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O PROJETO E A QUALIDADE DOS REVESTIMENTOS DE

ARGAMASSA DE FACHADA DE EDIFÍCIOS

Luciana Leone Maciel


Escola Politécnica - USP, Dep. de Eng. de Construção Civil, Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, Cidade
Universitária, São Paulo - SP, CEP 05508-900 - Tel.: (011) 818-5422, E-mail llmaciel@pcc.usp.br

Silvio Burrattino Melhado


Escola Politécnica - USP Dep. de Eng. de Construção Civil, Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, Cidade
Universitária, São Paulo - SP, CEP 05508-900 - Tel.: (011) 818-5428, E-mail silviobm@pcc.usp.br

ABSTRACT
The building construction firms have been improved the quality of its activities due to the
high market competition and the consumer’s demands.
In this situation, the design of the different parts of the building, including the product and
the production process definitions, is fundamental to improve the costs and the building
performance.
The external rendering is one of the parts of the building. However, the decisions about the
rendering and its production are just taken in the construction site, instead to be taken
during the design process. It results in pathological problems, high production costs and
high waste of materials, labor and time.
This work analyses the importance of the external rendering design developed in
conjunction with the others building designs. It also presents the information that will
provide rationalization, optimization and quality during the construction process, in order
to reduce the production costs and wastes, and improve the external rendering and
building performance.

KEY-WORDS: building, design, rendering

1 INTRODUÇÃO
Diante de uma situação de maior competitividade de mercado no país, as empresas
construtoras de edifícios, que durante muito tempo assumiram uma postura bastante
tradicional, vêm passando por um processo reorganização, de forma a atender às novas
exigências vigentes.
Para isso, buscam alcançar uma melhor qualidade dos seus produtos, maior produtividade,
baixos custos de produção e maximização dos lucros, sendo o projeto considerado um
instrumento para obtenção desses resultados.
E, por outro lado, o projeto passou, também, a ser apontado como um dos principais
motivos da ocorrência de falhas e problemas patológicos na Construção Civil, em função
das diversas lacunas presentes durante a sua elaboração, conforme ABRANTES (1995).
Nesse sentido, para MERRITT; AMBROSE (1989), o projeto do edifício deve ser
desenvolvido considerando as diversas partes que o constituem e atentando para as inter-
relações entre elas, de forma a compatibilizar e resolver as interferências encontradas. Para
os autores, é importante analisar as partes do edifício individualmente e, também, a sua
interação, considerando a obtenção de um desempenho conjunto adequado e a redução do
custo de produção.
No caso dos revestimentos de argamassa de fachada, sendo parte integrante do edifício,
verifica-se que o mesmo é empregado com grande freqüência e que existe uma considerável
incidência de falhas e problemas patológicos, além de custos elevados e desperdícios de
materiais, mão-de-obra e tempo na sua produção.
Observa-se, também, que não são feitas considerações prévias no projeto sobre esse
revestimento e existe uma grande carência de informações relativas à sua produção. O
revestimento é visto apenas como acabamento final e como uma forma de esconder as
imperfeições da fachada, não sendo valorizadas as suas importantes funções.
É dentro desse contexto que se justifica a necessidade do desenvolvimento de um projeto
específico para os revestimentos de argamassa de fachada, segundo diretrizes específicas,
que apresente soluções racionalizadas, de forma a obter melhores resultados para o
revestimento e também para o edifício como um todo.
Assim, as soluções do projeto devem considerar o produto, no caso o revestimento de
argamassa de fachada, vinculado ao seu processo de produção, tendo como resultados
finais projetos de conteúdos específicos acerca do produto e da sua produção, conforme a
Figura 1. Esses projetos são denominados, respectivamente, por MELHADO (1994),
Projeto Executivo e Projeto para Produção.

