser considerado em um projeto
de fraturamento, pois está diretamente ligada ao aumento da produtividade, da injetividade e
dos custos operacionais (ALOBAIDI. 2014).
O folds of increase representa a razão entre o índice de produtividade com o
fraturamento e o mesmo antes da estimulação, ou seja, é um parâmetro representativo do
aumento de produção .
A determinação da geometria ótima será calculada para se obter um folds of increase
(FOI) ideal para o tipo e a quantidade de propante utilizado. Para estes cálculos Valko (2001)
introduziu um parâmetro denominado de número de propante 𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 conforme mostra a
Equação16, onde 𝑘𝑝 é a permeabilidade do propante, 𝑘 é a permeabilidade da formação, 𝑉𝑟𝑒𝑠 é
o volume do reservatório. A razão entre a massa de propante 𝑚𝑝 e a sua densidade bulk,
Equação 17, é o volume de fratura empacotado com propante conforme expõe a Equação 18.

2𝑘𝑝 𝑚𝑝 (16)
𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 =
𝑘𝑉𝑟𝑒𝑠 (1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝

𝜌𝑏𝑢𝑙𝑘 = (1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝 (17)

𝑚𝑝 (18)
𝑉𝑓𝑟𝑎𝑡 𝑝𝑟𝑜𝑝 =
(1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝

A condutividade adimensional ótima 𝐹𝐶𝐷𝑜 é calculada a partir do número de propante


para aquelas condições conforme mostram as Equações 19, 20 e 21.

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𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 < 0,1 𝑜 𝐹𝐶𝐷𝑜 = 1,6 (19)

−0,583 +1,48ln ⁡
(𝑁 𝑝𝑟𝑜𝑝 ) (20)
1+0,142 ln ⁡(𝑁 𝑝𝑟𝑜𝑝 )
0,1 < 𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 < 10 𝑜 𝐹𝐶𝐷𝑜 = 1,6 + 𝑒
𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 > 10 𝑜 𝐹𝐶𝐷𝑜 = 𝑁𝑝𝑟𝑜𝑝 (21)

Rearranjando a Equação 11 pode-se calcular o comprimento de fratura ótimo 𝑥𝑓𝑜 com


base no propante e no 𝐹𝐶𝐷𝑜 como mostra a Equação 22 (VALKO, 2001).

𝑘 𝑝 𝑚𝑝 (22)
𝑥𝑓𝑜 =
2𝑘𝑕𝑓 (1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝 𝐹𝐶𝐷𝑜

Com o comprimento ótimo calcula-se a espessura ótima da fratura 𝑤𝑜 como mostra a


Equação23 (VALKO, 2001).

𝑚𝑝 (23)
𝑤𝑜 =
2𝑥𝑓𝑜 𝑕𝑓 (1 − 𝜙𝑝 )𝜌𝑝

O folds of increase o mesmo pode ser calculado através de uma relação entre o raio de
drenagem do reservatório, 𝑟𝑒 , raio do poço, 𝑟𝑤 , o raio equivalente, 𝑟𝑤′ e o dano a formação,
𝑠𝑘𝑖𝑛, conforme mostra a Equação 24.

𝑟𝑒 (24)
𝑙𝑛 𝑟𝑤
𝐹𝑂𝐼 = 𝑟𝑒
𝑙𝑛 𝑟𝑤′ + 𝑠𝑘𝑖𝑛

O raio equivalente poderá ser calculado através do comprimento de fratura e da


condutividade adimensional conforme mostra a Equação 25.

𝑥𝑓 (25)
𝑟𝑤′ = 𝜋
𝐹𝐶𝐷 + 2

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CAPÍTULO III:
MATERIAIS E MÉTODOS

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3 MATERIAS E MÉTODOS

Neste capítulo serão abordadas as ferramentas computacionais utilizadas para o


desenvolvimento das simulações. Serão detalhados os modelos de reservatório, de fluidos, de
fratura e parâmetros operacionais e utilizados. Por fim será descrita a metodologia utilizada
no trabalho.

3.1 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

Os simuladores computacionais tornaram-se uma ferramenta importante na indústria,


visto a necessidade de fazer uma análise criteriosa quanto aos riscos que um projeto pode
apresentar. O desenvolvimento desses softwares permitiu de forma prudente analisar a
viabilidade econômica de um projeto, avaliar e compreender o comportamento de um sistema,
construir hipóteses que expliquem o comportamento observado, determinar quais ações
poderão ser tomadas e meditar quanto ao desempenho de cada uma. Os estudos foram
realizados com simulações utilizando o software Computer Modelling Group (CMG), versão
2013.1 através dos módulos:

 WINPROP (Phase Behavior and Property Program);

 BUILDER (Pre-Processing Application);

 IMEX (Three Phase Black Oil Reservoir Simulator).

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3.1.1 Módulo WINPROP

Módulo destinado a criação do modelo de fluidos, utilizado em processos multifásicos


em que existem variações na composição. Nesse módulo é possível agrupar componentes e
construir diagramas de fase PVT.

3.1.2 Módulo BUILDER

Módulo destinado a criação do modelo de reservatório incluindo as suas propriedades


físicas. Através desse módulo que foi feita a completação do poço produtor e criada a fraturas
hidráulica. Nele é possível gerar os arquivos com extensão *.dat para entrada no módulo
IMEX.

3.1.3 Módulo IMEX

Módulo destinado a realização de simulações para um modelo Black Oil.Através desse


módulo foi possível gerar os arquivos *.irf que serão utilizados para avaliação da produção e
recuperação de gás ao longo do tempo de produção.

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3.2 CONDIÇÕES INICIAIS

Neste tópico será descrito a respeito das características do modelo de reservatório,


fluido, fratura e sobre os parâmetros operacionais do poço. Essas características tiveram como
base dados experimentais encontrados na literatura e dados reais de rocha, fluido e poço.

3.2.1 Modelo de Fluido

A modelagem de fluido, criada por Bessa Júnior (2014), foi desenvolvida com base
em uma análise PVT. Foi desenvolvido um modelo de gás condensado cuja composição pode
ser averiguada a partir da Tabela 7.

Tabela 7 – Composição do fluido


Pseudo-Componente Massa Molecular (lb/lbmol) Percentual (%)
CO2 28,013 0,01
N2 44,01 0,10
H2S 34,08 0,00
C1 16,043 68,90
C2 30,07 8,60
C3 44,097 5,30
IC4 58,123 1,10
NC4 58,123 2,30
IC5 72,15 0,90
NC5 72,15 0,80
NC6 86,177 1,70
NC7+ 142 10,29

Fonte: Adaptado de Bessa Júnior, 2014.

