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PESQUISA CARNAVAL CARIOCA

Região: Sudeste

Rio de Janeiro/ RJ

Ritmos predominantes: sambas-enredo e marchinhas de carnaval

História - No ano de 1840, a alta sociedade carioca começou a realizar bailes de carnaval no
Rio de Janeiro. Inspirados nas festas que aconteciam na Europa, os encontros eram regados a
muita bebida comida e ritmos tipicamente europeus, como a valsa, a quadrilha. Enquanto isso,
nas ruas da cidade, milhares de foliões continuavam a brincar o entrudo - festa portuguesa em
que foliões fantasiados dançam e jogam limões de cheiro, farinha ou água nas outras pessoas
que brincavam.

Algumas décadas depois, começam a surgir os primeiros cordões e os ranchos carnavalescos


cariocas, embalados por muitos elementos da cultura negra. As duas manifestações originaram
os blocos de carnaval e as escolas de samba da cidade.

Os cordões eram identificados pela figura do "Zé Pereira", originalmente tocadores de bumbo
que acompanhavam procissões em Portugal. Esses personagens se espalharam pelo Rio de
Janeiro no século 19 e saíam às ruas cantando o refrão "viva o zé-pereira/ Viva, viva, viva!".
Foram os precursores do surdo de marcação, usado até os dias de hoje pelas escolas de
samba. Conduzidos por um mestre que comandava o instrumental percussivo, todos os
participantes do bloco com seu apito, os cordões eram formados por foliões fantasiados de
palhaços, diabos, baianas, morcegos e índios.

Os ranchos se tratavam de cordões mais organizados, com mais luxo e refinamento do que os
cordões. O instrumental era composto de violões, cavaquinhos, flautas e clarinetas e
embalavam mestres-salas, um coro e uma espécie de ala coreografada.

A primeira escola de samba carioca (Deixa Falar) foi fundada no ano de 1928, no bairro carioca
de Estácio, centro do Rio de Janeiro. Anos depois, começou a competição entre elas, disputada
na Praça Onze. No ano de 1935, as escolas de samba do Rio de Janeiro passam a ser
oficialmente reconhecidas e entram na programação oficial da cidade e elas passam a desfilar
na Avenida Rio Branco. Em 1962, o Departamento de Turismo da cidade construiu
arquibancadas e implantou a venda de ingressos no circuito das escolas de samba. Vinte e dois
anos depois, o sambódromo carioca foi inaugurado. O espaço, projetado pelo arquiteto Oscar
Niemeyer, possui 85 000 metros quadrados. As disputas do grupo especial e dos grupos de
acesso das escolas de samba cariocas acontecem no mesmo espaço desde então.

Samba-enredo - Como o próprio termo sugere, o samba-enredo é aquele que narra a história
que a escola de samba vai apresentar na avenida. O gênero surgiu na cidade do Rio de Janeiro
no ano de 1930 e na mesma década já se popularizou nas quadras das agremiações. De acordo
com o livro "Almanaque do Carnaval", o encurtamento dos sambas enredo e a massificação
deles foram a base do esvaziamento do papel do samba-enredo durante o desfile. Para alguns
críticos, sua função se restringe a mero fundo musical do espetáculo.
Marchinha - Esse gênero musical tem origem nas marchas populares portuguesas e foi o
principal ritmo do Carnaval brasileiro da década de 1920 à década de1960. Também chamada
de marcha de Carnaval, as marchinhas tiveram a pianista Chiquinha Gonzaga como mãe de
composição. As marchinhas atingiram seu auge com as interpretações de nomes consagrados
da música popular brasileira, entre eles Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, João de Barro, o
Braguinha, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo.

O desfile - No Rio de Janeiro, cada escola do grupo especial possui 82 minutos de desfile e
chega a ter 5000 componentes. As escolas têm seus integrantes divididos em alas, e cada ala
desfila com a mesma fantasia. Toda agremiação possui uma bateria, composta por
aproximadamente 500 ritmistas, que tocam os instrumentos de percussão. Uma ala de
baianas, figura tradicional do carnaval carioca, é obrigatória. A escola que levar menos baianas
do que o regulamento prevê, inclusive, perde pontos.

O desfile começa com os integrantes da comissão de frente, formado por 15 pessoas em


média que vem na frente da escola, em geral com uma apresentação teatral ou coreográfica.

