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Manual de Curso de Licenciatura em

Gestão Ambiental
Fundamentos de Gestão Ambientais, 1º Ano
GA101

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino a Distância
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Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual, Dr.
Joaquim Constantino, gostariam de agradecer a colaboração de todos na contribuíram na elaboração deste
manual:

Elaborado Por: Dr. Joaquim Constantino

Licenciado em Gestão Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário

Coordenação, Maquetização e Revisão Final: Msc. Queran Prabudás N. Esmael

Mestrada em Planeamento e Desenvolvimento Regional;

Pós-graduação em Ciências e Sistemas de Informação Geográfica;

Coordenadora do Curso de Gestão Ambiental no CED-UCM


Índice
Visão geral 1
Bem-vindo a Fundamentos de Estudos Ambientais..........................................................1
Objectivos do curso...........................................................................................................1
Quem deveria estudar este módulo....................................................................................2
Como está estruturado este módulo...................................................................................3
Ícones de actividade...........................................................................................................3
Acerca dos ícones...........................................................................................4
Habilidades de estudo........................................................................................................4
Precisa de apoio?...............................................................................................................4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação).................................................................................5
Avaliação...........................................................................................................................5

Unidade I 7
Introdução ao Fundamentos de Estudos Ambientais.........................................................7
Introdução................................................................................................................7
Sumário............................................................................................................................13
Exercícios........................................................................................................................14

Unidade II 15
Primeiros Problemas Ambientais e os Respectivos Estudos...........................................15
Introdução..............................................................................................................15
Sumário............................................................................................................................25
Exercícios........................................................................................................................26

Unidade III 27
Conceitos Básicos de Projectos Ambientais....................................................................27
Introdução..............................................................................................................27
Sumário............................................................................................................................40
Exercícios........................................................................................................................40

Unidade IV 41
Elaboração de Projectos Ambientais...............................................................................41
Introdução..............................................................................................................41
Sumário............................................................................................................................57
Exercícios........................................................................................................................57

Unidade V 58
Conceito Básicos Para a Avaliação de Projectos Ambientais.........................................58
Introdução..............................................................................................................58
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Sumário............................................................................................................................74
Exercícios........................................................................................................................74

Unidade VI 75
Avaliação de Impacto Ambiental....................................................................................75
Introdução..............................................................................................................75
Sumário............................................................................................................................86
Exercícios........................................................................................................................86

Unidade VII 87
Etapas da Avaliação de Impacto Ambiental – Caso de Moçambique.............................87
Introdução..............................................................................................................87
Sumário............................................................................................................................96
Exercícios........................................................................................................................97

Unidade VIII 98
Tipologia dos Problemas Ambientais..............................................................................98
Introdução........................................................................................................................98
Sumário..........................................................................................................................103
Exercícios......................................................................................................................103

Unidade IX 104
Teorias sobre meio ambiente.........................................................................................104
Introdução............................................................................................................104
Sumário..........................................................................................................................106
Exercícios......................................................................................................................107

Unidade X 108
Agentes das Mudanças Ambientais Globais..................................................................108
Introdução............................................................................................................108
Sumário..........................................................................................................................110
Exercícios......................................................................................................................111

Unidade XI 112
O Homem e o Meio Ambiente......................................................................................112
Introdução............................................................................................................112
Sumário..........................................................................................................................116
Exercícios......................................................................................................................116

Unidade XII 117


Principais Problemas Ambientais Globais....................................................................117
Introdução............................................................................................................117
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Sumário..........................................................................................................................120
Exercícios......................................................................................................................121

Unidade XIII 122


A Poluição.....................................................................................................................122
Introdução......................................................................................................................122
Sumário..........................................................................................................................124
Exercícios......................................................................................................................124

Unidade XIV 125


Destruição da Camada de Ozono...................................................................................125
Introdução............................................................................................................125
Sumário..........................................................................................................................130
Exercícios......................................................................................................................130

Unidade XV 131
Efeitos de Estufa............................................................................................................131
Introdução............................................................................................................131
Sumário..........................................................................................................................135
Exercícios......................................................................................................................135

Unidade XVI 136


O Crescimento Demográfico Rápido e Recursos Naturais............................................136
Introdução............................................................................................................136
Sumário..........................................................................................................................139
Exercícios......................................................................................................................139

Unidade XVII 140


Impacto Ambiental Decorrente do Crescimento Demográfico Rápido.........................140
Introdução............................................................................................................140
Sumário..........................................................................................................................146
Exercícios......................................................................................................................146

Unidade XVIII 147


Chuvas Ácidas...............................................................................................................147
Introdução............................................................................................................147
Sumário..........................................................................................................................149
Exercícios......................................................................................................................149

Unidade XIX 150


Inversão térmica e ilhas de calor...................................................................................150
Introdução............................................................................................................150
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Sumário..........................................................................................................................153
Exercícios......................................................................................................................153

Unidade XX 154
Principais Actividades para a Degradação do Meio Ambiente.....................................154
Introdução............................................................................................................154
Sumário..........................................................................................................................156
Exercícios......................................................................................................................156

Unidade XXI 157


A Interacção entre o Meio Ambiente e o Complexo Territorial Sócio-Económico......157
Introdução............................................................................................................157
Sumário..........................................................................................................................159
Exercícios......................................................................................................................159

Unidade XXII 160


Meio Ambiente, Recursos Naturais e Actividades Modificadoras................................160
Introdução............................................................................................................160
Sumário..........................................................................................................................163
Exercícios......................................................................................................................163

Unidade XXIII 164


O Ambiente e as Mudanças Globais: Acções de Mitigação..........................................164
Introdução............................................................................................................164
Sumário..........................................................................................................................167
Exercícios......................................................................................................................167

Unidade XXIV 168


Impacto das Mudanças Ambientais Globais nas Comunidades Moçambicanas...........168
Introdução............................................................................................................168
Sumário..........................................................................................................................174
Exercícios......................................................................................................................175
Visão geral
Bem-vindo a Fundamentos de
Estudos Ambientais
No contexto do relacionamento entre o Homem, natureza e
seus recursos interessam especialmente os problemas como
a destruição da camada de ozono, perda da biodiversidade,
efeitos da biotecnologia, desflorestando, desertificação,
poluição, desastres ecológicos, a relação entre meio
ambiente e saúde, entre outros aspectos. Neste contexto, a
cadeira de Fundamentos de Estudos Ambientais, no
presente Módulo I, pretende contribuir para a promoção do
conhecimento sobre o meio ambiente no sentido de ser
sadio e economicamente seguro, proporcionando aos
estudantes uma visão integrada ao nível local, nacional,
regional e global dos fundamentais problemas ambientais e
das estratégias para sua mitigação ou solução.

Objectivos do curso
Quando terminar de estudar os Fundamentos de Estudos
Ambientais, referente ao Módulo I, será capaz de:

 Compreender os conceitos fundamentais do meio ambiente.

 Conhecer os problemas ou impactos ambientais.

 Analisar a influência do Homem na degradação dos recursos


Objectivos naturais.

 Contribuir para a formação de uma consciência de amor à


natureza aprofundando os conhecimentos sobre a problemática
da transformação e protecção da natureza em função do
desenvolvimento.
 Aprofundar os conhecimentos sobre a problemática da
protecção e transformação da natureza, destacando os problemas
relacionados com o ambiente e o desenvolvimento sustentável.

 Fortalecer a formação da concepção científica do Mundo.

 Contribuir para o desenvolvimento de habilidades para a


pesquisa bibliográfica, a expressão oral e escrita e da
investigação científica do Ambiente.

 Identificar os principais problemas ambientais globais e


compreender as suas causas e consequências.

 Avaliar as consequências directamente relacionadas com cada


um dos problemas ambientais globais da actualidade.

 Analisar as possíveis soluções para a resolução, ou mitigação,


dos problemas que as comunidades enfrentam.

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para os estudantes que estão a frequentar o
curso de Licenciatura em Gestão Ambiental, no Centro de Ensino a
Distância na UCM. Estende - se a todos que queiram saber mais e
consolidar os seus conhecimentos sobre os Fundamentos dos Estudos
Ambientais.

Como está estruturado este módulo


Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas Introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
Conteúdo do curso / módulo
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresenta-se algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo
e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem - se mutuamente,
reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma
independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor.\ Docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiaríamos deve ser evitado e é desencorajado pelo CED, a
transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é
considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos
direitos autorias devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como


ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
Consulte - os.
Unidade I
Introdução ao Fundamentos de
Estudos Ambientais
Introdução
Os problemas ambientais, além de outros factores, como a
revolução da informação e a globalização económica, contribuíram
consideravelmente para a alteração das prioridades nas relações
internacionais.

Vale dizer, a preocupação com a degradação ambiental não é


recente. Muitos factores em contextos históricos diversos
contribuíram para a caracterização da problemática ambiental como
um aspecto global. A constatação da finitude dos recursos do
planeta foi para alguns a imagem que mudou consideravelmente a
maneira pela qual a humanidade começava a perceber e reconhecer
os limites do planeta em que habitava.

Actualmente, são reportados muitos cenários de degradação sócio-


ambiental acentuada poluição de todo o meio físico, extinção de
espécies, contaminação radioactiva, alimentos com agro-tóxicos,
escassez de recursos naturais, aquecimento global, desigualdades
sociais, miséria nas cidades, guerras étnicas, etc. Grande parte
desses problemas se deve ao sector produtivo e à sua dinâmica na
sociedade de um modelo de desenvolvimento não sustentável.

Analisando o que acima foi referenciado, e concentrando na sua


área de origem, tenha em atenção algum aspecto que esteja a
decorrer no seu local de residência ou mesmo na cidade de uma
forma geral que na sua óptica constitui um prejuízo para o meio
ambiente, comece a enumerá-los dos que menos afectam aos que
mais afectam a vida normal dos cidadãos do seu local de
residência:

A que conclusão chegou?


Quais são os principais actos que constituem maiores prejuízos
para a vida da sua zona de residência?

Vamos agora em conjunto tentar dar uma definição ao ambiente


tentando recorrer a diferentes definições.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Familiarizar o Estudante com os conhecimentos básicos do


ambiente;
 Identificar os aspectos comuns e divergentes nas diversas
Objectivos
definições sobre ambiente;

 Compor uma definição de ambiente, tendo em conta as


palavras-chave;

 Identificar os elementos constituintes do meio ambiente.

1.1 Conceitos do Ambiente ou Meio Ambiente

A expressão meio ambiente (milieu ambiance) foi utilizada pela


primeira vez pelo naturalista francês Geoffrey de Saint-Hilaire em
sua obra Études progressives d´un naturaliste, de 1835, onde
milieu significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo, e
ambiance designa o que rodeia esse ser.

Na Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-


921, o factor humano passou a integrá-lo, incluindo os problemas
do homem como relacionados diretamente à problemática
ambiental como a pobreza, o urbanismo etc. Assim, o conceito
apenas clássico perdeu sentido ante as novas proposições da
referida conferência.

1
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), mais conhecida pelos nomes ECO-92, Rio 92, Cúpula ou Cimeira
da terra, foi realizada em Brasil, entres os dias 3 ao 14 de junho de 1992 na
cidade do Rio de Janeiro, seu objectivo principal era buscar meios de conciliar o
desenvolvimento sócio-económico com a conservação e protecção dos
ecossistemas da terra.
FREITAS (2001, p. 17) revela que há grandes discussões em torno
da redundância do termo meio ambiente, por conter duas palavras
com significados similares, como observa

A expressão meio ambiente, é criticada pelos estudiosos, porque meio e


ambiente, no sentido enfocado, significam a mesma coisa. Logo, tal
emprego importaria em redundância. Um exemplo, na Itália e em
Portugal usa-se, apenas, a palavra ambiente.

Gastão Octávio da Luz (2007, on line), doutor em meio ambiente e


desenvolvimento, analisando dicionários e enciclopédias de várias
épocas, constata que o material fornecido pelos autores tende a
promover a sinonímia entre meio e ambiente. Dessa forma,
enquanto conceitos, os verbetes perdem seu valor objectivo e,
quanto à representação conceitual, poderiam ser ditos como sendo
confusos e obscuros.

Conforme Luiz Carlos Aceti Júnior (2007, on line), o Novo


Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio define meio como lugar
onde se vive, com suas características e condicionamentos
geofísicos; ambiente; esfera social ou profissional onde se vive ou
trabalha, e ambiente como o conjunto de condições naturais e de
influências que actuam sobre os organismos vivos e os seres
humanos.

No âmbito jurídico, é difícil definir meio ambiente, pois como bem


lembra Edis Milaré (2003, p. 165), “o meio ambiente pertence a
uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído
que definível, em virtude da riqueza e complexidade do que
encerra”.

Em Moçambique, o conceito legal de ambiente encontra-se


subjacente no nº 2, do art. 1, da Lei nº 20/97, 1 de Outubro – Lei do
Ambiente, que define:

Ambiente - é o meio em que o Homem e outros seres vivem e


interagem entre si e com o próprio meio, e inclui: o ar, a luz, a
terra, a água, os ecossistemas, a biodiversidade, as relações
ecológicas, toda matéria orgânica e inorgânica e todas as condições
socioculturais e económicas que afectam a vida das comunidades.

Conforme a lição de José Afonso da Silva (2004, p. 20), o conceito


de meio ambiente deve ser globalizante, “abrangente de toda a
natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as
belezas naturais, o património histórico, artístico, turístico,
paisagístico e arquitectónico”.
Dessa forma, o conceito de meio ambiente compreende três
aspectos, quais sejam: Meio ambiente natural, ou físico,
constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela
interacção dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação
recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente
físico que ocupam; Meio ambiente artificial, constituído pelo
espaço urbano construído; Meio ambiente cultural, integrado pelo
património histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico,
que, embora artificial, difere do anterior pelo sentido de valor
especial que adquiriu ou de que se impregnou (SILVA, 2004, p.21).
Temos ainda o Meio ambiente do trabalho, que é
definido como um o conjunto de factores físicos,
climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não,
estão presentes e envolvem o local de trabalho da
pessoa” (SANTOS, on line).

1.2 Noção do Meio Ambiente


Tiveste já no subcapítulo anterior a ocasião de reflectir sobre a
origem da palavra Meio Ambiente, das controversas da mesma, os
principais conceitos que se relacionam com o ambiente, nas suas
diferentes componentes e variáveis. Agora vamos tentar entender
algumas interpretações que se fazem desta matéria o que levará a
uma maior compreensão desta dinâmica.

1.2.1 Elementos do Meio Ambiente


Os elementos do meio ambiente estão integrados nos quatro
subsistemas de base do ambiente, que são: a litosfera, hidrosfera, a
atmosfera e a biosfera. Assim, o ambiente é constituído por
elementos bióticos (os componentes vivos da terra, que são um
conjunto de todas as espécies de animais e plantas que habitam
num determinado espaço geográfico), elementos abióticos (os
componentes não vivos, que incluem a terra, ar, água e minérios,
tais como ouro, ferro, cobre, prata, etc.). Os elementos do meio
ambiente estabelecem entre si uma relação e ainda com os
elementos socioculturais e económicas (Observa o esquema abaixo).

Fonte: Elaborado por Constantino, 2012.

1.2.1.1 Principais Elementos do Meio Ambiente

A Água: é o elemento mais importante do meio ambiente, ocupa


cerca de 97% da superfície da Terra e sem ela não haveria
sobrevivência sobre todas as formas de vida conhecidas. Ela se
encontra em diversas formas de existência de substâncias: gasosa
na atmosfera; líquida nos oceanos, rios, lagos e ou no subterrâneo;
sólida nos glaciares em forma de gelo.
O Solo: constitui um conjunto complexo de elementos físicos,
químicos e biológicos que compõe o substrato natural no qual se
desenvolve a vida na superfície dos continentes. O solo é um
habitat de uma biota específica de microrganismos e pequenos
animais e pequenos animais que constituem o edafón. É produto do
clima, da rocha-mãe (através do lodo arrastado pelas geleiras e das
rochas sedimentares), e da vegetação.

O Ar: definido como a mistura de gases que constituem a


atmosfera terrestre que envolve a Terra na qual permanece pela
acção da força de gravidade. É essencial para a vida no planeta, tem
uma composição particularmente delicada que compreende as
seguintes substâncias numa proporção variada: Nitrogénio (78%),
Oxigénio (21%), vapor de água (variável entre 0-7%), ozono,
dióxido de carbono, hidrogénio e alguns gases considerados nobres
como o crípton, o árgon ou seja 1% de outras substâncias

A Flora: Se encarrega de purificar o ar, é composta de um número


variado de espécies vegetais: A flora segundo o clima e outros
factores ambientais determinam a vegetação.

A Fauna: é o conjunto de espécies animais que habitam numa


região geográfica, que são próprias de um período geográfico ou
que se podem encontrar num ecossistema determinado:

Uma questão fundamental que deverá ser entendida está


relacionada com a interdependência ou inter-relacionamento dos
diferentes elementos do meio ambiente que tivemos a ocasião de
apresentar.

1.3 O conceito de Estudos Ambientais e Sua Evolução

Análise objectiva dos processos de transformação (ou de


degradação) ambiental esbarra, actualmente, em uma série de
divergências conceituais, com frequência tendenciosas, a respeito,
essencialmente, do que vem a ser natureza e do comportamento
ideal do homem com relação a essa mesma entidade.
A questão essencial gira em torno do homem/natureza como
relação de integração, de simples complementaridade, de estreita
dependência ou de domínio absoluto. O homem pertence à
natureza? Pertenceu algum dia? Pertencerá no futuro? Em cada
caso, quais as condições básicas para que isso se realize? Qual o
modelo que mais se coaduna com a relação real homem/natureza: o
homem como seu participante; o homem como simples beneficiário
natural; o homem como seu dependente? Poder-se-ia propor um
modelo ideal e futuro de um entrosamento de feição tecnológica (e
não como fruto de selecção natural) entre o homem e a natureza?

Muito provavelmente, os fundadores da ciência ecológica, seu


conceito, sua abrangência e seus métodos de estudo jamais
incluíram em seus objectivos essa questão marginal da influência
que o homem, com suas técnicas, poderia exercer sobre a natureza,
alterando as relações ecológicas fundamentais. Humboldt, um dos
seus fundadores, ao se defrontar com nascentes de petróleo na
Venezuela, em 1799, pensou, apenas, no seu uso medicinal, ("licor
resinoso, aromático e medicinal..."(Humboldt,1991) não
suspeitando, nem de longe, que essa substância pudesse vir a ter, no
futuro, um emprego tão amplo a ponto de alterar significativamente
a composição química da biosfera em todo o planeta e contribuindo
para o que, já naquela época, era conhecido como efeito estufa,
graças aos interessantes estudos do suíço De Saussure com suas
caixas de vidro. O impacto do homem sobre o meio ambiente era
caracterizado pela extracção de minérios em algumas regiões
pontuais do mundo, pelo excesso de fumaças incómodas derivadas
das lareiras domésticas em algumas grandes cidades e pelo
eventual mau odor produzido por algum curtume ou matadouro.
Nada que pudesse comprometer, de forma irreversível ou muito
ampla, qualquer dos ecossistemas do Planeta. Incómodos eventuais,
sim; danos irreparáveis não!
Sumário
Não existe um conceito único que se pode dar do meio ambiente,
mas os diversos autores consideram algo de comum, a necessidade
de criar melhores condições para a vida do Homem na sua relação
com a natureza. Nesta unidade debruçou-se sobre conceitos do
ambiente ou meio ambiente, noção do meio ambiente, elementos
do meio ambiente, principais elementos do meio ambiente, o
conceito de estudos ambientais e sua evolução.

Exercícios
1. Tenta encontrar ou perceber quando foi expressa pela
primeira vez o conceito do meio ambiente e em que
consistia?

2. Das definições acima apresentadas, identifica os aspectos


chaves, comuns e divergentes dos autores.

3. Qual das definições apresentadas lhe parece mais ideal ou


completa? Justifica a sua posição.

4. Em que lei e artigo, podemos encontrar subjacente a


definição do ambiente, em nosso território jurídico
(Moçambique)?

5. Estabeleça relação entre elementos bióticos, abióticos e


sócio culturais.
Unidade II
Primeiros Problemas Ambientais e
os Respectivos Estudos
Introdução
Tem-se presenciado, ao longo do tempo, inúmeras situações e
factos reveladores da vulnerabilidade do meio ambiente, que fazem
com que seja necessário não apenas adoptar postura crítica para sua
defesa, mas também promover a educação voltada ao respeito à
natureza, ao meio ambiente e à garantia de atendimento das
necessidades das futuras gerações. Mas uma pergunta sempre
surge: Quando começa a surgir os primeiros problemas ambientais
e os respectivos estudos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Saber quando e como aparecem os primeiros problemas


ambientais e os respectivos estudos?
Objectivos  A importância da Conferência de Estocolmo.

 Conhecer objecto de estudos ambientais e sua evolução.

 Estabelecer a relação de estudos ambientais com outras ciências.


2.1 Quando e como aparecem os primeiros problemas
ambientais e os respectivos estudos?

O primeiro passo para o despertar da consciência ecológica foi a


publicação do livro Primavera Silenciosa2, em 1962, pela escritora
Rachel Louise Carson, cientista e ecologista norte-americana. Esse
livro, no entendimento de Wellington Pacheco BARROS, serviu
para criar uma consciência sobre a necessidade de imposição de
uma legislação mais rígida e projectivas do meio ambiente,
travando uma verdadeira guerra contra o desenvolvimento
industrial causador de danos ambientais imensos.

Quem também contribuiu para a defesa do meio ambiente foi U.


Thant, Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, com
dois mandatos entre 1961 e 1971, que, pela primeira vez, declarou
a iminência de uma crise de proporções mundiais envolvendo tanto
países em desenvolvimento como os desenvolvidos. O Secretário
referia-se ao perigo em que se encontrava, e ainda se encontra, o
meio ambiente humano.
Outro facto importante apontado por Wellington Pacheco
BARROS como uma iniciativa de preservação dos recursos
naturais do planeta foi a realização de relatório pelo Clube de
Roma3, entidade formada por intelectuais e empresários. Tal
2
O livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) mostrava como o pesticida DDT
penetrava na cadeia alimentar e se acumulava nos tecidos gordurosos dos
animais e até mesmo do homem, o que poderia causar câncer e dano genético. O
livro era provocativo, pois, além de expor os riscos do DDT, questionava a
confiança desmedida da sociedade no progresso tecnológico. Quando publicado,
provocou alarme e indignação, tanto dos leitores americanos, como da indústria
de pesticidas, fazendo com que inclusive a sanidade da autora fosse questionada.
Contudo, após investigações sobre o caso, foram emitidos relatórios favoráveis à
autora e ao livro, o que levou o governo americano a supervisionar o uso do
DDT até a data em que este foi finalmente banido. Tal livro permitiu uma maior
conscientização da humanidade de que a natureza é vulnerável à toda forma de
intervenção humana. Pela primeira vez, sentiu-se a necessidade de
regulamentação da produção industrial de modo a proteger o meio ambiente.
3
O Clube de Roma foi criado na Academia de Leonardo da Vinci , em 1968, ,
formado por intelectuais e empresários, que, no entanto, não eram militantes
ecologistas. A partir dos estudos produzidos, quatro pontos foram levantados
como questões que deveriam ser solucionadas para que se alcançasse a
sustentabilidade: o controlo do crescimento populacional; o controlo do
crescimento industrial; a insuficiência da produção de alimentos; e o
esgotamento de recursos naturais. Desde então, meio ambiente e
desenvolvimento se fundem no conceito de eco-desenvolvimento, a partir do
entidade produziu estudos científicos a respeito da preservação
ambiental, resultando em três (03) relatórios:

 Os Limites do Crescimento
- Foi o primeiro relatório de Clube de Roma, baseado num
complexo modelo matemático mundial, que utilizava a nova
metodologia de dinâmica de sistemas. Esse relatório mostrava
que se continuassem, a longo prazo, as mesmas taxas de
crescimento demográfico, industrialização e utilização de
recursos naturais, inevitáveis efeitos catastróficos ocorreriam
em meados do próximo século: fome, escassez de recursos
naturais, altos níveis de poluição, com a redução da produção
industrial e de alimentos, e culminariam com uma incontrolável
mortandade da população (Vede a figura abaixo).

F
ontte: LEMOS, 2000- Os Limites do Crescimento
O modelo matemático foi usado para analisar vários cenários
possíveis para futuro da humanidade. A figura anterior mostra o
resultado do cenário1, denominado padrão do modelo mundial, que
usou os valores históricos de 1900 a 1970 e supôs que não
houvesse alterações importantes nas relações físicas, económicas
ou sociais a partir de 1970. Produção de alimentos produção

qual surgirá o conceito de desenvolvimento sustentável.


industrial cresce exponencialmente até que a rápida diminuição de
recursos naturais – e a escassez de alguns recursos estratégicos –
force a diminuição da produção industrial e a de alimentos. Algum
tempo depois ocorre uma incontrolável mortandade e redução da
população. Vários outros cenários foram analisados: modelo
mundial com reservas duplicadas - a poluição iria se tornar um
grande problema, reservas ilimitadas e controlo da poluição, o
problema seria o limite de terras cultiváveis para a produção de
alimentos; e com reservas ilimitadas, controlo da poluição e
aumento da produtividade agrícola. Em todas as alternativas, antes
do ano 2100 aconteceria a mortandade incontrolável e a redução da
população. Um único cenário, o modelo mundial estabilizado,
evitava o desastre: as alternativas adaptadas incluíam a reciclagem
dos recursos naturais, dispositivos de controlo da poluição e do
crescimento populacional, métodos de restauração dos solos
destruídos pela erosão, maior ênfase na alimentação e nos serviços
do que na produção industrial. Portanto, para evitar a catástrofe
anunciada, o Relatório Limites do Crescimento recomendava a
imediata adoção de uma política mundial de contenção do
crescimento, visando atingir um estado de equilíbrio o mais cedo
possível. Embora o relatório afirmasse que esse estado de equilíbrio
global poderia ser planeado de forma que todas as pessoas tivessem
suas necessidades básicas atendidas e oportunidades iguais de
realizar seu potencial humano, os países subdesenvolvidos
entenderam que essa política, denominado crescimento zero, se
adaptada, condenaria a maioria dos países da Terra a situações de
permanente subdesenvolvimento. [...] Como era de se esperar, essa
proposta foi imediatamente contestada e críticas surgiram quanto à
validade das conclusões apresentadas e dos resultados obtidos
através das simulações pelo modelo matemático.
Esse modelo abrigava algumas simplificações extremas,
como, por exemplo, a de se considerar o mundo como
homogêneo em relação ao consumo de energia e de matérias-
primas. Além disso, a maior parte das inter-relações usadas no
modelo era arbitrária, sem justificativa científica. Os países
subdesenvolvidos não aceitaram os resultados do modelo,
nem tampouco a proposta de crescimento zero.

 Momento de Decisão

Em 1973, um grupo de cientistas liderado por Mesarovic e Pestel


apresentou o Segundo Relatório do Clube de Roma, denominado
Momento de Decisão, no qual tentaram corrigir as distorções do
primeiro modelo. Subdividiram o planeta em 10 regiões
homogêneas, em relação ao consumo de materiais e energia, e
foram propostos vários cenários alternativos que analisavam,
inclusive, os efeitos do retardamento da tomada de decisões. Esse
modelo permitia que o usuário explorasse mais facilmente
alternativas diferentes, ainda apresentava muitos problemas. Entre
eles, o enfoque dado ao crescimento demográfico, sem base
científica, e o facto de não haver relação entre necessidade e
produção de alimentos, mesmo quando o déficit produzia efeitos
catastróficos. Assim como no modelo anterior, não havia distinção
entre as populações rural e urbana, e não foram considerados os
aspectos de saúde e de habitação. A poluição, com um papel central
no modelo anterior, aqui, praticamente, não foi considerada. O
factor mais importante nesse novo modelo foi a energia, em virtude
da crise mundial provocada pelo aumento dos preços do petróleo.
Os resultados não divergiram substancialmente dos do primeiro
relatório; além disso, indicavam também um grande declínio da
população mundial a partir do ano 2025 e mostravam claramente
que as crises mais prováveis, como a fome, tenderiam a se
manifestar primeiramente na Ásia. O relatório afirmava, em
conclusão: Os homens não podem mais esperar que as mudanças se
produzam espontaneamente e por acaso. Cabe-lhes tomar a
iniciativa das transformações necessárias, a fim de que elas
permaneçam nos limites suportáveis e que não sejam impostas
maciça e brutalmente, a partir do exterior.
Em vez do crescimento zero do modelo anterior, propunham, para
evitar a catástrofe, a elaboração de uma estratégia cooperativa
para todos os países, orientada por um plano global, que
chamou Crescimento Orgânico.

 P a r a u m a N o v a O r d e m Internacional 

Este é o terceiro relatório do Clube de Roma, participaram da


elaboração dos dois primeiros relatórios do Clube de Roma apenas
cientistas das chamadas ciências exactas: matemáticos, físicos,
químicos, biólogos e outros. Para a elaboração deste relatório, o
Clube de Roma resolveu convidar também cientistas das ciências
sociais, como economistas e sociólogos. O holandês Jan
Timbergen, Prêmio Nobel de Economia, foi chamado para
coordenar a equipe e iniciou um estudo que incluía o problema dos
desequilíbrios entre os países desenvolvidos – quase todos no
hemisfério norte – e os subdesenvolvidos – predominantemente no
hemisfério sul. Esse terceiro relatório foi apresentado ao Clube de
Roma em 1976, na Argélia, com o nome de para uma Nova Ordem
Internacional.

O relatório mostrava que a relação média de renda dos países


desenvolvidos em relação aos subdesenvolvidos, naquela época,
era de 13/1, considerada inaceitável, em virtude dos problemas que
já estava provocando, incluindo a migração clandestina para os
países industrializados e dos que poderia provocar no futuro
próximo, pois a tendência era essa relação continuar a crescer. O
estudo concluía que, antes de serem atingidos os limites físicos do
nosso planeta, pelo crescimento populacional, esgotamento dos
recursos naturais e poluição, ocorreriam grandes convulsões
sociais, económicas e políticas provocadas por esse enorme
desnível entre os países. Para que essa diferença pudesse ser
reduzida em cerca de quatro décadas para 13/4 – ou
aproximadamente 3/1 –, que representava então a diferença de
nível entre as regiões mais ricas e pobres da Europa Ocidental,
portanto, bem mais aceitável, seria necessário (...).

Vale dizer, tem-se presenciado inúmeras situações e factos


reveladores da vulnerabilidade do meio ambiente que fazem com
que seja necessário não apenas adoptar postura crítica para a sua
defesa, mas também para promover a educação voltada para o
respeito à natureza, ao meio ambiente e à garantia de atendimento
das necessidades das futuras gerações.

Nesse sentido, caminha-se em direcção a uma concepção que zele


pela protecção de valores considerados prioritários, ou seja, aqueles
que escapam ao âmbito dos interesses restritos de determinado
Estado, para servirem de parâmetro no seio de toda a comunidade
internacional.

Surge, desse modo, a preocupação com a implementação de


normas jurídicas específicas com o propósito de protecção ao meio
ambiente, fazendo-se necessário, para tanto, a cooperação
internacional entre os países.

Contudo, embora essa fase represente uma evolução na natureza


dos problemas ambientais, isto não significa que tenham
desaparecido as preocupações dominantes na primeira fase.

Foi quando a Organização das Nações Unidas resolveu que havia


chegado a hora de uma reacção. A partir daí, desenvolvimento e
meio ambiente passaram a ser discutidos no cenário mundial. Nessa
perspectiva, em Setembro de 1968 a UNESCO organizou
Conferência de peritos sobre os fundamentos científicos da
utilização e da conservação racionais dos recursos da biosfera, a
qual, por sua vez, trouxe o reconhecimento dos Estados acerca da
necessidade de uma declaração universal sobre a proteção e a
melhoria do meio ambiente humano, o que levou à Declaração de
Estocolmo, decorrente da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, capital da
Suécia, em 1972.
Teve início, portanto, a construção de mecanismos de protecção do
meio ambiente, partindo-se, inicialmente, da Conferência de
Estocolmo e, em seguida, da Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro,
em 1992, conhecida como Rio-92, “com o propósito de discutir
problemas urgentes referentes à protecção ambiental e ao
desenvolvimento sócio-económico, tendo como base as premissas
de Estocolmo”.

2.2 A Conferência de Estocolmo

A Conferência de Estocolmo foi iniciada no dia 5 de junho de 1972, dia


que desde então é comemorado como o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Estiveram representados 113 países. Aceitar a proposta do crescimento
zero significava condenar os países desenvolvimento ao
subdesenvolvimento eterno, pois estava implícito que os países não
deveriam aumentar os seus consumos per capita de energia e recursos
naturais. Críticas surgiram quanto à validade das conclusões apresentadas
e dos resultados obtidos através das simulações pelo modelo matemático.
Esse modelo abrigava algumas simplificações extremas como, por
exemplo, a de considerar o mundo como homogêneo em relação ao
consumo de energia e de matérias- primas, não fazer distinção entre
população rural e urbana, e não considerar aspectos relacionados à saúde.