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3.2.2 Modelo de Reservatório

O modelo de malha criado por Bessa Júnior (2014) corresponde a um reservatório


homogêneo, tridimensional e em sistema cartesiano com um refinamento secundário nos
locais do reservatório que posteriormente seriam modeladas as fraturas. As Tabelas8 e 9
apresentam, respectivamente, quantidade dos blocos utilizados no refinamento e as dimensões
do reservatório.A Figura 24 ilustra o modelo criado em três dimensões nas coordenadas “i”,
“j” e “k”.

Tabela 8 – Número de blocos utilizados para o refinamento do reservatório.

Número de Blocos

Direção i 31

Direção j 81

Direção k 11

Total 27621

Fonte: Adaptado de Bessa Júnior (2014).

Tabela 9 – Dimensões do reservatório e dos blocos.

Dimensão do Reservatório (ft) Tamanho dos Blocos (ft)

Direção i 820,25 Variável

Direção j 1476,45 Variável

Direção k 360,91 32,81

Fonte: Adaptado de Bessa Júnior (2014).

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Figura 24 – Vista tridimensional do reservatório

Fonte: Autoria Própria.

3.2.3 Propriedades da Rocha e dos Fluidos

A rocha criada possui características genéricas de um reservatório não convencional


de gás apertado. As suas principais propriedadesfísicassão apresentadas na Tabela 10.

Tabela 10 – Propriedades do reservatório

Propriedades da rocha
Profundiadade (ft) 13124
Temperatura (°F) 125
Pressão inicial do reservatório (psi) 2900
Volume de gas-in-place (SCF) 5,46E+09
Permeabilidade horizontal (mD) 0,01
Permeabilidade Vertical (mD) 0,01
Porosidade (%) 2
Saturação de gás (%) 80
Saturação de água (%) 20
Adaptado de Bessa Júnior (2014).

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3.2.3.1 Permeabilidade Relativa

A permeabilidade é uma propriedade da rocha que exprime a sua capacidade de


transmitir fluidos através do seu interior (ROSA, 2011). No estudo de reservatórios a
permeabilidade é comumente utilizada após submetê-la a um processo de normalização,
resultando na permeabilidade relativa, que é a razão ente a permeabilidade efetiva a
determinado fluido e a permeabilidade absoluta da rocha (THOMAS et al, 2004). As Figuras
25 e 26 ilustram as curvas de permeabilidade relativas para o sistema gás/óleo e óleo/água
respectivamente.

Figura 25 – Curva de permeabilidade relativa para o sistema gás/óleo em função da saturação de gás

Fonte: Bessa Júnior (2004, p. 39)

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 52

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Figura 26 – Curva de permeabilidade relativa para o sistema óleo/água em função da saturação de água

Fonte: Bessa Júnior (2004, p. 39)

3.2.3.2 Viscosidade dos Fluidos

A viscosidade é uma propriedade dos fluidos que exprime a sua resistência ao fluxo.
Gases quando submetidos a baixas pressões (comportamento ideal), apresentam um
incremento de viscosidade com o aumento de temperatura, em contrapartida quando
submetido a altas pressões (comportamento não ideal) a sua viscosidade tende a crescer com o
aumento de pressão e com o decréscimo de temperatura, comportando-se de forma
semelhante a um líquido (ROSA. 2011). A Figura 27 ilustra a viscosidade do gás e do óleo
em função da pressão.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 53

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Figura 27 – Viscosidade do gás e do óleo em função da pressão

Fonte: Bessa Júnior (2004, p. 37)

3.2.3.3 Fator Volume de Formação do Gás

O Fator volume formação do gás é uma propriedade dos gases que relaciona o volume
que ele ocupa em uma determinada condição de pressão e temperatura com o volume que ele
ocuparia em condições padrão. A Figura 28 ilustra o comportamento do fator volume de
formação com a pressão.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 54

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Figura 28 – Fator volume formação do gás em função da pressão

Fonte: Bessa Júnior (2004, p. 38).

3.2.4 Características Operacionais do Poço Produtor

Foi disposto um poço produtor vertical introduzido no centro do plano “ij” do


reservatório e todo o net pay na direção “k” foi canhoneado conforme ilustram as Figuras 29 e
30. Alguns dos parâmetros operacionais do poço estão descritos na Tabela 10.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 55

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Figura 29 – Poço produtor localizado no centro do plano “ij” do reservatório.

Fonte: Autoria própria.

Figura 30 – Trecho canhoneado do poço produtor no centro do plano “ik” doreservatório.

Fonte: Autoria própria.

Tabela 11– Parâmetros operacionais do poço produtor.

Parâmetros operacionais

Pressão mínima no poço produtor (psi) 1015,266

Vazão máxima de gás na superfície (SCF/dia) 1,77E+07

Tempo de produção (anos) 40

Fonte: Autoria própria

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 56

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3.2.5 Modelagem da Fratura

Para definir as características de cada fratura, foi criado um programa auxiliar no


Microsoft Office Excel 2007, para que as suas propriedades pudessem ser calculadas a partir
das equações descritas no Capítulo 2 deste trabalho. As equações levaram em conta as
características físicas do reservatório em estudo, o tipo e quantidade de propante bombeado,
bem como as suas propriedades a depender das condições de pressão e temperatura que
seriam submetidos.
O estudo foi feito através de seis diferentes propantes, todos cerâmicos, de dois
fabricantes distintos com o auxílio das suas fichas técnicas. Para cada propante, a massa
bombeada foi variada a partir de 10000 𝑙𝑏𝑚 até250000 𝑙𝑏𝑚, com um incremento de
10000 𝑙𝑏𝑚 por simulação. Para cada massa foi calculado o respectivo volume da fratura
propada e como a mesma iria se distribuir em termos de altura, comprimento e espessura, com
base nas equações encontradas na literatura, fichas técnicas, parâmetros operacionais do poço,
propriedades e condições do reservatório. A Tabela12 mostra de forma genérica os principais
parâmetros envolvidos e as características do propante e da fratura que serão utilizados para
cada uma das simulações.

Tabela 12 – Propriedades genéricas para as simulações da fratura.

Propriedade Propante Propriedade Propante


Massa específica (lbm/ft³) 162,2-230,8 Tensão de fechamento (psi) 5237,32
Porosidade (%) 41-47 Permeabilidade (10³ mD) 27,2-224,1
Densidade bulk 91,1-124,8 Massa de propante (10³ lbm) 10-250
Mesh 40/80-16/30 Volume fraturado (ft³) 109,8-2744,1
Temperatura (°F) 125 Altura de fratura (ft) 360,91
Biot 1 Comprimento de fratura (ft) 381,7-550,2
Poisson 0,212 Espessura de fratura (mm) 0,1-2,1
Tensão horizontal Massa por área
6252,58 0,3-0,63
mínima (psi) fraturada (lbm/ft²)

Fonte: Autoria própria.

