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Segunda-feira, 6 de Setembro de 2010

I Série
Número 34

BOLETIM OFICIAL
SUMÁRIO

PRESIDÊDNCIA DA REPÚBLICA: Decreto-Lei nº 35/2010:

Decreto-Presidencial nº 18/2010: Aprova o rejime geral do contrato seguro.


Resolução nº 50/2010:
Condecora, com a 1ª Classe da Medalha de Mérito, S. Ex.ª o Senhor
Pedro Evelio Dorta González, Embaixador Extraordinário e Cria uma Comissão para a Elaboração da Estratégia Nacional vi-
Plenipotenciário da República de Cuba em Cabo Verde. sando a transição do sistema de radiodifusão televisiva analógica
para a radiodifusão Televisiva Digital Terrestre.
CONSELHO DE MINISTROS: MINISTÉRIO DA SAÚDE:
Decreto-Lei nº 32/2010: Portaria nº 33/2010:
Cria a Equipa Nacional de Auditoria, para Revisão Clínica de Mor-
Estabelece o objectivo e os princípios em que assenta o Sistema
tes Maternas e Neo-natais e de sobreviventes, abreviadamente
Nacional de Controlo de Alimentos (SNCA).
designado por ENAMM.
Decreto-Lei nº 33/2010: MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E MINIS-
TÉRIO DAS FINANÇAS:
Estabelece o regime jurídico das Sociedades de Garantia Mútua.
Despacho conjunto:
Decreto-Lei nº 34/2010: Autorizando as Missões Diplomáticas e Postos Consulares a aplicar
a Tabela de Emolumentos Consulares com a redução de 50%
Cria o fundo de Contra garantia Público. das taxas no período de recenseamento eleitoral no estrangeiro.

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA delo da sua organização e funcionamento ora adoptado


resulta de uma ampla discussão e de indicações perti-
–––––– nentes recebidas da consulta pública a que foi sujeito.

Decreto-Presidencial nº 18/2010 Com esse modelo configurado com base num amplo
consenso, o presente Decreto-lei define os princípios, ob-
de 6 de Setembro
jectivos, composição, organização, competências e modo
Em reconhecimento pela sua valiosa contribuição para de funcionamento do Sistema Nacional de Controlo de
o estreitamento das relações de amizade e de cooperação Alimentos.
entre Cuba e Cabo Verde e, igualmente, pelo seu contri-
Assim;
buto pessoal em prol dos objectivos de desenvolvimento
e progresso contínuos que o povo cabo-verdiano almeja; Nos termos do artigo 31º do Decreto-Legislativo nº
3/2009, de 15 de Junho e,
Usando da competência conferida pelo artigo 3º da Lei
n° 54/II/85, de 10 de Janeiro, e considerando o disposto no No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do
n° 2 do artigo 2° e na alínea e) do artigo 3° da Lei n° 23/ artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
III/87, de 25 de Agosto, na formulação dada pelo artigo 6°
da Lei n° 18/IV/96, de 30 de Dezembro; CAPITULO I
O Presidente da República decreta o seguinte: Disposições gerais
Artigo 1° Artigo 1º

É condecorado, com a 1ª Classe da Medalha de Mérito, Objecto


S. Exª o Senhor Pedro Evelio Dorta González, Embaixa-
dor Extraordinário e Plenipotenciário da República de 1. O presente diploma estabelece o objectivo e os prin-
Cuba em Cabo Verde. cípios em que assenta o Sistema Nacional de Controlo
de Alimentos (SNCA), bem como a sua organização e
Artigo 2°
composição e as competências e o funcionamento dos
O presente Decreto-Presidencial entra imediatamente órgãos que integra.
em vigor.
2. É também aprovado o organigrama das estruturas
Publique-se. de articulação e coordenação do SNCA, que baixa em
anexo ao presente diploma, do qual faz parte integrante.
Palácio da Presidência da República, na Praia, aos 12
Artigo 2º
de Agosto de 2010. – O Presidente, PEDRO VERONA
RODRIGUES PIRES Âmbito

––––––o§o––––––– O SNCA tem como âmbito de actuação os alimentos


para consumo humano e animal produzidos no país,
CONSELHO DE MINISTROS importados e exportados, englobando todas as fases da
produção, transformação e distribuição de géneros ali-
–––––– mentícios e de alimentos para animais.
Decreto-Lei nº 32/2010 Artigo 3º

de 6 de Setembro Definições

Cabe ao Estado, enquanto regulador, criar as condições Para efeitos do disposto no presente diploma, entende-se
legais, institucionais e técnicas com vista a assegurar por:
a oferta de bens e serviços em condições de segurança,
que salvaguardem a saúde e a qualidade de vida dos a) «Género alimentício ou alimento para consumo
consumidores e proporcionem um ambiente de negócios humano», qualquer substância ou produto,
concorrencial e salutar, propício ao desenvolvimento das transformado, parcialmente transformado
actividades económicas. ou não transformado, destinado a ser
ingerido pelo ser humano ou com razoáveis
Com esse propósito, foi publicado o Decreto-Legislativo probabilidades de o ser.
n.º 3/2009, de 15 de Junho, que estabelece os princípios
gerais do controlo da segurança e qualidade dos géneros b) O termo género alimentício ou alimento para
alimentícios e dos alimentos para animais, as respon- consumo humano, abrange bebidas, pastilhas
sabilidades que incumbem aos operadores do sector elásticas e todas as substâncias, incluindo
alimentar, bem como os procedimentos que devem ser a água, intencionalmente incorporadas nos
adoptados em caso de risco para a saúde pública. géneros alimentícios durante o seu fabrico,
preparação ou tratamento e exclui:
Instituído o Sistema Nacional de Controlo de Alimentos,
nos termos do artigo 31º desse Decreto-Legislativo, o mo- i) Alimentos para animais;

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ii) Animais vivos, a menos que sejam preparados CAPITULO II


para colocação no mercado para consumo
humano; Sistema nacional de controlo de alimentos
Artigo 4º
iii) Plantas, antes da colheita;
Objectivo e Princípios
iv) Medicamentos;
1. SNCA é uma estrutura organizacional em rede,
v) Produtos cosméticos;
integrada por instituições do sector público e privado e
vi) Tabaco e produtos do tabaco; da sociedade civil organizada, envolvidas na segurança
sanitária e qualidade dos alimentos, que, seguindo princí-
vii) Estupefacientes ou substâncias psico-
pios, regras e procedimentos internacionalmente aceites,
trópicas; e
congrega esforços em prol da segurança e qualidade dos
viii) Resíduos e contaminantes. alimentos comercializados no mercado nacional e dos
destinados à exportação.
c) «Alimento para animais», qualquer substância
ou produto, incluindo os aditivos, trans- 2. O SNCA tem como objectivo contribuir para a defesa
formado, parcialmente transformado ou não da saúde pública e a protecção do consumidor, garan-
transformado, destinado a ser utilizado para tindo a segurança e qualidade dos géneros alimentícios
a alimentação oral de animais. comercializados no mercado nacional e reprimindo as
d) «Fases da produção, transformação e distri- más práticas associadas à sua comercialização.
buição», qualquer fase, incluindo a impor- 3. O SNCA norteia-se, nomeadamente, pelos seguintes
tação, desde a produção primária de um princípios:
género alimentício até à sua armazenagem,
transporte, venda ou fornecimento ao a) A redução dos riscos através da aplicação do
consumidor final e, quando for o caso, a princípio da prevenção ao longo da cadeia
importação, produção, fabrico, armazenagem, alimentar;
transporte, distribuição, venda e fornecimento
b) A adopção do princípio “do campo à mesa”;
de alimentos para animais.
c) O estabelecimento de procedimentos de urgência
e) «Controlo de alimentos», actividade de
para fazer face a riscos particulares;
regulação de carácter obrigatório, que visa o
cumprimento das disposições legais emanadas d) A elaboração de estratégias e programas de
pelas autoridades nacionais e locais, com controlo alimentar em bases científicas;
a finalidade de proteger o consumidor e
garantir que os alimentos durante a sua e) O estabelecimento de prioridades com base na
produção, manipulação, armazenamento, análise dos riscos e na eficácia da gestão dos
processamento e distribuição são seguros e mesmos;
aptos para consumo humano. Artigo 5º

f) «Segurança sanitária dos alimentos», garantia Componentes do sistema


de que os alimentos são seguros e não são
prejudiciais à saúde do consumidor. Esta O SNCA integra cinco componentes inter-relacionadas,
diz respeito a todos os riscos, crónicos ou que são desenvolvidas progressivamente:
agudos, susceptíveis de tornar os alimentos a) Legislação e regulamentação alimentar;
prejudiciais à saúde do consumidor.
b) Gestão do controlo alimentar;
g) «Qualidade dos alimentos», refere-se a todas
as outras características, para além das c) Inspecção;
que definem a segurança sanitária, que
d) Infra-estruturas laboratoriais; e
determinam o valor de um produto para o
consumidor. Distinguem-se características e) Informação, educação, comunicação e formação.
negativas, tais como, o estado de deterioração,
Artigo 6º
descoloração, odores estranhos, sujidade,
entre outros, e as positivas, tais como, a Organização
origem, a cor, o sabor, textura, assim como
1. O SNCA é uma estrutura organizacional em rede
o método de tratamento de um determinado
que tem como alicerces a articulação e a cooperação entre
alimento.
as diferentes instituições nacionais públicas, privadas e
h) «Gestão do controlo alimentar», processo continuo da sociedade civil organizada, envolvidas na segurança
que consiste em planificar, organizar, sanitária e qualidade dos alimentos e compreende dois
supervisionar, coordenar e comunicar, de níveis organizacionais:
forma integrada, um conjunto de decisões e
a) Nível de Coordenação, Planificação, Seguimento
medidas para garantir a segurança sanitária
e Avaliação; e
e qualidade dos alimentos locais, importados
e exportados. b) Nível Operacional.

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2. Nos termos do n.º 3 do artigo 31º do Decreto-Legisla- Artigo 8º


tivo nº3/2009, de 15 de Junho, a autoridade de regulação Competências das autoridades competentes
do sector alimentar é o órgão central do SNCA responsá-
vel pela sua coordenação. As autoridades competentes, com funções de controlo
de alimentos no âmbito do SNCA, têm as seguintes
Artigo 7º
competências:
Atribuições do órgão central do SNCA
a) Inspeccionar os locais e processos de produção a
Compete ao órgão central, em articulação com os de- fim de verificar a sua conformidade às normas
mais órgãos do SNCA, as seguintes atribuições: e regulamentos em vigor, em particular de
higiene;
a) Gerir, coordenar e desenvolver o SNCA,
promovendo, de forma progressiva e b) Avaliar a eficácia e eficiência dos sistemas de
harmoniosa, a estruturação das componentes autocontrolo, nomeadamente BPF, BPH,
do sistema com vista a garantir a segurança BPA, e HACCP;
sanitária e qualidade dos alimentos c) Recolher amostras para verificação e análise no
comercializados no mercado nacional e dos âmbito oficial da sua missão;
destinados à exportação;
d) Recolher elementos de prova de infracção e
b) Instituir mecanismos de coordenação e aplicação de sanções;
articulação entre os sectores público e
privado e a sociedade civil organizada, e) Promover a formação e a educação sobre
visando assegurar a coerência e eficácia das a segurança sanitária e qualidade dos
actividades de controlo de alimentos; alimentos;

c) Encorajar a participação dos diferentes f) Participar no estabelecimento de regulamentos,


intervenientes no processo de elaboração normas e códigos de boas práticas e na
de estratégias e programas no domínio da promoção da sua aplicação;
segurança e qualidade dos alimentos;
g) Notificar todas as situações anómalas
d) Coordenar a elaboração e implementação da relacionadas com a segurança sanitária e
estratégia/programa nacional integrado a qualidade dos alimentos para consumo
de controlo da segurança e qualidade dos humano e animal que possam representar
alimentos; riscos para a saúde pública, através do
Sistema Integrado de Alerta Rápido de
e) Estabelecer regulamentos, normas e códigos de Alimentos (SIARA);
boas práticas e promover a sua aplicação;
h) Respeitar a ética e os princípios deontológicos.
f) Definir as prioridades a atender com base na Artigo 9º
análise de riscos;
Competências das organizações representativas
g) Coordenar as actividades de controlo alimentar, dos operadores económicos.
seguir e avaliar o impacto das mesmas; Compete às organizações representativas dos op-
h) Promover a informação e a educação do eradores económicos, enquanto entidades integradas
consumidor; no SNCA, promover a aplicação das exigências legais
relativas à segurança e qualidade dos alimentos nas
i) Apoiar as actividades relacionadas com a empresas do sector alimentar em todos os segmentos da
pesquisa e o desenvolvimento; cadeia alimentar.
Artigo 10º
j) Desenvolver sistemas de vigilância e alerta;
Responsabilidade da sociedade civil organizada
k) Desenvolver mecanismos de gestão de crises;
As organizações da sociedade civil, nomeadamente as
l) Definir programas de garantia da qualidade associações de defesa dos consumidores, são, no quadro
orientados para a indústria e apoiar na sua do SNCA, responsáveis pela promoção da educação do
implementação; consumidor no tocante a temas relacionados com a se-
gurança sanitária e qualidade dos alimentos.
m) Ter em conta os factores e as tendências
concernentes à produção, transformação, Artigo 11º
comercialização, distribuição e consumo de Estruturas de coordenação e articulação do SNCA
alimentos susceptíveis de afectar a salubridade
e qualidade dos alimentos e adoptar medidas 1. As estruturas de coordenação e articulação do SNCA
no caso de não conformidades; têm como finalidade facilitar a interacção e integração
das acções das diferentes entidades do sector público,
n) Seguir e avaliar o funcionamento do sistema. privado e da sociedade civil organizada, e promover, de

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forma interactiva e articulada, a planificação, implemen- 2. O CG integra altos representantes das instituições
tação, seguimento e avaliação no domínio da segurança da Administração Pública com atribuições no controlo de
sanitária e qualidade dos alimentos. alimentos, das organizações representativas dos opera-
dores económicos do sector alimentar e das associações
2. As estruturas de coordenação e articulação do SNCA de defesa de consumidores.
são órgãos que apoiam o organismo de coordenação do
sistema no cumprimento do seu mandato. 3. São membros do CG:

3. São estruturas de coordenação e articulação do a) Um representante do departamento gover-


SNCA: namental responsável pelo sector da saúde;

a) O Conselho Geral (CG); b) Um representante do departamento gover-


namental responsável pelos sectores da água,
b) A Comissão Técnica (CT), que engloba: pesca, agricultura, pecuária e ambiente;
i. Comissão Técnica Central (CTC); c) Um representante do departamento governamental
responsável pelos sectores da indústria,
ii. Comissões Técnicas Descentralizadas (CTD). comércio, turismo, e inspecção económica;
4. Os procedimentos e os meios de actuação e de arti- d) Um representante da autoridade de regulação
culação entre as estruturas de coordenação e articulação do sector alimentar;
do SNCA são definidos pelo órgão central do sistema e
e) Um representante do departamento
pelos presidentes do CG e da CT.
governamental responsável pelo sector das
Artigo 12º alfândegas;
Financiamento do SNCA f) Um representante das organizações
representativas dos operadores económicos
Os encargos orçamentais decorrentes do funciona-
do sector alimentar;
mento das estruturas de coordenação e articulação do
SNCA são suportados por verbas inscritas no orçamento g) Um representante das associações de defesa dos
do órgão central do sistema. consumidores legalmente constituídas;
Artigo 13º h) Um representante da Associação Nacional dos
Municípios de Cabo Verde (ANMCV);
Instrumentos de gestão do SNCA
i) Um representante do Organismo Nacional do
1. São instrumentos de suporte à gestão das acções a Codex Alimentarius;
serem desenvolvidas no âmbito do SNCA, nomeadamen-
te, os seguintes: j) Um representante do Organismo Nacional da
Qualidade;
a) Estratégia e Programas Nacionais de Segurança
Sanitária e da Qualidade dos Alimentos; k) Um representante das Universidades e
instituições de ensino superior.
b) Mecanismos de Gestão de Dados - Bases de
4. Os membros do Conselho Geral a que se referem as
Dados;
alíneas a) a e) são designados pelos membros do Governo
c) Sistemas de Vigilância e Alerta Rápido; responsáveis pelas áreas em questão.

d) Mecanismos de Gestão de Crises; 5. Caso os sectores mencionados nas alíneas b) e c)


integrarem departamentos governamentais diferentes,
e) Rede de Análise de Riscos; e o número de representantes neste caso é alterado em
conformidade, se houver inconveniência por uma repre-
f) Mecanismos de seguimento e avaliação.
sentação única.
2. Os instrumentos de gestão do SNCA são desenvol- 6. Os membros do Conselho Geral a que se referem
vidos progressivamente pelo organismo de coordenação as alíneas de f) a j) são designados pelas entidades que
do sistema em estreita articulação e colaboração com as representam.
entidades que integram o sistema.
7. As entidades que integram o Conselho Geral devem
CAPITULO III indicar, para além do seu representante titular, um
suplente.
Conselho geral
8. Os representantes das entidades que compõem o
Artigo 14º
Conselho Geral exercem o seu mandato por períodos
Natureza e Composição de 3 (três) anos, renováveis, podendo ser substituídos,
temporariamente ou a título definitivo, no exercício das
1. O CG é a instância deliberativa do SNCA, a quem
suas funções mediante indicação prévia das entidades
incumbe promover e facilitar a concertação e a inter-
que representam.
venção coordenada no domínio da segurança sanitária
e qualidade dos géneros alimentícios no país, bem como 9. A presidência do Conselho Geral CG é assumida pelo
acompanhar e avaliar as intervenções nesse domínio. órgão central do SNCA.

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Artigo 15º 2. As reuniões ordinárias são convocadas com a ante-
Competências cedência mínima de 15 (quinze) dias, através de convite
dirigido aos membros do conselho, acompanhado da
1. Compete ao Conselho Geral: ordem dos trabalhos e da acta da reunião anterior.
a) Identificar os temas prioritários para discussão; 3. Para as reuniões em que são tratados temas de ele-
vado grau de especialidade, o presidente pode convocar
b) Definir e orientar a implementação de linhas
apenas os membros do CG competentes nas matérias
estratégicas de intervenção na área de
agendadas.
segurança sanitária e qualidade dos géneros
alimentícios; 4. O CG pode deliberar desde que estejam presentes
mais de metade dos seus membros.
c) Acompanhar e analisar os factores e tendências
da produção, transformação, comercialização, 5. As deliberações do CG são tomadas por consenso, ou
distribuição e consumo de alimentos na falta deste, por maioria dos votos dos seus membros
susceptíveis de afectar a segurança sanitária presentes.
e qualidade dos géneros alimentícios e adoptar
medidas nos casos de não conformidade; 6. O CG pode constituir comissões temáticas e grupos
de trabalho, designando o coordenador e os demais mem-
d) Aprovar os Programas e Planos de Acção anuais bros, bem como estabelecendo prazo para apresentação
e plurianuais e acompanhar e avaliar a sua de resultados, conforme deliberado pelo conselho.
implementação;
7. Sempre que se justificar, o presidente pode convidar
e) Colaborar na mobilização de recursos e meios entidades ou personalidades de reconhecida competência
necessários para a realização dos Programas técnica para participar nas reuniões do CG.
e Planos de Acção anuais e plurianuais,
estimulando a integração dos esforços entre 8. O Secretariado do Conselho é assegurado pelo órgão
o sector público, privado e a sociedade civil central do SNCA.
organizada; 9. Das reuniões do CG são lavradas actas.
f) Promover estudos de impacto da regulação do CAPITULO IV
mercado de alimentos, em todas as suas
vertentes; Comissão técnica
g) Assegurar a articulação com outros conselhos Artigo 17º
nacionais relevantes em razão da matéria; Natureza
h) Promover, de forma articulada, a monitorização e A Comissão Técnica (CT) é o órgão de suporte técnico
avaliação da segurança sanitária e qualidade do Conselho Geral (CG) e do Órgão Central do SNCA.
dos alimentos comercializados no mercado
nacional; Artigo 18º

Estrutura da Comissão Técnica


i) Elaborar e aprovar o seu regimento interno.
A CT engloba a :
2. Ao presidente do CG incumbe:
a) Comissão Técnica Central (CTC).
a) Convocar, presidir e coordenar as reuniões
ordinárias e extraordinárias do CG; b) Comissões Técnicas Descentralizadas (CTD).
b) Zelar pelo cumprimento das decisões e Secção I
orientações do CG;
Comissão técnica central
c) Garantir a interligação entre o CG e as demais Artigo 19º
estruturas do SNCA;
Natureza e Composição
d) Representar o CG.
1. A Comissão Técnica Central (CTC) é a estrutura
3. Os membros do CG asseguram a interligação entre central da CT, com a seguinte composição, na base de
o CG e as entidades que representam e têm como função reconhecidas competências técnicas nos domínios rela-
primordial colaborar na discussão e formação de consen- cionados com o controlo de alimentos integrada pelas
sos sobre questões pertinentes, inerentes à segurança seguintes entidades:
sanitária e qualidade de alimentos.
a) Um representante do departamento gover-
Artigo 16º namental responsável pelo sector da saúde;
Funcionamento
b) Representantes do departamento governamental
1. O CG reúne-se ordinariamente uma vez por ano e responsável pelos sectores da água, pesca,
extraordinariamente por iniciativa do seu presidente ou agricultura, pecuária e ambiente, sendo um
por solicitação da maioria simples dos seus membros. de cada sector;

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c) Representantes do departamento governamental b) Propor Programas e Planos plurianuais e


responsável pelos sectores da indústria, anuais de acção de acordo com as prioridades
comércio, turismo, e inspecção económica, estabelecidas, assim como, participar na sua
sendo um de cada sector; implementação, seguimento e avaliação;

d) Um representante da autoridade de regulação c) Participar no processo de elaboração e adopção de


do sector alimentar; regulamentos, normas e códigos e promover a
sua aplicação;
e) Um representante do departamento
governamental responsável pelo sector das d) Contribuir para a participação activa do país nas
alfândegas; reuniões do Codex Alimentarius e em outras
instâncias regionais e internacionais em
f) Um representante do Organismo Nacional do matéria de normalização e regulamentação
Codex Alimentarius; alimentar;
g) Um representante do subsistema de e) Assegurar a articulação com o organismo
normalização, pertencente ao organismo nacional de normalização e com os órgãos
nacional da qualidade, com competências no nacionais do Codex Alimentarius;
âmbito do sector alimentar;
f) Contribuir para o estabelecimento de
h) Dois representantes das organizações procedimentos uniformizados e aplicáveis a
representativas dos operadores económicos nível nacional no que se refere às acções de
do sector alimentar; controlo;

i) Dois representantes das associações de defesa g) Contribuir para o estabelecimento dos proce-
dos consumidores; dimentos de intervenção em situação de crise;

j) Um representante da Associação Nacional dos h) Contribuir para a identificação das necessidades


Municípios de Cabo Verde (ANMCV); em formação e planificar acções de formação
e actualização de conhecimentos dirigidos aos
k) Presidentes das Comissões Técnicas diferentes intervenientes, nomeadamente:
Descentralizadas.
a) Agentes de controlo;
l) Um representante das Universidades e
instituições de ensino superior. b) Operadores económicos e;

2. Os membros da CTC a que se referem as alíneas de c) Consumidores.


a) a e) são designados, de entre técnicos de reconhecida
i) Avaliar o funcionamento do SNCA e promover a
competência técnica nas matérias relacionadas com o
introdução continua de melhorias;
controlo de alimentos, pelos membros do Governo res-
ponsáveis pelos sectores indicados nas alíneas de a) a I. j) Transmitir orientações genéricas através do
secretariado às estruturas descentralizadas
3. Os membros da CTC a que se referem as alíneas de do SNCA;
e) a j) são designados, de entre técnicos de reconhecida
competência técnica nas matérias relacionadas com o k) Integrar os Programas e Planos regionais e locais
controlo de alimentos, pelas entidades que representam. das estruturas descentralizadas do SNCA;

4. As entidades que integram a CTC devem indicar, l) Aprovar o seu regulamento interno.
para além do seu representante titular um suplente.
Artigo 21º
5. O mandato dos representantes das entidades que Funcionamento da Comissão Técnica Central
compõem a CTC é de três anos, renovável, podendo no
entanto ser substituídos temporariamente ou definiti- 1. A CTC funciona em rede, interligando-se com as
vamente mediante indicação prévia das entidades que Comissões Técnicas Descentralizadas (CTD) do SNCA.
representam.
2. A CTC reúne-se ordinariamente em plenária duas
6. A CTC é presidida pelo representante do órgão vezes por ano e extraordinariamente por iniciativa do seu
central do SNCA. presidente ou a pedido da maioria dos seus membros. Este
órgão funciona, também, de forma permanente ao longo do
Artigo 20º
ano em comissões e grupos de trabalho temáticos.
Competência da Comissão Técnica Central
3. As reuniões ordinárias são convocadas com a ante-
Compete à CTC: cedência mínima de 15 (quinze) dias, através de convite
dirigido aos membros da Comissão, acompanhado da
a) Concorrer para a definição das prioridades ordem dos trabalhos, da acta da reunião anterior e dos
nacionais em matéria de controlo de alimentos; documentos de suporte que couberem.