Como resultados concretos da conferência, foi aprovada a Declaração de


Estocolmo, que passou a ser a Bíblia dos ambientalistas, e a proposta para
que as Nações Unidas criassem um programa específico para o meio
ambiente.

De acordo com o posicionamento de Philippe LE PRESTRE 4,


foram quatro os principais factores que motivaram, à época, a
decisão de realizar uma conferência mundial sobre a protecção do
meio ambiente:

4
LE PRESTRE, Philippe. Ecopolítica Internacional. Tradução
Jacob Gorender. 2. ed. São Paulo:SENAC, 2005. p. 174-175.
1) O aumento da cooperação científica nos anos 60, da qual
decorreram inúmeras preocupações, como as mudanças
climáticas e os problemas da quantidade e da qualidade das
águas disponíveis;

2) Os aumentos da publicidade dos problemas ambientais,


causado especialmente pela ocorrência de certas catástrofes,
eis que seus efeitos foram visíveis (o desaparecimento de
territórios selvagens, a modificação das paisagens e
acidentes como as marés negras são exemplos de eventos
que mobilizaram o público);

3) O crescimento económico acelerado, gerador de uma


profunda transformação das sociedades e de seus modos de
vida, especialmente pelo êxodo rural, e de regulamentações
criadas e introduzidas sem preocupação suficiente com suas
consequências em longo prazo;

4) Numerosos outros problemas, identificados no fim dos anos


1960 por cientistas e pelo governo sueco, considerados de
maior importância, afinal, não podiam ser resolvidos de
outra forma que não a cooperação internacional. São
exemplos destes problemas as chuvas ácidas, a poluição do
Mar Báltico, a acumulação de metais pesados e de
pesticidas que impregnavam peixes e aves.

Procurando, portanto, uma solução eficaz para tais questões, a


Conferência de Estocolmo originou uma nova dinâmica por meio
do desenvolvimento de "atitudes novas", ou seja, o reconhecimento
pelos Estados da existência daqueles problemas e da necessidade
de agir, sem contar que desempenhou um papel decisivo na
sensibilização dos países em desenvolvimento para suas
responsabilidades na questão.

Para tanto, foram votadas questões como a Declaração de


Estocolmo (Declaração das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente), acima referencia, a qual traz em seu Preâmbulo sete
pontos principais, além de vinte e seis princípios referentes a
comportamentos e responsabilidades destinados a nortear decisões
relativas à questão ambiental, com o objetivo de “garantir um
quadro de vida adequado e a perenidade dos recursos naturais”.

Além da Declaração, foi votado um Plano de Ação para o Meio


Ambiente composto por 109 recomendações, que, segundo Guido
Fernando Silva SOARES, são “centradas em três grandes tipos de
políticas: (a) as relativas à avaliação do meio ambiente mundial, o
denominado ‘Plano Vigia’ (Earthwatch); (b) as de gestão do meio
ambiente; e (c) as relacionadas às medidas de apoio (como a
informação, educação e formação de especialistas) ”

Foi posta em votação, também, a Resolução sobre aspectos


financeiros e organizacionais no âmbito da ONU, bem como a
instituição de um organismo institucional especialmente dedicado a
coordenar as atividades da ONU no âmbito do meio ambiente,
chamado Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
(PNUMA), o qual deverá agir como catalisador e zelar pela
implementação do programa de ação.
Essas iniciativas refletem a relevância da Conferência de
Estocolmo, afinal, representam ela a primeira tentativa de
aproximação entre os direitos humanos e o meio ambiente. Desde
então, o tema qualidade ambiental passou a integrar as discussões e
agendas políticas de todas as nações, de tal modo que passou a ser
considerado como um direito fundamental, essencial para a
melhoria da qualidade da vida humana.

2.3 Objecto de Estudos Ambientais e Sua Evolução

O objecto de estudo do ambiente tem como objecto de estudo a


relação do ser humano com o seu ambiente natural. A constituição
física do ser humano, bastante desvantajosa, ditou que este, por
meio da cultura adoptasse e levasse até as últimas consequências, a
estratégia de adaptar o meio ambiente ao seu corpo. Logrou assim
sobreviver até agora e em todos os ambientes terrestres do planeta,
sem adaptações corporais que levassem á formação de outras sub-
espécies ou mesmo de raças.

O meio ambiente humano combina, assim, tanto os elementos


naturais (orgânicos e inorgânicos) quanto os culturais que dão
suporte à vida humana nos diversos ambientes em que ela se
desenvolve e pode ser observado em diferentes escalas espaciais.

2.4 Relação de Estudos Ambientais com Outras Ciências

O caráter multidisciplinar das ciências do ambiente concorre para


que estas tenham relação estreita com um grupo de ciências com as
quais interagem para poder esclarecer os diferentes acontecimentos
com elas relacionadas. Neste contesto podíamos citar o caso de
ciências como as Matemáticas, Geografia, Química, física e
Biologia, cuja atuação se relaciona com as ciências do ambiente; do
mesmo modo temos outras com uma profunda relação que direta ou
indiretamente se relacionam ou fazem parte do meio ambiente
como: Meteorologia, Climatologia, Hidrologia, Pedologia, Biologia
e Biogeografia entre outras.

 Tente fazer uma reflexão de como cada uma das ciências


mencionadas acima se relaciona com as ciências do
Ambiente?

Sumário
Desde os primeiros tempos da existência do Homem e por causa
das suas necessidades foi procurando soluções para a sua vida. É na
busca destas soluções para a sua alimentação ou satisfação das
necessidades básicas que o Homem começou a dar uma
intervenção que pouco a pouco foi sendo nociva ao meio ambiente
pois alterava ou continua a alterar a qualidade deste pondo em
perigo a sua própria existência no planeta Terra como único planeta
com vida e características que temos hoje.

Com o despertar da crise ambiental que já era evidente


na década de 1960, só veio a agravar-se ao longo
das décadas, em função de uma série de desastres e
desequilíbrios ambientais, passando a constituir
factor de maior preocupação dos Estados e da
comunidade científica, levando-a a repensar novas
estratégias para o trato desta problemática de ordem
mundial causado pelo homem. A Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano,
conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada
em 1972 em Estocolmo, na Suécia, foi a primeira
Conferência global voltada para o meio ambiente, e
como tal é considerada um marco histórico político
internacional, decisivo para o surgimento de políticas
de gerenciamento ambiental, direccionando a
atenção das nações para as questões ambientais.

Nesta unidade foi possível analisamos e compreender quando e


como aparecem os primeiros problemas ambientais e os respectivos
estudos, objectivo de estudos ambientais e a relação com outras
ciências.

Tenta resolver os exercícios que seguem abaixo

Exercícios
1. Resume no máximo 10 linhas, quando e como aparecem os
primeiros problemas ambientais e os respectivos estudos?

2. Porque o dia 5 de Junho é celebrado como o dia Mundial do


Meio Ambiente?
3. Determine o objecto de Estudo da ciência do ambiente?

4. Estabelece uma relação das ciências tais como: Biologia,


História, Matemática e Química, como o Meio Ambiente?

Unidade III
Conceitos Básicos de Projectos
Ambientais
Introdução
Após a formulação do conceito ambientais e primordiais dos
estudos, iremos agora concentrar nos Projectos Ambientais. Nesta
Unidade passaremos a estudar aspectos como o Projecto
Ambientais, Gestão de Projectos, Técnicas de análise de custo-
benefício na análise ambiental, e por último iremos abordar a

Serie-lha mostrado a distinção de um simples projecto social,


empresarial (empreendedorismo) e outros que tem um impacto na
vida do Homem em relação aos Projectos de Estudos Ambientais
que estabelece o impacto e a avaliação das actividades humanas
sobre o meio ambiente.
 Conceituar o Projecto.
 Diferenciar desenvolvimento de projectos e
desenvolvimento de negócios.
Objectivos
 Conceituar Gestão de Projectos e Projectos Ambientais.
 Analisar Projectos Ambientais.
 Mostrar as Técnicas de análise de custo-benefício na análise
de projectos ambientais.
3.1 Gestão de Projectos
Vamos apresentar o tema “gestão de projectos”, conceituando
inicialmente “projecto” e destacando a diferença entre se
desenvolver um negócio e se desenvolver um projecto.

Muitas vezes comentamos que estamos desenvolvendo um projecto


ou que temos ideias para fazer um projecto, mas vamos observar
alguns detalhes, seguindo o conceito utilizado pelo Project
Management Institute (PMI), que é uma das organizações mais
conceituadas no mundo no assunto.

Segundo o Instituto, um projecto é uma iniciativa que é única de


alguma forma, seja no produto que gera, seja no cliente do
projecto, na localização, nas pessoas envolvidas, ou em outro
factor. Isto diferencia os projectos das operações regulares de uma
empresa - a produção em série de bicicletas é uma operação de uma
empresa, por exemplo. Mas, por outro lado, a decisão da criação de
um móvel sob encomenda faz disso um projecto.

Um projecto tem uma finalidade bem definida, ou seja, tem um


objectivo claro, que quando atingido, caracteriza o final do
projecto. Isto faz com que o desenvolvimento de um novo negócio,
por exemplo, possa não ser considerado um projecto. Vamos
pensar sobre este segundo ponto um pouco mais.

Imagine que você tenha uma ideia para um novo produto a ser
lançado no mercado, e que você queira pleitear recursos para
financiar o desenvolvimento deste negócio. Para isso, você
provavelmente irá desenvolver um plano de negócios, que conterá
informações sobre o produto em si, sobre as forças do mercado que
agirão sobre este negócio (clientes, concorrentes, fornecedores,
etc...), irá fazer uma análise de Oportunidades e Ameaças, Pontos
fortes e pontos fracos, apresentará planilhas financeiras, montará
um plano de Marketing, irá mostrar o diferencial do seu produto,
etc. É possível entender que a criação deste documento completo é
um projecto, mas o conteúdo do documento em si não, uma vez que
se trata de um negócio novo, já que, salvo exceções, negócios são
feitos para durar indefinidamente, não para terem um final em um
determinado momento.

Projecto é, pois, definido como sendo “uma empreitada


temporária, realizada por pessoas, com recursos limitados e que
tem como objectivo criar um produto ou serviço único”. Para
entender melhor essa definição, é interessante analisar
detalhadamente as características de um projecto:

 Empreitada temporária significa que o projecto tem um


início e um fim. O início do projecto é estabelecido pela
autorização de início do trabalho, dada pelo patrocinador do
projecto, e o fim é caracterizado pela aceitação, por quem
encomendou o projecto, do produto ou serviço especificado;

 Produto ou serviço único implica que não é possível fazer


uma previsão a priori dos resultados efectivos do projecto.
É isso que difere um projecto, por exemplo, de uma
operação fabril.

O trabalho realizado numa fábrica de produtos electrónicos de


consumo (computadores, aparelhos de TV, equipamentos de áudio,
telefones celulares) tem como objectivo produzir equipamentos
idênticos (para um mesmo modelo). Assim, todo o planeamento da
produção, processos e infra-estruturas são criados com base em
informações conhecidas e determinísticas. Isso permite, por
exemplo, a realização de simulações da produção antes que ela
efectivamente aconteça e, caso a simulação criada seja correcta, a
fábrica deverá funcionar conforme previsto. Parâmetros como
tempo de produção, custos e características do produto final
assumem valores conforme previsto, excepto se ocorrerem eventos
de excecção. O modelo de projecto, por sua vez, aplica-se a
empreitadas onde não há informações suficientes para garantir que
as actividades ocorrerão conforme previsto. Por exemplo, podemos
aplicar o modelo de projecto ao desenvolvimento de um novo
produto equipamento. Nesse caso, não sabemos a priori quanto o
desenvolvimento do novo produto irá custar efectivamente, nem
quanto tempo irá durar, ou mesmo as suas características finais.

Podemos argumentar que existem outros desenvolvimentos de


novos produtos electrónicos e que essa informação poderia ser
utilizada para se fazer previsões necessárias para o projecto.

Evidentemente, históricos de projectos semelhantes podem ser


utilizados (e de facto são utilizados), mas cada produto novo tem
suas características próprias, o que, certamente, irá tornar o seu
desenvolvimento diferente dos outros equipamentos;

 Apesar de não ser possível fazer uma previsão precisa dos


custos, prazos e características do produto ou serviço
resultante de um projecto, não se trabalha com uma
expectativa de que haverá prazos, recursos materiais e
humanos à vontade. Pelo contrário, o projecto deve atender
a requisitos de prazo e custo, que limitam as alternativas de
solução e tornam complexa a realização da empreitada;

Dadas estas características, façamos uma lista de exemplos de


projetos: a construção de uma casa é um projecto, o
desenvolvimento de um software, a organização de um evento, a
construção de um móvel sob encomenda, a implantação de uma
nova linha de produção na fábrica, a realização de uma viagem,
escrever um livro, criar um documento, desenvolver um roteiro de
uma peça de teatro…
Repare na lista acima e confirme as duas características
mencionadas anteriormente, comuns a todos os projectos: eles têm
um fim bem definido e são, de alguma forma, sempre únicos.

Agora, com os esclarecimentos já feitos, passemos à conceituação


de Gestão de Projetos. Para tanto, devemos ter em mente a
definição de projecto apresentada, nos remetendo, sempre que
necessário, aos exemplos dados, para compreender realmente a
característica genérica que envolve a gestão de projectos, ou seja,
que faz com que o tema “gestão de projectos” possa ser discutido
de forma independente da área de actuação.
Gerenciar, administrar, coordenar ou gerir um projeto consiste
na aplicação de técnicas, conhecimento e habilidades para garantir
que um projecto tenha sucesso. E gerenciar um projecto envolve
desde iniciá-lo até finalizá-lo, passando pelas etapas de
planeamento, execução e atividades de controlo.
A gestão de projetos é definida como sendo “a aplicação de
conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas sobre as
atividades do projecto, de forma que os requisitos do projecto
sejam atingidos”5

O desafio a ser enfrentado na realização de um projecto é conseguir


atingir o seu objetivo atendendo aos seus requisitos, isto é, levando-
se em consideração as complexidades técnicas envolvidas, as
incertezas de execução e as restrições de custo e prazo. Para
aumentar a chance de que um projecto seja completado com
sucesso a receita indicada é realizar um bom planeamento, através
da criação do plano do projecto, e um controlo adequado durante a
sua execução. A responsabilidade pela criação do plano do projecto
e pelo controlo da sua execução é do gerente do projecto.

3.2 Conceito de Projectos Ambientais


Desenvolver projectos ambientais é estabelecer formas novas de se
relacionar com o ambiente. Em um projecto ambiental não se trata
5
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK : A Guide to the Project
Management Body of Knowledge, 2000.
apenas de proteger a natureza do homem, mas de ensinar o homem
a conviver com a natureza. É buscar conhecimento, habilidades,
ferramentas e técnicas visando:
 A racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do
ar;
 O planeamento e fiscalização do uso dos recursos
ambientais;
 A protecção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
 O controlo e zoneamento das actividades potencial ou
efetivamente poluidoras;
 Obter incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias
orientadas para o uso racional e a protecção dos recursos
ambientais;
 A recuperação de áreas degradadas;
 A protecção de áreas ameaçadas de degradação;
 A educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive
a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.

Desde 1972, a partir da Conferência de Estocolmo, muitos esforços


vêm sendo desenvolvidos na esfera do sector do ambiente no
sentido de estabelecer uma base metodológica para o
desenvolvimento de estudos e projetos ambientais e, por
consequência, optimizar e padronizar, ao máximo, a elaboração de
projetos ambientais.

Têm-se envolvido nesse desafio as universidades, as empresas de


consultoria e projectos, os institutos de pesquisa, os órgãos
públicos, as associações ambientalistas, os profissionais liberais de
diversas áreas e os organismos internacionais, como o Banco
Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A grande conclusão desses estudos é a necessidade imperiosa de se
proceder a uma criteriosa análise ambiental antes de se iniciar a
elaboração de projectos ambientais de qualquer natureza.

Análise ambiental constitui-se de um exame detalhado de um


sistema ambiental, por meio do estudo da qualidade de seus
factores, componentes ou elementos, assim como dos processos e
interações que nele possam ocorrer, com a finalidade de entender
sua natureza e determinar suas características essenciais.

Ao se promover uma análise de um sistema ambiental, se propõe


discutir e analisar dados das variáveis ambientais registrados no
sistema sob observação, como forma de se verificar o grau de
afectação que tais variáveis estariam submetidas em função de uma
eventual alteração de suas características por ação antropogénica.

Basicamente, a análise consiste em se avaliar informações técnicas


e ambientais onde os factores ambientais e suas variáveis são
levantados e analisados para serem comparados com os impactos
ambientais que podem ser causados por um determinado projecto.

Por ser um estudo extremamente dinâmico e de ampla


possibilidade de enfoque, é fundamental que se estabeleça, para
cada estudo promovido acerca de um sistema ambiental, uma
metodologia adequada ao desenvolvimento do projecto que se
pretende implantar, observando-se os princípios do
desenvolvimento sustentável.

3.3 Técnicas de análise de custo-benefício na análise ambiental

Qualquer política ambiental trata, necessariamente, de conflitos de


interesses microeconómicos, na medida em que o uso do meio
ambiente é distinto para cada grupo de indivíduos. Por exemplo, a
preservação de um parque beneficia diretamente todos os que dele
se utilizam como área de recreação. Caso seja proposto um projecto
de estrada cortando este parque, os seus usuários serão
prejudicados, enquanto os usuários da nova estrada podem ser
beneficiados com um melhor trafego rodoviário. Se o parque
representa um sítio natural de importância, poder-se-ia concluir que
as gerações futuras também seriam prejudicadas. Ou seja,
visualiza-se uma situação na qual há necessidade de se avaliar uma
acção económica que impõe uma troca de bens e serviços
ambientais por outros de natureza material. No exemplo acima,
objectiva-se comparar uma estrada que oferece menor custo de
transporte com a conservação de um parque.

Para se tomar uma decisão, será preciso que ambas as alternativas,


estrada ou conservação do parque, sejam comparadas de acordo
com uma dimensão única e comum. Esta poderia ser desde o voto
de cada beneficiário ou prejudicado até o número de empregos
gerados em cada uma das situações.

Outra forma de administrar o conflito de interesses seria avaliar se


todo o valor económico gerado pela nova estrada excede ou não o
valor atribuído ao parque a ser conservado. Essa é a contribuição
dos economistas para a difícil tarefa de avaliação ambiental. Isto é,
transformar todos os benefícios e os custos em valores monetários,
para, então, medir a rentabilidade social de cada opção considerada.

Tal prática fundamenta as técnicas da análise de custo-benefício


dita social. Não se trata, assim, de considerar esses valores do
ponto de vista somente do empreendedor do projeto ou
exclusivamente dos prejudicados. Mas, sim, de levar em
consideração todos os agentes económicos em conflito, para que a
decisão maximize o bem-estar social e não o de certos grupos de
indivíduos. Da mesma forma, a análise económica não objectiva
"criar valores monetários para todas as coisas". Ao contrário, a
tarefa dos economistas é a de procurar revelar os valores
monetários que os indivíduos atribuem aos bens e serviços que
consomem.

O acto de consumir o ambiente pode soar repugnante a certos


ambientalistas. Todavia, para os economistas esse acto é a essência
da análise económica, posto que toda e qualquer actividade de
produção e de consumo encerram um uso do meio.

Devido às suas características de bens e serviços de propriedades


comuns, que não oferecem, portanto, exclusividade de propriedade
e de consumo, então o uso do meio ambiente é geralmente livre e
sem nenhum pagamento. Ou seja, seu consumo não se realiza no
mercado e gera efeitos externos que não são internalizados nos
preços de outros bens. Logo, em termos individuais (seja o
consumidor ou o produtor), não há nenhuma limitação que restrinja
o uso excessivo dos bens e serviços ambientais. Se, por outro lado,
os impactos ambientais são monetariamente valorados, é possível,
então, obter uma medida melhor dos ganhos e perdas de bem-estar
resultantes das actividades económicas, quando comparadas com as
receitas e os custos envolvidos.

 A disposição para pagar ou para aceitar


Conforme salientado, se faz necessário conhecer quanto as pessoas
valorizam os bens e os serviços que consomem, entre eles os
derivados do ambiente. A teoria económica conceitua como
disposição para pagamento, a soma de dinheiro que as pessoas
estão dispostas a sacrificar para poderem consumir um bem ou
serviço. Igualmente, é possível também mensurar aquela soma de
dinheiro que as pessoas estão dispostas a aceitar como
compensação por não terem acesso ao consumo de um determinado
bem ou serviço. Por exemplo, na curva de demanda (procura)
expressa a seguir (figura abaixo), observa-se que quando o preço de
um produto eleva-se de P1 para P2, diminui a quantidade a ser
consumida de Ql para Q2. Ou seja, é menor o número de
indivíduos dispostos a pagar por P2 que em relação a P1. serviços
oferecidos até então. Tudo isso sem considerar as perdas para
gerações futuras, com a destruição da fauna e da flora desse parque.
Fonte: MELLO, 2008
Observa-se que, em relação aos custos rodoviários é possível
estimar as variações do excedente diretamente dos preços vigentes
no mercado. Para tal, bastaria calcular os custos resultantes de um
novo traçado da estrada em termos de material de construção e de
mão-de-obra. Por outro lado, a maioria dos serviços ambientais em
risco, conforme discutido anteriormente, não é transacionada no
mercado e, portanto, não tem preços. O facto de não ter não
significa, todavia, que não tenha um valor económico.

 O excedente do consumidor
Observou-se na figura mostrada anteriormente que um aumento de
preço reduz a quantidade demandada. Nota-se que o restante dela
pagará agora um preço maior. Dessa forma, é possível definir a
perda dos consumidores nas áreas a (redução de consumo) e b
(maior dispêndio) do gráfico.

Inversamente, quando o preço reduz-se de P2, pode-se afirmar que


os consumidores ganharam o equivalente à área (a+b). Esta área
abaixo da curva de demanda e acima da linha de preço denominada
excedente do consumidor, ou seja, os consumidores estariam
dispostos a gastar (a+b) para consumir Q1 em vez de Q2, ou serem
compensados por esse montante para reduzir seu consumo de Q1
para Q2.

Admita-se, no caso da estrada referida, que o custo de construção


decorrente de um projeto para passar a estrada distante do parque
seja mais elevado. Não considerando a perda de outros benefícios,
poder-se-ia estimar que o serviço de transporte dos usuários dessa
rodovia seria prejudicado pela cobrança de um pedágio decorrente
dos elevados custos de produção. Assim, para os usuários haveria
incerteza da perda em termos do excedente do consumidor. Isto é
um excedente negativo devido aos maiores custos de transporte.
Entretanto, caso a estrada realmente cortasse o parque, seriam
então os usuários do parque que teriam uma perda de excedente,
posto que teriam que abrir mão do consumo daqueles serviços
oferecidos até então. Tudo isso sem considerar as perdas para
gerações futuras, com a destruição da fauna e da flora desse parque.

 Valor económico do ambiente


No exemplo admitido, supomos que o custo adicional do novo
traçado da estrada encerra a única diferença em relação ao primeiro
traçado, de forma que outros fatores, como tempo de viagem e
segurança, foram mantidos equivalentes. Conforme já discutido,
esse custo adicional seria uma boa medida dos custos sociais a
serem incursos para preservar o parque. Quais seriam então os
benefícios que justificariam esses custos adicionais? Qual seria o
valor atribuído à preservação do parque?
Na literatura económica distinguem-se três diferentes valores que
compõem o valor do ambiente, de acordo com a seguinte
expressão: valor total do ambiente = valor de uso + valor de opção
+ valor de existência.
O primeiro dela deriva do uso actual dos bens e serviços
ambientais. No caso do parque em questão, esses valores de uso
tanto podem ser decorrentes de atividades, como a pesca, a caça ou
a náutica, como também se resumirem a uma simples satisfação de
apreciar os pássaros, os animais ou a vista de uma montanha. Seja
qual for a actividade, a preservação do parque encerra um valor
para o indivíduo de acordo com o que estaria disposto a pagar pela
preservação dos serviços que recebe pelo uso do parque.
Da mesma forma, há indivíduos que no momento não usufruem
directamente do parque, mas que podem desejar fazê-lo no futuro.
Ou seja, a preservação do parque pode incorporar valores de opção
para usos futuros, que representariam o quanto os indivíduos
estariam agora dispostos a pagar como uma garantia de que os
serviços ambientais estariam, no futuro, disponíveis para eles e
seus descendentes. Por exemplo, o valor de opção seria o
decorrente da incerteza que os indivíduos teriam em relação à
disposição dos actuais usuários em preservar o parque. É possível
também um valor de opção que resulte da irreversibilidade da
decisão a ser tomada que venha a agredir o meio ambiente.

Isto é, o desconhecimento quanto aos impactos ambientais eleva a


incerteza, daí seria mais justificável ampliar o conhecimento antes
de prosseguir com o projeto impactante.

No exemplo do parque em questão, na presença de um risco


ambiental carente de melhor investigação, seria o caso de se
determinar um valor de opção dessa natureza. Por ultimo, os
indivíduos também podem obter satisfação pelo próprio facto de
uma espécie animal ou um sítio natural existir independentemente
do seu uso atual ou futuro. Ou seja, o valor de existência é aquele
que não está relacionado com o consumo direto e sim com a pura
existência de um bem ou serviço natural.

 Técnicas e mensuração
Conforme discutido, o meio encerra um valor derivado do seu uso
actual e futuro e também pela sua própria existência. Esses valores
seriam decorrentes da disposição para pagar dos indivíduos que
obtém alguma satisfação de um bem ou serviço ambiental. Antes
de apresentar sucintamente algumas técnicas para estimar a
disposição para pagar, vale ressaltar que certos bens e serviços
ambientais encontram-se de certa forma valorizados no mercado.
Por exemplo, o uso de um rio para despejo industrial, que resulte na
perda de uma produção pesqueira ou agrícola, pode ser estimado
pelo valor dessa produção a preços vigentes no mercado. Trata-se
de mensurar o custo económico de oportunidade, isto é, o custo do
uso alternativo de um certo bem ou serviço ambiental. Embora tais
procedimentos não permitam estimar os principais custos
ambientais, por vezes os valores determinados dessa forma já são
suficientes para rejeitar inúmeros projectos e actividades de grande
impacto ambiental, sem que haja necessidade de empregar técnicas
de cunho mais subjetivo, como as descritas a seguir:
- Técnicas de mercado de recorrência
Embora não exista um mercado de ar puro, é sabido que residências
localizadas em áreas urbanas, onde a qualidade do ar é superior,
têm seu valor apreciado. Dessa forma, utilizando o mercado de
imóveis como um mercado de recorrência, é possível estimar a
parcela do diferencial de preços dos imóveis diferentemente
localizados, que representam uma disposição para pagar pela
melhor qualidade do ar. Isso também se aplica para a poluição
sonora. Por exemplo, no caso citado anteriormente, seria possível
assumir que as residências vizinhas ao parque fossem apreciadas
em relação a outras próximas de pior qualidade ambiental. Todavia,
são obvias as dificuldades em separar as parcelas desse diferencial
de preço que refletem o consumo de um serviço ambiental. Outros
factores, como vizinhança, comércio e transporte, também
influenciam fortemente os preços.
- Técnicas de mercados hipotéticos

O recurso de mercados hipotéticos tem sido amplamente utilizado


em recentes estudos ambientais. Trata-se de criar um mercado
hipotético, via pesquisas de questionários, em que para
determinadas situações os respondentes atribuem valores as
mudanças na oferta ou na qualidade de um certo bem ou serviço
ambiental. Basicamente, as perguntas objectivam revelar quanto a
respondente estaria disposto a pagar pela preservação ou quanto
estaria disposto a ser compensado pela perda de qualidade
ambiental.
Todavia, vários vieses podem ocorrer neste tipo de pesquisa,
devido às imprecisões das perguntas ou do instrumento de colecta.
Também a desinformação do entrevistado e suas expectativas
quanto ao pesquisador influenciam nos valores respondidos.
Aqueles que já se beneficiam estrategicamente a subavaliar sua
disposição para pagar. Além do mais, os entrevistados atribuem
valores diferentes para formas distintas de contribuição (tributação,
cobrança de entradas, aumento de preços de produtos eoutros).
Igualmente, valores divergentes podem surgir se o pesquisador
sugere ou não intervalos de valores. De qualquer forma, no caso do
parque, no exemplo citado, seria plausível uma pesquisa entre os
visitantes e os moradores das redondezas para conhecer os valores
que eles atribuem para os diversos benefícios que recebem do uso
do parque. Novamente, nada asseguraria que todas as parcelas do
valor econômico do parque seriam mensuradas, caso a população
pesquisada não incluísse aqueles que não são usuários, mas
estariam dispostos a pagar pela sua preservação.

Sumário
Abordamos neste capítulo que o projecto é definido como sendo
uma empreitada temporária, realizada por pessoas, com recursos
limitados e que tem como objectivo criar um produto ou serviço
único, e isto, diferencia os projectos das operações regulares de
uma empresa (os plano de negócios ou produção), em que a
produção é caracterizada por série, por exemplo: serie de bicicletas.
Um projecto tem uma finalidade bem definida, ou seja, tem um
objectivo claro, que quando atingido, caracteriza o final do
projecto. Um Projecto obedece um cronograma de actividade, que
desenvolve-se no espaço de tempo, com recursos limitado, visando
atingir um certo objectivo. Isto faz com que o desenvolvimento de
um novo negócio (planos de negocio), por exemplo, possa não ser
considerado um projecto. Enquanto os Projectos Ambientais são
estabelecidos de formas que o homem tenha uns relacionamentos
saudáveis como o meio ambiente. Em um projecto ambiental não
se trata apenas de proteger a natureza do homem, mas de ensinar o
homem a conviver com a natureza. É buscar conhecimento,
habilidades, ferramentas e técnicas visando: a racionalização do
uso do solo, do subsolo, da água, do ar, das florestas, convívio
racional com os animais, entre outros elementos.

Exercícios
1. Qual é a definição aceite de um Projecto?
2. Estabelece a relação entre um Projecto e um Plano de
Negocio.
3. Porque é que o Plano de Negócio é considerado um
Projecto, mas o seu conteúdo não é de Projecto?
4. Quais são as características de um Projecto?
5. O que é um Projecto Ambiental?
6. Na técnica de análise de custo benefícios na análise
ambiental, falamos de valor económico do ambiente. Em
que consiste esta técnica?
7. O Projecto Ambiental não trata-se apenas de proteger a
natureza do homem, mas de ensinar o homem a conviver
com a natureza. Quais são as outras finalidades do Projecto
Ambiental? Mencione apenas três (03).

Unidade IV
Elaboração de Projectos Ambientais
Introdução
Após a formulação do conceito básicos de projectos ambientais,
vamos agora saber como podemos fazer um projecto ambiental,
quais são as etapas que nos conduzem a ter um projecto ambiental

Ate ao final desde capitulo serás capaz de:


 Conhecer as etapas para elaboração de projecto ambiental.
 Elaborar um projecto ambiental.

Objectivos

4.1 Elaboração de Projetos Ambientais


“Um projecto é um empreendimento planeado que consiste num
conjunto de actividades interrelacionadas e coordenadas, com o fim
de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um
orçamento e de um período de tempo dados.” (ONU, 1984).

A elaboração de um projecto requer antes de tudo um ambiente


adequado para o desenvolvimento das ideias do grupo, requer
tempo e paciência para que se possa trabalhar em conjunto,
exercitando o respeito e o dom de ouvir o outro. A concentração e o
espírito de grupo são dois elementos essenciais para se materializar
boas ideias. Além disso, algumas variáveis tornam-se muito
importantes neste processo, como a distinção do papel da liderança
no grupo, descobrindo que o real líder reconhece os “talentos”
individuais de cada participante, ajudando no desenvolvimento da
criatividade e participação de todos, criando assim um ambiente de
comprometimento com a missão colectiva, criando um processo
descentralizado. A capacidade técnica é outro factor fundamental
para se obter resultados positivos, não adianta ter excelentes ideias
se não há competência para desenvolver uma boa estratégia de
como materializá-la. Muitas vezes nossas instituições não contam
com especialistas em diferentes áreas, portanto será necessário
buscar apoio junto a colegas, a outras instituições ou junto ao
próprio financiador. E por fim a criatividade e o comprometimento
são virtudes para que se tenha ao mesmo tempo caminhos criativos
para a realização das actividades propostas e comprometimento
com o processo que se está criando.
“Elaborar projectos é uma forma de independência. É uma
abordagem para explorar a criatividade humana, a mágica das
ideias e o potencial das organizações. É dar vazão para a energia de
um grupo, compartilhar a busca da evolução”. (Kisil R., 2001)

ETAPA 1- A definição do projeto: O que queremos fazer?


Um projecto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar
m projecto é, antes de mais nada, contribuir para a solução de
problemas, transformando IDÉIAS em ACÇÕES.

