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TECNOLOGIA

Com o dinheiro Você provavelmente o CHUTE INICIAL


de milhares de já conhece essa história: cansados de serem igno-
,

desconhecidos, rados por bandas internacionais, alguns cariocas


No ano passado, o
resolveram juntar dinheiro (entre pessoas que
projetos que não se conheciam, mas gostavam do mesmo som)
Kickstarter recebeu 27 mil
projetos e US$ 99 milhões
pareciam e convidar atrações gringas para tocar na cidade.
impossíveis estão Nascia o Queremos, um site de financiamento co- TOTAL DE PROJETOS
saindo do papel. letivo: um tipo de vaquinha virtual feita por apoia-
dores de uma mesma ideia.
O segredo: os A novidade é que esse tipo de financiamento, o
financiadores não crowdfunding, também tem funcionado para criar
querem lucrar - empresas. Vários produtos, inclusive, se tomaram
entram nessa pela realidade com a ajuda do financiamento coletivo.
Um dos mais famosos é uma alça que transforma
ideia e pelo ideal.
-
o iPod Nano em relógio - o sujeito que teve a ideia
recebeu doações de dezenas de milhares de pessoas NÚMERO DE VISITANTES
TEXTO LUIZ ROMERO para desenvolver a pulseira. E acabou com quase US$
DESIGN RICARDO DAVINO 1 milhão no bolso. Outro criou um dock bonitão de
ILUSTRAÇÃO PEDRO MELO
iPhone feito em alumínio. Recebeu US$ 1,4 milhão.
Quem faz a coleta de dinheiro para esse tipo de
projeto são especialistas em financiamento cole-
INVESTIMENTO POR ÁREA*
tivo. Sites como o IndieGoGo e o RocketHub aju-
dam pessoas do mundo todo a pedir dinheiro para Música US$ 19,8 mi
desenvolver suas ideias. Só em 2011, o Kickstarter,
••• _.,,_ •••••••••••• _ ••••• _ •• _ ••••• _ _..... • ••• ",,,._._._,,,, __ , •••• __ ._ "'-0

!?~~~~ ~~~~~:l:."'.i .
um dos principais portais de crowdfunding, regis- __
Arte
o ••
_ US$ 5,9 mi
._ •••• _ ••••••• __ ._ •• "'_'_""'.'_'_'

trou 27 mil projetos, ajudados por 30,S milhões de Editorial


_._. _
_
_ US$ 5,lmi
_ ..__ ._-------_ _-- _._--- .. - .. _
pessoas (veja mais no gráfico ao lado). No Brasil, a :re~~()~gia_ ~U~ 4,6 mi
Teatro _ US$ 4mi
movimentação ainda está começando, tocada por
!ogos __ __IIIIIII_~~$_3:~"'i . _
sites como o lncentivador, o Catarse e o próprio f
Comida
_- _ •__ US$_ 2,8_--mi_ _-_ _ _-_._-_._.
r
_ _ •...... ..
Queremos - por eles e pela torcida do Palmeiras, _

~().!()~!_~fia ~~~~~~l ~ ... ..._ .__ .


que tentou usar o crowdfunding para trazer o meia gLJ~<:lri~~.Cl.s
IIU~$ 1,7 mi I
Wesley (a vaquinha não deu certo). Mas o que não Moda • US$ 1,3 mi
falta são casos que deram. Veja aqui. O Dança I US$ 1 mi • em 2011

80 SUPERMAIO 2012
Tapete vermelho
Caminho de celebridades, ele já foi também palco de tragédia grega. Hoje em dia,
funciona mesmo como propaganda disfarçada. - TEXTO HELENA DIAS

TRAGÉDIA QUEFAMíUA O OSCAR VAL..


