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APOSTILA DE
CINESIOLOGIA
Prof. Christian Marchi
2° período
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UNIDADE I – INTRODUÇÃO A BIOMECÂNICA
Os planos e eixos são definidos em relação à posição anatômica, que coloca o corpo ereto
com os pés unidos, membros superiores ao longo do corpo e as palmas das mãos ‘olhando’ para
frente. Todo eixo é ortogonal ao seu plano associado.
Plano Frontal ou Coronal: divide o corpo em anterior e posterior e é ilustrado como se
passasse pela linha da sutura coronal.
Plano Sagital: divide o corpo em direito e esquerdo. É ilustrado como se passasse pela linha
da sutura sagital.
Plano transversal: divide o corpo em superior e inferior.
Eixo antero-posterior: cruza a articulação neste sentido e orienta os movimentos dentro do
plano coronal.
Eixo latero-lateral: cruza a articulação neste sentido e orienta os movimentos dentro do
plano sagital.
Eixo longitudinal ou vertical: cruza a articulação num sentido crânio-caudal e orienta os
movimentos dentro do plano transversal.
“A grosso modo”, existem dois tipos de movimentos que ocorrem nas articulações. A
oscilação denomina os movimentos de grande amplitude que o paciente pode executar
voluntariamente, estão relacionados à osteocinemática. Os movimentos acessórios ocorrem dentro
da articulação e tecidos vizinhos e são necessários para a amplitude do movimento normal, porém
não podem ser executados pelo paciente (artrocinemática).
Da osteocinemática temos:
Flexão: nome dado ao movimento que aproxima os dois ossos da qual pertence a articulação.
Ocorre no plano sagital através de um eixo látero-lateral.
Extensão: ao contrário do anterior, este nome refere-se ao movimento de afastamento de dois
ossos os quais pertencem a mesma articulação. Também ocorrem no plano sagital através de um
eixo látero-lateral.
Abdução: este movimento determina o afastamento de um dos ossos ao qual pertence a
articulação em relação à linha média do corpo. Este movimento ocorre num plano coronal através
de um eixo antero-posterior.
Adução: este movimento é inverso à abdução determinando a aproximação de um dos ossos
ao qual pertence a articulação em relação à linha média do corpo. Este movimento também ocorre
num plano coronal através de um eixo antero-posterior.
Rotação interna ou medial: movimento que ocorre no plano transversal através de um eixo
longitudinal referindo-se à face anterior do osso movimentado na direção da linha média do corpo.
Rotação externa ou lateral: movimento inverso ao anterior determinando o deslocamento da
face anterior do osso para longe da linha média do corpo. Também ocorre no plano transversal
através de um eixo longitudinal.
Circundação: conjunto de todos os movimentos. É bem característico das articulações
esferóides.
Da artrocinemática temos:
Deslizamento: um mesmo ponto de uma superfície articular toca vários outros pontos da
outra.
Rolamento: vários pontos diferentes de uma superfície articular tocam vários outros pontos
diferentes de outra.
Tração ou decoaptação: movimento de afastamento de duas superfícies articulares, num
sentido perpendicular ao “plano de tratamento”.
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Compressão: inverso ao anterior, as forças empurram uma superfície articular em direção à
outra num sentido perpendicular ao “plano de tratamento”.
Cisalhamento: caracterizado por compressão em direções diversas.
COMO FUNCIONA?
O sarcômero (unidade funcional do
músculo) é constituído por dois tipos de
miofibrilas arranjadas de forma seqüencial
conforme a figura ao lado. As fibras mais escuras
são da proteína miosina e as mais claras são de
um polipeptídeo mais fino, a actina.
Em resumo, a entrada de cálcio dentro da
fibra muscular favorece as conexões entre as “cabeças” da miosina e seus sítios específicos na
actina, gerando uma deformação mecânica e aproximando as bandas I de cada sarcômero. Estas
regiões possuem íntimo contato com o endomísio, e este com o perimísio e são formados por
tecidos fibrosos de conexão sendo responsáveis pela transmissão do encurtamento do sarcômero
para os tendões, e estes, para o osso.
Um músculo pode ser motor primário quando ele é o principal atuante num movimento. O
músculo motor secundário, geralmente é acionado para dar suporte de força ou direção ao
movimento.
Eles também podem ser classificados quanto à sua forma ou disposição das fibras. Neste caso
abordaremos a musculatura esquelética:
Longitudinal (fusiforme): constituem fibras paralelas que percorrem provavelmente toda a
extensão do músculo. Produz maior encurtamento.
Radiado: apresenta somente um ventre muscular, porém suas fibras divergem ou convergem
para um tendão ou inserção óssea.
Unipenado: os músculos penados diferenciam-se pela presença de um tendão ou aponeurose
que acompanha o seu trajeto, sendo que o músculo unipenado apresenta ventre muscular em
apenas um lado desta estrutura.