O documento chamado PROJECTO é o resultado obtido ao se


“Projectar” no papel tudo o que é necessário para o
desenvolvimento de um conjunto de actividades a serem
executadas: quais são os objectivos, que meios serão buscados para
atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos e
como serão avaliados os resultados.

A seguir, vamos descrever as etapas básicas para elaboração de


projectos.
A organização do projecto em um documento nos auxilia a
sistematizar o trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar
a imagem do que se quer alcançar, identificar as principais
deficiências a superar e apontar possíveis falhas durante a execução
das actividades previstas.

Já que é um processo participativo desde o começo, pois não se


pode realizar soluções sem a participação de todos os envolvidos, o
projecto se torna uma FERRAMENTA DE TRABALHO, um
INSTRUMENTO GERENCIAL, um PONTO DE
CONVERGÊNCIA de pessoas.
Conceitualmente, o projecto é a menor unidade administrativa de
qualquer plano ou programa. Um bom projecto escrito tem que
mostrar-se capaz de comunicar todas as informações necessárias e
é por isso que, em geral, existem.

ETAPA 2 – O Plano de trabalho: Como vamos agir?

ETAPA 3 – O andamento do projecto: Como vamos avaliar, tirar


conclusões e disseminar resultados?
ETAPA 4 – O orçamento: Quanto vai custar o projecto?

Os elementos básicos que compõem sua apresentação: o título


(reflete o conteúdo da proposta) a equipe (pessoas responsáveis
pela ideia e sua execução), a justificativa (definição clara do
problema a ser tratado) com seus objectivos (definição clara dos
objetivos gerais e específicos), os procedimentos (descrição de
todas as actividades e como serão implementadas), o cronograma
(datas de implementação das atividades), a avaliação (como,
quando e por quem será avaliado o projeto), a disseminação (do
projecto para o ambiente), o apoio institucional (quem apoia o que
o projecto propõe, quais as instituições envolvidas e dispostas a
participar da ideia).

Se um projecto se transformar numa proposta de financiamento e se


esta for aprovada por algum financiador, significa que ele
compreendeu o programa que a entidade pretende realizar,
percebeu sua importância e as possibilidades de êxito. Em outras
palavras, ele acredita nas metas da entidade, vê que os objetivos
seguem no mesmo rumo e vê a probabilidade de sucesso.

Como começar a elaboração de um Projeto?

O trabalho começa pelo “coração” do projecto: a definição concreta


do objecto de trabalho, os propósitos, os objetivos que se tem e
uma visão clara dos problemas que se quer resolver com a
realização da ideia. É importante discutir a ideia central da proposta
desde o início com todas as pessoas interessadas, pois seu
envolvimento futuro nos trabalhos será motivado pelas visões
compartilhadas nesta primeira etapa. Para isso será necessário
encontros ou reuniões do grupo de trabalho envolvido.

Por que definir em reunião?


 Para se ver a expectativa de todos e esclarecer as ideias e
objectivos de todos e a todos, a fim de “recortar” o escopo
do projecto e definir o público-alvo que se quer trabalhar.
 Motivar todos os presentes para agir.
 Reunir as informações necessárias para escrever o projeto.
 Procurar informações sobre as fontes de recursos.

Quem deve participar?


- Todas as pessoas envolvidas com o tema, especialmente as
interessadas em elaborar o projeto escrito e depois participar de sua
realização.

Como fazer a reunião?


- Fazer um quadro de definição do projecto na lousa ou usar papel-
cartaz e caneta-piloto. Este quadro significa descrever um mapa
geral do contexto em que se quer trabalhar no projecto, ou seja,
analisar o conjunto de coisas e pessoas que cercam e influenciam o
alvo do seu projecto.
- Preencher com ideias concretas (mesmo sem ter todos os detalhes,
não é preciso tê-los já) pedindo ideias a todos os presentes,
inclusive aos mais tímidos ou àqueles que não se acham preparados
para ajudar.
- Uma pessoa do grupo, que possa captar as ideias que vão sendo
colocadas, deve assumir a tarefa de organizá-las no quadro, tendo o
cuidado de ouvir a todos e estimular a participação.

O organizador da reunião deve valorizar todas as ideias e não só as


que fazem sentido para ele, pois no final quase tudo pode ser
aproveitado, e ele pode não estar vendo o que outros estão.
A quem exerce este papel dá-se o nome de “facilitador”, pois sua
função é facilitar a reunião para que todos possam contribuir e a
ideia ficar mais completa, mais reconhecida e mais apropriada por
todos.

Qual deve ser o produto das reuniões?

Ao final do processo deve-se ter:


1 - O quadro de definição do projecto preenchido.
2 - A equipe de pessoas que vai de facto se responsabilizar pela
redação do projecto.
3 - Um grupo para pesquisar fontes de recursos.
4 - Uma previsão de data para a próxima reunião.

O que um Projeto precisa conter?

Os principais itens que compõem um projecto relacionam-se de


forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de uma
etapa leva necessariamente à outra.

Identificação do projecto
Deve conter o título do projecto, o local em que será
implementado, a data da elaboração, a duração do projeto e o início
previsto.

Identificação do proponente/executor
Deve conter as seguintes informações: nome, endereço completo,
forma jurídica, data do registro jurídico - representante legal e acto
que lhe atribui competência, coordenador do projecto e seu
endereço. É importante não esquecer de mencionar todos os
parceiros do projecto, indicando claramente quem é o proponente e
quem participará da execução.

Histórico de experiência da instituição proponente/executora

Deve conter uma descrição sucinta dos trabalhos que vêm sendo
realizados pela organização, o tipo de projectos que já foram
executados ou propostos e em que região, localidade ou
comunidade. Indica a experiência e a aptidão da instituição em
desenvolver trabalhos semelhantes ao proposto e demonstra porque
irá obter sucesso.
Pode-se seguir o seguinte roteiro:
 Nome ou tipo dos trabalhos/projetos/campanhas executados
 Data ou período dos trabalhos/projetos/campanhas
executados
 Fontes financiadoras e valor do orçamento (se for o caso)
 Principais resultados e conquistas alcançados
 Parcerias desenvolvidas com entidades financiadoras e
outros órgãos (governamentais ou não).

Se a organização tiver muitos trabalhos já desenvolvidos, descreva


os mais importantes e/ou os que foram desenvolvidos, pelo menos,
nos últimos 3 anos. Nesse caso, anexe prospectos, publicações,
vídeos ou outros produtos sobre esses trabalhos. No caso de órgão
público mostre também a experiência e os resultados alcançados
por gestões/direções anteriores nas áreas de interesse do projeto.
Caracterização do problema e justificativa

A elaboração de um projecto se dá introduzindo o que pretendemos


resolver, ou transformar. Este problema deve ser delimitado e
caracterizado para conhecermos suas dimensões, origens, histórico,
implicações e outras informações. Esta prática nos dará maior
intimidade com o tema, permitindo um diagnóstico mais fiel e
definindo estratégias mais precisas para sua resolução.

Aqui deve ficar claro que o projecto é uma resposta a um


determinado problema percebido e identificado pela comunidade
ou pela entidade proponente.

Após a caracterização do problema/situação, podemos justificar a


necessidade da intervenção.

Esclarecimentos sobre a importância de sua realização à nível


sócio-económico-ambiental, evidências da sua viabilidade e outras
informações que possam auxiliar o financiador na tomada de
decisões devem ser enfatizadas.

Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o


projecto; situação ambiental (como os recursos naturais foram e
estão sendo usados), principais actividades económicas, número de
famílias/pessoas directa e indiretamente envolvidas/beneficiadas
com os resultados do projeto, condição de saúde e educação, forma
e meio de transporte, problemas ambientais e económicos,
organizações potencialmente existentes, etc.

A justificativa é uma parte muito importante em um projeto, ela


deve responder: Por que executar o projecto? Por que ele deve ser
aprovado e implementado?

Algumas perguntas que podem ajudar a responderem esta questão:


 Qual a importância desse problema/questão para a
comunidade? E para a conservação dos recursos naturais da
região?
 Existem outros projectos semelhantes sendo desenvolvidos
nessa região ou nessa área temática?
 Qual é a possível relação e actividades semelhantes ou
complementares entre eles e o projecto proposto?
 Quais são os benefícios económicos, sociais e ambientais a
serem alcançados pela comunidade e os resultados para a
região?

Objetivo geral

Tem-se empregado o termo objectivo geral para a situação ideal


almejada, em poucas palavras, o objectivo geral deve expressar o
que se quer alcançar na região a longo prazo, ultrapassando
inclusive o tempo de duração do projecto. Geralmente o objetivo
geral está vinculado à estratégia global da instituição.

Objectivos específicos

Os objectivos específicos também podem ser chamados de


resultados esperados. São os efeitos diretos das actividades ou
acções do projecto. Ao contrário dos objetivos gerais, que nem
sempre poderão ser plenamente atingidos durante o prazo de
execução do projeto, os objectivos específicos devem se realizar até
o final do projeto.

Metas

As metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos


específicos, são os resultados parciais a serem atingidos e neste
caso podem e devem ser bastante concretos expressando
quantidades e qualidades dos objectivos, ou seja quanto será feito.
A definição de metas com elementos quantitativos e qualitativos é
conveniente para avaliar os avanços. Ao escrevermos uma meta,
devemos nos perguntar:

O que queremos? Para que o queremos? Quando o queremos?


Quando a meta se refere a um determinado sector da população ou
a um determinado tipo de organização, devemos descrevê-los
adequadamente. Por exemplo, devemos informar a quantidade de
pessoas que queremos atingir, o sexo, a idade e outras informações
que esclareçam a quem estamos nos referindo.
Cada objectivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto
melhor dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os
indicadores que permitirão evidenciar seu alcance.
Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de
objetivos específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma
ou outra forma.

Actividades
São as acções previstas para a realização do projeto, devendo ser
claramente descritas e relacionadas aos objectivos específicos.
Devem ser numeradas em ordem cronológica de execução e
indicando quando couber, unidades de medida (ex. metros, kg,
dúzia, litros, etc.) e quantidade. É importante que as actividades
sempre sejam relacionadas com os objectivos específicos ou com
as metas, pois é através da soma das actividades que se avalia a
possibilidade do projeto atingir seu objetivo geral.

Benefícios e beneficiários

Devem descrever os resultados concretos e quem será beneficiado


com a realização do projecto. De uma forma geral podem
responder as seguintes perguntas:
 De quem partiu a iniciativa de elaborar o projecto? Foram
realizados encontros com os beneficiários? Quantas pessoas
participaram? Faça uma breve descrição do processo de
elaboração da proposta.
 Como se dará a participação dos beneficiários na execução
do projeto?
 Como a comunidade será beneficiada com o projeto?
Através de quais benefícios?

ETAPA 2 – O Plano de trabalho: Como vamos agir?


Neste momento todos os objetivos que foram definidos na etapa
anterior têm que ter seus respectivos procedimentos de trabalho. O
ideal é verificar se para cada objetivo há um procedimento claro, se
não é um objetivo “morto”.
A Ideia central é sempre que possível justificar os métodos de
trabalho escolhidos para garantir uma maior coerência e
consistência ao projeto.
A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão
utilizadas para executar as actividades previstas, devendo explicar
passo a passo a realização de cada actividade e não apenas repetir
as atividades.
Deve levar em conta que a actividade tem início, meio e fim,
detalhando o plano de trabalho.
A metodologia deve responder às seguintes questões:
a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?
b) Como começarão as atividades?
c) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?
d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento
direto do grupo social?
e) Quais as tarefas que cabem à organização?
f) Como, quando e por quem serão feitas as avaliações
intermediárias sobre o andamento do projeto?
g) Como e em que momentos haverá a participação e o
envolvimento direto do grupo social?
h) Quais as tarefas que cabem à organização e ao grupo social?
i) Quais são as atividades de capacitação e treinamento? Seus
conteúdos programáticos e beneficiários?
j) Na disposição dos resultados, o que será objeto de divulgação, os
tipos de atividades, a abrangência e o público-alvo.

Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa,


diagnóstico, intervenção ou outras;
que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) serão
adotados e como será sua avaliação e divulgação.
É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em
projectos semelhantes, verificando sua aplicabilidade e
deficiências, e é sempre oportuno mencionar as referências
bibliográficas.
Um projecto pode ser considerado bem elaborado quando tem
metodologia bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos
avaliadores/pareceristas, a certeza de que os objectivos do projecto
realmente têm condições de serem alcançados. Portanto este item
deve merecer atenção especial por parte das instituições que
elaborarem projectos.
Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão
participativa, o acompanhamento técnico sistemático e continuado
e o desenvolvimento de acções de disseminação de informações e
de conhecimentos entre a população envolvida (capacitação).

Cronograma
Os projectos, como já foi comentado, são temporalmente bem
definidos quando possuem datas de início e de término
preestabelecidas.
As atividades que serão desenvolvidas devem se inserir neste lapso
de tempo. O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que
as actividades vão se dar e permite uma rápida visualização da
sequência em que devem acontecer.

ETAPA 3 – O andamento do projecto: Como vamos avaliar,


tirar conclusões e disseminar resultados?
Sustentabilidade
Alguns projectos, diferentemente do proposto, tem previsão de se
perpetuarem, como projectos de desenvolvimento institucional e
financeiro de ONGs, programas de monitoramento de parâmetros
ambientais, programas de conservação de áreas e outros. Nestes
casos faz-se necessária a adopção de estratégias para geração de
recursos, não somente financeiros, mas também humanos, uma vez
que os financiadores nem sempre terão disposição de apoiá-lo
indefinidamente.
É interessante que todo projecto tenha a perspectiva de atingir a
auto-sustentabilidade ecológica e económica, durante e após o
término do repasse dos recursos. Neste sentido deve-se descrever
com que meios e de que forma a organização e a comunidade
envolvida planeiam continuar as actividades após o término dos
recursos.
Existem projectos que preveem a geração de renda através da
comercialização de produtos ou serviços produzidos. Nestes casos
a maioria das fontes financiadoras exige estudos de mercado que
contemplem os seguintes itens:
 Quantidade de produção no início das atCividades.
 Quantidade de produção prevista ao final das atividades.
 Custo de produção.
 Preço de mercado.
 Mercado alvo.
 Condições de escoamento da produção.
 Produtos concorrentes, condições de armazenagem,
incremento de renda previsto com o projeto, etc.

Neste item, deve-se procurar demonstrar qual o potencial de


sustentabilidade do projecto proposto. As questões a seguir servem
como referência para esta descrição:
a) É possível estimar a durabilidade dos resultados e dos
impactos do projeto?
b) Sua organização pretende dar prosseguimento ao projeto
após o financiamento do mesmo?
c) Explique como.
d) Os beneficiários ou outras instituições (comunidades,
famílias, prefeituras, ONGs) pretendem dar continuidade ao
trabalho após o término do financiamento?

Disseminação dos resultados


A divulgação das experiências bem-sucedidas é de fundamental
importância, tanto para a continuidade do projecto, quanto para o
impacto positivo que o projecto pretende deixar na comunidade. As
acções de disseminação dos resultados também precisam ser
pensadas dentro de cada projecto.
As propostas de divulgação poderão ser planejadas em nível local
ou regional, incluindo os seguintes itens:
 Definição do que será objecto de divulgação (metodologias,
técnicas, experiências);
 Definição dos produtos por meio dos quais será feita a
divulgação (livros, artigos para revistas/jornais, vídeos,
seminários, propriedades piloto);
 Definição das atividades de divulgação (palestras,
reuniões);
 Definição da abrangência da divulgação (local ou regional);
 Definição do público que se pretende atingir (outras
populações com características semelhantes às dos
beneficiários do projeto, órgãos públicos, setores
acadêmicos, organizações não governamentais, etc.

Como podemos ver, disseminar é mais do que divulgar, é tornar o


projecto palpável à sociedade, que poderá transformá-lo em um
novo modelo de trabalho. Deste modo, disseminar torna-se uma
atitude todo o tempo de duração do trabalho.

Monitoramento/Avaliações
O monitoramento é uma prática imprescindível para avaliar quanto
do proposto vêm sendo alcançado. Pode indicar a necessidade de
alteração de algumas das metas ou actividades programadas.
Para que a monitoria e avaliação possam alcançar seus objetivos é
necessário que se estabeleçam previamente alguns indicadores
quantitativos e qualitativos. Estes indicadores devem permitir, de
uma maneira geral, avaliar de que forma o projecto pretende:

a ) Obter a participação da comunidade.


b) Documentar a experiência em todas as suas etapas.
c) Divulgar, difundir os procedimentos, acertos e erros do projecto.
d) Acompanhar a realização dos resultados e da aplicação dos
recursos financeiros.
e) Avaliar permanentemente o projecto, envolvendo equipe técnica
e comunidade e realizando os ajustes que se façam necessários.
f ) Observar, acompanhar, monitorar, os impactos ambientais que o
projecto poderá causar.
g) Aferir os resultados económicos, para saber se o projecto é auto-
sustentável.
Os indicadores de resultado permitem aferir/averiguar o progresso
de cada actividade em relação aos objectivos do projecto. Em tese,
se todas as actividades estiverem 100% executadas, os objectivos
do projecto foram alcançados.
Ex.1 - Para saber se um seminário proposto para 40 pessoas atingiu
o objetivo, pode se usar a lista de presença para avaliar a
quantidade e o relatório do seminário para avaliar a qualidade.
Neste caso, os indicadores são: lista de presenças e relatório do
seminário.
Ex.2 - Um projecto que se propõe a reflorestar 10.000 árvores
poderá ter como indicador de quantidade o número de árvores
plantadas e de qualidade o número de árvores efetivamente
crescendo após determinado período. Neste caso, os indicadores
podem ser: 10.000 árvores plantadas e, 95% das árvores plantadas
crescendo após doze meses.

Relacione para cada actividade um ou mais indicadores de


resultados, para que se possa a qualquer momento fazer uma
avaliação e verificar se as actividades estão sendo executadas de
acordo com o programa.

ETAPA 4 – O orçamento: Quanto vai custar o projecto?

Orçamento

Após um planeamento detalhado das actividades, pode-se perguntar


quanto custará o projecto, quando se darão as despesas e quando os
recursos deverão estar disponíveis. O orçamento é um resumo ou
cronograma financeiro do projecto, no qual se indica com o que e
quando serão gastos os recursos e de que fontes virão os recursos.
Facilmente pode-se observar que existem diferentes tipos de
despesas que podem ser agrupadas de forma homogênea, como por
ex.: material de consumo; custos administrativos; equipe
permanente; serviços de terceiros; diárias e hospedagem; veículos,
máquinas e equipamentos; obras e instalações.

No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada,


no entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma
descrição detalhada de todos os custos, que é chamada memóriade
cálculo.

Memória de cálculo
Na memória de cálculo devem ser descritos todos os itens de
despesa individualmente, conforme exemplo:

- Material de consumo - são materiais como papel, lápis,


embalagens para mudas, pequenas ferramentas, combustível, etc.
Dê a especificação do material (papel, lápis, etc.), unidade de
medida (metros, kg, etc.), marca (quando couber), quantidade,
custo unitário e custo total.

- Custos administrativos - são despesas correntes necessárias ao


funcionamento das entidades, tais como aluguel, contas de luz,
telefone, material de escritório, etc. Normalmente se faz uma
proporção do uso destas coisas para cada projecto.

- Equipe Permanente - é a equipe de técnicos e outras pessoas que


estarão envolvidas durante e com a implementação do projecto.
Indique os técnicos e outros profissionais que serão contratados
para a execução do projecto, dando nome (se conhecido
previamente), horas que irá trabalhar, quantidade e custo de cada
um.

- Serviços de terceiros - são os serviços temporários prestados ao


projecto, por pessoas físicas ou jurídicas. Especifique o serviço
(serviços de medição de áreas, serviços de engenharia florestal,
etc.) unidade de medida (horas, dias, meses) quantidade, custos.
- Diárias e hospedagem - são despesas correntes de viagem e
estadias de pessoas da equipe em função de actividades previstas
no projeto (vistoria em campo, cursos, seminários) ou de
consultores de outras instituições solicitados para tarefas
específicas. Especifique a actividade (curso, seminário, reunião,
etc.) para qual serão necessárias as diárias e/ou hospedagens.

- Veículos, máquinas e equipamentos - dimensionemos bem a


aquisição de veículos, máquinas e equipamentos e especifique o
tipo de veículo (utilitário pick up, automóvel, etc.) ou do bem a
seradquirido (fax, TV, vídeo, etc.), quantidade, marca/modelo e o
custo.

- Obras e instalações - Relacione o tipo (casa, depósito, etc.) de


obras e instalações necessárias à implantação do projecto. Indique a
unidade de medida (m2), quantidade e custo. Anexe projecto ou
croqui detalhado da obra: tipo de construção, prazo de execução,
áreas e dependências a serem construídas ou ampliadas,
cronograma financeiro da obra, documentação comprobatória de
propriedade ou cessão de posse do terreno.

Normalmente cada instituição financiadora segue uma sistemática


própria.

Condições internas e externas


Algumas fontes financiadoras pedem que se avaliem e descrevam
as condições ou factos internos e externos que podem favorecer ou
desfavorecer o andamento do projecto.

Apresente sugestões e procedimentos para fortalecer as condições


favoráveis e para afastar e/ou modificar as desfavoráveis.
Ex. Condições Internas:
- Favoráveis: Infra-estrutura instalada e experiência técnica
comprovada em actividades semelhantes;
- Alto grau de organização e articulação do grupo social envolvido;
Alto grau de aceitação da entidade perante a comunidade.
- Desfavoráveis: Não existe grau de organização e articulação do
grupo social envolvido; Organização ainda não é bem aceita na
comunidade por não seguir padrões tradicionais de
desenvolvimento.
Ex. Condições Externas:
- Favoráveis: Possibilidade de abertura de exportação dos produtos
a serem fabricados/produzidos;
Melhoria das condições de transporte/energia.
- Desfavoráveis: Oscilação do mercado com preços desfavoráveis
aos produtos a serem fabricados/produzidos e Fatores climáticos -
períodos prolongados de chuva ou seca que podem adiantar ou
atrasar etapas.
Revisão bibliográfica
Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou
servir de base para a ação, podem e devem ser apresentadas.
Certamente darão ao financiador uma noção de quanto o autor está
inteirado ao assunto, pelo menos ao nível conceitual/teórico.

Resumo
O resumo é uma secção geralmente de uma página onde é feita uma
síntese do projecto. Sua função é dar uma ideia geral do que se
trata, seus objetivos, duração e custo, dentre outros. Escrever um
bom resumo é extremamente importante, pois este tem que cativar
o leitor a aprofundar-se no projecto e descobrir o quanto ele é
importante, bem-intencionado e efectivo. O resumo deverá ser uma
das últimas seções a ser redigida, pois então teremos maior
intimidade com o projecto.

Anexos
Muitas informações que não é possível inserir em nenhuma das
seções anteriores podem ser, desde que imprescindíveis,
transformadas em anexos. Um mapa localizando a região ou
município, o curriculum vitae dos principais integrantes da equipe,
um histórico mais detalhado, cartas de recomendação de algumas
pessoas relacionadas à instituição financiadora, um relato do
desempenho de sua organização e de seu envolvimento com outras
instituições atuantes na área, etc.

Sumário
Neste capítulo conhecemos as etapas para elaboração de projecto
ambiental que são:
 A definição do projeto: O que queremos fazer?
 O Plano de trabalho: Como vamos agir?
 O andamento do projecto: Como vamos avaliar, tirar
conclusões e disseminar resultados?
 O orçamento: Quanto vai custar o projecto?

Exercícios
1. Quais são as etapas para a elaboração de um Projecto
Ambiental? Resume o primeiro e o terceiro.
2. Seguindo todos passos/etapas para a elaboração de um
Projecto Ambiental, tente de uma forma simples, fazer uma
simulação de um Projecto.

Unidade V
Conceito Básicos Para a Avaliação de
Projectos Ambientais
Introdução
A avaliação ambiental, para ser correctamente desenvolvida, requer
a utilização de equipas multi e interdisciplinares. Naturalmente
essas situações apresentam algumas dificuldades de gerenciamento,
em virtude da diversidade de culturas e especializações envolvidas.
Cada analista tende a enfocar o quadro típico de sua especialidade,
oferecendo ao grupo os factores e as relações condicionantes da
transformação ambiental a ser avaliada segundo uma óptica
específica. Em síntese, pode-se dizer que há uma grande
possibilidade para que o geólogo, o pedólogo, o biólogo, o
economista e assim por diante, aborde a temática sob um enfoque
que lhe é exclusivo. Como integrá-los holisticamente? Esta é a
questão que se impõe.
Muitas soluções têm sido propostas para resolver esse impasse. A
mais comum, sem dúvida, tem sido negar que o impasse existe,
realizando a avaliação ambiental com base exclusivamente na
intuição de um gerente sénior. Embora os resultados dessa prática
possam até mesmo revelar, em alguns casos, a acuidade
profissional de uma decisão isolada (a do gerente sénior), os riscos
associados são grandes e o produto da avaliação, na maioria das
vezes, não resiste a mais simples crítica, porquanto decorre mais de
opiniões isoladas do que de conhecimentos específicos
comprovados e justificáveis a partir de premissas cientificamente
estruturadas. Para tentar equacionar uma proposta razoável,
modelada, para a avaliação ambiental, torna-se necessário
apresentar alguns conceitos básicos que ora foram tornados por
empréstimo de outras áreas do conhecimento, ora foram criados
para a finalidade desse modelo.

Este capítulo tem por objectivo conformar a estrutura da


abordagem do modelo dos conceitos básicos para a avaliação de
Objectivos Projectos Ambientais, de forma a situá-lo como uma ferramenta
para a avaliação de transformações ambientais de qualquer
natureza.

5.1 Conceito Básicos para Avaliação de Projectos Ambientais

Qualidade ambiental e de vida


A qualidade ambiental de um ecossistema expressa as condições e
os requisitos básicos que ele detém, de natureza física, química,
biológica, social, económica, tecnológica, cultural e política, de
modo a que os factores ambientais que o constituem, em qualquer
instante,

- Possam exercer efetivamente as relações ambientais que lhes são


naturalmente afectas, necessárias à manutenção de sua dinâmica e,
por conseguinte, da dinâmica do ecossistema de que fazem parte;
- Detenham a capacidade complementar de auto-superação, que os
permita desenvolver novas estruturas relacionais e promover,
aleatoriamente, desdobramentos ordenados da complexidade do
ecossistema.

Indicadores sócio-ambientais

São variáveis, específicas a cada fator ambiental, que permitem a


aferição das oscilações de comportamento e/ou de funcionalidade
do fator, tornando-se o elemento mais adequado para a análise
qualitativa e quantitativa das variações da qualidade ambiental de
um ecossistema. Todo e qualquer fator ambiental possui
comportamento e funcionalidade típicos, de acordo com as
requisições dos ecossistemas de que faz parte. Esses atributos
representam as funções e a relevância do fator no contexto
ambiental. A variação deles exprime, em maior ou menor grau, a
variação da qualidade ambiental dos ecossistemas. Dessa forma, ao
estimar ou aferir as oscilações de um indicador ambiental, em
escala apropriada, fica estabelecida a própria medida da intensidade
de um impacto ambiental, ou pelo menos se torna conhecido um
valor dela resultante, com consistência e aptidão suficientes para
representá-la em um estudo analítico-comparativo.
Os indicadores sociais se definem como estatísticas aptas a medir
os elementos atinentes à condição social e do bem-estar dos
diversos segmentos da população, se possível, ao nível dos
indivíduos e não de agregados, inclusive a evolução desses
elementos no tempo (UNESCO).

Meio ambiente
Constitui-se em uma subdivisão teórica e arbitrária do ambiente,
segundo conjuntos afins de segmentos ambientais, de acordo com o
tipo de abordagem e de ação que se deseja imprimir em uma dada
região.
As pesquisas e os estudos ambientais, para efeito de abordagem,
organização de dados e estruturação da grande quantidade de
conhecimentos específicos que podem envolver, organizam o
espaço ambiental em conjuntos de subespaços afins, de modo a
facilitar sua compreensão. A par da diversidade de possíveis
composições para um mesmo espaço ambiental, uma subdivisão
ampla e reconhecidamente utilizada e a seguinte: meio físico, meio
biótico e meio antrópico.

Compartimento ambiental
Consiste em qualquer uma das partições ou segmentos afins em que
se subdividem os meios ambientais, de acordo com a abordagem do
estudo a ser realizado e de conformidade com as características do
meio a que se refere. Dessa forma, um compartimento detém todos
os conjuntos de fatores ambientais de mesma natureza.

Factor ou bem ambiental

Todo e qualquer elemento constituinte da estrutura de um


ecossistema. O que se torna fundamental e a compreensão de que
os factores ambientais, conforme conceituados, constituem-se em
uma unidade conceitual de que o modelo se utiliza para
operacionalizar a avaliação ambiental. Sob nenhuma hipótese
devem ser entendidos como se fossem componentes mecânicos de
um ecossistema, ou urna unidade básica de suas estruturas, ou
mesmo uma unidade de sobrevivência.
Um factor ambiental é um sistema em si mesmo que sobrevive em
uma estrutura de ordem estratificada mediante as relações que
mantém com outros factores, isoladamente, e com a totalidade do
ecossistema do qual faz parte. Têm-se, dessa forma, níveis
sistêmicos estratificados que interagem e mantêm essa disposição
de vida através das imposições da estrutura ordenada do todo
sistêmico que os contém. Esses níveis podem ser observados sob
diversos ângulos, devolvendo ao observador distintas morfogenias
do espaço ecológico ou ambiental. Duas formas de abordar esse
espaço, porém, interessam diretamente ao modelo, uma vez que
determinaram a sua óptica a respeito dos níveis básicos dos
ecossistemas.
Representação funcional do ambiente

A primeira forma de abordar esse espaço enquadra a estrutura


funcional dos ecossistemas e a representa pelos seguintes níveis
estratificados, do menos complexo para o mais complexo:
Nível 1. Coleções de fatores ambientais;
Nível 2. Coleções de relações ambientais;
Nível 3. Coleções de ciclos ecológicos;
Nível 4. Coleções de ecossistemas.
Cada nível se realiza pela organização e pela integração dos
elementos constituintes do nível antecedente de menor
complexidade. O nível inferior, representado pelas colecções de
factores ambientais, todavia, realiza-se por intermédio de duas
capacidades intrínsecas que se complementam: a de auto-afirmação
dos factores, que os individualiza física e funcionalmente, e a de
integração, que os submete a ordem dos demais níveis. Dessa
forma, se existe urna unidade de sobrevivência, ela é, sem duvida,
expressa pela relação do factor ambiental com o ecossistema de que
faz parte.

Representação estrutural do ambiente


A segunda abordagem enquadra a estrutura orgânica do ambiente e
a representa pelos seguintes níveis estratificados, do menos
complexo para o mais complexo:
Nível 1. Factores ambientais;
Nível 2. Compartimentos ambientais;
Nível 3. Meios ambientais;
Nível 4. Ambiente.

Um conjunto de factores ambientais, por definição, e um conjunto


de elementos iguais, em natureza e espécie, conformando um nível
sistêmico estratificado. Um compartimento ambiental pode deter N
conjuntos de factores ambientais, conformando um nível sistêmico
estratificado superior, mais complexo.

Seguem os níveis 3 e 4, obedecendo aos mesmos critérios


orgânicos. Em ambos os enfoques, o funcional e o estrutural, fica
claro que todos os níveis sistêmicos são interativos e
interdependentes. Desse modo, as propriedades e as capacidades de
um nível inferior também serão encontradas no seu nível
subsequente, diferenciando-se apenas no grau de ordem e de
complexidade que apresentam. Por esse motivo, todos os conceitos
apresentados nesse item que tenham vinculação com a dinâmica
ambiental, embora estejam associados a um determinado nível,
desde que sofram as devidas adaptações, podem ser constatados
nos demais níveis.

Relação ambiental

Consiste na troca sistêmica (transações) de energia entre os factores


ambientais que compõem um ecossistema, fornecendo-lhe poder de
auto-organização e complexidade crescentes, numa tendência de
redução de sua entropia.

As relações ambientais apresentam três propriedades que


expressam a dinâmica aleatória dos ecossistemas. A primeira e
caracterizada pela multiparidade das relações mantidas entre
conjuntos de factores ambientais.

Um indivíduo de um dado conjunto Y de factores pode,


simultaneamente, relacionar-se com K indivíduos de diversos
outros N conjuntos de fatores.

A segunda propriedade caracteriza-se pela natureza das relações


mantidas entre indivíduos de diversos conjuntos de fatores, a saber:
relações de ordem, relações de oportunidade e relações de
integração.
As relações de ordem expressam a forma por meio da qual fatores
ambientais se relacionam, em decorrência do estagio de
organização funcional do ecossistema a que pertencem e da
natureza dos próprios fatores. Essas relações podem ser
hierárquicas, simétricas e recursivas. Uma relação entre dois fatores
de qualquer natureza é dita hierárquica quando ocorre
univocamente, isto é: A cede algum tipo de energia a B em um
dado momento; mas B, no mesmo intervalo de tempo, não transfere
qualquer energia ao fator A. Uma relação entre dois fatores de
naturezas distintas é considerada simétrica quando ocorrem
transações de energia simultâneas e biunívocas entre A e B, isto é,
no mesmo intervalo de tempo, muito embora possam ser diversas
em sua essência. Por fim, uma relação ambiental de ordem é dita
recursiva quando ocorre a transação de energia entre dois fatores de
mesma natureza.