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Os parâmetros geométricos da fratura foram calculados a partir das equações do Valko


(2001) para geometria ótima com base nas propriedades descritas na Tabela 11. Para os
cálculos, as equações do Valko (2001) exigem que um dos parâmetros geométricos esteja
fixo, esse parâmetro foi à altura de fratura. É razoável considerá-la fixa para ambos os casos
em estudo, pois a altura é um parâmetro mais facilmente controlável em relação aos demais
parâmetros geométricos. Se o reservatório estiver separado no topo e na base por camadas
com coeficientes de Poisson maiores do que a do reservatório, como por exemplo, separado
por folhelhos e for aplicada uma net pressure menor do que o gradiente de fratura dos
folhelhos e maior do que o gradiente de fratura do reservatório, a fratura permanecerá
confinada apenas na rocha reservatório e se propagará ao longo da net pay.
Os dados técnicos dos propantes são fornecidos para as condições de 2𝑙𝑏𝑚 de
propante por𝑓𝑡² área fraturada conforme o API RP-61 ou o modified API RP-61 (ISO 13503-
3), portanto os valores de condutividade da fratura foram corrigidos para a concentração
verdadeira de propante, conforme descrito por Rahman (2010). Os demais parâmetros foram
calculados com base nas equações existentes na literatura, descritas no Capítulo 2 deste
trabalho, com base nas propriedades da rocha reservatório, fluidos e condições operacionais.
Definida as características da fratura para cada tipo e quantidade de propante, as
mesmas foram criadas no BUILDER após a completação do poço produtor. Para a sua
simulação, foi preciso fazer um refinamento nas camadas para se obter um tamanho de blocos
ideal. A fratura ficou localizada na região do reservatório em que foi feito um refinamento
secundário dos blocos conforme ilustra a Figura 31.

Figura 31 – Vista da fratura hidráulica no plano “ij”.

Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 58

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A redução do tamanho e o aumento na quantidade de blocos, devido ao refinamento,


têm como conseqüência um maior tempo de simulação. Outra limitação é que o tamanho dos
blocos não pode ser inferior ao diâmetro do poço. Para contornar o problema, foi feita uma
manipulação na equação da condutividade da fratura, onde a mesma foi mantida constante
para um aumento na sua espessura com uma conseqüente redução na permeabilidade. Por
exemplo, uma fratura com permeabilidade de 70538,6 𝑚𝐷 e espessura de 1,54 𝑚𝑚 possuirá
uma condutividade de 108629,4 𝑚𝐷𝑚𝑚, mantendo-se a mesma condutividade, o
refinamento feito com 600 𝑚𝑚 proporcionará uma permeabilidade de 181,05 𝑚𝐷.

3.3 METODOLOGIA

Para desenvolver esse trabalho, foram realizadas as seguintes etapas:

 Revisão bibliográfica sobre o fraturamento hidráulico através de livros, artigos,


teses de doutorado, dissertações de mestrado e trabalhos de conclusão de curso;
 Criação do programa no Microsoft Office Excel 2007 para calcular a geometria
da fratura;
 Análise dos parâmetros operacionais através de gráficos no Microsoft Office
Excel 2007;
 Simulações dos casos estudados no software Computer
ModellingGroup(CMG) versão 2013.1;
 Análise dos parâmetros simulados através do pós-processador RESULTS
GRAPH do CMG;
 Análise dos resultados e discussões obtidos com o trabalho;
 Conclusões e recomendações a cerca dos resultados;
 Defesa do trabalho.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 59

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CAPÍTULO IV:
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 60

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão abordados os resultados obtidos através do programa criado no


Microsoft Office Excel 2007 e das simulações realizadas no Computer Modelling Group,
versão 2013.1 a cerca da influência do propante, volume fraturado e geometria da fratura na
produção acumulada de gás e conseqüentemente no seu fator de recuperação.
Inicialmente foi avaliada a produção do reservatório sem a realização do fraturamento
hidráulico, de modo a sobrelevar a sua importância como técnica de estimulação de poços.
Foram escolhidos seis propantes cerâmicos de dois fabricantes distintos que segundo
os mesmos seriam indicados principalmente para fraturamento em reservatórios de gás,
ambos com o mesmo mesh a mesma massa bombeada, porém com massa específica,
porosidade, densidade bulk, esfericidade, arredondamento e permeabilidade distintas, para que
dessa forma fosse escolhido aquele que apresentasse as melhores condições em termos
produtivos através de simulações, ressaltando-a como ferramenta essencial para tomada de
decisões em um projeto de fraturamento hidráulico. O Propante que se apresentou mais
vantajoso em termos do folds of increase foi escolhido como modelo de referência
Com as propriedades do propante escolhido como referência e as características do
reservatório foram calculados os parâmetros do fraturamento para diferentes massas de
propante bombeadas, para poder ser escolhido aquele que apresentasse o folds of increase
ideal.
Por fim o propante escolhido foi variado em termos do mesh e conseqüentemente em
permeabilidade e na etapa seguinte foram consideradas as perdas de condutividade da fratura
descritas no Capítulo 2.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 61

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4.1 ANÁLISE DA PRODUÇÃO SEM O FRATURAMENTO

A Figura 32 ilustra a produção acumulada de gás para o reservatório não estimulado


pelo fraturamento ao longo de 40 anos de vida do poço. No último ano a produção atingiu
1,35 ∙ 109 𝑓𝑡³, recuperando apenas 24,767% de todo gás presente, ressaltando assim a
importância de se estimular reservatórios desse tipo.

Figura 32 – Produção acumulada de gás para o reservatório não fraturado.

Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 62

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4.2 ANÁLISE DA PRODUÇÃO COM O FRATURAMENTO

Neste tópico será avaliada a produção de gás através do reservatório fraturado com
diferentes propantes, mudanças nas suas características e quantidades bombeadas.

4.2.1 Análise Comparativa para Diferentes Propantes

Para desenvolver uma metodologia para otimizar um projeto de fraturamento, foi feito
um estudo com diferentes propantes, de modo a averiguar através de simulações aquele que
iria se apresentar mais vantajoso em termos produtivos. Com a escolha do bombeio de
90000 𝑙𝑏𝑚, foi feito um confronto entre propantes cerâmicos, com o mesmo mesh e
submetidos as mesmas condições de pressão e temperatura. A Tabela 13 mostra as principais
características desses propantes.

