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BIOGÁS e BIOMETANO
Do MERCOSUl
Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do Mercosul - GAHB
2017
relatório de
biogás e biometano
do mercosul
Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do Mercosul - GAHB
2017
Para referência a este documento:
ISSN 2526-9534
CRÉDITOS
Argentina
Coordenação Nacional
Miguel Almada (Ministério da Agroindústria da Nação)
Produção de conteúdos
Agustina Branzini
Hugo Zilocchi
Brasil
Coordenação Nacional
Rodrigo Augusto Rodrigues (Casa Civil)
Renato Domith Godinho (Ministério de Relações Exteriores)
Produção de conteúdos
Leidiane Ferronato Mariani
Felipe Souza Marques
Natali Nunes dos Reis da Silva
Rodrigo Regis de Almeida Galvão
Rafael Hernando de Aguiar González
Paraguai
Coordenação nacional
Juan Cabral (Ministério da Industria e Comércio)
Produção de conteúdos
Andrea Fernandez
Gustavo Collar
Carlos Servín
Uruguai
Coordenação nacional
Wilson Sierra (Ministério da Industria, Energia e Mineração)
Produção de conteúdo
Verónica Perna
Florencia Benzano
Víctor Emmer
María José González
Wilson Sierra
Coordenação Geral
Rodrigo Regis de Almeida Galvão (CIBiogás)
Marcelo Alves de Sousa (CIBiogás)
Produção e Diagramação
Rafael Gomes Cardoso (CIBiogás)
Bruno Terao (CIBiogás)
Apoio: Parceiros:
ÍNDICE
apresentação 06
o GAHB 07
o BIOGÁS 08
argentina 09
Prefácio 10
O país 11
Participação das energias renováveis 12
Biogás na argentina 13
Potencial de produção de biogás 13
Produção real de biogás 14
Aplicações do biogás 16
Mecanismos de incentivo e investimento para biogás 17
Casos de sucesso 18
brasil 21
Prefácio I 22
Prefácio II 23
o país 24
biogás no brasil 24
potencial de produção de biogás 25
produção atual de biogás 28
aplicações do biogás 29
mecanismos de incentivo e INVESTIMENTO PARA BIOGÁS 30
CASOS DE SUCESSO 32
paraguaI 37
Prefácio 38
O país 39
Biogás no Paraguai 39
Mecanismos de incentivo e investimento para biogás 40
APLICAÇÕES DO BIOGÁS 41
Casos de sucesso 42
uruguaI 45
PREFÁCIO 46
O país 47
Biogás no Uruguai 49
Potencial de Produção de biogás 50
Produção real de biogás 52
Aplicações do biogás 53
Mecanismos de incentivo e investimento para biogás 53
Casos de sucesso 55
Comentários FInais 58
Apresentação
O biogás é uma fonte de energia renovável que vem despertando interesse do
setor energético mundial por seus benefícios ambientais, econômicos e
sociais. No entanto, diversos atores desse setor indicam a falta de informações
como uma barreira ao desenvolvimento do mercado do biogás e do
biometano. Assim, esse relatório tem como objetivo divulgar dados sobre o
setor de biogás e de biometano dos países que compõe o Grupo Ad Hoc de
Biocombustíveis do MERCOSUL (GAHB).
CONDOMÍNIO AJURICABA
Marechal Cândido Rondon (PR)
06
o GAHB
O Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do MERCOSUL (GAHB) foi criado em 2007 por decisão do
Conselho do Mercado Comum (Dec. 049/2007, Ata 03/2007, vigente desde o 17/12/2007), com
objetivo de desenvolver critérios e instrumentos para implementação da cooperação regional em
biocombustíveis. Na ocasião, também foi aprovado o Plano de Ação do MERCOSUL para Cooperação
em Matéria de Bicombustíveis". O GAHB está subordinado ao Grupo Mercado Comum (GMC).
Na XIV Reunião do GAHB, realizada em Montevidéu, nos dias 14 e 15 de junho de 2016, as delegações
de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai acordaram a realização de trabalho de sistematização sobre
o estado da arte dos desenvolvimentos relativos ao biogás em cada país. Coube ao Centro
Internacional de Energias Renováveis - Biogás (CIBiogás), presente na reunião, auxiliar na
publicação desta primeira edição do Relatório do Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do MERCOSUL
(GAHB) sobre Biogás e Biometano.
07
O BIOGÁS
No âmbito do planejamento energético mundial fala-se cada vez mais em eficiência energética no
consumo, redução de emissões de carbono e, principalmente, em diversificação e inserção de
fontes alternativas na matriz energética.
Dentre as fontes de energia alternativas disponíveis está o biogás, gás proveniente da biodigestão
de matéria orgânica, como resíduos e efluentes industriais, urbanos e rurais. Esse gás tem cerca de
60% de metano em sua composição que, em virtude do elevado poder calorífico, permite a sua
utilização na geração de energia térmica e elétrica. Além disso, submetendo o biogás a um processo
de separação ou refino é possível obter biometano e gás carbônico. O biometano é considerado
similar ao gás natural e, assim, pode ser utilizado para os mesmos fins.
Além dos benefícios do uso energético do biogás, seu processo de produção possibilita o tratamento
de efluentes e resíduos para reduzir seu potencial poluidor e a produção do digestato, efluente do
processo que tem propriedades fertilizantes do solo. Ademais, muitas vezes o biogás já é produzido
naturalmente no tratamento de efluentes ou em aterros sanitários, sendo emitido para a atmosfera
sem ter sido queimado (em queimadores ou em motogeradores). Essas emissões estão relacionadas
à mudança climática, já que o metano contido no biogás é um dos principais gases do efeito estufa,
21 vezes mais nocivo que o dióxido de carbono (CO2).
08
argentina
09
PREFÁCIO
A República Argentina enfrenta o grande desafio de ampliar a participação das energias renováveis
em de seu consumo enérgico, aproveitando seu enorme potencial proporcionado principalmente
por sua alta diversidade de condições agroecológicas. Do ponto de vista agroindustrial, a
contribuição da biomassa derivada das atividades agrícolas, pecuárias, florestais, assim como de
suas indústrias associadas, para seu aproveitamento energético, é uma oportunidade para superar
esse desafio. Especificamente, a valorização dos resíduos frigoríficos, os efluentes derivados da
produção de leite e dos sistemas estabulados bovinos, o estrume e chorume suínos e o esterco de
aves são recursos ideais para gerar bioenergia a partir do biogás.
A digestão anaeróbica é uma tecnologia que permite gerar energia distribuída, o que melhora a
eficácia do sistema. Além de oferecer potência firme e de base e contribuir para a redução das
emissões de gases de efeito estufa, permite agregar valor em origem a matérias primas, gerar
emprego local, e favorece o desenvolvimento de áreas rurais.
A República Argentina aposta na geração de valor agregado em origem e em uma maior oferta de
energias limpas renováveis, com redução das emissões de carbono. Assim, o desenvolvimento da
tecnologia de digestão anaeróbica em nosso território é fundamental para continuar alavancando a
incorporação das energias renováveis em nossa matriz energética.