Bipenado: o músculo bipenado apresenta fibras musculares dos dois lados do tendão.
Multipenado: pode caracterizar vários tendões acompanhados de ventres musculares que
divergem ou convergem em uma direção.
6. INTRODUÇÃO À BIOMECÂNICA
1. MECÂNICA: área da física e engenharia que lida com a avaliação das forças
responsáveis pela manutenção de um objeto ou estrutura numa posição fixa, bem
como a descrição, predição e causas do movimento de um objeto ou estrutura. A
mecânica é dividida em estática que considera partículas e corpos rígidos que estão
num estado de equilíbrio estático e dinâmica que estuda os objetos em movimento
acelerado. [rasch]
2. BIOMECÂNICA: área da mecânica que se interessa no corpo humano, tanto estável
como em movimento e na ação das forças musculares e articulares que atuam na
manutenção do corpo em equilíbrio.
3. CINESIOLOGIA: ciência que estuda os movimentos através da aplicação dos
princípios básicos da mecânica (biomecânica) a fim de avaliar, compreender, previnir,
diagnosticar e tratar lesões geralmente músculo-esqueléticas.
4. FORÇA: entidade que tende a produzir ou parar o movimento. (dinâmica X estática).
É uma grandeza com características específicas: quantidade, direção e sentido
aplicados em um ponto ou local específico. Seguindo estas características as forças
podem agir nos corpos resultando em:
a. Tensão: forças no mesmo sentido mas em direções opostas;
b. Compressão: forças no mesmo sentido e na mesma direção;
c. Cisalhamento: forças em sentidos e direções adversas;
As forças são representadas por vetores (setas) que indicam a direção, o sentido e a
magnitude delas além do seu ponto de aplicação. O resultado do movimento varia conforme a
resultante das forças que atuam sobre o corpo em questão. Se as forças estão no mesmo sentido a
resultante é encontrada através de somatória simples, se estão em sentidos diferentes é encontrada
através da trigonometria usando-se o paralelogramo ou o triangulo:
Para encontrar a força resultante nas composições, traça-se linhas paralelas a partir dos
vetores iniciais.
Determine os
vetores e forças de
carga sobre um
segmento da coluna
vertebral
6.3 ALAVANCAS:
Uma força externa que é aplicada sobre um objeto é chamada carga. Forças situadas no
interior do objeto carregado reagem à força externa. Como já foi dito as forças/cargas podem
ser aplicadas sobre a forma de tensão (← →), compressão (→←) e cisalhamento (↑↓).
Situações como esta ocorrem no cotidiano e são estas forças que o nosso sistema músculo-
esquelético-articular está sujeito. A partir disso, são incrementados pontos de maior ou
menor densidade óssea, maior ou menor necessidade de resistência entre outros, tipos de
fraturas e formas dos ossos e segmento
FISIOLOGIA ARTICULAR
DO COMPLEXO DO
OMBRO
Cinco articulações compõe o complexo articular do ombro, e conseqüente cintura escapular.
Três delas, são verdadeiras e duas delas são falsas:
* Articulação Gleo-umeral (V);
* Articulação Acrômio-Clavicular (V);
* Articulação Esterno-Clavicular (V);
* Articulação Subacromial (F);
* Articulação Escapulo-Torácica (F);
Movimentos do ombro:
Flexão: (180 – 200°)
Abdução: (180°)
Adução: (45°)
Rotação Externa: (80°)
Rotação Interna: (90°)
Extensão: (30°)
É uma articulação do tipo sinovial esferóide, com cartilagem, liquido sinovial, estruturas
fibrocartilaginosas de contenção e cápsula articular. Ela é a articulação deste tipo mais móvel do
corpo humano. Tanto movimento, prejudica a sua estabilidade que é realizada de forma “estática”
pela cápsula articular e pelos ligamentos contidos nela, e de forma dinâmica principalmente pelos
músculos do manguito rotador.
A cabeça do húmero possui forma de semi esfera cujo raio mais superior é maior do que o
raio inferior, tornando a sua curva superior mais suave do que a sua curva inferior. Isto proporciona
maior estabilidade quando o membro superior estiver em abdução. Aliás, esta posição (90° de AB)
é considerada a mais estável de todas possíveis pela articulação gleno-umeral, principalmente
quando estiver associada a uma rotação externa (RE máxima = 90°). Todos os ligamentos da
articulação e alguns músculos são tensionados impedindo o deslocamento anormal da cabeça do
úmero. A esta posição damos o nome de Closed Pack Position (posição do pacote fechado). A
posição contrária a esta, proporciona o relaxamento de todos os ligamentos e a equidistância entre
os comprimentos musculares, proporcionando inclusive uma excelente posição para a manipulação
da cabeça do úmero. Para Keltenborn, 2001, esta posição é aproximadamente de 55° da abdução e
30° de adução horizontal.