Por sua vez, as relações ambientais expressam-se segundo


oportunidades aleatórias. Significa que a transação de energia entre
dois fatores somente ocorre se ambos estiverem ocupando
determinados lugares no espaço e no tempo. Essa propriedade
estabelece a probabilidade da ocorrência das relações ambientais,
demonstrando que elas não são determinísticas, mas acontecem ao
acaso, especialmente quando pelo menos um dos fatores que se
relacionam é móvel.
A terceira propriedade das relações ambientais refere-se às
vinculações orgânicas entre a sua essência versus os resultados
delas derivados, no âmbito do ecossistema em que se realizam. A
essência de um conjunto de relações ambientais reflete a natureza
do desempenho funcional e comportamental dos fatores envolvidos
em face das circunstâncias ambientais em que procedem suas
transações de energia.

Isso significa que essas transações, que são probabilísticas,


representam respostas funcionais circunstanciais a realidade
ambiental interna e externa que se lhes apresenta. Tal fato leva a
conclusão de que um ecossistema qualquer e o meio ambiente a ele
externo efetuam um processo integrado de co-evolução, na medida
em que seus desempenhos funcionais estão intimamente
relacionados e são interdependentes e complementares, qualquer
que seja o estado da natureza que "supervisiona" essa integração.

Ciclo ecológico
Consistem nos sistemas dinâmicos e naturalmente integrados,
homeostáticos, de relações físicas, químicas, biológicas, sociais,
econômicas, tecnológicas, culturais e políticas, mantidas, no
mínimo, por pares de factores de qualquer natureza, em um dado
ecossistema. De início é essencial discutir o conceito de
homeostase. Esse termo foi utilizado pelo neurologista Walter
Cannon para caracterizar a tendência dinâmica dos organismos
vivos de se manterem, autonomamente, em um estado de
organização interna. Os ciclos ecológicos, por meio de suas
relações constituintes, efetuam a autorregulação da qualidade
ambiental total dos ecossistemas.

Por isso, um ecossistema definido pode ser observado pelos


diversos ciclos ecológicos que nele se realizam. O termo ciclo não
pressupõe uma série finita de eventos ocorrendo em uma sequência
preestabelecida, mas um período de tempo variável, em virtude da
natureza e da quantidade dos processos que nele se desenvolvem,
em que se sucedem factos ecológicos entre factores ambientais,
determinando uma permanente transformação do ecossistema de
que fazem parte. Dessa forma, um ciclo ecológico representa um
conjunto de ocorrências realizadas em um intervalo de tempo,
determinado por factos ecológicos: coleções de factores que nele
interagem, potencialidades comportamentais e funcionais desses
fatores, exigências ambientais recíprocas de cada fator em relação
aos demais, nível de troca de energia que se estabeleceu no ciclo
que o antecedeu e probabilidade de ocorrência de relações
ambientais.

Durante o ciclo ecológico os fatores ambientais tem suas relações


passiveis, em parte, de identificação. A emergência de um novo
ciclo, portanto, ocorre em virtude da modificação: relativa nas
intensidades das relações preexistentes; nas naturezas das mesmas
relações; e quantitativa e qualitativa da coleção de fatores. E
importante observar que, a par da necessidade de obtenção de
conhecimentos a respeito dos ciclos ecológicos, as teorias e as
experimentações científicas ainda não dispõem dos meios e
informações capazes de identificá-los totalmente. Nessa medida, há
que se satisfazer com as características passiveis de realização, que,
embora parciais e limitadas, prestam-se às finalidades dos estudos
ambientais, no mínimo, pelo facto de se constituírem em bases para
novos conhecimentos.

Por esse motivo, seria menos determinístico e mais sério, do ponto


de vista científico, conceituar os ciclos ecológicos da seguinte
forma: "consistem nos sistemas dinâmicos e naturalmente
integrados, homeostáticos, de relações físicas, químicas,
biológicas, sociais, económicas, tecnológicas, culturais, políticas e
ignoradas, mantidas, no mínimo, por pares de fatores de qualquer
natureza, em um dado ecossistema".

Estabilidade ecológica

Representa a propriedade dos ciclos ecológicos de um dado


ecossistema que expressa a tendência de plenitude nas relações
entre seus fatores constituintes, por meio da integração das
exigências de cada fator em relação as efetivas respostas
comportamentais e funcionais daqueles com que interage, uma vez
que, em um ecossistema estável, todas as relações ocorrem dentro
do intervalo de homeostase dos fatores envolvidos. A estabilidade
de um ecossistema, portanto, representa um processo de
nãoequilíbrio, posto que nele se verifica a tendência das relações
ambientais em busca de autoorganização.
Quanto maior o grau de estabilidade de um ecossistema, maior seu
poder de autourbanização e, conseqüentemente, sua complexidade
relativa. Duas propriedades dos sistemas vivos podem ser, em
geral, observadas nos ecossistemas. Elas expressam sua capacidade
de auto-organização e, em decorrência, sua tendência natural para a
estabilidade ecológica. Consistem na flexibilidade e na plasticidade
dos ciclos ecológicos.

Plasticidade ecológica
A plasticidade ecológica decorre da constatação de que existem
infinitas alternativas de estruturação de ciclos ecológicos de mesma
natureza, isto e, envolvendo os mesmos gêneros de fatores
ambientais.

Para facilitar o entendimento, sejam os conjuntos de fatores


ambientais A, B. N, assim representados: A = (Al, A2, Ai, An); B =
(B I, B2, Bi,..., Bn); N = (NJ, N2, Ni, Nn). Os ciclos conformados
que caracterizam a plasticidade ecológica seriam do tipo: Al:BI:...:
NJ; A2:B2. N2; Ai:Bi:...: Ni; An; Bn:...: Nn. Nesta coleção de
ciclos de mesma natureza, no entanto, cada um será diverso dos
demais, uma vez que seus fatores ambientais constituintes, embora
sejam do mesmo gênero (A, 13,...' N), não serão os mesmos
indivíduos, por isso mesmo, detendo cada qual distintas auto-
afirmações.

Flexibilidade ecológica

A flexibilidade ecológica, por sua vez, decorre da constatação de


que, em dois ciclos ecológicos de mesma natureza, apresentando,
portanto, a mesma constituição orgânica e de relações, ainda que
seus fatores constituintes, individualizados, apresentem
desempenhos distintos e singulares (ou seja, autoafirmados), a
ordem e a funcionalidade do ecossistema corno um todo não serão
comprometidas. Isso pode significar que, não havendo qualquer
tipo de intervenção externa em um ciclo ecológico, as relações
realizadas por seus fatores ambientais ocorrerão no intervalo de
uma faixa de transação de energia, com amplitude peculiar, natural
aos tipos de fatores relacionados, variando entre um limite mínimo
e um limite máximo, sem transformar a natureza do ecossistema
envolvido, mas apenas seu desempenho.

Actividade transformadora

Constitui-se em qualquer processo, oriundo ou não da acção


humana, capaz de alterar um ecossistema em qualquer um dos seus
níveis, ou seja, colecções de fatores ambientais, relações
ambientais e ciclos ecológicos, afectando, por esse motivo, sua
estabilidade e suas auto-capacidades.

Factor de ameaça

Factor de ameaça de uma actividade transformadora consiste em


qualquer unidade, instrumento ou processo que lhe seja peculiar,
capaz de causar adversidades ambientais, ou seja, ruptura de
relações ambientais, não em razão de características da região em
que será inserido, mas pelo potencial de impactos negativos que lhe
é inerente.

Factor de oportunidade

Factor de oportunidade de uma actividade transformadora consiste


em qualquer unidade, instrumento ou processo que lhe seja
peculiar, capaz de causar benefícios ambientais, ou seja, fortalecer
ou incrementar as auto-capacidades ambientais de sua região de
inserção, não em decorrência dela própria, mas do potencial de
impactos positivos que detém.

Empreendimento

Constitui-se em um conjunto dinâmico e integrado de recursos de


diversas naturezas, apoiados em tecnologias apropriadas,
decorrentes dos tipos de bens e servicos que objetiva produzir,
física e economicamente organizados, a fim de cumprir um
processo produtivo estabelecido.Todo e qualquer empreendimento
constitui-se em uma atividade transformadora do ambiente. No
entanto, a recíproca não é verdadeira, porquanto atividades que o
degradam não podem ser conceituadas, ambientalmente, como
produtivas. Ao ser implementada uma atividade transformadora em
uma dada região, pode-se prever algumas modificações nos
ecossistemas existentes:

1. Recursos naturais serão utilizados como insumos construtivos e


produtivos;
2. Recursos ambientais serão transformados pela ocupação
territorial;
3. Factores ambientais próprios das atividades serão introduzidos,
temporária ou permanentemente;
4. Novas demandas de relações ambientais serão estabelecidas;
5. Relações ambientais preexistentes serão modificadas.

Em síntese, é garantido que a implementação e a operação de uma


atividade transformadora, entendida como ações do meio externo,
causam modificações na ordem e na complexidade dos
ecossistemas que sejam suscetíveis à sua presença, direta e
indiretamente. Decorrem dessa constatação os conceitos de
intervenção ambiental, alteração ambiental e fenômeno emergente,
a seguir apresentados.

Intervenção ambiental

Trata-se de toda e qualquer ação ou decisão que envolva a


introdução, concreta ou virtual, permanente ou temporária, de pelo
menos um fator ambiental em um dado ambiente, capaz de gerar ou
induzir o remanejamento de fatores existentes no ambiente. E
importante observar que este conceito é genérico, ou seja, refere-se
a qualquer tipo de atividade que venha a ser instalada em uma dada
região.

Alteração ambiental

Consiste no remanejamento, espontâneo ou induzido, físico ou


funcional, de conjuntos de fatores ambientais da área de influencia
de atividades transformadoras, em decorrência de pelo menos uma
intervenção ambiental. Uma alteração determina, portanto, uma
nova configuração do ambiente em que ocorre, reorganizando
compartimentos e menos ambientais a partir da realização de
relações antes inexistentes entre seus fatores constituintes ou da
supressão de outras que até então se realizavam.

Atributos de um fenómeno ambiental


Constituem-se nos elementos específicos de eventos dessa ordem,
capazes de caracterizá-los qualitativa e quantitativamente. Dentre
os mais importantes destacam-se: intensidade, distributividade,
cumulatividade, sinergia, probabilidade, duração, reversibilidade e
carência.

- Intensidade: caracteriza a magnitude do impacto ambiental


distribuído, acarretado pela ação de um fenômeno ambiental dos
factores ambientais que afecta e das mudanças que impõe a ciclos
ecológicos razoavelmente identificáveis.

- Distributividade: caracteriza a amplitude de manifestação de um


fenômeno ambiental em termos de:

a) Sua presença em regiões geoeconómicas que compõem a área do


estudo;

b) Número de compartimentos ambientais que impacta


diretamente;

c) Quantidade de relações que mantém com eventos ambientais de


igual ordem.

- Cumulatividade: caracteriza a propriedade de um fenômeno


ambiental tornar-se mais ou menos intenso pela continuidade de
ação das mesmas fontes que lhe deram origem.

- Sinergia: caracteriza a capacidade de dois ou mais fenômenos


ambientais, em interação, gerarem eventos ambientais resultantes,
com impacto ambiental vinculado potencializado em intensidade

e/ou diverso em termos de sua natureza. Em situações específicas,


uma relação sinérgica pode induzir ou acarretar espontaneamente
uma alteração ambiental secundária, da qual decorrem outros
fenômenos emergentes. A sinergia é uma propriedade comum
também às alterações ambientais.

- Probabilidade: caracteriza a chance de ocorrência de um


fenômeno ambiental, a partir da ocorrência de pelo menos uma
atividade transformadora. O modelo não contempla
matematicamente esse atributo, uma vez que adota, para efeito da
elaboração de qualquer tipo de plano ambiental, a efectiva
manifestação de cada fenómeno identificado. Esta premissa, na
prática, implica adoptar probabilidade igual a 1 (um) para todos os
eventos considerados.

- Duração: caracteriza o tempo de ação de um fenômeno sobre os


fatores ambientais que afecta.

- Reversibilidade: caracteriza a chance de neutralização natural de


um fenômeno pelo retorno do comportamento e da funcionalidade
dos fatores afetados ao seu estado primitivo.

- Carência: caracteriza o diferencial de tempo entre a manifestação


de uma atividade transformadora e a manifestação de seus efeitos
sobre a estabilidade ecológica dos ciclos que afecta através de um
fenômeno.

- Relevância global: representa a importância do fenômeno perante


sua área de influência em termos de sua distributividade, duração e
carência.

Valor potencial de impacto


Representa a medida estimada, em unidades de qualidade
ambiental, das variações da estabilidade ecológica de um
ecossistema, a partir das manifestações de um fenômeno,
comparando as alternativas oferecidas pelos cenários tendencial e
de sucessão. Assim sendo, as atividades transformadoras são
eventos de 1ª ordem; as intervenções, de 2a ordem; as alterações,
de 3a ordem; e, por fim, os fenômenos, que são de 4a ordem.

Ciclo de intervenção ambiental


Caracteriza a transitividade da energia de geração do impacto
ambiental, desde a sua origem, nas actividades transformadoras, até
as alterações e fenómenos deles derivados no ambiente.
Constitui-se em um elemento teórico que configura a imagem das
relações entre os eventos ambientais. Cada intervenção possui o seu
ciclo, de tal maneira que qualquer actividade transformadora, na
sua relação com o meio, pode ser ambientalmente analisada pelo
conjunto de ciclos que acarreta, os quais se integram de acordo com
os factores que afectam simultaneamente.
Os ciclos de intervenção expressam os riscos e os potenciais a que
o ecossistema estará sujeito.

Impacto ambiental
Consiste no resultado da variação da quantidade e/ou da qualidade
de energia transacionada nas estruturas aleatórias dos ecossistemas
diante da ocorrência de um evento ambiental capaz de afecta-las,
quer ocasionando eventos derivados, quer modificando a natureza e
a intensidade do comportamento e/ou da funcionalidade de pelo
menos um conjunto de factores ambientais, beneficiando-os ou
prejudicando-os nas relações que mantêm entre si e com outros
factores a eles vinculados.

Considerando a estrutura conceitual ate agora apresentada, o


impacto ambiental constitui-se em qualquer modificação dos ciclos
ecológicos em um dado ecossistema. Nessa linha de abordagem, a
ruptura de relações ambientais normalmente produz impactos
negativos, a não ser que essas relações já refletissem o resultado de
processos adversos. Por analogia, o fortalecimento de relações
ambientais estáveis constitui-se em um impacto positive. For fim,
tem-se os casos que representam a introdução de novas relações
ambientais em um ecossistema. Neles há-de ser efectuada a análise
de todos os seus efeitos, de modo a enquadrá-los, um a um, como
benefícios ou adversidades. Em suma, os impactos ambientais
afectam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos,
fragilizando-a ou fortalecendo-a.

Avaliação ambiental
O acto de avaliar pressupõe três elementos: um padrão de medida;
a mensuração do objeto a ser avaliado segundo esse padrão; e uma
nota que represente o desvio relativo entre o valor apropriado ao
objetivo e o padrão previamente estabelecido. O modelo proposto
segue esse mesmo critério: afere e analisa a qualidade ambiental da
área em estudo, diagnosticando a situação existente, que adota
como padrão básico de desempenho, efetua prognósticos do
comportamento e da funcionalidade ambientais da região do
estudo, em face da continuidade das atividades transformadoras
existentes, bem como o de outras que venham a ser inseridas na
região, e mensura e analisa os desvios entre esses prognosticos pela
aferição de indicadores ambientais.

Potencialidade ambiental
Uma potencialidade ambiental consiste em qualquer conjunto de
fatores de mesma natureza que, diante de atividades ocorrentes ou
que venham a se manifestar, será beneficiado, favorecendo a
qualidade ambiental resultante da região em que ocorre.

Vulnerabilidade ambiental
Uma vulnerabilidade ambiental consiste em qualquer conjunto de
fatores ambientais de mesma natureza que, diante de atividades
ocorrentes ou que venham a se manifestar, poderá sofrer
adversidades e afetar, de forma vital ou total ou parcial, a
estabilidade ecológica da região em que ocorre.

Área de influência (AIN)


Consiste no conjunto das áreas que sofrerão impactos diretos e
indiretos decorrentes da manifestação de atividades
transformadoras existentes ou previstas, sobre as quais serão
desenvolvidos os estudos:
AIN = AIT + AID + AII.

Área de intervenção (AIT)


Consiste no conjunto das áreas em que serão introduzidos,
temporária ou permanentemente, os fatores ambientais que
compõem cada uma das atividades transformadoras previstas e a
infra-estrutura por elas demandadas.

Área de influência direta (AID)


Consiste no conjunto das áreas que, por suas características, são
potencialmente aptas a sofrer impactos diretos da implantação e da
operação de atividades transformadoras, ou seja, impactos oriundos
de fenômenos diretamente decorrentes de alterações ambientais que
venham a suceder. Este conceito admite, portanto, que um dado
fenômeno possa dar origem a outros fenômenos (fenômenos
primários e fenômenos secundários), constituindo assim uma
cadeia de eventos, que será tão grande quanto mais variadas forem
as relações ecológicas entre os fatores ambientais diretamente
impactadas pelo fenômeno inicial e pelos que com eles se
relacionam.

Área de influência indireta (AII)


Consiste no conjunto das áreas, normalmente limítrofes à área de
influência direta, potencialmente aptas a sofrer impactos
provenientes de fenômenos secundários.

Sumário
Como vimos na introdução, que na avaliação ambiental, para ser
correctamente desenvolvida, requer a utilização de equipas multi e
interdisciplinares, pois, cada analista tende a enfocar o quadro
típico de sua especialidade, oferecendo ao grupo os factores e as
relações condicionantes da transformação ambiental a ser avaliada
segundo uma óptica específica. Para tentar equacionar uma
proposta razoável, modelada, para a avaliação ambiental, tornou-se
necessário apresentar alguns conceitos básicos que ora foram
tornados por empréstimo de outras áreas do conhecimento, estaque
foi a base desde capítulo.
Exercícios
 De uma forma resumida, tente discutir e fazer análise de
todos conceitos básicos para a Avaliação dos Projectos
Ambientais.

Unidade VI
Avaliação de Impacto Ambiental
Introdução
Antes de se colocar em práctica um projecto, seja ele público ou
privado, é necessário que se procure antes saber mais a respeito do
local onde tal projecto será implementado, conhecer melhor o que
cada área possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera,
litosfera) e ambiente social (infraestrutura material constituída pelo
homem e sistemas sociais criados).
A avaliação de Impacto Ambiental, permite que uma certa questão
seja compreendida: protecção e preservação do ambiente e o
crescimento e desenvolvimento economico.
Muitas vezes podemos encontrar grandes áreas impactadas, ou até
mesmo países e estados, devido ao rápido desenvolvimento
económico, sem o controlo e manutenção dos recursos naturais. A
consequência pode ser poluição, uso incontrolado de recursos como
água e energia etc.
E também podemos encontrar áreas impactadas por causa do
subdesenvolvimento, que traz como consequências a ocupação
urbana indevida em áreas protegidas e falta de saneamento básico.
Avaliar para planear permite que desenvolvimento economico e
qualidade de vida possam estar caminhando juntos. Depois do
estudo, pode-se realizar um planeamento melhor do uso e
manutenção dos recursos utilizados.
É sabido que Meio Ambiente tem vários significados para pessoas
e realidades diferentes. Não seria então estranho compreendermos
que muitos projectos são propostos para ambientes diversos. Então,
fazer uma análise ambiental é, antes de tudo, estudar as possíveis
mudanças de características socioeconómicas e biogeofísicas de um
determinado local (resultado do plano proposto).

Este capítulo tem por objectivos os seguinte pontos:


 Definir a Avaliação do Impacto Ambiental.
Objectivos  Mostrar a Origem da Avaliação do Impacto Ambiental.
 Enunciar os Princípios da AIA e actores da AIA.
 Analisar as Metodologia de Avaliação do Impacto
Ambiental.
 Elucidar as etapas da AIA

6.1 Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) - é um instrumento


de gestão ambiental preventiva que consiste na identificação e
análise prévia, qualitativa e quantitativa, dos efeitos ambientais
benéficos e perniciosos de uma actividade proposta. (Artigo 1, do
Decreto 45/2004-Regulamento sobre o Processo de Avaliação do
Impacto Ambiental).

Desde os anos sessenta e com o desenvolvimento industrial,


tornou-se necessária a tomada de consciência sobre os aspectos
ambientais. Nos países desenvolvidos, principalmente, o público
exigiu que factores ambientais fossem prestados à atenção na
tomada de decisão. Situação idêntica é observada hoje nos países
em vias de desenvolvimento, onde a aprovação de actividade de
desenvolvimento é efectuada pelos órgãos governamentais,
acautelando-se sempre aspectos perniciosos ao ambiente.
Anteriormente, as tentativas iniciadas de avaliação de projectos
centrava-se apenas a estudos de viabilidade técnica e análise de
custo-benefício, e a avaliação era centralmente de carácter peculiar,
esquecendo-se dos aspectos físicos, bióticos e socioeconómicos.

A AIA é hoje um instrumento fundamental para a gestão ambiental,


pois encerra dentro de si, considerações tanto físicos, bióticos e
socioeconómicos.

6.2 Origem e Evolução da AIA

A origem do processo de AIA, começou nos Estados Unidos da


América no ano 1969 do ´´National Environmental Protection Act
(NEPA) /Lei Ambiental Ambiental Fideral" que entra em vigor em
1970. Esta lei impulsionou a abordagem integrada na avaliação do
impacto ambiental de actividades modificadoras do ambiente.
Foram concebidos vários métodos de AIA para atender às
exigências, mas insuficientes quanto à sua fundamentação
científica.

A partir de 1980 iniciou-se com uma abordagem científica


avançada, pois foi possível a solução de problemas específicos a
cada estudo de impacto ambiental.

Diversos factores históricos contribuíram para o surgimento da


AIA, de entre eles destacam-se:

 O crescimento económico registado na década 50-60,


baseado na exploração não controlada de recursos naturais
(madeiras, minerais, recursos hídricos, etc), que resultou em
impactos ambientais bastante negativos. Com o aumento da
consciência sobre os problemas ambientais, na década 60 o
público e grupos ambientais começaram a exigir que se
tomasse em consideração os factores ambientais na tomada
de decisão sobre os projectos, pós apenas considerava-se a
análise técnica e económica de custos e benefícios. A AIA
expandiu rapidamente nesta década pelos países
desenvolvidos e instituições económicas, cujos exemplos
são: Canadá (1973), EUA, na Europa a França (1976), Nova
Zelândia, Austrália e Holanda.

 Nos países em vias de desenvolvimento, a AIA surge na


Década 70 pelas seguintes razões:

- Exigências dos agentes internacionais de cooperação


económica;
- O Banco Mundial, ADB, ICF, foram instituições
activas na implementação da AIA, pois estas para
além da exigência em relação a observância dos
aspectos ambientais nos projectos, forneceram
capacitação para a implementação da AIA.
Durante o processo de implementação da AIA os países em via de
desenvolvimento depararam-se com vários constrangimentos, tais
como:
- Elevado nível de pobreza;
- Existência de áreas Industriais e urbanas não
ordenadas;
- Carência de infra-estruturas e serviços sociais;
- Vontade política;
- Burocracia;
- Fraca interacção entre os diferentes sectores
governamentais;
- Falta de recursos (humanos e matérias) tanto pelos
promotores e fazedores da AIA.

 A realização da Conferencia das Nações Unidas para o


Ambiente e Desenvolvimento – Declaração do Rio, em
1992, no Brasil, marcou uma grande etapa em relação a
consciencialização do Mundo sobre a problemática das
questões ambientais. A Declaração do Rio constitui um
instrumento internacional para se prosseguir com o
desenvolvimento sustentável.

 Em Moçambique, os aspectos ambientais nunca mereceram


alguma importância relevante no passado. Por exemplo, as
pesquisa e exploração de carvão de moatize, as pesquisas de
hidrocarbonetos em Pande, Temane e Lago Niassa, as
pedreiras e areeiros espalhados por este país, as estradas
pontes e outras infra-estruturas com impactos negativos
sobre o ambiente, só para citar alguns, foram realizados sem
considerar os impactos que adivinham da sua
implementação. Nessa altura, os princípios de protecção
ambiental restringiam-se a algumas poucas áreas, que
incluíam a costa, as florestas e fauna bravia (MICOA,
1996).

 A criação do CHAEM (Centro de Higiene Ambiental e


Exames Médicos), dentro do MISAU, com o objectivo de
garantir a saúde pública, especificamente o consumo de
água e alimentos em condições apropriadas, mostra que já
existia preocupação em relação a saúde pública.

O Programa de Gestão Ambiental indica os seguintes passos da


institucionalização da gestão ambiental em Moçambique (MICOA,
1996)

 1982: Criação da Unidade de Gestão Ambiental no Ex-


Instituto Nacional de Planeamento Físico, com as tarefas
de: propor um aparelho institucional ambiental e criar uma
consciência ambiental na população Moçambicana,
 1985: Criação do Conselho do Ambiente com os mesmos
propósitos da Unidade de Gestão Ambiental.
 1987: É designado o Ministério dos Recursos Minerais para
dirigir o processo de institucionalização da gestão
ambiental.
 1991: Criada a Divisão do Ambiente, como resultado do
memorando de entendimento entre o Governo de
Moçambique e o PNUMA, que consistia em apoio aos
esforços de desenvolvimento de uma capacidade de gestão
ambiental em Moçambique.
 1992: Criação da Comissão Nacional do Meio Ambiente
(CNA) pelo Decreto Nº 2/92, após a análise e discussão
sobre o estado do ambiente e as recomendações saídas da
Conferência das Noções Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
 1994: Criado o Ministério para a Coordenação da Acção
Ambiental (MICOA).
 1997: Aprovada a Lei do ambiente (Lei 20/97, de 01 de
Outubro) e em 2004 é aprovado o através do Decreto
45/2004 - Regulamento Sobre o Processo de Avaliação de
Impacto Ambiental, revogando-se assim, o Decreto nº
76/98 de 29 de Dezembro, institucionalizado legalmente a
Avaliação do Impacto Ambiental.

Desde a sua institucionalização no mundo, a Avaliação do Impacto


Ambiental evoluiu bastante com a reformulação do conceito
ambiente, passando desde um instrumento que defendia uma causa
puramente ecológica, onde as análises feitas concentravam - se
bastante nos aspectos biofísicos, para uma análise integrada que
considera todos aspectos não só biofísicos, como também sócio
económicos e de saúde humana.

Objectivos da AIA

Constituem objectivos da AIA os seguintes:

 Fornecer informações sobre as implicações ambientais


significativas de determinadas actividades propostas.
 Sugerir modificações da acção tendente à eliminação dos
impactos potenciais adversos e potenciação dos impactos
positivos.
 Subsidiar as autoridades a decidir pela melhor alternativa,
quer seja locacional, quer de processo, confrontando com a
alternativa zero de não execução da obra ou existência do
empreendimento.

6.3 Princípios da AIA e Actores da AIA

Compreendem: a Informação, Prevenção, Sustentabilidade,


Participação e Actividade. A AIA é um processo multidisciplinar e
multisectorial compreendendo vários actores, de entre eles
destacam-se:

 O MICOA;
 Os proponentes de actividades de desenvolvimentos;
 Comunidades afectadas e partes interessadas;
 Os consultores;
 Outras instituições do estado;
 Organizações não-governamentais – ONG´s;
 Sociedade civil.

6.4 Metodologia de Avaliação do Impacto Ambiental

A partir da promulgação do National Environmental Policy Act


(NEPA) ou Lei Ambiental Federal em 1970 institui-se,
formalmente, nos EUA, o processo de AIA. Desde então, se dá o
início de desenvolvimento de métodos e técnicas, a fim de
sistematizar as análises efectivadas, utilizando, algumas vezes,
técnicas de outras áreas do conhecimento.

Método de AIA - são mecanismos estruturados para colectar,


analisar, comparar e organizar informações e dados sobre os
impactos de uma proposta, incluindo meios para a apresentação
escrita e visual destas informações ao público e aos responsáveis
pela tomada de decisão (Bisset, 1982).

O termo Metodologia refere-se a maneira estruturada para a


realização de uma das básicas actividades de identificação dos
impactos. Fica, então, a critério de cada equipe técnica a escolha do
(s) método (s) mais adequado (s) ou parte (s) dele (s), segundo as
actividades previstas.
Alguns dos métodos formais mais comuns usados para a
identificação dos impactos são: Reuniões Ad Hoc, As listagens,
Matrizes, Sistema de redes, Mapas de Sobreposições, Sistema de
Informação Geográfica, Experiência profissional, entre outros.

a) AD HOC (Reuniões)

Trata-se de um dos métodos clássicos de avaliação de impacto


ambiental que consiste em reuniões de técnicos e especialistas
escolhidos de acordo com as características e a localização do
projecto a ser analisado.

b) Listagens ou Check-list

Numa fase inicial, a listagem representa um dos métodos mais


utilizados em AIA. Constitui uma evolução do método Ad Hoc.
Preparam-se listagens de factores (ou componentes) ambientais
potencialmente afectáveis pela acção proposta. Este método
consiste na listagem dos aspectos ambientais ou acções da
actividade que precisam ser investigadas com possíveis impactos
ambientais. As listagens variam desde a uma simples lista
[questionário/inquérito] aos sistemas descritivos que consideram a
significância dos impactos através de medições [escalas, peso,
valores dos impactos], predição e interpretação das mudanças para
os factores ambientais afectados. Os especialistas relacionam os
impactos decorrentes das fases de implantação e operação do
empreendimento, categorizando-os em positivos ou negativos,
conforme o tipo da modificação antrópica a ser introduzida no
sistema analisado.

Tabela 1: Sumarização dos impactos ambientais para um gasoduto


Questão Sim Talve Não Comentários
z
O projecto ira:
Terra
Alterar os solos?
Alterar os contornos, canais
e bancos de rios
Incrementar ventos ou
erosão?
Resíduos O projecto ira:
sólidos
Gerar resíduos
significativos?
O projecto ira resultar na

Agua Descarga no sistema de


esgoto publico?
Mudanças no curso actual da
agua doce e salgada?
Mudanças na taxa de
absorção, drenagem natural?
Descarga nos corpos de agua
e alterar a qualidade?
Alterar a qualidade da água
subterrânea?
Contaminação da agua de
uso publico?

c) Matrizes de interacção

As matrizes são [tabelas] que podem ser usadas para identificar a


interacção entre as acções da actividade e os aspectos ambientais a
serem afectados durante as diversas fases de sua implementação.
Assim coloca-se numa das colunas as acções da actividade e noutra
coluna os aspectos ambientais que podem ser afectados. Nos
quadradinhos da tabela podem ser incluídos comentários sobre a
severidade dos impactos ou outros aspectos relacionados com a
natureza dos impactos, tais como símbolos que podem indicar o
tipo de impactos (directo ou indirecto), números ou uma série de
pontos a indicarem a escala e podem ser feitos comentários
descritivos.

As matrizes são muito aplicadas para identificação dos impactos e a


vantagem é de possibilitar a verificação da relação entre a acção
específica e o impacto.

Exemplo de Matriz de Leopold:


1. Identificar todas acções que são parte da actividade e
coloque em cima da tabela,
2. Para cada acção, procure abaixo na lista de factores
ambientais e coloque uma linha diagonal onde os impactos
são possíveis de ocorrer,
3. Para cada quadradinho contendo a linha diagonal atribua
um valor da magnitude, que indica a intensidade ou escala
do impacto, no valor de 1 (menor) e 10 (maior) e em cima
do canto esquerdo de cada quadradinho +(positivo) e –
(negativo). A atribuição destes valores devera basear- se
numa avaliação objectiva de factos relacionados com os
impactos antecipados.
4. Por outro lado a importância de um impacto relaciona- se
com a sua significância, ou a avaliação da probabilidade das
consequências dos impactos antecipados. A escala da
importância, pode variar de 1 indicando menor e 10
indicando maior importância.
5. Portanto, na parte baixa da mão direita de cada quadradinho
coloque um valor 1 (menor) e 10 (maior) para indicar a
significância ou importância do impacto.
6. A atribuição dos valores numéricos da importância dos
impactos baseia- se no julgamento subjectivo de indivíduos,
pequenos grupos ou uma equipa interdisciplinar trabalhando
no estudo.
7. As matrizes podem identificar os impactos negativos e
positivos
8. Nas matrizes podem ser usados códigos pré definidos para as
características dos impactos.
Tabela 2: Exemplo de Matriz de um Projecto de implantação de um
oleoduto
Compone Acções da Actividade
ntes Fase de construção Fase de operação
ambientai Limpez Escavaç Colocaç Transpo Comercializ
s a da ões ão da rte do ação
afectáveis área tubage combustí
m vel
Fauna - -
Vegetação -
Ar -
Agua - -
Solo - - -
Economia +
Emprego + + + + +
Magnitude6 (1 á 10 pontos), + (Positivo), - (negativos)

6.4.1 Sistema de redes

Também designado de árvore dos impactos, as redes ilustram as


múltiplas inter-relações existentes entre as causas dos impactos, ou
seja as acções da actividade e os factores ambientais afectados e
portanto é útil para identificação de uma segunda ordem de
impactos (indirectos, sinérgicos, etc). As redes usadas com outros

6
Magnitude – é igual a intensidade com que o impacto afecta populações,
processos sociais e ambientais, inflige normas, podendo ser: baixa, alta e media.
métodos podem ajudar a identificar impactos antecipados
associados aos potenciais impactos da actividade [impactos
secundários]. Deste modo, a acção inicial apresenta-se sempre a
esquerda, enquanto outras acções causadoras dos impactos e
factores ambientais afectados são apresentados logo a seguir na
rede.