As alegorias, que são os carros alegóricos, são espaços reservados para os destaques, figuras
centrais do enredo, os passistas que são os componentes que desfilam "sambando no pé", já
que as alas evoluem e não sambam. Algumas alas apresentam coreografias ensaiadas, e
atualmente os componentes dos carros também podem apresentar coreografias. Também
fazem parte do desfile os diretores de harmonia, que são integrantes responsáveis pela
organização do desfile, o casal de mestre sala e porta bandeira, responsáveis pela condução do
pavilhão da escola. Todos os componentes devem cantar o samba enredo, liderados pelo
cantor oficial da escola, o intérprete.

Os quesitos julgados são: Harmonia, mestre-sala e porta-bandeira, conjunto, evolução,


comissão de frente, fantasias, alegoria, enredo, bateria e samba-enredo.

Os blocos de rua - Apesar de o Rio de Janeiro possuir uma tradição muito forte de escolas de
samba, o carnaval de rua da cidade também é bastante movimentado. No ano de 2011,
aproximadamente cinco milhões de pessoas brincaram pelos bairros do Rio. Embalados pelas
tradicionais marchinhas ou por sambas enredo criados pelos compositores de cada bloco, que
possui dia e hora para sair, bem como um circuito definido.

Alguns blocos famosos: Banda de Ipanema, Imprensa que eu gamo, Bloco do Barbas, Simpatia
é quase amor, Suvaco do Cristo, Cordão do Bola Preta, Cacique de Ramos.
Vira virou, a Mocidade chegou

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Por: NOVA ESCOLA

GRES Mocidade Independente de Padre Miguel

Autores: Tiãozinho e Toco

Intérprete: Roger Linhares

Ano: 1990

Ah vira virou, vira virou

A Mocidade chegou, chegou

Virando nas viradas dessa vida

Um elo, uma canção de amor, olha vira virou, virou

Ah vira virou, vira virou

A Mocidade chegou, chegou

Virando nas viradas dessa vida

Um elo, uma canção de amor, divina luz

A luz, oh divina luz, que me ilumina é uma estrela

Da aurora ao arrebol, arrebol

Eu em paz no verde e esperança

Tive sonhos de criança

Comecei no futebol

Agora, que me tornei realidade

Vou encontrar o meu futuro por ai

Curtindo a minha Mocidade

E a paradinha de outros carnavais

Sei que ninguém pode

Esquecer jamais

Sou independente sou raiz, também


Sou Padre Miguel, Sou Vila Vintém

Apoteose ao samba, todo povo aplaudiu

Com as benções do divino aconteceu

O descobrimento do brasil

Quem não se lembra do lindo cantar do uirapuru

Quando gorjeava parecia que falava

Como era verde o meu Xingu

Meu Ziriguidum fez brilhar no céu

A estrela guia de Padre Miguel, oh vira virou

Ah vira virou, vira virou

A Mocidade chegou, chegou

Virando nas viradas dessa vida

Biografia de Cartola

Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1908 —
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980) foi um cantor, compositor e violonista brasileiro.

Considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música
brasileira, Cartola nasceu no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras.
Tomou gosto pela música e pelo samba ainda moleque e aprendeu com o pai a tocar
cavaquinho e violão.[1] Dificuldades financeiras obrigaram a família numerosa a se mudar para
o morro da Mangueira, onde então começava a despontar uma incipiente favela.[2]

Na Mangueira, logo conheceu e fez amizade com Carlos Cachaça - seis anos mais velho - e
outros bambas, e se iniciaria no mundo da boemia, da malandragem e do samba.[2]

Com 15 anos, após a morte de sua mãe, abandonou os estudos - tendo terminado apenas o
primário.[1] Arranjou emprego de servente de obra, e passou a usar um chapéu-coco para se
proteger do cimento que caía de cima. Por usar esse chapéu, ganhou dos colegas de trabalho o
apelido "Cartola".[2]

Junto com um grupo amigos sambistas do morro, Cartola criou o Bloco dos Arengueiros, cujo
núcleo em 1928 fundou a Estação Primeira de Mangueira. O nome e as cores verde-rosa
teriam sido escolhidos por Cartola, que compôs também o primeiro samba para a escola de
samba, "Chega de Demanda". Os sambas de Cartola se popularizaram na década de 1930, em
vozes ilustres como Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Silvio
Caldas.[2]
Mas no início da década seguinte, Cartola desapareceu do cenário musical carioca e chegou a
ser dado como morto. Pouco se sabe sobre aquele período, além do sambista ter brigado com
amigos da Mangueira[2], contraído uma grave doença - especula-se que seja meningite[1] - ter
ficado abatido com a morte de Deolinda, a mulher com quem vivia.

