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DE SRILA
TRIPURARI
MAHARAJ
CORRIGIDOS/COM SUBTÍTULOS
ARTIGOS ANTIGOS CORRIGIDOS
ÍNDICE
1. JIVA TATTVA
2. KRISHNA TEM UM PROBLEMA
3. SRILA PRABHUPADA ACARYA
4. LENDAS E DOUTRINAS DA CULTURA MODERNA
5. A RESPEITO DE DIKSA
6. ALEGORIA, MITOLOGÍA E LILA
7. RESPOSTAS DIVERSAS - QUESTÕES DOS BELIEFNETS
8. INSPIRAÇÃO, AUTOENGANO E MAIS SOBRE MULHERES E
SANNYASA
9. KRISHNA LILA, A REALIDADE MAIS ELEVADA
10. O BHAGAVAD-GITA QUE LEVA A VRINDAVAN
11. BHAKTI TATTVA VIVEKA, SIDDHA-DEHA E SUDHA NAM
12. UMA QUESTÃO DE FÉ : 'ENCONTRA UM MAHAJANA'
13. A DESCIDA DE DEUS PARA O MUNDO FENOMÊNICO
14.‘ANAYARADHITA’, A ADORAÇÃO MAIS ELEVADA
15. MORRER PARA VIVER
16. MULHERES E O GAYATRI MANTRA
17. BHAVOLLASA RATI
18. HARINAMA E DIKSA MANTRA
19. OUÇA E CANTE SOBRE KRISHNA
20. IGUALDADE,VARNASRAMA TRANSCENDENCIA
21. MAHADEVA SIVA E O VAISNAVISMO
22. B.R. SRIDHARA DEVA GOSWAMI AND THE MAHAMANDALA
23. OS DEMONIOS DE DENTRO
24. BRAHMA GAYATRI E O CORDÃO SAGRADO
25. DAIVA VARNASRAMA
26. DIFICULTADES NO CAMINHO: 'NAS MÃOS DE DEUS'
27. OS COMPANHEIROS MAIS INTIMOS DE KRISHNA
28. BUDISMO E VEDANTA
29. JESUS E RAGA MARGA
30. PRESENTES DE SRI GURU
31. PELA FORÇA DO AFETO
32. CONTRADIÇÕES REAIS OU APARENTES
33. GOVARDHANA LILA: "ASPIRAÇÕES CATIVANTES"
34. SAKTYAVESA E NITYA SIDDHA
35. TOMANDO REFÚGIO EM UM MESTRE ESPIRITUAL
36. A DIETA DE KRSNA É BHAKTI
37. SENDO CASTO A SRILA PRABHUPADA
38. MULHERES, DEGRADAÇÃO E CONFIANÇA
39. A MAGIA DE DIKSA
40. COBIÇA POR VRAJA BHAKTI
41. DESPERTANDO A LILA NO CORAÇÃO
42. O JOGO DA VIOLÊNCIA
43. A GRANDE CIRCUNFERÊNCIA
44. SEGUIR CEGAMENTE A DINÂMICA DA VIDA ESPIRITUAL
45. ESCUTANDO DE UM RASIKA ACARYA
46. TRANSPLANTES E TRANSFUSÕES
47. SADHANA/SADHYA, O CAMINHO E O OBJETIVO
48. RECEBENDO MANTRA DIKSA
49. DO BHAGAVAD-GITA AO SRIMAD BHAGAVATAM
50. SRILA PRABHUPADA SAKTIAVESA E SAKHYA-RASA
51. GOURA KRISHNA E KRISHNA MANTRA
52. BOAS QUALIDADES E O DEVOTO SUPERLATIVO
53. A NATUREZA MAGNÂNIMA DE NITYANANDA PRABHU
54. DIKSA MANTRAS
55. ANIMAIS E KARMA, UMA VIDA CENTRADA NO GURU GAYATRI
56. KARMA SEM COMEÇO
57. ALÉM DE TODAS AS NOSSAS CONCEPÇÕES
58. ALÉM DE NOSSOS SONHOS MAIS SELVAGENS
59. BHAKTI ATRAVÉS DE DIFICULDADES
60. DAIVA VARNASRAMA
61. DEVOTOS DESCONTENTES
62. DIVINA ORTODOXIA
63. IGUALDADE, VARNASRAMA E TRANSCENDÊNCIA
64. EXPANSÕES, FORMAS E ENERGIAS
65. GEORGE HARRISON E INICIAÇÃO
66. DEUS JOGA
67. GOURA NITAI NAMASKAR
68. HARI BHAKTI VILAS
69. OUVIR E CANTAR SOBRE KRISNA
70. JAYO RUPHE! JAYO RADHE!
71. AMIZADE DIVINA
72. O PLANETA DA FÉ
73. QUANDO A VIDA REAL COMEÇA
74. GOURA NAGARA BHAVA
75. GURU PARAMPARA, NOVOS TEMPOS, PALAVRAS E LIVROS
76. INTERJEIÇÕES NAS ESCRITURAS
77. ONISCIÊNCIA DO GURU (novos)
78. SAKTI E A SUPREMA SAKTI
79. AUTENTICIDADE NOS ENSINAMENTOS DE SRILA PRABHUPADA
80. DECLARA OUSADAMENTE
81. GAUDIYA VEDANTA E SAGUNA BRAHMAN
82. APRAKRITA SIDDHI E ACINTYA SAKTI
83. BALA KRISHNA, O FILHO SUPREMO
84. DO PRETO E BRANCO AOS TONS DE CINZA
85. GURU PRANALI E A CORRENTE DA ESPIRITUALIDADE
86. A COR DA ROUPA
87. UMA VEZ EM ALTO PREÇO, O ARROZ NÃO TEM VALOR
88. LUTAR OU NÃO LUTAR, O BHAGAVAD-GITA E A GUERRA DO
IRAQUE
89. O FOGO DA RAZÃO E O METAL DA NOSSA FÉ
90. PENSAMENTO ESPIRITUAL CRÍTICO
91. SECTARISMO E FÉ DIVINA (antigos revisados)
1. JIVA TATTVA
"O karma é adquirido na forma humana de vida, e na vida animal é apenas
uma reação pelas atividades realizadas na vida humana. Então, algumas
almas vestem a roupa humana e depois vestem a roupa animal, se
degradando a um sofrimento e desfrute. O fato de se ter vida animal está
diretamente relacionado com o que foi feito na vida humana".
A palavra "nirvana"
No Bhagavad-gita, o "nirvana" se refere a extinguir o sofrimento material,
enquanto se alcança a salvação. No Bhagavad-gita 2.7 se diz: "Ó Partha!
Tendo alcançado o seu divino estado, a pessoa não se ilude; se ela se fixa
nessa consciência, ainda que no momento da morte, ela alcança o Brahman
e a cessação de todo sofrimento (nirvana)". Este verso descreve a condição
iluminada como Brahma nirvana; A palavra "nirvana" é distinta do
budismo, apesar de que isso também é encontrado em alguns textos dos
Upanisads. Aqui Krishna inclui o Brahma à Sua refulgência, essa visão
beatífica; Literalmente, "nirvana" significa "soprar", assim como uma vela
é extinguida pela luz. A palavra tem uma conotação negativa, então o
budismo às vezes tem sido considerado uma forma negativa da
espiritualidade. Isso é negativo, entretanto, de uma maneira positiva. Seu
objetivo é negar o sofrimento em que consideravelmente consiste o mundo.
A cessação do sofrimento também é concomitante ao objetivo do
Bhagavad-gita, então tudo isso está incluído no nirvana e dentro de uma
concepção da iluminação de Krishna. A palavra Brahma aparece depois nos
capítulos do Bhagavad-gita como um aspecto de Krishna. Isso não é uma
expressão completa da divindade, a qual Bhagavan, Krishna mesmo, O é.
No segundo capítulo do Bhagavad-gita, no qual o verso em questão é
encontrado, Krishna não revelou inteiramente tudo o que um estado de
iluminação completa da consciência de Deus inclui, apesar de que Ele dá
dicas sobre isso nos capítulos: 2.59, 2.61 e 2.64 do Bhagavad-gita; no
capítulo 5, Krishna usa a palavra "nirvana" três vezes; no Bhagavad-gita
5.24 - 26 e no curso da elaboração da condição iluminada do samadhi
(divina absorção), que Ele explicou na sessão de conclusão do capítulo 2
(Bg. 2.55-72). Em cada um desses versos Krishna chama essa condição de
iluminação como Brahma nirvana, entretanto, Ele termina o capítulo 5
situando a realização Dele mesmo dentro da equação da iluminação (Bg.
5.29), quando Ele diz que a paz da iluminação (sat) é alcançada
rapidamente por reconhecer Ele mesmo como o ideal dos contemplativos
(Brahman), os yoguis (paramatma/superalma) e Seus devotos (Bhagavan,
Deus mesmo). No capítulo 6, o qual envolve uma discussão extensa das
práticas espirituais de yoga que levam à iluminação, Krishna elabora, mais
adiante, sobre a condição de iluminação incluindo a realização da
característica de Paramatma dentro do Absoluto chamado Paramatma
Samhita – (Bg 6.7). Na mesma sessão, 6.15, Ele revela que o estado de
iluminação da realização yoguica inclui a cessação pacífica suprema da
existência material no Brahman (santim nirvana-paramam), a qual está
contida dentro da realização da Sua pessoa (mat-samstham/Bhagavan). Ele
conclui o capítulo 6 chamando a yoga da devoção, bhakti, a mais alta
expressão de yoga. Essa yoga corresponde ao sentido completo da
iluminação do Bhagavad-gita – a realização de Deus.
Dessa forma, dentro dessa sessão que conclui o capítulo 2, a descrição de
Krishna da pessoa iluminada, refere-se em última análise, ao Seu devoto.
Não é que toda jiva é nascida primeiro como Brahma e depois, em sua
próxima vida como o Brahma, cai nas formas mais baixas de vida. O
correto entendimento é que Brahma representa o que está referido como
samasti-jiva, um estado coletivo das jivas. Isto é descrito no Srimad
Bhagavatam 3.20.16, “sarva-jivanikayauko yatra svayam abhut svarat”.
Também é explicado no Srimad Bhagavatam que o samasti-jiva é referido
como o vairajah-purusa. De acordo com Prabhupada Bhaktisiddhanta, a
palavra vairajah nesse verso indica a totalidade das almas individuais, as
quais originalmente tomam nascimento do Brahma e voltam para ele no
momento da aniquilação. Então o Brahma representa o aspecto coletivo da
jiva, e nesse sentido a jiva nasce primeiramente como Brahma, o qual é
também a primeira jiva nascida.
Sandhini-sakti
Bhaktivinoda parivara
Pode-se encontrar mais informações relacionadas aos tópicos de
entendimento acerca do relativo (artha-prada) e absoluto (paramartha-
prada) no Krishna Samhita, de Srila Bhaktivinoda Thakur. Nós temos um
grande débito com ele pela sua luz dentro da natureza do absoluto que
desce para o reino da relatividade. Ele traçou o curso do futuro do Gaudiya
Vaisnavismo neste e nos séculos prévios, enquanto ele mesmo se
considerava um mero varredor de rua do movimento de sankirtana de
Mahaprabhu. Por sua vez, Prabhupada Bhaktisiddhanta considerou a si
mesmo como uma palha da vassoura de Srila Bhaktivinoda Thakur.
Swami Maharaj Prabhupada considerou o serviço de Prabhupada
Bhaktissidhanta como a extensão da missão de Srila Bhaktivinoda Thakur.
Estamos muito felizes de estar conectados com Bhaktivinoda parivara.
Ensinando o Gita
Sugere-se que se tente atrair os estudantes ao encanto e filosofia de Krishna
como apresentado por Sri Caitanya Mahaprabhu e Seus seguidores,
enquanto, no espírito universal de Bhaktivinoda Thakura, se reconheça que
há outras interpretações do Gita. Logicamente e gramaticalmente existem
muitas formas de se explicar o Gita. Na edição do Bhagavad-gita, Srila
Prabhupada enfatiza dois temas como sendo principais, um sendo que o
Advaita Vedanta é uma interpretação forçada da Verdade, e a outra é que
Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, Krishnas Tu Bhagavan
Svayam. O primeiro ponto é fundamental para a vida do bhakti e o segundo
ponto é fundamental para alcançar Krishna prema. Uma pessoa não pode
ser um suddha bhakta de Bhagavan Sri Krishna e ao mesmo tempo aceitar
a falsa noção da identidade absoluta entre Brahman e a jiva como
apresentada na filosofia de Advaita Vedanta.
Em relação ao segundo ponto (Krishnas Tu Bhagavan Svayam), se terá
grande dificuldade para alcançar Vraja bhakti sem primeiro entender que
Krishna é a fonte de todas as manifestações da divindade. Quando uma
pessoa entende Sri Krishna como a fonte última (Bg 3:54) aham sarvasya
prabhavo mattah sarvam pravartate, ali está o objetivo de entrar em um
tipo de prática espiritual que gera amor por Deus em intimidade, iti matva
bhajante mambudha bhava samanvitah, raga bhava samanvitah.
FIM DO ARTIGO
3. ADI GURU E FUNDADOR ACARYA
Srila Prabhupada escreveu "se nós formos aceitar um guru, então o guru
original é Krishna, porque Ele instruiu o Senhor Brahma, a primeira
entidade viva criada dentro deste universo. Tene brahma hrda ya adi
kavaye [SB 1.1.1]. Ele instruiu o adi-kavi (Brahma, o poeta original, do
qual as escrituras védicas emanaram). Ele é o guru, Krishna. E no
Bhagavad-gita, Ele também diz, imam vivasvate yogam proktavan aham
avyayam [Bg. 4.1]. Então Ele (Krishna) é o adi guru. No Bhagavad-gita
Ele também instrui Arjuna. Ele é o adi-guru.
Srila Bhaktivinoda Thakur escreve que o adi-guru de todos os mestres
espirituais está na sucessão discipular e Ele é Bhagavan, a Suprema
personalidade de Deus. Mostrando Sua grande misericórdia Ele instruiu
Brahma, o adi-kavi, essas verdades foram ensinadas pelo Senhor Brahma
para Sri Narada, e de Narada para Sri Vyasa, e de Vyasa para Madva
acarya. Essas instruções passadas por sucessão discipular são chamadas
guru parampara upadesa. Em última instância o adi guru se refere a não
outro mais do que Krishna. Bhaktivinoda Thakur em seu Harinama
Cintamani, refere-se a Madva, a Ramanuja e Visnu Swami como adi gurus
também. Esse termo "fundador acarya" primeiramente apareceu durante a
época de Prabhupada Bhaktisiddhanta e isso não é encontrado em outros
escritos de Bhaktivinoda Thakur, nem no Harinama Cintamani. Ele não
interpretou esse termo de nenhuma maneira. Existe uma diferença entre adi
guru e fundador acarya. Sri Caitanya Mahaprabhu é o fundador do
Gaudiya Vaisnavismo, não Srila Bhaktivinoda Thakur. Existem muitos
tipos de siksas gurus, e com certeza o fundador acarya da instituição é um
deles. A influência do fundador acarya na vida espiritual de um devoto em
particular dependerá de muitos fatores, mas geralmente o melhor siksa
guru para um devoto é aquele que o ajuda o máximo possível em um caso
particular em um determinado momento. Ao passo que Srila Prabhupada
Bhaktisiddhanta, Srila Sridhar Maharaj, Srila Kesava Maharaj e muitos
outros fundadores são acaryas para suas respectivas missões, cada um
daqueles que os representam tornam possíveis seus ensinamentos,
compreensíveis e acessíveis para os devotos e público em geral: Isso é que
esses acaryas fundadores fizeram em relação aos acaryas que vieram antes
deles. Sendo assim, para nós, um representante particular do fundador
acarya pode ser mais importante que o fundador acarya da fundação
mesmo, esse é o princípio dinâmico da sucessão discipular. Quando se diz
que o diksa guru dá sambhanda jñana, isso se refere ao fato de que ele dá o
mantra, onde o conhecimento da relação com Krishna pode ser encontrado.
Diksa significa dar o mantra e todas as coisas que seguem isso é siksa. O
discípulo requer siksa a cada passo do processo. Existe siksa no
sambhanda que é o conceito, orientação; siksa em abhideya que é a
natureza do caminho; e siksa em prayojana que é o objetivo. Siksa pode vir
de amigos ou associados, mas a siksa mais significativa vem da associação
de devotos avançados. Deveria-se buscar esse tipo de siksa onde quer que
possa ser encontrada.
A proibição para os devotos irem além dos limites institucionais para
buscar associação avançada, constitui uma ofensa ao princípio do guru.
Krishna não pode ser aprisionado dentro das paredes de alguma instituição
religiosa particular e isso é uma ofensa ao princípio do guru.
FIM DO ARTIGO
4. LENDAS E DOUTRINAS DA CULTURA MODERNA
Sristi-lila
As lendas e doutrinas da cultura moderna contam com a evidência
irrefutável de muitos animais grandes que habitavam na Terra em passado
distante. As escrituras védicas mencionam isso também; por exemplo, o
Srimad Bhagavatam fala de grandes elefantes que viviam na água, de
baleias gigantes, peixes também enormes chamados timingilas, também
falam de pássaros grandíssimos comparados às nuvens... Isso tudo poderia
ser uma referência da existência de seres pré-históricos, conhecidos como
os dinossauros.
O número de almas neste mundo material é um número ilimitado. O mundo
material é um passatempo particular de Deus chamado sristi-lila; essa lila é
algumas vezes manifesta e outras não manifesta. Então, nunca existirá um
tempo no qual todas as jivas serão liberadas. No Visnu dharma Purana uma
questão similar é colocada: "Um por um, kalpa depois de kalpa, as almas
individuais alcançam liberação. Ó brahmana! dessa maneira não pode o
mundo material se tornar gradualmente vazio em algum momento?". Para
essa questão Sri Markandeya risi responde: "Quando uma alma individual
alcança a liberação, Bhagavan, que tem potências inconcebíveis, implanta
e vai criando outras almas, dessa maneira mantendo o mundo material
sempre cheio". Sri Jiva Goswami cita e comenta esse verso em seu Priti
Sandarbha, explicando que nos universos materiais, que são inumeráveis,
existem inumeráveis jivas (almas individuais) nas quais o karma ainda não
despertou e as quais ainda estão dormindo imersas na natureza material.
Quando Bhagavan desperta essas almas e dá a elas corpos materiais
externos, isso se refere ao sristi lila. Porém, em realidade, as almas não tem
um começo ou um momento em que são criadas.
Krishna, Paramatma e Yoga maya
É uma tremenda estupidez negar que Deus possui um poder inconcebível.
Ela é constituída de uma de Suas shaktis e todas essas shaktis de Deus são
dependentes Dele. Ele é a fonte delas. Elas não têm existência
independente Dele, nesse sentido elas são uma com Ele. Mas, ao mesmo
tempo, as jivas são diferentes de Deus, O qual preside sobre elas. Somente
porque uma pessoa pode explicar isso de certa forma lógica, isso não muda
o fato que isso se realiza, por que Deus é inconcebível em Seu poder. Em
outras palavras, se uma pessoa pergunta por que a relação entre a jiva e o
Brahman poderia ser chamada acintya, ela pode ser explicada com base na
lógica de uma relação que envolve o Brahman sendo simultaneamente um e
diferente, bhedabheda, de suas shaktis. Assim como a presença simultânea
da unidade e diferença no Brahman pode ocorrer em um primeiro plano,
isso está além de nossa compreensão; pela lógica, há simultânea presença
da unidade e diferença de um mesmo objeto. Fogo e sua energia, calor, são
simultaneamente um e diferentes, e nós podemos citar esse exemplo da
presença simultânea da unidade e diferença em um objeto material para
explicar que o Brahman e a jiva são simultaneamente um e diferentes.
Entretanto todo esse exemplo nos diz que como o Brahman é acintya
bhedabheda, então também são os objetos materiais unos e diferentes de
Sua energia; sendo assim a metafísica de acintya bhedabheda é ilimitada
nesse objetivo, semelhante a natureza do ser.
Todos nós podemos dizer que isso é possível por que a realidade é possuída
de inconcebível poder pela qual semelhantes contradições mundanas e
lógicas podem apesar de tudo acontecer.