6.4.2 Mapas de Sobreposições e Sistema de Informação


Geográfica (GIS)

Sobreposição de mapas ou imagens de computador podem ser


usados para mostrar os impactos. Os sistemas mais avançados em
uso actualmente são os baseados em dados de computador do
sistema de informação geográfica (GIS). Os GIS´s dividem os
mapas em células pequenas e estas armazenam muita informação
que pode ser usada para análise e modelações.

6.4.3 Experimentos e modelações físicas

Os experimentos e modelações físicas poderão ser usados para


testar e analisar os efeitos de actividades semelhantes bem como a
efectividade das técnicas de mitigação. As experiências poderão ser
feitas no campo sob condições específicas de laboratório,
dependendo da natureza dos impactos e dos recursos disponíveis.
As modelações físicas poderão ser usadas para prever os impactos
da actividade proposta no ambiente proposto. Os exemplos de
experimentos são a exposição de peixes em laboratório a poluentes,
triagem de campo para verificar a efectividade das medidas de
controlo da erosão.

Tabela 3: Vantagens e desvantagens dos métodos de identificação


dos impactos
Método Vantagem Desvantagens
Listagens Simples de entender e usar
Não distingue impactos
directos e indirectos
Matrizes Liga acção e impacto Dificilmente distingue
Útil para apresentar os resultados impactos directos e
do EIA indirectos
Sistema de Liga acção e impacto Podem ser muito complexos
Redes Identifica os impactos secundários quando usados alem das
Manuseia impactos directos e versões mais simples
indirectos
Mapas de Fácil de entender Indica apenas impactos
Sobreposiçõ Bom método para apresentação directos
es Não indica a duração e
probabilidade
GIS e Excelentes para identificação dos Dependem em grande
programas impactos e sua analise mediada no conhecimento e
de Bons para experimentação dados
computação Complexos e caros
especializad
os

Sumário
Estudamos neste capítulo, Avaliação do Impacto Ambiental, que é
um instrumento de gestão ambiental preventiva que consiste na
identificação e análise prévia, qualitativa e quantitativa, dos efeitos
ambientais benéficos e perniciosos de uma actividade proposta.
Vimos que a Avaliação de Impacto Ambiental, permite que uma
certa questão seja compreendida, no que concerne a protecção e
preservação do ambiente e o crescimento e desenvolvimento
económico.
Falamos que antes de se colocar em práctica um projecto, seja ele
público ou privado, é necessário que se procure antes saber mais a
respeito do local onde tal projecto será implementado, conhecer
melhor o que cada área possui de ambiente natural (atmosfera,
hidrosfera, litosfera) e ambiente social (infraestrutura material
constituída pelo homem e sistemas sociais criados).
Definimos os métodos para a Avaliação do Impacto Ambiental, que são
mecanismos estruturados para colectar, analisar, comparar e
organizar informações e dados sobre os impactos de uma proposta,
incluindo meios para a apresentação escrita e visual destas
informações ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão.
Exercícios
1) Define a Avaliação de Impacto Ambiental? E diga em que
consiste?
2) Diga quando e onde teve origem a Avaliação de Impacto
Ambiental?
3) Mostra a importância da Conferência das Nações Unidas
para o Ambiente e Desenvolvimento – Declaração do Rio,
realizada no ano de 1992, na cidade de Rio de Janeiro em
Brasil, para a Avaliação de Impacto Ambiental.
4) Quais são os objectivos da AIA?

5) Quais são os Princípios da AIA e Actores da AIA?


6) Reflita sobre os métodos da Avaliação do Impacto
Ambiental

Unidade VII
Etapas da Avaliação de Impacto
Ambiental – Caso de Moçambique
Introdução
Este capítulo é continuidade do anterior capítulo, onde falamos que
antes de se colocar em práctica um projecto, seja ele público ou
privado, é necessário que se procure antes saber mais a respeito do
local onde tal projecto será implementado, conhecer melhor o que
cada área possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera,
litosfera) e ambiente social (infraestrutura material constituída pelo
homem e sistemas sociais criados). Neste capítulo falaremos das
etapas para elaboração da Avaliação de Impacto Ambiental.

Este capítulo tem por objectivos os seguinte pontos:


 Mostrar as as etapas para a elaboração da Avaliacao do
Objectivos Impacto Ambiental
 Fazer simulação da Avaliação do Impacto Ambiental
7.1ETAPAS DA AIA

Em alguns países como Moçambique, a AIA é um requisito legal,


enquanto em outros é exigida indirectamente no âmbito do
planeamento global ou pelas entidades responsáveis pela saúde ou
pelo controlo da poluição. As etapas do processo de AIA em
Moçambique englobam:

1. Selecção das acções/ Pré-avaliação (Screening)


2. Definição de âmbito /Scoping (Elaboração de TdR’s e
EPDA)
3. Preparação do EIA (Identificação dos impactos, Predição
dos impactos/analise e quantificação dos impactos,
Avaliação dos impactos, mitigação e plano de
monitorização, Elaboração de Estudos de base, Elaboração
do REIA ou REAS)
4. Revisão do REIA (Tomada de decisão sobre o REIA)
5. Monitorização
6. Auditoria Ambiental
7. Desactivação da actividade

1. Selecção das acções/ Pré-avaliação (Screening)

Em Moçambique a Pré- avaliação é antecedida pela Instrução do


processo que consta no Artigo 6, do Decreto 4572004
(Regulamento Sobre o Processo de Avaliação de Impacto
Ambiental). É nesta etapa que os proponentes deverão apresentar a
Autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental, a nível central, ou
na respectiva DPCA, a nível local, ou ao CPI a documentação que a
baixo se segue para uma primeira apreciação e familiarização do
projecto:

a) Memória descritiva da actividade;


b) Descrição da actividade;
c) Justificativa da actividade;
d) Enquadramento legal da actividade;
e) Breve informação biofísica e sócio-económica da área;
f) Uso actual da terra na área de implementação da
actividade;
g) Informação sobre as etapas de realização da AIA
nomeadamente da elaboração e submissão dos Termos de
Referencia (TdR), EDPA, EIA/EAS;
h) Ficha de Informação Ambiental Preliminar disponível na
DNAIA e nas DPCA´s devidamente preenchida, conforme
o Anexo IV.
PROCESSO DE AIA

DEFINIÇÃO
DEFINIÇÃO DA
DA PROPOSTA
PROPOSTA
DE
DE POLITICA
POLITICA OU
OU
ACTIVIDADE
ACTIVIDADE

SCREENING /
SELECÇÃO/ AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO
CATEGORIZAÇÃO AMBIENTAL
AMBIENTAL INICIAL
INICIAL

REVISÃO
REVISÃO DO DO
REJEITADA
REJEITADA EIA
EIA // EAS
EAS NÃO
NÃO EIA/
EIA/ EAS
EAS
NECESSÁRIO REIA
REIA // EAS
EAS
NECESSÁRIO
NECESSÁRIO NECESSÁRIO

ESTUDO
ESTUDO DE
DE PRE
PRE VIABILIDADE
VIABILIDADE AMBIENTAL
AMBIENTAL //
SCOPING / TERMOS GRANDES
GRANDES APROVAÇÃO
APROVAÇÃO
TERMOS de
deREFER.
REFER.

ÚBLICA
ALCANCE/ TdR

PPÚBLICA
ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES REJEIÇÃO
REJEIÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS


MONITORIZÇÃO EMISSÃO DE LICENÇA AMBIENTAL
PREDIÇÃO DOS IMPACTOS / ANÁLISE

ÇÃO
ÇÃO
E QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS
CONSTRUÇÃO

PARTICIPA
PREPARAÇÃO

PARTICIPA
AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS
DO EIA/ EAS OPERAÇÃO
AUDITORIA
MITIGAÇÃO E PLANO DE MONITORIZAÇÃO /
RECOMENDAÇÕES E MEDIDAS DE AUDITORIA
MITIGAÇÃO

PREPARAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTUDO


FIM
FIM DO
DO PROCESSO
PROCESSO DE
DE AIA
AIA
DO IMPACTO AMBIENTAL / RELATÓRIO DE
ESTUDO AMBIENTAL SIMPLIFICADO

FIM DO PROCESSO DE AIA /


ABANDONO ORGANIZADO
DA ACTIVIDADE
Pré-avaliação

É o processo de análise ambiental preliminar que tem como


principal objectivo a categorização da actividade e a determinação
do tipo de avaliação ambiental a efectuar. (Artigo 1, Decreto
45/2004).

É a fase do processo de AIA pelo qual se seleccionam as


actividades que necessitam ou não de um EIA, bem como o nível
de sua avaliação, quer seja completo ou simplificado. Envolve o
julgamento sobre os impactos esperados de uma proposta serem ou
não significativos sobre o ambiente de implementação.

Os métodos da pré-avaliação podem compreender: (1) uma


avaliação caso a caso por parte dos decisores, (2) Exame inicial do
ambiente e (3) uso de uma lista mandatária de actividades e a lista
de exclusão de actividade.

De acordo com o Artigo 7, do Decreto 45/2004, todas as


actividades susceptíveis a causar impactos sobre o ambiente, não
constantes dos Anexos I e III, deverão ser objecto da pré-avaliação
a ser efectuadas pelo MICOA ou DPCA´s.
Da realização da pré-avaliação pode-se chegar a três situações, se
ndo:

Pré-avaliação

(1) (2) (3)


Na categorização da
actividade e Isenção de
Rejeição da
Determinação do tipo EIA
Implementa de avaliação
ção Ou EAS
Ambiental a ser
da efectuada
actividade (EIA/EAS)

Fonte: MICOA, 2012

Importância do Processo de Pré-avaliação

 É importante porque algumas actividades identificadas não


possuem impactos significativos sobre o ambiente e portanto
podem ser implantadas, enquanto outras possuem impactos
significativos sobre o ambiente biofísico social, cultural e saúde
humana.
 Permite uma tomada de decisão inicial sobre a viabilidade
ambiental dum determinado projecto de desenvolvimento e sobre
as medidas de mitigação a adoptar para minimizar os problemas
ambientais que possam decorrer;
 Constitui uma avaliação preliminar e uma condição fundamental,
como sistema de alerta, para um adequado processo global de
avaliação ambiental.

Procedimento para a Pré-avaliação

A pré-avaliação é efectuada com base na observância dos seguintes


procedimentos:
 Análise da informação constante do Artigo 6,
 Consideração dos critérios de avaliação constantes no Artigo 8,
 Conhecimento prévio do local de implementação da actividade; e
 Consulta aos Anexos I, II e III sobre a categorização das
actividades.

Em Moçambique estão isentas de qualquer EIA ou EAS as actividades


imediatas que visem fazer face as situações de emergência derivadas de
desastres naturais e as que constituem segredo do estado para defesa
nacional.

1. Definição de âmbito /Scoping

Identifica as questões importantes para investigação detalhada no estudo


de impacto ambiental, garantindo que tempo e dinheiro não sejam gastos
por questões irrelevantes. E tem como objectivo final a a elaboração dos
TdR’s ou EPDA conforme o caso (EAS ou EIA).

A definição de âmbito identifica os limites do EIA, preocupações,


informação necessária para a tomada de decisão, efeitos significativos e
factores a considerar.

É um processo interactivo entre o publico, o governo, os proponentes por


serem os principais actores do processo, que atribuem importância
diferente aos mesmos factores ambientais.

Os métodos usados para a definição do âmbito são:

 Identificação das preocupações cientificas e das comunidades em


relação a proposta da actividade,
 Avaliação dessas preocupações para determinar as questões
significativas para o EIA e eliminação das questões
insignificantes,
 Organização e comunicação dessa informação para apoiar a
analise das questões e tomada de decisão.

A Definição de âmbito deve considerar: a proposta, a localização da


actividade, as possíveis alternativas, os impactos prováveis, as maneiras
que os potenciais impactos devem ser mitigados e geridos, a área
geográfica, o período para análise dos impactos, as metodologias, a
proposta para a consulta pública, o tempo para realização do EIA.
No Artigo 10 e 11 do Decreto 45/2004 são apresentados os conteúdos dos
Estudos de Pré- Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e
Termos de Referencia (TdR).

2. Preparação do EIA

É análise científica e objectiva da escala, de significado e importância dos


impactos identificados. É a fase mais trabalhosa porque é preciso prever
as condições actuais e futuras.

As tarefas nesta fase compreendem: a identificação adicional e detalhes


de impactos, analise dos detalhes e impactos para determinar a sua
natureza, magnitude, extensão e efeitos, significância.

A preparação do EIA engloba sub fases, que compreendem: Identificação


dos impactos.

Predição dos impactos, Avaliação dos impactos, mitigação e plano de


monitorização e Elaboração do REIA ou REAS.

3.1 Identificação dos impactos

Para a identificação dos impactos uma metodologia deveria ser usada


para a refinação dos impactos que precisam ser investigados com detalhes
para assegurar que toda causa dos impactos e suas interacções são
identificadas. Alguns dos métodos usados nesta fase são: listagens,
matriz, sistema de redes, mapas de sobreposição, GIS, experiência
profissional.

3.2. Predição dos impactos

Assim que uma série de impactos tiverem sido identificadas, a natureza e


a grandeza de cada um deles deve ser prevista. As predições devem ter
em conta os dados e as técnicas para o meio biológico, físico, sócio -
económico e antropológico e deverá empregar modelações matemáticas,
modelações físicas, técnicas sócio – culturais e económicas, experiências
laboratoriais e julgamentos profissionais, mas sempre de acordo com o
âmbito do estudo para evitar gastos desnecessários. Os impactos deverão
ser preditos quantitativamente para facilitar a comparação das
alternativas.

As mudanças causadas por um determinado impacto poderão ser


avaliadas comparando o futuro esperado do estado das componentes
ambientais se a proposta não for implementada com o estado das
componentes ambientais se a actividade prosseguir. Deste modo, uma das
primeiras acções na predição e análise dos impactos será a de identificar
as condições da situação de referência num determinado período de
implementação da actividade.

A significância dos impactos será determinada pela consideração da


característica do impacto e da sua importância (valor). Alguns critérios
para a avaliação da significância dos impactos devem ter em
consideração a importância ecológica, social, padrões de qualidade e
estatísticas de significância.

A importância ecológica deve considerar os efeitos nas plantas e animais,


espécies indígenas e raras, a sensibilidade, resiliência, biodiversidade e
capacidade de carga dos ecossistemas e a disponibilidade da população
de espécies locais. Por outro lado, a importância social inclui efeitos na
saúde e segurança humana, perdas de espécies com valor comercial ou
produção disponível, valores estéticos ou recreativos, demanda nos
serviços públicos e sociais, demanda nos transportes ou outras
infraestruturais e efeitos demográficos. Os padrões ambientais sãos os
meios mais comuns para avaliação da significância, eles incluem os
limites de emissão, as politicas, os planos de uso de certos recursos.
Finalmente, as estatísticas de significância podem apresentar mudanças
das características ambientais.

Os métodos para a predição dos impactos são o julgamento profissional,


método quantitativo de modelações matemáticas, experiências
laboratoriais, modelações físicas e estudos de caso.

a) Julgamento profissional

Todos métodos analíticos dos impactos possuem um determinado nível


de julgamento profissional. A aplicação inteira do julgamento
profissional não poderá ser evitada se não existirem dados para suportar
rigorosamente as análises ou ausência de técnicas analíticas para
determinar a predição dos impactos.

Os exemplos de julgamento profissional incluem os sociólogos prevendo


os impactos de uma actividade de abastecimento de água, tendo em conta
a natureza do trabalho de uma mulher numa comunidade. O
antropologista usando um seminário para avaliar a significância cultural
numa comunidade. Contudo, estes especialistas devem ser bem
experientes nas suas especialidades, no tipo da actividade proposta, na
área geográfica e nos EIA.

b) Modelações matemáticas quantitativas

Modelações são expressões desenvolvidas para simular situações reais.


Assim que desenvolvidos não é difícil alterar as condições iniciais dos
modelos e verificar como os resultados são influenciados com as
alterações iniciais. Por exemplo, diferenças na poluição do ar poderão ser
calculadas mudando apenas a altura da chaminé. Dada a natureza destes
modelos, os especialistas na sua interpretação, tomam muitas vezes
suposições, que deverão ser devidamente justificadas para a sua
validação. Alguns exemplos de modelações quantitativas matemáticas
são os usados para a dispersão de emissões do ar para prever as suas
concentrações num determinado ponto, modelações hidrológicas para
prever as mudanças no regime das correntes de água num determinado
rio.

c) Experimentos e modelações físicas

Os experimentos e modelações físicas poderão ser usados para testar e


analisar os efeitos de actividades semelhantes bem como a efectividade
das técnicas de mitigação. As experiências poderão ser feitas no campo
sob condições específicas de laboratório, dependendo da natureza dos
impactos e dos recursos disponíveis. As modelações físicas poderão ser
usadas para prever os impactos da actividade proposta no ambiente
proposto. Os exemplos de experimentos são a exposição de peixes em
laboratório a poluentes, triagem de campo para verificar a efectividade
das medidas de controlo da erosão.

d)Estudos de caso

A revisão de estudos de casos de actividades semelhantes em ambientes


semelhantes poderá fornecer boas bases para confirmar a direcção de
certas constatações.

Este valor adicionado a probabilidade deste impacto acontecer da - nos


um valor que comparando com os outros numa determinada escala
indica- nos valores significativos e não significativos.

Avaliação dos impactos, mitigação e plano de monitorização


4. Elaboração do REIA ou REAS

É a aglutinação de estudos de base de especialistas. O EIA ou EAS


pertencem ao proponente e faz a sua respectiva revisão em primeira
instância e depois submete-o ao Órgão Regulador. Os conteúdos mínimos
que o mesmo deve conter são:

 Resumo não Técnico;


 Enquadramento legal da actividade e sua inserção no plano de
ordenamento territorial existentes na área de influencia directa da
actividade;
 A descrição da actividade;
 A delimitação e representação geográfica, assim como situação
de referência da área;
 A descrição e comparação das diferentes alternativas e a previsão
da situação ambiental futura com ou sem medidas de mitigação;
 Identificação e avaliação dos impactos e identificação de medidas
de mitigação;
 Plano de gestão ambiental com programas de educação
ambiental, monitorização, plano de contingência de acidentes;
 Identificação da equipe multidisciplinar;
 Relatório de consulta pública.
 O valor total do investimento da actividade.
5. Revisão do REIA (Tomada de decisão sobre o REIA)

Deve envolver uma equipe multidisciplinar de acordo com a natureza e


localização da actividade proposta, e deve cumprir com os prazos
estabelecidos 30 dias EAS e 45 dias EIA. A revisão e aprovação do EAS
a revisão e aprovação é de nível provincial e EIA nível central.

Sobre o REIA ocorre o seguinte:

 Aprovação
 Rejeição solicitação de reformulação
6. Monitorização

É a monitorização periódica dos parâmetros e variáveis ambientais para a


verificação das condições de licenciamento ambiental, realizada pelo
proponente. Serve para verificar se as condições de aprovação da
actividade estão sendo cumpridas ou não. Se não, introduzem-se
mecanismos para o seu cumprimento.
7. Auditoria Ambiental

É a testagem do rigor científico das predições de impactos e verificação


do grau do cumprimento do Plano de Gestão Ambiental. É da
responsabilidade do Órgão Regulador do Ambiente. É a verificação do
estado de saúde de um determinado empreendimento que passa pela
verificação das práticas e certificação de dados.

8. Desactivação da actividade

Esta etapa compreende:

 Desmantelamento ou encerramento da actividade por motivos de


vária ordem,
 Adopção de medidas de gestão ambiental e reabilitação da área,
 Destino a dar às infra-estruturas e todos os recursos adstritos à
actividade.

Sumário
Descremos as etapas da Avaliação do Impacto Ambiental, que são:
Selecção das acções/ Pré-avaliação (Screening); Definição de
âmbito /Scoping (Elaboração de TdR’s e EPDA) ; Preparação do
EIA (Identificação dos impactos, Predição dos impactos/analise e
quantificação dos impactos, Avaliação dos impactos, mitigação e
plano de monitorização, Elaboração de Estudos de base,
Elaboração do REIA ou REAS); Revisão do REIA (Tomada de
decisão sobre o REIA); Monitorização; Auditoria Ambiental e
Desactivação da actividade.

Exercícios
1. Mencione as etapas da AIA.
2. Com o auxílio do docente da Cadeira, ser-lhe-á mostrado
exemplos de estudos de Avaliação do Impacto Ambiental.
Para efeito, com dados fornecido por docente, irá
desenvolver uma simulação de estudo de Avaliação do
Impacto Ambiental.
Unidade VIII
Tipologia dos Problemas Ambientais
Introdução

Nos últimos anos, a questão ambiental vem despontando como uma


das mais desafiadoras para as gerações actuais e futuras,
principalmente pela actual constatação da gravidade e
irreversibilidade de alguns impactos sobre o meio ambiente. No
actual contexto, que pode ser definido como uma crise ambiental, a
ecologia conquistou um amplo espaço nos âmbitos nacional e
internacional, estando relacionada a praticamente todos os sectores
da actividade humana. A tipologia dos actuais problemas
ambientais ameaça não só o equilíbrio ecológico do planeta, como
diversas formas de vida, inclusive a humana.
Como os diversos tipos de problemas ambientais representam
perigo iminente ao planeta e ameaça à vida humana, torna-se
urgente que se busquem soluções para eles. Bastos e Freitas (2007)
acrescentam que o que agrava ainda mais a situação é que grande
parte desses problemas surgiram a partir da interação do homem
com o meio ambiente, o que torna necessária a reavaliação dessa
relação. A natureza não pode mais ser vista como uma simples
fonte de recursos ou um local de depósito de resíduos das
actividades humanas.

 Este capítulo tem por objectivo mostrar as principais tipologias


dos problemas ambientais
Objectivos

8.1 Principais Tipologias dos Problemas Ambientais

8.1.1 Gases com Efeito de Estufa e Alterações Climáticas

As actividades humanas poderão conduzir a alterações a nível do


clima global terrestre, porque estão a alterar a composição química
da atmosfera através da introdução de gases com efeito de estufa –
dióxido de carbono primário, metano, óxidos de azoto e vapor de
água. As propriedades térmicas destes gases conduzem
potencialmente ao aquecimento global da Terra – Efeito de Estufa
–, que constitui um dos mais graves problemas ambientais deste
século. A energia que provém do sol, comanda o calor terrestre e o
clima, e atravessa a atmosfera até ao solo, o qual, absorve parte
dessa energia e irradia uma parte para o espaço noutra frequência
de onda. Os gases de efeito de estufa, que se encontram na
atmosfera, captam parte da energia irradiada do solo, retendo o seu
calor, provocando um efeito semelhante ao de uma estufa.

8.1.2 Destruição da Camada de Ozono

A destruição da camada de ozono, que protege a vida humana dos


radiação solar ultravioleta, constitui um problema ambiental grave
cujas pressões já se fazem sentir há algum tempo pela comunidade
internacional. As mudanças ao nível da política europeia de modo,
a controlar/minimizar este problema, passam, por exemplo, pela
adopção de medidas de controlo e redução da produção dos
componentes responsáveis por esta degradação.O uso de
substâncias que provocam a destruição da camada de ozono, está a
decrescer rapidamente, mais depressa do que era recomendado pela
Comunidade, mas ao contrário do que se esperava, a concentração
de Halons atmosféricos ainda está a aumentar.

8.1.3 Substâncias Perigosas

A actividade humana já produziu mais de 100 000 novas


substâncias químicas que nunca fizeram parte do ambiente
territorial. Algumas destas substâncias contêm metais pesados e
poluentes orgânicos persistentes, que são substâncias perigosas
durante muitos anos. Para a maioria destes produtos químicos, não
se sabe como eles passam para o ambiente, como se acumulam,
dispersam e transformam e como afectam os organismos vivos a
determinadas concentrações. O que se sabe é que emissões de
muitos destes produtos, são perigosos e embora as suas emissões
tendam a diminuir, mas em muitas áreas do mundo, principalmente,
na Europa, América e Asia, as suas concentrações ainda se mantém
elevadas.

8.1.4 Poluição Atmosférica Transfronteiriça

A poluição atmosférica é um dos grandes problemas da sociedade


actual, e consiste na presença de material indesejável no ar, em
quantidades tais que podem provocar efeitos nocivos, tanto na
saúde humana, como na vegetação e no ambiente em geral,
contribuindo para o agravamento de vários dos problemas
ambientais.

A maioria dos compostos que causam a poluição atmosférica, não


são só resultantes da actividade humana são também resultantes de
fontes fora do alcance do control o humano. Estas substâncias, ao
serem libertadas para a atmosfera dispersam-se no ar, devido aos
fenómenos atmosféricos (turbulência, inversões de temperatura,
velocidade do vento), que as podem conduzir para muito longe da
sua fonte pontual. Por esta razão o fenómeno de poluição
atmosférica não pode ser considerado um problema isolado, mas
sim um problema global, para além fronteiras.

8.1.5 Pressão sobre os Recursos Hídricos

Existem várias pressões sobre os recursos hídricos resultantes das


actividades agrícola, industrial, concentração urbana e do turismo.
As principais pressões são devidas: à necessidade de água destas
actividades (que se encontra intimamente relacionada com políticas
sociais e económicas, nacionais e internacionais), à variabilidade na
disponibilidade de água e nas mudanças climáticas ao nível dos
continentes, aos acontecimentos hidrológicos extremos (que são os
períodos de seca e de cheia que criam stress hídrico e recarregam
os recursos aquíferos essenciais para a vida humana e dos
ecossistemas), e ao uso ineficiente da água.

8.1.6 Degradação dos Solos

Os solos são tão essenciais à vida humana como o ar e a água e nos


dias que correm pouca atenção tem sido dada a este recurso. Os
solos suportam as actividades humanas e fornecem materiais e água
subterrânea. A degradação dos solos é um dos problemas fulcrais,
entre outros – como por exemplo, a contaminação e a acidificação.
A degradação dos solos tem vindo a aumentar e conduz a perdas
irreversíveis devido à crescente erosão que se passa a fazer sentir, à
contaminação contínua tanto local como difusa e devido à selagem
da superfície dos solos.

8.1.7 Resíduos

Para muitos, resíduos são os “lixos” provenientes das actividades


do dia-a-dia. Sabe-se que vai para algum local – mas poucas pessoas
já viram um aterro sanitário, ou uma instalação de incineração, ou
um centro de reciclagem, ou ainda uma lixeira (estrutura
desadequada de tratamento). Os Resíduos Sólidos Urbanos são uma
pequena porção dos resíduos gerados diariamente. O problema é
que os quantitativos de resíduos por tratar estão a aumentar
rapidamente. No entanto em alguns países os resíduos ainda não
estão a ser tratados convenientemente - os resíduos biodegradáveis
estão a ser depositados em aterros quando poderiam ser sujeitos a
tratamento biológico, enquanto os metais pesados são depositados
em lixeiras, contaminando desta forma o ambiente. É necessário
adoptar urgentemente políticas de prevenção da geração de
resíduos. Por outro lado há que apostar decisivamente em políticas
de reciclagem, que considerem os resíduos não lixos mas sim como
recursos e matérias-primas.

8.1.8 Riscos Naturais e Tecnológicos

As perdas económicas registadas devido a fenómenos naturais, são


bastante avultadas, mas no entanto não existe nenhuma legislação
directamente relacionada com a prevenção de riscos naturais. As
sociedades modernas estão cada vez mais expostas a riscos de toda
a espécie, naturais, tecnológicos e ambientais. Como contributo
para a prevenção destes riscos e preparação para a gestão das
situações de emergência que deles recorrem, a Comunidade
adoptou um programa de acção comunitário a favor da protecção
civil e uma directiva relativa à prevenção dos grandes riscos
industriais.

8.1.9 Organismos Geneticamente modificados

A questão dos organismos geneticamente modificados continua


entre a incerteza dos cientistas e a controvérsia política. Estes
organismos têm sido libertados experimentalmente para o ambiente
– como por exemplo, sementes de milho – desde 1985/86, e foi
também aprovada a sua venda.

8.1.10Biodiversidade

O declínio da biodiversidade é um indicador importante do impacte


exacerbado que as actividades humanas estão a exercer sobre o
ambiente.

8.1.11 Saúde Humana


A saúde humana está intimamente relacionada com o ambiente
circundante – todos os dias respiramos ar poluído, digerimos
químicos artificiais com os alimentos, estamos sujeitos a níveis de
ruído elevados. Normalmente é muito difícil identificar relações
causa efeito, mas muitas vezes vale a pena o esforço. Por exemplo,
ligar a poluição ambiente à saúde humana ajuda a definir
prioridades para a sua redução daquela. Problemas ambientais
relacionados com a saúde humana, como por exemplo, o consumo
de água não potável, condições sanitárias inadequadas e a pobreza.

8.1.12 Zonas Urbanas

As zonas urbanas têm vários problemas associados, que passam


pelo nível de poluição, ruído e pouco acesso a zonas verdes e a
espaço aberto, entre outros.

8.1.13 Zonas Costeiras e Marinhas

Mais de 85% da costa, encontra-se ocupada por habitações, que se


encontram numa zona de risco alto ou moderado e que exercem no
ambiente diferentes tipos de pressões, pondo em risco a vida dos
seus habitantes. Uma das grandes causas da massiva urbanização
das zonas costeiras é a construção de hotéis que beneficiam a
actividade turística e que na maioria das vezes constituí uma das
fontes da destruição, destas zonas.

8.1.14 Zonas Rurais

Estas áreas sofrem de problemas ambientais como a desertificação,


contaminação de solos e recursos hídricos devido a práticas
agrícolas insustentáveis. Estas áreas têm nos últimos anos sofrido
várias ajustes, principalmente devido a alterações na política
agrícola, nas políticas de desenvolvimento regional, no aumento do
turismo nessas áreas, entre outras.

8.1.15 Zonas Montanhosas

As principais ameaças a estas zonas passam pelo aumento do


turismo, os impactos do tráfego e a mudança no uso do solo. Os
impactos das mudanças ambientais e sociais já se fazem sentir nas
áreas montanhosas através da modificação: do padrão de
precipitação, da distribuição de espécies e no seu habitat, do grau
de poluição na água e da perda de solo.

Sumário
Neste capítulo estudámos as tipologias dos problemas ambientais.
Vimos como as questões ambientais vêm despontando como uma
das mais desafiadoras para as gerações actuais e futuras.

Exercícios
1) Reflita sobre essas tipologias dos problemas ambientais:
Gases com Efeito de Estufa e Alterações Climáticas e
Destruição da Camada de Ozono.

Unidade IX
Teorias sobre meio ambiente
Introdução
A nossa abordagem se centrará em três grupos de pesquisadores,
todos eles com o objectivo de descrever o surgimento e a evolução
das múltiplas formas de vida na terra.

Nas três vertentes termos a oportunidade de analisar as teoria de


grande parte de investigadores e que se debruçam sobre diversas
áreas do ambiente, da relação que o homem estabelece com o meio
biótico e abiótico no processo da produção das suas necessidades.
Teorias como a do naturalista Charles Darwin, serão objectos de
análise com a perspectiva de interpretar os seus conteúdos com os
acontecimentos que tem lugar no dia-a-dia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Anunciar as principais teorias do ambiente.

 Fundamentar a teoria de Darwin no contexto da evolução das


Objectivos
espécies.

 Interpretar a noção que se tem sobre os impactos ambientais que


ocorrem

 Determinar os escalões dos impactos ambientais.

9.1. Teorias Sobre o Meio Ambiente

Teorias sobre meio ambiente constituem um amplo conjunto de


conhecimentos que contém factos comprovados cientificamente,
algumas hipóteses em fase de verificação e algumas especulações
preditivas sobre o entrelaçamento dos sistemas que regem a
evolução do meio ambiente terrestre.

O primeiro grupo de teorias está orientado para a explicação sobre


as origens da vida na Terra e suas primeiras etapas de adaptação.
Paleontólogos, geólogos, bioquímicos e biólogos são os principais
pesquisadores deste segmento do conhecimento humano.