Mariano Lechardoy
Subsecretário de Bioindustria do
Ministério de Agroindústria da Nação
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argentina
O PAÍS
A República Argentina conta com uma superfície total de 2.780.400 km2 e possui 11.968 km de
fronteira, dos quais 4.989 km são costeiros. Por sua vez, ocupa o 8º lugar no mundo em termos de
dimensão territorial. Trata-se do segundo maior país da América do Sul (depois do Brasil); tem uma
localização estratégica em relação aos canais marítimos entre o Atlântico Sul e Pacífico Sul (Estreito
de Magalhães, Canal de Beagle, Passagem de Drake); apresenta diversas paisagens geofísicas que
vão dos climas tropicais, no Norte, à tundra, no extremo sul; O Monte Aconcágua é a montanha mais
alta do Hemisfério Ocidental, com 6.960 m (localizado na esquina noroeste da província de
Mendoza, ponto mais alto da América do Sul), enquanto que a Laguna del Carbón (Lagoa do Carvão)
é o ponto mais baixo no Hemisfério Ocidental. O clima é principalmente temperado; árido no
Sudeste; subantártico no Sudoeste. Seu território está composto por ricas planícies na região dos
pampas, localizada na metade norte, planos a ondulados platôs na Patagônia, ao Sul, e acidentado
relevo na Cordilheira dos Andes, ao longo da fronteira ocidental.
No que diz respeito a seus recursos naturais, conta com solos férteis na planície dos pampas, com
alta capacidade produtiva. Cabe destacar que do total de sua superfície cultivada, 23.600 km2 são
cultivados com irrigação. Dispõe de riqueza mineral baseada em chumbo, zinco, estanho, cobre,
minério de ferro, magnésio, petróleo e urânio.
Com uma população de 43.886.748 habitantes, é o 33º país mais habitado do mundo, sendo que um
terço de sua população vive em Buenos Aires. Os centros de maior concentração populacional se
encontram nas regiões do norte e centro do país. No Sul, a Patagônia continua sendo escassamente
povoada.
Politicamente seu território está dividido em 23 províncias: Buenos Aires, Catamarca, Chaco,
Chubut, Cidade Autônoma de Buenos Aires (Capital), Córdoba, Corrientes, Entre Ríos, Formosa,
Jujuy, La Pampa, La Rioja, Mendoza, Misiones, Neuquén, Rio Negro, Salta, San Juan, San Luis, Santa
Cruz, Santa Fe, Santiago del Estero, Tierra del Fuego, - Antártida, Ilhas Malvinas e Ilhas do Atlântico
Sul e Tucumán.
Seu PIB é de 550 bilhões de dólares (2016), dos quais 11,4% provém da atividade agropecuária,
30,2% da atividade industrial e 58,4% do setor de serviços. Seu PIB por habitante é de US$ 12.260.
As principais atividades agropecuárias são o cultivo da soja, milho, trigo, girassol, amendoim, limão,
uva, tabaco, chá e as atividades pecuárias leiteiras, de criação e invernada.
No que diz respeito a seu comércio exterior, as exportações alcançaram 57 bilhões de dólares (2016),
destacando-se entre os principais produtos a soja e derivados, petróleo e gás, veículos, milho e
trigo. Os principais países de destino são o Brasil (17%), a China (8,6%)e os Estados Unidos (5,9%)
(dados de 2015). As importações em 2016 foram de 55,6 bilhões, principalmente nos ramos de
maquinaria, veículos de motor, petróleo e gás natural, produtos químicos orgânicos e plásticos,
provenientes do Brasil (22,4%), Estados Unidos (16,3%), China (15,5%) e Alemanha (5,1%) (dados de
2015).
11
argentina
No que diz respeito à matriz elétrica, aproximadamente 60% depende da geração com base em
hidrocarbonetos. As energias renováveis representam um valor próximo a 2% na geração de energia
elétrica.
33% hidráulica
28% ciclos combinados
14% turbina a gÁs
fOnte: cammesa
Este cenário revela a necessidade de ampliar a participação das energias renováveis na matriz
energética. Entre elas, a bioenergia ou energia derivada de biomassa, que consiste na obtenção de
energia química (gás metano, biodiesel ou bioetanol, etc.) a partir de resíduos animais ou vegetais,
principalmente, utilizadas como fonte de energia elétrica ou como combustível.
A República Argentina tem um grande potencial como produtor de dita matéria prima para sua
utilização como fonte energética, gerando benefícios para o setor energético, agropecuário e
florestal, assim como para a sociedade em seu conjunto.
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argentina
Biogás NA argentina
O desenvolvimento do biogás na República Argentina teve início nos anos 80, quando se instalou o
debate da tecnologia; em 1993 se instalou um biodigestor na escola rural de Los Cerrillos, que
alimenta as fornalhas da cozinha do refeitório escolar. Em 1995, outro biodigestor foi instalado em
Alto Verde, permitindo a preparação da comida de 400 crianças por dia, economizando recursos no
consumo de gás engarrafado. Nesse mesmo ano, outro biodigestor, instalado em Monte Vera,
começou a utilizar, pela primeira vez, a fração orgânica dos resíduos urbanos coletados de forma
seletiva pelos vizinhos, utilizando o biogás para a granja de exploração avícola, o que permitiu
diminuir o gasto de consumo de gás engarrafado.
Desde então mais de vinte instalações demonstrativas foram implantadas em creches, asilos,
centros comunitários e refeitórios escolares nas províncias de Santa Fé, Buenos Aires, Córdoba e San
Juan.
Em 199, em Governador Crespo, foi concluída a montagem da primeira planta do país para
tratamento de resíduos sólidos urbanos mediante um biodigestor de 150 m3 com produção de
biogás para uma população de 10 mil habitantes.
Em princípios dos anos 2000, a tecnologia recebeu outro estímulo: em outubro de 2002, na
localidade de Emilia, um povoado de aproximadamente mil habitantes situado 85 quilômetros ao
norte da cidade de Santa Fe, na província homônima, a Universidade Nacional do Litoral
desenvolveu um biodigestor para transformar resíduos orgânicos gerados pela população.
Em 2006, consolidou-se a ideia de utilizar o biogás como uma contribuição mais ao esquema
energético. Em 2008, a empresa Citrusvil inaugurou a primeira planta de biogás da Argentina, com o
objetivo de tratar todos os efluentes derivados do processamento industrial de limões que a
empresa desenvolve e gerar parte do gás requerido em seus processos produtivos.
A Argentina se destaca por ter um sólido setor agropecuário e agroindustrial, por sua produção de
grãos, carnes, laticínios, alimentos, etc. Ditas atividades geram uma grande quantidade e variedade
de resíduos e subprodutos agropecuários. Em tal sentido, a Argentina conta com um grande
potencial para a produção e obtenção de biogás com seu consequente aproveitamento elétrico ou
térmico.
A fim de consolidar o fomento para o desenvolvimento dos biocombustíveis no país, em 2006 foi
sancionada a Lei Nacional Nº 26.093, “Regime de Regulação e Promoção para a Produção e Uso
Sustentáveis de Biocombustíveis” pelo termo de 15 anos, na qual se inclui o biogás dentro dos
biocombustíveis que se deseja fomentar no território da Nação Argentina (Artigo 5).
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argentina
quais mostram um potencial concentrado principalmente nas províncias de Buenos Aires, Santa Fe
e Córdoba (Figura 3.1 (a)).
O desenvolvimento da atividade suína se localiza principalmente na Bacia do Rio Salado, que faz
parte do sistema hidrográfico da Bacia do Rio da Prata, e engloba uma área de 186.000 km2, mais da
metade da superfície da província de Buenos Aires. A Bacia do Salado se caracteriza por ter
condições agroecológicas propícias para a criação de porcos e produção de cereais e oleaginosas,
que são os principais insumos da atividade suína. Embora a produção suína esteja
majoritariamente concentrada na Pampa Úmida, encontra-se dispersa em todo o território
nacional, o que indica uma tendência de aparição de novos bolsões produtivos em regiões onde a
atividade tem crescido significativamente, especificamente nas províncias de San Luis e La Pampa
(Figura 3.1 (b)).