A característica de Paramatma, é que é o aspecto onisciente e observador
do mundo material do sristi lila; preside sobre o cosmos, sobre cada
universo e cada átomo. Ela é descrita em três fases: Karano-dakasayi
Visnu, Garbho-dakasayi Visnu e Ksiro-dakasayi Visnu. O ponto aqui é que
Visnu é onipenetrante; Ele está por toda parte e sabe de todas as coisas;
nada é mistério para Ele. As descrições dadas nas escrituras de Paramatma
como sendo do tamanho de um polegar e residindo perto ao coração
humano, como Paramatma individual é descrito dessa forma para ajudar
durante a meditação. Sua onisciência em relação a alma individual não
depende de sua residência próxima a jiva no coração humano. Isso é
explicado por nosso Gaudiya acarya Srila Baladeva Vidyabhusana em seu
Govinda-bhasya no comentário do Vedanta Sutra. Durante a meditação no
Paramatma, aparece para o yogui ou para o devoto, como uma forma
localizada no coração, mas o Paramatma geral é todo penetrante e
onisciente. A manifestação de Deus em relação ao mundo material é como
Paramatma e no mundo espiritual aparece como Bhagavan. Porque
Paramatma é uma manifestação parcial de Bhagavan, a onisciência de
Paramatma também pode estar presente em Bhagavan.
Em Vaikuntha, a onisciência de Bhagavan Narayana é pelo amor dos Seus
devotos, ao invés de ser usado com o propósito de testemunhar o feito das
jivas, assim como é o caso de Paramatma no mundo material. Narayana é
conhecedor de tudo no contexto da relação amorosa com Seus devotos, os
quais em Vaikuntha estão todos num humor de servidão. Maha Vaikuntha,
a relação amorosa de Deus com Seus devotos, muda do formal, como em
Vaikuntha, para a intimidade. Na relação amorosa íntima, a consciência de
Deus necessariamente recua para trás para facilitar a intimidade; o poder
para isso é conhecido como yoga maya, ou o divino autoesquecimento. Por
exemplo, em Dwarka lila, para experimentar uma troca de amor na
intimidade, Bhagavan/Krishna algumas vezes pede a Uddhava para
aconselhá-lo como se Ele não fosse onisciente. Dessa maneira, Krishna em
Dwarka, subordina a Si mesmo ao devoto. Em Dwarka Sua onisciência é
puramente eminente e Seu autoesquecimento, menos ainda. Entretanto essa
equação é revertida em Vrindavana lila, onde Sua onisciência é claramente
subordinada ao Seu divino autoesquecimento. Em Vrindavana Ele pensa
Dele mesmo não como Deus, mas como filho de Yasoda, ou amigo de
Madhu Mangala e amante de Radha. Deus nunca perde Sua onisciência,
mas para que a extensão de Seu amor íntimo penetre Sua relação com a
alma individual, Sua onisciência se torna de uma importância diminuída.
FIM DO ARTIGO
5. A RESPEITO DE DIKSA
A ideia geral de diksa na sucessão discipular seria que o mantra é
empoderado por essa sucessão. Isso é considerado como uma parte do
Pancaratrika marga. Quando nós falamos em paralelo da linhagem de
siksa em zig zag, nós estamos falando de uma sucessão bhagavata. O
bhagavata marga é realizado pelos devotos, enquanto que o pancaratra
marga pode não ser assim. O diksa mantra cai sobre o pancaratra marga.
Essa linha pode ser saudável, e assim é melhor. Se entretanto isso não for
dessa forma e uma pessoa compensa isso por tomar refúgio no siksa guru
que representa a bhagavata marga, a pessoa irá permanecer conectada.
Nesse caso é necessário para o discípulo receber o mantra novamente de
um siksa guru. Todo esse caso pode não ser necessário para um discípulo
aceitar novamente o mantra de um siksa guru, mas será necessário para o
discípulo tomar absoluto refúgio nesse siksa guru. Fazendo isso então o
discípulo pode querer escutar o mantra de seu guru, e se entende que isso é
aceitável. Aqueles que abraçam o Srimad Bhagavatam abraçam o
paramahamsa. Isso é, paramahamsa samhita, e param nirmatsaranam
satam. Nós abraçamos esse ideal ainda que não sejamos paramahamsa.
Então através de sraddha, o ideal do Bhagavata e Mahaprabhu, nós somos
elegíveis para tentar esse caminho; ainda que ao fazê-lo, necessitamos de
uma ajuda auxiliar para suportar nosso bhakti. Nós não podemos
simplesmente sentar e cantar como paramahansas. Então essa é a noção do
daiva varnasrama como é mencionado no décimo primeiro canto do
Srimad Bhagavatam. A ideia é que o movimento do absoluto é apenas para
o desfrutar, para a lila, este é seu único motivo. Deus não tem necessidades.
Quando nós percebemos o mundo de Krishna, tomando vantagem desse
ponto, isso virá nos mostrar a morada da lila de outra forma, quando as
almas percebem a compaixão do Senhor, que está realizando atos para
salvá-las. Mesmo no amor material, a pessoa gosta de ver o seu amante
ficar ciumento algumas vezes, porque isso serve para demonstrar a
extensão de seu amor. O mana de Radha, ou o amor ciumento, é muito
cativante para Krishna. Ele é subjugado por isso. Você pode entender que o
ciúme em Goloka é notadamente parecido como aqui. Todo mundo lá é
abnegado nesse amor por Krishna, e a insistência de Radha que Ela seja
honrada primeiramente, aparece do fato que Ela permite isso para poder
satisfazer Krishna completamente. Então Seus ciúmes são apenas uma
matéria para servir.
Srila Sridhara Maharaj e outros acaryas têm pregado usando palavras como
retornar, de volta a Deus, Você me deixou etc, para um efeito específico; e
por que existe também uma limitação da linguagem para expressar o
inconcebível. Enquanto os mestres algumas vezes falam dessa maneira,
eles também falam para nós que nós somos nitya-baddha, eternamente
condicionadas e que também ainda não experimentamos nossa relação
eterna com Krishna. Aos Seus olhos nós somos Seus servos eternos, apesar
que ainda não estamos capacitados para atuar dessa maneira. Então
podemos olhar e imaginar esse mundo material como um reflexo do mundo
espiritual.
FIM DO ARTIGO
De acordo com o siddhanta, Radha não tem nenhum marido a não ser
Krishna. Mas de acordo com o bhava, Ela tem. Para o prazer de Radha
Krsna na lila, Yogamaya manifesta o assim chamado marido de Radha com
o nome de Abhimanju, mas na verdade ele é uma manifestação parcial de
Krishna mesmo. Isso acontece no caso de todas as gopis. Krishna
manifestou-se Ele mesmo como todos os vaqueirinhos que foram roubados
por Brahma. Esse incidente coincide com a necessidade de casar as jovens
garotas de Vrindavana. Nesse momento, Krishna se casou com muitas
gopis aparecendo como outros meninos.
Esse arranjo torna possível o amor de amantes, no qual a excitação pelo
risco etc. aumenta as altas trocas de amor. Essa é a divina ilusão que dá o
prazer transcendental a Krishna e aquilo que satisfaz Hari é a medida do
dharma “samsiddhir hari tosanam".
FIM DO ARTIGO
7. RESPOSTAS DIVERSAS: QUESTÕES DOS BELIEFNETS
Como desenvolver fé
A divina fé desenvolve-se na companhia daqueles que a possuem, assim
como através do estudo das escrituras sob guia de almas realizadas. Por
isso devemos traçar o objetivo de nos associar com as almas realizadas e
encontrar a real sadhusanga.
A agitação na mente
Morrer jovem
Quando uma pessoa morre jovem, isso não quer dizer que Deus seja cruel,
pois Ele nos deu a vida para viver. Quando os santos morrem jovens, nós
entendemos que Deus os ama muito, por isso Ele não pode suportar uma
separação tão longa. Se os entes queridos de um santo que foram deixados
para trás realmente amam a ele, eles devem servir a Deus assim como este
santo fez, pois há poucas dúvidas de que isso era realmente o que ele
queria. Além do mais, a razão pela qual os deixados para trás o amam
tanto, é de seu caráter santo.
Aborto e genética
O Purana também diz que uma pessoa não deveria comer alimento visto
por uma mulher durante seu período menstrual, bhunjitodakyaya drstam
(Bhagavata Purana 6.18.49). Alguma coisa a esse respeito é encontrado no
Manu Samhita.
Não somente a sociedade hindu anciã mas praticamente todas as culturas
religiosas pré-modernas consideram esse período menstrual da mulher
como impuro no mínimo. Esse período de impureza envolvia mais do que
impureza ritualística e muitas vezes sentenciava a mulher a um
confinamento solitário durante o ciclo. Então, concluímos que até as
culturas religiosas pré-modernas sabiam mais sobre o ciclo menstrual
feminino do que sabemos hoje, ou que o entendimento pré-moderno desse
período era também desinformado em algum nível.
O último parece mais provável, e basta ler sobre os variados medos que as
culturas pré-modernas tinham acerca deste período na vida de uma mulher
para saber que seu entendimento envolvia uma grande superstição.
Podemos entender que a falta de conhecimento sobre o tema era o que mais
vigorava tanto no passado quanto no presente, e a cultura hindu não é
exceção.
De fato, até os mais ortodoxos hindus têm alterado sua posição em relação
a esse assunto nos dias de hoje, enquanto a maior parte se apega a alguma
parte do pensamento pré-moderno a respeito da pureza ritual. Assim,
embora hoje em dia as mulheres hindus não fiquem mais confinadas em um
local solitário, suas roupas não sejam mais queimadas durante seu ciclo
menstrual, elas são comumente proibidas de adoração ritualística e até
mesmo de entrar nos templos. É provável que estas proibições correntes
também irão ser mudadas em um determinado momento.
A principal preocupação no hinduísmo parece ser em relação ao
sangramento; mesmo homens que estão sangrando com algum ferimento
não são permitidos participar em adorações ritualísticas. No entanto, hoje
permanece a questão de saber se os métodos modernos de limpeza que
controlam o sangramento não alteram a equação.
Srila Visvanatha Cakravarti Thakura diz no Bhagavad-gita em seu
comentário 9.26 que a palavra "prayatmanaha" refere-se à pureza física e
então proíbe a mulher de se ocupar em adoração durante seu período
menstrual. Mas, Swami Maharaj Prabhupada considerava que semelhante
adoração não contradiz as orientações escritas pela linhagem de nossos
fundadores. Em relação a isso ele escreveu: "De acordo com o smarta
viddhi, a mulher não pode tocar na Deidade durante seu período menstrual,
mas o goswami viddhi permite isso. Mas o melhor é não fazê-lo.
O fato é que o seva não deve ser interrompido por nenhuma razão, o
mesmo vale para cozinhar". (Aqui Prabhupada está dizendo que a mulher
pode fazer esse serviço para à Deidade durante o período menstrual se
necessário).
Na tradição do bhakti Deus é mais acessível, especialmente Krishna. Sendo
assim, nesta era de Kali-yuga, a mais efetiva prática espiritual é o canto dos
Santos Nomes e não existem proibições para Krishna kirtana. Semelhante
canto pode ser praticado por qualquer um, em qualquer momento sob
qualquer circunstâncias.
FIM DO ARTIGO
8. INSPIRAÇÃO, AUTOENGANO E MAIS SOBRE MULHERES E SANNYASA
Srila Bhaktivinoda Thakur disse que veio à consciência de Krishna por ler
o Sri Caitanya-caritamrta, mas por que ele leu o livro e estudou a
mensagem cuidadosamente, ele nunca concluiu que deveria considerar-se a
si mesmo como um discípulo de seu autor, Krishna Das Kaviraj Goswami.
Nem ele pensou que tornando-se discípulo de outro guru iria de alguma
maneira tornar sua conexão com Krsnadasa Kaviraja de alguma forma
menor do que se fosse pessoalmente iniciado por ele. Em outras palavras,
ele entendeu o conceito de guru-parampara, pelo qual uma pessoa se
conecta com todos os nossos acaryas prévios.
Aqueles que começaram a cantar Krishna Nama porque Prabhupada pregou
isso em seus livros, deveriam realizar que essa pregação de Prabhupada
representa todos os seus predecessores, todos os quais pregaram a mesma
mensagem. Junto com esse conhecimento que todo o mundo deveria cantar
Krishna Nama, nosso guru parampara explica que a pessoa deveria então,
sob a guia de um guru apropriado, aceitar a iniciação dele. E aceitar a
iniciação envolve aceitar alguma coisa que está vindo dele, que está sendo
dada. Existem dois lados da equação: O futuro discípulo deve estar
disposto (e sem dúvida com amor), e o guru de seu lado deve estar disposto
a aceitá-lo. Se a nossa inspiração inicial veio de um guru falecido, isso não
significa que podemos nos afirmar como discípulos iniciados sem o seu
consentimento. Nem ele daria tal consentimento, dado que colidiria com a
doutrina Gaudiya estabelecida por seus antecessores, seus gurus. De fato,
para estabelecer uma conexão significativa com semelhante guru falecido,
devemos seguir o sistema de guru-parampara e, assim, seguir seu próprio
exemplo.
Não querer aceitar ninguém além de Srila Prabhupada como um guru,
mesmo que ele já tenha partido, é uma forma de auto engano promovida
pelo fanatismo em nome do amor. Evidentemente, não tem sido útil que
alguns de seus discípulos tenham se mostrado desqualificados para
representá-lo, mas isso não nos dá uma licença para mudar o siddhanta da
Gaudiya. Se uma pessoa sente afeição especial por Srila Prabhupada, mas
não foi iniciado por ele, sugere-se que ela procure aqueles que o
representam. Se a sua busca é sincera, ela o encontrará no que parece ser
outro, e encontrá-lo dessa maneira fará uma conexão visivelmente mais
substancial com ele do que esta conexão enganosa.
De acordo com Sri Jiva Goswami, todas as citações dos Puranas tem de ser
entendidas à luz das conclusões escriturais do Srimad Bhagavatam. Em seu
Tattva-sandarbha ele tem dado grandes explicações para demonstrar por
que o Bhagavatam mantém essa posição proeminente. Afirmações de
outros Puranas que de certa maneira contradizem as conclusões do
Bhagavatam são ou uma propaganda, ou parcialidade da verdade. Por
exemplo, Saci é de fato uma manifestação parcial de Radha e está presente
dentro Dela, como é Laksmi Devi, quando Ela desce. Sri Radha é a shakti
primária de Bhagavan, Sri Krishna, e como tal Laksmi os poderes que
fortalecem todas as deusas dos deuses estão presentes dentro Dela.
FIM DO ARTIGO
9.KRISHNA LILA, A REALIDADE MAIS ELEVADA
Como um princípio geral, uma pessoa deveria tentar aceitar a melhor parte
da cultura ocidental e oriental e aplicar isso em sua própria vida. É natural
que uma pessoa influenciada por uma tradição espiritual baseada na
indiana, irá desenvolver afinidade por certos aspectos da cultura sócio-
religiosa hindu. Entretanto nem todo aspecto da cultura hindu é espiritual.
Muitos costumes sociais hindus são simplesmente tradições étnicas;
algumas são resultado de influências externas, e algumas ainda são
baseadas em superstição. Então nenhum desses tem muita relação com à
essência da espiritualidade. Sendo assim, se um aspecto particular da
cultura indiana faz alguém se sentir desconfortável, então por todos os
meios é necessário indagar a um devoto avançado sobre se isso tem alguma
atual relação com as práticas espirituais vaisnavas.
Práticas espirituais essenciais semelhantes ao canto do Krishna nama não
são baseadas no fato de alguém se tornar membro de uma cultura
particular. Na realidade, a cultura do Krishna bhakti (Krishnanusilanam),
centrada no canto do Krishna Nama, é uma cultura espiritual dentro de si
mesma. Krishnanusilam pode ser incorporado dentro de uma cultura étnica
ou estilo de vida.
Auto análise
Simplesmente por uma auto análise uma pessoa não pode realizar
completamente seu potencial espiritual. A auto análise é sem dúvida
nenhuma parte da cultura de Krishna Bhakti, mas por si mesma uma pessoa
não é capaz de realizar sua personalidade espiritual. Através da autoanálise,
pode-se entender que o sentido mental do ser, que nada mais é que um
produto da reação da mente ao impute sensual, não é duradouro e por isso
ganha ímpeto negativo para seguir Krishna-bhakti. Entretanto, a realização
espiritual de alguém é apenas possível através da graça, a qual no
Vaisnavismo deriva-se de escutar, cantar e relembrar os passatempos de Sri
Krishna, sobre a guia de um devoto avançado.
Manjari bhava
FIM DO ARTIGO
10. O BHAGAVAD-GITA QUE LEVA À VRINDAVAN
Deuses e deusas
Yogamaya e mahamaya
Kali escrita com 'a' maiúsculo e Kali com 'a' minúsculo são diferentes
palavras sânscritas indicando diferentes pessoas. Kali com 'a' maiúsculo é a
Deusa esposa do Senhor Siva, quem é comumente adorada com o propósito
de dissolver o ego material. Kali escrita com 'a' minúsculo é a
personificação da era da desavença (Kali-yuga). Duryodhana do
Mahabharata e do Bhagavad-gita é considerado como sendo uma
encarnação parcial de Kali, a personificação dessa era degradada e não a
deusa Kali.
Brahman e Sri Krishna
No Gita, Sri Krishna diz que aqueles que pensam que os caminhos da ação
abnegada (niskama-karma-yoga) e do conhecimento (sankhya yoga) são
diferentes, não são sábios (sankhya-yogau prthag balah pravadanti na
panditah). O termo sankhya yoga nesse contexto se refere à contemplação
associada com a renúncia. Esse caminho não é diferente da ação
desinteressada, enquanto que os dois caminhos levam ao mesmo resultado.
(ekam sankhyam ca yogam ca).
Em uma visão superior não existem demônios fora de nós mais do que
aqueles que residem dentro de nós. O devoto superlativo vê todo mundo,
menos a ele mesmo, como estando apropriadamente ocupado nos serviços
de Deus.
O Gita faz menção a dois tipos de seres, os divinos e os demoníacos. Mas o
mais importante nesse texto, não é como reconhecer o demônio, mas ao
contrário, como a pessoa pode tornar-se divina. Isso requer conhecer como
não ser também, por isso a discussão de qualidades divinas.
Em relação ao Krishna lila, neste drama podem existir alguns vilões, mas
internamente eles não são. Novamente, numa visão mais elevada, nós
pensamos que todos são devotos, exceto nós mesmos.
FIM DO ARTIGO
11. BHAKTI TATTVA VIVEKA, SIDDHA-DEHA E SUDHA NAM
Siddha-deha do discípulo
Não é errado dizer aos discípulos a natureza do svarupa e dar instruções de
como cultivá-lo em seu bhajan. Entretanto essa prática têm sido tão
abusada que Prabhupada não colocou tanta ênfase nisto, nem foi ele
instruído por Bhaktivinoda Thakur ou por Srila Goura Kisora Das Babaji
Maharaj nesse aspecto. Babaji Maharaj disse a ele que ele poderia realizar
seu svarupa nas sílabas do Hare Krishna Maha Mantra.
Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur ensinou que a svarupa da pessoa pode
ser realizada através de bhajan, mesmo que não tenha sido falado para ele
sua identidade espiritual particular. O guru deve dar o mantra e partilhar o
conhecimento de seu significado. Dentro do mantra específico, o
conhecimento da relação com Krishna está presente, e isso vai aparecer
como um conhecimento realizado começando no estágio de ruci e, no
estado de ruci, a forma básica da sua identidade espiritual será sentida e
provada.
Como está mencionado no meu livro Sri Guru-parampara, mesmo Nitai
Dasa, o qual é um forte defensor da prática do sistema siddha-pranali e que
está fora da linha de Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur, admite que a
svarupa da pessoa pode ser realizada através da cultura espiritual sem ser
instruído acerca do svarupa antecipadamente. Srila Prabhupada não
recebeu o que é muitas vezes chamado de siddha pranali diksa de
Bhaktisiddhanta Prabhupada Sarasvati Thakur, nem Srila Sridhara Maharaj.
Como citado anteriormente, as seguintes instruções de Srila Bhaktivinoda
Thakur são relevantes para a discussão. Ele claramente explica que a
experiência da forma espiritual interna da pessoa (svarupa) requerida pela
cultura de raganuga-bhakti apropriada, é revelada pela graça de Krishna
nama.
“isat vikasi punah dekhaya nija rupa guna citta hari laya krsna pasa
purna vikasita hana vraje more jaya lana dekhaya nija svarupa vilasa”
Esta descrição deve ser útil. Não é ofensivo tentar entender quão
profundamente um devoto é absorvido na consciência de Krishna antes de
aceitá-lo como um guru. Na verdade, é isso que devemos fazer com o
melhor de nossa capacidade, confiando nas escrituras e em nossa própria
sinceridade. O teste será se o sadhu puder remover nossas dúvidas de forma
consistente. Nós temos alguma fé, mas também temos dúvidas. Nós
devemos, respeitosamente, levantar essas dúvidas. Quando as dúvidas são
removidas pela pregação e pelo exemplo do sadhu, somente a fé permanece
e somos livres para prosseguir.