Cartola só foi reencontrado em 1956 pelo jornalista Sérgio Porto (mais conhecido como
Stanislaw Ponte Preta), trabalhando como lavador de carros em Ipanema. Graças a Porto,
Cartola voltou a cantar, levando-o a programas de rádio e fazendo-o compor novos sambas
para serem gravados. A partir daí, o compositor é redescoberto por uma nova safra de
intérpretes.[1][2]

Em 1964, o sambista e sua nova esposa, Dona Zica, abriram um restaurante na rua da Carioca,
o Zicartola, que promovia encontros de samba e boa comida, reunindo a juventude da zona sul
carioca e os sambistas do morro. O Zicartola fechou as portas algum tempo depois, e o
compositor continuou com seu emprego publico e compondo seus sambas.[2]

Em 1974, aos 66 anos, Cartola gravou o primeiro de seus quatro discos solo, e sua carreira
tomou impulso de novo com clássicos instantâneos como "As Rosas Não Falam", "O Mundo é
um Moinho", "Acontece", "O Sol Nascerá" (com Elton Medeiros), "Quem Me Vê Sorrindo"
(com Carlos Cachaça), "Cordas de Aço", "Alvorada" e "Alegria". No final da década de 1970,
mudou-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, onde morou até a morte, em 1980
A ORIGEM DO CARNAVAL CARIOCA

Publicado em 01 de January de 2013 por Paulo Santos

Ao pesquisar sobre a origem da “bagunça organizada” que é o Carnaval carioca nos deparamos
com o entrudo, mesmo quando o samba ainda não era popular e o que predominava mesmo
eram as marchinhas e as polcas.

No entrudo a diversão dos foliões era arremessar limões de cheiro, farinha e entre outras
coisas, dessa forma, através do entrudo que se deu início ao carnaval de rua carioca. Nesta
mesma época os bailes de máscara já começavam a surgir na cidade.

Nesse momento o entrudo começou a ficar um pouco mais “burguês” e os participantes com
mais poder aquisitivo começaram a desfilar pelas ruas dentro de carruagens luxuosas e
exibindo suas fantasias. Dessa forma, em 1855 foi criado o desfile do Congresso das Sumidades
Carnavalescas, considerado a primeira sociedade carnavalesca do Brasil.

Em 1928 temos o surgimento da primeira escola de samba do Rio de Janeiro, a “Deixa Falar”,
fundada por Ismael Silva. Após essa diversas outras foram surgindo e começaram a desfilar na
Praça Onze. Na década de 50 a classe média começa a ser incorporada nos desfilas e as escolas
de sambas, que antes eram censuradas, começaram a se popularizar.

Atualmente o Rio de Janeiro desfruta de cinco dias de carnaval de rua, dos quais dois são os
desfilas das Escolas de Samba e podem ser acompanhados da Marquês de Sapucai. Além disso
há vários blocos de rua e bailes pela cidade. Nesse 2013 o carnaval será comemorado numa
terça-feira, dia 12 de fevereiro, e se você ainda não possui uma acomodação na cidade (ou
mesmo imóvel no Rio de Janeiro) e sugerido que comece desde já a procurar, pois é a época
mais popular da cidade!

Leia mais em: https://www.webartigos.com/artigos/a-origem-do-carnaval-


carioca/102154#ixzz53yJhiMEX
0 CURIOSIDADES SOBRE O CARNAVAL NO RIO DE JANEIRO

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1. A origem do carnaval carioca está nos entrudos promovidos por colonos portugueses, no
século XVIII. As pessoas saíam às ruas jogando pó-de-arroz e perfume umas nas outras, sem
nenhuma ordenação. Essa festa continuou acontecendo por muito tempo, e está aí a origem
dos blocos carnavalescos.

2. Em 1835, o carnaval passou a ser comemorado pela elite carioca, em bailes de máscaras no
Hotel Itália. O parâmetro para essas festas, conhecidas como Sociedades Carnavalescas, era a
sociedade parisiense.

3. Em 1855, a cidade presenciou seu primeiro desfile de Carnaval, feito por um grupo de
intelectuais auto-denominado "Congresso das Sumidades Carnavalescas". Até Dom Pedro II
assistiu ao desfile.