Figura 1 Projeto do produto e projeto da produção (MELHADO, 1994)

Através do projeto dos revestimentos de argamassa de fachada, pretende-se antecipar a


tomada de decisões subjetivas durante a execução, buscando-se melhores soluções para a
definição das suas características e da sua forma de produção, considerando-se as possíveis
interferências com os diversos subsistemas que fazem parte do edifício, tais como a
estrutura, a alvenaria e as instalações. Tudo isso, com o propósito de alcançar a qualidade
dos revestimentos e do edifício, evitando os custos desnecessários e também os
desperdícios de recursos.
2 O REVESTIMENTO DE ARGAMASSA DE FACHADA
2.1 O revestimento como parte do edifício
O edifício é considerado por ELDER; VANDENBERG (1977) como um conjunto de dois
tipos básicos de elementos: os que formam a envoltória externa e os que subdividem o
espaço interno. Cada um dos elementos apresenta funções distintas, mas que contribuem
para o comportamento final do conjunto.
A vedação vertical exterior, da qual o revestimento de fachada é parte constituinte, integra a
envoltória externa. Conforme BARROS (1991), a divisão do edifício em partes integradas
favorece a proposição de soluções para as questões complexas relacionadas ao edifício,
estudando cada uma das suas partes sem perder a visão do conjunto.
Dessa forma, o revestimento de argamassa de fachada, submetido diretamente a ação dos
agentes agressivos, deve cumprir as suas funções para auxiliar o adequado comportamento
da vedação exterior e, conseqüentemente, do edifício.
Neste trabalho, é estudado o revestimento de argamassa de fachada para acabamento em
pintura ou textura acrílica.
2.2 Funções e propriedades
De acordo com SABBATINI et al. (1988), o revestimento de argamassa de fachada
apresenta importantes funções que são, genericamente: proteger os elementos de vedação
dos edifícios da ação direta dos agentes agressivos; auxiliar as vedações no cumprimento de
suas funções como, por exemplo, o isolamento termo-acústico e a estanqueidade à água e
aos gases; regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de base regular e
adequada ao recebimento de outros revestimentos; constituir-se no acabamento final.
É importante ressaltar que não é função do revestimento de argamassa dissimular
imperfeições grosseiras da base. Na prática, essa situação ocorre com muita freqüência
devido à falta de cuidado no momento da execução da estrutura e da alvenaria, que ficam
desaprumadas e desalinhadas. Com isso é necessário “esconder na massa” essas
imperfeições, o que compromete o cumprimento adequado das suas reais funções,
conforme os autores.
E, para que os revestimentos de argamassa de fachada possuam um comportamento
adequado, cumprindo adequadamente as suas funções, eles precisam apresentar um
conjunto de propriedades específicas. Essas propriedades são relativas à argamassa tanto no
estado fresco como no endurecido e o seu entendimento permite avaliar o comportamento
do revestimento em diferentes situações.
O conjunto das propriedades da argamassa no estado fresco, quando ainda encontra-se
plástica, deve proporcionar uma facilidade na aplicação da argamassa sobre a base, uma boa
aderência inicial e um adequado processo de endurecimento.
Já no estado endurecido, as propriedades da argamassa devem restringir a formação de
fissuras no revestimento, manter a sua aderência à base, absorver pequenas deformações,
resistir às ações externas e proporcionar a durabilidade do revestimento.
O nível de exigência dessas propriedades é maior para os revestimentos de fachada, em
função das condições de exposição mais severas.
3 O PROJETO DO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA DE FACHADA
3.1 Aspectos a serem considerados
Existem diversos fatores que influenciam o desempenho do revestimento de argamassa de
fachada, relativos ao material utilizado, à base de aplicação, ao acabamento final, aos
detalhes arquitetônicos e construtivos, aos procedimentos de execução e controle dos
serviços. Dessa forma, é importante conhecê-los quando da realização do projeto, para que
as decisões tomadas estejam embasadas tecnologicamente, garantindo o cumprimento das
funções do revestimento ao longo do tempo.
Neste item são abordados alguns desses fatores, com base em informações obtidas a partir
de fontes bibliográficas e também de uma pesquisa de campo desenvolvida em empresas
incorporadoras e construtoras atuantes na construção de edifícios.
As empresas escolhidas para a realização do trabalho apresentavam uma postura favorável à
adoção de medidas visando a melhoria da qualidade desse revestimento.
3.1.1 Material
Com relação ao material, é importante considerar a composição, dosagem e produção da
argamassa. A sua composição diz respeito aos materiais constituintes. A dosagem,
comumente denominada traço, refere-se ao proporcionamento desses materiais.
A determinação da composição e da dosagem das argamassas exerce grande influência nas
suas propriedades no estado fresco e, conseqüentemente, no estado endurecido, sendo
fundamental considerar as condições de exposição, as condições de execução e de
utilização do revestimento, a natureza e características da base de aplicação e as exigências
quanto ao desempenho funcional, vida útil e custo, nessa determinação.
A produção das argamassas consiste na mistura dos seus materiais constituintes de acordo
com as proporções preestabelecidas. Os equipamentos utilizados e o ciclo de produção
variam com o tipo de argamassa empregada, devendo ser estudados.
3.1.2 Bases de aplicação
As bases de aplicação do revestimento de argamassa de fachada, em um edifício composto
por estrutura de concreto armado e alvenaria de vedação, são o concreto e os componentes