FIM DO ARTIGO
12. UMA QUESTÃO DE FÉ : 'ENCONTRA UM MAHAJANA'
A perda da fé
Argumentos secos
FIM DO ARTIGO
13. A DESCIDA DE DEUS PARA O MUNDO FENOMÊNICO
O mundo está aqui hoje, mas amanhã ele terá ido embora. Não podemos
nos apegar a isso. Mas todos nós nos propusemos a tornar-nos reis e a
possuir e a manter tantas coisas, e nessa perseguição louca perdemos de
vista o óbvio. É a interconectividade de todas as coisas que devemos
buscar, não a independência de tudo; não o nosso próprio reino. Nesta
busca, encontraremos liberdade da ilusão de que somos entidades
independentes. É essa ilusão que estimula o medo da morte – a ilusão da
morte que é realmente a mão de Deus. Devemos tentar mudar nosso ângulo
de visão.
Adoração a Surya
Geralmente as pessoas adoram o deus Surya, o Sol, para ter uma boa saúde.
No entanto, uma pessoa deve se preocupar não só com a saúde de sua
estrutura mortal, mas mais com a saúde de sua alma. Portanto, deve-se
adorar não apenas Surya, mas Surya Narayana, e fazê-lo todos os dias da
semana. Visvanatha Cakravarti Thakura diz que a vida real e a alma de
todas as entidades vivas dentro deste universo é o sol e, portanto, o sol é
venerável, surya atma atmatvenopasyam. A ideia é que devemos ver o sol
como representantes de Narayana (Deus) e meditar no sol como uma
metáfora para Deus, que é a luz suprema que dissipa às trevas da
ignorância e nutre às almas de todos os seres vivos.
FIM DO ARTIGO
17. BHAVOLLASA RATI
AMOR POR RADHA-KRISHNA COMBINADOS
"O amor das manjaris, embora mais intenso para Radha do que para
Krsna, também é para Krsna. As manjaris amam ambos Radha-Krsna
combinados com ênfase em Radha, e assim eles estão em uma posição
única na qual Radha-Krsna se torna o objeto de amor romântico ".
Ninguém tem Krsna mais do que Radha e nenhum devoto tem Radha mais
do que suas manjaris.
Deve-se notar que a escritura sobre o amor dos habitantes de Vrndavana foi
escrita por Rupa Goswami com a ajuda de Jiva Goswami. Enquanto eles
usaram a teoria da rasa secular como uma estrutura para explicar o
Absoluto, que é a transcendental a rasa em si (raso vai sah) e sua
recompensa também, a explicação deles não caberia inteiramente dentro da
estrutura da teoria secular da rasa para que ela fosse válida. Existem várias
diferenças entre os dois sistemas. Por exemplo, na teoria secular da rasa, o
amante e os amados desfrutam igualmente da Sua união, enquanto na
transcendência, A amada (Radha) excede Krsna na Sua capacidade de
provar a rasa. Essa verdade e diferença entre a teoria secular da rasa e o
sistema de Sri Rupa dá origem a toda a explicação de Rupa Goswami,
porque ela exige a aparição de Sri Caitanya Mahaprabhu.
O sastra pode ser útil para encontrar um guru, porque nos diz algo sobre a
natureza e as atividades das pessoas realizadas. Assim, podemos ler o
sastra e, num sentido geral, as escrituras nos ajudam a encontrar um guru.
Uma vez que tenhamos encontrado nosso guru, ele nos leva profundamente
dentro do sastra para entender coisas que não poderíamos ter entendido por
conta própria.
Por outro lado, eu (*Srila Tripurari Maharaj), por exemplo, encontrei meu
guru sem ter lido o sastra. A coisa mais importante em encontrar um guru
é o desejo de se entregar aos pés de uma alma realizada. Cultive esse desejo
e você encontrará seu caminho, mesmo sem o sastra. A sinceridade é
invencível. Krsna diz assim, na kalyana-krt kascid durgatim tata gacchati
(BG 6.40): "Quem é sincero não anda no caminho do infortúnio".
Vaidhi bhakti não pode dar Vraja bhava, na qual os devotos compartilham
relacionamentos íntimos com Krsna em Vrndavana. Ele tem um bhava
próprio mergulhado na admiração e reverência encontradas em Vaikuntha.
Os super-excelentes bhavas de Goloka Vrindavana são realizados através
da cultura de raganuga bhakti. Assim, qualquer um interessado nessas
bhavas é, nessa medida, qualificado para trilhar o caminho da raga. Esse
interesse deve vir do coração, não da cabeça.
Raganuga bhakti é baseado no amor. Ao passo que o envolvimento de
alguém em raganuga bhakti é baseado na deliberação de seus méritos
como descrito no sastra, um senso de perspectiva de como alguém irá se
beneficiar de sua prática, ou sem medo, não é puro raganuga e pode ser
considerado ser misturado com vaidhi bhakti. A diferença entre vaidhi
bhakti e raganuga bhakti é de motivação.
Raganuga é sadhana e assim prática, mas esta prática é madura quando
nossa svarupa (identidade espiritual) é revelada. Antes disso, pode ser
praticado, mas será misturado e apoiado por vaidhi bhakti. Essa é a opinião
de Bhaktivinoda Thakura. Jiva Goswami chama essa mistura ajata ruci
raganuga bhakti, ou raganuga bhakti praticada no estágio anterior ao
desenvolvimento de um gosto espiritual por um bhava particular de Vraja.
"Pegue toda a ajuda que puder conseguir!", essa foi a opinião de Srila
Prabhupada. Ele escreve: "O cantar do maha-mantra Hare Krsna é tão
poderoso que não depende da iniciação oficial, mas se alguém é iniciado e
se envolve em pancaratra-vidhi, sua consciência de Krsna desperta muito
em breve, e sua identificação com o mundo material será derrotada".
O guru que é mais importante para nós é aquele que mais nos ajuda, seja
ele o nama guru ou o mantra guru. É claro que em quase todos os casos
esse guru é o mesmo, mas sob certas circunstâncias pode ser dois gurus
diferentes. Se alguém tem grande fé em seu nama guru e precisa receber o
mantra de Krsna de outro guru porque o nama guru já partiu, deve-se
encontrar um guru no qual se sinta que o nama guru é mais
proeminentemente representado e discutir isso abertamente com ele. Os
sentimentos do discípulo por seu nama guru devem ser honrados
apropriadamente.
Eu acredito que o que foi dito acima é universalmente aceito em todos os
ramos do Gaudiya Vaisnavismo.
FIM DO ARTIGO
19. OUÇA E CANTE SOBRE KRISHNA
"Assim como Você está cheio de opulências, assim é a canção sobre Você.
Aqueles que a anunciam em toda a terra não são meros mortais. Eles são
os maiores benfeitores da sociedade humana. Eles representam Você em
todos os aspectos."
Reencarnação
Uma pessoa voltará a este mundo, mas não no mesmo corpo. Ela e sua
família continuarão a nascer em corpos diferentes até que estejam livres da
influência do karma, que é a reação da natureza para aqueles que escolhem
interagir com ela. O desejo faz o mundo girar, yayedam dharyate jagat (Bg.
7.5).
Em primeiro lugar, não temos a liberdade de lidar com tais crimes (como
matar um ofensor nos tempos védicos) de forma alguma além de honrar as
decisões do governo vigente. Nós não vivemos em tempos védicos e,
portanto, sistemas de justiça apropriados para aqueles tempos não podem
ser aplicados hoje. Há um debate em andamento sobre a eficácia da pena de
morte. Mas não creio que seria prudente entrar neste debate em favor da
pena de morte apenas com base na prescrição da pena capital nos tempos
védicos e no raciocínio de que, ao aplicar a pena de morte, a parte
executada é libertada da reação karmica do ato criminoso. Se alguém
deseja entrar neste debate, deve começar por se tornar totalmente
informado com todos os argumentos de ambos os lados decorrentes das
circunstâncias sociais atuais.
Isso significa que o karma manifesto dessas pessoas foi erradicado através
da poderosa prática espiritual de cantar o nome de Deus, e mesmo em seu
corpo atual, eles se tornaram santos. Assim, de todas as práticas espirituais,
seria melhor se envolver em cantar o nome de Deus. Ainda assim, apenas
uma alta qualidade de cânticos pode remover poderosos impedimentos
karmicos manifestos. Portanto, tente cantar puramente sem algum motivo
que não seja agradar a Deus, mas não espere que o seu TEPT desapareça
imediatamente. Na verdade, talvez seja necessário procurar orientação
médica, para amenizar os efeitos problemáticos em um nível que não
impeça a prática por algum tempo até que a prática governe a vida deste
indivíduo.
FIM DO ARTIGO
20. IGUALDADE,VARNASRAMA E TRANSCENDÊNCIA
FIM DO ARTIGO
21. MAHADEVA SIVA E O VAISNAVISMO
O ponto é que o avanço espiritual não pode ser medido com precisão pela
quantidade de tempo que um discípulo passa na presença do guru. Ao
contrário, o avanço é mais uma coisa relacionada a como uma pessoa
guarda os ensinamentos do guru em seu coração.
Srila Sridhara Maharaj acomoda isso assim: “As escrituras dizem: ‘Lava-
mātra sādhu-saṅge sarva-siddhi haya: ‘Um momento com os agentes de
Krsna, se é apropriadamente utilizado, é suficiente para resolver todos os
problemas de nossa vida pela qual estamos eternamente vagando através de
milhares de milhares de nascimentos’. Nós devemos estar despertos para
nosso interesse; não devemos ser negligentes, mas vigilantes para com o
nosso próprio interesse”.
A evidência da devoção ao guru é encontrada na sua própria vida de
dedicação a Sri Guru e Gouranga. Sempre deveríamos dar ênfase na
essência ao invés da formalidade. Srila Sidhara Maharaj disse: “Sempre
que a verdade aparece, de onde o néctar do divino êxtase desce, eu deveria
me oferecer como escravo. Qualquer que seja a forma que ela tome não
importa muito; a forma tem algum valor, mas se existe algum conflito, se
deveria dar um imenso valor ao espírito interno da coisa sobre sua
cobertura externa. De outra maneira, se o espírito parte e somente a
conexão com o corpo permanece, nossa assim chamada vida espiritual se
torna uma imitação barata" (B.R Sridhara Maharaj, Sri Guru e Sua Graça).
FIM DO ARTIGO
23. OS DEMÔNIOS DE DENTRO
Sobre Vyasadeva
Significado de rendição
Quando na conclusão do Gita, Bhagavan Sri Krsna nos diz para nos
rendermos, Ele quer dizer que aqueles em quem Ele despertou a fé
deveriam se refugiar somente Nele através da devoção. Tais almas rendidas
não se abrigam no caminho da ação (karma yoga), conhecimento (jñana
yoga), yoga mística, ou qualquer outro meio para a salvação, nem se
apegam a qualquer outro Deus ou Deusa. Sri Krsna nos instrui no na
conclusão do Gita de que a entrega é a própria vida da devoção. Sem o
espírito de rendição, bhakti é sem vida e mecânico. No Gita Krishna
primeiro nos diz para nos tornarmos Seus devotos (man mana bhava mad
bhakto). Então Ele nos fala sobre o altar no qual o sacrifício de devoção
deve ser realizado e, finalmente, o palco no qual o drama de Sua lila de
amor é encenado (mam ekam saranam vraja). Aquele altar e palco é
saranam (rendição), tanto para o iniciante quanto para o adepto,
respectivamente. A rendição, ou saranagati, é expressada como aceitar
aquilo que é favorável à devoção, rejeitando o que é desfavorável,
considerando Krsna como Seu protetor, considerando Krsna como o
mantenedor, abraçando a humildade e submetendo-se plenamente a Krsna.
Estas seis expressões de rendição são apoiados por cinco condições mentais
subjacentes: pratijna, a promessa de que eu farei tudo favorável e deixarei
tudo que for desfavorável; visvasa, confiança de que Krsna irá me proteger
e, portanto, eu não preciso procurar em outro lugar por proteção a qualquer
Deus ou mortal; nirbharata, dependência de Krsna de tal forma que eu
confio Nele para minha manutenção (a aplicação deste princípio será
diferente para os chefes de família e monges); dainya, humildade ou
renúncia ao espírito de desfrute; atma-nivedana, abandonar o espírito de
independência e abraçar a sensação de coração e alma de que Krsna é O
Seu dono. Das seis expressões de rendição, considerar Krsna como o
mantenedor é a principal característica (svarupa laksana) de saranagati. As
outras cinco expressões são suas características marginais (tatastha
laksana). [topo]
FIM DO ARTIGO
24. BRAHMA GAYATRI E O CORDÃO SAGRADO
O Varnasharama Dharma
FIM DO ARTIGO
26. DIFICULDADES NO CAMINHO: 'NAS MÃOS DE DEUS'
A receita particular para a prática é dada pelo guru iniciador. Um guru pode
aconselhar seus discípulos a cantar dezesseis rondas de japa, enquanto
outro pode aconselhar mais ou menos rondas. Essa instrução também pode
variar para os discípulos do mesmo guru. Certamente o espírito de cantar
deve ser sincero. Canta principalmente quando nos sentimos mal.
Precisamos perceber o quão ruim é a condição material é isso nos dará o
ímpeto que necessário para procurar a orientação, Sri Guru.
O guru vai irá encontrar sobretudo aqueles que são sérios, e estes irão atrair
a reciprocidade de cima na forma de um guia. A sinceridade é o mais
importante. Algum conhecimento também é necessário. Livros como o
Bhagavad-gita descrevem claramente a natureza e as qualidades de pessoas
santas. Se deveria estudar esses livros cuidadosamente. E ser paciente. O
que se aconselha, é que se adore a Krishna e que se ore para Ele enviar um
guru.
Quais são as chances de cantar puramente nesta vida? Muito boas se existe
preocupação com como se canta o maha mantra. Precisamos estar sempre
insatisfeitos com a qualidade de nosso canto.
Experiência do sadhana-bhakti
Linhagens autorizadas
FIM DO ARTIGO
27. OS COMPANHEIROS MAIS ÍNTIMOS DE KRISHNA
Serviço a Krishna
Uddhava não está rezando para mudar seu sentimento espiritual (*quando
diz que deseja receber a poeira dos pés das gopis ao almejar nascer como
uma grama). Ele está se preparando para servir Krishna com a mesma
intensidade que as gopis têm. Ele quer ser abençoado por elas, mas ele não
quer ser uma gopi. No entanto, associados eternos do Senhor podem servi-
lo em diferentes capacidades de lilas diferentes. Por exemplo, Sridama, o
forte amigo vaqueirinho de Krishna que muitas vezes luta com Krishna,
resultando em Krishna tendo que carregá-lo em Seus ombros, expande-se
para servir Krsna em outras lilas como Garuda, portador do pássaro de
Krishna. Outro exemplo é Narada, que se banhou em Vraja e saiu com um
gopi deha (corpo de gopi). Siva também recebeu um gopi deha. Entretanto,
esses exemplos não pertencem ao prospecto das baddha-jivas (almas
materialmente condicionadas), que entram na lila em um sentimento
específico através da prática espiritual (sadhana) ou da misericórdia
especial.
Há muitas coisas que acontecem em Krsna Iila que não servem como
exemplos de caráter santo. Portanto, seguimos o exemplo de Caitanya
Mahaprabhu, e ainda mais, o exemplo de Sri Rupa e os Seis Goswamis de
Vrndavana. Primeiro, torne-se um santo honrando a todos, e então você
pode entrar na lila com um coração puro e entender a natureza das
interações que ocorrem nela.
Quando sakhya rasa é misturada com madhurya rasa, ela proporciona uma
experiência estética não encontrada no altamente exaltado amor paternal de
Deus, vatsalya rasa. Priyanarma sakhas como Subala experimenta
mahabhava de uma forma semelhante às gopis. Assim, o desenvolvimento
de prema excede o dos devotos em vatsalya rasa. A esse respeito,
Mahaprabhu instruiu Sri Sanatana Goswami, sakhya-vatsalya-rati paya
'anuraga'-sima, subaladyera' bhava 'paryanta premera mahima:
FIM DO ARTIGO
28. BUDISMO E VEDANTA
Não é ṕosssivel acreditar que nossa cultura ocidental não tenha lugar para
valores absolutos ou verdade, nem acho que uma cultura que rejeite a
noção de verdade absoluta possa falar convincentemente sobre as virtudes
da luxúria. A luxúria não é meramente uma proibição religiosa antiquada.
A luxúria é uma expressão de insatisfação e, objetivamente, sua busca não
leva a uma realização duradoura. Além disso, é um princípio
universalmente aceito que a luxúria é indesejável para todos em algum
nível. Isso é ilustrado pelo fato de que mesmo as pessoas mais luxuriosas
desprezam certas manifestações de seu excesso em sua própria categoria.
Por outro lado, a história mostrou que os membros mais cultos e instruídos
da sociedade reverenciam uma pessoa espiritual percebida como livre da
luxúria. Assim, é preciso entender o princípio que o Bhagavad-gita ensina
em sua condenação da luxúria, em vez de apenas vê-la como uma lei
religiosa antiquada que não tem apoio cultural.
Critério para iniciação e para escolha do cônjuge
É apropriado tomar iniciação quando o coração deixa claro para você que
sua fortuna espiritual é estar sob a guia de um sadhu em particular. Do
ponto de vista espiritual, a iniciação é mais importante que o casamento e,
portanto, a consideração primária na escolha do cônjuge deve ser similar na
fé. Juntos, o casal deve perseguir o ideal transcendental acima de todo o
resto.
FIM DO ARTIGO
29. JESUS E O RAGA MARGA
Existe uma seita que segue todas as rasas com Sri Ramacandra, incluindo
madhurya. No que diz respeito aos Gaudiya Vaisnavas, as práticas e
teologias desta seita são muito questionáveis. Eles praticamente pegaram a
essência do Bhagavatam e colocaram o nome de Rama no lugar de Krsna.
FIM DO ARTIGO
30. OS PRESENTES DE SRI GURU
Fé no guru
A ideia é que não podemos oferecer a prasada do guru a Krsna, e nós não
podemos oferecer comida a Krsna sem primeiro adorar o guru. Então, ao
oferecer bhoga nós primeiramente adoramos ao guru, tomando sua
permissão para adorar a Krsna. Então nós adoramos Krsna e oferecemos
sua prasada ao guru. Se nós adoramos nesta consciência, os métodos
ascendente e descendentes de adoração são harmonizados.
"Desde que uma pessoa não seja saciada por atividade fruitiva e não tenha
despertado fé em ouvir e cantar sobre Mim, é preciso que ela aja de acordo
com os princípios regulativos das injunções védicas (varnasrama dharma).
"
FIM DO ARTIGO
31. PELA FORÇA DO AFETO
Em razão de Deus ser auto satisfeito, Ele não direciona às entidades vivas
para satisfazer Seus desejos egoístas. Ele as dirige de acordo com as ações
anteriores dos seres vivos. Ele faz isso através do poder de Sua energia
ilusória (maya). Ao fazê-lo, ele não adquire pecado ou virtude, como os
seres vivos.
O mal do mundo é resultado do karma anadi (sem princípio). Ao mesmo
tempo, tudo está acontecendo pela graça de Deus (Sua sanção), que é
diferente de Sua própria lei do karma, o princípio da justiça. Se Ele não
fizesse isso, Ele seria culpado pelo caos. E porque Ele faz isso, há lugar
para a misericórdia, o que envolve ocasionalmente anular a justiça.
Se, devido à frustração resultante do prarabdha karma, uma pessoa matar
outra pessoa, este ato de matar não é o seu prarabdha karma. É uma ação
que trará o fruto do karma no futuro.
Quando nós experimentamos o sofrimento de uma criança sendo morta na
escola, este sofrimento e a morte da criança é nosso e seu prarabdha karma
respectivamente, entretanto, não está correto pensar que o assassino está
meramente agindo de acordo com seu prarabdha karma e portanto
ninguém é culpado. O assassino é responsável pela sua ação e ele irá obter
o resultado na forma do futuro karma. Isso é chamado agamini karma
phala, o resultado das ações praticadas na vida presente que no futuro irão
se frutificar.
FIM DO ARTIGO
32. CONTRADIÇÕES: REAIS OU APARENTES
FIM DO ARTIGO
33. GOVARDHAN LILA : “ASPIRAÇÕES CATIVANTES”
De certo modo, Krishna está nos dizendo que devemos focar nossa energia
onde ela fará o melhor bem. Não na periferia, mas no centro. A vida é
curta, o tempo é limitado, devemos aprender a fazer mais pelo nosso
interesse no menor tempo possível. Devemos resolver e verificar o que é
essencial. Esta é a própria idéia de bhakti, consciência de Krishna: dirigir
nossa natureza e tendência inata servindo naquele lugar onde nós
obteremos o maior benefício. Há um ponto no cérebro que quando
pressionado todo o corpo fica paralisado. Então é assim: Pressionando este
ponto, a consciência de Krishna, vamos paralisar, suspender nossa vida
material e obter acesso à vida real, vida espiritual.