4. O desfile de blocos de rua durante o Carnaval carioca foi autorizado pela política em 1889.

5. No final da década de 1920, alguns blocos de carnaval começaram a se organizar, dando


origem às primeiras escolas de samba.

6. De 1930 a 1944, o Carnaval era festejado na Praça Onze, por muitos considerada o "berço
do samba". Nesse ano, ela foi demolida para dar lugar à Avenida Presidente Vargas, que foi
palco da festa até a inauguração do Sambódromo, em 1984.

7. O primeiro desfile de escolas de samba organizado no Rio de Janeiro aconteceu em 1932.


Cada escola podia apresentar até três sambas e a campeã foi a Mangueira.

8. A grande fama das escolas de samba carioca, entretanto, só veio nos anos 50, quando
intelectuais passaram a se interessar por cultura popular e pelo "folclore" do carnaval, levando
os desfiles à classe média.

9. A folia carioca está no Guinness Book: é o maior Carnaval do mundo!


10. Apesar de a festa carioca ter raízes antigas, foi somente em 1963 que ela entrou para o
calendário turístico da cidade. O que motivou a oficialização do Carnaval carioca foi o histórico
desfile do Salgueiro com o samba-enredo Chica da Silva.

Carnaval carioca: origem e evolução

Entrudo de rua no Rio de Janeiro registrado por Debret - Brincadeiras com pó e seringa com
líquido - Imagem capturada na Internet (Fonte: Terra)

Cidade Maravilhosa

Cheia de Encantos Mil...

Cidade Maravilhosa,

Coração do meu Brasil!

Berço do samba e das lindas canções

Que vivem n'alma da gente...

És o altar dos nossos corações

Que cantam alegremente!

Este é um trecho do Hino da nossa cidade, Rio de Janeiro, composto pelo baiano Antônio
André de Sá Filho, mais conhecido como André Filho.

Na verdade, ele é uma marchinha de carnaval que foi gravada, em 1934 (Odeon), na voz de
Aurora Miranda (irmã de Carmem Miranda) e do próprio compositor (André Filho). No
entanto, ela só fez sucesso no carnaval do ano seguinte (1935), assim como faz até hoje.

Em 1960, ela passou a ser o hino oficial do estado da Guanabara (hoje, município e capital
fluminense). A Guanabara existiu no período de 1960 a 1975, sendo extinta quando houve a
fusão do referido estado com o estado do Rio de Janeiro.

Sua letra, além de referenciar os encantos da cidade, destaca a alegria e o gênero musical
típico da cidade, o samba, considerado patrimônio cultural do Brasil a partir de 2007.
Embora, o carnaval carioca tenha obtido o título de o maior do mundo pelo Guinness World
Records (o Livro Guinness dos Recordes), em 2010, ocupando a posição, anteriormente
alcançada, por Salvador, o carnaval não é originalmente carioca e, muito menos, brasileiro.

É claro que hoje, diferentemente dos primórdios do carnaval em nosso país, este evoluiu e se
adaptou, adquirindo peculiaridades - de cada região e/ou estado - reconhecidas
mundialmente, seja pelo ritmo musical, seja pelos blocos de rua, pelas brincadeiras, pelos trios
elétricos, pelos bailes ou pelos desfiles das escolas de samba.

Toda esta evolução teve como ponto de origem, a influência portuguesa no período colonial.
De acordo com diversas fontes de pesquisa, o carnaval surgiu no século XI, na Europa, por
ocasião das celebrações da chegada da Quaresma, cujo início se dá na 4ª feira de Cinzas e se
estende até as comemorações da Ressureição de Cristo, no Domingo de Páscoa.

Durante a sua evolução, não podemos esquecer, também, das contribuições italiana e
parisiense através da introdução de máscaras e dos bailes de fantasia. De onde se justifica a
preferência por fantasias de pierrô, colombina e arlequim nos bailes de antigamente.

A tradição portuguesa data do século XV e a forma de se comemorar a chegada da Quaresma


era através de brincadeiras, como jogar água e pó nas pessoas, por exemplo. Essa brincadeira
recebia o nome de entrudo, que significa “início” (em relação à Quaresma).

No final do século XVIII, esta forma de celebração já era praticada em todo o território
nacional, com pequenas diferenças locais.

Havia o entrudo de rua e o entrudo familiar. O primeiro, também denominado de entrudo


popular, acontecia nas principais vias públicas, sob forte controle policial, pois as brincadeiras
eram – em geral - grosseiras e até temidas por muitos, pois as mais habituais eram lançar pó
nos rostos das pessoas e/ou banhos de água, misturada ou não com urina.

