LIVRO LITERÁRIO E

INTERDISCIPLINARIDADE:
O PODER DESSA MISTURA

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 SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................... 3

INTERDISCIPLINARIDADE: A COMPLEXIDADE DA
PRÁTICA.....................................................................................4

LITERATURA NA ESCOLA..................................................... 6

LIVRO LITERÁRIO COMO ELEMENTO

INTERDISCIPLINAR................................................................ 7

AS FASES DE LEITURA DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE......................................................................... 8

OS DIFERENTES NÍVEIS DE LEITURA............................... 9

CONCLUSÃO........................................................................... 10

Material de divulgação das editoras Ática, Saraiva e Scipione.

Não constitui documento oficial a respeito do PNLD.
INTRODUÇÃO
Há muitos anos, o livro literário faz parte
dos materiais associados às instituições
escolares. Junto aos livros didáticos e lousa,
as obras de Literatura fazem parte da
composição de uma escola comum. Porém,
diferentemente desses outros elementos, o
livro literário não é um recurso presente em
todas as aulas, nem em todas as disciplinas.

Ao livro, fica o papel de complementar as

aulas de Língua Portuguesa e Literatura.
Entretanto, o potencial das obras literárias
é muito mais extenso do que se pensa
comumente. O livro literário é um recurso
cabível e eficaz na aprendizagem de todas
as áreas do conhecimento, visto que a
Literatura, enquanto ciência, possui caráter
transversal.

Por ser democrático e presente em muitos

contextos, o livro literário representa
uma ótima ferramenta para o exercício
interdisciplinar. Mas como fazer essa
ligação entre obra e interdisciplinaridade?
Confira, neste e-book, algumas noções
interessantes para ter o livro literário como
um estímulo à mesclagem de áreas do
conhecimento.

Boa leitura!

3
 INTERDISCIPLINARIDADE: A
COMPLEXIDADE DA PRÁTICA
Não é raro desconhecer o significado de interdisciplinaridade, principalmente
no que diz respeito às atividades da Educação Básica. De acordo com a Doutora
em Educação Heloísa Lück,

“Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e o engajamento de

educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar
entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando
a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a
cidadania, mediante uma visão global de mundo [...]” (LÜCK, 2013, p.47).

Com base nessa conceituação, percebe-se
a interdisciplinaridade como uma forma de
tornar o aprendizado mais significativo.
As escolas, hoje, estabelecem uma rígida
divisão entre as disciplinas, o que acaba
ressaltando a falta de conexão entre as
áreas. Porém, quando a proposta de ensino
inclui o diálogo ativo entre os componentes
curriculares, ocorre um favorecimento do
desenvolvimento integral do aluno.
Dos muitos benefícios, cita-se como o
mais valioso o reflexo das atividades
interdisciplinaridades na vida do aluno. Ao
terem contato com o elo entre as disciplinas,
os estudantes passam a ter aptidão para o
enfrentamento de problemas complexos.
As instituições educativas, ao promoverem
uma relação entre as diversas áreas do
conhecimento, incentivam a resolução e
problematização de questões globais, reais
e atuais.

4
Por inserir-se em um ambiente de divisão naturalizada, a interdisciplinaridade
representa um desafio para a escola, sobretudo para os profissionais da educação.
O trabalho coletivo envolve definir objetivos e ações em grupo, que depende do
diálogo para ser bem fundamentado e recebido. Sendo assim, o desenvolvimento
da cultura interdisciplinar não é constituído, mas construído em meio a
concordâncias e discordâncias dos profissionais.

A implementação de práticas que valorizam a interdisciplinaridade na escola não

envolve necessariamente a falta de distinções entre as disciplinas do currículo
escolar. A distinção deve ser feita de modo a valorizar o que une os componentes
e o que será fruto daquela união. Muitas vezes, o trabalho interdisciplinar
proporciona um aprendizado que conecta, fugindo de problemáticas comuns
advindas do puro acúmulo de informações.