A produção de leite mostra toda sua potencialidade na Região dos Pampas (superfície de
aproximadamente 500.000 km2), onde se concentram as principais bacias leiteiras e quase a
totalidade das fazendas leiteiras e industrias do setor. Apesar de também haver produção de
laticínios fora da Região dos Pampas, também se identificaram produções de laticínios, quase 80%
da produção se concentra nas províncias de Santa Fe, Buenos Aires e Córdoba (Figura 3.1 (c)).
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argentina
Segundo um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI/FAO, 2016), na
República Argentina existem aproximadamente 105 plantas de biodigestão de diferentes tamanhos,
grau de tecnologia, usos e aplicações (Figura 4.1).
Figura 4.1: Figura 4.1: Distribuição por província de plantas de digestão anaeróbicas detectadas
no território argentino. FOnte INTI/FAO, 2016
28
18
10
7 8
5 5 5 4 4
2 3 2 2
1 1
jujuy
chubut
cordoba
san luis
tucumán
corrientes
missiones
neuquén
rio negro
santiago
del estereo
la pampa
mendoza
salta
buenos
aires
entre rios
santa fe
modelo 1
BIOMASSA VIRGEM 1 1%
resÍduo agricultura 4 6%
total 62 100%
Como podemos observar, os mais utilizados são os resíduos procedentes da indústria, seguidos em
ordem de importância pelos resíduos sólidos urbanos e pelos resíduos provenientes da
15
argentina
atividade pecuária. Cabe destacar que os resíduos agrícolas são os menos utilizados para a
produção de biogás na Argentina.
Dentro de cada uma das categorias de substratos, foram identificadas diferentes matérias primas
para alimentar os biodigestores (Tabela 1).
Tabela 1: Substratos utilizados na Argentina para alimentar biodigestores. Fonte INTI/FAO, 2016
Aplicações do biogás
Na Argentina, de acordo com um levantamento realizado no último ano, a maior produção das plantas
está destinada ao tratamento de resíduos, em contraposição com 4% das plantas de biogás que foram
implementadas para cobrir uma demanda energética (Tabela 2).
16
argentina
Ao analisar a utilização do biogás gerado nas plantas, constatou-se que uma elevada porcentagem
das plantas identificadas não emprega o biogás como fonte energética para seus processos
produtivos (Modelo 2). Por outro lado, 44,3% do biogás que se aproveita é utilizado com fins
térmicos e somente 12% restante se destina à geração de energia elétrica.
modelo 2
térmica 27 44,3%
elétrica rt 1 27%
1,6%
total 62 100%
LEI N° 26.190 (2006) – Regime de Fomento Nacional para Uso de Fontes Renováveis de Energia
Destinada à Geração Elétrica. Dita Lei visa cumprir com 8% do consumo de fontes renováveis em 10
anos e trata-se de uma normativa que busca criar incentivos para a geração elétrica a partir de
fontes renováveis de energia.
LEI N° 27.191 (2016) – Nova Lei de Fontes Renováveis de Energia na Geração Elétrica – Regime
Nacional de Fomento 2016 – 2025.
Por meio da mencionada lei – e seu correspondente Decreto Regulamentar 531/2016 – pretende-se
instrumentar uma política de Estado tendente à diversificação da matriz energética nacional, à
expansão da potência instalada em prazos curtos, à redução de custos de geração de energia, à
previsibilidade de preços a médio e longo prazos, e à contribuição para a mitigação das mudanças
climáticas.
Esta nova lei estabelece que em 2017 o país deverá contar com 8% de sua geração elétrica a partir de
eletricidade gerada pelo vento, pelo sol, pela biomassa e por pequenas centrais hidrelétricas, entre
outras fontes. A norma pretende também que em 2025 essa porcentagem suba a 20%.
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argentina
PROBIOMASA – Projeto para a Promoção da Energia derivada de biomassa, que visa a incrementar
a produção de energia derivada de biomassa nos níveis local, provincial e nacional para assegurar à
sociedade um crescente abastecimento de energia renovável, limpa, confiável e competitiva
enquanto são abertas novas oportunidades para o desenvolvimento do setor agropecuário,
florestal e agroindustrial do país.
Casos DE SUCESSO
Bioeléctrica
Bioeléctrica é uma associação de produtores regionais que adotou tecnologia alemã para oferecer
soluções sustentáveis no território argentino. Sua primeira planta foi construída em Río Cuarto,
sendo esta a planta modelo para logo ser replicada em outras localidades produtivas do país.
O principal produto é a energia elétrica, gerada a partir do biogás como combustível, obtido a partir
da digestão anaeróbica de milho de silagem com dejetos pecuários. Os subprodutos obtidos são o
biofertilizante e a energia térmica em forma de água. A energia elétrica (1 MW de potência) pode ser
lançada à rede de distribuição de energia elétrica ou consumida por uma indústria vizinha. A energia
térmica gerada é utilizada em parte para o aquecimento do processo de geração de biogás,
enquanto que o excedente pode ser vendido a uma indústria vizinha.A energia está disponível em
forma de água quente a aproximadamente 90 graus centígrados. O biofertilizante é utilizado para
fertilizar as plantações e é armazenado no biodigestor secundário e/ou lagoas até o momento de ser
aplicado.
Fonte: www.bioelectrica.com
18
argentina
19
brasil
21
PREFÁCIO I
Hidrelétrica que detém o recorde mundial de produção anual de energia elétrica, a Itaipu Binacional
pôde confirmar com estudos e experimentos práticos a viabilidade técnica e econômica da
produção de biogás no Oeste do Paraná. Grande geradora de divisas para o país, a região concentra
intensas atividades agropecuárias. É nelas que se originam dejetos e resíduos em grande escala
que, sem o devido tratamento, tornam-se um grave problema ambiental. Daí a importância do
trabalho no qual a Itaipu tem participação pioneira.
Portanto, a partir dos bons resultados iniciais, foi criado o Centro Internacional de Energias
Renováveis-Biogás – CIBiogás, com sede no Parque Tecnológico Itaipu – PTI, nas premissas da Usina
de Itaipu. Hoje, o CIBiogás conta com a parceria de 20 instituições, entre as quais a Itaipu Binacional,
o PTI, cooperativas, empresas do setor elétrico e de gás e duas agências das Nações Unidas.
O aproveitamento de dejetos, principalmente de animais pode, ainda, ser uma fonte de renda
importante para os produtores, em especial os pequenos. Nas palavras de Claudete Volkweiss,
produtora agrícola do município de Toledo "para a gente, o biogás vale ouro".
22
PREFÁCIO II
O Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do Mercosul – GAHB foi formalmente constituído no final de 2007, para
implementar um Plano de Ação do Mercosul para a Cooperação em Matéria de Biocombustíveis, proposto,
debatido e elaborado ao longo de 2007.
O referido Plano de Ação, revisto e ampliado, tem sido implementado com êxito. Dentre as atividades
propostas e implementadas, estão o intercâmbio de experiências entre instituições públicas e privadas com
competências em investigação, financiamento e extensão rural; a articulação entre as entidades relacionadas
com o desenvolvimento tecnológico nas cadeias de produção de biocombustíveis do Mercosul; o impulso às
oportunidades de pesquisas conjuntas e intercâmbio de pesquisadores e a capacitação industrial na
produção industrial de biocombustíveis; o levantamento dos marcos regulatórios vigentes nos Estados Partes
do Mercosul e o intercâmbio de informações técnicas do impacto do uso de biocombustíveis em fontes móveis
e estacionárias.