De uma maneira geral, o público que participava do entrudo de rua (ou popular) era de nível
mais baixo, incluindo neste, os escravos e os libertos.

Já o entrudo familiar acontecia no interior das residências da parcela da sociedade de maior


poder aquisitivo e social, ou seja, a elite. A brincadeira habitual consistia em jogar, um nos
outros, limão de cheiro, isto é, era um limão de cera contendo um líquido perfumado no seu
interior (ou laranja de cera). Segundo o artigo publicado O Significado, foi esta brincadeira que
deu origem ao conhecido lança perfume.
Com a presença da corte portuguesa no Rio de Janeiro e o temor da elite brasileira em sair de
casa às ruas durante esta período do ano, várias tentativas surgiram a fim de acabar com o
entrudo de rua, considerado muito grosseiro e violento, mas nem mesmo a importação dos
bailes e dos passeios de máscara foi capaz de por fim, de imediato, às festividades populares
do carnaval de rua.

As primeiras mudanças no carnaval do Rio de Janeiro aconteceram com a formação das


sociedades carnavalescas, no século XIX (1830), além de iniciativas da baixa classe média e,
também, das elites cariocas em brincar o carnaval, sem confrontar o entrudo de rua, surgem
grupos organizados formando os ranchos, as grandes sociedades.

Com o entrudo familiar extinto, durante décadas, o evento mais importante do carnaval das
elites cariocas passou a ser os ranchos ou as grandes sociedades nas vias públicas, tendo ainda
os clubes carnavalescos (grupos de amigos e parentes) que eram encarregados de organizar os
bailes nos salões. Todos estes baseados no modelo de carnaval de Paris (França), com os bailes
de máscaras e à fantasia.

Nesta época, as fantasias importadas dos membros das mais altas elites brasileiras eram
exibidas durante o trajeto das carruagens, que eram abertas, em direção aos salões. A fim de
se evitar um confronto entre as partes, ou seja, entre o povo e os referidos membros da elite
carioca, as diversas carruagens se organizavam em verdadeiras comitivas.

Durante o seu percurso, a população curiosa assistia o desfile e os grupos fantasiados (elite)
saudava o povo lançando limão de cheiro nas pessoas. O desfile e a exibição das fantasias
importadas eram, de certo modo, bastante prazerosos para a elite brasileira, distinguindo-os
das demais camadas sociais.

Começava aí, o carnaval das elites...

Durante décadas, estas grandes sociedades representaram o evento mais importante do


carnaval carioca (desfile nas ruas até chegarem aos salões). De acordo com as fontes de
pesquisa, muitos atribuem a este desfile das sociedades o foco de inspiração para o
surgimento das escolas de samba.

De acordo com as fontes de pesquisa, esta mudança na forma de folia (sociedades, ranchos)
atrelada, sobretudo, à repressão enérgica da polícia ao entrudo popular (entrudo de rua), os
resultados a favor das elites brasileiras começaram a aparecer e, em 1854, o carnaval carioca
foi marcado pela animação e tranquilidade, com o desfile de carruagens com famílias
fantasiadas, com muitos foliões usando máscaras avulsas e alguns até montando cavalos
arreados.
Para alguns autores, este ano marcou o fim do Entrudo de rua, pois a campanha ofensiva
contra as brincadeiras populares, violentas, já estava tendo resultados positivos.

Desde 1852, o entrudo de rua já vinha perdendo o seu espaço e a sua expressividade popular.
E, ainda, devido ao rigor do Chefe de Polícia, na época, Dr. Alexandre Joaquim de Siqueira, no
cumprimento das leis, no combate ao crime, prostituição e, entre outros, ao referido entrudo
popular, esta forma de folia acabou sendo reprimida, de vez, em 1854 (alguns autores fazem
referência ao ano de 1856).

Em 1853, Mendes da Costa, fiscal da Freguesia da Candelária publicou, em todos os jornais,


uma Portaria de combate ao entrudo de rua, sob determinação do Chefe de Polícia, Dr.
Alexandre Joaquim de Siqueira, na qual determinava:

"Fica proibido o jogo do entrudo;

qualquer pessoa que jogar incorrerá na pena de quatro a doze mil réis;

e não tendo com que satisfazer, sofrerá de dois a oito dias de prisão.