Tabela 13 - Características técnicas dos propantes para 2 lbm/ft².

Propante A B C D E F
Massa específica (lbm/ft³) 230,88 216,088 230,88 169,104 162,24 162,24
Porosidade (%) 46 46 47 42 41 44
Densidade bulk (lbm/ft³) 124,8 116,688 122,304 97,968 96,096 91,104
Mesh 30/60 30/60 30/60 30/60 30/60 30/60
Arredondamento e Esfericidade 0,9X0,9 0,8X0,8 0,85X0,8 0,85X0,85 0,85X0,85 0,9X0,9
Temperatura (°F) 125 125 125 125 125 125
Tensão de fechamento (psi) 5237,32 5237,32 5237,32 5237,32 5237,32 5237,32
Permeabilidade do propante (mD)
224112,8 27207,6 125066,3 177225,5 138500,8 54028,1
@ 5237,32 psi

Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 63

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Esta análise tem o intuito de avaliar a escolha do propante para uma operação de
fraturamento e como a variação das características dos propantes iria impactar na produção do
reservatório. Todos os propantes são reais e possuem diferenças em suas propriedades.

4.2.1.1 Análise da Permeabilidade para Diferentes Propantes

A Figura 33 ilustra a variação da permeabilidade com a tensão de fechamento para


cada um dos propantesem estudo.

Figura 33 - Permeabilidade dos propantes para diferentes tensões de fechamento para 2 lbm/ft²

Fonte: Autoria própria.

O Propante A é o que possui a maior permeabilidade, em comparação aos demais, para


a faixa de tensões de 2000 𝑝𝑠𝑖 a14000 𝑝𝑠𝑖. O Propante E possui uma permeabilidade menor
do que dos Propantes C e D para tensões abaixo de 4600 𝑝𝑠𝑖, acima deste valor o mesmo
possui permeabilidade maior do que a do Propante C e acima de 9400 𝑝𝑠𝑖 maior do que o
Propante D. O Propante B foi o que apresentou a menor permeabilidade.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 64

CcACavalcanti de Albuquerque
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4.2.1.2 Análisedo Volume de Fratura para Diferentes Propantes

A Figura 34 ilustra o volume de fratura empacotada para cada um dos propantes em


estudo. O volume da fratura empacotada cresce para maiores massas bombeadas ou para
menores densidades bulk dos propantes. Como a massa foi a mesma para todos os casos, os
propantes que apresentaram menor densidade bulk foram aqueles que proporcionaram um
maior volume fraturado. A densidade bulk expressa uma relação entre a porosidade do
propante e a sua massa específica conforme a Equação 17 do Sub-Tópico 2.2.6. Quanto
menor for a massa específica e maior for a porosidade, menor será a densidade bulk do
propante.

Figura 34 – Volume fraturado para diferentes massas dos propantes.

Fonte: Autoria própria.

Os Propantes E e F são os que possuem a menor massa específica entre os casos em


estudo e os maiores volumes fraturados. Para ambos a massa específica é a mesma. Por
possuir uma maior porosidade e conseqüentemente menor densidade bulk, o Propante F
proporcionou um maior volume fraturado em comparação ao Propante E. Os Propantes A e C,

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 65

CcACavalcanti de Albuquerque
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apesar de possuírem maior porosidade entre os casos em estudo, foram os que obtiveram
menor volume fraturado. Isso ocorreu devido a sua massa específica aparente ser maior do
que aos outros propantes.

4.2.1.3 Análise do Comprimento e Espessura da Fraturapara Diferentes Propantes

A Figura 35 ilustra a variação do comprimento de fratura para cada um dos propantes


em estudo. O comprimento ótimo foi calculado com base nas equações do Sub-Tópico 2.2.6 e
é diretamente proporcional a permeabilidade do propante e ao volume fraturado e
inversamente proporcional a permeabilidade do reservatório e a altura de fratura, para uma
determinada condutividade adimensional ótima.

Figura 35 – Comprimento de fratura para diferentes massas de propante.

Fonte: Autoria própria.

Os Propantes A e D foram os que proporcionaram o maior comprimento de fratura


devido a sua maior proporção entre a permeabilidade do propante e o volume de fratura

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 66

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
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propada. Por possuir baixa permeabilidade e volume de fratura propada, o Propante B foi o
que possuiu o menor comprimento de fratura.
A Figura 36 ilustra a variação da espessura da fratura para os diferentes casos em
estudo. A espessura ótima foi calculada com base nas equações do Sub-Tópico 2.2.6 e é
diretamente proporcional ao volume de fratura empacotada e inversamente proporcional aos
demais parâmetros geométricos da fratura.

Figura 36 – Espessura da fratura propada para diferentes massas de propantes.

Fonte: Autoria própria.

O Propante F foi que proporcionou a maior espessura de fratura devido ao seu maior
volume de fratura em detrimento aos outros parâmetros geométricos. Por possuir o menor
volume fraturado dos casos em análise e um alto comprimento de fratura, o Propante A foi o
que proporcionou a menor espessura.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 67

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
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4.2.1.4 Análise da Produtividade para Diferentes Propantes

Para realizar um comparativo em termos produtivos para os propantes em estudo, foi


traçada a curva de produção acumulada de gás para o tempo de vida do poço conforme ilustra
a Figura 37. A Tabela 14 indica os valores de produção acumulada e fator de recuperação para
cada propante.

Figura 37 – Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes propantes.

Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 68

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Tabela 14 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço para
diferentes propantes.

Propante Produção acumulada (10⁹ SCF) Fator de recuperação (%)


A 3,75 68,65
B 3,35 61,44
C 3,68 67,55
D 3,751 68,657
E 3,73 68,45
F 3,62 66,49

Fonte: Autoria própria.

Os Propantes A, D e E foram os que apresentaram a maior produção acumulada no


decorrer dos 40 anos de vida do poço. Ainda que a produção para os Propantes C e F tenha
chegado a valores próximos, houve um retorno em termos produtivos mais rápidos para os
Propantes A, D e E. A produção do Propante B foi a menor entre os casos em estudo.
Os Propantes A, D e E apresentaram uma maior e mais rápida produção devido aos
mesmos possuírem uma maior permeabilidade, criando um caminho de maior condutividade
para o fluxo de fluidos. Ainda que esses propantes possuíssem um maior comprimento de
fratura, que resulta em uma maior área de fratura aberta ao fluxo, a mesma não proporcionou
diferença significativa para os 90000 𝑙𝑏𝑚 de propante bombeados, pois para todos os casos o
comprimento permaneceu em valores próximos. Para massas menores, essa diferença entre os
propantes se torna mais acentuada, conforme ilustrou a Figura 35, impactando de forma
significativa na produção. A produção do Propante D foi ligeiramente maior do que a do
Propante A devido ao seu maior volume fraturado, ambos possuíam altas permeabilidades
Os Propantes A e F foram os que apresentaram o menor e o maior volume fraturado
respectivamente. Devido a sua maior permeabilidade, o Propante A apresentou um melhor
retorno produtivo em comparação ao Propante F.
A Figura 38 ilustra a variação do FOI para cada um dos propantes em estudo. Os
Propantes A e D apresentaram FOI semelhantes para o bombeio de 90000 𝑙𝑏𝑚.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 69

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 38 – Folds of increase para diferentes propantes.

