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Bobinas de Helmholtz

Igor Peixoto Rodrigues

Departamento de Ciências Naturais – DCNAT/ UFSJ


Praça Dom Helvécio, 74 - Fábricas, 36301-160 - São João del Rei – MG
igorpexoto@outlook.com,

Resumo
Com o objetivo de calcular experimentalmente o valor da componente horizontal do campo magnético terrestre, foi
realizado um experimento utilizando uma Bobina de Helmholtz, que consiste na observação das oscilações realizadas
através da interação entre o momento de dipolo magnético de uma barra imantada e o campo magnético resultante.

Foi obtido o valor de BT =4,97 ∙ 10−4 T , valor este que se distância bastante do valor teórico ( BT =5∙ 10−5 T ).

1 Bobinas de Helmholtz Um imã permanente em forma de barra

cilíndrica possui um momento magnético μmag e


Utiliza-se a bobina de Helmholtz para quando na presença de um campo magnético B
gerar um campo magnético de referência, que sofre um torque magnético dado por: τ =µ × B .
associado à uma bússola, é utilizado para medir o Tal torque tende a alinhar o imã na direção do
campo magnético ambiental terrestre. A Bobina é campo externo. Se deslocarmos o imã de sua
formada por duas bobinas circulares idênticas, com posição de equilíbrio, o torque magnético tende a
mesmo raio e mesmo número de espiras. As duas restaurar o equilíbrio, causando assim um
bobinas são alinhadas em paralelo uma com a movimento oscilatório com um período
outra, à uma distância igual ao valor do raio. característico T (pêndulo de torção). Este período é
função do momento de inércia e do momento
magnético do imã e do campo magnético B.
Quando colocamos um ímã com um
dipolo magnético µ num campo magnético B ele
tende a se alinhar com o campo. Se o dipolo
estiver fazendo um ângulo θ com o campo B
(Figura 2), então B vai criar um torque τ sobre µ,
de modo que este vai oscilar em torno da direção
de B.

Figura 1- Diagrama da Bobina de Helmholtz.

1.1 Medida do campo magnético


terrestre utilizando as bobinas de
Helmholtz
(5)

que é uma equação análoga ao sistema massa-


mola, onde:

d2 x 2
2
+ ω x=0
dt
Figura 2 -Dipolo magnético µ forma um ângulo θ com o
campo magnético B e sofre um torque τ para se alinhar (6)
com o mesmo.
ω é a frequência de oscilação.
O torque será determinado por:
μB
τ =µ × B Comparando (5) e (6), temos que ω 2= , onde
I ímã
ω=πf . Sendo f a frequência linear. Portanto:
(1)
μ Btotal
E sua magnitude será f 2=
4 π ² I ímã
τ =µBsenoθ

(7)
(2)

Onde B é o campo total medido no experimento,


Também sabemos que o torque é dado por:
ou seja,
τ =I ímã α
Btotal=B H ± B T

(3)
(8)

onde I ímã é o momento de inercia do ímã Onde BH e BT são os campos magnéticos das
cilíndrico e α é a aceleração angular. A aceleração bobinas de Helmholtz e da Terra, respectivamente.
angular é: O sinal positivo é considerado quando o campo
2
dw −d θ magnético das bobinas e da Terra são paralelos e
α= =
dt dt2 negativo quando são antiparalelos.
Sabemos que as bobinas de Helmholtz são

(4) constituídas por 2 bobinas iguais de mesmo raio e


mesmo número N de espiras, percorridas pela

O sinal negativo aparece porque a velocidade mesma corrente i. Estas bobinas são separadas por

angular ω aumenta à medida que θ diminui. uma distância igual ao seu raio, logo o campo

Substituindo (4) em (3) e igualando com (2), produzido é:

teremos: BH =8 μ 0∋ 3¿ ¿
d 2 θ μ Btotal θ 52 R
+ =0
d t2 I ímã
(9)