Elaborado por uma competente equipe coordenada pelo Centro Internacional de Energias
Renováveis-Biogás, o Informe de Biogás e Biometano do Mercosul representa uma síntese de todas as
atividades mencionadas no Plano de Ação, focadas no biogás, conjugando o estado da arte da produção e
consumo dessa fonte renovável na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Uruguai. O biogás, assim como os
biocombustíveis líquidos, é um potencial indutor de desenvolvimento sustentável, com vantagens
competitivas e comparativas para todos os países que integram o Mercosul.
23
BRASIL
o país
O Brasil tem uma área de 8,5 milhões km2 e 204 milhões de habitantes em 2015, aproximadamente.
O Produto Interno Bruto do país em 2015 foi de R$ 5,9 trilhões. Em relação ao setor energético, o
Brasil se destaca pela grande participação de fontes renováveis em sua matriz, destacando-se a
hidroeletricidade, a biomassa e a eólica.
biogás no brasil
Em novembro de 1979, com base em um relatório técnico da Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), o primeiro biodigestor modelo chinês foi instalado na Granja do
Torto em Brasília motivado pela crise resultante do segundo choque de preços do petróleo. Entre as
medidas adotadas pelo governo para reduzir a dependência deste insumo destacava-se um amplo
programa de investimento voltado para substituição e conservação de derivados de petróleo
(Programa de Mobilização Energética - PME, iniciado em 1980).
Entre 1980-1984, foram utilizadas diversas formas de estímulo à instalação de biodigestores. Assim
foram concedidos estímulos materiais, seja através de financiamentos ou mesmo de doações dos
recursos necessários à instalação.
Em 1984, mesmo que ainda inexistissem dados precisos quanto ao número de biodigestores no
país, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica de Extensão Rural (EMATER) estimou que havia
3.000 biodigestores instalados, principalmente do modelo Indiano, utilizados para biodigestão de
dejetos de bovinos. Contudo, a adoção de uma nova tecnologia, por mais simples que seja, trouxe
consigo, invariavelmente, muitas dificuldades.
A segunda fase na história do biogás se deu vinte anos depois, na década de 90, quando o mundo
despertou para os impactos das emissões de Gases do Efeito Estufa, a partir da Rio 92, quando a
ONU, através do então criado IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, aceitou
com metodologias específicas, a queima do biogás como medida mitigadora de emissões. Nesta
época, várias instituições surgiram no mercado brasileiro “comprando” créditos antecipados e via
de regra os trocando por biodigestores, como os potenciais produtores principalmente de suínos,
que por sua vez, encontravam nesta questionável transação financeira uma saída para resolver seus
problemas ambientais. Mais controverso ainda foi o conceito de que para obter créditos de carbono
24
BRASIL
por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) bastava queimar o biogás gerado. Com a
crise europeia, os países compradores saíram do mercado e o preço pago pela redução equivalente
literalmente despencou, até chegar a patamares que inviabilizaram os contratos.
Nos últimos anos, o uso de biodigestores para a produção de biogás voltou a ser discutida no Brasil,
no embalo de projetos de visionários que acreditavam no potencial dessa fonte energética na busca
pela sustentabilidade e de empresas que buscavam melhorias ambientais. Paralelo a isso, o setor de
biogás na Europa, principalmente Alemanha, passou por um rápido desenvolvimento motivado
pelas leis de incentivo e subsídios à geração de energias renováveis.
Assim, o retorno do tema biogás e o grande potencial de produção do Brasil atraiu a atenção de
instituições de governo, de empresas brasileiras e internacionais e centros de pesquisa e
desenvolvimento. Isso gerou várias iniciativas desde 2008 no sentido de desenvolver e consolidar
essa fonte de energia e de inseri-la definitivamente na matriz energética nacional.
Destaca-se o papel de liderança da hidrelétrica Itaipu Binacional nessa retomada do setor de biogás
no Brasil. A empresa tem diversos projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de biogás em
parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás), uma instituição
científica, tecnológica e de inovação criada com seu apoio. O Centro é formado por 17 instituições
que desenvolvem e/ou apoiam projetos relacionados às energias renováveis. Sua estrutura conta
com um laboratório de biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, e com 11
unidades de produção de biogás no Brasil. Sua missão é promover o desenvolvimento sustentável
da cadeia do biogás e outras energias renováveis.
Como forma de comparação, o mercado de gás natural no país é de 38 milhões m3/dia (EPE (2014b),
o que mostra que a oferta desse gás poderia ser ampliada em 50% com a produção de biogás. Esses
estudos indicam um potencial significativo de produção e uso energético do biogás, destacando-se
as regiões agrícolas do país. Na Figura 1 é apresentado um mapa do Brasil com o potencial
disponível de biogás dos resíduos agrícolas, onde é possível observar o potencial considerável no
interior do país.
25
BRASIL
Figura 1. Mapa do potencial disponível de biogás de resíduos pecuários. Fonte: EPE (2014)
Outro estudo da EPE que aborda o potencial do biogás para o setor energético brasileiro é Nota
Técnica 13/2014 - Demanda de Energia 2050 (EPE, 2014a). Nele é considerado o potencial de
produção de biogás total do país e não apenas resíduos agrícolas e urbanos e, além disso, é
calculado o potencial econômico, que é menor que o técnico por considerar as dificuldades para
viabilização econômica da fonte de energia. Outro ponto interessante do estudo é a previsão do
potencial de produção e de inserção do biogás até 2050 na matriz energética brasileira.
No caso da geração de energia elétrica a partir do biogás, as projeções indicam que a capacidade
instalada das usinas termelétricas será de 2.850 MW em um cenário base e poderá se converter em
5.188 MW em um cenário de “Novas Políticas”, ou seja, com maiores incentivos. Essa capacidade
convertida em biometano seria, em 2050, equivalente a 15,25 milhões de m3/dia para o cenário base
e de 28,39 m3/dia de biometano no cenário “Novas Políticas”. As curvas de projeção de inserção do
biogás na geração de energia elétrica podem ser observadas na Figura 2 e Figura 3, inclusive com a
curva de potencial teórico total de biometano.
Figura 2. Projeção da penetração do biogás como fonte para geração de energia elétrica até
2050, em capacidade instalada (MW). Fonte: EPE (2014a)
26
BRASIL
Figura 3. Projeção da penetração do biogás como fonte para energia elétrica até 2050, em
biometano equivalente versus potencial teórico. Fonte: EPE (2014a)
Figura 4. Projeção da penetração do biogás para a produção de biometano combustível até 2050
versus potencial teórico. Fonte: EPE (2014a)
27
BRASIL
Analisando as categorias das unidades da Tabela 1, das unidades em operação, 47% utilizavam
substratos da agropecuária e 34% substratos da indústria. No entanto, em relação à quantidade de
biogás produzido para fins energéticos, 43% são provenientes de aterros sanitários, 29% de
substratos da agropecuária e 22% da indústria.
Tabela 1. Quantidade de unidades e produção de biogás para energia por categoria no Brasil
(valores de 2015)
quantidade produçaõ de
categoria da unidade de unidades biogás (m³/dia)
estação de tratamento de esgoto 7 5% 85.052 5%
codigestão 8 6% 13.905 1%
agropecuária 60 47% 469.038 29%
indústria 43 34% 368.206 22%
aterro sanitário 9 7% 705.190 43%
total 127 1.641,391
28
BRASIL
APLICAÇÕES DO BIOGÁS
Em relação à principal aplicação energética do biogás nas unidades em operação no Brasil, das 127
unidades, 49% aplicam o biogás na geração de energia térmica e 44% na geração de energia elétrica.