Fonte: Autoria própria.

Os Propantes A e D apresentaram produções semelhantes ao longo dos 40 anos de


vida do poço. Por possuir uma esfericidade e arredondamento maiores, o Propante A, modelo
base, foi o escolhido como propante a ser recomendado para esse fraturamento. Quanto maior
for o arredondamento e a esfericidade, mais distribuídas serão as tensões sob o propante,
reduzindo dessa forma o risco dos grãos serem esmagados, o que acarretaria em uma redução
da condutividade da fratura.
A análise desses parâmetros se mostrou importante para evidenciar a escolha de um
determinado propante para um projeto de fraturamento hidráulico, de modo que possa ser
avaliada a produtividade em função do propante disponível pelo fabricante.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 70

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

4.2.2 Análise da Produtividade do Modelo Base para Diferentes Massas

Para o reservatório fraturado foi considerado as características do Propante cerâmico


“A” do fabricante “X”, que foi o modelo base das simulações de fraturamento. A Tabela 15
mostra às principais propriedades desse propante.

Tabela 15 – Características técnicas do Propante A para 2 lbm/ft².

Propriedade Propante A
Massa específica (lbm/ft³) 230,88
Porosidade (%) 46
Densidade bulk(lbm/ft³) 124,8
Mesh 30/60
Arredondamento e Esfericidade 0,9X0,9
Temperatura (°F) 125
Tensão de fechamento (psi) 5237,32
Permeabilidade do propante (mD) @ 5237,32psi 224112,7667

Fonte: Autoria própria.

4.2.2.1 Análise da Permeabilidade para o Propante A

A Figura 39 ilustra a curva de permeabilidade do Propante A devido a tensão de


fechamento.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 71

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 39– Permeabilidade do Propante A para diferentes tensões de fechamento para 2 lbm/ft² .

Fonte: Autoria própria.

A Equação 26 mostra como a permeabilidade do propante decresce com o aumento da


tensão de fechamento, reforçando os assuntos discutidos nos Sub-tópicos 2.2.5 e 2.2.6 deste
trabalho.

𝑘𝑝 = − 2,933057 ∙ 10−11 𝐶𝑆 4 + 5,838141 ∙ 10−7 𝐶𝑆 3 − 5,309717 ∙ 10−3 𝐶𝑆 2 (26)


+ 10,65195 ∙ 𝐶𝑆 + 2,521667 ∙ 105

4.2.2.2 Análisedo Volume de Fratura para o Propante A

Com os dados técnicos do propante e as características do reservatório, foi calculado o


volume de fratura empacotada para variação de massas do Propante A de 10000 𝑙𝑏𝑚
a250000 𝑙𝑏𝑚conforme ilustra a Figura 40.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 72

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 40 – Volume fraturado para diferentes massas do Propante A.

Fonte: Autoria própria.

O volume de fratura empacotada aumenta conforme ocorre o incremento de propante,


como foi mostrado pela Equação 18.

4.2.2.3 Análise do Comprimento e Espessura da Fratura para o Propante A

Com base nas Equações descritas nos Sub-Tópicos 2.2.5 e 2.2.6, foram calculados os
parâmetros geométricos da fratura para o Propante A, com a variação de massas de
10000 𝑙𝑏𝑚 a250000 𝑙𝑏𝑚. A Figura 41 ilustra a mudança no comprimento e na espessura da
fratura para o contínuo incremento de propante.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 73

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 41 – Comprimento e espessura da fratura para diferentes massas do Propante A.

Fonte: Autoria própria.

Uma maior quantidade de propante bombeado proporcionará também um aumento nos


parâmetros geométricos da fratura, conforme havia sido explicitado pelas Equações 16 a 23.

4.2.2.4 Análise da Produtividade para o Modelo Base

Para realizar um comparativo em termos produtivos para o propante em estudo, foi


traçada a curva de produção acumulada de gás para o tempo de vida do poço, levando em
conta a variação da massa de propante conforme ilustra a Figura 42. A Tabela 16 indica os
valores de produção acumulada e fator de recuperação para cada massa de propante estudada.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 74

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 42 – Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes massas do
Propante A.

Fonte: Autoria própria.

Tabela 16 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço para
diferentes massas do propante A

Massa de propante (lbm) Produção acumulada (10⁹ SCF) Fator de recuperação (%)
Sem fratura 1,35 24,77
10000 2,30 42,3
50000 3,60 65,99
90000 3,75 68,65
130000 3,77 69,12
170000 3,78 69,27
210000 3,785 69,33
250000 3,787 69,36

Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 75

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Através da análise do fator de recuperação para cada caso estudado, foi escolhido
aquele que se mostrou mais vantajoso em termos produtivos levando-se em conta a
quantidade de propante. No caso de90000 𝑙𝑏𝑚de propante bombeado o fator de recuperação
foi de 68,65%, foi perceptível que para aumentar a sua recuperação em 0,47%, caso de
130000 𝑙𝑏𝑚, se fazia necessário aumentar a massa de propande em 55,55% e para aumentar
a recuperação em 0,71%, caso de 250000 𝑙𝑏𝑚, se fazia necessário aumentar a massa de
propante em 177,77%.

A Figura 43 ilustra o folds of increase em função da massa de propante para cada um


dos casos em estudo. O bombeio de 90000 𝑙𝑏𝑚 apresentou em comparação ao de
10000 𝑙𝑏𝑚, ou seja, incrementando 80000 𝑙𝑏𝑚, um aumento no FOI de 260,45%. O
bombeio de 170000 𝑙𝑏𝑚 apresentou em comparação ao de 90000 𝑙𝑏𝑚, incrementando
também 80000 𝑙𝑏𝑚, um aumento no FOI de apenas 13,9%. O bombeio de 250000 𝑙𝑏𝑚
apresentou em comparação ao de 170000 𝑙𝑏𝑚, também com o aumento de 80000 𝑙𝑏𝑚, um
aumento no FOI de apenas 3,3%.