GREGA Os Vanderbilts PARA QUEM
Muito antes de se eram uma tradicional TEM SORTE
estender diante dos família americana. O tapete vermelho
candidatos ao Oscar, Algumas de suas pelo qual entram
o tapete vermelho mansões ficavam os famosos para a
apareceu pela primei- na 5' Avenida, de J cerimônia do Oscar
ra vez na peça Aga· Nova York, e eles tem 152 metros de
memnon, de Ésquilo, gostavam de aprovei- comprimento e 10
de 458 a.c. na Grécia tar a localização privi- metros de largura.
Antiga. Nela, o rei legiada para esnobar E apenas 700 fãs
Agamemnon é recebi- um pouco. Toda vez sortudos podem sen-
do com um tapete de que um Vanderbilt tar na arquibancada
bordados vermelhos chegava em casa, na lateral dele, para
em sua volta da Guer- os empregados es- observar a entrada
ra de Troia. O rei diz tendiam um tapete das celebridades.
que caminhar sobre vermelho da porta E qualquer um pode
tal luxo é um direito de entrada até a car- ter essa honra: basta
apenas dos deuses. ruagem ou carro do se inscrever pela in-
Era o nascimento patrão. O costume ternet e ter a sorte
do tratamento VIP. só parou em 19 2. de ser escolhido.

PRA PAPJ\RI- MIMOS CAROS


CARVOCE Hoje, o tapete do Os-
Algumas empresas car funciona como
mimam seus clientes uma sofisticada pro-
com o tapete. A pri- paganda. Desde
meira delas foi a com- 1944, quando a atriz
panhia de trem New Jennifer Jones usou
York Central, que es- pela primeira vez dia-
tendia um carpete mantes emprestados,
vermelho na platafor- as roupas e joias das
ma que levava às clas- celebridades são ce-
ses altas dos trens. didas pelas grifes
Atualmente, algumas como forma de divul-
companhias aéreas ta- ação. E funciona:
.~Nri12ffli~a: ISsO'""'-- em 199"'7,o colar da
ajuda a manter os avi- Cartier de diamantes
ões limpos, já que os usado por Celine
passageiros passam o Dion, avaliado em
pé no tapete antes de uss 490 mil, foi ven-
entrar - e deixam a dido antes mesmo
sujeira fora. do fim da cerimônia.

lIustraçio Fabricio Lopes


FontasGe9ffDoughty.membroda5ociedadeHist6ricadaNewYori<CentralSystem;Agame-
mnon, de Esquilo (Ebookdo projeto Gutenberg. publicado em 2004); Odd Zschiedrich, diretor
44 SUPERMAIO 2012 - RESPOSTAS administrativo da Academia Sueca; Marcelo Pedrozo, ooordenadordo cume de moda do Senac.
f~ Sf~•••

...os computa- Profissões em alta


Viver num mundo sem
computadores já seria difícil.
NO CAIXA
Você correria ao banco
cada vez que precisasse

dores jamais Sem esses trabalhadores,


seria impossível.
de dinheiro (o essencial
talão de cheque ainda
não seria aceito em todos

tivessem sido NA RUA


os lugares. Seria mais
difícil verificar se o dono
tem nome sujo na praça).
Os bancos teriam de