Porém, a maior parte do biogás produzido para energia é utilizado na geração de energia elétrica ou
cerca de 65%, e cerca de 31% é aplicado na geração de energia térmica. Esses dados podem ser
observados na Tabela 2.
quantidade produçaõ de
aplicação do biogás de unidades biogás (m³/dia)
ENERGIA ELÉTRICA 56 44% 1.075.626 65,5%
ENERGIA TÉRMICA 62 49% 513.507 31,3%
eNERGIA MECÂNICA 6 5% 45.377 2,8%
BIOMETANO 3 2% 6.880 0,4%
TOTAL - - 1.641.391 -
*Considera-se que todo o biogás produzido na planta é utilizado na principal aplicação do biogás
da unidade, apesar de haver casos em que o uso é diversificado.
No Brasil há três plantas que tem como principal aplicação do biogás a produção de biometano
(Tabela 2), porém há quatro plantas com unidades de refino (upgrading) de biometano, sendo três
localizadas na região sul e 1 na região sudeste (Tabela 3). Duas dessas plantas tem postos de
abastecimento de veículos a biometano, uma aproveita na geração de energia elétrica e outro para
geração de calor.
Estima-se que haja 99 veículos convertidos para uso do biometano como combustível no país, sendo
59 na região de Foz do Iguaçu/PR e 40 na região de Montenegro/RS.
A planta “Granja Haacke” tem a produção de biogás e refino de biometano em Santa Helena/PR e o
posto de abastecimento de biometano na Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu/PR, com cerca de 120
km de distância entre as duas cidades. Assim, Itaipu Binacional tem 57 veículos aptos para receber
biometano. São 49 Sienas Tetrafuel, que já vêm da fábrica com o kit para gás veicular, e dez
adaptados em oficina certificada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), sete caminhonetes Mitsubishi L200 Triton flex e três Chevrolet Cobalt flex.
A planta do Consórcio Verde Brasil tem um posto de abastecimento de biometano para os veículos
da frota da empresa e dos parceiros. São 40 veículos sendo: 4 Kombi para transporte de pessoal; 1
Kombi para transporte de carga; 5 veículos leves do projeto; e 30 veículos leves dos sócios
agricultores e terceiros.
16
29
BRASIL
Quantidade Capacidade
Substrato aplicação TECNOLOGIA EM
de metano de planta
unidade utilizado do DE OPERAÇÃO
após refino (Nm3 de biogás
na biodigestão biometano REFINO DESDE
CH4 (%) bruto/h)
Codigestão - Efluente da
avicultura de postura e da
bovinocultura de leite, Adsorção com
Consórcio Verde Brasil efluente da indústria de Combustível Veicular 97% modulação de 500 2012
Montenegro/RS celulose e de sucos pressão (PSA)
cítricos, e efluentes de
abatedouros
Codigestão - Efluente da
suinocultura, resíduos Lavagem com água
Granja Genética Pomerode orgânicos de restaurantes Energia Térmica em -
Pomedoro/SC Indústria pressurizada (Water 125 2014
e resíduos da industriali- Scrubber)
zação de arros
• Programa ABC (Programa Agricultura de Baixo Carbono): Disponibiliza crédito para as ações
do Plano Agricultura de Baixo Carbono, com uma linha para tratamento de dejetos animais.
30
BRASIL
• Leilão de energia elétrica A-5: pela primeira vez um projeto de grande escala de biogás ganhou
um leilão A-5 (deve entrar em operação em 5 anos) de geração de energia promovido pela ANEEL. O
projeto vencedor é da empresa Raízen com a empresa Biogás Bonfim com uma capacidade
instalada de 20,8 MW a R$ 251,00/MWh. O substrato que será utilizado será o efluente da industrial
sucroenergética.
• Chamada pública para compra de biometano pela Sulgás: a concessionária de gás do estado
do Rio Grande do Sul iniciou o processo de divulgação para uma chamada pública de compra de
biometano, que ocorrerá em 2017.
• Programa RenovaBio: o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou em fevereiro de 2017 uma
consulta pública para um programa para incentivo da expansão e produção de biocombustíveis no
Brasil, denominado RenovaBio. O biogás é um dos combustíveis que será incentivado por esse
programa.
• CIBiogás: criado em 2013, é uma instituição de pesquisa, desenvolvimento e inovação que tem
como objetivo tornar o biogás um produto por meio do desenvolvimento de novos negócios e sua
efetiva implementação na matriz energética brasileira.
• Associação Brasileira de Biogás e Metano (ABBM): foi lançada em 2013 e conta com
empresários, produtores rurais, professores, pesquisadores e consultores. A busca por uma maior
representação do biogás e biometano na matriz energética é um dos propósitos da associação.
31
BRASIL
• Rede BiogasFert: ou Projeto “Tecnologias para produção e uso de biogás e fertilizantes a partir do
tratamento de dejetos animais no âmbito do Plano ABC”, parceria entre EMBRAPA e ITAIPU, reúne
pesquisadores em biogás e em fertilizantes de diversas universidades e institutos de pesquisa do
país.
CASOS DE SUCESSO
A Granja Haacke está localizada em Santa Helena, oeste do Paraná, e conta com 84 mil galinhas
poedeiras e 750 bovinos de corte. Desde de 2013, são encaminhados cerca de 100 m3 por dia de
efluente líquido para um biodigestor, modelo lagoa coberta, que realiza a digestão anaeróbia dos
resíduos, produzindo diariamente mil m3 de biogás. A unidade aproveita o biogás para produzir
biometano – biocombustível para automóveis – e para gerar energia elétrica, por meio de um
motogerador 112 kVA aspirado (sem turbina). A granja também tem um sistema de stand by que
garante a perenidade de energia elétrica na refrigeração das aves, evitando quedas repentinas e
consequente morte dos animais.
FOnte: www.CIBIOGAS.ORG/GRANJA_HAACKE
32
BRASIL
O Consórcio Verde Brasil é formado pela Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí -
Ecocitrus e pela empresa Naturovos, com apoio da Sulgás. Esse consórcio apresentou, em 2013, sua
planta de geração de biogás e biometano instalada no município de Montenegro/RS, com
tecnologias de produção e upgrading nacionais. O substrato é formado por resíduos da indústria de
sucos cítricos, laticínios e celulose, resíduos de frigoríficos e de avicultura de postura. O sistema de
biodigestão é composto por biodigestores de modelo lagoa coberta com aquecimento e agitação, e
produzia, até 2015, cerca de 1200 m3/dia de biometano, com as tecnolgias de upgrading (PSA e
lavagem com água), para ser utilizado como gás veicular em escala piloto na frota do consórcio. Está
em processo de negociação a utilização em larga escala em automóveis e indústrias. O excedente é
utilizado na geração de energia elétrica para consumo interno da planta de compostagem de
resíduos e produção de biometano.
Fonte: www.consorcioverdebrasil.com.br
28 33
BRASIL
Fonte: www.geoenergetica.com.br
Fonte: www.cvale.com.br/amidonarias.html
WWW.cibiogas.org/uds
34
BRASIL
Para aproveitar ao máximo esse potencial os biorreatores foram pensados como sistemas com
tecnologia adequada para alcançar a maior eficiência do processo biológico, além de custos
adequados para o mercado brasileiro.