Figura 43 – Folds of Increase para diferentes massas do Propante A.

Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 76

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Através dessas análises foi possível atestar que o aumento demasiado de propante
bombeado e conseqüentemente no volume fraturado não trará aumento significativo na
produção até certo ponto. Dessa forma o bombeio de 90000 𝑙𝑏𝑚por apresentar melhor
produtividade em relação à massa de propante bombeada, foi escolhido como o modelo de
referência para as próximas análises.

4.2.3 Análise da Produtividade para Diferentes Meshes

Com a escolha de 90000 𝑙𝑏𝑚 do Propante A como referência, foi feito um confronto
entre diferentes meshesde modo a avaliar a sua influência na produtividade do reservatório. A
Tabela 17 mostra as propriedades do Propante A para cada mesh.

Tabela 17 – Características técnicas do Propante A com diferentes meshes para 2 lbm/ft².


Mesh 40/80 30/60 20/40 16/30
Massa específica (lbm/ft³) 232,752 230,88 225,888 226,512
Porosidade (%) 47 46 43 44
Diâmetro (mm) 0,307 0,411 0,706 0,949
Densidade bulk (lbm/ft³) 123,552 124,8 127,92 127,92
Arredondamento e Esfericidade 0,9X0,9 0,9X0,9 0,9X0,9 0,9X0,9
Temperatura (°F) 125 125 125 125
Tensão de fechamento (psi) 5237,32 5237,32 5237,32 5237,32
Permeabilidade do propante (mD)
114578 224112,77 487834,24 985212,05
@ 5237,32 psi
Fonte: Autoria própria.

4.2.3.1 Análise da Permeabilidade para Diferentes Meshes

A Figura 44 ilustra a variação da permeabilidade com a tensão para o modelo de


referência, Propante A com 90000 𝑙𝑏𝑚 bombeado, utilizando diferentes meshes.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 77

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 44 - Permeabilidade do Modelo de Referência com diferentes meshes e tensões de fechamento


para 2 lbm/ft²

Fonte: Autoria própria.

O Propante A com mesh 16/30, maior diâmetro dos grãos, foi o que apresentou a
maior permeabilidade, sendo 339,6% maior do que a do modelo inicial 30/60 para a tensão de
fechamento em estudo. O Propante A com mesh 40/80, menor diâmetro dos grãos, foi o que
apresentou a menor permeabilidade, sendo 48,9% menor do que a do modelo inicial 30/60
para a tensão de fechamento em estudo.
Maiores permeabilidades são alcançadas com propantes de maiores diâmetros,
entretanto os mesmos estão mais suscetíveis a perdas na condutividade devido ao
esmagamento e a produção de finos do que os propantes de diâmetros menores (CACHAY,
2004).

4.2.3.2 Análise do Volume de Fratura para Diferentes Meshes

A Figura 45 ilustra a mudança no volume fraturado para diferentes meshes do


Propante A.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 78

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 45 - Volume fraturado para diferentes meshes do Propante A.

Fonte: Autoria própria.

O Propante A com mesh 40/80 foi o que apresentou o maior volume fraturado, sendo
apenas 1.01% maior do que modelo inicial 30/60 para 90000 𝑙𝑏𝑚. O Propante A com mesh
16/30 foi o que apresentou o menor volume fraturado, sendo apenas 2.73% menor do que
modelo inicial 30/60 para 90000 𝑙𝑏𝑚.O volume da fratura propada está relacionado com a
massa de propante, a sua massa específica e a sua porosidade. Ambos os casos possuem
massa específica e porosidade semelhantes, acarretando em uma densidade bulk próxima para
cada mesh, como a massa de propante bombeada também foi a mesma não houve mudança
significativa no volume fraturado para o modelo de referência.O mesmo também ocorreu para
diferentes massas bombeadas.

4.2.3.3 Análise da Produtividade para Diferentes Meshes

Para realizar um comparativo em termos produtivos para os casos em estudo, foi


traçada a curva de produção acumulada de gás para o tempo de vida do poço conforme ilustra

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 79

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

a Figura 46. A Tabela 18 indica os valores de produção acumulada e fator de recuperação para
cada mesh.
Figura 46 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes meshes do
Propante A.

Fonte: Autoria própria.


Tabela 18 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço para
diferentes meshes do Propante A.
Mesh Produção acumulada (10⁹ SCF) Fator de recuperação (%)
40/80 3,69 67,69
30/60 3,75 68,65
20/40 3,77 69,11
16/30 3,78 69,28

Fonte: Autoria própria.

O Propante A com mesh16/30 apresentou a maior recuperação de gás ao longo da vida


produtiva do poço, sendo 0,63% maior do que a do modelo inicial 30/60, além de um retorno
produtivo mais rápido em comparação aos demais casos. O Propante A com mesh 40/80 foi o
que apresentou a menor recuperação de gás o longo da vida produtiva do poço, sendo 0,96%
menor do que a do modelo inicial 30/60, o mesmo também apresentou um retorno produtivo
mais tardio em comparação aos demais casos.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 80

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

O fator preponderante para a variação na produção foram as permeabilidades para


cada caso, visto que não houve mudança significativa em termos volumétricos para a fratura
propada com 90000 𝑙𝑏𝑚, porém de maneira geral não houve um acréscimo relevante no fator
de recuperação devido o aumento da permeabilidade.
A partir dessa análise foi perceptível que o aumento demasiado na permeabilidade da
fratura com a mudança do mesh não trará aumento significativo na produção até certo ponto
para as características do reservatório em estudo. Para os primeiros 20 anos essa diferença se
mostrou mais significativa com um retorno produtivo mais rápido para os casos de maior
permeabilidade, porém ao final dos 40 anos de vida do poço a recuperação se manteve em
valores próximos para ambos os casos.

4.2.4 Análise Comparativa para Perdas de Condutividade da Fratura

Conforme foi explicitado no Sub-tópico 2.2.5, mesmo que seja aplicada a correção da
concentração de propante na tensão de fechamento, a mesma ainda retrata valores de
condutividade de fratura mais altos do que a realidade, pois está sendo desconsiderados
fatores como a produção de finos, dano causado ao pacote de propante pelo fluido de
fraturamento, variações das tensões e do regime de fluxo. Esses fatores descritos são
responsáveis por reduzir a condutividade da fratura. Para os casos em estudo foi considerado
o fator de condutividade efetiva de 50%, conforme recomendado por Rahmam (2010). A
Figura 47 ilustra a produção acumulada de gás para o tempo de vida do poço considerando
perda de 50% na condutividade para cada caso. A Tabela 19 indica os valores de produção
acumulada e fator de recuperação para cada mesh considerando as perdas.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 81

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Figura 47 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para diferentes meshes do
Propante A considerando as perdas.