Além disso, neste ponto devemos considerar que

Btotal =B H + BT como mostrado em (8), logo,


substituindo (8) e (9) em (7):
Figura 3- Diagrama do circuito utilizado
2 μ
f = ¿ Deixando o ímã cilíndrico no eixo das
4 π ² I ímã
bobinas e alinhado com o mesmo, provocou-se sua
oscilação e foi medido o período T de oscilação
(10) quando não passa nenhuma corrente pelas bobinas.
Logo após com a fonte ligada e variando a
2 Objetivos corrente suavemente entre 0 e 2, foi provocado a
oscilação do ímã e medido o período de oscilação
Medir a componente horizontal do campo do mesmo como foi feito anteriormente.
magnético terrestre, usando pequenas oscilações,
através da interação entre o momento de dipolo 4 Análise e discussão
magnético de uma barra imantada e o campo
magnético. Neste experimento, como era necessário saber o
momento de inércia do ímã cilíndrico foram
2 Materiais medidos os valores de massa, raio e comprimento,
 Bobinas de Helmholtz e posteriormente montada a Tabela 1.
 Bússola
 Ímã permanente cilíndrico Tabela 1 – Dados referente ao ímã cilíndrico
Massa (kg) Raio (m) Comprimento (m)
 Amperímetro 0,02305 0,0055 0,04
 Fonte de alimentação ± 0,001 ± 0,0001 ± 0,0001
 Fios de ligação
Sabendo que o momento de inércia para um
 Cronômetro
cilindro maciço de massa m, raio r e comprimento
L que gira em torno de um eixo que passa pelo seu
3 Experimento
centro é:
Utilizando uma bússola, foi observado a
orientação do campo magnético terrestre. Com
isso, foi montado o circuito igual ao apresentado I ímã =m ( r4² + L12² )
pela figura 3, alinhando as bobinas de Helmholtz
de forma que o eixo que liga as bobinas esteja
paralelo ao campo terrestre. I ímã,
Foi calculado o sendo

I ímã =3,25 ∙10−6 ± 0,2 ¿ kgm² .


Seguindo o procedimento experimental 8 μ0 N
μ
variamos a corrente e contamos a quantidade de
equação y=ax+ b, onde a=
4 π ² I ímã 3
52 R ( )
oscilações e marcamos o tempo gasto a fim de
μ
calcular o período de oscilação T, sendo e b= ( B ).
4 π ² I ímã T

tempo gasto Determinado o coeficiente, calculamos o momento


T= . Os dados foram
número de oscilações magnético, sendo μ=0,03. Com o momento
anotados conforme a Tabela 2. magnético calculado e o coeficiente linear
determinado pudemos calcular o campo magnético

terrestre, sendo BT =( 4,97 ∙10−4 ±0,3)T .


Tabela 2 – Oscilações do ímã cilíndrico
Corrente (A) Tempo (s) Oscilações Período 5 Conclusão
0 56 20 2,80
0,1 51,57 20 2,58
0,2 47,40 20 2,37 Comparando o resultado para o campo
0,3 46,40 21 2,21
0,4 41,03 20 2,05 magnético terrestre obtido no experimento com a
0,5 38,97 20 1,95 previsão da literatura encontramos uma
0,6 36,60 20 1,83
discrepância equivalente a uma ordem de
0,7 34,91 20 1,75
0,8 33 20 1,65 grandeza, tal discrepância pode ser devido a erros
0,9 31,65 20 1,58
relacionado a ocorrência de oscilações do ímã na
1 30,09 20 1,51
vertical, o ímã não estar posicionado no centro
correto da bobina alterando assim o valor das
Gráfico 1 - f² X Corrente componentes do campo magnético, o número de
0.5 espiras nas bobinas era duvidoso também, além de
0.45
0.4 que o ambiente em que estávamos era envolto por
f(x) = 0.31 x + 0.12
Frequeência (s-2)

0.35 inúmeros materiais eletrônicos que podem ter


0.3
0.25
contribuído para a grande variação. Apesar do
0.2 erro, verificamos um comportamento linear das
0.15
variáveis em estudo, o aumento da corrente
0.1
0.05 diminui o período de oscilações, podendo afirmar
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 que o erro sistemático em questão foi contínuo
Corrente (A) durante todo o experimento.

Partindo da Equação (10), foi montado o Gráfico


1, frequência por corrente, sendo a frequência
Referências bibliográficas
1
f = . O gráfico foi linearizado segundo a

 Loyd, David H. Physics laboratory
manual. 3 ed. Belmont: Thomson
Books/Cole, 2008.
 Walker, J. Halliday/Resnick Fundamentos
da Física, Capítulo 28 Campos
magnéticos e capítulo 29 Campos
magnéticos produzidos por correntes. 9
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. v. 3.
Young, H.;
 “Magnetismo” acessado em 27/01/2017
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisi
ca/magnetismo.htm

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