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4. A CTC pode deliberar desde que esteja presente mais c) Coordenar a implementação das actividades do
de metade dos seus membros. Plano de Acção a nível descentralizado;
5. As deliberações da CTC são tomadas por consenso, ou, d) Monitorizar as actividades do Plano de Acção a
na falta deste, por maioria dos seus membros presentes. nível descentralizado;
6. As comissões temáticas e grupos de trabalho, e) Participar na elaboração dos Programas e Planos
constituídos no âmbito da CTC, para análise de temas plurianuais e anuais de acção a nível nacional;
referentes ao controlo da segurança e qualidade dos ali- f) Articular/integrar as actividades a nível
mentos, são compostos por membros da CTC, bem como descentralizado;
por quadros/especialistas convidados com competência
na matéria em discussão. g) Articular-se com o Órgão Central do SNCA e a
CTC;
7. A coordenação das comissões e grupos de trabalho
temáticos, é atribuída a uma das entidades membros h) Executar e/ou dar seguimento às orientações
da CTC de acordo com a competência na matéria em recebidas da CTC, através do Órgão Central
discussão. do SNCA;
i) Contribuir para a identificação das necessidades
8. Sempre que se justificar, o presidente, em razão da
de formação no domínio da segurança e
matéria, pode convidar entidades ou personalidades de
qualidade alimentar;
reconhecida competência técnica para participar nas
reuniões da CTC. j) Participar no processo de elaboração de
regulamentos, normas e códigos e promover
9. O Secretariado da Comissão Técnica Central é as-
a sua aplicação;
segurado pelo órgão central do SNCA.
k) Promover a aplicação de procedimentos
10. Das reuniões do CTC são lavradas actas, mencio- uniformizados no que se refere às acções de
nando os assuntos tratados e as deliberações tomadas. controlo;
11. Estão obrigados a sigilo profissional todos os l) Contribuir para o estabelecimento dos
membros da CTC e das comissões temáticas e grupos de procedimentos de intervenção em situação de
trabalho, relativamente aos temas em discussão até que crise;
estes se considerarem finalizados ou se tornem públicos.
m) Avaliar o funcionamento do sistema a nível
Secção II descentralizado;
Comissões técnicas descentralizadas
n) Promover a introdução continua de melhorias no
Artigo 22º sistema a nível descentralizado; e
Natureza e Composição o) Aprovar o seu regulamento interno.
1. As Comissões Técnicas Descentralizadas (CTD) são Artigo 24 º
órgãos técnicos de âmbito local ou regional, integrados Funcionamento
pelos responsáveis técnicos dos serviços desconcentrados
1. As CTD reúnem-se ordinariamente duas vezes por
com funções de controlo da segurança sanitária e quali-
ano e extraordinariamente por iniciativa do seu presiden-
dade dos alimentos dos departamentos governamentais
te ou por solicitação da maioria dos seus membros, sem
responsáveis pelos sectores das pescas, agricultura, am-
prejuízo do seu funcionamento permanente em comissões
biente, saúde, comércio, indústria turismo e alfândegas,
e grupos de trabalho temáticos.
dos serviços das câmaras municipais, das associações de
defesa dos consumidores e das organizações representa- 2. As reuniões ordinárias são convocadas com a ante-
tivas dos operadores económicos. cedência mínima de 15 (quinze) dias, através de convite
dirigido aos membros, acompanhado da ordem dos tra-
2. Cada CTD é presidida pela entidade designada pelo
balhos e da acta da reunião anterior.
organismo de gestão do SNCA, ouvidas as entidades nela
representadas. 3. As CTD podem deliberar desde que esteja presente
mais de metade dos seus membros.
Artigo 23º

Competência 4. As deliberações das CTD são tomadas por con-


senso, ou na falta deste, por maioria dos seus membros
Às CTD, compete, nomeadamente: presentes.
a) Contribuir para a definição das prioridades a 5. As CTD podem, sempre que necessário e pertinente,
nível local ou regional em matéria de controlo criar comissões temáticas e grupos de trabalho.
de alimentar;
6. As comissões e grupos de trabalho temáticos,
b) Elaborar o Plano de Acção Anual a nível constituídos no âmbito das CTD, para análise de temas
descentralizado na área de controlo da referentes ao controlo de segurança e qualidade dos ali-
segurança sanitária e qualidade de géneros mentos são compostos por membros das CTD bem como
alimentícios, com base nas prioridades por quadros/especialistas com competência na matéria
estabelecidas a nível nacional; em discussão.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1245

7. A coordenação das comissões e grupos de trabalho em tudo o que não estiver consagrado no presente di-
temáticos, é atribuída a uma das entidades membros ploma, definir e determinar normas sobre a organização,
das CTD de acordo com a competência na matéria em o funcionamento e os procedimentos administrativos
discussão. do SNCA através de deliberações do seu Conselho de
Administração.
8. Estão obrigados a sigilo profissional todos os mem-
bros das CTD e das comissões e grupos temáticos de Artigo 26º
trabalho relativamente aos temas em discussão até que Entrada em vigor
estes se considerarem finalizados ou se tornem públicos.
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao
9. Sempre que se justificar, o presidente de uma CTD da sua publicação.
pode convidar entidades ou personalidades de reconhe-
cida competência técnica para participar nas reuniões Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
dessa CTD.
José Maria Pereira Neves - Basílio Mosso Ramos -
10. Das reuniões das CTD são lavradas actas. Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Fátima
Maria Carvalho Fialho - José Maria Fernandes da Veiga
CAPITULO V
Promulgado em, 30 de Agosto 2010.
Disposições finais
Publique-se.
Artigo 25º
O Presidente da República, PEDRO VERONA RO-
Poder Regulamentar
DRIGUES PIRES.
Fica atribuída à Agência de Regulação e Supervisão
Referendado em 1 de Setembro de 2010
dos Produtos Farmacêuticos e Alimentares (ARFA), na
qualidade de órgão central do SNCA, competência para, O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
ANEXO
Organigrama das Estruturas de coordenação e articulação do SNCA

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

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1246 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

Decreto-Lei nº 33/2010 CAPÍTULO I

de 6 de Setembro Disposições gerais

Reconhecendo-se que as pequenas e médias empresas Artigo 1º


e as microempresas assumem um papel relevante na
estrutura económico empresarial dos países e na dina- Objecto
mização da economia, nomeadamente porque contribuem
O presente diploma estabelece o regime jurídico das So-
para a atenuação dos ciclos económicos e para a criação
ciedades de Garantia Mútua, como instituições especiais
e estabilização de emprego e de riqueza ter-se-á igual-
de crédito que têm por objecto uma actividade bancária
mente de atender a todo um conjunto de factores que, de
restrita à realização de garantias à primeira solicitação,
forma geral, enquadram o processo de acesso, por aquelas
ou similares, e de serviços conexos em benefício de micro,
empresas, aos financiamentos necessários e adequados
pequenas e médias empresas, ou outras pessoas colectivas,
à prossecução das suas actividades. qualquer que seja a sua natureza jurídica, e de pessoas
singulares, regendo-se pelo disposto no presente diploma
Estas empresas, pela sua dimensão, encontram factores
e pelas disposições aplicáveis às instituições de crédito.
muito específicos no acesso ao crédito, nomeadamente
no que se refere às condições de preço e de prazo dos Artigo 2º
financiamentos obtidos. Atribuições

Tais factores influenciam as suas relações com empresas 1. As sociedades de garantia mútua podem realizar as
de maior dimensão, no plano nacional e no contexto in- operações e prestar os serviços seguintes:
ternacional bem como a sua capacidade de expansão e
a) Promoção, em favor dos accionistas beneficiários,
competitividade.
da obtenção de recursos financeiros junto
de instituições de crédito ou de outras
Tendo presente toda esta envolvente específica, visa-
instituições financeiras, nacionais ou
se criar um mecanismo adequado para que a dimensão
estrangeiras e bem assim a participação
da empresa possa ser menos relevante como factor a
na colocação, em mercado primário ou em
considerar na obtenção dos respectivos financiamentos,
mercado secundário, de acções, obrigações ou
procurando-se, deste modo, melhorar a competitividade de quaisquer outros valores mobiliários, bem
das empresas mencionadas. como de títulos de crédito emitidos pelos seus
accionistas beneficiários;
Para tal, regulamenta-se a actividade de garantia mú-
tua, criando, como veículo privilegiado de exercício da ac- b) Concessão de garantias destinadas a assegurar
tividade, as sociedades de garantia mútua. Pretende-se, o cumprimento de obrigações contraídas
fundamentalmente, que as sociedades de garantia mútua por accionistas beneficiários ou por outras
possam desempenhar um papel relevante nas condições pessoas jurídicas, singulares ou colectivas,
de obtenção de financiamentos pelas pequenas e médias não accionistas, quando emitidas no âmbito
empresas e pelas microempresas, fundamentalmente de operações de garantia de carteira nos
pela via da concessão de garantias às empresas suas ac- termos do n.º 2, designadamente garantias
cionistas, os mutualistas, potenciando-se melhorias nas acessórias de contratos de mútuo;
condições de obtenção de financiamentos, se confrontadas c) Prestação de serviços de consultoria de empresas,
com soluções autónomas. aos accionistas beneficiários, nomeadamente
em áreas associadas à gestão financeira,
Além do crédito às actividades empresariais, este in- designadamente em matéria de estrutura
strumento poderá vir a ser utilizado como veículo privi- do capital, de estratégia empresarial e de
legiado de apoio no acesso ao crédito de classes especiais questões conexas, bem como no domínio da
de indivíduos, como por exemplo, empreendedores ou fusão, cisão e compra ou venda de empresas.
estudantes do ensino superior, ou mesmo desempregados
procurando financiamentos para constituir a sua micro 2. Para efeitos do disposto na alínea b) do número
empresa. O próprio mecanismo de apoio na obtenção de anterior, a concessão de garantias de carteira a linhas
de crédito especiais, depende do reconhecimento, pelas
crédito para compra de casa própria ou construção hab-
sociedades de garantia mútua e pelo conselho geral do
itacional poderá, se assim vier a ser entendido adequado,
Fundo de Contragarantia Público, do seu relevante inter-
beneficiar de linhas de crédito garantidas pela sociedade.
esse para o desenvolvimento económico, social, científico
Consagra-se, assim, também em Cabo Verde um ou para o fomento da inovação e destinam-se a assegu-
rar o cumprimento das obrigações assumidas por essas
sistema largamente, e desde há muito, difundido por
pessoas jurídicas, sejam singulares ou colectivas, junto
outros países da União Europeia, bem como da Ásia e
das entidades que disponibilizem as referidas linhas de
da América Latina.
crédito especiais.
Assim, nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 204º 3. As entidades que disponibilizem as linhas de crédito
da Constituição, o Governo decreta o seguinte: especiais previstas no número anterior devem assegu-

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1247

rar, previamente à contratação das linhas de crédito, a 2. As contas de registo ou de depósito nas quais se en-
condição de accionista promotor da sociedade de garantia contrem registadas ou depositadas acções de sociedades
mútua, cabendo a este afectar à linha de crédito uma de garantia mútua devem, para além das menções e
parte da sua participação no capital social da sociedade factos exigidos nos termos gerais, revelar a qualidade de
de garantia mútua, sobre a qual é constituído penhor, accionista beneficiário ou de accionista promotor.
em benefício da sociedade de garantia mútua, como con- Artigo 6º
trapartida da garantia prestada por essa sociedade, em
número de acções e nos termos que venham a ser fixados Realização do capital
pelo conselho geral do Fundo de Contragarantia Público,
O capital social das sociedades de garantia mútua só
podendo esta, em caso de incumprimento, executar o
pode ser realizado através de entradas em dinheiro, sem
mesmo, adjudicando a si, ao respectivo valor nominal,
prejuízo da possibilidade de serem efectuados aumentos
ou vendendo-as extrajudicialmente.
do capital social na modalidade de incorporação de reser-
4. Para além dos valores mobiliários emitidos pelos ac- vas, nos termos gerais.
cionistas beneficiários, as sociedades de garantia mútua Artigo 7º
podem participar na colocação de valores mobiliários
que, nos termos das respectivas condições de emissão, Autorização e revogação da autorização
confiram direito à subscrição, sejam convertíveis ou per- 1. As sociedades de garantia mútua podem ser consti-
mutáveis por acções representativas do capital social de tuídas apenas por accionistas promotores.
accionistas beneficiários, mas não podem tomar firme,
total ou parcialmente, colocações de valores mobiliários 2. Para além dos fundamentos previstos nos termos
em que participe. gerais, a autorização das sociedades de garantia mútua
Artigo 3º pode também ser revogada se:
Accionistas beneficiários e accionistas promotores a) No final de 18 (dezoito) meses após a constituição,
ou por período de tempo superior a 18 (dezoito)
1. As sociedades de garantia mútua têm accionistas
meses, o número de accionistas beneficiários
beneficiários e, desde que os respectivos estatutos o pre-
for inferior a 20 (vinte);
vejam, podem ter accionistas promotores.
2. Só podem ser accionistas beneficiários micro, peque- b) A assembleia-geral não aprovar as condições
nas e médias empresas, entidades representativas de gerais de concessão das garantias no prazo de
qualquer uma das categorias de empresas referidas, bem 180 (cento e oitenta) dias contado da data de
como outras pessoas colectivas que desenvolvam activi- constituição da sociedade.
dades qualificadas pelas sociedades de garantia mútua e CAPÍTULO II
pelo conselho geral do Fundo de Contragarantia Público
como de relevante interesse económico. Actividade das sociedades de garantia mútua
3. Os estatutos das sociedades de garantia mútua de- Artigo 8º
vem definir com clareza quem pode adquirir a qualidade Recursos financeiros
de accionista beneficiário.
As sociedades de garantia mútua só podem finan-
4. As sociedades de garantia mútua não podem realizar ciar a sua actividade com fundos próprios e através dos
operações nem prestar serviços em benefício de accioni- seguintes recursos:
stas promotores.
a) Financiamentos concedidos por outras
5. Os accionistas beneficiários devem deter, individual
instituições de crédito ou por instituições
ou conjuntamente, directa ou indirectamente, uma par-
financeiras, nacionais ou estrangeiras;
ticipação superior a 10% (dez por cento) do capital social
ou dos direitos de voto da sociedade de garantia mútua, b) Suprimentos e outras formas de financiamento
decorridos os 3 (três) primeiros anos contados da data de concedido pelos accionistas, nos termos
constituição da sociedade. legalmente admissíveis;
Artigo 4º
c) Emissão de obrigações de qualquer espécie, nas
Firma condições previstas na lei e sem obediência
A firma destas sociedades deve incluir a expressão aos limites fixados no Capitulo IV do Código
«sociedade de garantia mútua» ou a abreviatura SGM, as das Empresas Comerciais.
quais, ou outras que com elas se confundam, não podem Artigo 9º
ser usadas por outras entidades que não as previstas no
Reservas
presente diploma.
Artigo 5º 1. Um montante não inferior a 10% (dez por cento) dos
Representação do capital
resultados antes de impostos apurados em cada exercício
pelas sociedades de garantia mútua é destinado à con-
1. As acções representativas do capital social das stituição de um fundo técnico de provisão até ao limite
sociedades de garantia mútua são obrigatoriamente de 10% (dez por cento) do saldo da carteira de garantias
nominativas. concedidas.

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1248 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

2. O fundo técnico de provisão previsto no número 2. Independentemente de convenção nesse sentido


anterior destina-se à cobertura de prejuízos decorrentes entre a sociedade de garantia mútua e o accionista ben-
da sinistralidade da carteira de garantias. eficiário faltoso, podem as acções objecto do penhor ser
adjudicadas àquela sociedade ou ser vendidas extraju-
3. Uma fracção não inferior a 10% (dez por cento) dos dicialmente.
lucros líquidos apurados em cada exercício pelas socie-
dades de garantia mútua deve ser destinada à formação 3. Nos casos previstos no número anterior, o valor das
de uma reserva legal, até ao limite do capital social. acções para efeitos de adjudicação é o valor nominal, não
podendo ser inferior a este o preço de venda.
4. O Banco de Cabo Verde pode elevar qualquer das
Artigo 13º
duas percentagens referidas no n.º 1.
Contrato de sociedade
Artigo 10º

Prestação de garantias 1. Do contrato de sociedade das sociedades de garantia


mútua deve constar, sem prejuízo de outros elementos
1. As sociedades de garantia mútua não podem con- exigidos nos termos gerais:
ceder garantias a favor dos accionistas beneficiários
enquanto não se encontrar integralmente realizada a a) Se for caso disso, a possibilidade de existência de
participação cuja titularidade seja exigida, nos termos accionistas promotores;
do n.º 3 do artigo 13.º, como condição da sua obtenção. b) As entidades que podem subscrever ou, a outro
título, adquirir acções na qualidade de
2. Entre o momento de concessão da garantia e o
accionista beneficiário;
da respectiva extinção, as acções que integrem a par-
ticipação cuja titularidade seja exigida como condição c) As transmissões de acções que, nos termos do
de obtenção daquela garantia não podem ser objecto de artigo 14.º, fiquem sujeitas ao consentimento
transmissão, excepto nos casos previstos no n.º 4, e são da sociedade, bem como os casos em que a
dadas em penhor em benefício da sociedade de garantia constituição de penhor e de usufruto sobre
mútua como contragarantia da garantia prestada por acções fique sujeita ao consentimento da
aquela sociedade. sociedade.
3. Quer a intransmissibilidade quer a constituição de 2. Para além das matérias especificamente prevista da
penhor ficam, nos termos gerais, sujeitos a averbamento legislação reguladora da constituição, funcionamento e
nas contas de registo ou de depósito em que as acções da actividade das instituições de crédito, ficam igualmente
sociedade de garantia mútua objecto daquela limitação sujeitas a autorização do Banco de Cabo Verde as alte-
e daquele ónus se encontrem registadas ou depositadas. rações dos estatutos de sociedades de garantia mútua
que versem sobre alguma das matérias elencadas nas
4. No caso previsto no n.º 2, as acções podem ser objecto alíneas b) do n.º 1.
de transmissão, nos termos que os estatutos da sociedade
de garantia mútua venham a estabelecer, se se verificar 3. As assembleias gerais das sociedades de garantia
alguma das seguintes situações: mútua devem aprovar as condições gerais de concessão
das garantias, designadamente o montante mínimo da
a) Cisão ou fusão do accionista beneficiário; participação de que o accionista beneficiário deve ser titu-
b) Cessão da posição contratual no negócio do qual lar para que possam ser concedidas garantias a seu favor.
resultem as obrigações garantidas; 4. As deliberações referidas no número anterior devem
c) Falecimento do accionista beneficiário. ser comunicadas ao Banco de Cabo Verde.
Artigo 14º
Artigo 11º
Transmissão de acções
Regime aplicável às garantias concedidas
1. São livres as transmissões de acções entre accionistas.
A condição de sócio, inicial ou superveniente, da enti-
dade credora da obrigação garantida não afecta o regime 2. A transmissão de acções de accionistas beneficiários
jurídico da garantia concedida, a qual se rege pelo dis- ou de accionistas promotores para novos accionistas
posto no presente diploma, pelas normas legais e regula- beneficiários fica obrigatoriamente sujeita ao consen-
mentares que, nos termos gerais, lhe sejam aplicáveis e timento da sociedade de garantia mútua, salvo se tais
pelas condições gerais de concessão das garantias fixadas transmissões visarem assegurar o cumprimento de req-
nos termos do n.º 3 do artigo 13.º uisitos previstos no regulamento de concessão de garan-
tias, nomeadamente para permitir que o novo accionista
Artigo 12º
beneficiário possa usufruir de serviços da sociedade de
Não cumprimento de obrigações garantidas garantia mútua, previamente aprovados pelos respec-
tivos órgãos de decisão.
1. Em caso de não cumprimento, por algum dos accionistas
beneficiários, de obrigação que se encontre garantida 3. A competência para conceder ou recusar o con-
pela sociedade de garantia mútua, pode esta, nos termos sentimento para a transmissão de acções cabe obriga-
gerais, executar o penhor constituído, nos termos do n.º 2 toriamente ao órgão de administração da sociedade de
do artigo 10.º, sobre as acções do accionista beneficiário. garantia mútua.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1249

4. O consentimento para a transmissão de acções só Artigo 18º


pode ser recusado com fundamento na não verificação, em Entrada em vigor
relação à entidade para a qual se pretendem transmitir
as acções, de algum dos requisitos dos quais o presente O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao
diploma, as normas legais ou regulamentares aplicáveis da sua publicação.
ou os estatutos da sociedade de garantia mútua faça de- Visto e aprovado em Conselho de Ministros
pender a possibilidade de subscrever ou, a outro título,
adquirir acções na qualidade de accionista beneficiário. José Maria Pereira Neves - Maria Cristina Lopes de
Almeida Fontes Lima - Cristina Isabel Lopes da Silva
5. Caso seja recusado o consentimento para a trans- Monteiro Duarte - Fátima Maria Carvalho Fialho
missão de acções, a sociedade de garantia mútua fica
obrigada a, no prazo de 90 (noventa) dias contado da data Promulgado em, 30 de Agosto 2010.
da recusa do consentimento, adquirir ou fazer adquirir Publique-se.
por terceiro as acções.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RO-
6. Na situação prevista no número anterior, as acções DRIGUES PIRES.
são adquiridas pelo valor nominal.
Referendado em 1 de Setembro de 2010
7. Aplica-se à constituição de penhor ou usufruto sobre O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
acções representativas do capital social de sociedades de
garantia mútua, com as devidas adaptações, o disposto ––––––
nos números anteriores.
Decreto-Lei nº 34/2010
Artigo 15º
de 6 de Setembro
Fusão e cisão
A criação de um sistema de garantia mútua em Cabo
1. O Banco de Cabo Verde só concede autorização Verde permite às pequenas e médias empresas e às
para a fusão ou cisão de sociedades de garantia mútua microempresas a utilização de um instrumento que em
se da operação resultar, pelo menos, uma sociedade do muitos países da União Europeia, nomeadamente em
mesmo tipo. Portugal, e noutros continentes, tem demonstrado ser
de grande interesse para os Estados, fundamentalmente
2. As sociedades de garantia mútua não podem pro- pela influência positiva que permite registar na capaci-
ceder a alterações dos respectivos objectos sociais que dade negocial das pequenas e médias empresas e das
impliquem uma mudança do tipo de instituição. microempresas com o sistema financeiro, quer no acesso
aos financiamentos, quer quanto aos custos financeiros
CAPÍTULO III das empresas.
Contragarantia das sociedades de garantia O sistema de garantia mútua baseia-se numa parceria
mútua público - privada, em que temos sociedades de gestão es-
Artigo 16º
sencialmente privada, as Sociedades de Garantia Mútua
(SGM), que analisam o risco e prestam garantias que
Fundo de Contragarantia Público permitem às empresas e outras classes de indivíduos
aceder a créditos junto do sistema financeiro para finan-
As sociedades de garantia mútua, com a finalidade de
ciar as suas actividades, e beneficiam, por sua vez, de um
oferecer uma cobertura e garantia suficientes para os ris-
apoio público através da obtenção de uma contragarantia
cos contraídos nas suas operações e assegurar a solvência
(uma espécie de resseguro) para cobrir parte do risco que
do sistema, devem proceder à contragarantia de todas
incorrem na prestação das referidas garantias.
as suas operações, através do Fundo de Contragarantia
Público, pelo saldo vivo, em cada momento, das garan- Para as entidades privadas a contragarantia é, as-
tias prestadas e pelo limite máximo de contragarantia sim, um potente mecanismo de alavancagem das suas
admitido por aquele fundo. possibilidades de actuação, e para o Estado esta é uma
forma de apoio ao desenvolvimento do sector empresarial
Artigo 17º
e mesmo de outras áreas da vida colectiva, sem interfer-
Entidade gestora do Fundo de Contragarantia Público ência directa na evolução dos mercados, e com o mesmo
benefício de alavancagem dos fundos públicos alocados.
1. Compete à entidade gestora do Fundo de Con-
tragarantia Público promover e incentivar a criação de Sendo as sociedades de garantia mútua, instituições
sociedades de garantia mútua, designadamente através especiais de crédito reguladas por legislação específica
da tomada de participações iniciais no capital destas, na dentro da legislação do sector financeiro, é criado o Fundo
qualidade de accionista promotor. de Contragarantia Público (FCP), contribuindo para as-
segurar a necessária solvabilidade do sistema de garantia
2. A entidade gestora do Fundo de Contragarantia mútua e para o seu desenvolvimento equilibrado.
Público tem o direito de designar um representante seu
no conselho de administração das sociedades de garantia Assim,
mútua em que detenha uma participação correspondente No uso da faculdade conferida pela a) do n.º 2 do artigo
a, pelo menos, 10 % (dez por cento) do capital social. 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

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1250 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

CAPÍTULO I considerar que se encontram em perigo o normal func-


ionamento ou a solvabilidade da sociedade de garantia
Disposições gerais
mútua em causa.
Secção I
2. O Fundo pode conceder subsídios ou empréstimos às
Objecto e natureza
sociedades de garantia mútua, prestar garantias a favor
Artigo 1 º destas e adquirir valores do seu activo extra patrimonial,
Objecto e natureza sempre que tal se revele necessário ou útil à realização
do seu objecto.
Com o presente diploma, cria-se a figura de Fundo
de Contra garantia Público (FCP), assente no regime 3. O Fundo pode fazer depender a sua assistência
bancário, tal como consta da Lei n.º 3/V/96 de 1 de Julho, a qualquer sociedade de garantia mútua da aceitação
adiante designado apenas por Fundo. expressa, por esta, de regras de gestão, ou de outra na-
tureza, que entenda necessárias à correcção das situações
Secção II
referidas no n.º 1.
Atribuições do fundo
CAPÍTULO II
Artigo 2º

Atribuições
Organização do fundo
Secção I
1. O Fundo tem por atribuição garantir o cumprimento
das obrigações assumidas pelas sociedades de garantia Dos órgãos do fundo
mútua, no exercício, por estas, das actividades referidas Artigo 6º
nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 2º do Decreto-Lei que
Órgãos
cria a Sociedade de Garantia Mútua (SGM).
2. O Fundo pode ainda garantir o cumprimento das São órgão do Fundo:
obrigações assumidas por outras instituições de crédito. a) O Conselho da Administração;
3. Com vista à defesa do sistema nacional de garantia mú- b) O Conselho Geral; e
tua, compete ao Fundo promover e realizar as acções ne-
cessárias para assegurar a solvabilidade das sociedades c) O Conselho Fiscal.
de garantia mútua, nomeadamente fixar, em função Subsecção I
dos capitais próprios destas, o montante máximo, em
cada momento, do saldo vivo da carteira de garantias Do Conselho da Administração
concedidas. Artigo 7º
Secção III Composição
Deveres e direitos dos participantes
O Conselho de Administração do Fundo é assegurado
Artigo 3º por uma Entidade Gestora, a decidir por Portaria Con-
Participantes junta do membro do Governo responsável pela área das
Finanças e do membro do Governo responsável pelas
Participam no sistema nacional de garantia mútua políticas de desenvolvimento das micro, pequenas e
o Fundo e todas as sociedades de garantia mútua, com médias empresas.
sede estatutária efectiva em Cabo Verde, as quais ficam
Artigo 8º
sujeitas às normas que o regulam.
Competências
Subsecção I

Dos deveres e direitos 1. O Fundo é administrado por uma Entidade Gestora,


à qual compete, tendo em vista a prossecução do objecto
Artigo 4º
daquele e enquanto sua legal representante, praticar
Dever de cooperação e sigilo todos os actos e operações necessários ou convenientes
1. As sociedades de garantia mútua participantes à sua boa administração e exercer todos os direitos rela-
devem facultar ao Fundo a consulta dos documentos e cionados com os bens do Fundo, incluindo as acções de
fornecer-lhe os elementos informativos necessários à fiscalização e assistência previstas neste diploma.
realização do seu objecto. 2. Cabe à Entidade Gestora do Fundo promover e
2. São aplicáveis à actividade dos funcionários e agentes incentivar a criação de sociedades de garantia mútua.
do Fundo e da sociedade gestora enquanto no exercício 3. A Entidade Gestora do Fundo pode adquirir par-
de tais funções as normas reguladoras do sigilo bancário. ticipações iniciais em sociedades de garantia mútua na
Artigo 5º qualidade de accionista promotor, podendo designar um
Regras de assistência elemento para integrar os órgãos sociais dessas sociedades.