A natureza de Krishna lila é tal que Seus devotos e Ele mesmo estão
envolvidos em um relacionamento íntimo que, pela necessidade de
intimidade, faz com que o Absoluto pareça finito. Para que o finito se
aproxime do infinito, o infinito assume uma aparência finita. Mas o fato é
que Ele é infinito e supremo ao extremo. Assim, Krishna diz: "Deixe de
lado todo esse arranjo para adorar a Indra, vamos adorar Govardhan, a
colina que sustenta nossas vacas e, portanto, nós". Este é o significado do
Govardhan puja.
Em tudo isso, é claro, as gopis não são deixadas de fora. No Govardhan lila
elas tiveram a chance de ver Krishna em campo aberto. Elas tiveram a
chance de tocar Krishna quando elas estavam circumambulando a colina e
às vacas. E quando Krishna queria se aproximar de uma gopi, ela torcia o
rabo de um bezerro e empurrava o bezerro na direção daquela gopi e então
ele teria que ir buscar o bezerro e, nesse esforço, Krishna os puxava contra
Ele e elas conseguiam tocá-Lo e suas vidas se tornavam um sucesso.
FIM DO ARTIGO
34. SAKTYAVESA E NITYA-SIDDHA
Significado de Saktyavesa
Seus exemplos do segundo tipo envolvem almas jiva (individuais) que são
empoderados por Deus para um propósito particular.
Os principais poderes são sete:
(1) Empoderamento para o serviço pessoal de Deus (sva-sevana-sakti);
(2) Empoderamento para suportar o mundo (bhu-dharana-sakti);
(3) Empoderamento para criar (srsti-sakti);
(4) Catuhsana, ou os Kumaras, especificamente empoderadados para
distribuir conhecimento transcendental (jñana-sakti);
(5) Empoderamento para distribuir (bhakti-sakti);
(6) Empoderamento para governar e manter (palan-sakti);
(7) Empoderamento para lidar com o demoníaco (dusta-damana-sakti).
Sannyasi e Babaji
Prabhupada, Nitya-siddha
Por exemplo Narada Muni, em sua vida anterior, ele era filho de uma
servente (empregada), mas pela misericórdia dos devotos, mais tarde, ele se
tornou um siddha e na sua vida seguinte ele apareceu como Narada com
completa liberdade para mover-se em qualquer lugar pela graça do Senhor.
Então, embora ele fosse o filho de uma empregada em sua vida anterior, ele
não teve um impedimento na realização de sua vida espiritual perfeita. Da
mesma forma, qualquer entidade viva condicionada pode alcançar o estágio
ideal da vida pelos processos mencionados acima e o exemplo vívido é
Narada Muni.
Srila Prabhupada Siddha deha
Numa carta de Srila Prabhupada, ele dizia: "As orações oferecidas por
Visvanatha Chakravarti a seu mestre espiritual têm um significado especial.
Seu mestre espiritual foi uma das gopis assistentes, então a oração foi
oferecida assim “nikunjayuno rati keli siddhai”. No geral, o mestre
espiritual, é um agente de Krishna. Ele é assistente das gopis ou assistente
dos vaqueirinhos.
FIM DO ARTIGO
35. TOMANDO REFÚGIO EM UM MESTRE ESPIRITUAL FIDEDIGNO
Sem cultivar a humildade e cantar o santo nome nada mais levará a pessoa
para a plataforma espiritual, e somente com isso poderá atingir a meta da
vida. É claro que é para ser entendido que esta prática deve ser recebida de
um guru fidedigno, e que é remotamente possível que mesmo sem cantar,
por sua misericórdia, a pessoa possa atingir a perfeição.
Sastra-yukti
Também é importante notar que nem toda declaração escritural que nos
adverte sobre o uso do intelecto da pessoa na prática espiritual refere-se
apenas ao kevala-yukti. Estudar a escritura para captar seu espírito é um
exercício importante que exige a aplicação da inteligência em um esforço
para fortalecer a fé e a prática de alguém. No entanto, a compreensão
intelectual da teoria das escrituras não é sinônimo de realização espiritual, e
somente quando alguém tem uma realização espiritual pode-se dizer que o
conhecimento da escritura é seu. Por exemplo, o conceito escritural de que
não somos nossos corpos é bastante abstrato no início. Por um estudo
cuidadoso, podemos realmente entender o que a escritura está dizendo a
esse respeito. Entretanto, mesmo depois de apreender intelectualmente o
ponto, não se necessariamente "possui" esse conhecimento, a menos que
esse entendimento seja colocado em prática. Colocá-lo em prática constitui
a medida completa da inteligência. Este é um ato que é inteligente, mas
transcende à inteligência ao mesmo tempo. Assim, a escritura
frequentemente nos adverte que também não somos nosso intelecto, e que a
mera compreensão teórica da escritura, que em si é difícil de captar, não é
sinonimo de realização espiritual.
FIM DO ARTIGO
36. A DIETA DE KRISHNA É BHAKTI
Ekadasi
A Escritura diz que Krishna gosta de produtos lácteos. Ainda assim, não é
preciso beber leite ou oferecer leite a Krsna para ser um devoto. O
Bhagavad-gita diz, patram puspam phalam toyam, que se alguém oferecer
a Krsna com devoção uma folha, flor, água ou fruta, então Ele aceitará isto.
O ingrediente principal mencionado neste verso é a devoção, bhaktya
prayacchati. É o bhakti na oferenda que satisfaz Krsna. Portanto, se alguém
se abstém de oferecer leite a Krsna devido a objeções de consciência sobre
métodos desumanos de produção leiteira, não há mal algum.
Por outro lado, não acredito que todos os devotos devam ser obrigados a
boicotar o leite em oposição à agricultura industrial; ao contrário, eles
deveriam seguir sua consciência a esse respeito. No entanto, sinto que,
sempre que possível, os devotos devem evitar comprar leite de empresas
que maltratam as vacas, mesmo que o leite de empresas mais humanas seja
mais custoso. Afortunados são aqueles que podem alterar os seus estilos de
vida para terem a mesma situação. Caso contrário, não é necessariamente
preciso oferecer e consumir leite para praticar o serviço devocional. Uma
pessoa pode ser vegetariana e ainda ser uma devota de Krsna, mas deve
aspirar a ser um bhakta em primeiro lugar. E ser vegano, vegetariano,
frutívoro em segundo plano. Um bhakta é uma pessoa que valoriza a
devoção acima de tudo.
Eu não me lembro de ler que Krsna não aceita chocolates ou tofu. Posso
assegurar que Ele come isso. Como eu posso dizer isso? Por que a escritura
diz que ele aceita comida vegetariana que é oferecido a Ele com amor.
Claro, uma pessoa pode argumentar que há mais bhakti em oferecer a Ele
coisas que a pessoa sabe que Ele gostará de comer, coisas mencionadas nos
sastras. Enquanto isso pode ser de ajuda ao bhajana em certo sentido, nós
temos o exemplo do mais misericordioso Sanatana Goswami, que ofereceu
pão sem fermento e sal para sua deidade Madana-Mohana, por que isso era
tudo que ele podia fazer com os ingredientes que dispunha. Madana-
Mohana, claro, questionou sobre o sal em determinado momento. Mas
mesmo sem sal ela saboreava às oferendas de Sanatana Prabhu, pois elas
tinham sido feitas com amor. Ainda é possível obter esse pão sem sal no
bhajana kutir de Sanatana Goswami no templo de Madana Mohana em
Vrindavana, onde os devotos têm oferecido isso a deidade de Krsna por
pelo menos 500 anos. A lição é que se nós oferecemos amorosamente uma
comida a Krsna que tem sido feita com os ingredientes disponíveis, Krsna
irá comer.
Em alguns lugares como o templo do Senhor Jagannatha em Puri,
alimentos que não cresciam na Índia quando Sri Krsna estava presente não
são oferecidos, incluindo pimentas verdes. Contudo, Pujyapada Sridhara
Maharaj comentou que essa ideia era mais ou menos uma concepção física.
Existem muitos vegetais frescos disponíveis na Índia que originalmente
vêm de outras partes do mundo. Isso inclui berinjela, tomates e batatas,
todos os quais vêm das Américas. Nós vemos que Krsna adaptou Seus
hábitos alimentares à muitas culturas que existem na Índia. No sul ele
raramente recebe chapattis; o arroz no Norte é raro. Em Punjab, a Ele é
ofertado milho rotis. Jagannatha significa "Senhor do Universo", não
apenas "Senhor da Índia". Portanto, por que Jagannatha não adaptaria Seus
hábitos alimentares à outras culturas? Afinal de contas, bhakti é o que Ele
realmente come.
Muitos anos atrás, quando eu visitei pela primeira vez a Itália, os devotos
de lá serviram maravilhosamente incríveis pratos de massa. Comentei que
as oferendas deles eram deliciosas, mas eles responderam que só ofereciam
esses pratos aos visitantes porque haviam aprendido a oferecer apenas a
culinária indiana à Deidade de Krishna. Sugeri que reconsiderassem, pois
duvido que sua versão da culinária indiana fosse tão palatável quanto sua
massa.
Havia uma carta em que Srila Prabhupada escreveu que os devotos não
deveriam comer chocolate porque era um intoxicante. No entanto, em uma
carta escrita mais tarde por sua secretária, que lhe perguntou se o chocolate
poderia ser oferecido à Divindade, a resposta foi: "Sim, se não for
intoxicante". Assim, o debate continua entre os discípulos de Srila
Prabhupada sobre comer chocolate. Uma vez em São Francisco, Srila
Prabhupada notou que uma de suas discípulas casadas estava comendo uma
barra de chocolate no bar, o qual ela então tentou esconder. Prabhupada
perguntou: "Você não vai me oferecer nenhum pedaço?", ela sorriu e
ofereceu a ele comeu um pedaço. Depois espalhou-se a notícia de que os
devotos podiam comer chocolate, mas depois que os devotos se tornaram
abusivos, comendo em excesso, Srila Prabhupada disse a eles para não
comê-lo. A principal preocupação com o chocolate são as suas
propriedades intoxicantes, mas para ser afetado por isso, teria que comer
bastante. Outros itens, como açúcar, ghee, certas especiarias e mel também
são substâncias potencialmente intoxicantes e viciantes. Entre estes, o mel
tem a complicação adicional de ser feito por abelhas que usam seu longo
tubo como línguas para sugar o néctar de flores que eles armazenam em
seus especiais "estômagos de mel". As abelhas reunidas retornam à colméia
e passam o néctar para às abelhas operárias que então mastigam o néctar
até que ele se torne mel. Mas, apesar do fato de passar pelas bocas e
estômagos das abelhas e ter qualidades intoxicantes, o mel é oferecido
regularmente a Krishna nos templos Vaisnavas. Até mesmo o Bhagavatam
diz que Balarama bebe 'Varuni', uma bebida intoxicante que às vezes se diz
ser feita de mel.
FIM DO ARTIGO
37. SENDO CASTO A SRILA PRABHUPADA
Mayavadis e Brahmavadis
Srila Prabhupada se refere nessa citação àqueles que voltam para Deus
passo por passo (krama-vikrama). Na literatura Gaudiya, o melhor exemplo
desse tipo de caminho é o de Gopa-kumara, no Brhad-bhagavatamrita, de
Sanatana Goswami. Sri Gopa-kumara alcançou Vaikuntha, mas continuou
subindo até o seu destino último, no Krisnha Vraja-lila. Isso não significa
que ele tenha mudado de rasa, mas que a sua própria rasa não foi
completamente desenvolvida em Vaikuntha, então, ele continuou em busca
de seu destino espiritual final.
Sukadeva Goswami disse a Maharaja Pariksit que Prahlada tem rati pelo
filho de Vasudeva (Krishna), vasudeve bhagavati yasya naisargiki ratih,
além disso, krisna-graha-grhitatma, “ele está completamente absorto em
pensamentos a respeito de Krishna, o qual afetou sua consciência como
uma influência astrológica”. Sukadeva diz ainda, govinda-parirambhitah:
“Ele foi abraçado por Govinda (Ele foi abraçado por Govinda e, portanto,
era alheio às funções normais da vida).
Isso também é mencionado no Srimad-Bhagavatam (1.12.19), que Maharaj
Pariksit deveria “ser paciente como Bali Maharaja e um firme devoto de
Krishna como Prahlada”, dhrtya bali-samah krsne prahrada iva sad-
grahah. Finalmente, a lila de Prahlada-Nararimha é descrita como uma
narração a respeito de Krsna, esa brahmanya-devasya krsnasya ca
mahatmanah. Por isso, é óbvio que a devoção que Prahlada segue é a
devoção por Krishna.
FIM DO ARTIGO
41. DESPERTANDO LILA NO CORAÇÃO
Nós não podemos entrar no Krsna lila com nossos sapatos, sapatos com os
quais estamos arrastando tanta sujeira e poeira de nossa jornada material.
Eles devem ser deixados de lado. "Sem sapatos", esta é a ideia. Descalço
significa andar sem qualquer ansiedade.
Mãe Yasoda, é claro, está um pouco ansiosa quanto a Krsna quando Ele
anda descalço. Mas Krsna responde: 'Você não precisa se preocupar.
Vrindavan é um lugar tão legal. Há lindos cervos espanando as trilhas,
tornando-os suaves e arenosos como as praias. As vacas andam à frente e
quebram o chão e amolecem para Eu andar em cima. E as árvores se
curvam e varrem as trilhas, deixando tudo muito macio". Em Vrindavana,
todo o ambiente se eleva para servir Krishna em todos os sentidos. Mãe
Yasoda está preocupada com Seus pés ternos e as jovens gopis também
estão preocupadas. Mas Krishna assegura-lhes que não há motivo para
preocupação. Ainda assim eles continuaram preocupados. A natureza de
Vrindavan-dham, a morada do Senhor, é tal que facilita o serviço de
Krishna em todos os sentidos.
FIM DO ARTIGO
42. O JOGO DA VIOLÊNCIA
FIM DOARTIGO
43. A GRANDE CIRCUNFERÊNCIA
Vallabha e madhurya
No pusthi marga de Vallabha, madhurya rasa também é cultivada por
alguns devotos. De acordo com os Gaudiya Vaisnavas, o próprio Vallabha
recebeu iniciação de Gadadhara Pandita em busca dessa melosidade. Isso é
mencionado no Caitanya Caritamrita.
Nos foi dito por Srila Bhakti Pramode Puri Goswami Maharaja que seu
Guru Maharaja, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, era muito
rigoroso ao ler ou escutar até mesmo os passatempos infantis de Krsna, o
que falar de ler ou escutar os passatempos amorosos do Senhor com as
gopis. Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, como um método de
prática, nunca recomendou tal coisa. Portanto, descobrimos que os
discípulos de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura nunca se entregaram
a tais assuntos no curso de suas atividades de pregação. Tópicos mais
elevados sempre foram reservados para os devotos mais qualificados do
Senhor. Os passatempos de Radha Krsna nunca foram levados ao público
ou aos ouvidos dos devotos neófitos. Na verdade, não há diferença entre
cantar puramente Hare Krsna e os passatempos de Radha Krsna, salvo e
exceto que o canto do santo nome é a posição mais segura. Portanto, é
aconselhável que se ouça o santo nome de Krishna. Srila B.P. Puri
Goswami Maharaja também gostava de dizer: "Tome um abrigo completo
do santo nome de Krsna e haverá menos comoção e mais promoção".
Apenas considere. Se, enquanto ainda estiver sujeito ao desejo sexual,
alguém tentar ouvir os passatempos de Radha e Krsna, mas falhar em
controlar a mente e nesse ponto permitir que algum pensamento prejudicial
entre, então uma grande ofensa será cometida. Nós ouvimos de Srila B.R.
Sridhara Deva Goswami Maharaja que quando tal ofensa é cometida contra
a lila do Supremo Senhor, os guardiões daquele plano tomarão nota e o
infrator poderá ser impedido de entrar ali para sempre. Certamente isso
deve ser levado muito a sério. Para nos salvar de um fim tão infeliz e
desafortunado, o processo recomendado para alcançar a purificação é
Krsna-Kirtan (cantar o santo nome) e não smaranam (o processo de
lembrança de lilas). O Srimad Bhagavatam, Srila Jiva Goswami,
Krishnadasa Kaviraja Goswami, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura,
nosso Prabhupada e muitos outros sadhus deram ênfase ao kirtan como o
processo mais efetivo para esta era.
kaler dosa-nidhe rajann asti eko mahan gunah
kirtanad eva krsnasya mukta-sangah param vrajet
"A era de Kali, o repositório de todos os males, tem apenas uma
característica gloriosa: Nesta época, aqueles que simplesmente cantam o
santo nome de Krishna são liberados e alcançam o Senhor Supremo".
(Bhagavatam12.3.51)
nama-sankirtanam yasya, sarva-papa-pranasanam
pranamo duhka-samanas, tam namami harim param
"O santo nome de Krishna pode nos aliviar de todas atividades
indesejáveis, todas as características imundas e todas as misérias. Vamos
todos nos curvar a Ele." (Bhagavatam 12.13.23)
bhajanera madhye srestha nava-vidha bhakti
krsna-prema. 'krsna' dite dhare maha-sakti
tara madhye sarva-srestha nama-sankirttana
niraparadhe nama laile paya prema-dhana
"De todas as formas de serviço divino, nove formas são superiores, que
com grande potência conferem aos devotos amor por Krishna e sua relação
pessoal com Ele; e das nove, o melhor é nama-sankirtan, o canto
congregacional do santo nome. Ao tomar o santo nome sem ofensas, o
tesouro do amor pelo Senhor é alcançado ". (CC. Antya 4.70,71)
Então, uma coisa a dizer é: “Eu não sou este corpo” e outra é dizer: “Este
corpo pertence ao Guru e Krishna”. O primeiro é o Vedanta - o segundo é
bhakti. Nós bhakti-vedantinos não somos livres para fazer com nossos
corpos o que nós queremos, ou como o mundo secular dita, porque a
tradição enfatiza o respeito do sadhaka-deha, e isso é considerável. Este
respeito não é apenas para aqueles que aperfeiçoaram seu sadhaka-deha,
mas para todos os devotos e, finalmente, para bhakti. Vemos o corpo como
um templo sagrado de Deus, uma visão trazida à vida pelo praticante sério
e apoiada por uma riqueza de filosofia. Assim, a ideia de dissecar e
desmembrar um corpo que tem sido completamente dedicado ao serviço de
Krishna a fim de doar seus órgãos pode ser um tanto inquietante para a
maioria dos devotos, e com razão. No entanto, se um Vaisnava por
compaixão pelas pessoas em geral opta por doar seus órgãos, seria difícil
argumentar contra tal ato de misericórdia. Por compaixão, Vasudeva, o
uttama bhagavata, que era leproso, permitiu que os vermes se
alimentassem de seu corpo, e se eles caíam, ele os pegava e os colocava de
volta. Quem pode argumentar com isso?
FIM DO ARTIGO
47. SADHANA/SADHYA, O CAMINHO E O OBJETIVO
Patanjali, um vaisnava?
Jñana-marga
No Bhagavad-gita 4.36, Sri Krishna está falando da natureza purificadora
do jñana e assim propõe um cenário impossível para enfatizar Seu poder:
Jñana não se manifesta em um coração pecaminoso, mas se de alguma
forma o fizesse, purificaria esse coração. Ele não está falando de bhakti
neste verso, mas sim o resultado do niskama karma yoga, o yoga da ação
altruísta. No entanto, a discussão do poder purificador do conhecimento no
Bhagavad-gita 4.36 é transportado para 4.37, onde, de acordo com Srila
Prabhupada, o conhecimento em discussão é sinônimo de bhakti. Sua
interpretação deste versículo lembra como Baladeva Vidyabhusana
equivale mais ou menos conhecimento com bhakti em seu comentário
sobre o Vedanta-sutra.
Este é um verso muito significativo, o vastus-nirdesa sloka do Srimad-
Bhagavatam (dharmah projjhita-kaitavo 'tra paramo nirmatsaranam satam
SB 1.1.2). É o verso que descreve basicamente o que o Bhagavatam é. Ele
começa exatamente onde o Bhagavad-gita acaba. Na conclusão do Gita, Sri
Krishna diz "sarva dharman parityajya": “Desista de toda preocupação
com o dharma.” Isso é paralelo ao verso do Bhagavatam sob discussão,
dharmah projjhita-kaitavo 'tra. Neste verso, "kaitava dharma" refere-se a
todas as expressões do dharma não destinadas a prema (amor de Deus).
Isso inclui todo o karma-marga destinado a mera vida religiosa e aquisição
material, bem como o jñana-marga destinado à libertação.
Sridhara Swami, o antigo comentarista do Bhagavatam que era tão querido
por Caitanya Mahaprabhu, escreveu que a palavra "projjhita"
("completamente rejeitando") neste verso inclui dentro de seu escopo não
apenas a renúncia ao dharma mas também à moksa (liberação). Assim,
deve ficar claro, a partir deste verso do Bhagavatam, que a conclusão do
Gita que segue na sequência não é meramente a defesa de transcender ao
dharma em busca da libertação. Assim como o Bhagavatam, o Gita nos
chama para o ideal de prema dharma.