Fonte: Autoria própria.

Tabela 19 - Produção acumulada e fator de recuperação no fim da vida produtiva do poço para
diferentes meshes do Propante A considerando as perdas

Mesh Produção acumulada (10⁹ SCF) Fator de recuperação (%)


40/80 3,57 65,45
30/60 3,69 67,6
20/40 3,75 68,71
16/30 3,77 69,11
Fonte: Autoria própria.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 82

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

A Figura 48 ilustra um comparativo para o Propante A mesh40/80 considerando e


desconsiderando as perdas de condutividade.

Figura 48 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A mesh 40/80
considerando e desconsiderando as perdas.

Fonte: Autoria própria.

Para o Propante A mesh 40/80, considerar a perda de condutividade implicou em uma


redução na produção acumulada de 120 𝑚𝑖𝑙 𝑓𝑡³ de gás em 40 anos de vida do poço. Também
foi perceptível que considerar as perdas expõe um atraso na produção em relação ao tempo. A
Figura 48 mostrou que desconsiderando as perdas a produção atingiria 3 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de
gás em 15 anos, se as mesmas forem incluídas, essa mesma produção somente seria possível 5
anos após. Também foi perceptível que desconsiderando as perdas a produção atingiria
3,57 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de gás em 27 anos, se as mesmas forem incluídas, essa mesma produção
somente seria possível 13 anos após,ou seja, nos 40 anos de vida produtiva do poço.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 83

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

A Figura 49 ilustra um comparativo para o Propante A mesh 30/60 considerando e


desconsiderando as perdas de condutividade.

Figura 49 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A mesh 30/60
considerando e desconsiderando as perdas.

Fonte: Autoria própria.

Para o Propante A mesh 30/60, considerar a perda de condutividade implicou em uma


redução na produção acumulada de 60 𝑚𝑖𝑙 𝑓𝑡³ de gás em 40 anos de vida do poço. Também
foi perceptível que considerar as perdas expõe um atraso na produção em relação ao tempo. A
Figura 49 mostrou que desconsiderando as perdas a produção atingiria 3 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de
gás em 12 anos e 6 meses, se as mesmas forem incluídas, essa produção somente seria
possível 3 anos após. Também foi perceptível que desconsiderando as perdas a produção
atingiria 3,69 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de gás em 30 anos, se as mesmas forem incluídas, essa
produção somente seria possível 10 anos após, ou seja, nos 40 anos de vida produtiva do
poço.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 84

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

A Figura 50 ilustra um comparativo para o Propante A mesh 20/40 considerando e


desconsiderando as perdas de condutividade.

Figura 50 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A mesh 20/40
considerando e desconsiderando as perdas.

Fonte: Autoria própria.

Para o Propante A mesh 20/40, considerar a perda de condutividade implicou em uma


redução na produção acumulada de 20 𝑚𝑖𝑙 𝑓𝑡³ de gás em 40 anos de vida do poço. Também
foi perceptível que considerar as perdas expõe um atraso na produção em relação ao tempo. A
Figura 50 mostrou que desconsiderando as perdas a produção atingiria 3 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de
gás em 11 anos, se as mesmas forem incluídas, essa produção somente seria possível 1 ano e
6 meses após. Também foi perceptível que desconsiderando as perdas a produção atingiria
3,75 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de gás em 35 anos, se as mesmas forem incluídas, essa produção
somente seria possível 5 anos após, ou seja, nos 40 anos de vida produtiva do poço.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 85

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

A Figura 51 ilustra um comparativo para o Propante A mesh 16/30 considerando e


desconsiderando as perdas de condutividade.

Figura 51 - Produção acumulada de gás durante a vida produtiva do poço para o Propante A mesh 16/30
considerando e desconsiderando as perdas.

Fonte: Autoria própria.

Para o Propante A mesh 16/30, considerar a perda de condutividade implicou em uma


redução na produção acumulada de apenas 10 𝑚𝑖𝑙 𝑓𝑡³ de gás em 40 anos de vida do poço.
Também foi perceptível que considerar as perdas expõe um atraso na produção em relação ao
tempo. A Figura 51 mostrou que desconsiderando as perdas a produção atingiria
3 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de gás em 10 anos, se as mesmas forem incluídas, essa produção somente
seria possível 1 ano após. Também foi perceptível que desconsiderando as perdas a produção
atingiria 3,77 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³ de gás em 36 anos, se as mesmas forem incluídas, essa
produção somente seria possível 4 anos após, ou seja, nos 40 anos de vida produtiva do poço.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 86

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

CAPÍTULO V:
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 87

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

5 CONCLUSÕESE RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo serão explanadas as conclusões obtidas através deste trabalho e as


recomendações que poderão ser utilizadas para trabalhos futuros.

5.1 CONCLUSÕES

O trabalho possibilitou verificar a eficácia do fraturamento hidráulico como operação


de estimulação para reservatórios de baixas permeabilidades, como os tight gas e a influência
do propante e suas características na produção do reservatório com a utilização do software da
Computer Modelling Group e o Microsoft Office Excel. Através de tais atribuições foi
possível concluir que:

 A recuperação para o poço não fraturado foi de apenas 1,35 ∙ 109 𝑓𝑡³, ou seja, apenas
24,767% do volume de gas in place do reservatório. Essa avaliação foi primordial para
que posteriormente fossem feitos confrontos entre a produção com e sem o
fraturamento hidráulico.

 A permeabilidade do propante pode ser reduzida de forma significativa a depender da


tensão de fechamento com o qual o mesmo estará submetido. Quanto maior for a
tensão, menor será a permeabilidade. Menor pressão de fundo do poço e maiores
profundidades, coeficiente de Poisson, constante poroelástica, gradientes de
overburden e de poros proporcionam maiores tensões de fechamento.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 88

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

 Quanto maior for o arredondamento e a esfericidade, mais distribuídas serão as


tensões sob o propante, reduzindo dessa forma o risco dos grãos serem esmagados, o
que acarretaria em uma redução da condutividade da fratura.

 Menores meshes, ou seja, propantes com maior diâmetro proporcionam maiores


permeabilidades, porém vale ressaltar que na prática os mesmos estão mais suscetíveis
a perdas de condutividade com o tempo de produção em comparação aos de maiores
meshes, ou seja, propantes de menor diâmetro, que apresentam uma perda de
condutividade mais suave.

 O volume da fratura propada em condições estáticas poderá ser maior a depender das
características do propante. Quanto maior for a massa de propante e menor for a sua
densidade bulk, maior será o volume fraturado. Uma menor densidade bulk é obtida
com propantes de menor massa específica e maior porosidade.