1. O Fundo pode notificar qualquer sociedade de ga- 4. A Entidade Gestora do Fundo pode ser a instituição
rantia mútua para que adopte as medidas necessárias governamental responsável pelas políticas de desenvolvi-
ao restabelecimento da sua situação patrimonial, quando mento das micro, pequenas e médias empresas.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1251
Artigo 9º Subsecção III

Remuneração da sociedade gestora Do conselho fiscal

O montante da comissão de gestão devido à Sociedade Artigo 13º


Gestora do Fundo é fixado por portaria do membro do Fiscalização
Governo responsável pela área das finanças, ouvido o
conselho geral. A fiscalização do Fundo é assegurada pelo órgão de
fiscalização da entidade de gestão do Fundo a quem for
Subsecção II
delegada a gestão do mesmo.
Do conselho geral
CAPÍTULO III
Artigo 10º

Composição
Regime financeiro e patrimonial
Artigo 14 º
1. O Fundo tem um Conselho Geral, o qual é composto
por um representante do membro do Governo responsável Receitas
pela área das Finanças, que preside e tem voto de quali-
O Fundo dispõe, para além das dotações de capital real-
dade, um representante de cada um dos departamentos
izadas pelas entidades dotadoras, das seguintes receitas:
governamentais que tutelam os sectores representados,
um representante da sociedade gestora do Fundo e um a) Contribuições, periódicas e especiais, das
representante das sociedades de garantia mútua. sociedades de garantia mútua;
2. Os membros do Conselho Geral exercem as suas b) Empréstimos contraídos junto de instituições de
funções por períodos de 3 (três) anos, renováveis, podendo crédito;
ou não ser remunerados nos termos a determinar pelo
membro do Governo responsável pela área das Finanças. c) Rendimentos provenientes das aplicações dos
seus recursos; e
Artigo 11º

Atribuições do conselho geral


d) Quaisquer outros bens, rendimentos ou receitas
que lhe sejam atribuídos.
Compete ao Conselho Geral do Fundo:
Artigo 15º
a) Apreciar, para efeitos do disposto no artigo Contribuições periódicas
12º, quaisquer propostas de regulamentos
relativos à actividade do Fundo, elaboradas 1. A taxa de base das contribuições periódicas, previs-
pela sociedade gestora; tas na alínea a) do artigo 14º, é fixada por portaria do
membro do Governo responsável pela área das Finanças
b) Aprovar, sob proposta da Sociedade Gestora para o período de 3 (três) anos, sob proposta da Sociedade
do Fundo, os factores de agravamento que, Gestora do Fundo, aprovada pelo Conselho Geral.
aplicados à taxa de base, permitam definir o
quantitativo das comissões devidas ao Fundo 2. O valor da contribuição periódica de cada socie-
pela contra garantia do saldo vivo da carteira dade de garantia mútua é determinado em função do
das sociedades de garantia mútua, podendo valor médio dos saldos mensais das responsabilidades
estabelecer escalões da contribuição anual, do período anterior.
atendendo, nomeadamente, ao montante,
3. A contribuição periódica das sociedades de garantia
prazo e sinistralidade histórica da carteira; e
mútua participantes, devida anualmente, deve ser ent-
c) Deliberar sobre a tomada pelo Fundo de regue ao Fundo até ao último dia útil do mês de Abril do
participações sociais em sociedades de ano a que diga respeito.
garantia mútua, quando as circunstâncias Artigo 16º
o justifiquem, no sentido de promover a
liquidez das acções por aquelas emitidas, e em Contribuições especiais
poder de accionistas beneficiários, fixando,
1. Quando os recursos do Fundo se revelarem insu-
em função da situação de cada sociedade de
ficientes para assegurar o cumprimento dos ratios de
garantia mútua, o valor a atribuir às acções.
solvabilidade, determinados pelo Banco de Cabo Verde, o
Artigo 12º membro do Governo responsável pela área das Finanças
Funcionamento
pode, mediante portaria, ouvidos o Banco de Cabo Verde e
o Conselho Geral do Fundo, determinar que as sociedades
1. O Conselho Geral reúne anualmente, após a aprovação de garantia mútua participantes efectuem contribuições
das contas do Fundo, para deliberar sobre o previsto na especiais e definir os montantes, prestações, prazos e
alínea b) do artigo anterior, bem como sobre todos os as- demais termos dessas contribuições.
suntos que lhe sejam submetidos pela sociedade gestora
do Fundo. 2. O valor global das contribuições especiais de uma
sociedade de garantia mútua não pode exceder, em cada
2. O Conselho Geral reúne ainda, a convocação do seu período de exercício do Fundo, o valor da respectiva con-
presidente, sempre que se justifique. tribuição anual.

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1252 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 17º Artigo 23º

Regulamentos Legislação em vigor

O membro do Governo responsável pela área das O disposto no presente diploma em nada prejudica as
Finanças aprova, por portaria, ouvido o Banco de Cabo regras de solvabilidade e liquidez aplicáveis às sociedades
Verde, os regulamentos que se revelem necessários ao de garantia mútua, assim como as funções de supervisão
funcionamento do Fundo, nomeadamente, a determinação e controlo previstas na legislação em vigor.
do capital social e da Sociedade Gestora do mesmo. Artigo 24º
Artigo 18º Norma Transitória
Aplicação dos recursos A taxa de base das contribuições periódicas, previstas
O Fundo pode aplicar os seus recursos disponíveis na alínea a) do artigo 14º, para o primeiro período de 3
na constituição de depósitos em instituições de crédito, (três) anos é fixada em 0, 375% (zero virgula, trezentos
em operações nos mercados monetário interbancário e e setenta e cinco por cento), e mantém-se em vigor até a
interbancário de títulos ou ainda em outras operações alteração aprovada pelo departamento governamental
financeiras, nas condições que venham a ser definidas responsável pela área das Finanças.
pelo Banco de Cabo Verde. Artigo 25 º

Artigo 19º Entrada em vigor

Período de exercício O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao


da sua publicação.
O período de exercício do Fundo corresponde ao ano
civil. Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Artigo 20º José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da
Silva Monteiro Duarte - Fátima Maria Carvalho Fialho
Plano de contas
Promulgado em, 30 de Agosto 2010.
São aplicáveis ao Fundo, com as necessárias adaptações,
as regras do Plano de Contas do Sector Bancário que Publique-se.
permitam a escrituração das operações realizadas pelo
Fundo e que identifiquem claramente a sua estrutura O Presidente da República, PEDRO VERONA RO-
patrimonial e modo de funcionamento. DRIGUES PIRES.

Artigo 21º Referendado em 1 de Setembro de 2010

Relatório e aprovação de contas O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

1. A Sociedade Gestora elabora, até 31 de Março de ––––––


cada ano, o relatório e contas da actividade do Fundo.
Decreto-Lei nº 35/2010
2. O relatório e contas referidos no número anterior de 6 de Setembro
são submetidos à apreciação do membro do Governo
responsável pela área das Finanças, acompanhados dos O anterior regime do contrato de seguro cumpriu um
seguintes elementos: importante papel no lançamento e consolidação do mer-
cado dos seguros em Cabo Verde. Passadas três décadas,
a) Parecer do Conselho Fiscal; e é natural que a evolução do sector, tanto internamente
b) Proposta de aplicação dos resultados tidos por como por influência mundial, reclame uma nova regula-
excedentários. mentação, mais completa, actual e adequada aos novos
produtos, ao desenvolvimento da actividade dos opera-
3. A proposta de aplicação dos resultados referida na dores e às expectativas dos consumidores.
alínea b) do número anterior pode contemplar o eventual
O regime que agora é aprovado sistematiza e concretiza
retorno dos recursos às sociedades de garantia mútua
a regulação do contrato de seguro, no que respeita aos
participantes, na proporção das suas contribuições.
elementos típicos da situação jurídica de seguro, preven-
CAPÍTULO IV do-se os seus elementos objectivos e subjectivos, vicis-
situdes diversas, eficácia, bem como o enquadramento
Disposições finais e transitórias dos diversos regimes especiais.
Artigo 22º O conceito do contrato de seguro é estabelecido tendo
Extinção em conta um objectivo de precisão jurídica, o que permite
igualmente uma aplicação como critério de solução em
Em caso de extinção do Fundo, o produto da sua liq- casos concretos. Ainda como elementos introdutórios
uidação reverte para as instituições contribuintes, na gerais, é consagrada amplamente a autonomia privada,
proporção das respectivas contribuições, qualquer que ainda que no limite da imperatividade normativa típica.
seja a natureza destas. Concorrem ainda para um novo influxo da situação jurídica

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1253

de seguro, a previsão expressa, e com efeitos jurídicos Crê-se que o mercado segurador nacional beneficiará,
directos, da boa fé e da eficácia externa das obrigações de maneira significativa, do impulso dado pelas novas
assumidas pelas partes contratantes. disposições legais relativas ao seguro de grupo. É certo
que a regra jurídica não determina, por si, o desenvolvi-
No que respeita ao âmbito subjectivo da situação
mento de um mercado. Mas é igualmente verdade que
jurídica, o novo regime parte de uma estruturação em
a certeza jurídica proporcionada por um regime que
torno das partes fundamentais, o segurador e a pessoa
pondere, com equilíbrio, os interesses dos destinatários
segura. E neste contexto são previstos especiais deveres
das normas jurídicas, contribui, de modo relevante,
do segurador, num influxo de protecção do segurado como
como estímulo dirigido aos agentes e operadores. A este
consumidor, devendo aquele, nomeadamente, actuar de
respeito, optou-se pela distinção consagrada entre seguro
acordo com padrões elevados de cuidado e diligência,
de grupo contributivo e não contributivo, fixando-se um
exigíveis em conformidade com os meios de que dispõe.
desenvolvido regime quanto aos deveres de informação,
Em contrapartida, para além da boa fé quanto à sua
efeitos do seu incumprimento, pagamento do prémio,
representação, e de outros deveres gerais e específicos,
denúncia do contrato pelo segurado, exclusão do segu-
o tomador encontra-se igualmente sujeito a agir com
rado, e modos de cessação contratual; ainda se fixam
lealdade, prestando de maneira completa, verdadeira
regras especiais aplicáveis apenas ao seguro de grupo
e elucidativa, as informações legal ou contratualmente
contributivo.
exigíveis.
Neste mesmo diapasão, de suporte ao desenvolvimento
É dado especial relevo aos deveres de informação,
do mercado segurador, previram-se regras meramente
tanto na formação do contrato de seguro, como na sua
de enquadramento do seguro de assistência, contando-se
execução. Assume importância crucial a informação que
com a autonomia das partes para o respectivo conteúdo
o tomador do seguro deva prestar, de maneira a permitir
contratual.
uma delimitação clara do risco assumido. Por outro lado,
incubem ao segurador especiais deveres de informação Em termos sistemáticos, considerou-se relevante
sobre as condições contratuais, assegurados através da prever regras de vigência contratual, outras relativas à
apólice de seguro, que assume uma posição central na eficácia, à duração e prorrogação do contrato de seguro,
nova regulamentação. Consagra-se o princípio da con- bem como aos efeitos deste em relação a terceiros, ou à
solidação do contrato, nos termos do qual, decorrido certo sua transmissão, à cessação do contrato, caducidade,
prazo após a entrega da apólice, sem que o tomador haja revogação, denúncia e resolução.
invocado qualquer desconformidade entre o acordado e o
Naturalmente, foi dada especial atenção aos problemas
conteúdo da apólice, só são invocáveis divergências que
gerados pelo sinistro, seja quanto ao dever de evitar ou
resultem de documento escrito. Em reforço da finalidade
minorar os danos, como à indemnização devida.
de dotar a situação jurídica estabelecida entre as partes
da clareza e transparência consideradas adequadas, Um dos elementos estruturais do novo regime decorre
são previstas cláusulas que, obrigatoriamente, a apólice da distinção entre o seguro de danos e o seguro de pes-
deve conter. soas. Para além de regras gerais ou comuns relativas a
Em termos do conteúdo do próprio contrato, é dado o cada uma das modalidades de seguros, no que se refere
devido relevo ao risco, até como correspondência com o ao seguro de danos são previstos, em especial, os seguros
facto de ser, dentro do universo jurídico, no contrato de de responsabilidade civil, de incêndio, contra terramotos
seguro que este atinge o seu expoente, como objecto do e outros fenómenos da natureza, agrícola e pecuário, de
próprio contrato. Neste âmbito particular, são fixadas transporte de coisas, bem como o seguro financeiro, dos
regras claras relativamente a vicissitudes que podem quais o seguro de crédito e o seguro-caução são os mais
afectar o risco, como a sua inexistência, o seu desapare- representativos.
cimento, agravamento ou redução. O seguro de pessoas assume um especial relevo neste
O regime anterior de pagamento do prémio revelava-se novo regime geral. Como contrato que pode compreender
especialmente lacunar, e, de certo modo, desajustado a cobertura de riscos relativos à vida, à saúde ou à
às exigências do tráfego jurídico actual. Passou assim a integridade física de uma pessoa ou grupo de pessoas,
prever-se um articulado que consagra mecanismos e uma entende-se que virá a constituir, de maneira conexa com
eficácia jurídica consentâneas com a realidade nacional, e as operações de capitalização, um dos instrumentos mais
com as necessidades que têm vindo a ser sentidas. São es- expressivos no desenvolvimento do mercado segurador
tabelecidas regras relativas aos sujeitos do cumprimento, nacional, seja na óptica da criação de novos produtos,
ao seu modo de realização, ao pagamento por terceiros, ao seja no interesse dos consumidores e na sofisticação do
lugar do pagamento, bem como ao vencimento do prémio próprio sector.
inicial, subsequente, fracções de prémio e mesmo para Assim,
o caso das apólices abertas ou do prémio variável. Con-
siderando as conhecidas dificuldades de toponímia, foi No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do
fixado um regime quanto ao aviso de vencimento, à mora artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
e à resolução automática, que pondera, com equilíbrio, Artigo 1 º
os interesses das partes, sem deixar de ter em conta as Aprovação
especificidades, a este propósito, respeitantes ao ramo
«Vida», seguro caução, seguro obrigatório do ramo au- É aprovado o Regime Geral do Contrato de Seguro, em
tomóvel e do ramo acidentes de trabalho. anexo ao presente diploma, de que é parte integrante.

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1254 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 2 º regimes especiais e aos seguros obrigatórios, previstos
Contratos de seguro em vigor noutros diplomas, em tudo o que não seja incompatível
com as especificidades destes contratos.
Os contratos de seguro de renovação periódica e de lon-
Artigo 3º
ga duração devem ser adaptados ao Regime ora aprovado,
os primeiros aquando da primeira renovação ocorrida Valor dos usos na integração de lacunas
após a entrada em vigor deste regime e os segundos até 1. O presente diploma é integrado com recurso à analogia.
ao prazo máximo de seis meses após essa data.
2. Os princípios gerais resultantes das leis dos seguros
Artigo 3 º podem ser fonte de integração de lacunas.
Aplicação a seguros especiais 3. Na falta ou insuficiência de norma aplicável a casos
O presente Regime Geral aplica-se, nos termos nele análogos ou de princípios gerais, aplicam-se, subsidiari-
próprio estabelecidos, aos seguros sujeitos a regimes amente, as correspondentes disposições da lei comercial
especiais. e da lei civil, sem prejuízo do disposto no regime jurídico
de acesso e exercício da actividade segurador.
Artigo 4 º
Revogações
4. Os usos do sector dos seguros são aplicáveis quando
se encontrem incluídos em cláusulas contratuais gerais.
É revogado o Decreto-Lei n.º 48/78, de 01 de Julho e o Artigo 4º
Decreto-Lei n.º 12/2003, de 14 de Abril, bem como todas
Lei aplicável ao contrato
as disposições legais contidas noutros diplomas que con-
trariem o disposto no Regime Geral. Ao contrato de seguro aplicam-se as normas gerais de
Artigo 5 º
direito internacional privadas em matéria de obrigações
contratuais, nomeadamente as decorrentes de convenções
Entrada em vigor
internacionais que vinculem o Estado cabo-verdiano,
O presente diploma entra em vigor 90 dias após a data com as especificidades constantes dos artigos seguintes.
da sua publicação. Artigo 5º

Visto e aprovado em Conselho de Ministros. Liberdade de escolha

José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da 1. Sem prejuízo do disposto nos artigos subsequentes
Silva Monteiro Duarte. e do regime geral de liberdade contratual, as partes
contratantes podem escolher a lei aplicável ao contrato
Promulgado Promulgado em, 30 de Agosto 2010. de seguro que cubra riscos situados em território cabo-
Publique-se. verdiano ou em que o tomador, nos seguros de pessoas,
tenha em Cabo Verde a sua residência habitual ou o
O Presidente da República, PEDRO VERONA RO- estabelecimento a que o contrato respeita, consoante se
DRIGUES PIRES. trate de pessoa singular ou colectiva.
Referendado em 1 de Setembro de 2010 2. A localização do risco é determinada pelo regime
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves jurídico de acesso e exercício da actividade seguradora.
3. A escolha da lei aplicável deve ser expressa ou
ANEXO
resultar de modo inequívoco das cláusulas do contrato.
REGIME GERAL DO CONTRATO DE SEGURO Artigo 6º
TÍTULO I Limites

REGIME COMUM 1. A escolha das partes prevista no artigo anterior só


pode recair sobre leis cuja aplicabilidade corresponda
CAPÍTULO I
a um interesse sério dos declarantes ou esteja em con-
Disposições preliminares exão com alguns dos elementos do contrato de seguro
Secção I
atendíveis no domínio do direito internacional privado.
Âmbito de aplicação 2. Sempre que se segurem riscos situados em ter-
ritório cabo-verdiano ou em que o tomador, nos seguros
Artigo 1º
de pessoas, tenha a sua residência habitual ou o estab-
Contrato de seguro elecimento a que o contrato respeita em Cabo Verde, a
Por contrato de seguro, o segurador obriga-se, perante escolha de uma lei estrangeira não prejudica a aplicação
o tomador e mediante o pagamento de um prémio, caso das disposições imperativas da lei cabo-verdiana em
se verifique o sinistro cujo risco é objecto da cobertura, a matéria de contrato de seguro.
indemnizar o dano produzido ou a satisfazer um capital Artigo 7º
ou outras prestações nos termos acordados.
Conexões subsidiárias
Artigo 2º
1. Se as partes contratantes não tiverem escolhido a
Regimes especiais
lei aplicável ou a escolha for inoperante nos termos dos
As normas de carácter geral e especial, constantes artigos precedentes, o contrato de seguro rege-se pela
deste diploma, aplicam-se aos contratos de seguro com lei do país com o qual esteja em mais estreita conexão.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1255

2. Na falta de escolha de outra lei pelas partes, o Artigo 11º


contrato de seguro que cubra riscos situados em ter- Princípio da boa fé
ritório cabo-verdiano ou em que o tomador, nos seguros
de pessoas, tenha a sua residência habitual ou o estab- Na preparação, na celebração, na execução e na cessação
elecimento a que o contrato respeita em Cabo Verde, é do contrato de seguro, as partes, o tomador do seguro e o
regulado pela lei cabo-verdiana. segurado devem respeitar os ditames da boa fé.
3. Presume-se que o contrato de seguro apresenta con- Artigo 12 º
exão mais estreita com a ordem jurídica do Estado onde Eficácia externa
o risco se situa; nos seguros de pessoas, a conexão mais
estreita decorre da residência habitual do tomador do Os terceiros estranhos à situação jurídica de seguro
seguro ou do estabelecimento a que o contrato respeita, devem respeitá-la, abstendo-se de, com dolo, agravar o
consoante se trate de pessoa singular ou colectiva. risco, ou prejudicar as posições jurídicas do segurador,
do tomador ou do segurado.
4. O contrato de seguro que cubra dois ou mais riscos
Artigo 13º
situados em Cabo Verde e noutro Estado relativos às
actividades do tomador do seguro e quando este exerça Seguros proibidos
uma actividade comercial, industrial ou liberal, na falta
de escolha das partes contratantes, nos termos prescritos 1. É proibida a celebração de contrato de seguro que,
nos artigos precedentes, é regulado pela lei de qualquer sem prejuízo das regras gerais sobre licitude do conteúdo
dos Estados em que os riscos se situam ou, no caso de negocial, cubra os seguintes riscos:
seguro de pessoas, pela lei do Estado onde o tomador tiver a) Responsabilidade criminal, contra - ordenacional
a sua residência habitual, sendo pessoa singular, ou a sua ou disciplinar;
administração principal, tratando-se de pessoa colectiva.
b) Rapto, sequestro e outros crimes contra a
Artigo 8º
liberdade pessoal;
Ordem pública internacional
c) Posse ou transporte de estupefacientes ou drogas
1. Não são aplicáveis os preceitos da lei estrangeira
cujo consumo seja interdito; e
competente, segundo as normas de conflitos anteriores,
mesmo quando a sua aplicabilidade resulte de escolha d) Morte de crianças com idade inferior a 14 anos
das partes, se o contrato de seguro cobrir riscos situa- ou de interditos.
dos em território cabo-verdiano ou tendo o tomador, nos
seguros de pessoas, a sua residência habitual ou o esta- 2. Na hipótese prevista nas alíneas b) e d) do n.º 1,
belecimento a que o contrato respeita em Cabo Verde, a proibição só abrange o pagamento de prestações não
sempre que essa aplicação envolva ofensa dos princípios indemnizatórias.
fundamentais da ordem pública internacional do Estado 3. Não é proibida a cobertura do risco de morte por
cabo-verdiano. acidente de crianças com idade inferior a 14 anos, desde
2. Para os efeitos do número anterior, sempre que o que contratada por instituições escolares, desportivas ou
contrato de seguro cubra riscos situados em mais de um de natureza análoga que dela não sejam beneficiárias.
Estado, considera-se constituído por diversos contratos, Artigo 14º
cada um dizendo apenas respeito a um único Estado.
Proibição de práticas discriminatórias
3. Não é válido em Cabo Verde o contrato de seguro,
sujeito a lei estrangeira, que cubra os riscos identificados 1. Na celebração, execução e cessação do contrato de se-
no artigo 13°. guro são proibidas as práticas discriminatórias em razão
de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem,
Artigo 9º
religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução,
Seguros obrigatórios situação económica, condição social ou orientação sexual,
Os contratos de seguro que, na ordem jurídica cabo- assim como relativamente a pessoas com deficiência ou
verdiana, sejam obrigatórios regem-se pela lei cabo-verd- risco agravado de saúde.
iana, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo anterior. 2. São consideradas práticas discriminatórias as acções
Secção II ou omissões, dolosas ou negligentes, que, em razão de de-
Princípios aplicáveis ficiência ou risco agravado de saúde, violem o princípio da
Artigo 10º
igualdade, implicando para as pessoas naquela situação
um tratamento menos favorável do que aquele que seja
Princípio da autonomia privada
dado a outra pessoa em situação análoga.
1. A escolha das partes, a indicação do beneficiário, o
3. Para efeito da celebração, execução e cessação do
tipo e o conteúdo do contrato, o âmbito e a natureza do
contrato de seguro não são, porém, proibidas as práticas
risco, o prémio, as prestações do segurado e os demais
e técnicas de avaliação, selecção e aceitação de riscos
elementos relevantes do contrato de seguro submetem-se
próprias da actividade seguradora, que sejam objectiva-
à autonomia privada.
mente fundamentadas, tendo por base dados estatísticos
2. Ficam ressalvadas todas as normas imperativas, e actuariais considerados relevantes nos termos dos
gerais ou especiais. princípios da técnica seguradora.

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1256 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

CAPÍTULO II 2. O tomador deve pagar pontualmente o prémio,


abster-se de agravar o risco assumido pelo segurador e
As partes, o segurador e a pessoa segura assumir os demais encargos do contrato.
Secção I
Subsecção III
Sujeitos
O segurado e a pessoa segura
Subsecção I
Artigo 19º
Segurador O segurado e a pessoa segura
Artigo 15º
1. Ao segurado ou beneficiário do seguro, quando não
Autorização legal do segurador seja o próprio tomador, aplica-se o regime do contrato a
favor de terceiro.
1. O segurador deve estar legalmente autorizado a ex-
ercer a actividade seguradora em Cabo Verde, no âmbito 2. O disposto no artigo 18.º aplica-se ao segurado não to-
do ramo em que actua, nos termos do regime jurídico de mador, de acordo com o que se encontre contratualmente
acesso e exercício da actividade seguradora. previsto e desde que o próprio contrato lhe seja oponível.
2. Sem prejuízo de outras sanções aplicáveis, a violação 3. À pessoa segura que não seja tomadora nem segu-
do disposto no número anterior gera nulidade do contrato, rada, aplica-se com as adaptações devidas, o disposto
mas não exime aquele que aceitou cobrir o risco de outrem neste artigo.
do cumprimento das obrigações que para ele decorreriam
do contrato ou da lei, caso o negócio fosse válido, salvo CAPÍTULO III
havendo má fé da contraparte. Formação do contrato
Artigo 16º Secção I
Deveres específicos do segurador Deveres de informação

1. O segurador deve agir de acordo com padrões eleva- Subsecção I


dos de cuidado e de diligência, exigíveis em conformidade Deveres de informação do segurador
com os meios de que dispõe.
Artigo 20º
2. Em especial, o segurador deve cumprir prontamente
Dever geral
e de boa fé as obrigações contratualmente assumidas,
sem expedientes burocráticos inúteis e sem condicionar 1. Sem prejuízo das menções obrigatórias a incluir
os pagamentos de sua responsabilidade a factos não ex- na apólice, cabe ao segurador prestar todos os esclare-
pressamente previstos na lei ou no contrato. cimentos exigíveis e informar o tomador do seguro das
Subsecção II
condições do contrato, nomeadamente:

Tomador a) Da sua denominação e estatuto legal;


Artigo 17º b) Do âmbito do risco que se propõe assumir;
Representação do tomador c) Das obrigações e direitos essenciais das partes
em caso de sinistro;
1. Quando o contrato seja celebrado por representante
do tomador, são oponíveis a este não só os seus próprios d) Das exclusões e limitações de cobertura;
conhecimentos, mas também os do representante.
e) Do valor total do prémio, ou, não sendo possível,
2. Se o contrato for celebrado por representante sem do seu método de cálculo, assim como das
poderes, o tomador ou o seu representante com poderes modalidades de pagamento do prémio e das
pode ratificá-lo mesmo depois de ocorrido o sinistro, salvo consequências da falta de pagamento;
havendo dolo do tomador, do representante, do segurado
ou do beneficiário, ou quando tenha já decorrido um prazo f) Dos agravamentos ou bónus que podem ser
para a ratificação, não inferior a cinco dias, determinado aplicados no contrato, enunciando o respectivo
pelo segurador antes da verificação do sinistro. regime de cálculo;

3. Quando o segurador desconheça a falta de poderes g) Do montante mínimo do capital nos seguros
de representação, o representante fica obrigado ao paga- obrigatórios;
mento do prémio calculado pro rata temporis, até ao mo- h) Do montante máximo a que o segurador se obriga
mento em que o segurador receba ou tenha conhecimento em cada período de vigência do contrato;
da recusa de ratificação.
i) Do início da produção de efeitos, da duração do
Artigo 18º
contrato e do respectivo regime de renovação,
Deveres específicos do tomador de denúncia e de livre resolução;
1. O tomador deve agir com lealdade, prestando, de j) Do modo de efectuar reclamações, dos
maneira completa, verdadeira e elucidativa, as informa- correspondentes mecanismos de protecção
ções legal ou contratualmente exigíveis. jurídica e da autoridade de supervisão;

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1257

k) Do regime relativo à lei aplicável, com indicação Artigo 24º


da lei que o segurador propõe que seja Ónus da prova
escolhida; e
Compete ao segurador provar o cumprimento dos de-
l) Quaisquer outras informações relevantes a veres de informação a que se encontra sujeito.
um tomador médio, colocado na posição do
Subsecção II
tomador concreto.
Deveres de informação do tomador do seguro
2. No contrato de seguro celebrado à distância, às in-
Artigo 25º
formações indicadas no número anterior, acrescem as que
eventualmente estejam previstas em regimes especiais. Declaração inicial do risco

3. Sendo o tomador do seguro consumidor, às informa- 1. O tomador do seguro ou o segurado está obrigado,
ções indicadas no número 1 acrescem as que se encontrem antes da celebração do contrato, a prestar com exactidão
estabelecidas noutros diplomas de defesa do consumidor. informações:
Artigo 21º a) Sobre todas as circunstâncias que num contexto
de normalidade sejam relevantes para a
Modo de prestar informações
avaliação do risco a assumir;
1. As informações indicadas no artigo precedente b) Sobre todas as circunstâncias extraordinárias,
devem ser prestadas de forma clara, por escrito e em do seu conhecimento, que possam agravar o
língua portuguesa, antes de o tomador do seguro assumir risco assumido; e
qualquer vinculação.
c) Sobre todos os elementos relativos às perguntas
2. No contrato de seguro à distância, quando as nego- constantes do questionário junto com a
ciações o justifiquem, as informações podem ser prestadas proposta de seguro.
oralmente.
2. O disposto no número anterior é aplicável inclu-
3. A proposta de seguro deve conter uma menção com- sivamente quanto a circunstâncias cuja menção não
provativa de que as informações que o segurador deve seja solicitada em questionário que seja fornecido pelo
prestar foram dadas a conhecer ao tomador. segurador para o efeito.
Artigo 22º 3. O segurador, antes da celebração do contrato, deve
elucidar devidamente o eventual tomador do seguro ou
Dever especial de esclarecimento
o segurado acerca do dever previsto no presente artigo,
1. Sempre que a complexidade da cobertura, o mon- bem como do regime do seu incumprimento, sob pena de
tante do prémio a pagar ou do capital seguro o justifiquem se não poder prevalecer dos direitos previstos nos artigos
e o meio de contratação o permita, o segurador, antes seguintes.
da celebração do contrato, deve esclarecer o tomador, Artigo 26º
de entre as modalidades de seguro que ofereça, quais as
Omissões ou inexactidões dolosas
convenientes à concreta cobertura pretendida, respon-
dendo a todos os pedidos de esclarecimento efectuados 1. Em caso de incumprimento doloso do dever previsto
pelo tomador. no n.º 1 do artigo anterior, o contrato é anulável mediante
simples declaração enviada pelo segurador ao tomador
2. O especial dever de esclarecimento estatuído no do seguro.
número anterior não é aplicável aos contratos relativos
a grandes riscos ou em cuja negociação ou celebração 2. Não tendo ocorrido sinistro, a declaração referida
intervenha mediador de seguros. no número anterior deve ser enviada no prazo de três
meses a contar do conhecimento daquele incumprimento.
Artigo 23º
3. O segurador não está obrigado a cobrir o sinistro que
Incumprimento
ocorra antes de ter tido conhecimento do incumprimento
1. São inoponíveis ao tomador, as cláusulas atingidas doloso referido no n.º 1, ou no decurso do prazo previsto
por incumprimento dos deveres de informação estabeleci- no número anterior, seguindo-se o regime geral da anu-
dos nesta subsecção, aplicando-se, em sua substituição, o labilidade.
regime supletivo legal caso este lhe seja mais favorável. 4. Caso o segurador se prevaleça do regime da anulabi-
2. Na falta deste regime, são aplicadas as condições lidade, tem o direito a ser reembolsado das indemnizações
mais favoráveis praticadas pelo segurador no último que eventualmente já tenha pago.
ano da sua actividade e com referência ao tipo de seguro 5. O segurador tem direito ao prémio devido até ao
em causa. final do prazo previsto no n.º 2, salvo se tiver concorrido
dolo ou negligência grosseira do segurador ou do seu
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o
representante.
incumprimento dos deveres de informação e de esclareci-
mento, previstos neste diploma, faz incorrer o segurador 6. Em caso de fraude do tomador ou do segurado o
em responsabilidade civil, nos termos gerais. prémio é devido até ao termo do contrato.