O vastus-nirdesa sloka do Bhagavatam aparece três vezes no Caitanya-
caritamrta de Sri Krishnadasa Kaviraja Goswami. No primeiro capítulo do
Adi-lila em seu próprio namaskara sloka, ele o cita no contexto da
glorificação de Gaura-Nityananda, vandë sri krishna caitanya nityanandau
sahoditau. Lá ele diz:
“Krishna e Balarama, as Personalidades de Deus, que anteriormente
apareceram em Vrindavana e foram milhões de vezes mais resplandecentes
do que o sol e a lua, surgiram no horizonte oriental de Gaudadesa (Bengala
Ocidental), sendo compassivos pelo estado decaído do mundo. A aparição
de Sri Krishna Caitanya e Prabhu Nityananda sobrecarregou o mundo com
felicidade. À medida que o sol e a lua afugentam a escuridão por sua
aparência e revelam a natureza de tudo, esses dois irmãos dissipam a
escuridão da ignorância que cobre os seres vivos e os ilumina com o
conhecimento da Verdade Absoluta. A escuridão da ignorância é chamada
de kaitava, o caminho da trapaça, que começa com a religiosidade, o
desenvolvimento econômico, a gratificação dos sentidos e a liberação”.
Seguindo estas palavras Krishnadasa Kaviraja Goswami cita todo o vastus-
nirdesa sloka do Bhagavatam. Nesta seção do Caitanya-caritamrta, Srila
Prabhupada traduz assim:
“A grande escritura Srimad-Bhagavatam, compilada por Maha-muni
Vyasadeva a partir de quatro versos originais, descreve os devotos mais
elevados e bondosos e rejeita completamente os modos de traição da
religiosidade materialmente motivada. Propõe o princípio mais elevado da
religião eterna, que pode efetivamente atenuar as triplas misérias de um ser
vivo e conceder a mais alta bênção de plena prosperidade e conhecimento.
Aqueles dispostos a ouvir a mensagem desta escritura em uma atitude
submissa de serviço, podem imediatamente capturar o Senhor Supremo em
seus corações. Portanto, não há necessidade de nenhuma escritura além do
Srimad-Bhagavatam ”.
Para colocar isso em um contexto cristão para iluminação adicional, o
Bhagavatam é realmente o Novo Testamento da Escritura Védica. Tudo o
que veio antes dela, que enfatiza os quatro objetivos da vida, a saber, a
religiosidade, o desenvolvimento econômico, a gratificação dos sentidos e a
liberação, é superado por sua mensagem de amor. O amor de Deus —
prema dharma — cumpre todas as leis e ensinamentos dos Vedas.
Gaura e Nityananda trouxeram o significado do Bhagavatam. Eles nos
deram o “livro Bhagavatam”, revelando todas as suas implicações, e nos
deram a “pessoa Bhagavatam” através do guru-parampara que personifica
sua mensagem. Sri Kaviraja Goswami diz:
dui bhai hrdayera ksali ’andhakara
dui bhagavata-sange karana saksatkara
“Esses dois irmãos (Gaura-Nityananda) dissipam a escuridão do núcleo
interno do coração, e assim Eles ajudam a encontrar os dois tipos de
bhagavatas.”
Eles também demonstram pessoalmente a eficácia da principal promoção
no Bhagavatam do nama sankirtana.
tattva-vastu-krishna, krishna-bhakti, prema-rupa
nama-sankirtana-saba ananda-svarupa
“A Verdade Absoluta é Sri Krishna, e a devoção amorosa a Krishna exibida
em puro amor é alcançada através do canto congregacional do santo nome,
que é a essência de toda bem-aventurança.”
Uma das coisas que decorre naturalmente da lógica que vê o Gita
introduzindo o Bhagavatam — o ensinamento de Krishna introduzindo os
passatempos de Krishna — é que a rendição (saranagati), a nota sobre a
qual o Gita termina, é a chave para entrar no mundo do Bhagavatam.
Saranagati é o que traz sravanam (ouvir sobre Krishna), kirtanam (cantar
sobre Krishna) e smaranam (lembrar de Krishna) para a vida. Saranagati é
o espírito da determinação de fazer progresso espiritual em devoção
exclusiva a Sri Krishna. Isto é o que o Bhagavatam está falando na primeira
linha de seu vastu-nirdesa sloka, o segundo dos três versos introdutórios.
Aqui na Audarya cantamos saranagati com essas palavras todas as
manhãs:
satya kori magi ami sukomala prana, tava priti bine prabhu na cahibo ana
“Oh, quando posso dizer com sinceridade, com um coração terno e
purificado, que não quero outra coisa senão Mahaprabhu?"
FIM DO ARTIGO
50. SRILA PRABHUPADA,SAKTIAVESA E SAKHYA-RASA
Por B. R. Sridhara Deva Goswami
Quando ele estava indo para a América, na jornada ele expressou seu
sentimento de brincar com Krishna em sakhya-rasa: "Correndo e brincando
nas muitas florestas de Vraja, eu vou rolar no chão em êxtase espiritual.
Quando esse dia será meu?" Essa foi a sua oração para os pés de lótus de
Krishna.
Quando ele estava atravessando o Atlântico, ele deu vazão a sentimentos
que poderiam ser os pontos salientes em sua Vraja Lila. Isso me pareceu
assim: Vrindavana sakhya-rasa.
Quando ele partiu para sua consciência de pregador mundial, então ele
estava lá. Está claramente expresso nestas palavras lá no Atlântico. Ele
descobriu os passatempos imanifestos (aprakrita) em Vrindavana, e em
Vrndavana, ele estabeleceu Krishna-Balarama e Gaura-Nitai. Isso é
indicativo de sakhya-rasa. A partir disso, podemos concluir que ele está em
sakhya-rasa e entrou nesses passatempos. Este é o meu entendimento sobre
a sua posição atual. Ele se expressou, sua posição eterna, o apogeu de sua
aspiração. Em Vrindavana ele tem estabelecido Balarama e Krishna e
Nitai-Gaura, e ele está dizendo assim, Nitai-Gaura são Krishna e Balarama.
Está muito claro que ele vem desse grupo. E agora ele está lá novamente.
Hare Krishna.
Ele expressou sua própria posição no lila eterno em seu poema. Eu
conjecturo assim. Hare Krishna! Em seu diário, em bengali, ele escreveu:
"Hoje eu cozinhei algumas bati-caccari. Estava delicioso. Então, eu comi
um pouco. Hoje expressei meus sentimentos internos ao meu amigo e
escrevi um poema sobre isso."
E esse amigo veio ao seu auxílio. Ele foi tão sincero em sua oração a
Krishna que ele poderia ser capaz de cumprir o dever que foi dado a ele
pelo seu Guru Mahārāja que Krishna pudesse descer para ajudá-lo, seu
amigo o ajudou neste trabalho de propaganda. Por isso, saktyavesa-
avatara.
Endereçando a Krishna ele escreveu: "Você é Meu eterno amigo.
Esquecendo-se de Você, eu vim a este mundo e eu tenho sofrido sendo
chutado por Maya, a deusa da concepção equivocada. Se você quiser se
juntar a mim nesta campanha, então eu poderei me juntar a você
novamente. Quando eu estarei com você novamente? Vou vagar com você
o dia inteiro mantendo as vacas na floresta. Correndo de um lado para o
outro na selva, na floresta. E então, lutaputi, para cair no chão, realizando
diferentes espetáculos de brincadeira. Aspiro isso depois desse dia. Eu
tenho essa boa oportunidade de servir ao meu Gurudeva. Por essa razão,
meu apelo de coração para você é que, por favor, venha me ajudar. Eu sou
o Seu eterno servo; sendo assim, tanta aspiração eu tenho por Você. Você,
não outro, Você é meu único recurso."
Assim, depois de realizar este serviço, ele aspira uma vida como
vaqueirinho na lila de Krishna, e ele está apreciando muito esse tipo de
serviço amistoso de Krishna do fundo de seu coração. Esta é sua aspiração
depois de terminar sua campanha de pregação mundana.
Entendo que Nityananda Prabhu deu algum reconhecimento especial à
seção da comunidade suvarna-vanik da qual Swami Maharaja veio. Ele tem
uma graça especial para aquela seção em particular e a pregação sobre
Gauranga, e isso é mencionado nas escrituras. O suvarna-vanik é a seção
mais favorita de Nityananda Prabhu. Isso é mencionado no sastra,
Caitanya-bhagavata. Eu penso que Nityananda Prabhu também é
responsável pela pregação sobre a glória de Mahaprabhu. Então eu entendi
que Nityananda Prabhu deve ter despertado alguma dedicação especial nele
em seus últimos dias o qual o ajudou a inundar com uma magnitude tão
inconcebível, o mundo inteiro.
FIM DO ARTIGO
51.GAURA KRISHNA E KRISHNA MANTRA
Humildade
No segundo verso de seu Siksastakam, Sri Caitanya fala com lamentação,
assim como com humildade, uthila visada, dainya. Tomando a posição de
um sadhaka, Mahaprabhu está lamentando sua infeliz condição, que faz o
Seu coração transbordar de dainya, humildade. Um sadhaka deve se sentir
assim, pois a humildade sincera atrai a graça e a simpatia de Sri Krishna
Nama, que por sua vez termina de uma vez por todas a dolorosa
permanência temporárea do samsara. Portanto Sri Krishnadasa Kaviraja
Goswami comenta que embora Mahaprabhu expresse lamentação no
segundo verso de Siksastakam, toda a tristeza é silenciada ao ouvir o
significado do verso - yahara artha suni 'saba yaya duhkha-soka.
Independente de quão caído alguém possa estar, sinceramente
reconhecendo sua condição e subseqüentemente sentindo humildade, atrai
simpatia e, assim, poder se elevar acima do condicionamento material além
do que está dentro de si mesmo. Sriman Mahaprabhu, o grande mestre, nos
ensina esta lição aqui. A nossa condição desafortunada (durdaivam),
quando sinceramente reconhecida e compreendida, gera uma humildade
natural que atrai a simpatia de Krishna nama e, portanto, uma solução para
o dilema colocado na segunda estrofe de Siksastakam. A humildade e o
desejo de superar os anarthas (maus hábitos) não fazem com que todos os
anarthas desapareçam imediatamente. Mas por atraírem a simpatia de
Krishna nama, ele permanece com tais sadhakas apesar de seu histórico de
ofensas, e assim eles são gradualmente purificados por Sua graça enquanto
seu nama bhajana se torna firme.
Níveis de fé
Existem diferentes níveis de fé. A fé esclarecida pela compreensão das
escrituras é identificada nos devotos intermediários, ao passo que a fé não
esclarecida em base as escrituras é identificada nos neófitos. Mas está tudo
bem, é necessário talvez ser um devoto neófito (temos que começar em
algum lugar), mas não é benéfico para um neófito criticar ou minimizar
uma compreensão ou expressão de fé mais desenvolvida. Antes, um neófito
deve tentar desenvolver uma fé firme, porque essa fé leva à devoção fixa,
que é a única maneira de alcançar Krishna.
De acordo com Bhaktivinoda Thakura, a ideia é progredir além da komala
sraddha (fé tenra ou fraca), juntando a cabeça e o coração através do sadhu
sanga e do estudo das escrituras. A fé é fortalecida, não enfraquecida, pelo
estudo do sastra, nasta prayesu abhadresu nityam bhagavata sevaya. Os
bhakti-sastras com os comentários dos nossos acaryas são expressões de
sua fé, e é através desses sastras que nossos acaryas compartilham sua fé
com o mundo. Tire proveito de sua misericórdia estudando o sastra na
associação de devotos avançados. Dessa maneira, sua fé certamente
crescerá.
A vida da Deidade
Pujyapada Srila Sridhara Deva Goswami Maharaja disse que a vontade do
Vaisnava é o coração do assunto em questão. Isso significa que a essência
do prana-pratistha, ou qualquer outra cerimônia ou ritual, é a bênção e
sanção do acarya. Sem sua bênção e sanção, o ritual é sem vida. Assim
como cantar o santo nome sem a bênção do Vaisnava não dará prema, da
mesma forma seva puja/arcana sem a bênção do acarya não trará prema.
Existem, é claro, divindades auto-manifestas como as lilas de Saligrama e
Govardhana, mas, para adorá-las efetivamente, é preciso também ter a
bênção de um Vaisnava.
A bênção do Vaisnava é o elemento essencial de qualquer serviço ou ritual.
Aceitar um guru
Nós devemos mostrar nosso amor por Sri Caitanyadeva seguindo
cuidadosamente Seus preceitos. Com relação a aceitar ou não um guru, o
próprio Caitanya Mahaprabhu aceitou vários gurus (diksa-guru, sannyasa-
guru, raga marga-guru). Ao fazê-lo, Ele procura nos instruir sobre a
importância desse princípio para todos os tempos, e especialmente em Kali-
yuga, durante a qual Ele apareceu.
Acredito que existe um potencial maior de se enganar do que de ser
enganado. Certamente se pode encontrar alguém que ama Mahaprabhu
mais do que nós. Devemos seguir o exemplo de um desses devotos e
encontrar nosso guru, que o próprio Sri Chaitanya enviou para recolher
nossa fé.
Falsa renúncia
Em relação aos esforços que uma pessoa possa fazer para se situar
materialmente de modo a poder assegurar uma prática contínua, ela deve
ver esses esforços como uma aplicação dinâmica do princípio de daiva
varnasrama. Daiva varnasrama refere-se à importância de situar os
devotos em consideração à sua composição psicológica e fisiológica, de tal
modo que eles possam gradualmente pisar no paramahamsa marga de
suddha bhakti, eliminando o perigo da renúncia artificial. Tal phalgu
vairagya (falsa renúncia) envolve não apenas deixar a família
artificialmente, mas mais do que isso, estar fora de contato com a realidade
da sua identidade material. Sendo assim, a pessoa ignora ou nega muito que
é preciso trabalhar para obter a liberdade do reino karmico e desenvolver o
amor de Deus. A falsa renúncia não significa simplesmente aceitar
artificialmente uma postura formal renunciada. Envolve um verdadeiro mal
entendimento de sua posição atual em bhakti e evitar a difícil tarefa de
lidar com as responsabilidades e deficiências materiais através dos meios
apropriados, mesmo quando esses meios parecem estar fora do reino de
bhakti propriamente dito.
Um bom sadhana
Com relação ao sadhana, o conselho geral é que se deve dedicar mais
tempo ao canto, mas a qualidade é mais importante que a quantidade.
Quanto ao estudo, uma coisa é ler um livro e outro estudar um livro. Uma
sugestão é que se passe pelo Sri Caitanya-caritamrta e leia os versos
bengalis, familiarizando-se com a narrativa. E sempre que Sri Krishnadasa
Kaviraja cita um verso sânscrito pramana para apoiar seus pontos, observar
esses versículos e procurá-los no Bhagavatam, etc., tornando-se
familiarizado não apenas com seu significado, mas com o contexto em que
eles aparecem. Este será um exercício útil. Em geral, este método deve ser
seguido quando se estuda: Procurar os versos citados no texto ou
comentário e, desse modo, mover-se de texto para texto. Aos poucos, se
entenderá a natureza fundamental dos textos e viverá dentro desse cenário.
Nomes de iniciação
Para os hindus, a data e hora do dia em que uma criança nasce sugere uma
sílaba adequada com a qual o nome de um filho deve começar. Esta é uma
consideração astrológica. Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta geralmente
escolheu um nome para a iniciação espiritual que começava com a mesma
sílaba que o nome de nascimento. Ele mesmo era um astrólogo, e parece ter
sentido que a primeira sílaba astrologicamente apropriada para o nome de
uma criança tivesse algum valor religioso. A maioria de seus seguidores
seguiu seu sistema de escolha de um nome para iniciação que começa com
a mesma sílaba que o nome de nascimento, mesmo quando o nome de
nascimento não foi escolhido em consideração ao insight astrológico. No
entanto, este sistema para escolher um nome de iniciação não é aquele que
deve ser seguido em todas as circunstâncias. De fato, podemos encontrar
muitas exceções mesmo dentro da missão de Srila Bhaktisiddhanta
Saraswati Thakura. Outro sistema envolve a escolha de um nome que seja
apropriado para Gaura-lila. Claro que ambos os sistemas podem ser
combinados também.
Krishna lila não pode ser conhecido por meio de pesquisa empírica. Não
dependa disso para servir, e somente servindo uma pessoa saberá o que é
Krishna lila. Os passatempos de Krishna estão além dos limites da mente e
da inteligência (adhoksaja/aprakrta). A evidência empírica está sempre
faltando em termos de validação da divindade. Pujapada Sridhara Deva
Goswami fala sobre isso assim: “É impensável, desconhecido,
incognoscível. É uma coisa tão inconcebível; é adhoksaja. Nunca pode ser
capturado pela nossa força mental ou inteligência. Sua existência
transcende nossa especulação mental e considerações lógicas. Mas ainda
existe. Isso é lila, incidentes eternos, eventos que se repetem de um modo
particular, como um drama. Um drama é repetido muitas vezes na morada
eterna. Por vontade de Krishna, algum vislumbre vem para o atual mundo
material como uma exposição, para atrair as pessoas desta era. ”(Siga os
Anjos)
O Srimad Bhagavatam procura descrever o significado teológico e
filosófico da aparição de Krishna no mundo. Embora o Bhagavata não seja
fictício, ele não documenta a história como nós documentamos hoje.
Vyasadeva se esforçou para capturar a essência dos eventos,
particularmente seu significado espiritual. Além disso, ao mesmo tempo em
que o Krishna lila ocorreu no mundo, é simultaneamente transcendental a
ele. É conduzido sob a influência da svarupa-sakti de Bhagavan, não de sua
maya-sakti. Assim, embora o Srimad Bhagavatam não seja exatamente uma
evidência empírica para a existência de Krishna e Suas lilas neste mundo,
talvez seja a melhor evidência que temos.
No entanto, há também evidências convencionais de que os gregos foram
influenciados por Krishna bhakti e que eles reconheceram Krishna como
um ser divino que apareceu na Terra em Mathura, ao longo das margens do
rio Yamuna. Isso pode ser encontrado em Indika, de Megasthen, um livro
do século IV aC, citado extensivamente pelos antigos escritores gregos
clássicos. Evidência arqueológica adiantada fala mais adiante do
embaixador grego Heliodoro sendo convertido a Krishna bhakti no
primeiro século aC. A inscrição na coluna de Heliodoro, que atesta a sua
conversão, refere-se a Krishna como o "Deus dos deuses" e é, portanto,
uma referência inicial ao insight Gaudiya de que Krishna é a fonte de todos
os avataras. Assim, é claro que a religião Bhagavata centrada em torno da
aparência histórica de Krishna estava prosperando muito antes do século IV
aC.
Os Gaudiya Vaisnavas também têm o exemplo histórico comparativamente
recente de Sri Caitanya. Sua divindade é atestada por um número de
escritores contemporâneos, que em seus relatos biográficos defendem Sua
divindade e identificação com Krishna referindo-se à literatura sagrada e
citando relatos de testemunhas oculares de seus feitos miraculosos. Assim,
eles estabeleceram com razão, evidência escritural e testemunho pessoal
que Krishna e Sri Caitanya são Uma e A mesma pessoa aparecendo em
momentos diferentes para basicamente o mesmo propósito. Além disso, o
próprio Sri Caitanya nos ensina que Krishna é uma figura histórica deste
mundo. Ele nos ensina que Krishna também não é diferente de Seu nome, e
cantando Seu nome, Sri Caitanya derreteu em êxtase em uma extensão que
não foi vista neste mundo antes ou depois.
Portanto, quando Sri Caitanya diz que Krishna aparece neste mundo,
aceitamos Seu testemunho sobre fé, fé bem fundamentada que é baseada na
evidência da divindade de Sri Caitanya. Nós não entendemos a fé divina
como a ausência da razão, mas sim uma conclusão bem fundamentada que,
entre outras coisas, reconhece os limites da razão e a evidência empírica em
termos de sua capacidade de lançar luz sobre a realidade última.
Pede-se evidências de Krishna. Como mencionado, é o Bhagavatam que
nos fornece o registro primário de Krishna lila. A evidência de apoio, o
testemunho dos santos Vaisnavas, é um registro contínuo que atinge seu
apogeu na vida de Sri Caitanya Mahaprabhu. Ele foi para Vrindavana e
através de Seu olhar de amor projetou Seu coração, Seu bhava no plano
terrestre, onde viu os passatempos de Krishna ocorrendo eternamente. Por
sua vez, Seus devotos honram o olhar carregado de amor de Sri Caitanya.
O que Ele viu, o que Seus poderosos seguidores Sri Rupa, Sanatana e
outros viram acontecer em Vrindavana, nós honramos; e eles descreveram
Krishna lila como um evento histórico transcendental.