Sendo escravo, sofrerá oito dias de cadeia,

caso o seu senhor não o mandar castigar no calabouço com cem açoites,

devendo uns e outros infratores serem conduzidos

pelas rondas policiais à presença do Juiz

para julgar à vista das partes ou testemunhas que presenciaram a infração.

As laranjas de entrudo que forem encontradas pelas ruas ou estradas serão inutilizadas pelos
encarregados das rondas fiscais.

Aos fiscais com seus guardas fica pertencendo a execução desta pena.

E para constar faço público o cumprimento da citada portaria.

Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1853.

(a) Mendes da Costa,

fiscal da freguesia da Candelária"

(Novo Milênio)

Em 1855, o simples trajeto das Grandes Sociedades se transformou em um evento maior, isto
é, no famoso desfile de rua do primeiro Clube Carnavalesco do Rio de Janeiro e do Brasil, o
Congresso das Sumidades Carnavalescas, com 80 sócios, tendo, entre estes, o romancista José
de Alencar, que na época tinha 26 anos de idade.
Esta ideia de desfile nas ruas, segundo os modelos de carnaval de Paris, Roma ou Nice, partiu
deste grupo de foliões e é considerado o marco histórico do carnaval brasileiro e, em especial,
do Rio de Janeiro.

A partir deste, muitas outras sociedades carnavalescas se organizaram e passaram a desfilar


nas ruas do centro da cidade. Em seguida, o mesmo modelo passou a ser seguido por diversas
cidades brasileiras, como Recife (Pernambuco), Salvador (Bahia), Desterro (atual Florianópolis,
capital de Santa Catarina), Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e São Paulo (São Paulo).

Durante a segunda metade do século XIX, o desfile das grandes sociedades ainda continuava
sendo a principal atração carnavalesca da cidade do Rio de Janeiro e no resto do país. Mas,
outras formas de folias também já aconteciam nas cidades, sobretudo, nos festejos da cidade
carioca.

No final do mesmo século, em 1877, além dos grupos carnavalescos (fantasiados) serem
inúmeros e desfilarem nas ruas da cidade (ranchos, sociedades ou blocos), os bailes eram
promovidos nos teatros, nos clubes e salões, assim como muitas pessoas se fantasiavam e
pulavam o carnaval na rua.

O desfile das grandes sociedades continuou, até o início do século XX, sendo o principal evento
carnavalesc0 da cidade. No entanto, este começou a declinar na década de 30 e encerrando-se
nos anos 50 do mesmo século.

Não podemos esquecer que foi na década de 30 (século XX) que a cidade do Rio de Janeiro
passou a realizar concurso oficial de escolas de samba. Já em 1929, o Deixa Falar ganhou o
concurso de grupos de samba, mas este não foi considerado para efeito de concurso oficial
entre escolas de samba.

O primeiro concurso oficial de escolas de samba ocorreu em 1932, sob o patrocínio do jornal O
Mundo Sportivo. Neste concurso, a escola Estação Primeira de Mangueira foi classificada em
primeiro lugar, seguida pelas seguintes agremiações: Segunda Linha do Estácio e Vai Como
Pode (2º lugares); Para o Ano Sai Melhor (3º lugares) e Unidos da Tijuca (4° lugar).

Neste concurso não houve classificação para todas as escolas de samba participantes, só os
quatro primeiros lugares foram registrados.

A partir disso, o carnaval passou a representar uma grande expressão popular da cidade do Rio
de Janeiro, reconhecido nacionalmente e internacionalmente.
Com o tempo, outras mudanças se sucederam no carnaval carioca, assim como nos de outros
estados, tanto na forma de folia quanto no regulamento do desfile das escolas de samba. Mas,
não restam dúvidas, todas são verdadeiras festas de alegria e de empolgação popular, sem
discriminação racial, de orientação sexual, status social e/ou nacionalidade, já que a festa
reúne muitos turistas brasileiros e estrangeiros.