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1258 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 27º Secção II

Omissões ou inexactidões negligentes Celebração do contrato

1. Havendo incumprimento não doloso do dever pre- Artigo 29º


visto no n.º 1 do artigo 25°, o segurador pode, por comu- Valor do silêncio do segurador
nicação a enviar ao tomador, no prazo de trinta dias a
contar do seu conhecimento: 1. O contrato de seguro individual em que o tomador
seja uma pessoa singular tem-se por concluído nos termos
a) Propor uma alteração do contrato, inclusive propostos em caso de silêncio do segurador durante trinta
de prémio e de âmbito de risco, fixando um dias contados da recepção de proposta feita em impresso
prazo, não inferior a quinze dias, para o do próprio segurador, devidamente preenchido, acom-
envio da aceitação ou, caso a admita, da panhado de todos os documentos que o segurador tenha
contraproposta; ou indicado como necessários e recebido no local indicado
pelo segurador.
b) Fazer cessar o contrato, demonstrando que não o
teria celebrado se conhecesse o facto omitido 2. O disposto no número anterior aplica-se ainda
ou declarado inexactamente pelo tomador, quando o segurador tenha expressamente, e por escrito,
considerando-se sempre que há justificação autorizado a proposta feita de outro modo e indicado as
para a cessação quando esta se baseie em informações e os documentos necessários à sua comple-
dados cuja declaração seja requerida pelo tude, se o tomador tiver seguido integralmente as in-
segurador na documentação de subscrição ou struções do segurador.
de formação do contrato.
3. O contrato celebrado nos termos prescritos nos
2. O contrato cessa os seus efeitos trinta dias após o números anteriores rege-se pelas condições gerais e pela
envio da comunicação de cessação ou vinte dias após a tarifa do segurador em vigor na data da celebração.
recepção pelo tomador da proposta de alteração, caso este
nada responda ou a rejeite. 4. Sem prejuízo de responsabilidade civil, não é aplicáv-
el o disposto nos números anteriores quando o segurador
3. No caso previsto no número anterior, o prémio é de- demonstre que em caso algum celebra contratos com as
volvido pro rata temporis atendendo à cobertura havida. características constantes da proposta.

4. Ocorrendo o sinistro antes da cessação ou da alte- Secção III


ração do contrato, nos termos previstos nos números Mediação
anteriores:
Artigo 30º
a) O segurador fica obrigado a cobrir o sinistro na
Regime aplicável
proporção da diferença entre o prémio pago e
o prémio devido, caso, aquando da celebração Sem prejuízo da aplicação das regras contidas neste
do contrato, tivesse conhecido o facto omitido diploma, ao contrato de seguro celebrado com a inter-
ou declarado inexactamente; ou venção de um mediador de seguros é aplicável o regime
jurídico de acesso e de exercício da actividade de mediação
b) O segurador, demonstrando que não teria de seguros, devendo, quanto aos deveres de informação,
celebrado o contrato se conhecesse o facto aos que especificamente se encontram previstos naquele
omitido ou declarado inexactamente pelo regime, acrescer os que se estabelecem na secção I do
tomador, não está obrigado a cobrir o sinistro presente capítulo.
e fica apenas vinculado à devolução do prémio,
considerando-se sempre que há justificação Artigo 31º
para a não cobertura do risco quando esta
Representação aparente
se baseie em dados cuja declaração seja
requerida pelo segurador na documentação 1. O contrato de seguro que o mediador de seguros,
de subscrição ou de formação do contrato. agindo em nome do segurador, celebre sem poderes es-
pecíficos para o efeito é ineficaz em relação a este, se não
5. Se o contrato disser respeito a várias pessoas, ou for por ele ratificado expressamente e por escrito, sem
danos, ou riscos distintos, o disposto no número anterior prejuízo do disposto no n.º 2.
aplicar-se-á apenas àquelas a quem o incumprimento seja
imputável, salvo se o segurador demonstrar que não teria 2. O contrato de seguro que o mediador de seguros,
celebrado o contrato sem a parte viciada. agindo em nome do segurador, celebre sem poderes es-
pecíficos para o efeito é, contudo, eficaz em relação a este
Artigo 28º
se tiverem existido razões ponderosas, objectivamente
Ónus da prova apreciadas, tendo em conta as circunstâncias do caso,
que justifiquem a confiança do tomador de boa fé na
Compete ao tomador do seguro ou ao segurado provar legitimidade do mediador de seguros, desde que o segu-
o cumprimento dos deveres de informação a que se en- rador tenha igualmente contribuído, por acção directa e
contra sujeito. consciente, para fundar a confiança do tomador.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1259
Artigo 32º Artigo 37º
Comunicações através de mediador de seguros Cláusulas obrigatórias da apólice

1. Quando o mediador de seguros actue em nome e com 1. A apólice inclui todo o conteúdo do acordado pelas
poderes de representação do tomador, as comunicações, partes, nomeadamente as condições gerais, especiais e
a prestação de informações e a entrega de documentos particulares aplicáveis.
ao segurador, ou pelo segurador ao mediador, produzem
2. Da apólice devem constar os seguintes elementos:
efeitos como se fossem realizadas pelo tomador ou perante
o tomador, salvo indicação sua em contrário. a) A designação de “apólice” e a identificação
completa dos documentos que a compõem;
2. Quando o mediador de seguros actue em nome e com
poderes de representação do segurador, os mesmos actos b) A identificação e o domicílio das partes, bem
realizados pelo tomador, ou a ele dirigidos pelo media- como, nos casos aplicáveis, do segurado ou do
dor, produzem efeitos relativamente ao segurador como beneficiário;
se fossem por si ou perante si directamente realizados. c) A natureza do seguro;
Secção IV
d) O interesse seguro;
Forma do contrato e apólice seguro
e) Os riscos cobertos;
Artigo 33º
Forma f) O âmbito territorial;

1. A validade do contrato de seguro não depende da g) Os direitos e obrigações das partes, assim como
observância de forma especial. do segurado e do beneficiário;

2. O segurador é obrigado a formalizar o contrato num h) O capital seguro ou a forma da sua determinação;
instrumento sob a forma de texto, que se designa apólice i) O prémio ou a fórmula do respectivo cálculo;
de seguro e a entregá-lo ao tomador.
j) O início de vigência do contrato, com indicação de
3. A apólice deve ser datada e assinada pelo segurador, dia e hora, a sua duração e renovação;
sendo redigida em língua portuguesa, de modo completo,
compreensível e rigoroso, em caracteres bem legíveis, k) O conteúdo da prestação do segurador em caso
usando-se palavras e expressões da linguagem corrente de sinistro ou o modo de o determinar;
sempre que não seja imprescindível o uso de termos l) As informações prestadas pelo segurador nos
legais ou técnicos. termos do disposto no artigo 20º, quando não
4. Quando convencionado, o contrato de seguro pode se referiram a elementos já indicados nas
ser concluído por troca de telecópias ou de informações alíneas anteriores; e
digitais armazenadas em suporte electrónico duradouro, m) A lei aplicável ao contrato e as condições de
desde que os originais sejam devidamente assinados e en- arbitragem.
viados à outra parte em prazo não superior a quinze dias.
2. A apólice inclui ainda, escritas em caracteres de
Artigo 34º
maior dimensão do que os restantes:
Entrega da apólice
a) As cláusulas que estabeleçam causas de
1. A apólice deve ser entregue ao tomador do seguro invalidade, de prorrogação, de suspensão
aquando da celebração do contrato ou posteriormente, ou de cessação do contrato por iniciativa de
nas instalações da seguradora, e mediante o pagamento qualquer das partes;
do prémio de seguro devido.
b) As cláusulas que estabeleçam o âmbito das
2. Entregue a apólice de seguro, não são oponíveis pelo coberturas, designadamente a sua exclusão
segurador cláusulas que dela não constem, sem prejuízo ou limitação; e
do regime do erro negocial.
c) As cláusulas que imponham ao tomador ou ao
3. O tomador pode a qualquer momento exigir a entrega beneficiário deveres de aviso dependentes de
da apólice de seguro, mesmo após a cessação do contrato. prazo;
Artigo 35º 3. Sem prejuízo do disposto quanto ao dever de en-
Prova por recibo tregar a apólice e da responsabilidade a que haja lugar,
O tomador ou o segurado pode provar o contrato de a violação do disposto nos números anteriores confere
seguro através do recibo do prémio correspondente. ao tomador os direitos previstos nos n ºs 1. e 2. do artigo
23.° e, a qualquer momento, o direito de exigir a correcção
Artigo 36º
da apólice.
Consolidação do contrato
Artigo 38º
Decorridos quinze dias sobre a data da entrega da Tipologia de apólice
apólice sem que o tomador haja invocado qualquer
desconformidade entre o acordado e conteúdo da apólice, 1. A apólice de seguro pode ser nominativa, à ordem
só são invocáveis divergências que resultem de docu- ou ao portador, sendo nominativa na falta de estipulação
mento escrito. das partes quanto à respectiva modalidade.

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1260 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

2. O endosso da apólice à ordem transfere os direitos 2. Verificado o agravamento, no prazo de trinta dias,
contratuais do tomador ou do beneficiário. pode o segurador optar pela apresentação de novas
condições contratuais ou pela resolução do contrato, caso
3. A entrega da apólice ao portador transfere os di- demonstre que em caso algum celebra contratos que
reitos contratuais do tomador ou do beneficiário, salvo cubram riscos com as características resultantes desse
convenção em contrário. agravamento do risco.
4. O desaparecimento, extravio, furto ou destruição das 3. O tomador pode contrapor, à apresentação de novas
apólices à ordem ou ao portador não afecta a subsistência condições, a redução proporcional do âmbito da garantia
e exigibilidade dos direitos e obrigações das partes no ou a cessação do contrato.
contrato.
4. Ocorrendo o sinistro quando, nos termos previstos no
5. A apólice nominativa deve ser entregue pelo to- n.º 2, esteja em curso o procedimento para a modificação
mador a quem lhe suceda em caso de cessão da posição ou resolução do contrato:
contratual; em caso de cessão de crédito, o tomador deve
a) Tendo o agravamento sido correcto e
entregar cópia da apólice.
tempestivamente comunicado, o segurador
CAPÍTULO IV efectua a prestação prevista no contrato;

Conteúdo do contrato b) Tendo o agravamento sido incorrecto ou


tardiamente comunicado ao segurador,
Secção I reduz-se proporcionalmente a prestação
Risco deste em função da diferença entre o prémio
efectivamente cobrado e aquele que resultaria
Artigo 39º
das reais circunstâncias do risco; ou
Objecto do contrato
c) Em caso de comportamento fraudulento do
O contrato de seguro deve ter por objecto um risco tomador ou do segurado, o segurador pode
aleatório, real e lícito. recusar a cobertura, tendo direito aos prémios
vencidos.
Artigo 40º
5. Na situação prevista nas alíneas a) e b) do número
Inexistência ou desaparecimento do risco anterior, sendo o agravamento do risco resultante de facto
1. Salvo nos casos previstos na lei, o contrato de seguro do tomador do seguro ou do segurado, o segurador não
é nulo se, aquando da celebração, o segurador, o toma- está obrigado ao pagamento da prestação se demonstrar
dor do seguro ou o segurado tiver conhecimento de que que em caso algum celebra contratos que cubram riscos
o risco cessa. com as características resultantes desse agravamento
do risco.
2. O contrato de seguro não produz efeitos relativa-
6. O disposto no n.º 4, alíneas a) e c), e no n.º 2, aplica-
mente a um risco futuro segurado que não chegue a
se igualmente se o segurador, depois de comunicado
existir.
o agravamento do risco, não tiver apresentado novas
3. O desaparecimento do risco, no decurso da vigência condições contratuais ou procedido à comunicação de
do contrato, produz automática e imediatamente a sua resolução do contrato.
cessação. 7. Ocorrendo o sinistro sem ter sido comunicado o
4. Nos casos previstos nos n ºs 1 e 2, o tomador tem agravamento do risco aplica-se o disposto nas alíneas b)
direito à devolução do prémio pago, e no n.º 3 à devolução e c) do n.º 4 e no n.º 5 deste artigo.
pro rata temporis atendendo ao tempo de cobertura Artigo 42º
havida, deduzidas, na hipótese de boa fé do segurador, Redução do risco
as despesas necessárias à celebração do contrato que não
tenham sido recuperadas. 1. O tomador do seguro pode, a todo o tempo durante
a vigência do contrato, comunicar ao segurador todos os
5. Em caso de má fé do tomador do seguro, o segurador factos ou circunstâncias susceptíveis de determinar uma
de boa fé tem direito a reter o prémio pago. redução inequívoca e duradoura do risco.

6. Presume-se a má fé do tomador do seguro se o se- 2. Perante a comunicação referida no número anterior, o


gurado tiver conhecimento, aquando da celebração do segurador dispõe de quinze dias para se opor ao circun-
contrato de seguro, que o sinistro ocorrera. stancialismo invocado pelo tomador ou para lhe apresen-
tar novas condições contratuais.
Artigo 41º
3. O silêncio do segurador durante o prazo indicado no
Agravamento do risco
número anterior implica a aceitação do novo circunstan-
1. O tomador do seguro ou o segurado e a pessoa segura, cialismo apresentado pelo tomador.
quando tal seja o caso, devem, na vigência do contrato e 4. O tomador dispõe igualmente de quinze dias para,
nos oito dias subsequentes ao seu conhecimento, informar perante a oposição ou as novas condições apresentadas
o segurador de todos os factos e circunstâncias suscep- pelo segurador, optar por estas condições, pela manutenção
tíveis de determinar um agravamento do risco. do contrato nos termos iniciais ou pela sua resolução.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1261

5. O silêncio do tomador, durante o prazo indicado no 2. Salvo convenção em contrário, a avaliação feita
número anterior, implica a aceitação das novas condições pelos peritos é vinculativa para o segurador, o tomador
propostas pelo segurador ou, perante a recusa deste em e o segurado.
reconhecer a redução do risco, a manutenção do contrato Secção III
nos seus termos iniciais.
Premio
Artigo 43º
Subsecção I
Omissão ou inexactidão da comunicação
Disposições gerais
1. A omissão ou a inexactidão da comunicação prevista
no artigo 41 º, n.º 1, confere ao segurador, além das fac- Artigo 48º
uldades aí referidas, o direito de rescindir o contrato, Noção
fazendo seu o prémio vencido até essa data.
1. O prémio é devido pelo tomador ao segurador, como
2. O tomador pode evitar a rescisão solicitando ao se- contrapartida do risco que este assume, equivalendo,
gurador a proposta de novas condições e aceitando-as e salvo cláusula em contrário, a uma prestação pecuniária.
assumindo, ainda, o pagamento de todas as despesas a
que tenha dado origem com a sua omissão ou inexactidão. 2. O prémio inclui tudo o que for devido pelo tomador,
nomeadamente em razão de custos da cobertura do
3. Em qualquer caso, têm aplicação as regras gerais risco, de custos de aquisição, de gestão e de cobrança, de
sobre responsabilidade civil. encargos relacionados com a emissão da apólice, assim
Artigo 44º como de encargos fiscais e parafiscais.
Exclusões Artigo 49º

O contrato de seguro pode excluir a cobertura, entre Características do prémio e recusa de segurar
outros, dos riscos derivados de guerra, insurreição ou
1. Salvo disposição legal em sentido diverso, o montante
terrorismo.
do prémio e as regras sobre o seu cálculo e determina-
Artigo 45º ção são estipulados no contrato de seguro, ao abrigo da
Actos dolosos liberdade contratual.
1. Salvo disposição legal ou regulamentar em sentido 2. As regras sobre o cálculo e a determinação do prémio
diverso, assim como convenção em contrário não ofensiva têm de respeitar os princípios da técnica seguradora.
da ordem pública quando a natureza da cobertura o per-
mita, o segurador não é obrigado a efectuar a prestação 3. O prémio deve ser adequado e proporcionado aos
convencionada em caso de sinistro causado dolosamente riscos a cobrir pelo segurador, sem prejuízo de eventuais
pelo tomador do seguro, ou pelo segurado. especificidades de certas categorias de seguros e de cir-
cunstâncias concretas dos riscos assumidos.
2. O beneficiário que tenha causado dolosamente o dano
não tem, em caso algum, direito à prestação. 4. O prémio corresponde ao período de duração do
contrato ou a cada período de duração, quando se trate
Secção II
de contrato de renovação sucessiva.
Cláusulas específicas
5. O prémio correspondente a cada período de duração
Artigo 46º
do contrato é, salvo se o contrato for anulado ou resolvido
Capital seguro nos termos legais e regulamentares em vigor, devido por
1. O capital seguro representa o limite máximo da inteiro, sem prejuízo de poder ser fraccionado para efeitos
prestação a pagar pelo segurador por sinistro ou anui- de pagamento, de acordo com o previsto na respectiva
dade de seguro, consoante o que estiver estabelecido no apólice.
contrato. 7. O segurador pode recusar a aceitação de propostas
2. Salvo quando seja determinado por lei, cabe ao to- de seguro de contratação obrigatória caso o risco que se
mador do seguro indicar ao segurador, quer no início quer pretenda segurar já tenha estado coberto e o prémio rela-
durante a vigência do contrato, o valor da coisa segura tivo a período em que a cobertura haja produzido efeitos
ou do interesse a segurar, para efeito da determinação subsista em dívida, salvo se o tomador tiver invocado a
do capital seguro. excepção de não cumprimento do contrato.

3. As partes podem fixar franquias, escalões de indem- 8. Para efeitos do disposto no número anterior, a pro-
nização e outras previsões contratuais que condicionem posta de seguro deve conter a identificação completa do
o valor da prestação a realizar pelo segurador. tomador do seguro, bem como uma declaração do mesmo
sobre se o risco já esteve coberto e se existem prémios
Artigo 47º
em dívida.
Peritagem
Artigo 50º
1. Quando as partes não acordem na determinação das
Quem pode efectuar o pagamento
causas, circunstâncias e consequências do sinistro, essa
avaliação pode ser cometida a peritos nomeados pelas 1. O prémio deve ser pago pelo tomador do seguro ou
partes, nos termos previstos no contrato. por quem o represente ou actue por sua conta.

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1262 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

2. O prémio pode também ser pago, nos termos pre- 2. O recibo correspondente ao prémio global é emitido
vistos na lei ou no contrato, por terceiro, interessado ou nos seguros temporários e ao prémio anual no caso de con-
não no cumprimento da obrigação, sem que o segurador tratos de seguro celebrados por um ano e subsequentes.
possa recusar o recebimento.
3. O recibo de prémio pago por cheque ou por débito
Artigo 51º em conta, bem como a declaração ou certificado relativo à
A quem deve ser efectuado o pagamento prova da existência do contrato de seguro, só comprovam
O prémio deve ser pago ao segurador ou a quem, para o efectivo pagamento do prémio se a quantia for recebida
o efeito, o represente. pelo segurador.
Artigo 52º 4. A cobertura dos riscos depende do pagamento do
Modo de efectuar o pagamento prémio, com ressalva das regras em contrário previstas
neste diploma.
1. O prémio de seguro só pode ser pago em numerário,
Subsecção II
por cheque bancário, cartão de crédito ou de débito,
transferência bancária ou vale postal, com ressalva de Vencimento
outras formas de pagamento admitidas por portaria do Artigo 56º
Ministro responsável pela área das Finanças.
Prémio inicial, subsequente, fracções de prémio
2. O pagamento do prémio por cheque fica subordi- e apólices abertas
nado à condição da sua boa cobrança e, verificada esta, 1. O prémio inicial, ou a primeira fracção deste, é devido
considera-se feito na data da recepção daquele. na data da celebração do contrato.
3. O pagamento por débito em conta fica subordi-
2. Quando o recibo não seja emitido no momento da
nado à condição da não anulação posterior do débito por
celebração do contrato, os prémios ou fracções iniciais
retratação do autor do pagamento no quadro de legislação
devem ser pagos até ao trigésimo dia após a sua data de
especial que a permita.
emissão pelo segurador, o que devem ocorrer nos prazos
4. A falta de cobrança do cheque por causa não impu- e condições determinados por norma regulamentar.
tável ao segurador ou a anulação do débito equivale à
3. As fracções seguintes do prémio inicial, o prémio de
falta de pagamento do prémio.
anuidades subsequentes e as fracções deste são devidos
5. A dívida de prémio pode ainda ser extinta por com- nas datas estabelecidas no contrato.
pensação com crédito reconhecido, exigível e líquido até
4. Nos contratos titulados por apólices abertas, os pré-
ao montante a compensar, mediante declaração de uma
mios ou fracções relativos às sucessivas aplicações são
das partes à outra, desde que se verifiquem os demais
devidos nos quinze dias subsequentes à data de emissão
requisitos da compensação.
do respectivo recibo.
Artigo 53º
Artigo 57º
Pagamento por terceiro
Prémio variável
1. Do contrato de seguro pode resultar que ao terceiro
interessado, titular de direitos ressalvados no contrato, 1. O disposto nos artigos desta subsecção aplica-se, com
é conferido o direito de proceder ao pagamento do prémio as devidas adaptações, aos prémios ou fracções variáveis,
já vencido, desde que esse pagamento seja efectuado num devendo, com antecedência não inferior a trinta dias da data
período não superior a sessenta dias subsequentes à data em que se vence o prémio, o segurador avisar por escrito o
de vencimento. tomador, sobre o exacto montante do prémio devido.
2. O pagamento do prémio ao abrigo do disposto no 2. O vencimento referido no número anterior é re-
número anterior determina a reposição em vigor do portado ao décimo quinto dia subsequente ao da efectiva
contrato, podendo ser acordado que implique a cobertura realização do aviso ao tomador, quando este não foi real-
de sinistro ocorrido entre a data do vencimento e a do izado com a antecedência aí estabelecida.
pagamento por terceiro. Subsecção III
Artigo 54º Aviso de vencimento, e resolução automática
Lugar do pagamento em caso de mora

1. O prémio deve ser pago no local estabelecido no Artigo 58º


contrato. Aviso

2. No silêncio da apólice, o prémio deve ser pago no 1. O aviso da data de vencimento dos prémios subse-
estabelecimento do segurador onde o contrato tenha quentes ou de fracções de prémio é realizado na própria
sido celebrado. apólice, sem prejuízo do disposto nesta secção quanto
Artigo 55º a situações especiais de realização do aviso prévio ao
Recibo e declaração de existência do seguro;
tomador.
cobertura dos riscos
2. O aviso indicado no número anterior considera-se
1. Recebido o prémio, o segurador emite o correspon- efectuado pela indicação, em caracteres de maior di-
dente recibo, podendo, se necessário, emitir um recibo mensão do que os restantes, da data de vencimento e da
provisório. obrigação de realizar o pagamento até essa data.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1263

3. Do aviso a que se refere este artigo, efectuado Subsecção IV


na apólice, devem obrigatoriamente constar as conse- Regras especiais
quências da falta de pagamento do prémio ou fracção,
Artigo 62º
nomeadamente a data a partir da qual o contrato é au-
tomaticamente resolvido, para além de outros elementos Regime específico dos seguros do ramo «Vida»
que eventualmente sejam fixados em aviso do Banco de
Cabo Verde. 1. Ao prémio dos contratos de seguro do ramo Vida
aplicam-se as regras deste artigo, bem como todas as
Artigo 59º que constam deste diploma e por sua natureza lhe sejam
Prorrogação aplicáveis.
1. A ausência da indicação a que se refere o n.º 2 do 2. Vencida a obrigação de pagamento do prémio, sem
artigo anterior, determina a prorrogação automática do que este se encontre pago, o segurador notifica o toma-
prazo de vencimento do prémio ou de uma fracção pelo dor, por correio registado, para efectuar o pagamento do
período correspondente a quinze dias após o tomador do prémio ou fracção em dívida, no prazo de trinta dias, não
seguro ter sido notificado, por escrito, para efectuar o se operando de imediato a resolução do contrato.
referido pagamento.
3. O prazo a que se refere o número anterior, contar-se-
2. A prorrogação prevista neste artigo constitui para á da data do registo da notificação, que é remetida para o
o segurador o direito a receber o prémio proporcional a último endereço comunicado pelo tomador ao segurador.
tal período.
4. Na notificação a que se refere o anterior n.º 2,
Artigo 60º devem obrigatoriamente constar os valores a pagar, o
Ónus da prova prazo para pagamento e as consequências da sua falta,
nomeadamente, a data a partir da qual o contrato é au-
Em caso de dúvida recai sobre o segurador o ónus da tomaticamente resolvido.
prova do envio ao tomador, de modo atempado e completo,
do aviso prévio, sempre que, nos termos legais aplicáveis, 5. Findo o prazo indicado no n.º 2 deste preceito, sem
este deva ter lugar. que o tomador tenha pago o prémio ou fracção em dívida,
o contrato resolve-se automaticamente.
Artigo 61º