da alvenaria. Esses componentes podem ser de diferentes materiais que apresentam
características próprias e vão influenciar o comportamento do revestimento.
Nesse sentido, de acordo com a norma BS 5262 (BSI, 1991), é preciso considerar a
natureza da base, conhecendo-se a sua resistência, absorção e textura, para tomar decisões
quanto ao revestimento de argamassa de fachada. Esses aspectos devem ser levados em
conta para a definição do tipo de argamassa a ser empregado, sua composição e dosagem
adequadas, sua forma de aplicação e o tipo de preparação superficial da base.
3.1.3 Acabamento final
Um outro aspecto que deve ser considerado para a correta definição do projeto do
revestimento de argamassa é o acabamento final das suas camadas. Esse acabamento resulta
da aplicação de ferramentas específicas sobre as superfícies, para adequá-las ao recebimento
da camada sobrejacente. Por isso, é muito importante conhecer, previamente, as
especificações do revestimento para tomar a decisão com relação ao tipo de acabamento
superficial adequado.
3.1.4 Detalhes arquitetônicos e construtivos
O detalhamento da fachada também é um aspecto que deve ser considerado no projeto do
revestimento para oferecer a proteção necessária à fachada e contribuir para o adequado
atendimento às diversas solicitações.
Segundo a norma BS 5262 (BSI, 1991), os elementos arquitetônicos podem afetar a
aparência e a durabilidade do revestimento de fachada, constituindo pontos fracos que,
muitas vezes, dão origem a problemas. Por isso, esses elementos devem ser pensados
previamente, no projeto, para poder oferecer a devida proteção ao revestimento e não
representar pontos frágeis.
Além dos detalhes arquitetônicos, deve-se considerar a presença dos detalhes construtivos,
tais como as juntas de trabalho, os requadros dos vãos da janela e as quinas e cantos, que
também vão interferir no desempenho do revestimento ao longo do tempo.
Conforme MELHADO et al. (1995), “o emprego desses detalhes é específico para cada tipo
de edifício, ficando a critério do projetista a utilização e especificação dos mesmos”.
3.1.5 Etapas e seqüência de execução
A execução dos revestimentos de argamassa de fachada envolve uma série de etapas, com
atividades próprias e procedimentos específicos para o seu correto desenvolvimento, que
devem ser conhecidas e consideradas na elaboração do projeto. SABBATINI et al. (1993)
dividem as operações de execução desse revestimento em duas etapas principais: pré-
fachada e execução do revestimento.
A primeira etapa envolve a preparação da base, a definição da espessura real do
revestimento ao longo da fachada e o taliscamento; a segunda envolve a execução de
mestras, a aplicação da argamassa em uma ou várias demãos, o acabamento superficial das
camadas e a execução dos detalhes arquitetônicos e construtivos.
Para que as atividades de execução do revestimento ocorram de uma forma coerente com o
tempo disponível para o seu desenvolvimento, respeitando os intervalos entre as atividades
e também a tecnologia de execução adotada, é necessário estabelecer o seqüenciamento
dessas atividades. Esse seqüenciamento pode sofrer variação em função do tipo de
argamassa e dos equipamentos utilizados, poe exemplo.
3.1.6 Controle das atividades
As discussões a respeito das deficiências na qualidade dos revestimentos de fachada têm
sido cada vez mais freqüentes e a busca pela melhoria geral nas atividades de produção vem
crescendo. Nesse sentido, o controle é considerado um meio eficiente para garantir a
conformidade do produto, no caso o revestimento de argamassa de fachada, com as
especificações prédeterminadas, obtendo-se melhores resultados finais.
Mas, o controle não deve ser entendido como uma avaliação final do produto executado, e
sim como um conjunto de ações realizadas durante todo o processo de produção. Dessa
maneira, as não-conformidades passam a ser constatadas ao longo do processo, podendo
ser tomadas atitudes corretivas antes do seu término, para proporcionar a obtenção dos
resultados pretendidos.
Os procedimentos de controle devem estar determinados em um manual de procedimentos
da própria empresa para balizar as especificações do projeto e o estabelecimento das
tolerâncias admitidas.
Mas, muitas vezes, os parâmetros de controle não estão bem definidos e os encarregados
por essa tarefa acabam agindo segundo os conhecimentos tradicionais adquiridos na prática,
sem uma fundamentação tecnológica. Com isso, os erros e vícios são repetidos e os
problemas não são resolvidos de forma adequada. Nesse caso, cabe ao projeto especificar,
também, os procedimentos necessários para o controle das atividades.
3.2 Processo de Elaboração
Considerando que o projeto do revestimento deve ser elaborado juntamente com os outros
projetos, ele deverá ser desenvolvido em duas fases: interface com as demais disciplinas de
projeto; e interface com a produção, conforme MELHADO et al. (1995).
Ainda de acordo com os autores, caso não seja possível a elaboração do projeto do
revestimento juntamente com os outros, os princípios definidos para essa situação podem
ser adaptados, buscando-se alcançar o máximo grau de racionalização possível dentro das
restrições impostas pelos demais projetos já finalizados. No entanto, é importante que as
características relativas ao revestimento sejam definidas previamente para o melhor
planejamento e orçamento da obra e também para a definição de demais partes do edifício.
A Figura 2 ilustra o processo de elaboração do projeto dos revestimentos de argamassa de
fachada, juntamente com os outros projetos, considerando os aspectos principais para a
elaboração e tendo como resultados o Projeto Executivo e o Projeto para Produção.