E, nestes aspectos, não podemos deixar de lembrar que o Brasil não é país de um, mas de
vários carnavais... Onde a alegria do folião, a dança, os instrumentos e a música conduzem a
festa ao jeito peculiar de seu povo, de sua cultura, seja através de trios elétricos (Bahia), nos
desfiles das escolas de samba (Rio de Janeiro, Porto Alegre, Uruguaiana, Florianópolis, Vitória,
Manaus e São Paulo), no frevo (Pernambuco) ou em diferentes blocos de ruas.
RIO DE JANEIRO, A ORIGEM DO SAMBA COMO GÊNERO
MUSICAL BRASILEIRO
O SAMBA CARIOCA COMEÇOU A SER FORJADO NA PEDRA
DO SAL, NO CENTRO DO RIO
GÊNERO MUSICAL CONHECEU UMA REVOLUÇÃO
DEFINITIVA NO FINAL DA DÉCADA DE 20A tradicional roda
de samba da Pedra do Sal, uma enorme rocha com
degraus que dão acesso ao Morro da Conceição, hoje
atrai todo um universo de pessoas de diferentes lugares e
origens: moradores da região, estudantes universitários
da classe média da Zona Sul, hipsters que vendem
brownie de maconha, trabalhadores no final do
expediente, argentinos que vendem empanadas, turistas
de diversos lugares... "Já não é uma festa dos moradores.
Temos nossos próprios eventos, mas isso aqui... Isso aqui
vem de fora, é uma coisa mais internacional", diz Rosiete
Marinho, presidente da Liga de Blocos da Zona Portuária,
que todos os anos inaugura o carnaval carioca. "Mas eu
gosto, sou a favor. Ajuda a manter o lugar e o samba
vivos". Em pé em cima da pedra, a professora Nana,
nascida em Niterói e moradora de São Cristóvão, confessa
sua paixão pelas rodas da Pedra do Sal, aonde costuma ir
sempre e sozinha.
Pedra do Sal, no Rio de Janeiro.
Pedra do Sal, no Rio de Janeiro.
— Costuma vir há muito tempo?

— Sim, há muito tempo. Mas não desde sempre, não.

— Desde quando?

— Quando decidi buscar minha identidade.

Há centenas de anos, este mesmo local era um mercado


de escravos. Era nesta mesma pedra onde eles
descarregavam o sal que chegava do porto. As primeiras
comunidades negras foram então se formando ao longo
da região portuária, nos bairros da Saúde e Gamboa, e
logo se expandindo para a Cidade Nova e Estácio. Toda
essa região central da cidade, que concentrava africanos
marginalizados e de diferentes origens, passou a ser
chamada então de Pequena África. E a Pedra do Sal
passou a ser também o núcleo cultural dessa grande
comunidade e ponto de encontro dos artistas que
trabalhavam como estivadores no porto.

Baiana vendendo Acarajé.


Baiana vendendo Acarajé. DOSSIÊ MATRIZES DO SAMBA
NO RJ
É neste contexto social e cultural que o século XX começa
no Rio: a então capital da nova República, receptora de
milhares de negros que migravam da Bahia, serviu de
catalisadora de diversos movimentos artísticos e culturas
africanas. Eram os primeiros anos após o fim da
escravidão (1888) e o centro da cidade fervilhava com
uma classe média emergente de trabalhadores negros
que finalmente podiam vender seu trabalho. Os artistas
dessa época, proibidos pela polícia de mostrar sua música
em público, buscavam refúgio nas casas das tias baianas,
mulheres que ganhavam a vida vendendo sua culinária ou
costura. Após celebrações de rituais do Candomblé (e
posteriormente da Umbanda), se reuniam para, entre
versos e batuques, criar, resistir e forjar o samba carioca.

Foi em um desses dias de 1916 que, reunidos na casa da


Tia Ciata, a mais conhecida e importante das tias baianas,
Ernesto dos Santos e diversos músicos compuseram
conjuntamente Pelo Telefone em uma roda de samba.
Donga, como era conhecido, a registrou então como um
samba na Biblioteca Nacional. E após ser gravada, já em
1917, a palavra samba também apareceu pela primeira
vez no selo de um disco de vinil de 78 rpm.
Eram tempos de artistas como Donga, Pixinguinha, João
da Baiana, Sinhô e muitos outros. Se misturavam com
eles intelectuais como Mario de Andrade, Manoel
Bandeira, Vila Lobos e Santos Dumont. Era a época em
que uma cultura genuinamente nacional era forjada. E,
apesar de Pelo Telefone ser considerado um maxixe, uma
dança com influências europeias apelidada de "tango
brasileiro", mas que acabou influenciando e se
misturando com os batuques feitos pelos negros, a
música é vista como o ano zero do samba no Brasil. Foi a
primeira a ser registrada e gravada como tal – apesar de
outras gravações similares anteriores – e, por ela, o
samba faz oficialmente 100 anos no biênio 2016-17.