O segundo grupo tem como referência principal a teoria da


evolução das espécies, de Charles Darwin, concebida na segunda
metade do século XIX, e que é até hoje estudada, principalmente
por bioquímicos, biólogos, zoologistas e especialistas em evolução
do comportamento animal.

O terceiro grupo gravita em torno da inovadora hipótese de que


sistemas instáveis em termos atmosféricos, garantiriam condições
de vida biológica num planeta como a Terra e criariam seus
próprios mecanismos reguladores, comportando-se como um
grande organismo vivo. É a chamada hipótese de Gaia (deusa
Terra dos antigos gregos) desenvolvida pelos biólogos James
Lovelock e Lynn Margulis.

Na faixa de contacto entre esses dois últimos grupos situa-se uma


grande quantidade de pesquisas que procuram estabelecer relações
entre eles. Paleontólogos e biólogos vasculham o planeta em busca
de novos fósseis que possam indicar os mecanismos de extinção
em massa de espécies que já não existem hoje, indicadores de
processos aleatórios no desaparecimento de certas espécies e a
consequente adaptação de outras.

Descobertas como a de Burgess Shale, no Canadá, que indicam um


local de espécies desaparecidas, situadas no limite entre o pré-
cambriano e o cambriano, há 540 milhões de anos, e das rochas de
Warrawoona, na Austrália, com seus microfósseis, que datam de
3,5 bilhões de anos, são exemplos dessas pesquisas. Actualmente,
a descoberta de vida em ambientes inóspitos, como nos sistemas
hidrotérmicos abissais, vem ampliar os estudos sobre o meio
ambiente terrestre.

Impacto ambiental pode ser entendido como um desequilíbrio


provocado por um choque, um "trauma ecológico", resultante da
acção do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser
resultado de acidentes naturais: a explosão de um vulcão, o choque
de um meteoro, um raio, etc. Mas devemos dar cada vez mais
atenção aos impactos causados pela acção do homem. Mas quem é
esse homem genérico, agente vago que muitas vezes é
responsabilizado por tudo? Quando dizemos que o homem causa os
desequilíbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo
construído pela humanidade ao longo de sua história.

Podemos diferenciar os impactos ambientais em escala local,


regional e global. Podemos também separá-los naqueles ocorridos
em um ecossistema natural, em um ecossistema agrícola ou em um
sistema urbano, embora um impacto, à primeira vista ocorrido em
escala local, possa ter também consequências em escala global. Por
exemplo, a devastação de florestas tropicais por queimadas para a
introdução de pastagens pode provocar desequilíbrios nesse
ecossistema natural: extinção de espécies animais e vegetais,
empobrecimento do solo, assoreamento dos rios, menor índice
pluviométrico, etc., mas a emissão de gás carbónico como resultado
da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da
concentração desse gás na atmosfera, agravando o "efeito estufa".
Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um
efeito também em escala global.

Sumário
As teorias sobre a origem da vida na terra foram desenvolvidas por
diferentes pesquisadores, temos o primeiro grupo que se preocupou
com a génese e os primeiros passos da vida na terra, o segundo
grupo se inspirou na teoria da evolução das espécies que defende
que as espécies vão evoluindo e se adaptando as novas exigências
ambientais em que as mais fortes sobrevivem e as mais fracas
correm o risco de se extinguir, e o terceiro grupo defende a
hipótese de Gaia em que sistemas instáveis em termos atmosféricos
poderiam originar e contribuir para a manutenção da vida por ela
criada.

Exercícios
1- Quais são os principais grupos de teorias ambientais que
conheces?.

2- Anuncie a Teoria de Charles Darwin que estudaste?

3- Encontre elementos que justifiquem a aplicação da Teoria


de Charles Darwin? Justifique.

4- Enumere os principais escalões dos impactos ambientais


que conheces?
Unidade X
Agentes das Mudanças Ambientais
Globais
Introdução
O efeito estufa - um fenómeno natural que preserva a vida no
planeta há bilhões de anos - vem acelerando as mudanças
climáticas, e já tem um de seus principais agentes identificado pela
ciência e tecnologia. O aumento dos efeitos do aquecimento global,
causados pela concentração e aumento dos GEE - gases que
provocam o “efeito estufa” –, coincide com a queima de
combustíveis fósseis a partir da Revolução Industrial.

Ainda que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas –


IPCC (Intergovernamental Panel Climate Change – IPCC), tenha
sido criado em 1988, seus relatórios só passaram ao domínio da
opinião pública após a divulgação pelas Mídias de alguns de seus
dados e cenários futuros quanto ao aumento dos GEE e o
aquecimento global, caso medidas não sejam tomadas pelos
governos e sociedade. Não há mais argumentos científicos que
neguem que um dos agentes dessas mudanças é o próprio ser
humano.

Conforme o Relatório Estado da População no mundo - Fundo de


População das Nações Unidas – UNFPA de novembro de 2009, a
mudança climática é muito mais do que emissões de gases que
provocam o efeito estufa. A influência da actividade humana sobre
o clima é complexa; diz respeito ao que consumimos, ao tipo de
energia que produzimos e utilizamos, se vivemos na cidade ou no
campo, em um país rico ou pobre, se somos jovens ou velhos, o que
comemos e, inclusive, no modo em que mulheres e homens
desfrutam de igualdade de direitos e oportunidades. O efeito das
mudanças climáticas dispara as migrações, destrói os meios de
sustento, altera as economias, debilita o desenvolvimento e
exacerba as desigualdades entre os sexos.
 Refletir sobre os agentes mudanças climáticas.

 Determinar as acções do Homem na natureza


Objectivos
 Destacar o papel de comando do Homem sobre a natureza.

10.1 O Homem como agentes das Mudanças Ambientais Globais

O Homem é um elemento que funciona como elemento da ecosfera


desempenhando papéis de observador e observado, possui
características de estrutura e função que o distingue dos outros
organismos em qualquer lugar se adapta.

O Homem do paleolítico não possuía as características do Homem


actual, ele não tinha as mesmas actividades económicas que se
observam hoje. O Homem do Paleolítico era um predador,
omnívoro, caçador, recoletor, migrando de região em região, e
sempre encarava dificuldades quando a caça diminuía e os vegetais
escasseavam, tais situações limitavam o crescimento da população
em número.

O reflexo do crescimento foi quando os homens dispuseram de


novos instrumentos como lanças, machados com os quais
dominaram o fogo e assim conseguiram reforçar o seu domínio na
actuação para a sua sobrevivência.

Com o domínio do fogo, os incêndios passaram a dominar o dia-a-


dia do homem, o que contribuiu para a destruição de ecossistemas e
por conseguinte dificultar a própria sobrevivência do Homem.

No Neolítico o impacto do Homem foi aumentado com a


descoberta da agricultura e da domesticação de animais, o que se
reflectiu no aumento da população humana, dai que se considera
que a agricultura condicionou toda a estrutura sociais até a
actualidade.

Com o advento da agricultura o Homem torna-se sedentário, e


passa de um simples consumidor para um comandante dos
processos naturais para produzir seus alimentos.
Foi com este comando que se desenvolveram acções que
conduziram ao uso crescente dos recursos naturais, dando lugar ao
surgimento de novas actividades do Homem tais como o comércio
e as indústrias.

Estas actividades em concordância com a necessidade de uso de


energia que partiu da eólica, hidráulica e animal, há uma intensa
navegação e construção de barragens e remoinhos os quais deram
origem a uma maior aceleração da exploração dos recursos.

Com o avanço da ciência no século XVIII, o ecossistema foi


remodelado devido a mudanças na actuação do Homem, onde este
passou a usar os combustíveis fósseis como o carvão e mais tarde o
petróleo, o que aumentou a divisão do trabalho e a diversificação
de resíduos não recicláveis por ecossistemas. Dá se alteração
profunda da paisagem natural pela construção de edifícios pontes e
outras infra-estruturas sociais.

Considera – se o Homem como agente das mudanças climáticas,


porque depende da disponibilidade de recursos para o seu
desenvolvimento. Através do seu trabalho incorpora os recursos
naturais necessários para a transformação ou produção de bens.
Assim o Homem surge e evolui com a própria evolução da
natureza.

Sumário
Como vimos atrás há milhares de anos que o homem vem
degradando a natureza, passo a passo, através de agressões como:
as queimadas, as derrubadas de florestas, o desenvolvimento
industrial que se tornou o principal responsável pela degradação da
natureza e do meio ambiente.  
Os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas - IPCC (Intergovernamental Panel Climate Change –
IPCC,), a divulgação pelas Mídias de alguns de seus dados e
cenários futuros quanto ao aumento dos gases do efeito estufa
(GEE) e o aquecimento global, os desastres ambientais revelam
diferentes cenários, caso medidas não sejam tomadas pelos
governos e sociedade. Não há mais argumentos científicos negando
que um dos agentes dessas mudanças é o próprio ser humano.
Diante dos efeitos dos fenómenos naturais, convém à espécie
humana, também aos pesquisadores/pesquisadoras e
educadores/educadoras ambientais, um olhar mais atento sobre os
efeitos e vulnerabilidades a que todos estamos expostos diante das
mudanças climáticas globais, e os desafios que se colocam aos
educadores para conter e minimizar a crise ambiental que vem
acelerando essas mudanças. O capítulo conduziu-nos a análise e
reflexão sobre a abordagem das questões das mudanças climáticas,
a necessidade da formação da consciência crítica que nos remete à
reflexão e acção sobre os factos, para transformar essa realidade,
em vez da paralisação diante deles.

Exercícios
1. Explique os níveis de intervenção humana que são ou foram
degradando o ambiente ao longo dos anos?

2. Reflita esta frase: "O Homem como agentes das Mudanças


Ambientais Globais
Unidade XI
O Homem e o Meio Ambiente
Introdução
A acção humana sobre a natureza leva nos termos que analisar os seus
efeitos sobre o meio. Durante longos anos que o Homem com o seu
trabalho e de acordo com o tempo e seu nível tecnológico foi se
relacionando com o meio de diversas formas. São estas formas que
pretendemos analisar nesta Unidade de estudo e analisamos na Unidade
anterior, onde iremos analisar este Homem como produto da natureza e
como se relaciona com esta.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Determinar as acções do Homem na natureza.

 Explicar o sentido da expressão o Homem produto da natureza.


Objectivos
 Determinar os elementos da intercção Homem natureza.

 Destacar o papel de comando do Homem sobre a natureza.


11.1 A acção do Homem Sobre a Natureza

Em uma época em que catástrofes naturais são cada vez mais


frequentes e devastadoras, as diversas nações do planeta começam
a se importar com as consequências da industrialização acelerada
notada no último século. A emissão de gases poluentes na
atmosfera – apenas uma das várias acções do homem que vêm
modificando a natureza –, além de contribuir para o aquecimento
global, traz inúmeros problemas de saúde para moradores de
grandes cidades, onde se concentra mais da metade da população
mundial.

A natureza vem sendo transformada pelo homem que destrói e


contribui na maioria das vezes com a extinção de espécies animais
e vegetais existentes no planeta, também colabora através de
práticas inconsequentes para a poluição do ar, do solo e
principalmente da água. Nossa saúde está integrada ao meio
ambiente, por isso se este estiver sendo negligenciado, pense, que
com ele está sendo destruída principalmente a vida que inclui, o
nosso bem-estar e o de todos os seres vivos, consequentemente, o
futuro deste planeta.

Há milhares de anos o homem vem degradando a natureza, passo a


passo, através de agressões como: as queimadas, as derrubadas de
florestas, o desenvolvimento industrial que se tornou o principal
responsável pela degradação da natureza e do meio ambiente. As
indústrias lançam poluentes como, por exemplo, o enxofre gerando
a chuvas ácidas que causa danos às plantações, as florestas, ao
homem através de alimentos envenenados. A chuva ácida produz
um gás capaz de subir muito alto na atmosfera impedindo a
renovação da camada de ozono, que retém os raios ultravioletas do
sol. A destruição desta camada proporciona a elevação da
temperatura ambiente da Terra, derretendo as geleiras e
aumentando o nível das marés.

Aspecto de uma indústria lançando para atmosfera grandes


quantidades de gases

Fonte: Imagem retirada da Net


Os combustíveis queimados pelas indústrias e pelos transportes
automotores produzem um gás chamado “CO2” que é renovado pelas
plantas e pelos oceanos. Como o homem destrói florestas inteiras fazendo
queimadas para fazer pastagens, utiliza a madeira para construção civil
ou ainda, derruba árvores para utilizar a madeira em confecção de móveis
e ou para fazer carvão e etc., as plantas não conseguem absorver este gás,
por isso é muito comum nos grandes centros urbanos, pessoas sentirem
tonturas, enjoos, olhos lacrimejando e ardendo, devido à acção poluente
dos gases. 

Apesar de o homem ser parte integrante da natureza, ele a destrói. Por


quê? Esta é uma pergunta que deverá ser respondida antes que as
próximas gerações venham sofrer consequências dramáticas causadas
pelas acções mal planejadas do homem. Existem muitos exemplos de
poluição e degradação da natureza e garanto-lhes que por detrás de todos,
o homem está presente.  

A preocupação com o meio ambiente deve fazer parte da vida de cada


cidadão, e dos governantes. Todos devem tornar as cidades em que
vivemos um lugar com prazer e saudável. O tratamento de esgoto, a
fiscalização das indústrias, a criação de parques e praças com muito
verde, a fiscalização das áreas de preservação ambiental são algumas das
atribuições que os governantes e cidadãos têm por obrigação zelar.

Devemos contribuir para diminuir a poluição fazendo a nossa parte:


separando o lixo para ser reciclado, não sujando as ruas e lugares
públicos, não jogando lixo nas encostas e rios, economizando água e luz,
evitando usar garrafas, etc.  

Para cada problema existe uma solução possível, o ideal é evitar que os
problemas aconteçam. É melhor agirmos com precaução em todas as
nossas acções. Assim o céu ficará mais azul e as cidades serão lugares
agradáveis de morar. Devemos tomar a consciência de que fazemos parte
da natureza assim, quando a desrespeitamos estamos nos desrespeitando
também.

11.2 O Homem Como Produto da Natureza

O Homem é um elemento que funciona como elemento da ecosfera


desempenhando papéis de observador e observado, possui
características de estrutura e função que o distingue dos outros
organismos em qualquer lugar se adapta.

O Homem do paleolítico não possuía as características do Homem


actual, ele não tinha as mesmas actividades económicas que se
observam hoje. O Homem do Paleolítico era um predador,
omnívoro, caçador, recolector, migrando de região em região, e
sempre encarava dificuldades quando a caça diminuía e os vegetais
escasseavam, tais situações limitavam o crescimento da população
em número.

O reflexo do crescimento foi quando os homens dispuseram de


novos instrumentos como lanças, machados com os quais
dominaram o fogo e assim conseguiram reforçar o seu domínio na
actuação para a sua sobrevivência.

Com o domínio do fogo, os incêndios passaram a dominar o dia-a-


dia do homem, o que contribuiu para a destruição de ecossistemas e
por conseguinte dificultar a própria sobrevivência do Homem.

No Neolítico o impacto do Homem foi aumentado com a


descoberta da agricultura e da domesticação de animais, o que se
reflectiu no aumento da população humana, dai que se considera
que a agricultura condicionou toda a estrutura sociais até a
actualidade.

Com o advento da agricultura o Homem torna-se sedentário, e


passa de um simples consumidor para um comandante dos
processos naturais para produzir seus alimentos.

Foi com este comando que se desenvolveram acções que


conduziram ao uso crescente dos recursos naturais, dando lugar ao
surgimento de novas actividades do Homem tais como o comércio
e as indústrias.

Estas actividades em concordância com a necessidade de uso de


energia que partiu da eólica, hidráulica e animal, há uma intensa
navegação e construção de barragens e remoinhos os quais deram
origem a uma maior aceleração da exploração dos recursos.
Com o avanço da ciência no século XVIII, o ecossistema foi
remodelado devido a mudanças na actuação do Homem, onde este
passou a usar os combustíveis fósseis como o carvão e mais tarde o
petróleo, o que aumentou a divisão do trabalho e a diversificação
de resíduos não recicláveis por ecossistemas. Dá se alteração
profunda da paisagem natural pela construção de edifícios pontes e
outras infra-estruturas sociais.

Considera – se o Homem como produto da natureza porque este faz


parte desta, e dela depende, isto é depende da disponibilidade de
recursos para o seu desenvolvimento.

Através do seu trabalho incorpora o os recursos naturais


necessários para a transformação ou produção de bens. Assim o
Homem surge e evolui com a própria evolução da natureza.

Sumário
Como vimos atrás há milhares de anos que o homem vem
degradando a natureza, passo a passo, através de agressões como:
as queimadas, as derrubadas de florestas, o desenvolvimento
industrial que se tornou o principal responsável pela degradação da
natureza e do meio ambiente.  Estes fenómenos precisam ser
controlados pelo próprio Homem de modo a criar uma consciência
de conservação dos recursos de que necessita hoje e também
necessitam outras gerações futuras

Exercícios
1. Explique os níveis de intervenção humana que são ou foram
degradando o ambiente ao longo dos anos?

2. Explique o sentido da expressão “O Homem como produto


da natureza?
Unidade XII
Principais Problemas Ambientais
Globais

Introdução
Os problemas ambientais são problemas eminentemente sociais,
gerados e atravessados por um conjunto de processos sociais (Leff,
2000) e, como tais, só vieram à tona porque, como ambientes
criados, não se encontram alheio à vida social humana, mas são
completamente penetrados e reordenados por ela, confundindo
actualmente o que é “natural” com o que é “social” (Giddens, 1990;
Beck, 1997).
Como observa Samaja (2000), o termo “problema” só tem campo
de aplicação nos sistemas vivos e nos processos humanos, pois são
os que enfrentam problemas em sua existência e realizam escolhas
que lhes permitem mudar de uma situação para outra.

Os problemas ambientais, além de outros factores,


como a revolução da informação e a globalização
económica, contribuíram consideravelmente para a
alteração das prioridades nas relações internacionais.

Tem-se presenciado, ao longo do tempo, inúmeras


situações e factos reveladores da vulnerabilidade do
meio ambiente, que fazem com que seja necessário
não apenas adotar postura crítica para sua defesa,
mas também promover a educação voltada ao
respeito à natureza, ao meio ambiente e à garantia
de atendimento das necessidades das futuras
gerações.

 Definir os problemas ambientais.

 Destacar os principais problemas ambientais globais.


Objectivos
 Analisar principais problemas ambientais globais.

12.1 Os 12 grandes Principais Problemas Ambientais Globais

Uma análise da UNEP (United Nations Environment Programme –


Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) sobre os
grandes problemas mundiais da actualidade em relação ao ambiente
levantou 12 grandes problemas que preocupam pesquisadores,
administradores e gerentes da área ambiental, são eles:

1. Crescimento demográfico rápido: Mesmo considerando que a


taxa de fecundidade das mulheres está diminuindo nos países
desenvolvidos, o crescimento demográfico aliado ao
desenvolvimento tecnológico acelera a pressão sobre os sistemas e
recursos naturais, e em geral traz como consequência mais
impactos ambientais, devido ao aumento na produção industrial e
nos padrões de consumo.

2. Urbanização acelerada: além do rápido crescimento


demográfico, a aglomeração de população em áreas urbanas está
gerando grandes centros com 15 milhões de habitantes ou mais.
Esses centros de alta densidade populacional demandam maiores
recursos, energia e infraestrutura, além de criarem problemas
complexos de caráter ambiental, econômicos e principalmente
sociais.

3. Desflorestamento/Desmatamento: a taxa anual de


desmatamento das florestas, especialmente das tropicais, ocasiona
diversos problemas como erosão, diminuição da produtividade dos
solos, perda de biodiversidade, assoreamento de corpos hídricos e
etc.

4. Poluição marinha: a poluição marinha está se agravando cada


vez mais devido a: descargas de esgotos domésticos e industriais
através de emissários submarinos, desastres ecológicos de grandes
proporções, como naufrágio de petroleiros, acúmulo de metais
pesados no sedimento marinho nas regiões costeiras e estuários,
perda de biodiversidade (exemplo: espécies frágeis de corais),
poluição térmica de efluentes de usinas nucleares e etc.

5. Poluição do ar e do solo: ocasionada principalmente pelas


indústrias, agroindústria e automóveis, através de: emissões
atmosféricas das indústrias, disposição inadequada de resíduos
sólidos (exemplo: lixões) e de resíduos industriais que causam
poluição do solo, acúmulo de aerossóis na atmosfera provenientes
da poluição veicular e industrial, contaminação do solo por
pesticidas e herbicidas, e etc.

6. Poluição e eutrofização de águas interiores – rios, lagos e


represas: as poluições orgânicas provenientes dos centros urbanos e
actividades agropecuárias gera uma variedade de efeitos sobre os
recursos hídricos continentais, os quais são fundamentais param o
abastecimento público das populações. Essa pressão resulta na
deterioração da qualidade da água, causada pelo fenómeno da
eutrofização, acúmulo de metais pesados no sedimento, alterações
no estoque pesqueiro e geralmente inviabiliza alguns dos usos
múltiplos dos recursos hídricos.

7. Perda da diversidade genética: o desflorestamento ou


desmatamento e outros problemas ambientais acarretam em perda
de biodiversidade, ou seja em extinção de espécies e perda da
variabilidade da flora e da fauna. A biodiversidade e seus recursos
genéticos são fundamentais para futuros desenvolvimentos
tecnológicos.

8. Efeitos de grandes obras civis: a construção de obras civis de


grande porte, como represas de usinas hidrelétricas, portos e canais,
gera impactos consideráveis e difíceis de mensurar sobre sistemas
aquáticos e terrestres.
9. Alteração global do clima: o aumento da concentração dos
gases estufa na troposfera terrestre (primeira camada da atmosfera)
e de partículas de poluentes está causando um fenómeno conhecido
como aquecimento global, que é o aumento da temperatura do
planeta, devido a maior retenção da radiação infravermelha térmica
na atmosfera. Cada grau Celsius de aumento da temperatura
terrestre irá trazer consequências diferentes, e estas são
acumulativas.

10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas


consequências ambientais: o aumento da demanda energética
devido ao crescimento populacional, urbanização e crescente
desenvolvimento tecnológico gera a necessidade da construção de
novas usinas hidrelétricas e termelétricas, grandes e pequenas
usinas nucleares, e etc. E quanto maior a utilização de combustíveis
fósseis (termelétricas, carvão mineral) mais gases de efeito estufa
são lançados na atmosfera. Outros tipos de matrizes energéticas
como hidrelétricas e usinas nucleares possuem impactos ambientais
associados a sua construção e operação (exemplo: falta de
tratamento para os resíduos nucleares).

11.  Produção de alimentos e agricultura: A agricultura de alta


produção é uma grande consumidora de energia, de pesticidas e de
fertilizantes. A expansão das fronteiras agrícolas aumenta as taxas
de desmatamento e perda de biodiversidade.

12.  Falta de saneamento básico: principalmente nos países


subdesenvolvidos, a falta de saneamento básico é um problema
crucial devido às inter-relações entre doenças de veiculação
hídrica, distribuição de vetores e expectativa de vida adulta e taxa
de mortalidade infantil. E também pela poluição orgânica gerada
pelo aporte de esgotos domésticos e drenagem pluvial em corpos
d’água devido à falta de infra-estrutura adequada e a lançamentos
irregulares.
Sumário
Tivemos neste capítulo a oportunidade de definir os problemas
ambientais, e falamos dos dois (12) principais. O ambiente sempre
esteve presente nos discursos e prácticas sanitárias. Mas, foi
somente com a intensificação do processo de industrialização e
urbanização, o aumento da participação política da classe
trabalhadora e a incorporação dos temas relacionados à saúde na
pauta de reivindicações dos movimentos sociais, que os problemas
ambientais passaram a ser compreendidos como resultantes de
processos fundamentalmente políticos e sociais.

Exercícios
1- Reflita esta frase: "Os problemas ambientais são problemas
eminentemente sociais, gerados e atravessados por um
conjunto de processos sociais (Leff, 2000) ".

2- Análise os principais problemas ambientais globais.


Unidade XIII
A Poluição
Introdução
Chama se poluição a qualquer actividade de que vise a introduzir
elementos que possam alterar total ou parcialmente as características do
meio ambiente e por conseguinte influenciar no normal funcionamento
ou na vida dos organismos vivos e do Homem. De acordo com o tipo de
actividades podemos encontrar diferentes tipos e poluição que iremos
destacar ao longo da Unidade.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Destacar os tipos de poluição.

 Caracterizar os tipos de poluição


Objectivos
 Distinguir as diferenças entre a poluição física e química.

13.1 Principais tipos de Poluição

Poluição Classificação e Consequências


A poluição pode se classificar de forma Seguinte:
Poluição Química;
Poluição Biológica;
Poluição Física;
Cada um destes tipos de poluição é frequente em determinadas
circunstâncias de actividade humana ou natural.

A poluição biológica é causada geralmente por detritos orgânicos,


lançados geralmente por esgotos domésticos e industriais ao
ambiente, Por exemplo restos de alimentos, sabões, detergentes ,
papel, fezes humanas etc. Essencialmente os detritos são compostos
de carbohidratos, gorduras, material proteico, detergentes, fosfatos
e bactérias.
 No ambiente aquático, os detritos são degradados por dois
processos: aeróbios e anaeróbios. Inicialmente, ocorre o primeiro
processo em que grande quantidade de oxigénio é consumida,
sendo formados nos ambiente amónio, metano, dióxido de carbono,
etc. Isto leva a uma diminuição do processo de fotossíntese de
alguns organismos vegetais e morte das populações de peixes e
outros organismos aquáticos.

 Além de alterar o ecossistema aquático a descarga de resíduos


humanos transporta grande variedade de patógenos, entre bactérias,
vírus, protozoários ou organismos multicelulares, que podem
causar doenças gastrointestinais. Outros organismos podem infectar
os seres humanos por intermédio do contacto com a pele ou pela
inalação por dispersão no ar, a partir de aerossóis contaminados.
As bactérias patogénicas comummente detectadas em água
contaminada são Shigella, Salmonella, Campylobacter, Escherichia
coli, Vibrio e Yersinia. Outras bactérias patogénicas são
Mycobacterium, Pasteurella, Leptospina e Legionella, sendo as
duas últimas e alguns fungos transmitidos pelo aerossol. Agentes
virais também são importantes contaminantes, como o vírus da
hepatite, do rotavírus e antero vírus (echovírus, adenovirus), do
parvovírus e gastroenterite tipo A.

A poluição física compreende a poluição por resíduos radioactivos


e detritos inertes, que influenciam directamente na transparência,
temperatura e turbulência do corpo da água. Estas três propriedades
físicas afectam a vida aquática.
Figura: Aspecto de poluição aquática

A transparência é importante para o crescimento das algas e


penetração da radiação solar. Já temperaturas muito baixas
resultam em processos biológicos lentos, ao passo que altas
temperaturas são fatais para muitos organismos.
Finalmente, a turbulência é um factor importante no processo de
transporte de nutrientes e lixo presentes no corpo da água.
A concentração do material dissolvido e a concentração do material
em suspensão interferem na transparência da água, o que dificulta a
penetração da radiação solar na coluna da água para ser utilizada
como forma de energia na fotossíntese.
A poluição Química tem a ver com a introdução de substâncias
químicas no ambiente, de diferentes maneiras as quais podem
prejudicar o ambiente ou a saúde humana. Tais substâncias podem
ser o dióxido de carbono, o enxofre, ou outros gases nocivos ao
ambiente.

Sumário
Como conseguiu ver neste capítulo a poluição pode ser de diferentes
tipos a destacar: Poluição física, poluição química e poluição biológica,
sendo que estes tipos se dividem em subgrupos de acordo com as
características, assim podemos ter ainda Poluição térmica radioactiva e
sonora e mecânica.

Exercícios
1- Quais são os principais grupos de poluição que conheces e
comente resumidamente?

2- Fale com exemplos concretos da poluição física?


Unidade XIV
Destruição da Camada de Ozono

Introdução
Neste capítulo iremos abordar da destruição da camada de ozono,
também conhecido por ozónio. A descoberta do “buraco” do ozono
chocou o mundo e é ainda hoje visto como um dos maiores
desastres ambientais do século. As advertências sobre a diminuição
da camada de ozono começaram a fazer-se ouvir nos anos setenta e
o problema foi pela primeira vez discutido em 1976, pelas Nações
Unidas. Em 1985, cientistas ingleses liderados pelo Dr. Joe
Farman, dão conta de um “buraco” considerável na camada de
ozono, na zona da Antárctida. Os satélites de observação
americanos confirmam a descoberta. O clima de “catástrofe”
instala-se (pelo menos entra a comunidade científica). Mas
começam também a ser pensadas, a nível mundial, medidas de
urgência no sentido da diminuição e eventual resolução do
problema.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer os gases de destruição da camada de ozono.


 Conhecer o processo da destruição da camada de ozono.
 Conhecer a importância da camada de ozono.
Objectivos
 Conhecer os impactos e consequências da destruição da camada
de ozono.
 Saber medidas para a protecção da camada de ozono.
14.1 O problema e as suas consequências
O ozono (O3) é um gás cuja molécula contém três átomos de
oxigénio (O). Forma-se através da incidência da radiação
ultravioleta nas moléculas de oxigénio que provoca a sua
dissociação em dois átomos. Alguns destes átomos acabam por se
recombinar em grupos de três átomos dando origem ao ozono.

Formação de Ozono na estratosfera. Fonte: Internet

Cerca de 90% do ozono que existe na atmosfera localiza-se na


estratosfera, entre 10 a 50 Km da superfície terrestre, mas as
maiores concentrações de ozono surgem a altitudes
aproximadamente entre os 15 e 35 Km, constituindo aquilo a que se
convencionou chamar “Camada de Ozono”. Este ozono
estratosférico, situado entre troposfera e a mesosfera, é
fundamental para a vida na Terra conforme a conhecemos, uma vez
que tem a capacidade de absorver uma grande parte da radiação
ultravioleta-B, constituindo-se assim num imenso “guarda-sol” da
terra, protegendo de todos raios.
Posição da camada de ozono na atmosfera. Fonte: Internet
Um determinado conjunto de produtos químicos ameaçam a
camada de ozono, nomeadamente os clorofluorcarbonetos (CFC’s),
utilizados nos sistemas de refrigeração de frigoríficos, arcas
congeladoras e aparelhos de ar condicionado; os halons que se
encontram nos extintores de incêndio; o brómio de metilo, usado
nos pesticidas e ainda clorofluorcarbonetos hidrogenados (HCFC’s)
que se utilizam como substitutos dos CFC’s por causaram “menos
mal” à camada de ozono. Os CFC’s foram descobertos em 1928 e
foram na altura considerados gases “milagrosos” por serem
excepcionalmente estáveis. Não são tóxicos, corrosivos, ou
inflamáveis pelo que podem ser manipulados com toda a
segurança. Por causa dessa grande estabilidade apresentam também
um longo período de vida na atmosfera. São ainda bastante
versáteis, fáceis de armazenar e com custos de produção pouco
elevados.

Desde 1960 têm sido então, nas sociedades industrializadas,


utilizados em variadíssimas aplicações industriais, como por
exemplo, nos frigoríficos, aparelhos de ar condicionado,
embalagens de aerossol, solventes, materiais de espuma, entre
diversas outras aplicações. Infelizmente a longa duração de vida
que apresentam, tem também o reverso da medalha. Libertados na
atmosfera persistem durante muito tempo. Quando atingem a
camada de ozono, e através da energia fornecida pela incidência
dos raios solares começam a decompor-se, libertando os
componentes de cloro ou brómio (consoante os produtos químicos
de que se trate). Os átomos de cloro apresentam um apetite voraz
pelo ozono. Um só átomo de cloro pode destruir milhares de
moléculas de ozono. O brómio é ainda mais destrutor.
Mecanismo de destruição de camada de ozono. Fonte: Internet

Durante os últimos 20 anos verificou-se uma redução gradual da


espessura da camada de ozono, com especial incidência nos polos.
De facto, é na Antárctida que a situação apresenta maior gravidade,
pois a existência de cristais de gelo nas nuvens polares
estratosféricas, acelera os processos de destruição química do
ozono e surge assim um grande “buraco” a cada primavera
antárctida. Em 1987, o “buraco” tinha o tamanho dos EUA e a
altura do Monte Evereste. Em 1998 atingiu uma área de cerca de 26
milhões de Km2.
A diminuição da camada de ozono implica uma menor protecção
contra os raios ultravioletas o que acarreta por sua vez, sérias
consequências não apenas para a saúde humana, mas também para
o rendimento das culturas agrícolas, para os ecossistemas marinhos
e até para a duração de materiais plásticos de construção (usados
por exemplo nos parques infantis). A principal preocupação em
matéria de saúde é o aumento do número de cancros da pele.
Mas a exposição aos raios UV pode ainda causar outros problemas
como cataratas e a diminuição do sistema imunitário. Ao nível da
agricultura, os alimentos mais afectados são a aveia, o pepino e os
pimentos. No que respeita aos ecossistemas marinhos o aumento da
incidência dos raios ultravioletas pode destruir as minúsculas
plantas unicelulares, isto é, o plâncton que forma a base da cadeia
alimentar, o que pode resultar numa diminuição do stock de peixe
no mar. Para além de tudo isto, as emissões de CFC’s contribuem
para o aquecimento da Terra, devido, por um lado, à maior
penetração da luz solar que aquecerá a camada inferior da
atmosfera e, por outro lado, devido à repartição do calor na
atmosfera ao nível das camadas superiores que favorece o
arrefecimento da estratosfera conduzindo à formação de nuvens
que como já referi, facilitam a destruição da Camada de Ozono.