Mora e resolução automática 6. O disposto no número anterior não prejudica even-


tuais direitos de redução do contrato ou de resgate que
1. A falta de pagamento do prémio na data do venci- estejam previstos na apólice.
mento constitui o tomador do seguro em mora, com a
Artigo 63º
obrigação de pagar os correspondentes juros.
Regime específico dos seguros do ramo Caução
2. Decorridos quinze dias após a data de vencimento o
contrato é automaticamente resolvido, sem possibilidade 1. Ao prémio dos contratos de seguro do ramo Caução
de ser reposto em vigor. aplicam-se as regras deste artigo, todas as que constam
deste diploma e por sua natureza lhe sejam aplicáveis,
3. Na pendência do prazo referido no número anterior o bem ainda como o regime próprio deste tipo de seguro.
contrato e respectivas garantias mantêm-se plenamente
em vigor, bem como a obrigação, por parte do tomador, de 2. Não havendo cláusula de inoponibilidade, o ben-
pagamento do prémio correspondente ao período em que eficiário deve ser avisado, por correio registado, sempre
o contrato vigorou, acrescido dos juros de mora devidos, que se verifique falta de pagamento do prémio na data
e ainda outros prémios ou fracções eventualmente em em que este era devido para, querendo evitar a resolução
dívida. do contrato, pagar, no prazo de trinta dias, o prémio ou
fracção por conta do tomador do seguro.
4. O não pagamento, até à data de vencimento, de um
prémio adicional resultante de uma modificação ao con- 3. Em caso de duplicação de pagamentos, o segura-
trato determina a ineficácia da modificação, subsistindo dor deve devolver a importância paga pelo beneficiário
o contrato com o âmbito e nas condições que vigoravam no prazo de trinta dias após a liquidação do prémio ou
antes da pretendida modificação. fracção em dívida pelo tomador do seguro.
5. À situação referida no número anterior, é aplicável 4. Para efeito do disposto no anterior n.º 2, entende-se
o prazo da mora previsto no n.º 2 deste artigo. por cláusula de inoponibilidade, a cláusula contratual que
impede o segurador, durante um determinado prazo, de
6. Em caso de mora do segurador relativamente à per-
opor aos segurados, beneficiários do contrato, quaisquer
cepção do prémio, considera-se o pagamento efectuado
nulidades, anulabilidades ou fundamentos de resolução.
na data em que foi disponibilizado o meio para a sua
realização. Artigo 64º

Comunicação da resolução dos contratos de seguro


7. Quando a cobrança for efectuada por mediadores, estes
obrigatório do ramo automóvel
ficam obrigados a devolver aos seguradores os recibos não
cobrados dentro do prazo de oito dias subsequentes ao 1. A resolução de contratos de seguro obrigatório do
prazo estabelecido no n.º 2, sob pena de incorrerem nas ramo automóvel, que se deva a falta de pagamento do
sanções legalmente estabelecidas. prémio ou fracção de prémio, bem como a celebração de

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1264 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

novos contratos, é comunicada pelo segurador à Direcção Artigo 67º


Geral dos Transportes Rodoviários através de envio de Apólice única
listagens mensais, por correio registado ou por outro
meio do qual fique registo escrito ou electrónico, com a O contrato de co-seguro é titulado por uma apólice
indicação da matrícula da viatura segura, a identificação única, emitida pelo líder e na qual deve figurar a quota-
do tomador do seguro e a respectiva morada disponível. parte do risco ou a parte percentual do capital assumidas
por cada co-segurador.
2. Em caso de dúvida, recai sobre o segurador o ónus
Artigo 68º
da prova do envio da comunicação referida no número
anterior. Âmbito da responsabilidade de cada co-segurador

3. A Direcção Geral dos Transportes Rodoviários, caso No contrato de co-seguro, cada co-segurador responde
verifique não ter sido coberto o risco por novo contrato, apenas pela quota-parte do risco garantido ou pela parte
comunica o facto à autoridade policial competente para percentual do capital seguro assumido.
efeitos de fiscalização. Artigo 69º
4. A autoridade policial competente deve apreender, Funções do co-segurador líder
procedendo à remoção ou bloqueamento, com aplicação
1. Cabe ao líder do co-seguro exercer, em seu próprio
das competentes regras do Código da Estrada, os veículos
nome e dos demais co-seguradores, as seguintes funções
cujos riscos objecto de seguro obrigatório não se prove
em relação à globalidade do contrato:
estarem cobertos por contrato em vigor.
Artigo 65º a) Receber do tomador de seguro a declaração do
risco a segurar, bem como as declarações
Comunicação da resolução dos contratos de seguro
obrigatório do ramo acidentes de trabalho
posteriores de agravamento, redução ou
desaparecimento desse mesmo risco;
1. A resolução dos contratos de seguro obrigatório do
ramo de acidentes de trabalho operada por força da falta b) Fazer a análise do risco e estabelecer as condições
de pagamento do prémio de anuidades seguintes ou do do seguro e a respectiva tarifação;
não pagamento de uma qualquer fracção do prémio no c) Emitir a apólice, sem prejuízo de esta dever ser
decurso de uma anuidade deve ser comunicada pelo se- assinada por todos os co-seguradores;
gurador à Inspecção-Geral do Trabalho através de envio
de listagens mensais por correio registado ou por outro d) Proceder à cobrança dos prémios, emitindo os
meio do qual fique registo escrito ou electrónico. respectivos recibos;

2. Em caso de dúvida, recai sobre o segurador o ónus e) Desenvolver, se for caso disso, as acções previstas
da prova do envio da comunicação referida no número nas disposições legais aplicáveis em caso de
anterior. falta de pagamento de um prémio ou de uma
fracção de prémio;
3. A resolução dos contratos de seguro obrigatório do
ramo de acidentes de trabalho, operada pelos funda- f) Receber as participações de sinistros e proceder à
mentos indicados no n.º 1 deste artigo, não é oponível sua regularização; e
aos lesados, até oito dias após a recepção das listagens g) Aceitar e propor a cessação do contrato.
ali referidas, sem prejuízo do direito de regresso contra o
tomador do seguro relativamente às prestações efectua- 2. Podem ainda, mediante acordo entre os co-segura-
das às pessoas seguras ou a terceiros em consequência dores, ser atribuídas ao líder outras funções para além
de sinistros ocorridos desde o momento em que o contrato das referidas no número anterior.
deixou de produzir efeitos até ao termos do prazo acima 3. Estando previsto que o líder deve proceder, em seu
indicado. próprio nome e dos demais co-seguradores, à liquidação
CAPÍTULO V global do sinistro, em derrogação do previsto na alínea c)
do n.º 1, a apólice pode ser assinada apenas pelo co-
Co-seguro segurador líder, em nome de todos os co-seguradores,
Artigo 66º mediante acordo escrito entre todos, que deve ser men-
cionado na apólice.
Noção
Artigo 70º
1. Por co-seguro dois ou mais seguradores, denomina-
Acordo entre os co-seguradores
dos co-seguradores, de entre os quais um é o líder, as-
sumem, em conjunto, um risco sem solidariedade entre Relativamente a cada contrato de co-seguro deve ser
eles, através da celebração de um contrato de seguro estabelecido entre os respectivos co-seguradores um
único, com as mesmas garantias, período de duração e acordo expresso relativo às relações entre todos e entre
com um prémio global. cada um e o líder, do qual devem, sem prejuízo do dis-
posto no n.º 1 do artigo anterior, constar, pelo menos, os
2. O co-seguro é admitido em todos os ramos de segu-
seguintes aspectos:
ros relativamente a contratos que, pela sua natureza ou
importância, justifiquem a intervenção conjunta de dois a) Valor da taxa de gestão, caso as funções exercidas
ou mais seguradores. pelo líder sejam remuneradas;

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1265

b) Forma de transmissão de informações e de 2. Cabe ao líder do tratado de resseguro manter, em


prestação de contas pelo líder a cada um dos seu próprio nome e dos demais resseguradores, o rela-
co-seguradores; ou cionamento com o ressegurado, praticando todos os actos
necessários para o efeito, bem como exercer todas as
c) Sistema de liquidação de sinistros.
demais funções que lhe forem cometidas conjuntamente
Artigo 71º pelos resseguradores.
Responsabilidade civil do líder Artigo 77º
O líder é civilmente responsável perante os restantes Efeitos em relação a terceiros
co-seguradores pelos danos decorrentes do não cumpri-
1. Salvo previsão legal ou estipulação no contrato de
mento das funções que lhe forem atribuídas.
resseguro, deste contrato não decorrem quaisquer rela-
Artigo 72º ções entre o tomador do seguro e o ressegurador.
Liquidação de sinistros
2. O disposto no número anterior não obsta à eficácia
Os sinistros decorrentes de um contrato de co-seguro da atribuição a terceiros, pelo segurador, da titularidade
podem ser liquidados através de qualquer das seguintes ou do exercício de direitos que lhe advenham do contrato
modalidades, a constar expressamente da respectiva de resseguro, quando permitida pela lei.
apólice:
CAPÍTULO VII
a) O líder procede, em seu próprio nome e dos
Seguro de grupo
demais co-seguradores, à liquidação global do
sinistro; ou Secção I
Regime comum
b) Cada um dos co-seguradores procede à
liquidação da parte do sinistro proporcional à Artigo 78º
quota-parte do risco que garantiu ou à parte Noção
percentual do capital que assumiu.
O contrato de seguro de grupo cobre riscos de um con-
Artigo 73º junto de pessoas ligadas ao tomador por um vínculo ou
Proposição de acções judiciais interesse comum que não seja o de segurar.
1. A acção judicial decorrente de um contrato de co- Artigo 79º
seguro deve ser intentada contra todos os co-seguradores, Modalidades
salvo se o litígio se relacionar com a liquidação de um
sinistro e tiver sido adoptada, na apólice respectiva, a 1. O seguro de grupo pode ser contributivo ou não
modalidade referida na alínea b) do artigo anterior. contributivo.

2. Pode ser estipulado que a acção judicial seja in- 2. O seguro de grupo diz-se contributivo quando do
tentada contra o líder em substituição processual dos contrato de seguro resulta que os segurados suportam,
restantes co-seguradores. no todo ou em parte, o pagamento do montante corre-
spondente ao prémio devido pelo tomador.
CAPÍTULO VI
3. No seguro contributivo pode ser acordado que os se-
Resseguro gurados paguem directamente ao segurador a respectiva
Artigo 74º parte do prémio.
Noção Artigo 80º

O resseguro é o contrato mediante o qual uma das par- Dever de informação


tes, o ressegurador, cobre riscos cedidos por um segurador 1. Sem prejuízo do disposto nos artigos 20° e 21º,
ou por outro ressegurador. aplicáveis com as necessárias adaptações, o tomador do
Artigo 75º seguro deve informar os segurados sobre as coberturas
Regime subsidiário e forma contratadas e as suas exclusões, as obrigações e direitos
em caso de sinistro, e as alterações ao contrato, em con-
1. A relação entre o ressegurador e o cedente é regulada formidade com um espécimen elaborado pelo segurador.
pelo contrato de resseguro, aplicando-se subsidiariamen-
te as normas do regime jurídico do contrato de seguro 2. No seguro de pessoas, o tomador do seguro deve ainda
com ele compatíveis. informar as pessoas seguras do regime de designação e
alteração do beneficiário.
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 33.º, o
contrato de resseguro é reduzido a escrito, identificando 3. O segurador deve facultar, a pedido dos segurados,
os riscos cobertos. todas as informações que se revelem necessárias para a
efectiva compreensão do contrato.
Artigo 76º
Âmbito da responsabilidade de cada ressegurador em
4. O contrato de seguro pode prever que o dever de
tratado e líder do tratado de resseguro informação referido no n.º 1 deste artigo seja assumido
pelo segurador.
1. No tratado de resseguro, cada ressegurador responde
apenas pela quota-parte do risco garantido ou pela parte 5. Compete ao tomador do seguro provar que forneceu
percentual do capital assumido. as informações referidas neste artigo.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1266 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 81º Artigo 86º

Incumprimento do dever de informar Manutenção da cobertura

O incumprimento do dever de informar previsto no Em caso de exclusão do segurado ou de cessação do


artigo anterior responsabiliza o tomador do seguro nos contrato de seguro de grupo, o segurado só tem direito
termos gerais e torna inoponíveis aos segurados as con- à manutenção da cobertura de que beneficiava, quando
dições do contrato não comunicadas. o contrato expressamente o estabeleça e nas condições
Artigo 82º
nele previstas.

Pagamento do prémio Secção II

Regras especiais aplicáveis ao seguro de grupo contributivo


1. Salvo quando tenha sido acordado que o segurado
pague directamente o prémio ao segurador, a obrigação de Artigo 87º
pagamento do prémio impende sobre o tomador do seguro. Regime aplicável
2. A falta de pagamento do prémio, tanto por parte do Ao contrato de seguro de grupo contributivo, para
tomador como, no seguro contributivo em que o segurado além do regime previsto nos artigos 78.º a 86.º, aplica-se
deva pagar o prémio directamente ao segurador, tem as o disposto nesta secção.
consequências previstas nos artigos 55.º, n.º 4 e 61º.
Artigo 88º
Artigo 83º
Dever de informação no seguro de grupo contributivo
Denúncia pelo segurado
1. Para além dos deveres de informação a que se en-
1. Após a comunicação de alterações ao contrato de
contra adstrito, nos termos do disposto no artigo 80 º, no
seguro de grupo, qualquer segurado pode denunciar o
caso do seguro de grupo contributivo, o tomador do seguro
vínculo resultante da adesão, salvo nos casos de adesão
deve, antes da adesão individual, bem como na vigência
obrigatória em virtude de relação estabelecida com o
do contrato, fornecer ao segurado todas as informações
tomador do seguro.
a que um tomador de um seguro individual teria direito
2. A denúncia prevista no número anterior só respeita em circunstâncias análogas.
ao segurado que a invoque, não afectando a eficácia do
2. Adicionalmente à informação prestada nos termos
contrato nem a cobertura dos restantes segurados.
do número anterior, o tomador de um seguro de grupo
3. A denúncia é feita por declaração escrita enviada com contributivo que seja simultaneamente seu beneficiário,
uma antecedência de trinta dias ao tomador ou, quando deve informar o segurado do montante das remunerações
o contrato o determine, ao segurador. que lhe sejam atribuídas em resultado da sua intervenção
no contrato, independentemente da forma e natureza
Artigo 84º
que assumam, bem como da dimensão relativa que tais
Exclusão do segurado remunerações representam em proporção do valor total
do prémio do referido contrato.
1. O segurado pode ser excluído do seguro de grupo
em caso de cessação do vínculo com o tomador ou, no 3. Compete ao tomador do seguro o ónus de provar que
seguro contributivo, quando não entregue ao tomador, cumpriu os deveres de informação previstos neste artigo.
ou ao segurador, conforme o caso, a quantia destinada
ao pagamento do prémio. 4. O incumprimento dos deveres específicos previstos
neste artigo determina a obrigação do tomador do seguro
2. O segurado pode ainda ser excluído quando ele ou o suportar a parte do prémio correspondente ao segurado,
beneficiário, com o conhecimento daquele, pratique actos sem perda das respectivas garantias.
fraudulentos em prejuízo do segurador ou do tomador.
Artigo 89º
3. O contrato de seguro de grupo deve definir o pro- Condições da declaração de adesão
cedimento de exclusão do segurado e os termos em que
a exclusão produz efeitos. Da declaração de adesão a seguro de grupo contribu-
Artigo 85º
tivo, sem prejuízo das condições específicas da adesão,
devem constar todas as condições que, em circunstâncias
Cessação do contrato análogas, deveriam constar de um seguro individual.
1. O tomador do seguro pode fazer cessar o contrato Artigo 90º
por revogação, denúncia ou resolução, nos termos gerais.
Participação nos resultados
2. O tomador deve comunicar ao segurado a extinção da
1. No seguro de grupo contributivo, o segurado é titular
cobertura decorrente da cessação do contrato de seguro.
do direito à participação nos resultados contratualmente
3. A comunicação prevista no número anterior é feita definidos na apólice.
com a antecedência de trinta (30) dias no caso de revo-
2. No seguro de grupo contributivo parcial, o direito à
gação ou denúncia do contrato.
participação nos resultados do segurado é reconhecido
4. Não sendo respeitada a antecedência por facto a si na proporção do respectivo contributo para o pagamento
imputável, o tomador responde pelos danos a que der causa. do prémio.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1267

3. Para efeitos da presente secção entende-se por CAPÍTULO X


participação nos resultados, o direito contratualmente
definido de benefício de parte dos resultados técnicos ou Efeitos em relação a terceiros
financeiros, ou de ambos, gerados por aquele contrato Artigo 97º
ou pelo conjunto de contratos em que aquele se insere.
Seguro por conta própria
CAPÍTULO VIII
1. No seguro por conta própria, o contrato tutela o
Seguro de assistência interesse próprio do tomador.
Artigo 91º 2. Se o contrário não resultar do contrato ou de circun-
Noção stâncias atendíveis, o seguro considera-se contratado por
conta própria.
No seguro de assistência o segurador compromete-se
a proporcionar auxílio imediato ao segurado no caso de 3. Se o interesse do tomador for parcial, sendo o seguro
este se encontrar em dificuldades em consequência de efectuado na sua totalidade por conta própria, o contrato
um evento aleatório. considera-se feito por conta de todos os interessados,
Artigo 92º salvo disposição legal ou contratual em contrário.
Exclusões Artigo 98º

Seguro por conta de outrem


Não se entende compreendida no seguro de assistência
a prestação de serviços de manutenção ou de conservação, 1. No seguro por conta de outrem, o tomador actua
bem como os serviços de após venda e a mera indicação por conta do segurado, determinado ou indeterminado.
ou disponibilização, na qualidade de intermediário, de
meios de auxílio. 2. O tomador cumpre as obrigações estabelecidas no
contrato, com excepção das que pela sua natureza só
CAPÍTULO IX possam ser cumpridas pelo segurado.
Vigência do contrato
3. O segurado é titular dos direitos resultantes do
Artigo 93º contrato e o tomador, mesmo na posse da apólice, não os
Produção de efeitos pode exercer sem o consentimento daquele.

1. Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes e 4. Salvo estipulação em contrário, o tomador pode opor-
salvo convenção em contrário, o contrato de seguro pro- se à prorrogação automática do contrato, denunciando-o,
duz efeitos a partir das zero horas do dia seguinte ao da mesmo contra a vontade do segurado.
sua celebração.
5. Na falta de estipulação ou disposição legal em con-
2. A data de início da cobertura do seguro pode ser trário, são oponíveis ao segurado, os meios de defesa
fixada pelas partes no contrato, salvo o disposto no n.º emergentes do contrato de seguro, mas não aqueles
4 do artigo 55 °. que advenham de outras relações entre o segurador e o
Artigo 94º
tomador.

Retroactividade 6. No seguro por conta de quem pertencer e nos casos


em que o contrato garanta indiferentemente um interesse
As partes podem convencionar que a cobertura abranja próprio ou alheio, os n.º s 2 a 5 são aplicáveis quando se
riscos anteriores à data indicada no n.º 1 do artigo prec- conclua tratar-se de um seguro de interesse alheio.
edente, sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 40°.
Artigo 95º CAPÍTULO XI
Duração Transmissão do seguro
Na falta de estipulação das partes o contrato de seguro Artigo 99º
vigora pelo período de um ano. Regime comum
Artigo 96º
1. O tomador do seguro pode transmitir a sua posição
Prorrogação automática contratual dispensando o consentimento do segurado,
1. Salvo convenção em contrário, o contrato de seguro sem prejuízo do disposto em matéria de seguro de vida.
celebrado pelo período inicial de um ano ou superior 2. Salvo disposição legal ou convenção em contrário,
prorroga-se automática e sucessivamente, no final do em caso de transmissão do bem seguro, sendo segurado
termo estipulado, por novos períodos de um ano. o tomador do seguro, o contrato de seguro transmite-se
2. Sendo o contrato de seguro celebrado por um período para o novo titular, mas a transferência só produz efeitos
inicial inferior a um ano, a sua prorrogação automática depois de notificada ao segurador.
e sucessiva, no final do termo estipulado, dá-se por igual 3. Em caso de transmissão do bem seguro por parte
período, salvo convenção em contrário. de segurado determinado transmite-se a posição para o
3. Considera-se como único contrato aquele que seja novo segurado, salvo disposição legal ou convenção em
objecto de prorrogação. contrário.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1268 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

4. Verificada a transmissão da posição do tomador, o 5. A comunicação pode ser feita por escrito ou por
adquirente e o segurador só podem fazer cessar o contrato qualquer outra forma, caso em que é reduzida a escrito
nos termos gerais. pelo segurador.
5. A transmissão da empresa ou estabelecimento de- 6. Na comunicação devem ser explicitadas as circun-
termina a transferência para o adquirente dos seguros stâncias da verificação do sinistro, as eventuais causas
associados a essa unidade económica, nos termos previs- da sua ocorrência e respectivas consequências.
tos nos nºs. 2 e 3.
7. O tomador do seguro, o segurado ou o beneficiário
Artigo 100º deve igualmente prestar ao segurador todas as informa-
Morte do tomador do seguro ções relevantes que este solicite relativas ao sinistro e
suas consequências.
1. Do contrato pode resultar que, em caso de morte do
Artigo 104º
tomador do seguro, a posição contratual se transmite
para o segurado ou para terceiro interessado. Falta de comunicação do sinistro

2. O disposto no número anterior não se aplica aos con- 1. O contrato pode prever a redução da prestação do
tratos titulados por apólices à ordem ou ao portador nem segurador atendendo ao prejuízo que o incumprimento,
aos contratos concluídos em razão da pessoa do tomador. temporário ou definitivo, dos deveres fixados no artigo
precedente lhe cause.
Artigo 101º

Garantias 2. O contrato pode igualmente prever a perda da


cobertura se a falta de cumprimento ou o cumprimento
1. Se o seguro foi constituído em garantia, o tomador incorrecto dos deveres enunciados no artigo precedente
pode transferir o seguro para outro segurador, mantendo for doloso e tiver determinado prejuízo significativo para
as mesmas condições de garantia, sem consentimento o segurador.
do credor.
3. O disposto nos números anteriores não é aplicável
2. Quando exista garantia real sobre o bem seguro, a quando o segurador tenha tido conhecimento do sinistro
transferência do seguro em resultado da transmissão por outro meio durante o prazo previsto no n.º 1 do artigo
do bem não depende do consentimento do credor, mas anterior, ou o obrigado prove que não poderia razoavel-
deve-lhe ser notificada, desde que esteja devidamente mente ter procedido à comunicação devida em momento
identificado na apólice. anterior àquele em que o fez.
3. Tendo o seguro sido dado em garantia observa-se o 4. O disposto nos n º s 1 e 2 não é oponível a terceiros
regime geral aplicável aos títulos de crédito. em caso de seguro obrigatório de responsabilidade civil,
CAPÍTULO XII ficando todavia o segurador com direito de regresso con-
tra quem incumpriu relativamente às prestações que
Sinistro efectuar.
Secção I Secção II
Noção e comunicação do sinistro Dever de evitar ou minorar os danos

Artigo 102º Artigo 105º

Noção Princípio geral

O sinistro corresponde à verificação, total ou parcial, O tomador, o segurado ou beneficiário, bem como os
do evento que desencadeia a estrutura de cobertura do seus representantes, auxiliares, comissários ou terceiros
risco assumido pelo segurador. interessados, devem evitar, por todos os meios ao seu
Artigo 103º
alcance, que o risco se concretize e, perante um sinistro
eminente, em curso ou consumado, devem tomar todas as
Comunicação do sinistro medidas razoáveis para minorar os danos ou para evitar
1. A verificação do sinistro deve ser comunicada ao a sua verificação ou ampliação.
segurador pelo tomador do seguro, pelo segurado ou pelo Artigo 106º
beneficiário, no prazo fixado no contrato ou, na falta deste, Concretização
nos oito dias imediatos àquele em que tiver conhecimento.
1. O dever de minorar os danos pode implicar a ime-
2. A comunicação pode ainda ser efectuada por re- diata execução de medidas adequadas no local, o aviso
presentante, auxiliar, comissário ou qualquer terceiro à autoridade pública competente, o apelo a meios de
interessado, devendo disponibilizar ao segurador a sua salvamento e a comunicação ao segurador.
identificação, o título a que intervém e documento que
legitime tal intervenção. 2. Em qualquer caso, o dever em causa não prejudica a
necessidade de proteger a vida e a integridade física ou
3. Para efeitos de comunicação, considera-se equipa- moral de pessoas envolvidas ou de prevenir danos que,
rada ao sinistro a probabilidade da sua ocorrência. embora não abrangidos pela garantia, devam concre-
4. Presume-se, salvo prova em contrário, que o sinistro tamente prevalecer sobre interesses patrimoniais do
é conhecido no momento da sua verificação. segurador.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1269
Artigo 107º Artigo 112º

Obrigação de reembolso Vencimento

1. O segurador paga ao tomador, segurado ou bene- A prestação do segurador vence-se decorrida noventa
ficiário as despesas efectuadas em cumprimento do dever dias sobre o apuramento dos factos a que se refere o n.º
fixado no n.º 1 do artigo anterior, desde que razoáveis e 1 do artigo 109°.
proporcionadas, ainda que sem resultados.
Artigo 113 º
2. As despesas indicadas no número anterior devem
Sub-rogação
ser pagas pelo segurador antecipadamente à data da
regularização do sinistro quando o tomador, o segurado 1. Ao pagar a indemnização, o segurador fica sub-
ou o beneficiário exija o reembolso e as circunstâncias o rogado nos direitos do tomador do seguro, do segurado
não impeçam. ou do beneficiário, contra os terceiros responsáveis e até
3. O valor devido pelo segurador nos termos do n.º 1 é à concorrência do montante pago a título contratual.
deduzido ao montante do capital seguro disponível, salvo
2. O tomador, o segurado ou o beneficiário respondem
se corresponder a despesas efectuadas em cumprimento
por todo o acto que lhe sendo imputável possa prejudicar
de determinações do segurador ou a sua cobertura
o direito do segurador.
autónoma resultar do contrato.
3. Se a indemnização recair sobre parte do dano, o se-
4. Em caso de seguro por valor inferior ao do interesse
gurador e o tomador, o segurado ou o beneficiário, fazem
seguro ao tempo do sinistro, o segurador paga as despesas
valer os seus direitos na proporção da quantia que a cada
efectuadas em cumprimento do dever fixado no n.º 1 do
um deles for devida.
artigo anterior na proporção do interesse coberto e dos
interesses em risco, excepto se as mesmas decorrerem 4. Exceptuados os casos de dolo, a sub-rogação prevista
do cumprimento de determinações do segurador ou re- no n.º 1 deste preceito não se exerce sobre as pessoas que
sultarem do contrato. vivam em economia conjunta com o tomador, segurado
Artigo 108º ou beneficiário.
Sanções Artigo 114 º

O incumprimento doloso do dever de evitar que o risco Disponibilidade


se concretize ou de minorar o dano exonera o segurador
da obrigação de pagamento de qualquer indemnização, O tomador, segurado ou beneficiário pode dispor livre-
podendo exigir indemnização pelos danos e demais despe- mente da indemnização a que tenha direito, mas apenas
sas assim provocadas. após o seu vencimento, sem prejuízo do disposto quanto
à doação de bens futuros.
Secção III
CAPÍTULO XIII
Indemnização

Artigo 109º Cessação do contrato


Regra geral Secção I

1. O segurador obriga-se a satisfazer a prestação Regime comum


contratual a quem for devida, após a confirmação da Artigo 115 °
ocorrência do sinistro e das suas causas, circunstâncias
e consequências. Modos de cessação

2. Na ausência de estipulação em contrário, a indem- O contrato de seguro cessa nos termos gerais, nomeada-
nização é devida em dinheiro. mente por caducidade, revogação, denúncia e resolução.
Artigo 110º Artigo 116 °
Montante e cálculo da indemnização Efeitos da cessação

1. A indemnização deve ser equivalente ao capital se- 1. Sem prejuízo de disposições que estabelecem a eficácia
guro, até ao limite do dano real, quando seja esse o caso. de deveres contratuais depois do termo do vínculo, a ces-
2. Ao cálculo da indemnização ou da indemnização sação do contrato determina a extinção das obrigações
provisória ou em renda têm aplicação as regras da re- das partes enunciadas no artigo 1° deste diploma.
sponsabilidade civil.
2. A cessação do contrato não prejudica a obrigação
Artigo 111º do segurador de efectuar a prestação decorrente da
Direitos de terceiros cobertura do risco, desde que o sinistro seja anterior ou
concomitante com a cessação e ainda que este tenha sido
O pagamento efectuado em prejuízo de direitos de a causa da cessação do contrato.
terceiros, designadamente credores privilegiados, de
que o segurador tenha conhecimento, não o libera do 3. Nos seguros com provisões matemáticas, a cessação
cumprimento da sua obrigação. do contrato que não dê lugar à realização da prestação,

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1270 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

determina a obrigação de o segurador prestar o montante Secção III


dessa provisão, incluindo o direito à participação nos
Revogação
resultados calculado pro rata temporis.
Artigo 121 °
4. A cessação do contrato de seguro, seja qual for a sua
causa, não impede a celebração de novo contrato. Cessação por acordo
Artigo 117 º
1. O segurador e o tomador podem, por acordo, a todo
Estorno do prémio por cessação antecipada o tempo, fazer cessar o contrato de seguro.
1. Salvo disposição legal em contrário ou no caso de ter 2. Exceptuado o seguro de grupo, não coincidindo o
havido pagamento da prestação decorrente do sinistro, tomador do seguro com o segurado, a revogação carece
sempre que o contrato cesse antes do decurso do prazo do assentimento deste.
há lugar ao estorno do prémio.
Secção IV
2. O estorno do prémio é calculado pro rata temporis.
Denúncia
3. O disposto no número anterior pode ser afastado por
estipulação das partes em sentido diverso, desde que tal Artigo 122 °
acordo tenha uma razão atendível, como seja a garantia
de separação técnica entre a tarifação dos seguros anuais Regime comum
e a dos seguros temporários.
1. O contrato de seguro celebrado por período deter-
4. As partes não podem estipular sanção aplicável ao minado e prorrogação automática pode ser livremente
tomador quando este exerça um direito que determine a denunciado por qualquer das partes para obviar à sua
cessação antecipada do contrato, salvo disposição legal prorrogação automática.
em contrário.
2. O contrato de seguro celebrado sem duração determi-
Artigo 118 º
nada pode ser denunciado a todo o tempo, por qualquer
Efeitos em relação a terceiros das partes, para fazer cessar o contrato.