Um ponto crítico é a construção de reator com características adequadas para agitação dos
substratos e aquecimento. A tecnologia disponível atualmente é o concreto armado, com alto custo
de implantação. Para isso buscou-se uma solução diferente do existente no mercado europeu, onde
são construídos com concreto armado ou aço, ambos materiais que representam um custo elevado
para implantação.
Sendo assim, por meio de um processo de inovação, buscou-se a fibra de vidro, mesmo material
utilizado em embarcações e que se mostrou viável, com um método de produção pré-fabricado e
um material leve, que não sobrecarrega as fundações. O biorreator foi produzido em placas, que
foram transportadas até o local da planta, onde foram montadas. Além disso, esse sistema tem o
fator modularidade, permitindo a remontagem do reator ou adaptações, apenas trocando uma
placa.
FOnte: www.CIBIOGAS.ORG/UPCIB
35
BRASIL
Os benefícios são:
36
paraguaI
37
PREFÁCIO
O presente material constitui um importante compêndio sobre o estado atual do desenvolvimento do biogás
no Mercosul, os mecanismos de incentivo, os investimentos realizados, as projeções e os casos de sucesso que
estão sendo registrados.
Embora o Paraguai conte com grande quantidade de energia elétrica proveniente das hidrelétricas, no tocante
a combustíveis para o transporte importa-se 90% dos combustíveis líquidos. Da mesma forma, o gás liquefeito
de petróleo (GLP) utilizado para a cocção de alimentos é totalmente importado.
A política energética do país tem como objetivos superiores a segurança energética e visa ao
autoabastecimento e à ampliação da utilização das fontes de energia renováveis de origem nacional, motivo
pelo qual consideramos que a incorporação de novos combustíveis renováveis como o biogás poderia servir
inicialmente para a utilização na cocção de alimentos e para mobilidade sustentável a médio prazo.
38
PARAGUAI
O PAÍS
O Paraguai possui uma superfície total de 406.752 km2, com uma população de 6.854.536
(estimativa da DGEEC para o ano 2016). O Produto Interno Bruto estimado pelo BCP para o ano 2016
foi de US$ 27.982,3 milhões.
A matriz energética do Paraguai se caracteriza por uma elevada oferta de energia primaria de origem
renovável e local, especificamente a hidrelétrica e a biomassa. Conforme a auditoria energética de
2015, 68,4% da produção de energia elétrica corresponde a hidroeletricidade e 31,6% a biomassa
(lenha, carvão vegetal e resíduos vegetais). No entanto, analisando o consumo final, a biomassa
representa 42,6% da energia consumida no país, 18,4% provém da eletricidade 39% dos
hidrocarbonetos.
O Paraguai é um país rico em recursos naturais. Sua riqueza hídrica em águas superficiais e
subterrâneas é uma das maiores do mundo e conta com uma importante possibilidade de
aproveitamento, o que proporciona uma ampla margem para o investimento nacional e
estrangeiro. A produção de energia primaria está composta exclusivamente por fontes renováveis,
(hidroeletricidade e biomassa). Não tem extração de petróleo e a produção de gás natural é de
caráter local, não representando na atualidade uma contribuição importante para a matriz
energética nacional.
As Centrais Hidrelétricas Binacionais de Itaipu e Yacyreta atendem o 95% do consumo local. Além
disso, o alto excedente de energia disponível para a exportação o coloca numa posição privilegiada
para o planejamento do futuro energético por meio de um marco jurídico que facilite e consolide o
uso eficiente das energias, além da inclusão de outras fontes de geração limpas como uma
alternativa.
BIOGÁS NO PARAGUAI
No Paraguai, traçaram-se vários projetos para implantar o uso de biodigestores para a obtenção de
biogás. Por motivos pouco claros, ou talvez pela inexistência de incentivos ou geração de
consciência sobre os benefícios que poderiam se obter com esse sistema, na atualidade nenhum
dos biodigestores são utilizados.
Outro componente importante no tema da Bioenergia é o Biogás, que em nosso País ainda tem
pouco desenvolvimento, principalmente, pelo excesso de energia proveniente das hidrelétricas. No
entanto, utiliza-se o gás liquefeito de petróleo (GLP), que é importado. É preciso destacar que no
País, está sendo pesquisada a tecnologia adequada para o uso do Biogás proveniente de distintas
fontes, já que a base da economia nacional é acima de tudo agropecuária, o que faz com que se
disponha de grande quantidade de resíduos provenientes do setor agrícola e pecuário.
A Granja San Bernardo, o Frigorífico BERTIN (San Antonio) e El Farol e Itaipu com a ANDE chegaram
a um acordo para desenvolver projetos para produzir energia eléctrica alternativa a base de biogás.
39
PARAGUAI
Outra produtora de biogás é a granja San Bernardo, que está localizada na região do Alto Paraná.
Esta granja produz 1000 m3 de biogás/dia, motivo pelo qual poderia gerar 250 kW durante 14
horas/dia e fornecer energia elétrica para a própria fábrica. Na atualidade produz biogás que é
liberado à atmosfera.
Projeto em Comunidade de Piribebuy, umas 20 famílias rurais de Paso Hu, por meio da Faculdade de
Ciências Agrárias e com o financiamento da PNUD, foram beneficiadas com a instalação e
assistência técnica no uso dos biodigestores.
O Centro de Criação de Porcos, com a Cooperação da Missão Técnica de Taiwan, tem uma planta de
biogás com 4 biodigestores com uma projeção anual de 1.040.836 m3 de biogás. No início,
pretendia-se que esta planta de biogás produzisse energia para a fábrica de alimentos, para o
matadouro e também calefação para porcos. Na atualidade, em épocas de frio, o biogás é utilizado
para a calefação do galpão de maternidade.
Promoção do uso de biodigestores que propiciem a conservação dos recursos florestais, a fixação
de carbono, a proteção e o uso racional dos recursos hídricos, para a sustentabilidade ambiental e
econômica das unidades de produção agropecuária das famílias de camponeses de Paso Jhú,
Distrito de Piribebuy, Departamento de Cordillera”; proposto pela Associação de Docentes
Pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias da UNA (ADIFCA), entidade sem fins lucrativos
(Decreto Lei 20.751/98). Para esse projeto foi analisado o potencial de produção de biogás a partir de
resíduos domésticos e esterco fresco, principalmente bovino, em 20 sítios rurais do município de
Piribebuy, a cidade homônima, localizada a 87 km de Asunción, será a base da operação. Nessas
chácaras é comum encontrar pelos menos dois bois e de duas a quatro vacas leiteiras, o que gera
resíduos orgânicos suficientes para a produção em pequena escala de biogás.
40
PARAGUAI
Calcula-se que a granja produz por dia 7.129 kg de esterco, tem a capacidade de criar 1.675 cabeças
de porco, o que significa que pode produzir 2.602,09 toneladas de esterco, sendo que cada tonelada
poderá produzir 0,4 m3 de biogás, somando em um ano uma produção total de 1.040.836 m3 de
biogás.
APLICAÇÕES DO BIOGÁS
Bioenergia
Alavancado pela Itaipu Binacional em parceria com a Fundação Parque Tecnológico Itaipu, a
Administração Nacional de Eletricidade e a empresa Granja San Bernardo S.A., por intermédio de
uma aliança público-privada que tem aproveitado o gás metano produzido através de um
biodigestor que decompõe de forma anaeróbica os efluentes provenientes do confinamento de
porco na GSB.
Dito aproveitamento consiste em utilizar o gás metano para a geração de energia elétrica através de
um motogerador disponibilizado pela ANDE. O gás é filtrado por meio de uma torre de lavagem que
o adequa para que o motor tenha una vida útil mais prolongada e os gases de combustão não sejam
contaminantes para o ambiente, de modo que encerre o princípio de aproveitamento de resíduos e
geração de energia limpa. Na atualidade estão sendo feitos os últimos ajustes e controle de
funcionamento para a inauguração do projeto.