ANTEPROJETO

ARQUITETURA ESTRUTURA OUTROS

MATERIAIS
(argamassa) ESPECIFICAÇÕES
DO
REVESTIMENTO

EXECUÇÃO
e ANTEPROJETO PROJ. P/ PRODUÇÃO
CONTROLE DO
REVESTIMENTO FÔRMAS

INTERFACES
Ÿ base DETALHAMENTO
Ÿ outros revest.. DO ALVENARIA
REVESTIMENTO
(PROJETO
DETALHES EXECUTIVO) OUTROS
e REVESTIMENTOS
ACABAMENTO
Ÿ juntas DETALHAMENTO CANTEIRO
Ÿ quinas e cantos DO DE OBRAS
Ÿ padrão de REVESTIMENTO
acabamento (PROJETO PARA
Ÿ arremates junto PRODUÇÃO)) etc.
a outros
elementos da
fachada

Figura 2 O processo de elaboração do projeto dos revestimentos de argamassa de


fachada
3.3 Conteúdo
O conjunto de informações levantadas, consideradas importantes para a adequada produção
do revestimento e que devem ser fornecidas pelo projeto, foram separadas em dois grupos:
informações de produto e de produção.
3.3.1 Projeto Executivo
O Projeto Executivo do revestimento de argamassa de fachada pode estar inserido no
Projeto Executivo de arquitetura, devendo apresentar as informações com relação ao
produto: especificação das camadas de argamassa que constituem o revestimento, definição
da espessura das camadas, definição de detalhamento de todos os arremates que fazem
parte da fachada; posicionamento e detalhamento das juntas de trabalho; detalhamento das
interfaces entre o revestimento de argamassa e outros revestimentos.
Se essas informações não forem fornecidas pelo projeto de arquitetura, deve ser feito um
projeto executivo específico do revestimento, com todo esse detalhamento.
3.3.2 Projeto para Produção
O Projeto para Produção deve fornecer as informações com relação ao material a ser
empregado, à sua execução e ao controle da produção, caso esses dois últimos aspectos não
estejam definidos nos manuais de procedimentos da empresa.
Com relação ao material, devem ser estabelecidos nesse projeto: os tipos de argamassa a
serem utilizados nas camadas do revestimento; a sua composição e dosagem levando em
consideração a disponibilidade dos materiais, de mão-de-obra e equipamentos; a forma de
produção da argamassa, determinando os equipamentos e ferramentas necessários e os
recipientes para a dosagem; a organização do canteiro, considerando a forma de estocagem
dos materiais, a disponibilidade de espaço e de equipamentos.
Com relação à execução devem ser determinadas as atividades de cada etapa e o seu
seqüenciamento, considerando os intervalos a serem observados para o início das atividades
e entre elas.
E, quanto ao controle, devem ser definidos no projeto todos os aspectos a serem verificados
antes, durante e após a conclusão das atividades, de acordo com os limites de tolerância
estabelecidos para cada um deles.
3.4 Apresentação
A apresentação desses projetos deve facilitar o sua utilização no canteiro de obras, o
tamanho dos projetos e dos detalhes deve ser adequado para o seu manuseio.
Com relação ao projeto para produção, é importante salientar que, segundo SOUZA et al.
(1995), ele não deve ser exaustivamente e exageradamente detalhado, tornando a sua
compreensão complexa. Para os autores, nesse projeto são fornecidas as informações
necessárias para a adequada produção, devendo o mesmo estar "harmonizado com as
características da mão-de-obra disponível (de pouca cultura e com certos vícios de
produção)".
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância do projeto do revestimento de argamassa de fachada, elaborado juntamente e
coordenadamente com ou outros projetos e voltado simultaneamente ao produto e à
execução, vem sendo bastante discutida e ressaltada, tanto pelos profissionais como pelos
pesquisadores ligados ao setor da construção civil.
Observa-se que algumas empresas atuantes no setor da construção de edifícios estão
investindo na organização do processo de projeto, buscando atingir um patamar mais