1. A cessação do contrato de seguro não prejudica os 3. Por acordo podem as partes prever a liberdade de
direitos adquiridos por terceiros. denúncia do tomador, a exercer em termos mais amplos
do que os previstos nos números anteriores.
2. Da natureza do seguro pode resultar uma garantia
para terceiros que cubra sinistros reclamados depois da
4. Nos seguros de grandes riscos, a liberdade de denún-
cessação do contrato.
cia pode ser livremente ajustada.
3. O segurador deve comunicar aos credores ben-
Artigo 123 º
eficiários, desde que identificados na apólice, a cessação
do contrato. Limitações à denúncia

4. O dever de comunicação previsto no número anterior 1. O contrato de seguro celebrado sem duração de-
impende igualmente sobre o segurador em relação ao terminada não pode ser denunciado sempre que a livre
segurado que seja distinto do tomador. desvinculação se oponha à natureza do vínculo ou à
Secção II finalidade prosseguida pelo contrato e ainda quando a
tal corresponda uma atitude abusiva.
Caducidade

Artigo 119 º 2. A natureza do vínculo opõe-se à liberdade de denún-


cia, nomeadamente quando o contrato de seguro for cel-
Regime regra
ebrado para perdurar até à verificação de determinado
O contrato de seguro caduca nos termos gerais, nome- facto.
adamente no termo do prazo estipulado.
3. A finalidade prosseguida pelo contrato inviabiliza a
Artigo 120 ° denúncia, nomeadamente nos seguros em que o decurso
Causas específicas do tempo agrava o risco.

1. O contrato de seguro caduca na eventualidade de 4. Presume-se abusiva a denúncia feita na iminência


superveniente perda do interesse ou de extinção do risco da verificação do sinistro ou após a verificação de um
e sempre que se verifique o pagamento da totalidade do facto que possa desencadear uma ou mais situações de
capital seguro para o período de vigência do contrato responsabilidade do segurador.
sem que se encontre prevista a reposição desse capital.
5. O disposto nos números anteriores observa-se
2. Entende-se que há extinção do risco, nomeadamente igualmente em relação à denúncia para obviar à pror-
no caso de morte da pessoa segura, de perda total do bem rogação do contrato de seguro celebrado com um período
seguro e de cessação da actividade objecto do seguro. de vigência igual ou superior a cinco anos.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1271
Artigo 124º 2. Os prazos previstos no número anterior contam-se
a partir da data da celebração do contrato, desde que o
Aviso prévio
tomador do seguro, nessa data, disponha, em papel ou
1. A denúncia deve ser feita por declaração escrita noutro suporte duradouro, de todas as informações rel-
enviada ao destinatário com uma antecedência mínima evantes sobre o seguro que tenham de constar da apólice.
de trinta dias relativamente à data da prorrogação do 3. A livre resolução prevista no n.º 1 não se aplica aos
contrato. segurados nos seguros de grupo.
2. No contrato de seguro sem duração determinada ou 4. A resolução do contrato deve ser comunicada ao se-
com duração igual ou superior a cinco anos, sem prejuízo gurador por escrito, em suporte de papel ou outro meio
do disposto no número anterior, a denúncia deve ser feita duradouro disponível e acessível ao segurador.
com uma antecedência mínima de noventa dias.
5. A resolução tem efeito retroactivo, podendo, contudo,
3. No caso previsto no número anterior, salvo conven- o segurador ter direito às seguintes prestações:
ção em contrário, o contrato cessa decorrido o prazo do a) Ao valor do prémio calculado pro rata temporis,
aviso prévio ou, tendo havido um pagamento antecipado na medida em que tiver suportado o risco até
do prémio relativo a certo período, no termo desse período. à resolução do contrato; e
Secção V
b) Aos custos de desinvestimento que compro-
Resolução vadamente tiver suportado.

Artigo 125 º CAPÍTULO XIV

Resolução após sinistro Disposições complementares


Artigo 127º
1. Pode ser acordada a possibilidade de as partes
Dever de sigilo
resolverem o contrato após uma sucessão de sinistros.
1. O segurador deve guardar segredo de todas as in-
2. Para efeito do número anterior, e na ausência de formações de que tenha tomado conhecimento no âmbito
estipulação contratual em contrário, presume-se que da celebração ou da execução de um contrato de seguro,
há sucessão de sinistros quando ocorram dois sinistros ainda que o contrato não se tenha celebrado, seja inválido
num período de doze meses ou, sendo o contrato anual, ou tenha cessado.
no decurso da anuidade, podendo ser estipulado regime
especial que, atendendo à modalidade de seguro, permita 2. O dever de sigilo impende sobre os administradores,
preencher o conceito de sucessão de sinistros de modo trabalhadores, agentes e demais auxiliares do segurador.
diverso. Artigo 128 º

3. A resolução após sinistro, a exercer pelo segurador, Comunicações


não pode ser convencionada nos seguros de vida, de Salvo disposição legal em contrário, as comunicações
saúde, de crédito, de caução, nem nos seguros obrigatórios previstas neste diploma devem revestir forma escrita
de responsabilidade civil, salvo disposição legal em con- ou ser prestadas por outro meio de que fique registo
trário. duradouro.
4. A resolução prevista no n.º 1 não tem eficácia ret- Artigo 129 º
roactiva e deve ser exercida, por declaração escrita, no Prescrição
prazo de trinta dias após o pagamento ou a recusa de
O direito do segurador ao prémio prescreve no prazo
pagamento do sinistro.
de cinco anos a contar da data do seu vencimento, bem
5. As limitações constantes deste preceito não se apli- como os restantes direitos emergentes do contrato de
cam aos seguros de grandes riscos. seguro que prescrevem no prazo de cinco anos a contar
da data em que o titular teve conhecimento do direito,
Artigo 126 º sem prejuízo da prescrição ordinária a contar do facto que
Livre resolução lhe deu causa e de outras disposições legais imperativas
aplicáveis a outras modalidades de seguros.
1. O tomador do seguro, sendo pessoa singular, pode Artigo 130 º
resolver o contrato sem invocar um motivo nas seguintes
Arbitragem
situações:
1. Sem prejuízo do disposto neste diploma sobre per-
a) Nos contratos de seguro de vida, de acidentes itagem, os litígios emergentes da validade, interpretação,
pessoais e de saúde com uma duração igual execução e incumprimento do contrato de seguro podem
ou superior a seis meses, nos trinta dias ser dirimidos por via arbitral, ainda que a questão re-
imediatos à data da recepção da apólice; e speite a seguros obrigatórios ou à aplicação de normas
b) Nos seguros ligados a instrumentos de captação imperativas deste diploma.
de aforro estruturados, nos trinta dias 2. A arbitragem prevista no número anterior segue o
imediatos à data da recepção da apólice. respectivo regime geral.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1272 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

TÍTULO II Secção II

SEGURO DE DANOS Princípio indemnizatório

Artigo 134 °
CAPÍTULO I
Prestação do segurador
Parte geral
Secção A prestação devida pelo segurador está limitada ao
prejuízo do segurado até ao montante do capital seguro.
Identificação
Artigo 135 °
Artigo 131°
Salvado
Objecto

O seguro de danos pode respeitar a coisas, a créditos, O objecto salvo do sinistro só pode ser abandonado
a direitos sobre bens imateriais ou a quaisquer outras pelo segurado a favor do segurador se o contrato assim
situações patrimoniais lícitas, excluindo as relativas à o estabelecer.
pessoa humana. Artigo 136º
Artigo 132 °
Franquia
Extensão
No contrato de seguro pode estipular-se uma quantia,
1. O seguro de danos abrange, até ao limite do capital determinada como importância certa ou percentagem
seguro, a totalidade dos danos que possam atingir a coisa, de valor, que fica a cargo do tomador, e se designa por
ou um conjunto de coisas, ou o direito, ou um conjunto franquia.
de direitos, que tenham sido seguros.
Artigo 137 °
2. Salvo convenção em contrário, o seguro de danos
Prejuízo para cálculo da prestação devida
não inclui:

a) Os danos causados por vício próprio da coisa ou No seguro de coisas, o prejuízo a considerar para deter-
do direito seguro ou o agravamento que do minação da prestação devida pelo segurador é o do valor
vício próprio resulte; do interesse seguro ao tempo do sinistro.
Artigo 138 °
b) Os lucros cessantes, bem como o valor de privação
do uso do bem; e Regime convencional

c) Os danos provocados por fenómenos anormais e 1. Sem prejuízo do disposto no artigo 134 ° e no artigo
imprevisíveis, no momento da celebração do anterior, podem as partes acordar no valor do interesse
contrato. seguro atendível para o cálculo da indemnização, não
devendo esse valor ser manifestamente infundado.
3. Para efeito do disposto na alínea a), do número ante-
rior, sendo várias as coisas seguras, a exclusão aí referida 2. As partes podem acordar, nomeadamente, na fixação
apenas é aplicável relativamente àquela ou àquelas que de um valor de reconstrução ou de substituição do bem
sejam afectadas devido ao vício próprio. ou em não considerar a depreciação do valor do interesse
4. Se o vício próprio da coisa segura apenas tiver seguro em função da vetustez ou do uso do bem.
agravado o dano, a indemnização é proporcionalmente
3. Os acordos previstos nos números anteriores não
reduzida.
prejudicam a aplicação do regime da alteração do risco
Artigo 133 ° previsto neste diploma.
Seguro de um conjunto de coisas Artigo 139 °

1. Ocorrendo o sinistro, cabe ao segurado provar que Sobresseguro e infrasseguro


uma coisa perecida ou danificada pertence ao conjunto
de coisas objecto do seguro. 1. Se o capital seguro exceder o valor do interesse
seguro é aplicável o disposto no artigo 134 °, podendo as
2. No seguro de um conjunto de coisas, e salvo con- partes pedir a redução do contrato.
venção em contrário, o seguro estende-se às coisas das
pessoas que vivam com o segurado em economia comum 2. Estando o tomador ou o segurado de boa fé, o segu-
no momento do sinistro, bem como às dos trabalhadores rador deve proceder à restituição dos sobreprémios que
do segurado, desde que por outro motivo não estejam tenham sido pagos nos três anos anteriores ao pedido de
excluídas do conjunto de coisas seguras. redução do contrato.

3. No caso do número anterior, tem direito à prestação, 3. Salvo convenção em contrário, se o capital seguro
o proprietário ou o titular de direitos equiparáveis sobre for inferior ao valor do objecto seguro, o segurador só
as coisas. responde pelo prejuízo na respectiva proporção.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1273

4. Quando o infrasseguro resulte de dolo ou de grave Artigo 142º


negligência de alguma das partes, tem a outra o direito Transmissão da coisa, ou direito seguro
de ser indemnizada por todos os danos que desse modo
lhe sejam causados. 1. A posição jurídica do tomador transfere-se para o
adquirente da coisa ou do direito seguro, salvo convenção
5. Quando o sobresseguro doloso ou gravemente neg- em contrário.
ligente não se deva ao segurador, tem este o direito de
requerer a anulação do contrato, podendo exigir indem- 2. A transferência da posição só produz efeitos perante
nização pelos danos e demais despesas assim provocadas. o segurador depois de lhe ser notificada por escrito.

Artigo 140 ° 3. Cabe ao tomador inicial ou ao transmissário da coisa


ou do direito, o ónus da prova da recepção da comunicação
Pluralidade de seguros por parte do segurador.
1. Quando um mesmo risco, relativo ao mesmo interes- 4. Em qualquer caso, à transmissão da posição jurídica
se e por coincidente período esteja seguro por vários segu- do tomador aplicam-se as regras da assunção de dívidas.
radores, o tomador do seguro ou o segurado deve informar Artigo 143 º
dessa circunstância todos os seguradores, aquando da sua
verificação e com a participação do sinistro. Seguro de coisa hipotecada ou empenhada

Se a coisa segura for objecto de hipoteca ou de penhor,


2. A omissão fraudulenta da informação prevista no
nenhuma indemnização pode ser paga sem o consenti-
número anterior exonera os seguradores das respectivas
mento do credor.
prestações.
CAPÍTULO II
3. O sinistro verificado no âmbito dos contratos previs-
tos no n.º 1 é indemnizado por qualquer dos seguradores, Parte especial
à escolha do beneficiário, dentro dos limites da respectiva Secção I
obrigação.
Seguro de responsabilidade civil
4. Salvo convenção em contrário, os seguradores en- Subsecção I
volvidos no ressarcimento do prejuízo coberto pelos con-
tratos previstos no n.º 1 respondem entre si na proporção Regime geral
da quantia que cada um teria de pagar se existisse um Artigo 144 °
único contrato de seguro.
Noção
5. Em caso de falência de um dos seguradores, os de- No seguro de responsabilidade civil, o segurador cobre
mais respondem pela quota-parte daquele nos termos o risco de constituição no património do segurado de uma
previstos no número anterior. obrigação de indemnizar terceiros.
Artigo 141 ° Artigo 145 º

Sub-rogação pelo segurador Âmbito

1. O segurador que tiver pago a indemnização fica 1. O seguro de responsabilidade civil garante a ob-
sub-rogado, na medida do montante pago, nos direitos rigação de indemnizar, nos termos acordados, até ao
do segurado contra o terceiro responsável pelo sinistro. montante do capital seguro por sinistro ou por período
de vigência do contrato.
2. O tomador ou o segurado responde, até ao limite da
indemnização paga pelo segurador, por acto ou omissão 2. O prejuízo a atender para efeito do princípio indem-
que prejudique os direitos previstos no número anterior. nizatório é o disposto na lei geral, salvo convenção em
contrário.
3. A sub-rogação parcial não prejudica a parte dos 3. O disposto na presente secção aplica-se ao seguro de
direitos do segurado relativos ao risco coberto, quando acidentes de trabalho sempre que as soluções especiais
concorra com o segurador contra o terceiro responsável, consagradas neste regime não se oponham.
salvo convenção em contrário em contratos de grandes
riscos. Artigo 146 º

Período de garantia
4. O disposto no n.º 1 não é aplicável:
1. Salvo convenção em contrário, a garantia cobre a re-
a) Contra o segurado se este responde pelo terceiro sponsabilidade civil do tomador do seguro ou do segurado
responsável, nos termos da lei; e por factos geradores de responsabilidade civil ocorridos no
período de vigência do contrato, abrangendo os pedidos
b) Contra o cônjuge, ascendentes e descendentes
de indemnização apresentados após o termo do seguro.
do segurado que com ele vivam em economia
comum, salvo se a responsabilidade destes 2. São válidas as cláusulas que delimitem o período de
terceiros for dolosa ou se encontrar coberta garantia, tendo em conta, nomeadamente, o facto gerador
por contrato de seguro. do dano, a sua manifestação ou a respectiva reclamação.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1274 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

3. Tendo sido ajustada uma cláusula de delimitação ultrapassar o capital seguro, as pretensões destes são
temporal da garantia no pressuposto da data da rec- proporcionalmente reduzidas até à concorrência desse
lamação, sem prejuízo do disposto em lei ou regulamento capital.
especial e não estando o risco coberto por um contrato
2. O segurador que, de boa fé e por desconhecimento
de seguro posterior, o seguro de responsabilidade civil
de outras pretensões, efectuar o pagamento de indemni-
garante o pagamento de indemnizações resultantes de
zações de valor superior ao que resultar do disposto no
eventos danosos desconhecidos das partes e ocorridos
número anterior, fica liberado para com os outros lesados
durante o período de vigência do contrato, ainda que a
pelo que exceder o capital seguro.
reclamação seja apresentada no prazo de um ano após o
termo do contrato. Artigo 151 º
Artigo 147 º Bónus
Defesa jurídica
Para efeito de aplicação do regime de bónus ou de
1. O segurador de responsabilidade civil pode intervir agravamento, só é considerado o sinistro que tenha dado
em qualquer processo judicial ou administrativo em que lugar ao pagamento de indemnização ou à constituição de
se discuta a obrigação de indemnizar cujo risco ele tenha uma provisão, e, neste último caso, desde que o segurador
assumido, suportando os custos daí decorrentes. tenha assumido a correspondente responsabilidade.
2. O contrato de seguro pode prever o direito de o lesado Artigo 152 º
demandar directamente o segurador, isoladamente ou
Direito de regresso do segurador
em conjunto com o segurado.
3. Quando o tomador ou o segurado e o lesado tiverem 1. Sem prejuízo de regra contrária prevista em legisla-
contratado um seguro com o mesmo segurador ou ex- ção especial, satisfeita a indemnização, o segurador tem
istindo qualquer outro conflito de interesses, o segurador direito de regresso, relativamente à quantia despendida,
deve dar a conhecer aos interessados tal circunstância. contra o tomador do seguro ou o segurado que tenha
causado dolosamente o dano ou tenha de outra forma
4. No caso do número anterior, o tomador do seguro ou lesado dolosamente o segurador após o sinistro.
o segurado pode confiar a sua defesa a quem entender,
assumindo o segurador, salvo convenção em contrário, os 2. Não tendo havido dolo do tomador do seguro ou do
custos daí decorrentes, desde que se revelem adequados segurado e estando previsto o direito de regresso em
ao caso. legislação especial ou convenção das partes, a obrigação
de regresso só existe na medida em que o sinistro tenha
5. O tomador ou o segurado deve colaborar com o segu-
sido provocado ou agravado por facto do responsável que
rador, prestando todas as informações que razoavelmente
fundamente o regresso.
lhe sejam exigidas e abstendo-se de agravar a posição
substantiva ou processual do segurador. Artigo 153 º

6. É inoponível ao segurador, que não tenha dado o Prescrição


seu consentimento, tanto o reconhecimento, por parte
do tomador ou do segurado, do direito do lesado como À acção do lesado contra o segurador aplicam-se
o pagamento da indemnização que a este for efectuado. subsidiariamente os prazos de prescrição previstos no
Código Civil.
Artigo 148 º
Inoponibilidade a terceiros da violação do dever de evitar e Subsecção II
de minorar os danos
Disposições especiais de seguro obrigatório
O segurador não pode opor ao lesado, a violação, por Artigo 154 º
parte do tomador, do dever de evitar que o risco se con-
cretize e do dever de minorar os danos ou de evitar a Direito do lesado
sua ampliação.
1. O lesado tem o direito de exigir o pagamento da
Artigo 149 º indemnização directamente junto do segurador.
Dolo
2. A indemnização é paga com exclusão dos demais
1. Sem prejuízo das regras sobre o seguro obrigatório, credores do segurado.
bem como do disposto no artigo 45 º, não se considera
dolosa a produção do dano quando o agente beneficie de 3. Salvo disposição legal em contrário, não pode ser
uma causa de exclusão da ilicitude ou da culpa. convencionada solução diversa da prescrita no n.º 2 do
artigo 145 º.
2. O segurador indemniza os danos intencionalmente
causados pelo segurado, salvo convenção expressa em Artigo 155 º
contrário admitida por lei. Meios de defesa
Artigo 150 º
1. O segurador apenas pode opor ao lesado os meios
Pluralidade de lesados
de defesa derivados do contrato de seguro ou de facto do
1. Se o tomador do seguro ou o segurado responder tomador do seguro ou do segurado ocorrido anteriormente
perante vários lesados e o valor total das indemnizações ao sinistro.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1275

2. Para efeito do número anterior, são nomeadamente b) O destino dos prédios seguros e o seu uso efectivo;
oponíveis ao lesado, como meios de defesa do segurador,
a invalidade do contrato, as condições contratuais e a c) A natureza e o uso dos prédios vizinhos,
cessação do contrato. sempre que estas circunstâncias se mostrem
relevantes para o conteúdo do contrato; e
Artigo 156 °
d) O lugar em que os objectos mobiliários segurados
Dolo contra o incêndio se acharem colocados ou
armazenados.
Havendo previsão especial de cobertura de actos dolo-
sos, o segurador tem direito de regresso contra o tomador Artigo 161 º
do seguro ou o segurado. Ónus da prova
Artigo 157 °
Ao segurado incumbe apenas a prova do prejuízo so-
Resolução frido e a justificação da existência dos objectos segura-
dos ao tempo do incêndio, quando o seguro recair sobre
Sem prejuízo de regra contrária prevista em legislação prédios ou sobre géneros ou mercadorias destinados ao
especial, nos seguros obrigatórios de responsabilidade comércio, salvo convenção em contrário.
civil não pode ser acordada a possibilidade de resolução
do contrato após sinistro. Secção III

Seguro contra terramotos e outros fenómenos da natureza


Secção II
Artigo 162 º
Seguro de incêndio
Regime
Artigo 158 °
O disposto na secção anterior aplica-se, com as ne-
Noção
cessárias adaptações, ao seguro contra danos provocados
O seguro de incêndio tem por objecto a cobertura dos por terramotos e outros fenómenos da natureza.
danos causados, pela ocorrência de incêndio, no bem Artigo 163 º
identificado no contrato.
Dever de informação
Artigo 159 °
O tomador deve ser informado, no momento da celeb-
Âmbito ração de qualquer seguro relativo a imóveis e quando
1. A cobertura do risco de incêndio compreende os danos esse seja o caso, da não inclusão do risco de terramoto
causados por acção do incêndio, ainda que tenha havido e de outros fenómenos da natureza, seguráveis, o que
negligência do segurado ou de pessoa por quem este seja deve constar, em caracteres bem legíveis, da respectiva
responsável, desde que tal facto não constitua crime. apólice.
Secção IV
2. O seguro de incêndio garante igualmente:
Seguros agrícola e pecuário
a) Os danos causados no bem seguro em
Artigo 164 º
consequência dos meios empregados
para combater o incêndio ou evitar a sua Seguro agrícola
propagação, bem como danos derivados
1. O seguro agrícola garante uma indemnização cal-
do calor, do fumo, do vapor, da água ou da
culada sobre o montante de prejuízos verificados em
explosão em consequência do incêndio e
culturas.
ainda remoções ou destruições executadas
por ordem da autoridade competente ou 2. A indemnização prevista no número anterior é deter-
praticadas com o fim de salvamento, se o minada em função do valor que os frutos de uma produção
forem em razão do incêndio ou de qualquer regular teriam ao tempo em que deviam colher-se, se não
dos factos anteriormente previstos; e tivesse sucedido o sinistro, deduzido dos custos em que
não haja incorrido e demais poupanças e vantagens do
b) Os danos causados pela acção de raio, explosão segurado em razão do sinistro.
ou outro acidente semelhante, mesmo que
não seja acompanhado de incêndio. Artigo 165 °

Seguro pecuário
Artigo 160 °

Apólice 1. O seguro pecuário garante uma indemnização


calculada sobre o montante de prejuízos verificados em
Além do que se estabelece no artigo 37°, a apólice de determinado tipo de animais.
seguro de incêndio deve precisar:
2. Salvo convenção em contrário, se o seguro pecuário
a) A designação, a qualidade, a localização e cobrir o risco de doença ou morte das crias de certo tipo
as confrontações dos prédios seguros, de animais, a indemnização prevista no número anterior
explicitamente ou por remissão para as é determinada em função do valor que os animais teriam
respectivas descrições prediais; ao tempo em que, presumivelmente, seriam vendidos ou

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abatidos, se não tivesse sucedido o sinistro, deduzido dos 2. O contrato pode, nomeadamente, estabelecer o início
custos em que não haja incorrido e demais poupanças e da cobertura dos riscos de transporte com a saída das
vantagens do segurado em razão do sinistro. mercadorias do armazém ou domicílio do carregador até
Artigo 166 °
à sua entrega no armazém ou domicílio do destinatário.