Por fim, a interdisciplinaridade situa a escola no mundo. O aluno formado em meio

a atividades interdisciplinares possui maior destreza para dialogar e conectar seus
saberes às necessidades da vida em sociedade.

5

LITERATURA NA
ESCOLA
A Literatura representa uma ciência
fundamental para o ambiente escolar. O
contato com ela exige uma forte atividade
mental do leitor, que conta com suas
aprendizagens anteriores para construir
novas noções a partir da leitura de obras
literárias.
Hoje, a Literatura não é concebida como
uma disciplina isolada, mas como uma
área transversal na área de Linguagens,
que compreende Língua Portuguesa,
Línguas Estrangeiras, Arte e Educação
Física. De acordo com a Base Nacional
Comum Curricular, documento que traça as
aprendizagens essenciais do Ensino Básico
brasileiro, a Literatura está diretamente
ligada à formação de leitores-fruidores.
Marca-se então a função da Literatura na
escola: elemento para a fruição.
Por tradição, a Literatura está limitada ao
ensino de Língua Portuguesa, visto que
a arte da palavra muito se relaciona aos
estudos de aspectos linguísticos. Porém,
essa limitação afasta o jovem de ações
de leitura, que são cabíveis no estudo
de qualquer outra disciplina. Visto que
todo o conhecimento é desenvolvido e
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compartilhado por meio da palavra, nada
mais apropriado que a incorporação da
arte da palavra no processo de ensino-
aprendizagem de modo geral.
Sobre a atividade de leitura, a professora
Vera Teixeira de Aguiar apregoa que ler
torna oportuna “a expansão do leque
de experiências do sujeito, que passa a
interagir com novas ideias e sentimentos,
novas formas de conceber o mundo e as
relações humanas” (AGUIAR, 2013, p.154).
Perceba que não ocorre uma limitação de
competências e habilidades da área de
linguagens, mas sim um favorecimento na
compreensão de algo comum de todos os
componentes curriculares: o mundo.
A Literatura, embora marcada no currículo
como parte da Linguagem, é essencial para
todas as outras áreas. Sem ela, não haveria
saber matemático, geográfico ou histórico.
Adotar o livro literário apenas no ensino
da língua envolve privar o aluno de um
saber universal e significativo. Além disso, a
função primordial da Literatura no contexto
nacional — a de fruição — é impulsionada
de modo mais eficaz quando presente na
aula de todas as disciplinas do currículo
escolar.
6
LIVRO LITERÁRIO COMO
ELEMENTO INTERDISCIPLINAR
Embora possa parecer complicado,
relacionar uma obra literária com a
Matemática, por exemplo, não é uma
tarefa árdua. Como dito anteriormente,
esse exercício retira o professor de sua
zona de conforto, porém o resultado
dessa prática é muito positivo para o
aprendizado do aluno.
No momento de planejar atividades
interdisciplinares, é imprescindível
compreender que o livro literário não
é exclusivo da Língua Portuguesa. Os
títulos de Literatura estão inseridos neste
componente curricular por reflexo de
uma tradição, não de uma imposição
natural. O professor de outras áreas,
portanto, deve retirá-lo de seu lugar
comum e incorporá-lo em suas práticas
didáticas.
A justificativa para a utilização da Literatura
como um motor da interdisciplinaridade
é simples: o livro literário carrega
interpretações múltiplas, o que acarreta a
abertura para diferentes modos de leitura.
Somando-se a essa noção, é importante
acrescentar que o sentido de uma obra
não está limitado ao que o autor passou,
ou desejou passar, mas sim por inferências
singulares de cada leitor. Dado esse legítimo
lugar da Literatura, vê-se nela o lugar ideal
para a prática interdisciplinar na escola.
Por meio de programas como o PNLD
Literário, as escolas brasileiras são
abastecidas de obras literárias diversas e
adequadas para a educação de crianças e
jovens. O caráter popular do livro literário
na escola faz com que todas as instituições
educativas iniciem, de algum modo,
atividades interdisciplinares, visto que um
mesmo título literário pode ser utilizado
como recurso em diferentes disciplinas.