Alavancado pela Itaipu Binacional em parceria com a Fundação Parque Tecnológico Itaipu, a
Administração Nacional de Eletricidade e a empresa JBS Paraguai S.A., por intermédio de uma
aliança público-privada que tem aproveitado o gás metano produzido através de um biodigestor
que descompõe de forma anaeróbica os resíduos industriais provenientes do frigorífico JBS
Paraguai.
Este aproveitamento consiste em utilizar o gás metano para a geração de energia elétrica através de
um motogerador disponibilizado pela ANDE. O gás é filtrado por meio de uma torre de lavagem que
o adequa para que o motor tenha uma vida útil mais prolongada e os gases de combustão não sejam
contaminantes para o ambiente, de modo que encerre o princípio de aproveitamento de resíduos e
geração de energia limpa. Na atualidade estão sendo feitos os últimos ajustes e controles de
funcionamento para a inauguração do projeto.
41
PARAGUAi
Projeto foi alavancado pela Itaipu Binacional, pela Prefeitura de Juan E. Oleary e pelo Comité de
Agricultores San Isidro do mesmo município. Este projeto tem como objetivo utilizar uma chácara
como unidade demonstrativa na utilização de biodigestores anaeróbicos, para a obtenção de
biogás a partir de resíduos e efluentes de animais da propriedade. Este biogás será utilizado como
energia térmica para o cozimento de alimentos. O projeto também contemplava a capacitação de
todos os membros do comitê, a fim de que eles possam reproduzir a experiência em suas chácaras.
Dependendo dos resultados, o projeto poderá ser ampliado, incorporando a interconexão das
chácaras através de um gasoduto, que interligará os biodigestores para o aprovisionamento do gás
e sua posterior venda a potenciais usuários, seja como combustível, seja para suprir necessidades
térmicas dos silos e secadores da área.
CASOS DE SUCESSO
42
PARAGUAi
43
URUGUAI
45
PREFÁCIO
As energias renováveis têm se desenvolvido exponencialmente no Uruguai, fato que posiciona o País como
caso de estudo no contexto internacional. Tal desenvolvimento tem sido possível por meio da aplicação de
uma política energética liderada pela Direção Nacional de Energia do Ministério de Indústria, Energia e Minera-
ção, política essa desenhada com uma visão de longo prazo, aprovada em 2008 e corroborada por todos os
partidos políticos em 2010. Entre seus objetivos encontra-se a diversificação da matriz energética, com
especial ênfase nas energias renováveis, a alavancagem da eficiência energética e o acesso universal e seguro
à energia para todos os setores sociais. Atualmente já é possível observar os resultados de sua aplicação,
constituindo, no último ano, a energia a partir de recursos tais com a água, o vento, a biomassa e o sol 97% da
matriz elétrica e 62% da matriz primária de abastecimento.
Paralelamente, esforços para a valorização de resíduos, entre outros destinos, transformando-os em energia,
encontram-se em curso. Exemplo disso é o projeto Biovalor, que faz foco na valorização de resíduos agroindus-
triais mediante alternativas que permitam reduzir emissões, e encontra-se atualmente apoiando o desenvol-
vimento de vários projetos que aplicam diferentes tecnologias, entre elas a produção de biogás. A digestão
anaeróbica constitui uma alternativa atraente não só para o tratamento de efluentes mas também para a
geração de energia térmica ou elétrica a partir do biogás gerado e da utilização do digestato como fertilizante.
A utilização do biogás como recurso energético está, sem dúvida, alinhada com as ações que têm sido realiza-
das pelo Uruguai para a transformação de sua matriz energética, motivo pelo qual está trabalhando para
apoiar sua produção de forma sustentável.
46
uruGUAI
O PAÍS
O Uruguai é um dos menores países da América do Sul e sua população é de aproximadamente 3,5
milhões de habitantes. No contexto regional e internacional mostra um desenvolvimento
relativamente interessante em matéria de democracia, desenvolvimento humano e equidade, além
de contar com uma agenda de direitos inclusiva.
Do ponto de vista energético, o Uruguai carece de reservas comprovadas de gás, petróleo e carvão,
porém dispõe de abundantes recursos naturais autóctones passíveis de serem utilizados com fins
energéticos.
Nos últimos dez anos, este pequeno país experimentou uma autêntica revolução energética. Graças
a uma mudança política ocorrida em 2005, formulou-se a revisão do paradigma vigente até aquele
momento no setor energético (substituindo a visão da energia como bem de mercado por sua
identificação como bem estratégico e, consequentemente, objeto de planificação por parte do
Estado). Em tal contexto, em 2008 foi aprovada uma política energética que continha uma
perspectiva de longo prazo e que incorporava à clássica abordagem técnico-econômica o ponto de
vista ambiental, social, ético e cultural do tema energia.
Esta política de governo que contempla o compromisso com a incorporação de fontes renováveis, a
eficiência energética e a energia como direito, alcança em 2010 o status de Política de Estado ao ser
acordada com todos os partidos políticos com representação parlamentar.
47
uruGUAI
Figura 1: Abastecimento primário por fonte ano 2015 e evolução desde 1990.
Dados tomados do Balanço Energético Nacional 2015, DNE-MIEM
Eletricidade importada
Gás natural
Petróleo e derivados
Biomassa
Os resultados não se fizeram esperar e pouco mais de sete anos dos mencionados delineamentos
estratégicos permitiram:
- Executar um processo mediante o qual o recurso eólico será superior a 37% de participação na
matriz elétrica, colocando o sistema elétrico na fronteira tecnológica no que se refere à gestão de
fontes intermitentes.
- Quadriplicar a participação de fontes renováveis com relação à média global (tanto na matriz
global quanto na elétrica).
48
uruGUAi
Figura 2: Insumos para geração por fonte em 2015 e evolução desde 1965. Dados tomados do
Balanço Energético Nacional 2015, DNE-MIEM
Eólica
Biomassa
Gás n atural
Diesel
Energia hidrelétrica
BIOGÁS NO URUGUAI
A utilização do biogás no Uruguai não é algo recente. Na primeira, e mais especificamente, na
segunda crise internacional do petróleo, estendeu-se o uso de dita tecnologia como fonte
alternativa, particularmente visando ao uso térmico no âmbito rural.
Muitos dos empreendimentos desenvolvidos em tal contexto foram interrompidos por dificuldades
técnicas não previstas inicialmente, já que a ideia predominante no momento da instalação era de
que se tratava de “um equipamento extremamente simples e que praticamente funcionava
sozinho”, afirmação que se mostrou apenas parcialmente correta, pois enquanto que a tecnologia
era na prática de fácil instalação, em seu funcionamento requer – como todo processo
biotecnológico – cuidados e precauções em seu uso.
Infelizmente, assim como o que ocorreu em muitos outros países, a mudança do contexto
internacional fez com que muitos dos esforços fossem descontinuados ou abandonados.
A transformação energética que o Uruguai concretizou na última década (com uma forte aposta na
incorporação de energias renováveis) gerou condições favoráveis para, uma vez avançada a
transformação do setor elétrico, começar a propiciar a geração de condições que “permitiram a
transformação de um passivo ambiental (os resíduos) em um ativo energético”.