inventados?
- TEXTO SALVADORNOGUEIRA
Você usa o computador para pagar
contas e fazer compras, entre muitas
outras funções, sem sair de casa.
Tire ele de cena e você terá de ir às
multiplicar-se para atender
à demanda da população.
Quanto mais gente e
dlnheiro junto, maior o
risco: o treinamento
ruas para resolver várias tarefas. A e proteção do bancário
É possível imaginar o século 21 sem os computa- quantidade de veículos em circulação para enfrentar assaltantes
seria maior, e o trânsito, claro, pior. seria mais exigente.
dores? OK, você pode até se desvencilhar do seu Só que os computadores também E o salário, melhor.
micro pessoal em casa ou no trabalho. Mas existe são essenciais para administrar o
vida sem toca-MP3, DVD, CD player, TV fina de tráfego. Sem semáforos eletrônicos
e recursos automáticos (como os
alta definição, e-mail, celular, SMS, GPS? Só re- radares de velocidade), o volume de
memorar esse punhado de itens nos faz pensar em operadores de tráfego nas vias (no
meio delas inclusive, como faróis)
como a humanidade foi capaz de sobreviver tantos seria bem maior.
milhares de anos até que eles pudessem ser cria-
dos, todos eles com base na noção de circuitos in-
tegrados num microchip de silício.
Caramba, nem mesmo Star Wars (o original, de
1977) poderia ter sido feito! As cenas de batalha
espacial do início da saga dependiam de uma téc-
nica chamada motion control, em que câmeras
eram controladas por computador (ainda que tudo
bem tosco pelos padrões atuais).
Nos primórdios da informática moderna, quan- ~,
do o primeiro computador eletrônico foi desenvol-
vido - o famoso ENIAC, em 1946 -, ele ocupava
uma imensa sala na Universidade da Pensilvânia,
EUA,e muitos dos mais sabidos tecnólogos da épo-
ca achavam que, exceto para aplicações militares
avançadas, como quebrar códigos de criptografia
ou calcular trajetórias de projéteis, ninguém pode-
ria querer um trambolho daquele. Depois de sua
aplicação inicial, o desafio foi aumentar a capacidade
de memória e diminuir o tamanho. Conforme esse
processo avançou, as máquinas invadiram o mundo
civil. Primeiro nas grandes corpo rações e indústrias
(numa arquitetura em que havia uma grande máqui-
na central - o mainframe - e terminais espalhados
pelo prédio), para agilizar, por exemplo, processos
de contabilidade ou produção fabril. Depois, passa-
ram aos veículos (primeiro espaçonaves e aviões,
onde são mais críticos, mais tarde para todos os car-
ros)' até invadir nossas casas e, finalmente, nossos
bolsos. Hoje, há computadores em toda parte. É di-
fícilolhar para um canto onde não exista um, mesmo
que você não consiga enxergá -10 lá. Agora imagine
que os falsos profetas do passado tivessem razão. O
que seria do nosso cotidiano depois de quase 70 anos,
com o triplo de gente por aí? O

48 SUPER MAIO 2012 - RESPOSTAS Ilustração Bruno Luna

J
AO TELEFONE NA EMPRESA NO LABORATÓRIO NA ESTRADA
Sem ceLuLares e centrais Para fazer contas, o contador Fazer quaLquer exame exigiria ELe é uma espécie de detetive do
automatizadas, o mercado terá ajuda do miLenar mais profissionais para achar o comércio. Encontra o fornecedor
das teLefonistas estaria ábaco ou de um tipo de resuLtado. E paciência: a demora ideaL para o produto em faLta
aquecidíssimo. Elas seriam caLcuLadora mecânica cresceria sobretudo por causa no mercado do bairro. Com seus
mais do que teLefonistas. As comum até os anos 1960. das limitações técnicas (não contatos, consegue fazer uma
companhias teriam operadores de E recuperaria o status que haveria, por exempLo, métodos pesquisa de preços mais apurada
teLewmunicações. O profissionaL perdeu com a proliferação de automáticos de contagem de do que o setor de compras de
seria treinado para resoLver softwares de planejamento glicose e identificação de HIV cada empresa. Não só acha
probLemas técnicos e operar e gestão financeira. Sem no sangue). Esqueça exames os produtos mais difíceis como
teLégrafos - único dispositivo arquivos digitais, o acesso à como ressonância magnética, produz os meios para fazê-Los
de transmissão remota de texto. contabilidade das empresas tomografia computadorizada, chegar ao consumidor: é um
Ambos os serviços dependeriam seria mais restrito. Seu papeL cirurgias com o uso mestre da Logística. Sem o
em Larga escaLa de cabeamento no pLanejamento de ações, de microcâmeras, robôs comércio eLetrônico para reduzir
e seriam compLementares. Onde não só no controLe, seria e os remédios genéricos. Toda a distâncias e robôs nas fábricas,
não houvesse cabos, as empresas maior. ISSO~Orque a cotação indústria exigiria mais operários. os mercados Locais ditariam
teriam centrais de rádio. E seriam de preços eita em segundos Isso limitaria ações para baratear o custo de vida - e as coisas
parceiras dos bons na internet vira uma tarefa o custo, como ocorre com os provaveLmente seriam mais caras
e veLhos correios. muito mais complicada. genéricos. do que são hoje.

RESPOSTAS - MAIO 2012 SUPER 49

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