Apólice Artigo 170º


Apólice
1 Além do que se estabelece no artigo 37°, a apólice de
seguro de colheitas deve precisar: Além do que se estabelece no artigo 37°, a apólice do
a) A situação, a extensão e as confrontações do seguro de transporte deve precisar:
prédio cuja produção se segura; a) O tipo de transporte e o trajecto a seguir;
b) A natureza da produção segura e a época normal b) A modalidade de seguro contratado, nomea-
da colheita; damente se corresponde a uma apólice “avulso”,
c) A identificação da sementeira ou plantação, a uma apólice “aberta” ou “flutuante”, ou a
na eventualidade de já existir à data da uma apólice “a viagem” ou “a tempo”;
celebração do contrato; c) A data da recepção da coisa e a data esperada da
e) O local do depósito ou armazenamento, nocaso sua entrega;
do seguro abranger produtos já colhidos; e d) O tempo da viagem e as suas eventuais
f) O valor médio da colheita segura. interrupções;

2. Além do que se estabelece no artigo 37°, a apólice e) Sendo caso disso, a identificação do transportador
de seguro pecuário deve precisar: ou transportadores ou, em alternativa, a
entidade a quem caiba a sua determinação; e
a) A identificação do prédio onde se encontra
a exploração pecuária ou do prédio onde f) Os locais onde devem ser recebidas e entregues
normalmente os animais se encontram ou as coisas seguras.
pernoitam; Artigo 171 °
b) O tipo de animal, eventualmente a respectiva Capital seguro
raça, o número de animais seguros e o destino
1. Na falta de acordo, o seguro compreende o valor
da exploração; e
da coisa transportada no lugar e data do carregamento
c) O valor dos animais seguros. acrescido do custo do transporte até ao local do destino.
Secção V 2. Quando avaliados separadamente no contrato, o
Seguro de transporte de coisas seguro cobre ainda os lucros cessantes.
Artigo 167 ° Artigo 172 °
Âmbito do seguro Pluralidade de meios de transporte

1. Salvo convenção em contrário, o seguro de transporte Salvo convenção em contrário, o disposto na presente
cobre todos os riscos relativos ao transporte de coisas por secção aplica-se ainda que as coisas sejam transportadas
via terrestre ou aérea. predominantemente por meio marítimo.
2. O disposto nesta secção não se aplica ao contrato Secção VI
de seguro de envios postais nem ao seguro de transporte Seguro financeiro
marítimo.
Artigo 173 °
3. Os seguros marítimos são regulados por lei especial
Seguro de crédito
e pelas disposições constantes da parte geral desta lei
não incompatíveis com a sua natureza. 1. Por efeito do seguro de crédito, o segurador obriga-se
Artigo 168° a indemnizar o segurado, nas condições e com os limites
constantes da lei e do contrato de seguro, nomeadamente
Legitimidade
em caso de:
1. Sendo o seguro de transporte celebrado pelo tomador
a) Perdas causadas pelo não cumprimento de
do seguro por conta do segurado observa-se o disposto
obrigações pecuniárias;
no artigo 98 °.
b) Riscos políticos, naturais ou contratuais, que
2. No caso previsto no número anterior, o contrato dis-
obstem ao cumprimento de tais obrigações;
crimina a qualidade em que o tomador faz segurar a coisa.
Artigo 169 ° c) Não amortização de despesas suportadas com
vista à constituição desses créditos;
Início da cobertura
d) Variações de taxa de câmbio de moedas de
1. Salvo convenção em contrário, o segurador assume
referência no pagamento; e
o risco desde o recebimento das mercadorias pelo trans-
portador até à respectiva entrega no termo do transporte. e) Alteração anormal dos custos de produção.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1277

2. O seguro de crédito pode cobrir riscos de crédito Secção VII


inerentes a contratos destinados a produzir os seus efeitos Seguro de protecção jurídica
em Cabo Verde ou no estrangeiro, de exportação de bens
Artigo 179º
e serviços na fase anterior à encomenda firme, na fase de
fabrico e na fase de crédito, mas também riscos inerentes Noção
a contratos que tenham por objecto o mercado interno, O seguro de protecção jurídica cobre as despesas de-
abrangendo tanto a fase de fabrico como a fase de crédito. correntes de um processo judicial assim como de serviços
Artigo 174 ° jurídicos, nomeadamente de defesa e representação dos
interesses do segurado.
Seguro-caução
Artigo 180º
Por efeito do seguro-caução, o segurador obriga-se a Âmbito
indemnizar o segurado pelos danos patrimoniais sofridos,
nos termos constantes da lei e do contrato de seguro, em O seguro de protecção jurídica pode abranger as
caso de falta de cumprimento ou de mora do tomador do seguintes modalidades:
seguro em obrigações cujo cumprimento possa ser as- a) Gestão de sinistros por pessoal distinto;
segurado por garantia pessoal.
b) Gestão de sinistros por empresa juridicamente
Artigo 175 º
distinta; ou
Cobrança
c) Livre escolha de advogado.
No seguro financeiro podem ser conferidos ao segurador Artigo 181º
poderes para reclamar créditos do tomador do seguro ou Contrato
do segurado em valor superior ao do montante despendido
pelo segurador, devendo todavia este, salvo convenção em A garantia de protecção jurídica deve constar de um
contrário, entregar as somas recuperadas ao tomador ou contrato distinto do estabelecido para os outros ramos
ao segurado na proporção das respectivas perdas deste. ou modalidades ou de um capítulo autónomo de uma
única apólice, com a indicação do conteúdo da garantia
Artigo 176 °
de protecção jurídica.
Comunicação ao segurado Artigo 182º

1. Sem prejuízo do disposto nos nºs 3 e 4 do artigo 118 Menções especiais


°, no seguro-caução, não havendo cláusula de inoponibi- 1. O contrato de seguro de protecção jurídica deve
lidade, o segurador deve comunicar ao segurado a falta mencionar expressamente que o segurado tem direito a:
de pagamento do prémio ou fracção devido pelo tomador
para, querendo evitar a resolução do contrato, pagar a a) Escolher livremente um advogado ou, se preferir,
quantia em dívida num prazo não superior a sessenta outra pessoa com a necessária qualificação
dias relativamente à data de vencimento. para defender, representar ou servir os seus
interesses em qualquer processo judicial ou
2. Entende-se por cláusula de inoponibilidade a cláu- administrativo, bem como em caso de conflito
sula contratual que impede o segurador, durante determi- entre ele e o segurador;
nado prazo, de opor ao segurado, beneficiário do contrato,
a invalidade ou a resolução do contrato de seguro. b) Recorrer ao processo de arbitragem previsto no
artigo seguinte em caso de diferendo entre
Artigo 177 ° o segurado e o seu segurador, sem prejuízo
Reembolso
de aquele intentar acção ou interpor recurso,
desaconselhado pelo segurador, a expensas
1. No seguro de crédito, o segurador fica sub-rogado na suas, sendo no entanto reembolsado das
medida do montante pago nos termos prescritos no artigo despesas efectuadas na medida em que
152 °, mas, em caso de sub-rogação parcial, o segurador e a decisão arbitral ou a sentença lhe for
o segurado concorrem no exercício dos respectivos direitos favorável; e
na proporção que a cada um for devida.
d) Ser informado atempadamente pelo segurador,
2. No seguro-caução, além da sub-rogação nos termos sempre que surja um conflito de interesses
do número anterior, o contrato pode prever o direito de ou que exista desacordo quanto à resolução
regresso do segurador contra o tomador do seguro, não do litígio, dos direitos referidos nas alíneas
podendo, na conjugação das duas pretensões, o segurador anteriores.
exigir mais do que o valor total despendido. 2. O contrato de seguro de protecção jurídica pode
Artigo 178º não incluir a menção referida na alínea a) do número
anterior se estiverem preenchidas cumulativamente as
Remissão seguintes condições:
Os seguros de crédito e de caução são regulados por lei a) O seguro for limitado a processos resultantes da
especial e pelas disposições constantes da parte geral que utilização de veículos rodoviários no território
não sejam incompatíveis com a sua natureza. nacional;

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1278 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

b) O seguro for associado a um contrato de 2. O contrato de seguro de pessoas pode garantir


assistência a fornecer em caso de acidente ou prestações de valor predeterminado não dependente
avaria que implique um veículo rodoviário; do efectivo montante do dano e prestações de natureza
c) Nem o segurador de protecção jurídica nem o indemnizatória.
segurador de assistência cobrirem ramos de Artigo 186º
responsabilidade civil; e
Seguro individual e de grupo
d) Dos clausulados do contrato constarem
disposições assegurando que a assessoria 1. O seguro de pessoas pode ser contratado sob a forma
jurídica e a representação de cada uma de seguro individual ou de seguro de grupo.
das partes de um litígio são exercidas por 2. Considera-se como seguro individual o que respeite
advogados totalmente independentes, quando a uma pessoa, podendo incluir o agregado familiar ou
as referidas partes estiverem seguradas em um conjunto de pessoas vivendo em economia comum.
protecção jurídica junto do mesmo segurador
ou em seguradores que se encontrem entre si 3. O seguro de grupo respeita a um conjunto de pessoas
em relação de grupo. ligadas ao tomador por um vínculo ou interesse comum
Artigo 183º que não seja o de segurar.
Artigo 187º
Arbitragem
Declaração e exames médicos
Sem prejuízo do direito de acção ou recurso, o contrato
de seguro de protecção jurídica pode conter uma cláusula Sem prejuízo dos deveres de informação a cumprir
que preveja o recurso ao processo de arbitragem, sujeito pelo segurado, a celebração do contrato pode depender
às regras da legislação em vigor e que permita decidir a de declaração sobre o estado de saúde e de exames médi-
atitude a adoptar em caso de diferendo entre o segurador cos a realizar à pessoa segura e que tenham em vista a
e o segurado. avaliação do risco envolvido.
Artigo 184º Artigo 188º
Limitação Informação sobre exames médicos
O disposto na secção anterior não se aplica: 1. O segurador deve informar o candidato, previamente
a) Ao seguro de protecção jurídica, sempre que e com o máximo detalhe, da natureza dos exames, testes
diga respeito a litígios ou riscos resultantes e análises a que se vai submeter, das entidades respon-
da utilização de embarcações marítimas ou sáveis pela sua realização e do regime de custeamento
relacionados com essa utilização; das respectivas despesas.
b) À actividade exercida pelo segurador de 2. Cabe ao segurador a prova do fornecimento destas
responsabilidade civil na defesa ou informações.
representação do seu segurado em qualquer
processo judicial ou administrativo, na 3. Os resultados dos exames, testes e análises médicos e
medida em que essa actividade se exerça em as suas consequências sobre o seguro a celebrar só podem
simultâneo e no seu interesse ao abrigo dessa ser comunicados à pessoa segura por um médico, salvo se
cobertura; e as circunstâncias forem já do conhecimento da pessoa se-
c) À actividade de protecção jurídica desenvolvida gura ou se puder supor, à luz da experiência comum, que
pelo segurador de assistência, quando essa já as conhecia ou ainda nos casos em que aquela tenha
actividade se exerça fora do Estado da autorizado a comunicação a quaisquer outras pessoas.
residência habitual do segurado e faça parte 4. O disposto no n.º 3 aplica-se igualmente à comunica-
de um contrato que apenas vise a assistência
ção ao tomador do seguro ou segurado quanto ao efeito do
prestada às pessoas em dificuldades durante
deslocações ou ausências do seu domicílio ou resultado dos exames médicos na decisão do segurador,
local de residência permanente, e desde que designadamente sobre a não aceitação do seguro ou a sua
estas circunstâncias constem expressamente aceitação em condições especiais.
do contrato, bem como a de que a cobertura 5. O segurador não pode recusar fornecer à pessoa
de protecção jurídica é acessória da cobertura
segura todas as informações de que disponha sobre a
de assistência.
sua saúde, devendo, quando instado, disponibilizar tal
TÍTULO III informação por meios adequados do ponto de vista ético
SEGURO DE PESSOAS e humano.
Artigo 189º
CAPÍTULO I
Sigilo
Disposições comuns
O segurador e os seus administradores, trabalhadores,
Artigo 185º
representantes, agentes e comitidos, bem como os me-
Objecto diadores e demais auxiliares ou colaboradores devem
1. O contrato de seguro de pessoas pode compreender guardar segredo de todas as informações de que tenham
a cobertura de riscos relativos à vida, à saúde ou à inte- conhecimento no âmbito da celebração de um contrato de
gridade física de uma pessoa ou grupo de pessoas nele seguro e que sejam relativas à pessoa segura, ao segurado
identificadas. ou à sua família.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1279
Artigo 190º Artigo 197º
Apólice Âmbito
Nos contratos de seguro de acidentes pessoais e de 1. O disposto relativamente ao seguro de vida aplica-se
saúde de longa duração, além das menções obrigatórias aos seguintes contratos:
e destaques a que se refere o artigo 37°, a apólice deve,
em especial, quando seja o caso, precisar, em caracteres a) Coberturas complementares dos seguros de
destacados: vida, relativos a danos corporais, incluindo a
incapacidade para o trabalho e a morte por
a) A extinção do direito às garantias;
acidente ou invalidez em consequência de
b) A eventual extensão da garantia para além do acidente ou doença;
termo do contrato; e
b) Renda;
c) O regime de evolução e adaptação dos prémios
na vigência do contrato. c) Seguro de nupcialidade; e
Artigo 191º
d) Seguro de natalidade.
Seguros de longa duração
2. O disposto no número anterior observa-se inde-
O tomador pode denunciar os seguros de longa duração,
pendentemente da modalidade de seguro adoptada,
a todo o tempo, mediante um prévio aviso de sessenta dias.
aplicando-se o regime do seguro de vida, nomeadamente,
Artigo 192º
aos seguros ligados a fundos de investimento.
Indemnização
Artigo 198º
Nos seguros de pessoas, a indemnização devida pelo
Informações pré-contratuais
sinistro tem como limite o capital que, nos termos con-
tratuais, se encontre seguro. 1. No seguro de vida, às informações indicadas nos
Artigo 193º artigos 20 º e 21 º acrescem ainda as seguintes, sempre
Pluralidade de seguros que tais informações se revelem adequadas:
1. Salvo convenção em contrário, as prestações de valor a) A forma de cálculo e atribuição da participação
predeterminado são cumuláveis com outras da mesma nos resultados;
natureza ou com prestações de natureza indemnizatória,
ainda que dependentes da verificação de um mesmo evento. b) A definição de cada cobertura e opção;

2. Ao seguro de pessoas, na medida em que garanta c) A indicação dos valores de resgate e de redução,
prestações indemnizatórias relativas ao mesmo risco, assim como a natureza das respectivas
aplicam-se as regras comuns do seguro de danos previstas coberturas e penalizações em caso de resgate,
no artigo 140 °. redução ou transferência do contrato;
3. O tomador do seguro ou o segurado deve informar d) A indicação dos prémios relativos a cada
o segurador da existência ou contratação de seguros cobertura, principal ou complementar;
relativos ao mesmo risco, ainda que garantindo apenas
prestações de valor predeterminado. e) O rendimento mínimo garantido, incluindo
informação relativa à taxa de juro mínima
Artigo 194º
garantida e duração desta cobertura;
Sub-rogação

Salvo convenção em contrário, o segurador que real- f) A indicação dos valores de referência utilizados
ize prestações de valor predeterminado no contrato não nos contratos de capital variável e do número
fica, após a satisfação destas, sub-rogado nos direitos das unidades de participação;
do tomador ou do beneficiário contra um terceiro que dê g) A indicação da natureza dos activos repre-
causa ao sinistro. sentativos dos contratos de capital variável;
Artigo 195º
h) A indicação relativa ao regime fiscal; e
Apólice nominativa

A apólice no seguro de pessoas não pode ser emitida à j) Nos contratos com componente de capitalização,
ordem nem ao portador. a quantificação dos encargos, sua forma de
incidência e o momento em que são cobrados.
CAPÍTULO II
2. As informações constantes das alíneas do número
Seguro de vida
anterior são também exigíveis nas operações de gestão
Secção I
de fundos colectivos de reforma.
Disposições preliminares
Artigo 199º
Artigo 196º
Informações na vigência do contrato
Noção

No seguro de vida, o segurador cobre um risco relacio- O segurador, na vigência do contrato, deve informar o
nado com a morte ou a sobrevivência da pessoa segura tomador do seguro de alterações relativamente a infor-
ou, em conjunto, com ambas. mações prestadas aquando da celebração do contrato.

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1280 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 200º c) A data de entrada em vigor das coberturas para
Apólice cada pessoa segura; e

1. Além do que se estabelece no artigo 37°, a apólice de d) As condições de elegibilidade, enunciando os


seguro de vida, quando seja o caso, deve precisar, sempre requisitos para que o candidato a pessoa
que tal se revele adequado: segura possa integrar o grupo.

a) Definição esclarecedora dos conceitos necessários 5. Às apólices dos seguros de nupcialidade e de natali-
a uma correcta compreensão das condições dade aplica-se o disposto no n.º 1 deste artigo, com as
contratuais; necessárias adaptações.
6. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, as condições dos con-
b) As condições, prazo e periodicidade do pagamento
tratos de seguros ligados a fundos de investimento colectivo
dos prémios;
devem estabelecer, sempre que tal se revele adequado:
c) A cláusula de incontestabilidade;
a) A constituição do valor de referência;
d) As informações prestadas nos termos do artigo b) Os direitos do tomador do seguro, aquando
anterior; da eventual liquidação de um fundo de
e) O período máximo em que o tomador do seguro investimento ou da eliminação de uma
pode exercer a faculdade de repor em vigor o unidade de conta, antes do termo do contrato;
contrato de seguro após a respectiva resolução c) A forma de informação sobre a evolução do valor
ou redução; de referência, bem como a sua regularidade;
f) As condições de manutenção do contrato pelos d) As condições de liquidação do valor de resgate e
beneficiários em caso de morte, ou pelos das importâncias seguras, quer seja efectuada
herdeiros; em numerário quer nos títulos que resultam
g) As condições de revalidação, resgate, redução, do funcionamento do contrato; e
adiantamento e transformação da apólice, e) A periodicidade da informação a prestar ao
incluindo, eventuais penalizações; tomador do seguro sobre a composição da
h) Condições de liquidação das importâncias carteira de investimentos.
seguras; 7. O período máximo em que o tomador do seguro pode
exercer a faculdade de repor em vigor, nas condições origi-
i) Cláusula que esclareça se o contrato dá ou não
nais e sem novos exames médicos, um seguro reduzido
direito a participação nos resultados;
ou resolvido deve constar das condições da apólice e ser
j) Caso haja lugar a participação nos resultados, fixado a partir da data de redução ou resolução.
qual a forma de cálculo e de distribuição Secção II
desses resultados;
Segurado e pessoa segura
k) Cláusula que esclareça se o tipo de seguro em Artigo 201º
que se insere o contrato dá ou não direito
Segurado
a investimento autónomo dos activos
representativos das provisões matemáticas; e 1. O segurado ou beneficiário é indicado pelo tomador
do seguro, no próprio contrato ou em declaração posterior,
l) Caso haja lugar a esse investimento autónomo, dirigida ao segurador.
indicação da natureza e regras para a
formação da carteira de investimento desses 2. Nos seguros de grupo, o segurado pode ser indicado
activos. pela pessoa segura.

2. O segurador deve juntar à apólice uma tabela de 3. O tomador ou a pessoa segura, quando seja esse o
valores de resgate e de redução, calculados nas datas caso, podem limitar-se a indicar critérios para a deter-
aniversarias da apólice, sempre que existam valores minação do beneficiário.
mínimos garantidos. Artigo 202º

3. Caso a tabela seja anexada à apólice, tal deverá ser Erro sobre a idade da pessoa segura
expressamente referido no seu clausulado. 1. O erro sobre a idade da pessoa segura é causa de anu-
4. Da apólice dos contratos de seguro de grupo devem labilidade do contrato, apenas invocável pelo segurador, se
constar, além dos elementos referidos no n.º 1 deste arti- a idade declarada ultrapassar o limite máximo estabelecido
go, sempre que tal se revele adequado, ainda os seguintes: pelo segurador para a celebração deste tipo de contrato de
seguro ou quando a declaração errónea, efectuada com dolo,
a) As obrigações e direitos das pessoas seguras; da idade se repercuta na avaliação do risco.
b) A transferência do direito ao valor de resgate 2. Não sendo causa de anulabilidade, em caso de di-
para a pessoa segura, no mínimo na parte vergência, para mais ou para menos, entre a idade de-
correspondente à sua contribuição para clarada e a verdadeira, a prestação do segurador reduz-se
o prémio, caso se trate de um seguro na proporção do prémio pago ou o segurador devolve, sem
contributivo; juros, o prémio em excesso, consoante o caso.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1281
Secção III 2. Quando a designação genérica se refira aos herdeiros
Designação beneficiária ou ao cônjuge, em caso de dúvida, considera-se como tais
Artigo 203º os que o forem à data do falecimento.
Designação beneficiária 3. A designação a favor de vários beneficiários em
1. O tomador do seguro, ou quem este indique, designa simultâneo, salvo estipulação em contrário, implica a
o beneficiário, podendo a designação ser feita na apólice, repartição, por todos e em partes iguais, da indemnização
em declaração escrita posterior ou no testamento. que deverá ser paga pelo segurador, excepto:
2. Salvo estipulação em contrário, por falecimento da a) No caso de os beneficiários serem herdeiros
pessoa segura, o capital seguro é prestado: da pessoa segura, em que se observam os
a) Na falta de designação do beneficiário, aos princípios previstos para a sucessão legítima;
herdeiros legais da pessoa segura; ou
b) Em caso de premoriência do beneficiário relati- b) No caso de premoriência de um dos beneficiários,
vamente à pessoa segura aos herdeiros desta; em que a sua parte cabe aos respectivos
c) Em caso de premoriência do beneficiário descendentes.
relativamente à pessoa segura, tendo Artigo 207º
havido renúncia à revogação da designação Aquisição e perda do benefício
beneficiária, aos herdeiros daquele; e
1. O beneficiário adquire um direito próprio à prestação
d) Em caso de comoriência da pessoa segura e do do segurador quando se verifique o risco previsto no
beneficiário, aos herdeiros deste. contrato, desde que este seja eficaz.
2. Salvo estipulação em contrário, no seguro de sobre-
2. A eficácia do direito previsto no número anterior fica
vivência, o capital seguro é prestado à pessoa segura, tanto
suspensa se o beneficiário for pronunciado como autor,
na falta de designação do beneficiário, como no caso de
cúmplice, instigador ou encobridor, pelo homicídio doloso,
premoriência do beneficiário relativamente à pessoa segura.
ainda que não consumado, da pessoa segura, cessando
Artigo 204º
com a sua condenação.
Alteração e revogação da designação beneficiária
3. Com a cessação do benefício, nos termos previstos
1. Quem designa o beneficiário pode a qualquer momento
no número anterior, os herdeiros da pessoa segura, no
revogar ou alterar a designação, excepto quando tenha
seguro de grupo, ou o tomador no seguro individual, têm
expressamente renunciado a esse direito ou, no seguro
o direito de receber do segurador o valor correspondente
de sobrevivência, tenha havido adesão do beneficiário.
ao resgate, caso a apólice o preveja.
2. Em caso de renúncia à faculdade de revogação ou,
no seguro de sobrevivência, tendo havido adesão do ben- 4. Do mesmo modo, e sem prejuízo do disposto no artigo
eficiário, o tomador, salvo convenção em contrário, não 45 °, se o beneficiário provocar, com dolo, dano corporal
tem os direitos de resgate, de adiantamento e de redução. na pessoa segura, tal importa a ineficácia da designação,
revertendo a prestação para o tomador do seguro.
3. O poder de alterar a designação beneficiária cessa
no momento em que o beneficiário adquire o direito ao Secção IV
pagamento das importâncias seguras. Risco
4. Sendo o contrato de seguro celebrado no âmbito de Artigo 208º
uma relação pessoal entre o tomador e a pessoa segura, Incontestabilidade
ou tendo esta designado o beneficiário, a alteração da
designação beneficiária carece do acordo da pessoa se- 1. O segurador não se pode prevalecer de omissões ou
gura, sem prejuízo do disposto quanto ao seguro de grupo. inexactidões negligentes na declaração inicial do risco,
decorridos três anos sobre a celebração do contrato, salvo
5. Não carecendo a alteração da designação beneficiária
convenção de prazo mais curto.
de acordo deve a mesma ser comunicada à pessoa segura
por quem a ela procedeu, apresentando prova dessa co- 2. O disposto no número anterior não é aplicável às
municação ao segurador. coberturas de acidente e de invalidez complementares de
Artigo 205º um seguro de vida, salvo previsão contratual em contrário.
Pessoas estranhas ao benefício Artigo 209º
As relações do tomador do seguro com pessoas estra- Agravamento do risco
nhas ao beneficio não afectam a designação beneficiária,
As regras gerais relativas ao agravamento do risco não
sendo aplicáveis as disposições relativas à colação, à
são aplicáveis aos seguros de vida, nem às coberturas de
imputação e redução de liberalidades e à impugnação
acidente e de invalidez complementares de um seguro de
pauliana só no que corresponde às quantias prestadas
vida relativamente ao estado de saúde da pessoa segura.
pelo tomador ao segurador.
Artigo 210º
Artigo 206º
Interpretação da cláusula beneficiária Exclusão do suicídio

1. A designação genérica dos filhos de determinada 1. Está excluída a cobertura da morte em caso de suicí-
pessoa como beneficiários, em caso de dúvida, entende-se dio ocorrido até um ano após a celebração do contrato,
que se refere a todos os seus descendentes. salvo convenção em contrário.

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1282 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

2. O disposto no número anterior aplica-se em caso Artigo 217º


de aumento do capital seguro por morte, bem como na Estipulação beneficiária irrevogável
eventualidade de o contrato ser reposto em vigor, mas, em
qualquer caso, a exclusão respeita somente ao acréscimo 1. Em caso de não pagamento do prémio na data de
de cobertura relacionado com essas circunstâncias. vencimento, se o contrato estabelece um benefício ir-
Secção V revogáve1 a favor de terceiro deve o segurador interpelá-
lo, no prazo de sessenta dias, para, querendo, substituir-
Direitos e deveres das partes
se ao tomador no referido pagamento.
Artigo 211º
2. O segurador que não tenha interpelado o beneficiário
Pagamento do prémio
nos termos do número anterior, não lhe pode opor as
O tomador do seguro deve pagar o prémio nas datas e consequências convencionadas para a falta de pagamento
condições estipuladas no contrato e na lei. do prémio.
Artigo 212º
3. Não se aplica o disposto no número anterior, podendo
Falta de pagamento do prémio o segurador prevalecer-se do regime da falta de paga-
1. A falta de pagamento do prémio na data de venci- mento do prémio, quando o segurador demonstre que a
mento confere ao segurador, consoante a situação e o interpelação a que se refere o n.º 1 se revelou impossível,
convencionado, o direito à resolução do contrato, com ainda que tentada por todos os meios normalmente mais
o consequente resgate obrigatório, o direito à redução adequados.
do contrato ou o direito à transformação do seguro num Artigo 218º
contrato sem prémio.
Participação nos resultados
2. O período máximo em que o tomador do seguro pode
exercer a faculdade de repor em vigor, nas condições 1. A participação nos resultados corresponde ao direito,
originais e sem novo exame médico, o contrato de se- contratualmente definido, de o tomador do seguro, o
guro reduzido ou resolvido deve constar das condições segurado ou o beneficiário auferir parte dos resultados
da apólice e ser fixado a contar da data de redução ou técnicos, financeiros ou ambos gerados pelo contrato de
de resolução. seguro.