49
uruGUAI
É nesse contexto que, de forma conjunta, os Ministérios de Indústria, Energia e Mineração (MIEM), o
Ministério de Vivenda, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente (MVOTMA) e o Ministério de
Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP, por suas iniciais em espanhol) abordaram a execução de um
projeto com foco na transformação “rumo a uma economia verde no Uruguai, estimulando práticas
de produção sustentáveis e tecnologias com baixas emissões ao ambiente em setores priorizados”
(Projeto conhecido como Biovalor: gerando valor com resíduos agroindustriais, ver mais
detalhadamente no item 6.1 do presente capítulo).
Este projeto constitui uma das apostas mais importantes para o desenvolvimento de ações de
valorização de resíduos, em particular os resíduos orgânicos, visando à geração de biogás.
No marco do Projeto BIOVALOR o Grupo BIOPROA (do Instituto de Engenharia Química da Faculdade
de Engenharia da Universidade da República) analisou o potencial de geração de biogás a partir de
resíduos passíveis de serem valorizados mediante digestão anaeróbia.
Foram revelados uma série de setores produtivos que a priori poderiam ser interessantes do ponto
de vista da digestão anaeróbia de seus resíduos e que, além disso, têm uma presença importante na
realidade produtiva nacional: indústria avícola, indústria suína, cervejarias e maltarias,
processamento de frutas e verduras, curtumes, feedlots, cadeia láctea, lavagem de lã, indústria
oleaginosa, açúcar e álcool, indústria vitivinícola, frigoríficos e pequenas comunidades.
50
uruGUAI
(MILHÕES m³ metano/aNo)
60
PARA MAIS INFORMAÇÕES, ACESSE
http://biovalor.gub.uy/informes-tecnicos
50
40
30
20
10
mín
0 máx
AVÍCOLA
CERVEJARIA E MALTARIA
CADEIA LÁCTEA
AÇUCAR E ÁLCOOL
FRUTAS E HORTALIÇAS
CURTUMES
CONFINAMENTO
LAVAGEM DE LÃS
FRIGORÍFICOS
PEQUENAS COMUNIDADES
51
uruGUAI
Também foram feitos estudos acerca do potencial de produção de biogás no âmbito departamental
(estadual), obtendo-se o seguinte mapa:
Estimação de resíduos produzidos com potencial para geração de biogás e Setores onde são gerados os resíduos
mapeados:
digestato segundo Seção Policial (ton. lixo/ano)
- Fazendas leiteiras;
- Produção intensiva de suínos;
- Frigoríficos;
- Indústria de Laticínios;
- Curtume;
- Elaboração de produtos cárneos;
- Lavagem de lãs;
- Indústria oleaginosas
- Cerveja e maltaria;
- Açucar / Álcool.
Tabela 3: Número de unidades e produção de energia por categoria no Uruguai (2016). (Fonte:
Lanas Trinidad e Aterro Las Rosas)
52
uruGUAi
Tabela 4: Projetos que utilizarão biogás para geração de energia (Fonte: DNE e Projeto Biovalor)
APLIÇÕES DO BIOGÁS
A principal aplicação energética do biogás gerado no Uruguai é a geração de energia elétrica. Além
disso, existem empreendimentos do setor lácteo, frigorífico, de malte, aterro sanitário, etc. que
utilizam o biogás para aquecimento do efluente, que o liberam à atmosfera ou que realizam sua
queima sem aproveitamento.
Tabela 5: Aplicação do biogás no Uruguai (2016) (Fonte: Lanas Trinidad e Aterro Las Rosas)
Em 2014, entrou em execução o projeto Biovalor, que não é um projeto específico de promoção de
biogás, mas esta tecnologia fica compreendida dentro de seu alcance.
53
uruGUAi
O projeto é financiado pelo Fundo Global do Meio Ambiente (GEF, por suas iniciais em inglês), assim
como por organismos públicos e privados. A Agência implementadora do projeto é a Organização
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI).
Os setores industriais priorizados pelo projeto são: I) Frigoríficos, II) Engorda em curral, III) Criação
de Suínos, IV) Elaboração de produtos cárneos, V) Criação de Aves, VI) Industrial Avícola, VII) Fazenda
Leiteiras, VIII) Indústria láctea, IX) Açúcar/Álcool, X) Vinícolas e Produtoras de Sidra, XI) Curtumes, XII)
Cervejarias e Maltarias, XIII) Oleaginosas, XIV) Lavagem de Lãs, XV) Empacotamento e
processamento de frutas e verduras e XVI) Pequenas localidades.
54
uruGUAI
Em outubro de 2013 ficou confirmado um Comitê para a elaboração de normativa técnica na área de
biogás no Instituto Uruguaio de Normas Técnicas (representante da ISO no Uruguai). Atualmente o
Comitê Nacional está trabalhando na elaboração de uma norma UNIT de segurança para plantas de
biogás. A mesma se encontra em consulta pública desde 3 de maio até 31 de julho de 2017.
Projeto apoiado pelo Programa de Pequenas Doações do Fundo Global do Meio Ambiente
Entre os anos 2006 e 2008, o Instituto de Estudos Sociais (ONG Creciendo), com o apoio e
financiamento do Programa de Pequenas Doações do Fundo para o Meio Ambiente Mundial que se
implementará por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, realizou um
projeto denominado “Produção de energia renovável (biogás) em estabelecimentos leiteiros e
utilização de subprodutos gerados pelo biodigestor”. Atualmente nenhum dos biodigestores
instalados no projeto se encontra em funcionamento.
CASOS DE SUCESSO
Lanas Trinidad
Lanas Trinidad é uma empresa dedicada à produção e comercialização de lã penteada e gordura de
lã, com longa tradição no desenvolvimento e implantação de tecnologias inovadoras, tanto de
forma autônoma quanto em conjunto com outros atores (setor acadêmico, consultoras privadas de
engenharia, etc.). A empresa tem autorização para produzir 600 kW de energia elétrica a partir do
biogás que se produz do tratamento biológico de seus efluentes.
Além disso, aproveita-se o calor do motogerador para aquecer a lagoa de tratamento. O início da
captação e queima de biogás foi em junho de 2013. O início da geração elétrica é de maio de 2014. A
produção média de biogás queimado total é de aproximadamente 1.827 Nm3/dia.
55
uruGUAI
No Uruguai existe há mais de 10 anos uma experiência vinculada à geração de energia elétrica a
partir de biogás produzido mediante a biodigestão dos resíduos urbanos gerados nos principais
núcleos populacionais do departamento (estado) de Maldonado.
Esta planta conta com uma potência instalada de 1,2 MW e lança a energia gerada na rede elétrica
nacional.
Participantes do projeto:
No aterro é captado o biogás produzido a partir da fermentação de resíduos sólidos urbanos. Parte
dessa energia é autoconsumida e parte é lançada à rede. A operação começou em 2005.
A produção média de biogás captado é de aproximadamente 5.073 Nm3/d.
56
uruGUAI
A partir dos resíduos oriundos das atividades da empresa é gerado o biogás. Na atualidade, conta-se
com 2 biodigestores de tecnologia alemã em funcionamento. O biogás produzido nos biodigestores
(8.000Nm3/dia) é utilizado para aquecer o efluente e no futuro próximo será queimado em uma
planta de geração elétrica já instalada para gerar 500 kW para consumo interno.
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uruGUAI
Figura 10: - Biodigestores para tratamento de resíduos com geração de biogás Estancias del lago
COMENTÁRIOS FINAIS
O Uruguai conta hoje com uma institucionalidade definida, um marco regulatório adequado, atores
privados ativos no setor, o que permite concluir que no futuro próximo o uso desse potencial
energético será replicado por outros atores.
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