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Uma vez que caminhamos para o fim deste texto, são necessários alguns

alertas. O contato com a literatura acerca da guerra muitas vezes faz


dos analistas pessoas fascinadas pelo conflito, homens que apenas
aguardam o próximo conflito para ver em prática aquilo que estudaram
em teoria – e aqui não importa se esses homens vestem farda ou não -, é
um erro por demais danoso para passar despercebido. Exceto em
períodos históricos onde a conjuntura mudou drasticamente, a regra são
cenários onde a correlação de forças em muito nos desfavorecem, por
isso redobremos o cuidado para não banalizar o tema. O distanciamento
analítico nos permite certa frieza no olhar, mas lembremos que é a nossa
classe a prejudicada em quase todas as ocasiões em que a carta da
violência é posta na mesa e é principalmente por esse motivo que
precisamos abandonar a passividade para nos apropriar de forma
responsável de uma temática que nos é cara.

Fica também o alerta para a postura daqueles que acham que,


estudando a fundo, levarão aos militares a “luz” sobre como devem agir.
Uma arrogância típica dos que não compreendem o corporativismo
próprio desse segmento em qualquer lugar do mundo. No Brasil, desde a
consolidação do regime pós-64 e do expurgo nas fileiras das FFAA
daqueles vinculados às lutas populares, sejam nacionalistas de esquerda,
socialistas ou comunistas [20], estabeleceu-se a impossibilidade de
questionar os atos da corporação em nome de uma suposta coesão
interna. Se no pré-64 e mesmo nos anos iniciais da ditadura os episódios
de questionamentos abertos eram comuns, hoje em dia uma crítica
pública da tortura sistemática da ditadura, por exemplo, é vista como um
ataque às Forças Armadas enquanto instituição. Por isso, que fique claro:
não seremos nós os responsáveis por ensinar o padre a rezar a missa,
mesmo que nesse caso a alguns padres falte um melhor conhecimento
do latim.

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