No geral, eu recomendaria que alguém seja fiel à experiência de Sri
Caitanya e à Sua teologia defendida pelos Goswamis. No entanto, como o
assunto é transcendental, há espaço para entendimentos diferenciados em
relação ao avanço espiritual de cada um, na medida em que estimulam a
devoção. O ponto importante a ser lembrado é que a mente materialmente
condicionada não pode forçar sua entrada em Krishna lila, mas através de
bhakti a mente do praticante se purifica, e então e somente então Krishna
lila se revelará ao devoto. Quando a lila se revela, a experiência, sem
dúvida, transcende todas as suas concepções anteriores.
FIM DO ARTIGO
60. DAIVA VARNASRAMA
O devoto madhyama
Madhyama, ou intermediários, são devotos caracterizados por apropriada
discriminação. Isso quer dizer, entre outras coisas, que a inteligência deles
está absorta no cultivo da consciência de Krishna. A discriminação é a
função do intelecto. Para regularmente e profundamente se estudar o
Srimad Bhagavatam (nityam bhagavata sevaya) se requer total aplicação
do intelecto de uma pessoa, e isso resulta em divorciar o intelecto de sua
relação prejudicial com os sentidos, os quais tornam os indivíduos servos
deles. Isso (esse "divórcio") permite que alguém se torne estável na prática.
O suicídio
O suicídio não é a resposta adequada aos problemas da vida. É verdade que
o renunciante Chota Haridasa cometeu suicídio depois de saber que
Mahaprabhu considerava sua conduta inadequada. Também é verdade que
Bhaktivinoda Thakur sugeriu que esse exemplo ilustrava um meio aceitável
de arrependimento para os renunciantes caídos. No entanto, Bhaktivinoda
Thakur fez esse comentário há mais de um século, e o suicídio de Chota
Haridasa ocorreu na Índia há mais de cinco séculos. Naquela cultura
passada, as normas sociais eram muito diferentes do que são hoje. De fato,
as regras para os monges naqueles tempos eram tão numerosas e rigorosas
que nenhuma ordem moderna seria capaz de abranger todas elas.
Portanto, ao discutir a questão do suicídio pelos renunciantes caídos, Srila
Prabhupada confirmou a santidade do suicídio de Chota Haridasa, assim
como o Caitanya-caritamrta, mas o proibiu estritamente para seus próprios
discípulos.
Quanto aos devotos fora da ordem renunciada, eles devem aceitar a dor de
suas circunstâncias com tolerância, cujo fruto é a liberação. Quanto ao seu
serviço, isso não depende de um corpo saudável. Pode-se servir bem ou
melhor com a mente.
Eutanásia e suicídio
Eu não disse que eu condeno a eutanásia em todos os aspectos, mas sim
que eu não acho que a resposta para essa questão complexa seja preto e
branco. Como mencionei, a eutanásia (do grego) significa uma “boa
morte”. O que é uma boa morte? As Escrituras dizem que, apesar das
circunstâncias, se no momento da morte alguém se lembra de Deus, então a
vida e a morte são bem-sucedidas, ante narayana smrti. Assim, novamente,
existem formas de suicídio que, pelo menos na antiguidade, eram aceitáveis
e até louváveis para muitos hindus. Entre estes estão o jejum até a morte e
o controverso rito Sati, como evidenciado pela existência de mais de 300
templos históricos de Sati na Índia.
Basicamente, o hinduísmo tem duas visões morais distintas sobre o tema da
eutanásia. A primeira visão é que, ao ajudar a pôr fim a uma vida dolorosa
e, além disso, ao fazê-lo dentro do contexto da criação de circunstâncias
auspiciosas e espirituais, está-se realizando uma boa ação e, assim,
cumprindo obrigações morais.
A segunda visão é que, ao ajudar a acabar com a vida de uma pessoa que
sofre, está perturbando o tempo do ciclo de morte e renascimento. Nesta
visão, os envolvidos na eutanásia assumirão o karma restante do paciente.
Este segundo argumento sugere que manter uma pessoa viva em uma
máquina de suporte à vida também seria indesejável. Outra consideração é
que nossa vida material é em grande parte determinística, pois embora
sejamos unidades de consciência que são em certo sentido distantes das
determinações /leis da natureza, somos condicionados pela natureza devido
à nossa identificação com ela. Assim, não está claro que alguém que realiza
a eutanásia a pedido de outro ou de outra forma - em situações em que a
pessoa que está morrendo está inconsciente - está fazendo algo mais do que
agindo como um agente do destino e não sendo assim culpado por interferir
na determinação karmica da duração de vida da pessoa que está morrendo.
A ideia de que o karma da pessoa que está morrendo é transferida para o
agente da eutanásia também é suspeita, pois o karma está preocupado com
a intenção. É a intenção que determina mais do que qualquer outra coisa a
natureza da ação de alguém e, portanto, a reação karmica da pessoa.
O hinduísmo também faz distinções importantes em relação ao que pode
ser chamado de forma pré-moderna de eutanásia. Se alguém comete
suicídio por razões egoístas, continuará na roda do nascimento e da morte
(samsara). As pessoas que ajudam essas mortes também estão mais
implicadas no samsara. No entanto, se um indivíduo procura a morte de
forma consciente e voluntária por razões espirituais, um resultado diferente
se inicia. Assim, existem formas de suicídio espiritual.
Na tradição de Gaudiya, encontramos tanto Raghunatha dasa Goswami
quanto Sanatana Goswami desejando formas de suicídio espiritual em
algum ponto de suas vidas. Embora Caitanya Mahaprabhu tenha alertado
Santana Goswami de que o suicídio não seria favorável à sua busca de
prema, ele nem sempre se opôs ao suicídio. De fato, no caso de seu colega
Chota Haridasa, ele aprovou seu suicídio como meio de superar uma ofensa
(aparadha) para à libertação e ao amor. Assim, alguns sadhus sustentam
que a doutrina hindu permite o encurtamento da vida quando ofensas
impedem a disciplina espiritual em busca de moksa. As Leis de Manu
também permitem prayopavesha (jejum até a morte). Assim, diz-se que se
você comprometer seu corpo a uma dissolução lenta e voluntária para fins
espirituais, você se libertará da tristeza e do medo e alcançará a liberação.
Percebo que tais suicídios não são inteiramente análogos às formas
modernas de eutanásia, em que a morte é provocada pela mão de outra
pessoa, com ou sem o consentimento da pessoa que está morrendo. No
entanto, no caso em que a escolha é se deve ou não puxar o plugue em uma
máquina de suporte de vida (que é indiscutivelmente uma forma de
adulteração artificial com a duração de vida de uma pessoa) e
consentimento são dados por parte de uma pessoa interessada em
emancipação espiritual, vejo pouca diferença nessas formas pré-modernas
de suicídio espiritual. Em contraste, administrar um medicamento para
induzir a morte parece-me condenável.
Mais uma vez, eu não sou um defensor da eutanásia per se, mas ao
contrário sinto que os dilemas morais dessa natureza exigem um
pensamento sutil e uma compreensão essencial das escrituras, que devem
ser aplicadas levando-se em consideração as circunstâncias únicas que
surgem no mundo de hoje. Finalmente, como impliquei em minha
discussão original sobre a eutanásia, minha perspectiva é a de um
vedantista e não de um moralista, ambos os quais têm validade dentro do
hinduísmo e que podem diferir por razões importantes.
FIM DO ARTIGO
63. IGUALDADE, VARNASRAMA E TRANSCENDÊNCIA
Os avataras de Vishnu
Os avataras de Vishnu mencionados (Karanodakasayi, Garbhodakasayi e
Ksirodakasayi) são referidos coletivamente no Srimad Bhagavatam (1.3.1)
como a encarnação Purusa. Eles são expansões de Narayana, que é uma
manifestação de Sri Krishna. Isto é confirmado no Srimad-Bhagavatam
(10.14.14), onde Narayana é descrito como um angam, ou porção plenária
de Sri Krishna. Além disso, o Bhagavatam nos diz que os avataras de
Vishnu são incontáveis (asankhya). O Siddhartha-samhita descreve vinte e
quatro formas de Vishnu /Narayana, que são distinguidas pela colocação
particular de sua concha, taco, disco e flor de lótus em Suas quatro mãos.
Detalhes sobre isso podem ser encontrados na Adi-lila do Caitanya-
caritamrta, onde as encarnações de Purusa são referidas pelo nome (Cc.
1.2.49). Nisso, Sri Caitanya instrui Sanatana Goswami, entre outras coisas,
sobre as várias formas de Vishnu. Veja também Laghu-bhagavatamrta de
Sri Rupa.
Entretanto, o ponto significativo que nossos Gaudiya acaryas procuram
fazer ao mencionar todas essas expansões e encarnações é que Krishna é
svayam Bhagavan, a fonte de todas as formas da divindade - ete camsa
kalah pumsah Krishnas tu bhagavan svayam. Devemos sair dessas
descrições com esse entendimento, se tivermos estudado bem as escrituras.
Nossa tarefa, então, é focar nossa atenção em Krishna, de tal modo que
vemos todas as outras manifestações de Deus à luz do amor que cultivamos
por Ele. Isso também inclui como respeitamos os devas ou semideuses.
Não conheço nenhuma referência escritural para isso, mas a ideia tem
mérito. Rasa lila requer um porteiro, mas nem todo mundo pode pegar este
posto. Deve ser tomado por uma gopi e por uma gopi especial. O desejo de
Shiva de saborear gopi-bhava é frequentemente descrito como a origem de
sua forma como Gopisvara, e é nessa forma que ele guarda a rasa-lila
como guardião do portão. O Bhagavata explica que Radha-Krishna é a
origem do adi rasa do amor romântico e que o mundo flui deste adi rasa,
onde o singular se torna plural. Então, se olharmos para a origem do mundo
a partir dessa perspectiva, onde Siva se encaixa? Shakti está à esquerda do
shaktiman; esta é a posição de Radha. À direita, encontramos o alter ego de
Krishna como Balarama; dele vem Sankarsana, MahaVishnu, e com Seu
olhar o mundo é animado. A aparência desse olhar é Sambhu, Siva. Então,
Shiva está conectado ao lado direito de Krishna, e Radha à esquerda. Mas
isso é o melhor que posso fazer para apoiar essa ideia. Mais uma vez, eu
não conheço nenhuma escritura que fale diretamente sobre Siva
manifestando-se do lado direito de Krishna no alvorecer da criação, mas eu
não ficaria surpreso em encontrar tal afirmação.
"Sri Radha viu Gauranga em Seu sonho uma vez: Uma figura dançante e
dourada, em uma terra não-diferente de Sua próprio Vrindavan. Sua dança
e canto fizeram o universo inteiro chorar. Quando Ela acordou, Ela se
perguntou: 'Quem é essa figura dançante?"
Kaviraj Goswami oferece seu respeito (vande) a Sri Krsna Caitanya. Sri
Krsna significa Radha Krsna, que apareceu como Caitanya. Ele é Krishna
Caitanya, ou consciente de Krsna. Este nome foi dado a Ele por Kesava
Bharati Maharaja, e assim Mahaprabhu começou Sua lila de pregação. A
palavra 'Caitanya' significa consciência. Mahaprabhu está sempre
consciente de Krishna. 'Caitanya' também significa "alma". Mahaprabhu é a
alma de Krsna, Srimati Radharani, e assim Ele é consciente de Krishna
como só Ela pode ser. Krsnadasa Kaviraja Goswami quer falar todas essas
coisas. Ele quer que nós saibamos deste verso que Caitanya Mahaprabhu é
Sri Sri Radha e Krsna combinados.
Sri Radha viu Gauranga em Seu sonho uma vez, uma figura dançantes
dourada em um terra não-diferente de Sua própria Vrindavan. Sua dança e
canto fizeram o universo inteiro chorar. Quando Ela acordou, Ela se
perguntou quem seria essa figura dançante. Ele era Krsna, ou Ele era Ela
mesma em outra forma? Quando Krishna chegou e ouviu Ela falar sobre
isso, Ele apenas riu. No entanto, o kastauba mani (a jóia) que Ele usa
sobre o coração representando todas as jivas, de repente brilhou
vigorosamente revelando à Radha a razão pela qual Krsna havia apenas
rido. Ela entendeu a alegria das jivas resultante de pensar nessa figura
dourada, que era Ela e Krsna em uma mesma figura. Ela disse Krsna,
'Você, Gopala, é essa figura', tat tvam asi ', e, nessa figura, 'Eu também Sou
Você, Gopal' 'aham gopalo'. Esta é a verdade dos Upanisads.
Para enfatizar ainda mais este ponto e deixar claro qual é o mais alto
alcance desta bênção de Gaura Nityananda , Kaviraja Goswami diz 'tamo-
nudau.' Gaura Nityananda tira a escuridão da ignorância. O que é essa
ignorância? Kaviraja Goswami diz 'ajnana-tamera nama kahiye kaitava. É
conhecida como 'kaitava' e aparece em quatro formas, 'dharma artha kama
moksa vancha adi sab'. Os desejos de piedade, desenvolvimento
econômico, indulgência sensorial e a liberação de tudo isso é kaitava,
trapaça. O desejo por estes quatro objetivos da vida são a escuridão (tamo)
da ignorância, especialmente o desejo para moksa, que ignora a natureza
inata de um servo de Deus.
Servir estes dois é a porta para bhakti rasa (dui bhagavata dvara diya
bhakti rasa). A natureza deste bhakti rasa é que tendo removido toda
ignorância do coração, Krsna se aprisiona dentro dele.
FIM DO ARTIGO
68. Hari Bhakti Vilas
Austeridade em Chaturmasya
Srila Rupa Goswami não menciona a observância de Chaturmasya como
sendo um membro (anga) de bhakti. No entanto, Rupa Goswami cita
evidências do Padma Purana apoiando a observância de Urja-vrata durante
o mês de Damodara/kartika. Este é o último dos quatro meses de
Chaturmasya e tal observância é uma anga de bhakti.
Além do Bhakti-rasamrita-sindhu, a observância da Chaturmasya vrata é
defendida no Hari-bhakti-vilasa em relação a Visnu-bhakti, e Prabhupada
Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura seguiu estritamente isso. No entanto,
em um quadro mais amplo, descobrimos que a estrita observância de
Chaturmasya por parte de Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura não foi
seguida na mesma medida por seus discípulos mais proeminentes que
tiveram contato direto com o mundo ocidental. Assim, sua relatividade é
trazida à luz. De fato, o próprio Prabhupada Bhaktisiddhanta Saraswati
Thakura só observou Chaturmasya estritamente por quatro ou cinco anos
antes de iniciar sua missão, e foi aconselhado por Bhaktivinoda Thakur
para renunciar tal estrita observância, que conforme Krishna diz no Srimad
Bhagavatam, não tem o poder de atraí-Lo da forma como sadhu sanga faz
(SB 11.12.1-2). Embora alguns dos discípulos de Srila Prabhupada
Bhaktisiddhanta continuassem a seguir os rígidos votos de Chaturmasya
dentro da missão, ele instruiu seus discípulos que os alimentos que
crescessem produzidos dentro dos mosteiros da missão poderiam ser
oferecidos à Divindade e honrados pelos devotos durante Chaturmasya
apesar do fato de que tais alimentos fossem supostamente proibidos para
Chaturmasya.
O verdadeiro propósito por trás dessa observância é promover o espírito de
doação de si mesmo. Pujyapada Sridhara Deva Goswami comenta sobre a
observância de Chaturmasya e de votos semelhantes, assim: “Somente para
efetivar a doação de si todos esses conselhos foram concebidos de maneiras
diferentes, adequadas a diferentes ambientes. Mas a substância para todas
essas observações é o samarpanam (dedicação total do eu). Assim como o
ghee é derramado no fogo, coloque-se no fogo e gradualmente entregue-se
às mãos do sadhu ”.
Assim, devemos tentar abraçar a essência da observância de Chaturmasya e
votos semelhantes. A penitência e a austeridade têm pouco valor em si
mesmas. Dar o coração é a doação real. Também deve ser notado que a
observância de festivais para Hari (outra anga de bhakti) deve levar em
consideração os recursos de uma pessoa. Assim, pode ser razoável
considerar que a observância dos votos de Chaturmasya com relação aos
detalhes deve ser feita de acordo com os recursos da pessoa, e os recursos
da pessoa são amplamente determinados pelo ambiente da pessoa.
Como mencionado acima, a observância do Urja-vrata relacionada ao mês
de Karttika foi diferenciada dos votos de Chaturmasya como uma anga de
bhakti. Visvanatha Cakravarti Thakura coloca-a no mesmo nível que a
observância de Ekadasi, identificando-a como algo que tanto promove
direta como indiretamente raga bhakti. Sobre sua observância, Sri Jiva
Gosvami escreve o seguinte, comentando sobre um verso do Padma
Purana:
“O mês é carinhoso assim como Damodara é carinhoso. Assim, um
pequeno serviço para Damodara se multiplica se for realizado durante esse
mês. Uru-karaka significa uma pessoa (neste caso, o mês) que aceita algo
muito pequeno e o torna grande, como uma pessoa que se sente
extremamente endividada e realiza grandes ações por outra pessoa. Da
mesma forma, seu mês, chamado mês de Karttika, dá grande benefício.
Leva o que é escasso e torna significativo. Svalpam uru-karakah significa
"O mês de Damodara é um futuro doador de resultados enormes para um
pouco de serviço."
Assim, eu aconselharia a observância do Karttika vrata e eu não enfatizaria
a estrita observância de Chaturmasya fora da Índia. Novamente, mesmo
dentro da Índia, tal observância, embora recomendada, não é uma anga de
bhakti, ao passo que a observância de Karttika é.
FIM DE ARTIGO
69. OUVIR E CANTAR SOBRE KRISHNA
A comunhão sexual
A união com o parceiro casado, mesmo quando realizada sem procriação
em mente, é melhor do que o simples ato sexual sem o compromisso
encontrado em relacionamentos conjugais. No entanto, a procriação
envolve um compromisso ainda mais profundo. De uma perspectiva
espiritual, todo o propósito de vida de casado é para que os indivíduos
aprendam a se sacrificar uns pelos outros e isso, em última análise, em
consideração à vontade de Deus. A relação será espiritualmente progressiva
na medida em que o sacrifício envolverá não apenas colocar o próprio
desejo egoísta de lado abraçando o desejo de outro, mas centrando o
sacrifício na vontade de Deus.
Reencarnação
Uma pessoa voltará, mas não com mesmo corpo. Ela continuará a tomar
nascimento em diferentes corpos até que esteja livre da influência do
karma, o qual é a reação da natureza para aqueles que escolhem interagir
com ela. O desejo faz o mundo girar, yayedam dharyate jagat (Bg. 7.5)
Raja Yoga
O termo raja yoga não aparece no Bhagavad-gita. No entanto, o rei (raja)
da yoga é claramente descrito no Gita como bhakti yoga. Ela é enfatizada
na escada da yoga que constitui os primeiros seis capítulos do Gita. Os seis
capítulos intermediários apresentam mais detalhes sobre o natureza de
bhakti yoga, e nesta seção (capítulo nove) a conclusão do Gita é dada.
Krsna diz claramente a Arjuna para se tornar Seu devoto, e esta conclusão é
reiterada no final do Gita no capítulo dezoito.
As opulências de Krishna
Krishna e Krishna nama são Um e O mesmo, bhinnatvan nama-
naminoh,nama-naminoh abheda. Assim, se toda opulência é encontrada em
Krishna, também é encontrada em Seu nome. Além disso, o Srimad-
Bhagavatam afirma as virtudes de Hari katha assim:
tava kathamrtam tapta-jivanam kavibhir iditam kalmasapaham
sravana-mangalam srimad-atatam bhuvi grnanti ye bhurida janah (Bhag.
10.31.9)
Neste verso todas as seis opulências principais de Deus, a saber,
conhecimento, desapego, força, fama, beleza e riqueza, são representados
no que diz respeito a discussão sobre Krishna, que inclui cantar Seu nome.
Neste verso as gopis rezam a Krsna: "A canção sobre Você é como o néctar
da imortalidade (kathamrtam) que dá vida àqueles que estão sofrendo no
mundo do nascimento e da morte (tapta-jivanam). Portanto, possui
opulências de conhecimento e desapego. Poetas (kavibhiriditam) que
sabem o valor e o significado das palavras e seu arranjo elogiam tais
canções. Os próprios compositores ficam surpresos com a beleza e eficácia
daquelas músicas sobre Você, que são originais e não de origem humana.
