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Presidência da República
Senhores Deputados;
Distintos Convidados;
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Quero iniciar esta intervenção solidarizando-me com todas as famílias que foram,
directa ou indirectamente, afectadas pelos acidentes rodoviários.
Nos últimos anos, Moçambique tem sido severamente afectado pelo fenómeno da
sinistralidade rodoviária que, pelas suas consequências sociais e económicas, já se
transformou num verdadeiro flagelo público.
Estes factos justificam uma reflexão profunda sobre as causas, factores, medidas e
estratégias que devem ser adoptadas para que a segurança nas nossas rodovias seja
a regra e a sinistralidade, uma excepção.
Distintos convidados,
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A importância da vida humana é reconhecida na nossa própria Carta Magna, a
Constituição da República de Moçambique que no seu artigo 40°, consagra o
Direito à vida e à integridade física e moral a todo o cidadão.
A mesma Constituição, no seu artigo 55° número 2, defende que o cidadão tem o
direito de circular livremente no interior e para o exterior do território nacional.
Por outro lado, entenda-se rodoviária como o tipo de segurança que ocorre num
espaço específico, que são as estradas e outras vias públicas.
O II Simpósio de Segurança Rodoviária, que hoje nos junta, para nos debruçarmos
sobre este assunto, não é mero acaso, é imperativo nacional.
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Os dados estatísticos que possuímos indicam que, a nível da SADC, Moçambique é
o país que apresenta o quarto maior índice de mortes por acidentes de viação: 32
mortes por cada 100.000 veículos.
Fazendo uma análise da situação interna, constatamos que nos últimos seis anos, -
portanto de 2011 a 2017 -, os acidentes rodoviários ceifaram mais de dez mil vidas e
causaram mais de trinta mil feridos, entre graves e ligeiros.
O ano de 2014 foi o que apresentou mais perdas de vidas humanas, com o registo
de um total de duas mil e quarenta mortes (2040).
Outro elemento que pretendemos partilhar, e que muito nos preocupa, é a idade
das pessoas envolvidas nos acidentes, em Moçambique: parte considerável são
jovens e adultos, do sexo masculino, na faixa dos 18 aos 45 anos; portanto, pessoas
na fase final da sua formação académica e que muito ainda tem a dar ao país e pais
de família que, em virtude do acidente, deixam de poder cumprir o papel de
provedor, lançando para a incerteza crianças de tenra idade e outros dependentes.
Estes dados são assustadores, não apenas, porque estamos a falar de pessoas
concretas que viram as suas vidas destruídas ou transformadas em consequência
dos acidentes, mas também pelos efeitos perversos que estes causam no nosso
tecido económico e social.
Um acidente rodoviário, para além dos custos físicos e psicológicos que atingem as
pessoas directa ou indirectamente envolvidas, impacta negativamente nos serviços
de saúde e nas infraestruturas públicas e privadas (refiro-me aos postes eléctricos,
semáforos, condutas de água, praças, edifícios, etc), desviando recursos públicos
que podiam ser direcionados à outras prioridades da nossa governação.
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Mais do que palavras, urge responsabilizar todos aqueles que são os causadores
desta desgraça.
Caros participantes,
- os acidentes mais trágicos, ou seja, com maior número de sinistrados, são os que
envolvem veículos pesados de transporte e/ou de passageiros, vulgo chapas; e
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Com efeito, é responsabilidade do homem atravessar a rua correctamente, como
também cabe ao homem cuidar do estado da sua viatura e conduzir com prudência.
Assim, é forçoso concluir que se as causas dos acidentes estão associadas à acção
humana, é com, e sobre as pessoas que devemos incidir a nossa acção.
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O nível de sinistralidade que atingimos, está a pôr em causa todos os esforços que
estamos a fazer para edificar esta nação. Por estes e mais motivos, a realização
deste simpósio revela-se de inestimável relevância nacional, pelo que convidamos a
todos, independentemente do local onde se encontrem, a fazer parte desta reflexão
colectiva.
Ilustres Participantes,
Não queremos que este seja mais um seminário. É preciso que este simpósio traga,
à superfície, a real causa dos acidentes e desenhe as medidas para a sua eliminação.
É também importante que reflicta sobre as medidas já em curso, questionando o
porquê de não estarem a produzir os resultados esperados.
Este é mais um motivo para que os escassos recursos disponíveis continuem a ser
investidos nas áreas sociais e económicas, ao invés de suportarem as despesas
decorrentes dos acidentes.
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Reflictamos sobre a possibilidade de criminalização de algumas dessas infracções;
aliás, de acordo com o programa, esta reflexão já está prevista.
Este Simpósio não deve, simplesmente, discutir teorias, dogmas ou repetir estudos
e pesquisas já realizados, sobre a situação de acidentes em Moçambique. Este
espaço deve servir de plataforma para os diferentes sectores, com obrigações claras
na prevenção e combate aos acidentes, apresentarem as suas contribuições para a
solução dos problemas já identificados.
Todos os aspectos: o estado das vias de acesso, o estado eléctrico e mecânico das
viaturas, a qualidade das inspecções aos veículos, os processos da certificação de
condutores, bem como a certificação e licenciamento de transportes de
passageiros, devem ser objecto de análise durante os debates.
Não nos esqueçamos que todos nós podemos ser autores e/ou vítimas de acidentes.
Compatriotas!
O mês de Dezembro, que a amanhã inicia, tem sido caracterizado pelo movimento
desusado de pessoas e bens. É o momento em que as famílias se juntam para
repousar, depois de um ano de trabalho e reflectem sobre os fracassos e sucessos
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do ano que termina; é o momento sagrado em que se regeneram as energias para a
época seguinte.
Este momento de festa, por vezes, propicia excessos que acabam em tragédia, luto
e dor nas nossas famílias.
Queremos que, depois deste simpósio nacional, entremos na quadra festiva que se
avizinha, munidos de maior respeito e responsabilidade para com as nossas vidas e
às de terceiros; que as famílias possam, sem medo, sair do Índico ao Zumbo e de
Maputo ao Rovuma, e vice-versa, circulando livremente e transportando os seus
bens.