"Não importa que seja um maxixe, foi uma vitória. Depois


da abolição da escravidão, este é o momento mais
importante para o negro. Significou que a palavra samba,
de origem africana, ao estar registrada na Biblioteca
Nacional, passou a fazer parte da cultura do país, e não só
do negro", explica Paulo Lins, autor de Desde que o
samba é samba e Cidade de Deus, sobre a importância de
se celebrar em 2016 os 100 anos de Pelo Telefone. Para
ele, todas as entidades e pessoas "do bem" que são
contra o racismo e a opressão deveriam celebrar a data.
"A palavra samba sempre existiu. Samba era ritmo. E
onde havia negro, havia samba, seja no Brasil ou no
Caribe. É palavra de som, de música. E registrá-la na
Biblioteca Nacional marca oficialmente a entrada da
cultura negra no Estado brasileiro, depois de 400 anos de
massacre. É o primeiro grande documento do negro no
Brasil. É a imposição de uma cultura. Foi quando o samba
passou a ser do país. Algo que o fado e a salsa não
conseguiram".

A segunda fase e definitiva do samba carioca acontece


anos depois, no final dos anos 20, a três quilômetros da
Pedra do Sal. No bairro Estácio, nas proximidades da
Praça Onze e ao pé do Morro de São Carlos, surge uma
geração de artistas dispostos a mudá-lo completa e
definitivamente. Eram tempos de Ismael Silva, Bide,
Brancura, Nilton Bastos e muitos outros. Juntos,
adicionaram um novo instrumento de marcação, o surdo
– criado por Bide com uma grande lata de manteiga vazia,
coberta por um pedaço de couro de cabrito –, e alteraram
o ritmo do samba, como explica Silva no vídeo abaixo.

Em 1928, Ismael Silva inaugurou a primeira escola de


samba do Brasil, a Deixa Falar. E os professores da Estácio
puderam ensinar e difundir no Rio uma nova forma de
carnaval. Em 1931, Silva gravou Se você jurar e, no ano
seguinte, o primeiro desfile das escolas de samba foi
realizado na Praça Onze, reunindo artistas como Cartola,
Paulo Portela, entre outros. Foi a origem de gerações e
gerações de músicos: Adoniran Barbosa, Dona Ivone Lara,
Beth Carvalho, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Martinho
da Vila, Diogo Nogueira... "O samba carioca é de Ismael
Silva. Foi uma coisa de vanguarda, planejada. Ismael Silva
sabia que queria criar uma música para cantar, para
dançar e para andar. É a música de desfile", explica Lins.
Para ele, Donga e Pixinguinha abrem o caminho para
florescer a MPB em geral, e não apenas o samba. São
muito mais pais de Chico, Tom, Vinícius, Caetano... “Mas
o samba que o Zeca Pagodinho e o Martinho da Vila
fazem nasceu com o Ismael Silva. Assim como a bossa
nova tem dono, a jovem guarda tem dono e a Tropicália
tem dono, o samba carioca também tem dono.”

Ismael Silva e uma criança.


Ismael Silva e uma criança. DOSSIÊ MATRIZES DO SAMBA
NO RJ
Vários anos depois, a Pedra do Sal ajuda a manter vivas as
tradições da Pequena África. Se domingo é dia de missa,
segunda é dia de roda de samba. E neste local, onde os
edifícios históricos, de estilo português, do Morro da
Conceição seguem preservados, milhares de pessoas se
aglomeram para festejar o samba carioca. Mas não só
isso. Vários grafites em paredões denunciam que o lugar,
além de tudo, se mantém como símbolo de resistência da
cultura negra. Dois deles se destacam: de um lado, uma
enorme imagem de um homem e a mensagem "Vende-se
carne negra. Tel: 190"; do outro, a imagem de uma
mulher e os dizeres "Crespo é lindo, feio é o seu
preconceito".

Mas na segunda-feira, o que importa mesmo é o samba. E


para escutá-lo bem, é preciso estar perto dos setes
músicos. Apenas o violão e os cavaquinhos são ligados a
um amplificador, enquanto que as vozes e a percussão –
pandeiros, tamborim, surdo... – se dissolvem no ar da
noite carioca:

Roda de samba na Pedra do Sal.


Roda de samba na Pedra do Sal. F. BETIM
"Oh! Minha romântica senhora tentação,

Não deixes que eu venha a sucumbir,

Neste vendaval de paixão".

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