 Para os cálculos da geometria ótima de fratura para um determinado tipo de propante e


características do reservatório, quanto maior for o número de propante, maior será a
distribuição geométrica necessária da fratura para se atingir as condições ótimas. Um
número de propante maior ocorre para maiores volumes e permeabilidades do
reservatório e maiores massas e permeabilidade do propante.

 A geometria ótima obtida através dos cálculos foi de fraturas estreitas e com grande
comprimento, ressaltando de tal forma os conceitos descritos no Capítulo 2 deste
trabalho sobre a geometria para reservatórios de gás de baixa permeabilidade.

 O aumento da massa de propante bombeado proporcionou uma antecipação da


produção com um conseqüente maior fator de recuperação ao longo do tempo de vida
do poço, porém foi possível constatar que o aumento demasiado na massa de propante
trouxe um pequeno incremento produtivo, sendo mais significativo para os casos de
menor massa bombeada, ressaltando que para as características do propante e do
reservatório existe uma quantidade limite de propante a ser bombeada que proporcione

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 89

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

um aumento significativo na produção e que acima desse limite o mesmo não faria
diferença relevante.

 Com a análise do folds os increase em função da massa de propante foi possível


averiguar que o caso de 90000 𝑙𝑏𝑚 foi o que se mostrou mais vantajoso em termos
produtivos recuperando 68,65% do gás do reservatório. Acima dessa quantidade não
houve aumento significativo na produção, ressaltando que o aumento demasiado da
massa de propante e conseqüentemente do volume fraturado não trará incremento
produtivo relevante. Para os casos de menor e maior massa bombeada, 10000 𝑙𝑏𝑚e
250000 𝑙𝑏𝑚, o fator de recuperação foi de 42,3 e 69,36% respectivamente. O
bombeio de 90000 𝑙𝑏𝑚 do Propante A mesh 30/60 foi tomado como modelo de
referência.

 A mudança no mesh do modelo de referência e conseqüente variação na


permeabilidade proporcionaram uma antecipação da produção para os casos de menor
mesh, principalmente nos primeiros 20 anos de produção, porém não houve relevante
mudança em termos produtivos ao final dos 40 anos de vida do poço. O fator de
recuperação em 40 anos para o modelo de referência com mesh 40/80, menor
permeabilidade, foi de 67,69%. Para o modelo de referência com mesh 16/30, maior
permeabilidade, foi de 69,28%.

 Desconsiderar as perdas de condutividade de fratura expõe principalmente uma


antecipação em termos produtivos, sobrelevando dessa forma a importância de
considerá-las. Para o caso do modelo de referência com mesh 40/80, menor
permeabilidade, desconsiderando as perdas a produção atingiria 3,57 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³
de gás em 27 anos, se as mesmas forem incluídas, essa mesma produção somente seria
possível 13 anos após. Para o caso do modelo de referência com mesh 16/30, maior
permeabilidade, desconsiderando as perdas a produção atingiria 3,77 𝑏𝑖𝑙𝑕õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑡³
de gás em 36 anos, se as mesmas forem incluídas, essa produção somente seria
possível 4 anos após. Para os casos de menor permeabilidade considerar as perdas
proporcionou um impacto mais significativo.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 90

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

 Para o confronto entre diferentes propantes os que se mostraram mais vantajosos em


termos de permeabilidade para a tensão de fechamento com o qual estariam
submetidos no reservatório foram os Propantes A e D. Em termos de volume fraturado
os que se mostraram preponderante entre os demais foram os Propantes E e F, que
possuíam menores densidade bulk.

 Os Propantes A, D e E foram os que apresentaram a maior produção acumulada e


conseqüentemente fator de recuperação para os 40 anos de vida do poço. Ainda que a
produção para os Propantes C e F tenha chegado a valores próximos, houve um
retorno em termos produtivos mais rápidos para os Propantes A, D e E, principalmente
nos primeiros 20 anos de produção. A produção do Propante B foi a menor entre os
casos em estudo.

 Os Propantes A, D e E apresentaram uma maior e mais rápida produção devido aos


mesmos possuírem uma maior permeabilidade, criando um caminho de maior
condutividade para o fluxo de fluidos. Ainda que esses propantes possuíssem um
maior comprimento de fratura, que resulta em uma maior área de fratura aberta ao
fluxo, a mesma não proporcionou diferença significativa para os 90000 𝑙𝑏𝑚 de
propante bombeados, pois para todos os casos o comprimento permaneceu em valores
muito próximos. Para massas menores, essa diferença entre os propantes se torna mais
acentuada.

 Os Propantes A e F foram os que apresentaram o menor e o maior volume fraturado


respectivamente. Por possuir maior permeabilidade, o Propante A apresentou um
melhor retorno produtivo em comparação ao Propante F. Reforçando que a
permeabilidade é um fator preponderante em termos de produção para esse caso em
estudo.

 Os Propantes A e D apresentaram FOI semelhantes para o bombeio de 90000 𝑙𝑏𝑚 e


conseqüentemente produções semelhantes ao longo dos 40 anos de vida do poço. Por

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 91

CcACavalcanti de Albuquerque
Neto
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possuir uma esfericidade e arredondamento maiores, o Propante A foi o escolhido


como propante a ser recomendado para esse fraturamento. O Propante B foi o que
apresentou menor FOI em comparação aos outros casos.

 O software da CMG se mostrou uma ferramenta importante, visto a necessidade de


fazer uma análise criteriosa quanto aos riscos que um projeto pode apresentar. A
utilização desse software em conjunto com o Microsoft Office Excel permitiu de
analisar de forma mais criteriosa um projeto, avaliar e compreender o comportamento
de um sistema, construir hipóteses que expliquem o comportamento observado,
determinar quais ações poderão ser tomadas e meditar quanto ao desempenho de cada
uma.

5.2 RECOMENDAÇÕES

Como recomendações para futuros trabalhos se podem assentar que:

 Realizar estudos para reservatórios Tight Oil e Shale Oil.

 Desenvolver uma modelagem de reservatório naturalmente fraturado.

 Avaliar a metodologia de cálculo para reservatórios de alta permeabilidade.

 Desenvolver um programa auxiliar que leve em conta as condições dinâmicas


do fraturamento hidráulico.

 Realizar um confronto entre outros tipos de propante.

 Ampliar a faixa de variação dos parâmetros analisados.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 92

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Neto
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 Comparar em termos produtivos um poço vertical com um horizontal.

 Realizar uma análise econômica do fraturamento.

Marco Aurélio da C. C. A. Neto 93

CcACavalcanti de Albuquerque
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Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

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