Uma breve reflexão sobre o

escrever artístico

O ato de escrever enquanto manifestação artística

é mundial. Não importa onde o ser humano esteja,
há uma pulsão por arquivar sentimentos, culturas e
histórias. Escrevendo, mantêm-se perpetuadas ideias e
noções. Além desse desejo individual, escrever Literatura
é também um ato social, visto que a linguagem é
atribuída como fator essencial para o compartilhamento
interpessoal. Os livros literários, portanto, são muito
mais que simples objetos de prazer.

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AS FASES DE
LEITURA DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
1ª fase: Idade dos livros
de gravuras e dos versos
infantis
A criança de 2 a 5 ou 6 anos
está vivendo suas primeiras
aprendizagens. A utilização de livros
ilustrados auxilia-a na compreensão
da mensagem do texto.
3ª fase: Idade da história
ambiental e da leitura
factual
A criança, que está indo caminhando
para a pré-adolescência (9 a 12 anos)
possui um apego pelas histórias
mágicas, porém já tende a solicitar
por histórias mais verossímeis.
5ª fase: Anos da
maturidade
O adolescente (14 a 17 anos) possui
seus gostos mais bem definidos e
busca por leituras mais intelectuais.
É comum preferir romances mais
elaborados, relatos de viagem
e biografias, uma vez que tais
narrativas o aproximam da vida
adulta.
Antes de selecionar um livro para promover
a prática interdisciplinar, é fundamental
que o professor conheça seus alunos e
suas turmas. Para orientar esse momento
de seleção, tem-se o trabalho de Richard
Bamberger, que separou as fases de leitura
dos estudantes em cinco:
1 2ª fase: Idade dos contos
de fadas
A criança que tem idade entre 5
2 a 8 ou 9 anos está suscetível à
fantasia. Aqui, os contos de fadas
são essenciais para a resolução de
conflitos.
3
4ª fase: Idade da história
de aventuras
4
A leitura na pré-adolescência (12 a 14
anos) é orientada para as sensações.
A personalidade do indivíduo está
se concretizando, o que justifica sua
predileção por leituras emocionantes
e sentimentais.
5
Embora não indiquem certeiramente todos
os contextos, essas fases são orientações
para os professores que buscam pela
incorporação do livro literário em suas
aulas. A classificação em grupos pressupõe
uma generalização, muito indicada para o
começo dos estudos e testes em sala de
aula. Recomenda-se partir dessas fases,
porém não cristalizar nelas, visto que cada
grupo de crianças e adolescentes é único
e pode ou não receber bem certo tipo de
obra.
8
OS DIFERENTES Pré leitor: o leitor está descobrindo, tem

NÍVEIS DE curiosidade e impulsos sensoriais. Para ele,

o livro é um brinquedo. São indicados: livros

LEITURA com muitas figuras, textos curtos e várias

texturas.

Visto que a observação da fase

de leitura na qual os alunos se
encontram auxilia o professor
na constituição de sua prática
literária interdisciplinar, é
indicado verificar também o
nível de leitura dos estudantes.
Ler vai além da classificação por
idade, uma vez que a ação se
relaciona a diversos mecanismos
particulares.
Baseando-se em padrões de
desenvolvimento do leitor, Nelly
Novaes Coelho, crítica literária
brasileira, classifica cinco níveis
de leitura:
Pré-leitor
Leitor iniciante
Leitor iniciante: o leitor já diferencia
letras de números e grafemas de
rabiscos. O estímulo é essencial para seu
desenvolvimento e descoberta do universo
literário. São indicados: livros com gravuras
e que explorem o sentimento.
Leitor em processo: o leitor gosta de ser
desafiado, uma vez que já domina a escrita e
a leitura. São indicados: narrativas de simples
compreensão, bem-humoradas e reflexivas.
Leitor fluente: o leitor já é capaz de
interagir com o texto de forma mais ativa.
Ele realiza, de forma autônoma, inferências
sobre o texto. São indicados: livros com
heróis e gêneros diversificados (como
contos, crônicas, novelas, mitos etc).