14.2 O Protocolo de Montreal

É um tratado internacional no qual os países signatários se


comprometeram a adotar ações que reduzissem a emissão de
substâncias que destroem a Camada de Ozônio–SDO s. As ações de
eliminação dessas substâncias concentraram-se, ao longo dos
últimos 20 anos, na eliminação da produção e do consumo destas,
dentre as quais os clorofluorcarbonos –CFCs, que deixaram de ser
produzidos no Brasil desde 1999, e não mais estarão sendo
produzidas no mundo a partir de 1° de janeiro de 2010.

Sim, como resultado do Protocolo de Montreal, a emissão de gases


destruidores do ozônio começou a decrescer ultimamente. Se os
países no mundo continuarem a seguir as provisões do Protocolo de
Montreal, o decréscimo irá continuar pelo século 21. Estima-se que
em meados do presente século a emissão dos gases destruidores do
ozônio atingirá os valores encontrados antes do “buraco do ozônio”
ter-se formado no início da década de 80.
Sumário
A manutenção das actuais formas de vida na terra está
condicionada a mudança no comportamento humano em relação ao
meio ambiente, a camada de ozono está sofrendo uma crescente
degradação devido a emissão, principalmente, dos
clorofluorcarbonetos (CFCs), o que está permitindo a entrada dos
raios ultravioletas que são prejudiciais ao homem e aos outros seres
vivos.

Exercícios
1. O que é ozono?

2. O efeito de estufa é um fenómeno natural e indispensável


para a vida na terra?

3. Por que nos preocupamos com a camada de ozono?

4. Como ocorre a destruição da camada de ozono?

5. Qual a dimensão da destruição da camada de ozono?

6. A destruição da camada de ozono aumenta a radiação


ultravioleta?

7. Quais sao os impactos e consequências da destruição da


camada de ozono?

8. O que é Protocolo de Montreal?

9. O Protocolo de Montreal tem sido bem-sucedido na redução


da emissão de gases destruidores da camada de ozônio?
Unidade XV
Efeitos de Estufa

Introdução
O mundo em que vivemos encontra se em constantes
transformações as quais vem ocorrendo desde os tempos mais
remotos até os dias de hoje. Cientistas ambientais têm vindo a
apresentar inquietações a volta destas alterações que se apresentam
no nosso planeta Terra. Destas podemos citar o caso do efeito estufa,
que será a nossa abordagem neste capítulo, constituindo uma séria
ameaça a vida humana e não só como também para outros seres vivos da
natureza.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Determinar aspectos que conduzem a conclusão de que o mundo


está perante o efeito estufa.
Objectivos  Determinar as substâncias que concorrem para a produção do
efeito estufa

15.1 O que é efeito de estufa?

A Terra recebe energia do Sol, uma parte dessa energia é refletida


para o espaço (albedo), outra parte é absorvida na superfície
terrestre. A atmosfera tem propriedade de ser bastante transparente
para a luz branca e relativamente opaca para a radiação
infravermelha. A Terra é aquecida pela luz branca que chega à sua
superfície. A Terra, estando aquecida pela energia recebida, emite
radiação do tipo infravermelha. Essa radiação é absorvida por
alguns gases da atmosfera mantendo a Terra aquecida.
Parte da energia solar e absorvida e parte e refletida pela
Terra. Fonte: Internet

O efeito estufa, que consiste na retenção de calor irradiado pela


superfície terrestre, pelas partículas de gases e de água em
suspensão na atmosfera, garante a manutenção do equilíbrio
térmico do planeta e, portanto, a sobrevivência das várias espécies
vegetais e animais. Sem isso, certamente, seria impossível a vida na
Terra ou, pelo menos, a vida como conhecemos hoje.

Esquema de feito de Estufa. Fonte: Internet


Assim, feita essa importante ressalva, o efeito estufa, de que tanto
se fala ultimamente, resulta, a rigor de um desequilíbrio na
composição atmosférica, provocado pela crescente elevação da
concentração de certos gases que têm capacidade de absorver calor,
como é o caso do metano, dos CFCs, mas principalmente do
dióxido de carbono (CO2). Essa elevação dos níveis de dióxido de
carbono na atmosfera se deve à crescente queima de combustíveis
fósseis e das florestas, desde a Revolução Industrial.

Assim, segundo pesquisas feitas, admite-se que uma duplicação na


concentração de dióxido de carbono na atmosfera pode provocar
uma elevação média de 3ºC na temperatura terrestre, o que poderia
elevar em uns 20 centímetros, em média, o nível dos oceanos.

Fonte: NOAA

Esse fenómeno é chamado de efeito estufa porque, nos países


temperados, é comum a utilização de estufas durante o inverno para
abrigar determinadas plantas, a estufa feita de vidro ou plástico
transparente tem a capacidade de reter calor, mantendo a
temperatura interna mais elevada que a temperatura ambiente. Isso
ocorre porque a luz emitida pelo Sol, tanto no espectro visível
quanto no ultravioleta, consegue atravessar o vidro e o plástico. O
calor irradiado pelo solo, no entanto, basicamente no espectro
infravermelho, não atravessa esses materiais, elevando, assim, a
temperatura no interior da estufa.

A concentração de gás carbónico ou dióxido de carbono (CO2) na


atmosfera cresceu principalmente pelo uso de combustíveis fósseis
(carvão, petróleo, gás natural) em termelétricas, indústrias,
automóveis e também pela devastação e queima de florestas.
Os clorofluorcarbonos (CFCs) produzidos pela indústria química,
também são gases que provocam o efeito estufa e destroem a
camada de ozono que protege a Terra contra os raios nocivos do sol
que provocam danos na vegetação e câncer de pele em humanos.

A presença média de CO2 registada durante o ano de 2005 na


atmosfera terrestre foi 35,4% acima do que havia em tempos pré-
industriais. Já a concentração de óxido nitroso aumentou 18,2%
desde o século 17, gerada principalmente pela queima de
combustíveis fósseis, biomassa, pelo uso de fertilizantes e em
processos industriais.

A temperatura global média aumentou 0,74ºC entre 1906 e 2005.


Os anos mais quentes ocorreram de 1995 até aos nossos dias.
A temperatura média do planeta subirá de 1,8ºC a 4ºC até 2100
(3ºC em média);

 Furacões e ciclones terão mais força;

 As áreas de seca vão se expandir;

 Teremos ondas de calor mais intensas, mais inundações;

 O nível do mar vai aumentar entre 20 e 60 centímetros até o


fim do século, sem levar em conta os efeitos prováveis do
degelo dos pólos, agudizando a salinização dos solos;

 Metade de todas as espécies animais estarão sob risco de


extinção no fim do século 21.
Sumário
A manutenção das actuais formas de vida na terra está
condicionada a mudança no comportamento humano em relação ao
meio ambiente, particularmente na vertente relacionada com o
efeito estufa (que conduz ao aquecimento global) e a destruição da
camada de ozono (camada protectora dos raios ultravioletas). A
terra vem se tornando cada vez mais quente devido a emissão de
gases a atmosfera (C02, metano) com capacidade para reter grandes
quantidades de calor, contribuindo desse jeito para o tão temido
aquecimento global que alterará a estabilidade dos ecossistemas. A
camada de ozono está sofrendo uma crescente degradação devido a
emissão, principalmente, dos clorofluorcarbonetos (CFCs), o que
está permitindo a entrada dos raios ultravioletas que são
prejudiciais ao homem e aos outros seres vivos.

Exercícios
1. Porque o efeito de estufa é indispensável para a vida na
terra.

2. Explica quando é que o efeito de estufa passa a ser um


problema.

3. Refira-se dos principais gases responsáveis pelo incremento


do efeito de estufa, incluindo a sua origem.
Unidade XVI
O Crescimento Demográfico Rápido
e Recursos Naturais
Introdução

A população é o conjunto dos seres humanos que habitam um


determinado espaço territorial devendo esta estar nos níveis de oferta dos
recursos naturais para evitar que haja seres humanos desprovidos de
recursos para a sua sobrevivência. Esta será a matéria de debate neste
capítulo onde teremos a oportunidade de ver a relação do crescimento
demográfico e disponibilidade de recursos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Determinar as fases de crescimento da


população mundial.
 Interpretar a relação crescimento e exploração
Objectivos
dos recursos naturais.
 Relacionar os diferentes pensamentos sobre o
crescimento da população e a exploração dos
recursos naturais.

16.1 As Fases do Crescimento da População Humana

O crescimento populacional é a mudança positiva do número de


indivíduos de uma população dividida por uma unidade de tempo.
O termo população pode ser aplicado a qualquer espécie viva, mas
aqui refere-se aos humanos. A população mundial em 1950 era de
2,5 bilhões de pessoas. Em 2000 já havia mais de 6 bilhões de
humanos no planeta. Para um estudo da população, é essencial a
análise estatística acompanhada das características históricas e
geográficas das sociedades existentes no planeta. Alguns locais que
apresentam elevadas taxas de densidades demográficas são:
Sudeste Brasileiro, nordeste dos Estados Unidos da América, leste
da China e sul da África. Cada uma dessas regiões tem as suas
particularidades socioeconómicas, culturais e ambientais.
De acordo com os dados obtidos junto à ONU, no nosso planeta
vivem mais de 6,3 milhares de milhão de pessoas. Dessas, mais de
75% vivem em países subdesenvolvidos e com menos de dois
dólares por dia, 22% são analfabetos, metade nunca utilizou um
telefone e apenas 25% têm acesso à internet. Estima-se que, há
cerca de 2000 anos atrás, a população global era de cerca de 300
milhões de habitantes. Por um longo período a população mundial
não cresceu significativamente, com períodos de crescimento
seguidos de períodos de declínio. Decorreram mais de 1600 anos
para que a população do mundo dobrasse para 600 milhões. O
contingente populacional estimado para o ano de 1750, é de 791
milhões de pessoas, das quais 64% viviam na Ásia, 21% na Europa
e 13% em África. A humanidade gastou, portanto, dezenas de
milhares de anos para alcançar o primeiro milhar de milhão de
habitantes, por volta de 1802. Em seguida, foram necessários mais
125 anos para dobrar a população, alcançando assim o planeta, por
volta de 1927, 2 milhares de milhões de habitantes. O terceiro
milhar de milhões foi atingido 34 anos depois, em 1961, e assim
por diante.

Durante este período, o homem abandonou o modo de vida que


criara há cerca de 10 mil anos, com o advento da agricultura, e
passou a multiplicar-se nas cidades, um mundo à parte da natureza.
Em 1900, nove em cada dez homens, mulheres e crianças, que
somavam uma população de 1,65 milhares de milhão, ainda viviam
no campo. Calcula-se que nos primeiros anos do século XXI quase
metade dos seis milhares de milhões de pessoas habita cidades;
dessa população urbana, estima-se que uma proporção de três para
vinte pessoas se encontre nas cerca de meia centena de metrópoles
e megalópoles (população igual ou maior que 5 milhões de
habitantes). A ONU estima que no ano 2000 a população mundial
crescia então a um ritmo de 1,2 % (77 milhões de pessoas) por ano.
Isto representa um decréscimo da taxa de crescimento em relação
ao seu nível em 1990, sobretudo devido à quebra das taxas de
natalidade.

16.2 O Crescimento Demográfico Versus Recursos Naturais

A teoria malthusiana volta a ser mencionada quando se iniciam


discussões sobre o crescimento populacional no terceiro mundo
logo após a segunda guerra, em que surgem novos problemas
económicos e sociais. Os neomalthusianos responsabilizam o
crescimento da população pelo subdesenvolvimento nos países da
Ásia, África e América Latina. Como salienta DAMIANI (1997), o
malthusianismo compreende o excedente populacional como um
entrave ao desenvolvimento, argumentando que boa parte desta
população seria formada por pessoas improdutivas, como jovens e
crianças, e que os recursos destinados a sustentá-las poderiam ser
investidos na produção, o que contribuiria para o progresso
económico dos países.

É possível datar este período como o momento em que emerge a


preocupação com o controlo de natalidade nas nações
subdesenvolvidas. O Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário
Internacional) começam a exigir Políticas de Planeamento Familiar,
tendo em vista os custos económicos e sociais provocados por uma
grande população.

A escassez de recursos e a superpopulação são considerados como


os maiores problemas pela abordagem malthusiana, que impedem
o desenvolvimento integral da humanidade. Tal abordagem elabora
uma explicação natural para a origem destes problemas, deixando
assim implícitos as contradições socioeconómicos do capitalismo
e, as mediações histórico-sociais inerentes à relação
sociedade/natureza são ocultadas. Podemos ilustrar esse argumento
com as seguintes palavras de Damiani:

Para analisarmos a relação entre população e recursos naturais no


processo de produção dos meios de subsistência do homem a partir
do pensamento marxiano é necessário compreendermos como Karl
Marx (1818 - 1883) analisou a sociedade capitalista nos seus
estudos de economia política. É preciso, também, empreender uma
investigação da concepção marxiana de natureza não só na obra de
Marx, como também nos autores marxistas que se ocupam do
exame da história, economia e ecologia. As considerações
marxianas sobre a relação homem/recursos naturais abordam
geralmente sobre os processos produtivos, tendo sempre o trabalho
como elemento mediador que modifica as potencialidades naturais,
transformando-as em bens materiais úteis à vida humana
(MORAES, 1994: 73). As relações entre a população e o meio
ambiente são entendidas pela concepção marxista como parte do
conjunto das relações de produção, inseridas num determinado
contexto económico, político e cultural. São portanto, relações
sociais. Nestas, também se incluem as relações de trabalho e de
propriedade, nas quais se reproduzem as desigualdades entre as
várias classes sociais quanto às riquezas naturais e
socioeconómicas. As normas e regras de convivência social
determinam a apropriação dos homens sobre os recursos
ecológicos.

Sumário
Tiveste a oportunidade de analisar os principais aspectos ligados a
população e exploração dos recursos naturais e neste capítulo pudeste ver
como o crescimento humano pode directa ou indirectamente influenciar nas
condições cós recursos naturais indispensáveis para a população humana.

Exercícios
1. Porque se considera que o aumento do número da
população humana prejudica a disponibilidade dos
recursos?

2. Como controlar o processo do crescimento da popula ção


humana na actualidade?
Unidade XVII
Impacto Ambiental Decorrente do
Crescimento Demográfico Rápido
Introdução
O crescimento demografia rápido pode nos causar sérios problemas
ambientais que podem decorrer desde o esgotamento dos recursos
naturais passando por uma pressão desmedida sobre os mesmos o que
resultaria numa catástrofe para a vida humana.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os impactos da explosão demográfica na


natureza.
 Explicar o processo que pode levar ao esgotamento
Objectivos
dos recursos naturais.
 Determinar as principais formas de degradação
ambiental

17.1 Impacto Ambiental Decorrente do Crescimento


Demográfico Rápido

Todos os seres vivos necessitam dentro da cadeia alimentar de


obter as substâncias previstas para a sua sobrevivência. O
crescimento populacional que pode ser de forma galopante pode de
certa maneira estar a prejudicar o meio ambiente.

A mudança do clima; o efeito estufa; o degelo verificado nos


glaciares; a mutação na vegetação em várias partes da Terra; a
elevação tangível do nível do mar; o aumento progressivo da
temperatura no planeta; o crescimento exponencial da população; a
devastação de florestas nativas; a extensão da meia vida humana; a
extinção ou o processo de extinção de inúmeras espécies animais; a
porção significativa de humanos analfabetos ou aqueles que mesmo
alfabetizados e até graduados são incapazes de entenderem o que
leem (os chamados analfabetos funcionais) abrangendo mais da
metade da humanidade.
Os cientistas sabem que o desaparecimento de espécies é um
fenómeno natural. Basta dizer que mais de 99% (noventa e nove
por cento) das espécies que apareceram na Terra, desde o
surgimento de vida no planeta, que começou há cerca de 3,5 (três e
meio) bilhões de anos, desapareceram em virtude de catástrofes
geológicas maiores e inevitáveis ditadas pela natureza: meteoritos,
sismos, vulcanismo e outras.
O espectacular trabalho dos cientistas do MIT (Massachusetts
Institute of Tecnology) expostos no livro “Limites do Crescimento”
(9) usou há 40 anos atrás um modelo mundial construído
especificamente para investigar cinco grandes tendências de
interesse global - o ritmo acelerado da industrialização, o rápido
crescimento demográfico, a desnutrição generalizada, o
esgotamento dos recursos naturais não renováveis e a deterioração
ambiental. Todas representadas por curvas exponenciais que se
inter-relacionam de muitos modos, e seu desenvolvimento se mede
em décadas ou séculos, com taxas de variações positivas e às vezes
negativas, o que torna o sistema altamente complexo, fora outras
variáveis que se intrometem no conjunto.

17.1.1 Esgotamento dos Recursos Naturais


Os seres humanos individualmente ou em comunidade, numa
região ou país lutam pela sobrevivência e pela prosperidade sem
cuidar muito do que daí possa resultar para os outros. As
consequências são desastrosas e globais e não dependem do grau de
desenvolvimento.

Nos países industrializados, os elevados padrões de consumo


estimulam a utilização dos recursos não renováveis e favorecem o
desperdício. Nos países em desenvolvimento, com dívidas externas
asfixiantes, a luta pela sobrevivência determina níveis de
exploração dos recursos insustentáveis no futuro.
A crescente internacionalização da economia alarga a dimensão das
consequências do funcionamento do sistema a todo o planeta. Os
efeitos ambientais globalizam-se; a economia e a ecologia não
podem dissociar-se.

Face à delapidação dos recursos no nosso planeta, teremos que


crescer a um ritmo mais lento e até inverter as tendências de
crescimento demográfico, de modo a reduzir as necessidades de
consumo sem prejudicar o processo de desenvolvimento.

O esgotamento dos recursos naturais está estreitamente relacionado


com o desenvolvimento sustentável que se torna imperioso na
sociedade humana actual.

A sustentabilidade do desenvolvimento está intimamente


relacionada com a dinâmica do crescimento demográfico.

Se é verdade que a redução das taxas actuais de crescimento


populacional nos países em desenvolvimento é um imperativo ao
desenvolvimento sustentável, também não é menos verdade que
qualquer indivíduo que viva num país industrializado representa
um encargo maior para a capacidade da Terra do que qualquer
cidadão de um país mais pobre.

As ameaças à sustentabilidade dos recursos tanto vêm das


desigualdades de acesso a esses mesmos recursos, como da forma
como são usados, ou simplesmente do número de pessoas que os
utilizam. Os padrões de consumo são tão importantes como o
número de consumidores para a conservação dos recursos.

O equilíbrio entre a dimensão da população e os recursos


disponíveis, a taxa de crescimento demográfico e a capacidade da
economia em satisfazer as necessidades básicas da população, sem
pôr em risco as gerações futuras serão com certeza o grande desafio
das políticas de desenvolvimento nos próximos anos.

O caminho a percorrer rumo à sustentabilidade não é fácil, pois terá


obviamente que passar por um conjunto de acções diversificadas:

o Limitar o crescimento demográfico;


o Controlar o impacto deste crescimento sobre os
recursos;

o Aumentar a eficiência dos recursos (menos


desperdício, menor consumo, maior durabilidade);

o Elevar o potencial humano (educação e formação);

o Melhorar os sistemas de segurança social.

A utilização de energias alternativas (solar, eólica, geotérmica, das


marés e das ondas, hidroelectricidade, fusão nuclear e biomassa –
matéria orgânica de origem animal ou vegetal e os resíduos
resultantes da transformação natural ou artificial dessa matéria) a
partir de fontes renováveis, em conjunto com uma maior eficiência
energética, poderão conduzir à manutenção ou até à redução dos
níveis de consumo das fontes tradicionais.

As novas tecnologias permitem reduzir os custos e os gastos de


energia sem prejudicar o conforto dos seres humanos e a
produtividade das suas economias.

O aumento da eficiência na utilização da energia recorrendo a


tecnologias novas, substituindo a energia produzida a partir dos
combustíveis fósseis por energias renováveis, contribuirá para a
redução das emissões de poluentes responsáveis pelo efeito de
estufa. Os níveis de poluição provocados pelas energias alternativas
são mais baixos que os que resultam da energia fóssil ou até
nuclear.

17.1. 2 A Degradação do Meio Ambiente

Degradação urbana

No meio urbano encontramos degradação em diferentes formas, a


começar como já falamos, pela presença da cidade em si, se
imaginarmos o cenário com a cidade e sem ela imediatamente é
possível visualizar os problemas causados.
O solo, antes recoberto por vegetação que ao receber água da chuva
permitia que esta fosse infiltrada e que reabastecesse os lençóis
freáticos e os cursos d’água, e o ar, antes livre de partículas tóxicas
e matéria em suspensão, permitia trocas de gases e calor, são os que
mais sofrem com a degradação só pela instalação de uma zona
urbana. Ao se estabelecer uma cidade alguns problemas surgirão,
com ela virá o asfalto impermeabilizando o solo, impedindo a
infiltração das águas da chuva e alterando o ciclo hidrológico,
absorvendo o calor e criando novos limites de temperaturas na
região. Com o asfalto virão os automóveis e com eles a poluição
atmosférica, liberando partículas sólidas que impedirão o calor
voltar a atmosfera, criando efeito estufa sobre a cidade, além dos
problemas respiratórios e alérgicos. Para atender a demanda de
consumo desta cidade algumas fábricas se estabelecerão no seu
entorno e possivelmente irão liberar mais partículas poluidoras na
atmosfera e efluentes líquidos no solo ou nos mananciais hídricos,
tornando-os impróprios para cultivo ou consumo. O lixo gerado
pelas indústrias e pelas famílias desta cidade deverá ser depositado
em um aterro sanitário e estes também liberam gases do processo
de lixiviação (chorume) e quando não são bem dimensionados e
construídos de maneira adequada irão poluir solo, água e ar.

Algumas pessoas conseguirão cargos e salários que permitirão


consumir inadvertidamente, mas a grande maioria será mal paga,
viverá na periferia da cidade e não terá acesso ao básico como
saúde, saneamento e educação adequada, esta população gerará
outras formas de degradação ambiental.

Por não possuírem condições financeiras de se estabelecerem em


áreas com infra-estrutura adequada, quase sempre irão para
encostas de morros ou áreas que ainda possuem vegetação nativa. É
aí que encontramos as primeiras degradações: flora e faunas
atacadas e solo exposto. Quando isto acontece numa situação de
encosta, nas primeiras chuvas poderão haver deslizamentos de terra
e com isso a descaracterização não só biológica mas agora
geológica também. Este carregamento de terra levará sedimentos
aos riachos  e rios e causará seu assoreamento.

Estas famílias de baixa renda vão jogar seus dejetos nos riachos
próximos ou farão fossas artesanais, e tanto um quanto outro
poluirão os lençóis freáticos e os cursos d’água. Em alguns casos o
lixo será depositado as margens do córrego causando eutrofização
do mesmo e em alguns casos inundações.

Estas são apenas algumas das muitas formas de degradação que


encontramos nas zonas urbanas

Degradação rural

No meio rural a degradação está muito relacionada ao tamanho da


propriedade, do tipo de produção e do poder aquisitivo de seu
proprietário. Em grandes propriedades, com produção comercial e
cujo proprietário possua muito dinheiro podemos encontrar
degradação de água, solo e ar como na zona urbana.

Se o proprietário não maneja bem o solo, em alguns ciclos este


estará exaurido e sem capacidade produtiva, podendo ser
abandonado e permitindo que haja o cariamento deste solo pelas
águas das chuvas até os rios causando assoreamento, se o uso de
agro tóxicos não for bem feito também poderá contaminar o solo,
ser cariado pela água da chuva ou da irrigação, contaminar os
lençóis freáticos e rios.

Quando a colheita ou o preparo do solo é feito com máquinas


agrícolas estas liberarão partículas poluentes no ar diminuindo sua
qualidade. Se houver algum tipo de industrialização dos produtos
naturais haverão efluentes e outros contaminantes como existem
nas zonas urbanas. Quando o proprietário da terra subsiste dela
então as formas de degradação são outras e mais amenas, é o
chorume que provém da pocilga e que eutrofiza solos e água, é a
lenha que é retirada da floresta dificultando a sucessão natural nos
ecossistemas, é a caça e a pesca indiscriminada de espécies da
fauna nativa que por vezes é feita de maneira incorrecta, mas são
degradações que fazem parte do equilíbrio do ecossistema rural e
que sempre existiram.

Entretanto, quando o proprietário rico obtém as terras mais férteis e


impede o agricultor de subsistência de produzir o sustento de sua
família, encontramos novamente o nosso questionamento: será que
é a pobreza que degrada o meio ambiente ou o meio ambiente
degradado é que aumenta a pobreza?

Sumário
O mundo actual está caracterizado por uma série de preocupações
que se colocam como maneira de salvar o planeta e melhorar as
condições de vida dos seres humanos: A mudança do clima; o
efeito estufa; o degelo verificado nos glaciares; a mutação na
vegetação em várias partes da Terra; a elevação tangível do nível
do mar; o aumento progressivo da temperatura no planeta; o
crescimento exponencial da população; a devastação de florestas
nativas; a extensão da meia vida humana; a extinção ou o processo
de extinção de inúmeras espécies animais; a porção significativa de
humanos analfabetos, são algumas das preocupações que inquietam
o mundo.

Outra das grandes preocupações está relacionada com o crescimento


populacional e o esgotamento dos recursos naturais que foi largamente
debatidos neste capítulo ou Unidade, o que uma vez mais demonstra a
acção humana perante o consumo dos recursos naturais o que pode
resultar num défice para as gerações vindouras do nosso planeta.

Exercícios
1- Aponta os principais impactos ambiental decorrente do
crescimento demográfico rápido?
2- Como resolver os problemas ambientais sem prejudicar o
desenvolvimento?

Unidade XVIII
Chuvas Ácidas
Introdução
Já estudaste os diferentes poluentes que existem, neste capítulo poderás
estudar os efeitos que estes mesmos poluentes produzem para o meio
ambiente, deste modo poderá ver o termo” Chuvas ácidas” onde
considera-se que a queima de carvão e de combustíveis fósseis e os
poluentes industriais lançam dióxido de enxofre e de nitrogénio na
atmosfera. Esses gases combinam-se com o hidrogénio presente na
atmosfera sob a forma de vapor de água, em processos hidrológicos e
atmosféricos dá se a precipitação com uma grande quantidade destas
substâncias.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

18.1 Chuvas ácidas

 Determinar as chuvas ácidas.

 Relacionar o fenómeno de chuvas ácidas com a poluição


Objectivos atmosférica.

 Descrever as consequências das das chuvas ácidas para o


Homem.

A queima de carvão e de combustíveis fósseis e os poluentes


industriais lançam dióxido de enxofre e de nitrogénio na atmosfera.
Esses gases combinam-se com o hidrogénio presente na atmosfera
sob a forma de vapor de água. O resultado são as chuvas ácidas. As
águas da chuva, assim como a geada, neve e neblina, ficam
carregadas de ácido sulfúrico ou ácido nítrico. Ao caírem na
superfície, alteram a composição química do solo e das águas,
atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e lavouras,
atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações.
Inicialmente, é preciso lembrar que a água da chuva já é
naturalmente ácida. Devido à uma pequena quantidade de dióxido
de carbono (CO2) dissolvido na atmosfera, a chuva torna-se
ligeiramente ácida, atingindo um pH próximo a 5,6. Ela adquire
assim um efeito corrosivo para a maioria dos metais, para o
calcário e outras substâncias. Quando não é natural, a chuva ácida
é provocada principalmente por fábricas e carros que queimam
combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Desta poluição
um pouco se precipita, depositando-se sobre o solo, árvores,
monumentos, etc. Outra parte circula na atmosfera e se mistura
com o vapor de água. Passa então a existir o risco da chuva ácida.

Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, cerca de 35% dos


ecossistemas europeus já estão seriamente alterados e cerca de 50%
das florestas da Alemanha e da Holanda estão destruídas pela
acidez da chuva. Na costa do Atlântico Norte, a água do mar está
entre 10% e 30% mais ácida que nos últimos vinte anos. Nos EUA,
onde as usinas termoelétricas são responsáveis por quase 65% do
dióxido de enxofre lançado na atmosfera, o solo dos Montes
Apalaches também está alterado: tem uma acidez dez vezes maior
que a das áreas vizinhas, de menor altitude, e cem vezes maior que
a das regiões onde não há esse tipo de poluição.
Monumentos históricos também estão sendo corroídos: a Acrópole,
em Atenas; o Coliseu, em Roma; o Taj Mahal, na Índia; as
catedrais de Notre Dame, em Paris e de Colônia, na Alemanha. Em
Cubatão, São Paulo, as chuvas ácidas contribuem para a destruição
da Mata Atlântica e desabamentos de encostas. A usina
termoelétrica de Candiota, em Bagé, no Rio Grande do Sul,
provoca a formação de chuvas ácidas no Uruguai.     Outro efeito
das chuvas ácidas é a formação de cavernas.

PREJUÍZOS PARA O HOMEM


SAÚDE: A chuva ácida libera metais tóxicos que estavam no solo.
Esses metais podem alcançar rios e serem utilizados pelo homem
causando sérios problemas de saúde.
PRÉDIOS, CASAS, ARQUITECTURA: a chuva ácida também
ajuda a corroer os materiais usados nas construções como casas,
edifícios e arquitectura, destruindo represas, turbinas
hidroeléctricas, etc.  

PREJUÍZOS PARA O MEIO AMBIENTE

LAGOS: os lagos podem ser os mais prejudicados com o efeito da


chuva ácida, pois podem ficar totalmente acidificados, perdendo
toda a sua vida.
DESMATAMENTOS: a chuva ácida faz clareiras, matando duas
ou três árvores. Imagine uma floresta com muitas árvores
utilizando mutuamente, agora duas árvores são atingidas pela
chuva ácida e morrem, algum tempo após muitas plantas que se
utilizavam da sombra destas árvores morrem e assim vão indo até
formar uma clareira. Essas reacções podem destruir florestas.

AGRICULTURA: a chuva ácida afecta as plantações quase do


mesmo jeito que das florestas, só que é destruída mais rápido já que
as plantas são do mesmo tamanho, tendo assim mais áreas
atingidas.

Sumário
As chuvas ácidas são bastante prejudiciais ao equilíbrio vital dos
ecossistemas e as infraestruturas humanas, elas são originadas
pelos poluentes (dióxido de enxofre e de nitrogénio) emitidos pelo
homem a atmosfera que reagem com o nitrogénio, tornado a água
das chuvas bastante ácidas.

Exercícios
1- Explique como ocorrem as chuvas ácidas na natureza?
2- Quais são ao efeitos das chuvas ácidas sobre o Homem?
Unidade XIX
Inversão térmica e ilhas de calor
Introdução
Os fenómenos atmosféricos são de grande importância para a
manutenção da vida no planeta terra, com estes fenómenos grandes
quantidades de substâncias indispensáveis á vida são movimentadas e
colocadas à disposição do Homem e de outros seres bióticos e abióticos.

Um dos fenómenos é a inversão térmica que ocorre sobretudo em grandes


cidades como resultado de transferência de energias entre o espaço
cósmico e a atmosfera em que vivemos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar a inversão térmica

Objectivos  Explicar o comportamento da


atmosfera perante a inversão
térmica.

 Relacionar os processos de
transferência de energia com o
fenómeno de inversão térmica

 Definir as ilhas do calor


19.1 Inversão térmica

Fenómeno meteorológico que ocorre principalmente em metrópoles


e principais centros urbanos. As radiações solares aquecem o solo e
o calor que fica retido no mesmo irradia-se, aquecendo as camadas
mais baixas da atmosfera.

Essas camadas, já que estão quentes, ficam menos densas e tendem


a subir, formando correntes de convecção do ar. Os poluentes, já
que mais quentes que o ar (portanto, menos densos), sobem e irão
dispersar-se nas camadas mais altas da atmosfera.
Esse é o fenómeno normal. Mas quando duas massas de ar
diferentes, o ar quente passa sobre o ar frio, ficando assim acima
dele. Por ser mais denso, o ar frio que ficou em baixo não sobe e o
ar quente que ficou em cima do frio não desce, por ser menos
denso. Na intersecção do ar quente e frio, forma-se uma capa que
não deixa que os gases poluentes e tóxicos passem
para as camadas mais altas da atmosfera. A isso dá-se o nome de
Inversão Térmica. Assim, esses gases dispersam-se na atmosfera,
criando uma névoa sobre a cidade ou município. Essa névoa é
composta de gases tóxicos e poluentes, que são prejudiciais à
saúde.
Ocorre geralmente nos dias frios do inverno, onde a formação de
frentes frias é maior. Quando há deslocamento horizontal dos
ventos, a camada de ar frio é carregada e o ar quente desce, assim
acabando com a inversão térmica.