Ótimos pensadores e oradores oferecem homenagem ao Seu louvor que
aparece a partir do lábios de Seus devotos, tendo sido infundido dentro do
coração deles por Você mesmo. O subproduto de seu louvor é a soma e
substância de conhecimento e desapego (jñana vairagya). "
"A canção sobre você destrói os efeitos do pecado (kalmasapaham). É
portanto virtuoso e heróico, a própria essência do dharma ou justiça, que é
força real (viryasya). Aqueles que ouvem isso se tornam afortunados
(sravana-mangalam) e fama (yasasah) os acompanham onde quer que eles
vão. Assim, suas vidas se tornam espirituais e auspiciosas, pois esse boa
fortuna e fama não são comuns. Isto é assim porque cantando essa música
uma pessoa atrai a atenção de Sri, consorte do Senhor que abençoa tais
devotos. Assim, a canção é cheia de beleza, riqueza e poder espiritual
(srimad). Além disso, essa música se espalha por todo o mundo (Atatam),
mas nunca diminui, e é assim a maior riqueza e poder (aisvaryasya). Assim
como Você está cheio de opulências, então é música sobre Você. Aqueles
que o anunciam em toda a terra não são meros mortais. Eles são os maiores
benfeitores da sociedade humana. Eles O representam em todos os aspectos
".
FIM DO ARTIGO
70. JAYA RUPA! JAYO RADHE!
A culpa de Deus
Essa é uma questão com a qual todas as tradições espirituais têm que lidar
(Por que Deus deixa coisas más acontecerem). Na minha opinião, nenhuma
das respostas oferecidas pelas várias tradições satisfaz plenamente o
intelecto. Portanto, aqui, no início, pode valer a pena perguntar se a
satisfação intelectual é ou não necessária. Certamente é, até certo ponto,
mas podemos esperar que o intelecto entenda tudo? O Bhagavad-gita diz
que, embora o intelecto seja maior que a mente e os sentidos, é em todos os
aspectos inferior à alma. Assim, a alma e Deus – a alma Suprema – só
podem ser conhecidos por revelação.
A tradição hindu ensina que Deus não é responsável pelo mal no mundo,
nem é responsável pelo sofrimento dos habitantes deste mundo (jivas). A
situação das jivas é o resultado de suas próprias ações, ou karma. O karma
é a manifestação do princípio da justiça, que Deus honra para que ele não
seja culpado de caprichos. No entanto, a misericórdia está acima da justiça,
portanto, Deus pode mostrar misericórdia e anular a justiça às vezes, mas
em geral o princípio da justiça karmica governa o mundo material.
Pode-se argumentar que no início da criação não havia jivas e, portanto,
não havia karma. Portanto, quando as jivas se manifestaram, Deus deve tê-
las feito desiguais, pois, se fossem iguais, não haveria razão para acreditar
que seus atos teriam sido diferentes, resultando em karma diferente. Neste
argumento, Deus é acusado de ser desigual e, portanto, injusto, uma
posição que contradiz as declarações do Gita e outras escrituras que
proclamam a neutralidade de Deus em relação à felicidade e aflição neste
mundo. Em resposta, os sutras dizem que esse argumento é inválido porque
não há começo para a criação. A criação é um ciclo sem começo, assim
como o karma. Pode-se pensar nisso como se faz a pergunta desconcertante
sobre qual vem primeiro, a semente ou a árvore.
Outra maneira de entender isso é em termos da filosofia de acintya-
bhedabheda de Sri Caitanya Mahaprabhu, que ensina que Deus e suas
energias (sakti) são simultaneamente uma e diferentes. Se Deus fosse um
em todos os aspectos com as jivas, que estão entre os suas saktis, Ele seria
responsável por suas ações. No entanto, de acordo com Mahaprabhu, Deus
não é um em todos os aspectos com as jivas – não absolutamente –,
porque Deus é eternamente um e diferente de sua sakti. Na teoria em que
Deus e as jivas são um só, Deus ainda não poderia ser culpado pelos
sofrimentos do mundo, porque, para começar, não há ninguém para culpar
a Deus, visto que, nessa visão, somente Deus existe.
Virtude
Virtude é a influência do que o Bhagavad-gita se refere como sattva guna,
ou o modo de bondade. Fisicamente falando, sattva guna é a capacidade da
matéria de ser inteligível, a capacidade inerente de uma manifestação
material de se tornar conhecida. Psiquicamente falando, sattva guna é
clareza e pureza de pensamento, pensamento que compreende o valor da
virtude. Atos virtuosos derivam da influência de sattva. A virtude é melhor
porque leva à clareza de pensamento que revela a futilidade da “honra
celestial” e da “riqueza terrestre”. A busca deve ser retirada e, em vez
disso, deve-se buscar a vida eterna e altruísta no amor a Deus.
Há algo a ser dito sobre o valor do novo insight obtido da rendição ao seu
Guru. Este é o coração do guru parampara. O guru fala por todo o tempo.
Mas, ao mesmo tempo, a relevância de suas palavras também é
determinada em grande parte pelo tempo e pelas circunstâncias em que ele
as fala. Novos tempos e novas circunstâncias exigem novas palavras, novos
livros e novas edições de livros anteriores. Se a nova edição soa melhor do
que a anterior, é em grande parte porque a mesma verdade da edição
anterior está sendo dada novamente em consideração ao tempo e às
circunstâncias atuais. Ao escrever tal livro, não há como superar o nosso
guru. Envolve reapresentá-lo em novas circunstâncias.
A verdadeira questão é se o discípulo realmente entendeu ou não os
ensinamentos de seu guru. Nós nunca podemos superar nosso guru, mas
nosso guru também não quer nos reprimir. Ele quer nos libertar. Ele quer
que demos tudo o que podemos a serviço de Krishna. Ele quer que sejamos
gurus, não discípulos.
Em nome de não superar o guru de alguém, Prabhupada deveria ter parado
de abrir mais de 64 templos? Ele deveria ter escrito menos livros?
Narottama Das Thakura não deveria ter feito mais de um discípulo, porque
seu guru fez apenas um? Visvanatha Cakravarti não deveria ter escrito um
comentário sobre Ujjvala-nilamani porque Jiva Goswami já havia feito
isso? Ele estava errado em explicar mais sobre parakiya do que Sri Jiva
naquele comentário? Deveria ter ficado preso à apresentação de svakiya de
Jiva Goswami e deveria não ter tentado transmitir a realidade do tattva?
Caso contrário, para fim de registro, eu saí do fundo do poço, e é mais
profundo do que eu pensava que era. Eu não vou subir. Há vida abaixo da
superfície.
Mente e coração como sinônimos
O coração é refletido na mente. Citta é por vezes considerado o aspecto da
mente que corresponde ao coração. Citta é, no entanto, consciência
contaminada. O coração também pode ser análogo à própria alma, que, por
uma questão de conceituação, está situada no coração. Quando meditamos,
exercitamos a alma, não a mente. Cantar é um exercício do coração ou
alma, no qual a mente está quieta.
FIM DO ARTIGO
76. INTERJEIÇÕES NAS ESCRITURAS
Ninguém pode servir a Sri Krishna sem servir a Sri Guru. Todo serviço a
Bhagavan é precedido pela glorificação de Sri Guru. Se o serviço a Krishna
é o corpo de bhakti, então o serviço a Sri Guru são os membros. Ou
também é possível conceber o serviço ao Sri Guru como serviço ao corpo
de bhakti e serviço a Sri Krishna como seu membro. Isso é guru bhakti.
Dos dois, o último, guru bhakti, é indiscutivelmente mais agradável a Sri
Krishna.
Bhaktas e saktas
Nossa Gaudiya sampradaya é formalmente a linhagem de bhaktas, não de
saktas. No entanto, em um sentido mais elevado, nossa linhagem é para
sakta por que nós veneramos a suprema sakti na forma de Sri Radha e
consideramos Ela como a corporificação do amor mais elevado. Um amor
tão puro, tão supremo, que Sri Krishna é conquistado por Ela. Nós
consideramos Shiva Sakti como sendo expressões de Radha e Krishna que
têm se expandido Deles para o propósito de manifestar este mundo. A
maioria das pessoas adoram Siva para atingir a liberação e Sakti para ter
ganhos materiais. Também adoram à Sakti querendo a liberação.
Aqui trata-se de outra ideia; adora-se a Radha e Krishna com ênfase em Sri
Radha apenas pelo propósito de amá-Los e tudo o que Eles representam,
sem nenhum tipo de preocupação por ganho material ou liberação do
nascimento e da morte. Esse é o caminho da devoção pura — a devoção
para seu próprio objetivo. Sri Radha não apenas é a corporificação da mais
elevada devoção, mas pelo Seu exemplo Ela nos ensina isso também.
Quando se fala de amor, Ela é o guru de Krishna.
Se nós somos atraídos para a sakti de Deus, nós deveríamos tentar aprender
mais a respeito da relação entre Radha e Krishna e a noção da supremacia
sutil da sakti na forma de Sri Radha.
Verso 30 e 31
"Ainda que uma pessoa tenha um muito mal comportamento, mas que Me
adora com uma devoção indivisa, ele deve ser considerado uma pessoa
santa, devido a sua resolução apropriada. Rapidamente ele se torna virtuoso
e alcança a paz duradoura. Ó filho de Kunti, declare isto ousadamente,
que Meu devoto jamais se perde e perece”.
'Api cet' pode ser entendido como “ainda que" implicando que o verso 30
fala apenas em um caso hipotético no qual um devoto realiza algo que para
um annaya bhakta não é possível. Indesviáveis (annanya) devotos
(bhakta), os devotos desse calibre não se desviam. Se semelhantes devotos
exibem esse 'impossível' mal comportamento pode ser um arranjo de
Krishna para seu próprio propósito. Krishna pode fazer que um devoto que
é quase perfeito caia. Depois do qual, o mesmo devoto se levanta usando a
humildade suficiente para alcançar o estágio perfeito da devoção.
No Advaita Vedanta não se pode dizer que a jiva liberada não tem
autoridade sobre a criação enquanto que Brahman tem, a menos que se
esteja falando a respeito de jivanmukta como contrária a uma pessoa que
tenha alcançado videha mukti. A jivanmukta permanece neste mundo até o
momento que seu prarabdha karma termina. Sua posição não é a mesma
daquele que alcançou videha mukti. Videha mukti é a realização final, está
além do estágio corporificado de jivanmukta. No videha mukti o prarabdha
karma do jñani finaliza, assim sendo, seu corpo também.
De acordo com o Advaita Vedanta, o jñani é apenas uma 'jiva liberada' na
fase de jivanmukta. Em videha mukti ele não é nenhum tipo de jiva,
liberada ou não, pois a opção de mukti na Advaita Vedanta não permite
nenhuma jiva. O comentário atribuído a Sankaracarya só pode se referir à
jivanmukta e, portanto, sua posição não está de acordo com qualquer escola
do Vaisnavismo.
No Bhagavad-gita diz que a jiva é condicionada pelas gunas mas não está
dizendo que a jiva é Brahman a qual se torna saguna. A jiva é qualificada
como purusa enquanto o Brahman, não. O Brahman não está sob o
condicionamento da influência das gunas. Além de tudo, a jiva tem
também sido descrita como prakriti no verso 7.5: "prakriti vidhi me param
jiva bhuta...". A jiva é paraprakriti de Krsna, Sua shiva shakti.
No famoso texto do Upanisad se diz: "Sarvam kalav kaloh idam Brahman",
significa que todas as coisas são Brahman. É notável que "tudo" não
deveria ser interpretado dessa forma como na interpretação de
Sankaracarya a respeito deste aforismo. Em outras palavras, o mundo
existe, não é meramente mithya (falso), uma superimposição no Brahman.
É uma das shaktis de Deus e nesse sentido é também Brahman, como Sua
shakti é uma com ele mas é simultaneamente diferente. Nesse sentido o
mundo é também Brahman, saguna Brahman. Mas isso não diz nada a
respeito de Deus mesmo, ou avatara, sendo saguna Brahman nos termos
da interpretação de Sankara. Também não está falando da jiva como sendo
saguna em oposição a nirguna.
Deveria ser notado em tudo isso que Deus pode ser referido também como
saguna (aquele que tem qualidades), mas não no sentido que Ele tem
qualidades materiais constituídas de sattva, pois isto, em última análise,
não existe. O mesmo se aplica às jivas. Como pode a jiva ter qualidades
materiais? Ela pode estar cercada por qualidades materiais e ser
influenciada pelas gunas materiais mas ela mesma não pode ser constituída
por qualidades materiais.
"Visnu possui Sua potência interna superior assim como Sua potência
chamada de ksetra jñan shakti.”
Esse ksetra jña shakti também é potência espiritual, mas algumas vezes é
coberta pela terceira potência material chamada ignorância. Sendo assim,
devido a esses estágios de cobertura, o segundo, ou a potência marginal
(jiva shakti) é manifestado em fases evolucionárias diferentes.
Sankara nos diz que a realidade é consciência porque é aquilo que não se
pode negar, já que a própria negação requer consciência. Sankara postula
uma realidade puramente subjetiva, que nega o mundo objetivo, pois todas
as manifestações materiais podem ser negadas no sentido em que elas não
permanecem.
Então ele nega o mundo objetivo. Ramanuja, no entanto, insiste que a
consciência requer um objeto que é consciente de que tem algum
significado real. Isso também requer uma entidade consciente. Tudo o que
é revelado pela consciência ou dentro da consciência é real. Portanto,
Ramanuja reconhece que a realidade é uma unidade de consciência que
inclui o mundo e as almas (jivas), a qual ele considera atributos do
Brahman (a substância).
Enquanto Sri Jiva Goswami não nega essas explicações, ele aceita o que ele
considerou a melhor entre ambas, na sua busca por algo mais convincente a
respeito da essência da consciência. Ao perseguir sua própria investigação
dentro da natureza do ser, Sri Jiva Goswami se viu inspirado a descobrir
exatamente o que é a natureza fundamental da consciência. Podemos citar o
Svatesvatara Upanisad 6.8 para justificar ou clarificar este ponto: parasya
shaktIr vi daiva sruyate. Em uma palavra é “sakti”, e é sobre essa palavra
que a sua visão de mundo inteiro paira. A doutrina de Jiva Goswami de
acintya bedha bedha está baseada na ideia de que para que algo exista é
necessário que tenha poder. “O ser existe”, é uma tautologia que todos,
apesar de tudo, podem aceitar. O poder pelo qual o ser existe e se expressa
é uno com ele e diferente dele ao mesmo tempo.
A realidade é estática e dinâmica ao mesmo tempo (igual e diferente). É
estática no sentido de que ainda é. Não tem um propósito para realizar, não
tem necessidade, então, não precisa se mover. No entanto, é ao mesmo
tempo dinâmica, então se move. É dinâmica no sentido de que se expressa
em sua plenitude. Não se expressa em busca da satisfação, mas na
celebração da sua plenitude. Assim, seu dinamismo é um fato necessário da
sua natureza estática.
Na visão de Sri Jiva Goswami, o Absoluto é unidade, uma unidade de
amor, que é quietude e movimento ao mesmo tempo. Na busca do amor
ninguém descansa até que o amor seja encontrado, mas, uma vez que se
encontra o amor, esse mesmo amor se define em um movimento próprio. O
absoluto se move e não se move, está perto e longe ao mesmo tempo, “tad
dure tad vantike” (Isopanisad 5). Isso é a consciência não dual e, na
realização de Sri Jiva Goswami, a consciência dessa consciência é o amor.
Existe sem propósito, na medida em que o amor não conhece razão. Não
existe razão para a rima no mundo. A realidade existe para o prazer de si
mesma, e é por alegria, por amor que Ele se torna muitos e o mundo
emerge: “lokavat tu lila kaivalyam”.
Por ser tratar de alegria (ananda), isso não apenas existe (sat), mas
também é cognitivo (cit) — sat, cit, ananda. Disso, a realidade das jivas e
do mundo segue. Eles constituem as potências intermediárias e secundárias
do absoluto, respectivamente.
Dessa maneira, na visão de Jiva Goswami, entender a satisfação positiva do
Brahman/consciência reside em conhecer Brahman como uma unidade de
amor entre si mesmo e Seu poder. Isso o que ele sente, nos diz mais sobre a
consciência, do que simplesmente afirmar que isto existe porque isso não
pode ser negado, ou que se deve incluir um objeto que seja consciente para
que ele tenha algum significado. Então, para Sri Jiva Goswami a ideia de
que o Brahman é uma unidade de amor entre ele mesmo e seu poder, que
causa a expressão dele mesmo na lila ou nos jogos divinos nos oferece uma
visão mais convincente sobre o porquê ele existe, assim como porque inclui
dentro de si o mundo e as jivas. Tudo o que existe deve fazer ou causar
algo. O Brahman existe por que é uma unidade de amor, em amor consigo
mesmo. Inclui o mundo e as jivas, pois eles constituem expressões deste
amor e os dois, Brahman e as jivas, porque constituem expressões deste
amos, e os dois, Brahman e seu poder pelo qual se expressa, são iguais e
diferentes simultaneamente, assim como uma pessoa e seu poder são ambos
iguais e diferentes ao mesmo tempo.
Se o poder do absoluto é diferente disso, isso comprometeria a não-
dualidade do absoluto. Se o poder não é diferente dele, que necessidade
existe em chamar alguma coisa semelhante como “poder” e, assim,
distingui-lo? Sri Jiva Goswami responde que porque é impossível de
conceber (acintya) o poder do absoluto como diferente dele. Nós
chamamos ao absoluto “um" (abedha) por que é igualmente impossível
conceber o poder do absoluto como idêntico a ele, o chamamos de
“diferente” (bedha). Brahman é seu poder e não é seu poder. Os dois são
então interpenetráveis e não inteiramente distintos, como são os atributos
de sua substância, apesar de sua inseparabilidade.
O Brahman não é nem absolutamente uno nem absolutamente diferente das
shakis. Se o Brahman fosse absolutamente um com as jivas e com o
mundo, suas faltas seriam as do Brahman. Se fosse totalmente diferente das
jivas e do mundo, isso constituiria dualismo, contradizendo o suporte das
escrituras da descrição da não dualidade do Brahman. A medida que Sri
Jiva Goswami explica com lógica e suporte escritural a identidade e a
diferença simultânea do Brahman com suas shaktis, ele ressalta que saber
que a identidade e a diferença coexistem no mesmo objeto não explica
como isso acontece. O argumento lógico impede essa presença simultânea
no mesmo objeto. A inconcebível relação entre bheda e abheda de
Brahman é evidente pela contradição que envolve.
Assim, o acintya do Gaudiya não é uma noção lógica que busca acabar
com uma lógica apoiada pela escritura. É primordial ter um ângulo
diferente de visão quando o assunto está relacionado à revelação do
absoluto.
No trabalho de Sri Jiva Goswami do Sat sandarbha, se releva a importância
do Srimad Bhagavatam na medida em que coloca em questão a necessidade
de muitos comentários do Brahma sutra que vieram depois deste Maha
purana. Citando o Garuda Purana, Jiva Goswami estabelece o Bhagavata
Purana como o mais perfeito comentário dos Brahma sutras – arthoyam
brahma sutranam – uma referência escrita pelo autor dos sutras.
Neste texto, central para a doutrina Gaudiya, e abraçada com mais calor
pelos Gaudiyas do que por outra linhagem, encontramos ampla evidência
da doutrina acintya bedha bedha. De fato, Vyasa mesmo nos diz no texto
de seu próprio samadhi de onde nasce o acintya bedha bedha e o Srimad
Bhagavatam. Realmente precisamos de alguém para nos dizer o que Vyasa
está dizendo em seus sutras, especialmente quando tal explicação ignora o
Srimad Bhagavatam por completo? Talvez não precisamos, ainda assim, os
Gaudiya Vaisnavas respeitam aqueles que oferecem suas próprias
explicações. No entanto, aqueles que afirmam representar tais acaryas, mas
desrespeitam o vedanta, não representam bem seus acaryas.
Os verdadeiros Gaudiyas não fazem parte dos séculos de luta entre as
diferentes seitas do Vaisnava Vedanta. De fato, nosso acarya Srila
Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur estabeleceu as murtis dos quatro
principais acaryas vaisnavas de Sri Dhama Mayapura. Além disso,
comparativamente falando, os verdadeiros Gaudiya Vaisnavas não fazem
um ataque tão severo de oposição ao Sankara acarya como fazem outros
vaisnavas.
Os Gaudiyas Vaisnavas mantém Ramanuja em uma alta posição. A escola
vaisnava tem produzido santos genuínos, isso é uma evidência completa da
validade espiritual de suas diferentes explicações de sua experiência.
Apesar do fato dos Gaudiya Vaisnavas sentirem que suas explicações são
melhores, isso não necessariamente é uma afronta a Sri Pada Ramanuja e a
comunidade de seus devotos. Vivemos em tempos religiosamente plurais.
FIM DO ARTIGO
83. BALA KRISHNA, O FILHO SUPREMO
Enquanto o cristianismo coloca ênfase em Deus como pai, o qual é
alcançável através de seu filho, o hinduísmo fala, além disso, de outras
relações que a alma pode ter com Deus. Em contraste com a concepção de
Deus como pai, muitos devotos de Krsna concebem Ele, O Senhor
Supremo, como Seu filho.