Artigo 213º 2. Durante a vigência do contrato, o segurador deve


disponibilizar informação, nos termos regulamentados
Adiantamentos sobre o capital seguro
pelo Banco de Cabo Verde, sobre o montante da partici-
O segurador pode, nos termos do contrato, conceder pação nos resultados distribuídos.
adiantamentos sobre o capital seguro, nos limites da
3. No caso de cessação do contrato, o tomador, o segu-
provisão matemática.
rado, ou o beneficiário, consoante a situação, mantém o
Artigo 214º direito à participação nos resultados, atribuída mas ainda
Cessão ou oneração de direitos não distribuída, bem como, quando ainda não atribuída,
o direito à participação nos resultados calculado pro rata
O direito de resgate ou qualquer outro direito de que temporis desde a data da última atribuição até à data da
goze o tomador, o segurado ou o beneficiário pode ser cessação do contrato.
cedido ou onerado, nos termos gerais.
Artigo 219º
Artigo 215º
Instrumentos de captação de aforro estruturados
Cessão da posição contratual

1. Salvo convenção em contrário, o tomador do seguro, 1. Os instrumentos de captação de aforro estruturados


não sendo pessoa segura, pode transmitir a sua posição correspondem a instrumentos financeiros que, embora
contratual a um terceiro, que assim fica investido em assumam a forma jurídica de um instrumento original já
existente, têm características que não são directamente
todos os direitos e deveres que correspondiam àquele
identificáveis com as do instrumento original, em virtude
perante o segurador. de terem associados outros instrumentos de cuja evolução
2. A cessão da posição contratual deve ser comunicada depende, total ou parcialmente, a sua rendibilidade,
ao segurador e constar de acta adicional à apólice. sendo o risco do investimento assumido, ainda que só
em parte, pelo tomador de seguro.
Artigo 216º
Redução e resgate
2. São qualificados como instrumentos de captação
de aforro estruturados os seguros ligados a fundos de
1. O contrato deve regular os direitos de redução e de investimento, podendo, por regulamentação do Banco
resgate de modo a que o respectivo titular se encontre de Cabo Verde, ser qualificados como instrumentos de
apto, a todo o momento, a conhecer o respectivo valor. captação de aforro estruturados outros contratos ou
operações que reúnam as características identificadas
2. No seguro de grupo contributivo, o contrato deve no número anterior.
igualmente regular a titularidade do resgate tendo em
conta a contribuição do segurado. 3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 200.º, a
apólice de seguros ligados a fundos de investimento deve
3. No caso de designação irrevogável de beneficiário, o compreender ainda os elementos indicados no n.º 6 do
contrato fixa o exercício do direito de resgate. mesmo preceito.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1283

CAPÍTULO III b) As condições de indemnização em caso de não


renovação do contrato ou da cobertura da pessoa
Seguros de acidente e de saúde
segura respeitam ao risco coberto no contrato,
Secção I de acordo com o disposto no artigo 229 °.
Seguro de acidentes pessoais
Artigo 227º
Artigo 220º
Regime
Noção
Não é aplicável ao seguro de saúde:
Por seguro de acidentes pessoais, o segurador cobre
o risco da verificação de lesão corporal, invalidez, tem- a) O regime de agravamento do risco, relativamente
porária ou permanente, ou morte do tomador do seguro às alterações do estado de saúde da pessoa
ou de terceiro, por causa súbita, externa e imprevisível. segura; e
Artigo 221º b) A obrigação de informação da pluralidade de
Âmbito de risco seguros, prevista no artigo 193 °.
1. A apólice deve indicar, em caracteres bem visíveis, o Artigo 228º
tipo de acidentes pessoais que, em função da sua natureza
Doenças preexistentes
ou da sua causa, não estejam cobertos pelo contrato.
2. Consideram-se cobertos todos os riscos que em termos 1. As doenças preexistentes, conhecidas à data de
normais seriam abrangidos, por o segurador mantê-los realização do contrato, consideram-se abrangidas na
habitualmente no âmbito das suas coberturas, e que não cobertura convencionada pelo segurador, podendo ser
tenham sido excluídos, nos termos do número anterior. excluídas por acordo em contrário, de modo genérico ou
especificadamente.
Artigo 222º
Remissão 2. Consideram-se excluídas da cobertura as doenças
preexistentes que tenham sido ocultadas dolosamente
As regras constantes do artigo 207º, nºs 2 a 4, do artigo pelo segurado ou pela pessoa segura.
203 ° n nºs 1 a 3, do artigo 204 °, do artigo 205 ° e do artigo
206 ° são aplicáveis, com as necessárias adaptações, aos 3. O contrato pode ainda prever um período de carên-
seguros de acidentes pessoais. cia não superior a um ano para a cobertura de doenças
preexistentes.
Artigo 223º
Regra especial Artigo 229º

1. Se o contrato fizer menção a um terceiro, em caso de Cessação do contrato


dúvida, o terceiro é o beneficiário do seguro.
1. Em caso de não renovação do contrato ou da cober-
2. Se o tomador for designado como beneficiário e não tura, o segurador não pode, no ano subsequente e até que
sendo aquele a pessoa segura, para a celebração do con- se mostre esgotado o capital seguro no último período de
trato é necessário o consentimento desta. vigência do contrato, recusar as prestações resultantes de
Secção II doença manifestada ou outro facto ocorrido na vigência
do contrato, desde que coberto pelo seguro.
Seguro de saúde
Artigo 224º
2. Para efeito do disposto no número anterior, o se-
gurador deve ser informado da doença nos trinta dias
Noção imediatos ao termo do contrato, salvo justo impedimento.
Por seguro de saúde, o segurador cobre riscos relacio-
Artigo 230º
nados com a saúde ou a prevenção de doença da pessoa
segura, realizando a prestação convencionada. Denúncia pelo segurador
Artigo 225º A denúncia do contrato pelo segurador não pode con-
Âmbito do risco duzir à interrupção de internamentos, de tratamentos
ou de assistência, cobertos pelo contrato e quando esteja
1. A apólice deve indicar, em caracteres destacados, o
em causa a vida da pessoa segura e que correm por conta
tipo de doenças que, em função da sua natureza ou da
do segurador.
sua causa não se encontrem cobertas pelo seguro.
2. As exclusões devem ser explicadas à pessoa segura CAPÍTULO IV
e, com autorização expressa desta, ao tomador. Operações de capitalização
3. Consideram-se cobertos todos os riscos que em termos
Artigo 231º
normais seriam abrangidos, por o segurador mantê-los
habitualmente no âmbito das suas coberturas, e que não Produtos de capitalização
tenham sido excluídos, nos termos do número anterior.
São operações de capitalização, para efeito deste
Artigo 226º diploma, os contratos mediante os quais, em troca do
Cláusulas contratuais pagamento de uma prestação única ou de prestações
Do contrato de seguro de saúde anual renovável deve periódicas, o segurador se compromete a pagar ao subscri-
ainda constar de forma bem visível que: tor ou ao legítimo portador do título que consubstancia
aquele contrato um capital previamente fixado, decorrido
a) O segurador apenas cobre o pagamento das prestações determinado número de anos em função de um valor de
convencionadas ou das despesas efectuadas em referência constituído por uma unidade de conta ou pela
cada ano de vigência do contrato; e combinação de várias unidades de conta.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1284 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 232 º 3. Tratando-se de títulos ao portador, as condições
Extensão gerais e ou especiais do contrato devem prever a obriga-
toriedade de o seu legítimo detentor, em caso de extravio,
O regime comum do contrato de seguro e o regime es- avisar imediatamente o segurador.
pecial do seguro de vida são aplicáveis subsidiariamente
às operações de capitalização, desde que compatíveis com 4. Nas condições particulares, os títulos devem referir:
a respectiva natureza. a) O número respectivo;
Artigo 233 º b) O capital contratado;
Condições gerais e especiais dos contratos de capitalização c) As datas de início e de termo do contrato
1. Das condições gerais e ou especiais dos contratos (liquidação do título);
de capitalização devem constar os seguintes elementos: d) O montante das prestações e as datas da sua
a) A identificação das partes; exigibilidade, quando periódicas;
b) O capital garantido e os respectivos valores de e) A taxa técnica de juro garantida; e
resgate calculados nas datas aniversárias do f) A participação nos resultados, se for caso disso.
contrato;
5. No caso de títulos nominativos, o subscritor ou
c) As prestações, únicas ou periódicas, a satisfazer detentor deve igualmente ser identificado nas condições
pelo subscritor ou portador do título; particulares.
d) Os encargos, sua forma de incidência e o 6. As condições gerais e especiais dos contratos de
momento em que são cobrados; capitalização são devidamente especificadas no título
e) A indicação de que o contrato dá ou não lugar de capitalização emitido no momento da celebração de
a participação nos resultados e, no primeiro cada contrato.
caso, de qual a forma de cálculo e de Artigo 234º
distribuição desses resultados; e
Âmbito das condições contratuais
f) A indicação de que o subscritor ou portador do
título pode requerer, a qualquer momento, as 1. Nos contratos de capitalização o segurador pode
seguintes informações: prever o pagamento do capital sob a forma de renda no
termo do contrato, por opção do subscritor ou legítimo
i. Em contratos de prestação única com detentor do título.
participação nos resultados, o valor da
participação nos resultados distribuída até ao 2. Das condições dos contratos de capitalização devem
momento indicado no pedido de informação; e constar as condições de redução e adiantamento.
ii. Em contratos de prestações periódicas, a 3. Os títulos de capitalização ao portador só podem ser
situação relativa ao pagamento das prestações comercializados a prestação única.
e, caso se tenha verificado falta de pagamento, 4. Tratando-se de títulos nominativos, as condições do
o valor de resgate contratualmente garantido, contrato devem mencionar que os herdeiros se substituem
se a ele houver lugar, bem como a participação de pleno direito do detentor, em caso de morte deste.
nos resultados distribuídos, se for caso disso.
5. Nas operações de capitalização, em caso de redução ou
g) O início e duração do contrato; resgate parcial, deve proceder-se à substituição do título.
h) As condições de resgate; Artigo 235º
i) A forma de transmissão do título; Dos valores de resgate e de redução
j) A indicação do regime aplicável em caso de 1. O segurador não pode recusar o direito ao resgate ou
destruição, perda ou extravio do título; à redução logo que tenha sido paga a prestação única ou
k) As condições de exercício do direito de renúncia; o mais tardar quando tenham sido pagas as prestações
l) As condições de cessação do contrato por iniciativa periódicas referentes a dois (2) anos.
de uma das partes; e 2. Em caso de adiantamento, contratualmente previsto,
m) A lei aplicável ao contrato, bem como as os títulos devem ficar retidos no segurador, caucionando
eventuais condições de arbitragem e tribunal o adiantamento concedido, não podendo a taxa de juro
competente. concedida ser inferior à taxa técnica.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, os Artigo 236º
contratos de capitalização expressos em unidades de Manutenção do contrato
conta devem ainda estabelecer:
A posição do subscritor no contrato transmite-se em
a) A constituição do valor de referência; caso de morte para os sucessores, mantendo-se o contrato
b) Os direitos do subscritor aquando da eliminação até ao prazo do vencimento.
de uma unidade de conta, antes do termo do Artigo 237º
contrato;
Participação nos resultados
c) A forma de informação sobre a evolução do valor
de referência, bem como a sua regularidade; e Nas operações de capitalização, não obstante o segu-
rador possa distribuir periodicamente, pelos diversos
d) As condições de liquidação do valor de resgate e contratos, a participação nos resultados a que houver
das importâncias seguras, quer seja efectuada lugar, o respectivo valor acumulado apenas pode ser
em numerário quer nos títulos que resultam pago na data de liquidação do título, quer no termo do
do funcionamento do contrato. contrato, quer em caso de resgate.

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1285

TÍTULO IV Nessa base, e face à política nacional para o desen-


volvimento da Sociedade de Informação e do processo
DISPOSIÇÕES FINAIS de digitalização nos operadores de radiodifusão que se
Artigo 238º encontra em curso, o Governo entende que a transição
do sistema de televisão analógico para o digital vai criar
Aplicação no tempo grandes oportunidades para ofertas de aplicações das
tecnologias de informação e comunicação – TIC, serviço
1. O regime estabelecido neste diploma aplica-se ao de multimédia e dados interactivos, incluindo melhor
conteúdo de contratos de seguro celebrados anterior- qualidade de vídeo e áudio, serviços convergentes e,
mente, que subsistam à data da sua entrada em vigor, consequentemente, a protecção do meio ambiente.
nos termos gerais.
Paralelamente, um dos aspectos fundamentais no
2. Este regime não se aplica aos contratos de seguro contexto de transição do sistema de radiodifusão tele-
de renovação periódica, com prazo de duração igual ou visiva analógica para a radiodifusão televisiva digital
inferior a um (1) ano, no decurso da anuidade em que a terrestre, prende-se com o potencial do espectro que irá
lei entrou em vigor. ficar disponível com o abandono da radiodifusão televi-
3. Nos seguros de vida o disposto no número anterior siva analógica – o chamado “Dividendo Digital”.
atende às datas aniversárias do contrato. Neste sentido, é essencial uma abordagem coordenada
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves. entre todos os intervenientes do sistema nacional de ra-
diodifusão, no que respeita a atribuição de frequências
–––––– libertadas para que se possa tirar proveito das inúmeras
vantagens económicas do referido “ Dividendo Digital”,
Resolução nº 50/2010 contribuindo deste modo para uma utilização mais efici-
de 6 de Setembro
ente do espectro radioeléctrico.
Todo este processo de transição do sistema de radiodi-
A introdução da Televisão Digital Terrestre (TDT)
fusão televisiva analógica para a radiodifusão televisiva
enquanto processo tecnológico de transformação de um
digital terrestre pelo seu impacto, particularmente a
modelo de transmissão baseado no sistema analógico,
nível económico-social e face ao período de materialização
para um outro com suporte em sinais, constitui um dos
almejado, requer a plena articulação em torno de um
objectivos políticos enunciados no Programa do Governo
propósito comum de diferentes entidades, quer ao nível
para a VII Legislatura. De forma a cumprir tais objec-
dos intervenientes mais directos, quer de um conjunto
tivos, o país tem necessidade de desenvolver políticas e
mais alargado de partes interessadas.
estratégias nacionais necessárias ao encerramento do
serviço da televisão analógica no prazo estipulado. Assim;
A União Internacional das Telecomunicações (UIT), No uso da faculdade conferida pelo nº 2 do artigo 265º
tendo em consideração as vantagens da transição da da Constituição, o Governo aprova a seguinte Resolução:
radiodifusão televisiva analógica determinou a cessação
da radiodifusão televisiva analógica, que seja efectuado Artigo 1º
até 17 de Junho de 2015 com excepção de alguns países Objecto
em desenvolvimento em que o período de transição final
será a 17 de Junho de 2020. Todavia, Cabo Verde, me- É criada uma Comissão para a elaboração da Estraté-
diante assinatura do Plano de Genebra 2006, assumiu gia Nacional visando a transição do sistema de radiodi-
o compromisso de proceder o “switch-off” das emissões fusão televisiva analógica para a radiodifusão Televisiva
televisivas analógicas terrestres até 17 de Junho de 2015. Digital Terrestre (TDT).
Para encetar este processo de migração, a UIT de- Artigo 2º
senvolveu um conjunto de directrizes que devem ser Pressupostos da Transição do sistema de Radiodifusão
adoptados de forma a contribuir para a cessação de- Televisa Analógica para a Radiodifusão Televisiva Digital
finitiva do sistema analógico, nomeadamente, políticas e Terrestre
escolhas de tecnologias de rede, relevância e impacto das
escolhas na sociedade, análise de custo / benefício. Tais A Transição do sistema de Radiodifusão Televisa
directrizes, têm o objectivo de fazer face a um conjunto Analógica para a Radiodifusão Televisiva Digital Ter-
de transformações que irão ocorrer em função da cessão restre pressupõe:
do sistema analógico e introdução da televisão digital
terrestre, designadamente, fortes impactos na função e a) Enquadrar Cabo Verde na política adoptada pela
forma como a informação é acedida, na re -estruturação União Internacional das Telecomunicações
das empresas de comunicação social, oferta e diversidade (UIT) e pela Comunidade Económica dos
de conteúdos suportada, forma como a sociedade interage Estados da África Ocidental (CDEAO), com
entre si e com as estruturas representativas. vista a cessação da radiodifusão da televisão
analógica.
A análise e o impacto que a transição em questão de-
b) Proporcionar aos cabo-verdianos, novos serviços
verá provocar na sociedade e na organização sectorial de
ou serviços melhorados de radiodifusão
um determinado país, devem ser devidamente maturados
televisiva, com melhor qualidade de imagem
e acautelados, sob pena de serem desajustadas à nossa
e áudio.
realidade, funcionado como um elemento mais desnorte-
ante do que uma alavanca para a sociedade de informação c) Garantir uma utilização mais eficaz de um
e conhecimento, à qual a introdução da televisão digital recurso público escasso, como é o espectro
deve servir de incentivo. radioeléctrico.

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1286 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010
Artigo 3º Artigo 5º

Finalidades Nomeação
A Comissão para a elaboração da Estratégia Nacional Os membros da Comissão referida no artigo anterior
visando a transição do sistema analógico de radiodifusão são nomeados pela entidade a que pertencem, no prazo
televisiva para a radiodifusão televisiva digital terrestre de 15 (quinze) dias, contados da data de publicação da
deve assegurar as seguintes finalidades: presente Resolução.
a) Elaboração de um estudo detalhado de transição Artigo 6º
analógico-digital, onde devem constar as
diversas acções a serem desenvolvidas em Prazo
diferentes fases de transição, assim como o O prazo para apresentação da proposta de transição do
calendário de execução de cada fase; sistema de Televisão analógica para Digital ao Governo
b) Definição da melhor política regulamentar, é de 90 (noventa) dias contados da data da publicação
técnica e económica a adoptar, de forma a da presente Resolução, que pode ser prorrogado por mais
garantir uma eficaz transição analógico- 60 (sessenta) dias.
digital, com o menor impacto possível nos Artigo 7º
operadores e nos consumidores em particular;
Encargos
c) Proposição da criação de uma empresa de
transporte e radiodifusão de sinais televisivos; Os encargos orçamentais, do funcionamento, decor-
d) Promoção das condições necessárias para que rentes da presente Resolução, são suportados por verbas
seja assegurado o processo de transição para do orçamento da ANAC, à qual compete, ainda, o apoio
o digital e, consequentemente, a cessação das administrativo e logístico ao grupo de trabalho.
emissões televisivas analógicas terrestres, Artigo 8º
até 17 de Junho de 2015;
Entrada em Vigor
e) Projecção de uma Estratégia Nacional com vista
a massificação da televisão digital em Cabo A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte
Verde; ao da sua publicação.
f) Apresentação de eventuais recomendações aos Vista e aprovada em Conselho de Ministros.
intervenientes no processo de transição
José Maria Pereira Neves
analógico-digital;
g) Apresentação de uma proposta da Comissão que Publique-se
vai proceder a implementação da TDT. O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
Artigo 4º ––––––o§o–––––––
Composição da Comissão MINISTÉRIO DA SAÚDE
A comissão de transição do sistema analógico de ra- ––––––
diodifusão televisiva para digital terrestre é constituída
por representantes das seguintes entidades: Gabinete do Ministro
a) Um representante do Ministério das Infra- Portaria nº 33/2010
estruturas, Transportes e Telecomunicações;
de 6 de Setembro
b) Um representante do Ministério responsável
pela área da Comunicação Social; A análise sistemática e organizada dos casos de morte
materna ou neo-natal e dos casos de sobreviventes de
c) Um representante do Ministério do Turismo, complicações obstétricas podem levar às causas médicas
Indústria e Energia; e obstétricas, assim como também às deficiências dos
d) Um representante da Direcção-Geral da serviços de saúde que as produziu.
Comunicação Social; Existem vários métodos para a realização dessas au-
e) Um representante da Direcção-Geral de ditorias, que tem como único objectivo tirar lições para
Indústria e Comércio; salvar vidas e não procurar culpados.
f) Um representante da Rádio Televisão Cabo- Esses métodos permitem ir para além dum simples
verdiana; recenseamento das mortes, fornecem ensinamentos
g) Um representante de cada operador de práticos que mostram as causas profundas e evitáveis.
radiodifusão televisiva privada; Podem implicar todas as partes envolvidas incluindo os
próximos dos defuntos ou sobreviventes dessas tragédias.
h) Um representante da concessionária do serviço
público de telecomunicações; É nesse contexto que se compreende a necessidade
imperiosa da implementação da vigilância dos óbitos
i) Representantes de outras entidades, cujo maternos e neo-natais e dos casos de sobreviventes.
contributo se revelar necessário em função
das matérias em análise, mediante convite Assim,
da Agência Nacional de Comunicações e No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo
aprovação da comissão de transição; 204º e do número 3 do artigo 259º da Constituição, man-
j) Um representante da Agência Nacional de da o Governo da República de Cabo Verde, através do
Comunicações (ANAC), que coordena. Ministro de Estado e da Saúde, o seguinte:

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I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010 1287
Artigo 1º Artigo 6º

Criação e instalação Actas

1. O presente diploma, visa criar a Equipa Nacional 1. A Equipa lavrará actas das suas reuniões, apresen-
de Auditoria, para Revisão Clínica de Mortes Maternas tadas e aprovadas no fim destas e assinadas pelo Coor-
e Neo-natais e de Sobreviventes, abreviadamente desig- denador e pela pessoa que as tiver elaborado.
nado por ENAMM. 2. O Coordenador remeterá cópias das actas das
2. A ENAMM funciona junto da Direcção Geral da reuniões da Equipa ao Director-Geral de Saúde, para
Saúde, que articula, no âmbito das suas atribuições com conhecimento.
os demais serviços deste ministério. Artigo 7º
Artigo 2º Entrada em vigor
Missão A presente Portaria entra em vigor no dia seguinte ao
1. A ENAMM tem por missão proceder a auditoria clí- da sua publicação.
nica das sobreviventes e das mortes materna e neo-natal. Gabinete do Ministro de Estado e da Saúde, aos 3 de
Março de 2010. – O Ministro, Basílio Mosso Ramos.
2. Sem prejuízo de outras medidas consideradas igual-
mente indispensáveis, compete à Equipa Nacional de ––––––o§o–––––––
Auditoria, nomeadamente:
a) Estabelecer as linhas gerais do processo da MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS
auditoria clínica das sobreviventes e das ESTRANGEIROS
mortes materna e neo-natal; E MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
b) Criar grupos de trabalho para finalização ––––––
dos instrumentos: temas, critérios de boas
práticas, parâmetros conforme cada contexto; Gabinete dos Ministros
c) Elaborar protocolos segundo os temas Despacho conjunto
seleccionados;
de 6 de Setembro
d) Levar a cabo teste piloto dos instrumentos.
A Tabela de Emolumentos Consulares, aprovada pelo
Artigo 3º Decreto-Lei n° 27/2007, de 6 de Agosto, permitiu a uni-
formização dos critérios de cobrança dos actos consula-
Composição
res, nomeadamente, pela fixação de câmbios consulares
1. A ENAMM integra os seguintes elementos: (Portaria n° 28/2007, de 20 de Setembro), bem como a
actualização dos custos, muitos dos quais considerados
a) Director do Programa Nacional de Saúde irrisórios, face ao nível de vida em vários países. Tam-
Reprodutiva (PNSR); bém, não menos certo que, para as comunidades de fracos
b) Um Gineco/Obstetra; recursos e com uma percentagem elevada de cidadãos
caboverdianos carenciados ou vulneráveis, tal actuali-
c) Um Pediatra; zação representa, na sua generalidade, custos bastante
d) Um Médico de Clínica Geral ou de Medicina excessivos, tendo em atenção o seu fraco poder aquisitivo.
Interna; Todavia, já a anterior tabela previra a redução global
e) Um Enfermeiro obstetra. dos emolumentos a favor das comunidades desfavore-
cidas, tendo sido concedida, nessa circunstância, uma
2. Sempre que necessário, poderão ser convidados redução de 50% beneficiando aquelas estabelecidas em
outros técnicos para integrarem a Equipa. Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
3. O Director do PNSR desempenha as funções de Considerando, portanto, que o nível de vida das co-
coordenador da Equipa, cabendo-lhe, nessa qualidade, munidades cabo-verdianas estabelecidas na diáspora é,
convocar e presidir às suas reuniões e zelar pelo cumpri- de um modo geral, relativamente baixo, albergando, em
mento das suas deliberações e recomendações. determinados países, pessoas com muito fracos recursos
4. Os membros da Equipa serão designados, pela Di- e/ou carenciados;
rector Geral da Saúde, no prazo máximo de quinze dias Tendo em conta os dispositivos legais acima mencionados,
a contar da publicação da presente portaria. nomeadamente, o artigo 16° da supracitada Tabela de
Artigo 4º
Emolumentos Consulares:

Regimento interno
Decidimos autorizar as Missões Diplomáticas e Postos
Consulares no exterior aplicar a referida Tabela com a
A comissão adoptará o seu próprio regimento interno, redução de 50% das taxas previstas sobre todos os actos
sujeito a homologação do Ministro de Estado e da Saúde. praticados a favor de cidadãos cabo-verdianos residentes
nas comunidades emigradas enquanto vigorar o período
Artigo 5º
de recenseamento eleitoral no estrangeiro.
Apoio logístico
Cumpra-se.
O apoio logístico necessário ao funcionamento da
Equipa será dispensado pela Direcção Geral de Saúde, Gabinetes dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e
que assegurará o secretariado e todo o expediente a ela das Finanças, na Praia, aos 5 de Agosto de 2010. – Os
relacionada. Ministros, José Brito e Cristina Duarte.

U4Y8T2D6-39001U60-3I2A4H4Y-243SVHGP-8P4K0Z8O-6F6E4M9R-7R4E5G5E-29A3URHG
1288 I SÉRIE — NO 34 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE SETEMBRO DE 2010

FAÇA OS SEUS TRABALHOS GRAFICOS NA INCV


––––o§o––––
NOVOS EQUIPAMENTOS
NOVOS SERVIÇOS
DESIGNER GRÁFICO
AO SEU DISPOR

B O L E T I M OFICIAL
Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001 Av. Amílcar Cabral/Calçada Diogo Gomes,cidade da Praia, República Cabo Verde.
C.P. 113 • Tel. (238) 612145, 4150 • Fax 61 42 09
Email: incv@gov1.gov.cv
Site: www.incv.gov.cv

AVISO ASSINATURAS
Para o país: Para países estrangeiros:
Por ordem superior e para constar, comunica-se que não serão aceites
quaisquer originais destinados ao Boletim Oficial desde que não tragam Ano Semestre Ano Semestre
aposta a competente ordem de publicação, assinada e autenticada com
selo branco. I Série ...................... 8.386$00 6.205$00 I Série ...................... 11.237$00 8.721$00

Sendo possível, a Administração da Imprensa Nacional agradece o II Série...................... 5.770$00 3.627$00 II Série...................... 7.913$00 6.265$00
envio dos originais sob a forma de suporte electrónico (Disquete, CD,
III Série ................... 4.731$00 3.154$00 III Série .................... 6.309$00 4.731$00
Zip, ou email).
Os prazos de reclamação de faltas do Boletim Oficial para o Concelho Os períodos de assinaturas contam-se por anos civis e seus semestres. Os números publicados antes
da Praia, demais concelhos e estrangeiro são, respectivamente, 10, 30 e de ser tomada a assinatura, são considerados venda avulsa.
60 dias contados da sua publicação.
AVULSO por cada página ............................................................................................. 15$00
Toda a correspondência quer oficial, quer relativa a anúncios e à
assinatura do Boletim Oficial deve ser enviada à Administração da PREÇO DOS AVISOS E ANÚNCIOS
Imprensa Nacional. 1 Página .......................................................................................................................... 8.386$00
A inserção nos Boletins Oficiais depende da ordem de publicação neles
1/2 Página ....................................................................................................................... 4.193$00
aposta, competentemente assinada e autenticada com o selo branco, ou,
na falta deste, com o carimbo a óleo dos serviços donde provenham. 1/4 Página ....................................................................................................................... 1.677$00
Não serão publicados anúncios que não venham acompanhados da Quando o anúncio for exclusivamente de tabelas intercaladas no texto, será o respectivo espaço
importância precisa para garantir o seu custo. acrescentado de 50%.

PREÇO DESTE NÚMERO — 780$00


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