Os problemas de saúde causados pela inversão térmica são, entre


outros: pneumonia, bronquite, enfisemas, agravamento das doenças
cardíacas, mal-estares, irritação nos olhos.

19.2 Ilhas de Calor

Uma cidade pode ter vários picos de temperatura espalhados pela


mancha urbana, caracterizando assim várias ilhas de calor. Uma
região fortemente edificada e industrializada como o eixo da
marginal Tietê apresenta picos de temperatura mais elevados do
que a região do Morumbi, ainda com bastante áreas verdes. As
cidades apresentam temperaturas médias maiores do que as zonas
rurais de mesma latitude. Dentro delas, as temperaturas aumentam
das periferias em direcção ao centro. Em casos extremos, a
diferença de temperatura entre as zonas periféricas e o centro pode
atingir até 10ºC. Esse fenómeno, resulta de muitas alterações
humanas sobre o meio ambiente. O uso de grande quantidade de
combustíveis fósseis em aquecedores, automóveis e indústrias
transforma a cidade em uma fonte inesgotável de calor. Os
materiais usados na construção, como o asfalto e o concreto,
servem de reflectores para o calor produzido na cidade e para o
calor solar. De dia, os edifícios funcionam como um labirinto de
reflexão nas camadas mais altas de ar aquecido. À noite a poluição
do ar impede a dispersão de calor. As áreas centrais de uma cidade
concentram a mais alta densidade de construções, bem como
actividades emissoras de poluentes. A massa de ar quente carregada
de material particulado que se forma sobre essas áreas tende a subir
até se resfriar. Quando se resfria, retorna a superfície, dando
origem a intensos nevoeiros na periferia da mancha urbana. Daí,
volta à região central. É um verdadeiro círculo vicioso de fuligem e
poeira. Apesar de todo esse calor, as grandes cidades recebem em
média menos radiação solar do que as áreas rurais. É que a poeira
suspensa no ar absorve e reflecte a radiação antes que ela atinja a
superfície. Entretanto, a produção de calor e a conversão do calor
latente realizadas pelas construções urbanas mais do que
compensam essa perda. As áreas metropolitanas costumam
apresentar vários "picos" de temperatura. As actividades que
causam esse efeito podem estar concentradas em várias regiões do
tecido urbano, que funcionariam como o "centro". Bairros fabris
pouco arborizados tendem a ser mais quentes que bairros
residenciais de luxo, com baixa densidade de construção e muitas
áreas verdes. Mas quais são as consequências desse leve aumento
das temperaturas? Quais são as consequências do surgimento
desses microclimas urbanos? A elevação da temperatura nessas
áreas centrais da mancha urbana facilita ascensão do ar, quando
não há inversão térmica, formando uma zona de baixa pressão. Isso
faz com que, os ventos soprem, pelo menos durante o dia, para essa
região central, levando muitas vezes, maiores quantidades de
poluentes. Assim, sobre a zona central da mancha urbana forma-se
uma "cúpula" de ar pesadamente poluído. No caso de São Paulo, os
ventos que sopram de zonas industriais periféricas cidades do
ABC, Osasco, Guarulhos, etc. rumo as zonas centrais da metrópole
concentram ainda maiores quantidades de poluentes. Quando se
chega à cidade, pode-se ver nitidamente uma "cúpula" acinzentada
recobrindo-a (smog fotoquímico). Uma das formas de evitar a
formação dessas ilhas de calor é a manutenção de áreas verdes nos
centros urbanos, pois a vegetação altera os índices de reflexão do
calor e favorece a manutenção da humidade relativa do ar.

Sumário
Esta unidade debateu sobre problemas ambientais que se
manifestam maioritariamente nos centros urbanos, como a Inversão
térmica que ocorre quando duas massas de ar (a quente e a fria) se
encontram originando a ascensão da quente e a descendência da
fria, causando a retenção dos gases poluentes e tóxicos nas
camadas mais baixas, perigando a saúde humana; e as Ilhas de
calor que tem a sua origem relacionada com a concentração de
edifícios nos centros urbanos e a diminuição dos espaços verdes, a
temperatura é mais alta nas zonas industrias não arborizadas do que
nos bairros residenciais que apresentam espaços verdes

Exercícios
1- Como fundamentas o fenómeno de inversão térmica nas
grandes cidades do mundo?

2- O que entende por lha de calor?.


Unidade XX
Principais Actividades para a
Degradação do Meio Ambiente

Introdução
Ao longo dos tempos passados e de acordo com a sua evolução o
Homem ia exercendo várias actividades que de uma e de outra
maneira contribuíam para a degradação do meio ambiente. Com
novas descobertas tecnológicas estas actividades intensificaram-se
cada vez mais.

A população humana nos dias que correm hoje aumentou de forma


galopante se comparada com os tempos passados, isto nos dá a
percepção da grande pressão que o Homem tem vindo a dar sobre
os recursos e por conseguinte na degradação do meio. A pressão
pode ser sobre as infra-estruturas que resulte na má conservação e
poluição do meio como acontece nos meios urbanos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Determinar as principais actividades que


intervém na degradação do meio ambiente.
Objectivos  Identificar os factores da degradação do
meio ambiente.

 Caracterizar as principais formas de


degradação do ambiente

 Identificar os principais factores de erosão



20.1 Principais Actividades para a Degradação do Meio
Ambiente

A Acção do Homem para a degradação do meio ambiente começa


há bastante tempo. Abordamos as principais fases pelas quais
passou o Homem, desde o Paleolítico, Neolítico até aos tempos
modernos em que alcançou o mais alto nível de desenvolvimento
intelectual, técnico e científico.

Ao longo desses tempos todos e de acordo com a sua evolução ia


exercendo várias actividades que de uma e de outra maneira
contribuíam para a degradação do meio ambiente.

A população humana nos dias que correm hoje aumentou de forma


galopante se comparada com os tempos passados. Cerca de 6
bilhões de pessoas vivem no mundo hoje, com elas uma série de
actividades são necessárias serem incrementadas para satisfazer as
necessidades económicas básicas.

Assim actividades como:

Agricultura- As necessidades de alimentos obrigam o Homem a


uma utilização de tecnologias melhoradas assim como o uso
intensivo do solo como recurso indispensável para esta actividade,
assim como o uso de produtos químicos para o melhoramento da
qualidade de produtos agrícolas ou da fertilidade dos solos, o que
se agrava com as queimadas descontroladas.

Relação das actividades os factores e os problemas ambientais.

Actividade Factores Problemas ambientais


Desertificação, erosão dos
-Queimadas solos – Perda de
Derrube de árvores fertilidade.
Agricultura Uso intensivo dos Compactação dos solos.
solos Salinização dos solos.
Mecanização Poluição das águas e do
Uso de adubos e ar.
produtos químicos Poluição sonora
Irrigação
Uso de combustíveis Aquecimento global da
fósseis. Terra.
Indústria Resíduos sólidos e Poluição das águas e ar,
líquidos sonora e dos solos.
Centrais térmicas. Poluição térmica
Centrais nucleares Desmatamento
Implantação e Chuvas ácidas
expansão de Esgotamento dos recursos
infraestruturas naturais
industriais
Emissão de gases. Poluição atmosférica,
Emissão de ruídos sonora e da água.
Transporte Derrames de Compactação dos solos.
s combustíveis Enfermidades.
Implantação da rede Destruição do relevo.
de transportes. Desmatamento.
Fonte: UCM – CED – 2012.

Sumário
Ao longo dos anos as actividades humanas na satisfação das suas
necessidades básicas foram crescendo de nível e com este nível foi
acontecendo a degradação do meio ambiente.

É simples perceber que quando o Homem só vivia da recolecção e da


pastorícia tinha menos impactos sobre a natureza de maneiras que as suas
acções de certo modo tinham impacto muito localizado.

Com o desenvolvimento industrial, a procura de matéria prima tornava-se


imprescindível no contexto de abastecer as actividades industriais. Foi
assim que desde a Revolução agrícola que se começou a notar impactos
significativos sobre o meio ambiente, que foi progredindo até a
Revolução Industrial e mesmo até aos nossos dias.

Exercícios
1- Diga quais são as actividades humanas que causam mais
impactos nocivos ao meio ambiente?

2- Será certa a posição dos países mais industrializados do


mundo ao comprarem as quotas de poluição dos países
menos desenvolvidos?
Unidade XXI
A Interacção entre o Meio Ambiente
e o Complexo Territorial Sócio-
Económico
Introdução
Neste capítulo teremos mais uma vez a oportunidade de analisar as
relações que se estabelecem entre o meio ambiente e o complexo
territorial sócio-económico de onde poderemos compreender que
Os ambientes abióticos e bióticos encontram-se em estreita e
constante relação ou interacção. O ambiente abiótico controla as
actividades dos organismos vivos e estes por sua vez influenciam
este meio verificando a acção e reacção. Diz se que há acção
quando os seres vivos exercem actividade sobre o meio e reacção
quando há controlo das actividades dos seres incluído o homem,
pelo meio natural. A componente sócio-económica provém
exactamente da intervenção humana na relação com o meio
ambiente e a produção económica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as relações que se estabelecem entre o meio


ambiente e o complexo territorial sócio-económico
Objectivos  Estabelecer as relações entre o meio natural e a
sociedade..

 Identificar as relações entre a necessidade de


desenvolvimento e da conservação ambiental

 Destacar a influência que os assentamentos humanos


estabelecem no meio ambiente.

21. 1 A Interacção do Meio Natural com o Complexo
Territorial
Este assunto já foi tratado em parte nos capítulos anteriores
contudo tentaremos aprofundar mais a relação que se estabelece
entre o complexo territorial e o meio natural.

Os ambientes abióticos e bióticos encontram-se em estreita e


constante relação ou interacção. O ambiente abiótico controla as
actividades dos organismos vivos e estes por sua vez influenciam
este meio verificando a acção e reacção. Diz se que há acção
quando os seres vivos exercem actividade sobre o meio e reacção
quando há controlo das actividades dos seres incluído o homem,
pelo meio natural.

A mudança da natureza deve se aos seres vivos. A influência


contrária modifica se com a História, determinado por modo de
produção social e do progresso científico e técnico.

Influência do meio Natural sobre a Sociedade.

O meio natural exerce uma grande influência na implantação


humana, na sua fisionomia e influência sobre as condições de
trabalho, influi na localização das indústrias, na produtividade, na
vida do próprio Homem ao participar na formação das etnias dos
Homens.

21.2 Assentamentos Humanos


As condições físico-naturais como os solo o clima, relevo e outras,
são as que proporcionam a vontade do Homem em instalar as infra-
estruturas ou o desenvolvimento de uma actividade económica e
industrial ou mesmo a agricultura, comércio e transporte por sua
vez este tipo de actividades humanas influencia no meio ou na sua
modificação. Deste modo, quanto maior for o grau de
assentamentos humanos maior será o grau de influência sobre o
meio devido a intensidade das suas actividades económicas e o
meio também vai na sua medida influenciar no Homem.
A organização ambientalista WWF estimou que o consumo
humano já supera em 25% a capacidade de recuperação dos
recursos naturais. O tamanho da população mundial é um dos
factores que influenciam essa equação.

Figura: Aspecto de exploração madeireira

Fonte: Imagem tirada da Net


Como podemos perceber a relação que se estabelece entre o meio
ambiente socioeconómico e o complexo territorial deve ser de
benefícios mútuos, isto é nem o meio ou complexo territorial deve
ser prejudicado muito menos as actividades socioeconómicas.
Devido aos assentamentos humanos e a crescente necessidade de
exploração dos recursos coloca estes numa situação de grande
pressão e de risco de extinção, pelo que existe uma necessidade de
uma maior racionalização

Sumário
Como tivemos a oportunidade de estudar neste capítulo o meio
socioeconómico exerce uma grande pressão sobre o complexo territorial
e natural, contudo nos últimos anos temos vindo a assistir outras
influências que são resultado de reacção do complexo territorial e natural
sobre o meio socioeconómico.

Exercícios
1- Aponta as relações que se estabelecem entre o meio
socioeconómico e o complexo territorial.
2- Quais são as actividades socioeconómicas que têm sua
influência negativa sobre o ambiente?
Unidade XXII
Meio Ambiente, Recursos Naturais e
Actividades Modificadoras

Introdução
 Identificar a interacção entre o meio ambiente e o
naturais.
Objectivos  Interpretar o conceito de Recursos renováveis.

 Explicas o conceito de recursos não – renováveis.

 Determinar o tipo de exploração dos recursos que é


ambiente.

Nesta Unidade tentaremos apresentar a grande relação que existe


entre o meio ambiente e os recursos naturais, onde a qualidade do
ambiente depende da disponibilidade dos recursos naturais, pois o
esgotamento destes coloca em causa a qualidade do ambiente o por
conseguinte a dos seres humanos que para a sua sobreviveria
dependem desta qualidade do ambiente.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de

O Meio Ambiente e Recursos Naturais


O meio ambiente e recursos naturais estão intimamente ligados e
partilham um destino comum, visto que a sua degradação pode
levar ao esgotamento dos recursos naturais do solo, por exemplo
onde se destrói as espécies vegetais e desaparecimento de espécies
resistentes do solo. Este aspecto pode provocar situações adversas
ao ambiente.

O Meio ambiente segundo a sua origem e natureza compreende


recursos naturais, água, ar solo, subsolo, biosfera e outros e as
actividades modificadoras sociais culturais e económicas. O
conceito dinâmico inclui relações de transformação que é o uso dos
recursos e os resultados são produtos e efeitos por isso há uma
necessidade de preservação dos recursos naturais no meio.

Exemplo floresta isolada não existe, ela está ligada ao solo fauna e
sobretudo a acção do homem.

O meio ambiente é resultado de interligação entre os recursos


naturais e a actividade modificadora que sempre é exercida pelo
Homem.

Por exemplo no acto das actividades humanas de corte de madeira,


destrói se a floresta, os solos danificam- se e dá início a actividade
de desertificação o que pode terminar com o desaparecimento da
fauna nas regiões atingidas.

Existe em envolvimento entre recursos naturais e tecnologia, uma


vez que há a necessidade da existência de processo tecnológicos
para utilização de um recurso. Exemplo típico é o magnésio, que
até pouco tempo não era recurso natural e passou a sê-lo quando se
descobriu como utilizá-lo na confecção de ligas metálicas de
aviões. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante
evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua
exploração é economicamente viável.

Num território a utilização dos recursos naturais deve ser de forma


racional de maneiras a ter que prevenir prováveis impactos
ambientais, pois embora alguns sejam importantes (o petróleo), a
sua exploração irracional

22.1 Recursos Renováveis e Recursos Não-Renováveis,

A classificação dos recursos depende do contexto que o Homem


pretende atingir, assim estes podem ser:

Renováveis: os que são vistos como elementos naturais que usados


da forma correcta podem se renovar. Exemplos: animais,
vegetação, água.

Recursos Não-renováveis, São aqueles que de maneira algumas não


se renovam, ou demoram muito tempo para se produzir. Exemplos:
o petróleo, ferro, ouro e outros.

Recursos Inesgotáveis: Recursos que não se acabam, como o Sol e


o vento.

Frequentemente são classificados como recursos renováveis e não-


renováveis, quando se tem em conta o tempo necessário para que se
dê a sua reposição. Os não-renováveis incluem substâncias que
não podem ser recuperadas em um curto período de tempo, como
por exemplo, o petróleo e minérios em geral. Os renováveis são
aqueles que podem se renovar ou serem recuperados, com ou sem
interferência humana, como as florestas, luz solar, ventos e a água.

Também podem ser classificados de energéticos e não energéticos,


se atendermos à sua capacidade de produzir energia. Os carvões e o
petróleo são recursos naturais energéticos. Por vezes a água é
também considerada um recurso energético, pois as barragens
transformam a força da água em energia.

A maioria dos minerais são recursos não energéticos, com


excepção do volfrâmio, o urânio e o plutónio por se tratarem de
substâncias radioactivas e usadas para a geração de energia.
Há situações nas quais um recurso renovável passa a ser não-
renovável. Essa condição ocorre quando a taxa de utilização supera
a máxima capacidade de sustentação e renovação do sistema.

Se, por um lado, os recursos naturais ocorrem e distribuem-se


segundo uma combinação de processos naturais, por outro, sua
apropriação ocorre segundo valores humanos. Além da demanda,
da ocorrência e de meios técnicos, a apropriação dos recursos
naturais pode depender também de questões geopolíticas,
sobretudo, quando se caracterizam como estratégicos, envolvendo
disputa entre povos.

Sumário
A disponibilidade dos principais recursos na natureza está dependente de
vários factores que envolvem o carácter da sua ocorrência na natureza,
suas formas de exploração e intensidade, a maior ou menor procura dos
mesmos pelos consumidores.

Os componentes do meio ambiente não de uma maneira geral de dois


aspectos a considerar: os Renováveis e os não – renováveis. Estes
conceitos têm a ver com a capacidade de regeneração ou não de um
recurso uma vez submetido a uma exploração bastante forte. Aqui
podemos mencionar os casos de madeira, que se pode regenerar, contudo
num espaço bastante longo.

Exercícios
1- Identifique os principais recursos renováveis?

2- O que entende por recurso não- renováveis e quais são os


que conheces?
Unidade XXIII
O Ambiente e as Mudanças Globais:
Acções de Mitigação
Introdução
Dentro do processo de produção que resulte em impactos sobre o
meio ambiente temos que ter em conta as acções de mitigação para
que estes mesmos efeitos não possam ser bastante prejudiciais ou
mesmo que a sua ocorrência pare apenas em questões mínimas ou
controladas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar acções de mitigação dos impactos ambientais

 Explicar as causas de mudanças globais.

Objectivos  Descrever as vulnerabilidades ambientais de um


determinado meio.

23.1 Dentre as principais acção de mitigação pode-se listar:

 Substituição do uso de energias mais sujas (petróleo,


carvão) por energias mais limpas (solar, eólica, pequenas
hidrelétricas, biogás), a cogeração e até a migração do uso
de óleo combustível e óleo diesel para o gás natural.

 Eficiência energética e economia de energia: aparelhos mais


eficientes, lâmpadas fluorescentes ao invés de
incandescentes, reciclagem de materiais, etc.

 Utilização de transporte colectivo e bicicleta. Uso de


combustíveis de transição, como o álcool e o biodiesel.

 Acções municipais no sentido de sistemas eficientes de


drenagem urbana, colecta e tratamento de esgotos,
construção de aterros sanitários e a utilização do biogás
gerado nestes aterros e nas estações de tratamento de
esgotos para a geração de energia eléctrica.

 Habitações ambientalmente correctas, que aproveitam água


da chuva, usam a energia do sol para iluminação e
aquecimento, e têm climatização natural.

 Iniciativas e acções contra a destruição de florestas.

 Recuperação das áreas verdes das cidades, da mata ciliar


dos rios e nascentes, com espécies nativas.

 Aflorestamento (plantio onde não havia), reflorestamento


(recuperar áreas degradadas) e áreas de preservação.

Um exemplo concreto que pode ser tomado a nível municipal é a


implementação de um programa que objective: aumentar a
eficiência energética e o uso de energia gerada por fontes
renováveis sustentáveis e descentralizadas; e  reduzir as emissões
de carbono e as emissões de poluentes locais geradas pelas
edificações urbanas e a dependência das cidades de fontes de
energia externas. Um programa com tal escopo resulta em
iniciativas municipais pró-activas na direcção do aumento do
número de sistemas mais energeticamente limpos instalados nas
edificações urbanas, incluindo sistemas fotovoltaicos (de geração
directa de electricidade), aquecedores solares de água e ambiente,
aproveitamentos passivos da energia solar, energia eólica etc. Uma
outra acção que pode ser implementada a nível municipal é oferta
de transportes públicos de qualidade, e sistemas que permitam
transportar maiores volumes de pessoas. Na mesma direcção vai a
construção de ciclovias, não apenas para o lazer, mas sobretudo
para facilitar o deslocamento  no dia a dia da população. Ainda a
nível municipal, podem ser implementadas ou incentivadas acções
de construção de aterros sanitários e colecta selectiva com a
subsequente recuperação de metano de aterro de lixo; incineração
de desperdício para recuperação de energia; compostagem do
resíduo orgânico; controle e tratamento de água desperdiçada e
maximização da reciclagem. Finalmente, o município pode
contribuir para reduzir a concentração de CO2 na atmosfera,
tornando a cidade mais verde com acções de reflorestamento, de
redução do desmatamento e de conservação e ampliação das áreas
verdes e parques municipais.

23.2 Impactos, Vulnerabilidades e Medidas de Adaptação:


Acções Correctivas

Alguns impactos do aquecimento global já são inevitáveis e


compete aos governos de todos os países e em todos os níveis
começar a se prevenir contra eles. Dois conceitos importantes que
surgem nesta direcção são os conceitos de vulnerabilidade e de
adaptação. Vulnerabilidade é o grau ao qual um sistema está
susceptível a ou incapaz de lidar com efeitos adversos da alteração
climática, incluindo variabilidade e extremos. Adaptação é a
habilidade de um sistema de se ajustar à alteração climática
(incluindo a variabilidade e extremos climáticos), de moderar
danos potenciais, de tirar proveito de oportunidades ou de lidar
com as consequências.

Segundo alguns relatórios do IPCC sobre o tema identifica seis


grandes áreas vulneráveis às mudanças climáticas e passíveis de
acções adaptativas:

 Recursos hídricos: a disponibilidade de água vai ser


alterada, em algumas regiões pode haver escassez, em
outras, possibilidade de cheias, tempestades, etc;
 Ecossistemas: alguns deles poderão ser extremamente
afectados com possibilidade de perda de biodiversidade e
até desaparecimento, aumento da descoloração dos corais,
com possibilidade de mortalidade de corais espalhada,
mudanças nos ecossistemas devido ao enfraquecimento da
circulação meridional de retorno, antecipação da migração
dos peixes nos rios e de eventos que ocorrem na primavera,
etc;
 Alimentos, fibras e produtos florestais: a produtividade de
produtos agrícolas e florestais será afectada, tornando
inviável a produção de alguns produtos em certas áreas;
 Sistemas costeiros: com a elevação do nível dos mares
praias e mangues serão directamente afectados;
 Saúde: algumas doenças infecciosas se disseminarão mais
facilmente com a elevação da temperatura média do
planeta;
 Indústria, comunidades e sociedade: por todos os impactos
previstos acima, é óbvio que as actividades humanas serão
directamente impactadas, quer positiva ou negativamente.
Reconhece-se hoje que os continentes mais vulneráveis são
exactamente os mais carentes. A África, pela falta de recursos para
se adaptar, e a Ásia, pelos grandes volumes populacionais, serão
certamente os mais afectados.

Sumário
As mudanças globais vêm se acelerando devido a emissão de gases
poluentes (queima de combustíveis fosseis, industrias, entre outros) a
atmosfera que contribuem para o aquecimento global e a destruição da
camada de ozono, o derrube das florestas que são o pulmão natural da
terra. O ser humano precisa de se consciencializar e mudar de atitude em
relação ao ambiente, caso contrário o planeta terra estará ameaçado a se
tornar num planeta inóspito ao desenvolvimento da vida.

Exercícios
1- Aponta as principais acções de mitigação dos efeitos das
mudanças globais?
Unidade XXIV
Impacto das Mudanças Ambientais
Globais nas Comunidades
Moçambicanas
Introdução

Moçambique localiza-se na Costa Leste da África Austral, entre os


paralelos 10º 27’ e 26º 52’ de latitude Sul e os meridianos 30º 12’e
40º 51’ de longitude Este. Devido a esta localização geográfica e a
outros factores tais como a fraca habilidade de prever os eventos
extremos, a deficiente dessiminação de avisos de alerta atempada e
o grau elevado da pobreza absoluta; tornam o país muito vulnerável
às calamidades naturais de origem meteorológica, nomeadamente
secas, cheias e ciclones tropicais.

Outro factor de vulnerabilidade está associado à variabilidade


climática e particularmente de parâmetros como a precipitação e a
temperatura de que dependem muitas áreas, destacando-se
particularmente a agricultura e deste modo a segurança alimentar.
A gestão dos factores aqui apresentados necessita de acções bem
planificadas, estreita colaboração inter-institucional para a
prevenção e redução do impacto dos desastres naturais. Por outro
lado é essencial o fortalecimento das instituições com meios
técnicos e financeiros que permitam uma monitoria sistemática de
parâmetros ambientais assim como conduzir pesquisas académicas
para melhor entender os fenómenos que influenciam as mudanças
climáticas, assim como uma forte componente educacional da
população para melhor entender os avisos de alerta, bem como a
importância da preservação do meio ambiente.

No final desde capitulo serás capaz de:


 Identificar os principais eventos climáticos que afectam
Moçambique.
Objectivos  Definições de alguns eventos extremos de mudanças climática.

 Identificar impacto sócio-económico das mudanças climáticas em


Moçambique.

24. 1Principais eventos extremos que afectam o país

Os principais eventos extremos adversos as mudanças climáticas


em Moçambique são: Seca, Cheias e Ciclones Tropicais. Estes
fenómenos ocorrem quase por todo o país, sendo que a seca tem
maior incidência na região Sul, as Cheias ocorrem com maior
frequência nas regiões do centro e Sul e os Ciclones Tropicais
afectam quase todo o país em particular a zona costeira. Quanto a
duração a Seca pode prevalecer por longos períodos de tempo (3 a
4 anos), as Cheias podem perdurar alguns meses, enquanto os
Ciclones apenas uns dias.

24.2 Definições de alguns eventos extremos

15.2.1 Secas

Seca - é uma característica normal do clima que ocorre


periodicamente em todos os regimes climáticos (tanto em áreas de
alta como de baixa precipitação), como resultante de uma redução
de precipitação recebida durante um período de tempo que pode se
estender por uma época/campanha ou mais, associada a outros
factores climáticos tais como altas temperaturas, altos ventos e
humidade relativa baixa. Entretanto, a seca difere da aridez que é
uma característica permanente do clima e é restrita a áreas de baixa
precipitação (WMO/TD Nº. 1037, 2000).
24.2.1.1Tipos de seca:

Existem vários tipos de seca entre os quais destacam-se os


seguintes:

Seca meteorológica - quando a precipitação está abaixo da norma.

Seca hidrológica - é um fenómeno que ocorre quando se observam


períodos de cursos de água abaixo do normal e armazenamento de
água nos reservatórios esgotado (WMO/UNSO, 1997).

Seca agrícola - é um fenómeno que ocorre somente quando a


humidade de água no solo disponível é insuficiente para satisfazer
as necessidades das culturas.

Na África Austral a seca tem estado associada ao fenómeno EL


NIÑO. Este fenómeno tem a frequência de cerca de 2-6 anos. Na
zona Sul de Moçambique os seus efeitos negativos sobre a
precipitação são mais notórios do que nas restantes zonas do país.

15.2.1.2 Impacto sócio-económico da seca

A experiência mostra que a seca tem impacto negativo em


diferentes áreas de actividade, podendo causar diferentes efeitos
tais como:

 Perda de culturas
 Secagem de pontos de água
 Redução de áreas de pastagem
 Subida de preços dos produtos agrícolas e de primeira
necessidade
 Subida de importações de alimentos
 Aumento de apelos para ajuda externa
 Perda de vidas humanas e de animais
 Eclosão de doenças
 Perda de Biodiversidade

Em Moçambique a análise dos dados climáticos mostra que


episódios de seca ocorrem por todo o país, cuja intensidade e
duração depende da região e sub-região.
24.3 Cheias

As cheias são provavelmente os eventos mais vulgares dos


desastres naturais. Em Moçambique episódios de cheias ocorrem
com maior frequência nas regiões Centro e Sul, principalmente ao
longo das bacias hidrográficas dos rios, zonas baixas e locais ou
terrenos com sistema de drenagem inadequado.

As cheias de 2000 não têm


paralelo durante os últimos
50 anos

Cheias do ano 2000 em Moçambique. Fonte: MICOA, 2010

As cheias no país são causadas não só pelas precipitações intensas


como também pelo escoamento das águas provenientes das
descargas das barragens dos países vizinhos situados a montante. A
maioria das chuvas torrenciais que causam cheias tem estado
associada aos ciclones tropicais que afectam o país principalmente
na época do verão.

24.3.1Impacto sócio-económico das cheias

Os efeitos negativos das cheias são amplamente conhecidos tanto a


nível mundial como em Moçambique, trazendo as seguintes
consequências:

• Inundações
• Perdas de vidas e propriedades
• Perda de culturas
• Eclosão de doenças
• Deslocados
• Perda de Biodiversidade
• Roptura das actividades normais

Um dos eventos de cheia ocorrido recentemente em Moçambique


foi no ano 2000. A figura abaixo mostra os desvios da precipitação
em relação a normal na cidade de Maputo, observando-se diversos
episódios com anomalias positivas da precipitação que
provavelmente possam ter originado cheias. Uma anomalia positiva
extrema (800 mm) ocorreu no ano 2000, tendo causado as piores
cheias dos últimos 50 anos.

Desvio da precipitação em relação a normal na


cidade de Maputo no período de 1951-2002.

24.4 Ciclones Tropicais

Ciclone Tropical - é um sistema de baixas pressões que se


desenvolve sobre as águas oceânicas tropicais com uma circulação
de ventos bem definida e organizada com velocidade média do
ventos de 63 Km/h ou mais ao redor do seu centro. O raio da área
dos ventos perigosos (da tempestade ou do ciclone) pode estender-
se até centenas de quilómetros do centro e em certas ocasiões para
além de 1000 quilómetros.
24.4.1 Classificação dos ciclones tropicais

A tabela abaixo mostra a classificação dos ciclones tropicais


segundo a velocidade máxima do vento e rajadas.

24.4.2 Época Ciclónica


Época ciclónica - é o período do ano em que se observa a
ocorrência da maior parte de ciclones. No Sudoeste do Oceano
Índico, onde se formam a maior parte dos ciclones e depressões que
atingem Moçambique; este período é entre 1 de Novembro e 30 de
Abril.

24.4.3 Impacto sócio-económico dos ciclones tropicais

Os ciclones tropicais são entre os sistemas meteorológicos os mais


fortes e destrutivos, globalmente. Eles trazem ventos fortes, chuvas
torrenciais e tempestades que podem causar cheias, deslizamento
de terras, erosão na zona costeira assim como no interior. Muitos
deles causam retrocessos sociais e económicos, perdas de vidas,
sofrimento humano, destruição de propriedades, degradação do
meio ambiente e ruptura das actividades normais.
Impacto de Ciclones em Moçambique. Fonte: MICOA, 2010

Contudo estes eventos extremos podem contribuir para o


suprimento de água em zonas outrora secas, redistribuição da flora
e fauna.

Sumário
Os eventos extremos como cheias, ciclones tropicais e secas que
ocorrem em todo o país, são factos das mudanças climáticas. Sendo
de destacar que a região norte é a mais afectada por ciclones
tropicais, o centro pelas cheias e o sul pelas cheias e secas.

O país é caracterizado por uma forte variabilidade inter-anual da


temperatura e precipitação. Observa-se também que o padrão da
variação da temperatura de Moçambique tem tendência de
aumentar a partir dos princípios da década 80. Este cenário é
similar ao padrão da tendência da temperatura global observada.

Na região sul, a variabilidade temporal da precipitação é muito


grande, onde a magnitude dos eventos extremos (secas e cheias) é
mais acentuada e prolongada do que nas outras regiões do país.
Exercícios
1. Discuta a seguinte afirmação com base em eventos das
mudanças climáticas: "O potencial agrícola do país para as
principais culturas alimentares é maior na zona norte e vai
diminuindo à medida que se caminha para o sul.
2. Identifica os principais eventos climáticos que afectam
Moçambique.
3. Quais são impacto socioeconómico das mudanças
climáticas em Moçambique.
Referencias Bibliografia

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www.eea.eu.int/

2. AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE: Sustainable


Water Use in Europe, Part3, 1995.

3. AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE: Environment in


the European Union in the turn of the century, 1999.

4. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de


Janeiro, 2001

5. ARCURI, A.S.A.; FERNÍCOLA, N.A.G.G. – Riscos ao


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Legislação consultada:

 Constituição da República de Moçambique, aprovada pela


Assembleia da República, em 16 de Novembro de 2004 que
entrou em vigor em Janeiro de 2005.
 Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, aprova a Lei do Ambiente.
 Lei nº 19/97, de 1 de Outubro aprovada a Lei de Terras.
 Lei nº 10/99 de 7 de Julho, aprovada a Lei de Florestas e Fauna
Bravia.
 Decreto n.º 12/2004, de 7 de Julho, aprova o Regulamento da Lei
de Florestas e Fauna Bravia.
 Decreto 4572004 aprovado o Regulamento Sobre o
Processo de Avaliação de Impacto Ambiental.

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