O amor do filho e da filha para seus pais é, geralmente, menos intenso do
que o amor dos pais para seus filhos. Pelo menos por algum tempo, as
crianças não sabem o que é o amor ou a forma como expressá-lo de forma
madura, mas a mãe ama seu filho apesar da rejeição do filho para uma
autoridade de parentesco. Qualquer mãe sabe que o amor é sobre sacrifício,
enquanto as crianças, muitas vezes, pensam que se trata de receber, em vez
de dar. Os devotos que concebem a Krsna como Seu filho, experimentam
uma grande intensidade e intimidade do amor de Deus, mais do que
devotos que concebem Ele como o Pai Supremo.
A principal devota de Krsna, que serve de modelo a outras que desejam
amar a Krsna como Seu filho, é a mãe Yasoda. Ela é descrita nos puranas e
sua realidade extática (bhava) é articulada, em particular, no Bhagavata
Purana.
Segundo esse Purana, Vallabha Acarya, contemporâneo de Sri Caitanya,
contribuiu muito para o mundo em termos de religião, articulando um
caminho espiritual do amor de Bala (bebê) Krsna. Vallabha Acarya chamou
esse caminho de pusty marg, o caminho da nutrição, o qual, embebido em
um sentimento espiritual de amor parental para Deus, é o ideal
proeminente.
Bala Krsna não é um filho obediente. Ele é mal comportado. Bala Krsna é
um ladrão, o qual rouba manteiga de seus vizinhos da comunidade pastoril
e distribui isso para os macacos. A manteiga e outros produtos lácteos são o
sustento dos pastores de vacas, e mesmo com eles vendo sua fortuna sendo
desperdiçada pelo bebê, Krsna é a Sua fortuna interna de amor espiritual.
Toda essa má ação é feita de forma descarada, mas Krsna não erra para
aqueles que têm os olhos do amor. Semelhantes olhos não são cegos,
entretanto, para o Deus ladrão isso é apenas uma brincadeira, uma vez que
todas as coisas pertencem a Ele.
A lila de Bala Krsna ocorre em um local do reino espiritual conhecido
como Gokula, um local transcendental de pastoreio. As queixas dos
vizinhos devotos a respeito Dele são uma oportunidade para servi-lo,
falando a respeito Dele, uma atividade que é a própria vida de Seus
devotos. Enquanto os vizinhos devotados com amor parental reclamam a
respeito de Krsna, mãe Yasoda responde, como fazendo com que essa falta
que se eles encontram em Krishna se torne uma glorificação a Krishna.
"Seu filho solta nossas vacas!”, “Ele não está ajudando você em seus
deveres?”, “Mas, madame, ele faz isso sem motivo.” “Então por que você
não repreende Ele?”, “Mas se fazemos isso, Ele simplesmente ri.” “Então,
por que você não dá para Ele um pouco de leite?”, “Por que Ele come
apenas as coisas roubadas.” “Isso é ridículo! Coloque leite fora de seu
alcance.” “Ele faz um furo no pote à distância.” “Como ele poderia saber
que o leite estava dentro do pote?”, “Ele é especialista em conhecer o
interior das coisas.” “Coloque Ele em um canto escuro de sua casa.” “Seu
corpo refulgente ilumina tudo.” “O que você diz é inacreditável.".
Não há dúvidas, Deus é não-nascido, ainda que Ele aceite o nascimento.
Isso é de fato um mistério que só pode ser revelado pela chave do amor
desinteressado.
FIM DO ARTIGO
84. DO PRETO E BRANCO AOS TONS DE CINZA
Divya Yuga
A divya yuga consiste em 4.300.000 anos. As palavras varsa-ayuta sahasra
usadas descrevem a vida de Bharati relacionada à prosperidade material.
Geralmente significa 10.000.000 e pode ser interpretada como uma
liberdade poética para “um longo, longo tempo”. Não devemos nos
preocupar demais com exatidão literal das datas e números quando
estudamos o Srimad Bhagavatam.
Estes passatempos não são o que eles aparentam à primeira vista, nem o
que os devotos neófitos pensam deles enquanto eles tentam convencer os
outros de sua existência factual. Tais neófitos não estão errados em tentar
compartir seu entendimento, mas estão errados em pensar que seu
entendimento é completo. Eles necessitam se associar com devotos
avançados os quais são espertos em dar os significados filosóficos das
narrativas e explicá-las de tal forma que os neófitos podem progressar sob
sua tutela.
É importante - para os neófitos - avançar de um entendimento literal do
Krsna lila para um que tenha familiaridade com seus fundamentos
filosóficos e visão prática, destinada a nutrir sua prática. Isso poderia ser
desconcertante para eles porque eles devem se mover do preto e branco
para muitos tons de cinza. A compreensão em preto e branco é valiosa até
certo ponto, mas quando a pessoa se apega a tal compreensão quando é
hora de seguir adiante, muitas vezes se tornará orgulhosa e nessa condição
seu progresso pode ser dificultado ou parado completamente. Por outro
lado, entrar na área cinza de uma leitura conotativa da escritura engendra
humildade em relação à profundidade do assunto. Apesar do borrão do
preto e branco, sua entrada coloca o coração em harmonia com o intelecto,
o qual por sua vez promove um outro tipo de certeza interior, com
crescente humildade. Dessa forma a pessoa se torna fixa para ir longe e, em
certa medida, ajudar os outros.
A roupa açafrão não é uma roupa vermelha. Isso é para sanyasis tridandis,
os quais são numerosos exemplos em nossa sampradaya. A conexão com a
citação de Sanatana Goswami prabhu que foi citada no Caitanya Caritamrta
revela que ele não está condenando um tipo particular de cor, mas, ao
contrário, a cor do sannyasi mayavadi.
Sanatana Goswami estava vestindo um pano vermelho em sua cabeça com
o propósito de evocar os sentimentos de Jagadananda Pandita. Pandita
pensou que fosse Mahaprabhu. Quando Jagadananda percebeu que
Sanatana Goswami estava vestindo uma cor de mayavadi ele ficou muito
irado e expressou a sua raiva amorosa para a satisfação de Sanatana
Goswami no momento em que ele disse: “Sua cor vermelha não é
apropriada para um vaisnava vestir”. Ele não estava condenando a cor
vermelha em si mesma. Em outras citações se menciona uma referência à
cor vermelha e não açafrão. Algumas então se referem a uma cor real, uma
cor da realeza e ao azul e não a roupa de sannyasi.
Na realidade, Krsna utilizou o kama sutra na rasa lila como fez Balarama
em sua rasa krida. A respeito da rasa lila de Balarama, Sanatana Goswami
diz em seu comentário do Vaisnava Tosana: "Por que Ele é Ramaha, Ele é
esperto em casos conjugais e Ele é também o Senhor Supremo, assim como
Ele também é muito esperto em vários tipos de passatempos conjugais
mencionados nos Kama-sutras".
O autor do Kama-sutra foi um discípulo de Gauttama, que era um sábio
muito sóbrio. Os sutras tratam a respeito de como se fazer amor. Krsna
utilizou essa arte sem nenhum desejo material egoísta. Isso é rasa lila, e
essa é a diferença entre a vida espiritual e vida mundana. Entretanto, uma
pessoa não pode permanecer na concepção corporal da vida e experimentar
um aspecto completo de abnegação. E eu penso que muitas pessoas hoje
em dia não compreendem propriamente o kama sutra.
Eu penso que isso poderia ser melhor se o livro fosse colocado na filosofia
ocidental nas seções das livrarias. Mas mesmo se uma pessoa compra este
livro com uma razão equivocada, quando o lerem serão purificadas.
Reincarnação e infernos
A ideia de planetas infernais é que eles são ditos como uma espécie de fim
para o mal antes de uma reencarnação. Ali uma pessoa é preparada para
entrar em outro ventre sofrendo condições infernais ainda que tenha que
nascer em espécies mais inferiores.
Mulheres gurus
Swami Maharaj Prabhupada disse que ele considerava que sua missão seria
um sucesso se apenas um de seus discípulos se tornasse puro. Entretanto,
eu não penso que podemos julgar a sua missão se baseando no status de
seus discípulos somente. Nós deveríamos olhar os seus grandes discípulos.
Além disso, foi ele que trouxe o reconhecimento internacional do Gaudiya
Vaisnavismo. Praticamente qualquer sucesso que a tradição experimentou
internacionalmente está conectada às suas realizações.
Por algum motivo, Srila Prabhupada não conseguia nenhum tipo de apoio
que estava procurando e em alguns casos ele foi criticado por seus esforços.
Inclusive alguns de seus irmãos espirituais se opuseram a ele e criaram
dificuldades para ele conseguir alguma facilidade em Mayapur para seus
discípulos ocidentais. Tudo isso feriu a Srila Prabhupada e em um ponto
determinado ele shifted* sua identificação de sua prévia associação com
seus irmãos espirituais para seus discípulos ocidentais. Ele sentiu que seus
novos discípulos eram mais preparados para ajudá-lo nos seus esforços de
pregação.
Com ele obteve muito sucesso, ele algumas vezes criticou seus irmãos
espirituais pelos quais ele percebia que tinham inveja de seu sucesso,
sucesso esse que ele originalmente almejava para que a glória de seu guru
Maharaj fosse exaltada. O contexto em que grande parte dessa crítica
aparece, revela que foi falado muitas vezes em resposta à informação que
ele recebeu sobre os negócios de seus irmãos espirituais dos seus
discípulos, alguns dos quais podem de certa maneira ter dado uma
informação imprecisa.
O real Mahabharata
Vivemos no drama humano à custa dos outros. Um ser vivo é alimento para
outro. Nesse plano, devemos matar para viver, por mais educadamente que
seja. Fazê-lo educadamente somente quando absolutamente necessário é o
curso religioso da ação. Além disso, o caminho espiritual leva à terra da
alma, a não violência própria e absoluta.
Em última análise, a tarefa que o Gita coloca diante de nós é matar nossos
apegos e extinguir o desejo material que gera o drama humano. Ele nos
pede para morrer uma morte egóica se quisermos viver sem luta - estar
livres da violência e de todas as formas de exploração. Nossa identificação
com a matéria e nosso ego material devem morrer se nossa alma quiser ter
vida própria.
É isso que Krishna pede a Arjuna: matar seu ego material. Enquanto
Arjuna, devido a seus apegos materiais e subsequente identidade baseada
nesses apegos, primeiro ouve Krishna pedindo-lhe para lutar contra seus
próprios parentes, em última análise ele entende que Krishna está pedindo a
ele para matar seus apegos e assim libertar sua alma do sentido material de
realidade, em que a violência é inevitável.
O Gita ensina que um guerreiro que luta por uma causa justa está agindo
religiosamente, e ele ou ela se beneficiará espiritualmente por tais lutas.
Sugere que deve haver regras de guerra, especialmente no que diz respeito
a civis inocentes. Se o que ouvimos é verdade em relação à crueldade do
regime de Saddam Hussein para com seus próprios dependentes, e o regime
mentiu para a ONU, de que de fato possui armas de destruição em massa e
que pretendem eventualmente usar em atos de agressão, essas forças da
coalizão. Lutar para libertar pessoas inocentes do reino de terror deste
regime está do lado do dharma. Nesse cenário, a melhor coisa que os
soldados iraquianas podem fazer é juntar-se às forças da coalizão e se
revoltar contra Saddam Hussein.
Se, por outro lado, como algumas fontes da mídia relatam, as forças da
coalizão são motivadas principalmente pelo desejo de governar o Iraque e
seu petróleo e o Iraque não tem armas de destruição em massa ou intenção
de adquiri-las para fins terroristas, as forças da coalizão não estão do lado
do dharma e o melhor seria desistir de sua campanha militar, enquanto os
soldados iraquianos que agora morrem em batalha são mártires.
Consolo do Gita
O Gita oferece o maior consolo para todos nós em sua defesa da não-
violência absoluta e sua explicação sobre como alcançar esse ideal nobre.
A atual crise mundial deve servir como um ímpeto negativo para perseguir
esse ideal a qualquer custo. Meu artigo The Play of Violence explica o
conceito de não-violência absoluta em detalhes consideráveis e a defesa do
Gita desse conceito puramente espiritual.
89. O FOGO DA RAZÃO E O METAL DA NOSSA FÉ
A voz política da comunidade vaisnava
Então, o que se torna a razão? Os fiéis não devem argumentar sobre Deus,
mas devem se questionar como servi-lo melhor em qualquer momento.
A natureza geral da fé é também discutida no Bhagavad-gita.
“O Senhor Hari disse: “A fé das almas corporificadas que nascem da
natureza material adquirida é de três tipos: sattvica, rajasica e tamasica.
Agora escute a respeito disso.” Bhagavad Gita 17,2.
Comentário:
A cor da fé da pessoa está diretamente relacionada a sua causa. Se a causa
da nossa fé é a associação santa e deliberação do significado das escrituras,
essa fé é uma fé iluminada, pura, sattva. Semelhante fé iluminada é, por sua
vez, a causa do progresso espiritual da pessoa, e a medida de sua
realização. Vivemos em um mundo de dúvidas, mas nossas maiores
perspectivas estão em entrar na terra da fé, onde todas as dúvidas são
removidas. A fé em geral é da natureza da influência material de sattva. Em
qualquer coisa que a pessoa tenha fé, essa fé é uma manifestação de sattva.
Assim, o sentido de ser virtuoso é universal. Essa é a convicção por trás do
esforço prolongado.
Entretanto, aquilo em que a pessoa coloca sua fé está determinada pela
influência da natureza adquirida. A natureza adquirida da pessoa no
nascimento é um produto de seu karma passado. Sua natureza está
constituída da combinação de três gunas, na qual uma dessas três
predomina. A predominância da influência de sattva, rajas ou tamas
determina o objeto da fé da pessoa e as nuances pelas quais a máscara de
sattva e rajas e tamas se estabelece. A causa primária da fé da pessoa está
na natureza adquirida. A causa secundária está na mente. Krsna pede a
Arjuna para colocar atenção. O Bhagavad-gita diz que a fé corresponde
com a mente: “Ó descendente de Bharata! Uma pessoa é feita de sua fé. Ela
é a sua fé”. BG17.3
A mente está indicada ali pela palavra sattva. Essa é a natureza de sua
iluminação. É a transformação do princípio do egoísmo (ahankara)
influenciado por sattva guna. Aqui Krsna diz que a fé da pessoa
corresponde com sua mente. Porque a mente é uma transformação de
sattva. A fé é intrinsecamente sattvika. Entretanto, cada mente individual
reflete a condição de seu coração sobre a influência das três gunas. A
natureza refletida da mente produz uma qualidade particular de fé, sendo
satvik, rasik e tamasik.
Mudar a natureza material adquirida é possível pela deliberação do
significado das escrituras e adoração de Deus de forma natural. Assim
sendo uma pessoa adquire sabedoria. Essa causa de sattva pura domina e
leva à iluminação necessária para a cultura de uma vida iluminada. A guna
dominante influencia à mente a determinar uma fé específica. Esta é a
posição daqueles cuja fé faz com que eles adorem algo, mas que não se
preocupem com deliberar sobre a importância das escrituras. A qualidade
de sua fé particular é revelada por meio do objeto de sua veneração.
Os ciúmes de Krsna
Krsna não é ciumento, mas Ele gosta de ver o ciúme de Radha.
FIM DO ARTIGO
90. PENSAMENTO ESPIRITUAL CRÍTICO
A violência doméstica é abominável e dificilmente é suavizada quando está
baseada nos assim chamados princípios religiosos. Qualquer mulher que se
encontra em semelhante situação deveria sair de essa situação pelo bem
estar de sua vida material e espiritual. Um casamento está relacionado ao
amor e a um compromisso com o serviço a Deus. Se isso se perde o
casamento não está funcionando. Quando algo não funciona devemos
tentar consertá-lo, mas se não pode ser consertado devemos continuar
nosso caminho. O casamento está situado dentro do reino da relatividade,
este deveria ser harmonizado com o chamado do Absoluto, mas nunca se
deveria permitir que se obscureça esse chamado em nome de
espiritualidade.
A alma adormecida
A alma no seu sono não é plenamente consciente da extensão na qual existe
ou outros aspectos de sua própria natureza. Sob a influência da natureza
material (ilusão), ela faz escolhas que não faria se não estivesse sob essa
influência, assim como é dito que alguém intoxicado se torna outra pessoa
diferente da que ela é, da mesma forma, a alma iludida não é o ser real (o
ser desperto).
Um estudo minucioso do Gita revela que ele pode ser interpretado com
uma inclinação que enfatiza ambos jñana sobre bhakti ou bhakti sobre
jñana. Os seguidores de Advaita Vedanta e suas ramificações entendem
que o Gita pode ser direcionado de jñana sobre bhakti, mas todos os
comentadores vaisnavas incluindo Ramanuja e Madva entendem o Gita
como sendo mais direcionado ao bhakti sobre o jñana. Eruditos os quais
não são praticantes também se encontram divididos em relação a esse
assunto.
Eu acredito que a leitura do Gita que enfatiza jñana como sendo superior
ao bhakti é forçada e não representa a conclusão natural do texto. Eu
também acredito que muitos leitores que podem se familiarizar com ambos
os lados dos argumentos irão também concordar com esse meu ponto.
Em última análise, o Gita responde o próprio interesse e psicologia do
leitor que no mundo do Bhagavad Gita é considerado como algo que é
formado durante muitas vidas, um produto da associação com aqueles que
trilham o caminho do jñana ou bhakti. Krsna mesmo diz no Bhagavad-gita
(4.11) que Ele reciproca na medida que uma pessoa se aproxima a Ele. Sri
Krsna é como uma jóia multifacetada e Ele se revela de forma diferente
para diferentes pessoas.
Isso não é o que vemos hoje em dia na comunidade Gaudiya. Alguma coisa
não está funcionando. Estamos vivendo em tempos muito diferentes do que
vivíamos quando estávamos sob a orientação direta de Srila Prabhupada,
sendo assim, esses tempos exigem uma abordagem diferente (do que o
sectarismo em nome da dedicação). Nós, sem dúvida, precisamos
reconhecer que teremos que viver com algum grau de sectarismo. Ao fazê-
lo, devemos tentar encontrar harmonia no fato de que todos estão se
movendo de acordo com sua fé. No entanto, fazer isso em nome é uma
coisa, mas fazer isso na realidade requer a tarefa mais difícil de honrar a fé
divina onde quer que ela se manifeste e em qualquer grau.
Não existe nenhum problema que cada gopi pense que ela é mais elevada e
mais amada por Krsna. O problema aparece se uma gopi pensa que outra
gopi em seu grupo não é amada por Krsna, então essa denominada gopi não
ama outras gopis em seu grupo. É verdade que Sukadeva Goswami
experimentou na rasa lila que cada gopi sentia que ela era especial, mas
isso foi em um evento particular. De acordo com Sanatana Prabhu, a norma
é que cada gopi duvida que Krsna a ame acima de tudo, enquanto a norma
para cada gopa é pensar que Krsna os ama de forma excelsa.
A lógica tem seu lugar e deve ser aplicada para compreender nossos
preceitos com o objetivo de praticar com base em uma melhor
compreensão teórica, mas o progresso espiritual resulta do exercício do
coração. Este é um exercício que transcende a razão. Não é irracional, mas
funciona onde a lógica termina.
Srila Sridhara Maharaj comenta que ele tinha medo do futuro da Iskcon
quando seus líderes atropelaram a fé dos discípulos de Jayatirtha no
momento que Jayatirtha estava tentando tomar refúgio em Srila Sridhara
Maharaj. Isso não quer dizer que os discípulos de Jayatirtha não devessem
ter tomado refúgio em um guru apropriado. Digo isto apenas para dar uma
ideia de que tipo de consideração devemos ter pela fé divina, independente
de seu meio.
Se alguém pede por citações sástricas em uma situação que exige senso
comum e decência, mas onde estes estão faltando, qual seria o valor do
sastra?
Este tipo de devotos que querem governar através de leis. A lei diz que o
guru deve ser tal e tal, tão elevado, tão qualificado. Mas onde está esse
guru? Isso será determinado por cada discípulo. A prova reside no domínio
do coração. Aquilo que valida a lei é maior que a própria lei. Assim,
primeiro e acima de tudo, o livre fluxo da fé deve ser honrado.
Isso não quer dizer que não haja objetividade quanto a quem é quem no
mercado dos gurus. Um guru Vaisnava altamente qualificado entenderá
este princípio e o ensinará a seus discípulos. Desta forma, ele conquistará
os corações de todos, não insistindo na aplicação da lei, mas honrando
aquilo que valida a lei.
*Os subtítulos acima de cada resposta que Srila Tripurari Maharaj concedeu nos artigos
compilados da Sanga foi acrescentado pelos editores do artigo traduzido em português,
com o intuito de facilitar a compreensão do texto, bem como algumas devidas
modificações que foram necessárias para a adaptação do formato de perguntas e respostas
para a forma de artigo.