elevado de qualidade e racionalização construtiva.
As pesquisas realizadas mostraram que algumas importantes medidas já foram tomadas no
sentido de aperfeiçoar o processo de projeto, como: a organização de um departamento
técnico de projeto vinculado à empresa com a função de coordenar os diversos projetos de
forma a serem compatíveis; a contratação de projetos específicos para subsistemas até então
não considerados (como o da alvenaria); a elaboração de manuais de procedimentos de
execução na empresa, consolidando a sua tecnologia de produção que embasa a atividade
de projeto.
Embora essas medidas sejam de grande importância, muito ainda precisa ser feito no sentido
de melhorar o processo de projeto, buscando-se eliminar definitivamente o problema da
grande incompatibilidade entre os diversos projetos e, principalmente, as dificuldades e a
ineficácia das atividades de execução.
Com relação ao projeto dos revestimentos de argamassa de fachadas, ainda não existe a sua
inserção ao processo de projeto, mas um aspecto importante que pode ser verificado é a
busca das empresas por informações mais específicas sobre esse revestimento antes do
início da sua produção na obra.
A partir do estudo realizado, pôde-se verificar que as decisões relativas a esses
revestimentos quando tomadas, previamente, ainda na fase de projeto, apresentam um
grande potencial para o incremento da qualidade na produção dos edifícios, podendo trazer
alguns efeitos muito positivos como a padronização da execução, o menor índice de
retrabalho e a menor ocorrência de falhas durante a execução, obtendo uma melhor
qualidade para o edifício.
Por outro lado, verificou-se que a falta de informações ou a lentidão na sua transmissão
levou a ocorrência de situações de esperas e retrabalho, causando desperdícios de materiais
e tempo, podendo levar à ocorrência de problemas patológicos. A falta de especificação dos
detalhes construtivos, inobservância de importantes atividades de execução e falta de
especificações dos materiais são alguns exemplos de problemas ocorridos em função das
falhas de projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANTES, V. Construção em bom português. Adaptação do texto “Qualidade na
construção”, originalmente publicado pela Universidade do Porto. Téchne, n. 14, p.
27-31, jan/fev. 1995.
BARROS, M.M.S.B. Tecnologia de produção de contrapisos para edifícios
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BRITISH STANDARDS INSTITUTION. Code of practice for external renderings - BS
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ELDER, A.J.; VANDENBERG, M. Construccion: manuales AJ. Madrid, H. Blume,
1977.
MELHADO, S. B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso
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Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
MELHADO, S.B.; BARROS, M.M.S.B.; SOUZA, A.L.R. Qualidade do projeto na
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MERRITT, F.S.;AMBROSE, J. Building engineering and systems design. 2. ed. New
York, Van Nostrand Reinhold, 1990.
SABBATINI, F.H. et al. Recomendações para execução de revestimentos de
argamassa para paredes de vedação e tetos. São Paulo, EPUSP, 1988. (Relatório
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SABBATINI, F.H. Revestimento externo de argamassa - emboço base pintura -
Procedimento de execução. São Paulo, DITEC, 1993. Xerocopiado/
SOUZA, A.L.R.; BARROS, M.M.S.B.; MELHADO, S.B. Projeto e inovação
tecnológica na construção de edifícios: implantação no processo tradicional e em
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Politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/145).

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