Leitor crítico: o leitor realiza a leitura

Leitor em processo
de forma mais reflexiva e crítica.
Recomenda-se aprofundamento em teorias
Leitor fluente literárias, uma vez que o prazer deve ser
acompanhado de refinamento crítico. São
indicados: livros que abordem problemas
Leitor crítico sociais e reflitam sobre a realidade.

Considerar o nível de leitura dos alunos significa buscar o livro literário mais apropriado
para as atividades. Por meio dessa pesquisa pré-seleção, o professor conseguirá prosseguir
com atividades interdisciplinares de modo significativo com os estudantes, ocasionando o
sucesso na prática. O planejamento e a escolha do livro literário garantem, portanto, uma boa
atividade interdisciplinar que envolve a Literatura.

9
CONCLUSÃO
A interdisciplinaridade evidencia a relação Por meio da Literatura, professores de
entre as disciplinas escolares, fazendo com todas as áreas do conhecimento conseguem
que o aluno associe o que é ensinado na utilizar o recurso literário a favor de sua
escola à sua realidade. Além de combater disciplina. O livro literário é amplo e muito
a separação das áreas do conhecimento, a adequado para o desenvolvimento dos
prática estabelece uma linguagem comum alunos. Tem-se, então, a Literatura como
na escola, fortalecendo a comunicação entre uma ótima promovedora da prática
os professores e suas disciplinas e formando interdisciplinar na escola, visto que todas
o aluno de maneira integral. as instituições possuem obras literárias em
suas bibliotecas, além de programas como
Sendo assim, atividades interdisciplinares
o PNLD distribuírem títulos para todos os
são muito eficazes em um dos maiores
estudantes.
problemas da educação atualmente: a
dificuldade na aprendizagem. A conexão
entre as áreas aproxima o aluno da escola,
além de permitir que ele compreenda o
conceito de um componente por meio
de seu conhecimento acerca de outra
disciplina.

10
Nesse exercício de inclusão do livro literário
na prática docente não há uma fórmula,
visto que os sujeitos, no que diz respeito
à Educação, são singulares e respondem
a uma mesma ação de múltiplas formas.
Mas há alguns bons direcionamentos para
auxiliar os professores nessa prática. O
planejamento e o cuidado com a seleção
dos títulos a serem utilizados são primeiros
passos essenciais e muito contribuem para
o bom andamento da interdisciplinaridade.
Unir áreas rompe barreiras e forma alunos
muito mais íntegros.

Aproveite para conferir as obras aprovadas

das editoras Ática, Scipione, Saraiva e
Atual aprovadas no PNLD Literário 2020.
Todos os títulos são muito amplos e ideais
para o desenvolvimento de atividades
interdisciplinares!

OBRAS ÁTICA E SCIPIONE

OBRAS SARAIVA E ATUAL

Referências:

BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura.

Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1977.

BORDINI, M. da Glória; AGUIAR, Vera T. de. Literatura: a

formação do leitor: alternativas metodológicas. 2 ed. Porto Alegre:
Mercado aberto, 1993.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise,

didática. São Paulo, Moderna, 2000.

LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-

metodológicos. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

SOUZA, Elisabeth Oliveira Lima de. A contribuição da literatura

em sala de aula numa perspectiva interdisciplinar. 2016. 50 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia),
Departamento de Práticas Educacionais e Currículo, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.
 VA I
M B É M
C Ê TA R :
VO DE L E
A R
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GUIA para a escolha

do livro literário ideal

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