ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
CURITIBA
2018
LUCCAS MENONCIN PACHECO
CURITIBA
2018
Aos meus pais, Antônio e Marinêz,
minhas maiores referências.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................. 13
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 15
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 15
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 16
2.1 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO .......................... 16
2.1.1 ÂNGULO DE ATRITO INTERNO ................................................................. 17
2.1.2 COESÃO ...................................................................................................... 20
2.2 ENSAIOS TRIAXIAIS ................................................................................... 23
2.2.1 Ensaio Isotropicamente Adensado Drenado (CID) .................................. 27
2.2.2 Ensaio Adensado Isotropicamente Não Drenado (CIU) .......................... 29
2.2.3 Ensaio Não Adensado Não Drenado (UU) ................................................ 31
2.2.4 BENDER ELEMENTS .................................................................................. 32
2.3 MÓDULO CISALHANTE .............................................................................. 34
3 PROCEDIMENTO DE ENSAIO .................................................................... 36
4. RESULTADOS ............................................................................................. 43
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 59
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 60
GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 62
ANEXO A – RESULTADOS ADICIONAIS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS ................... 63
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
1.2 OBJETIVOS
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Conforme Pinto (2006, p. 260) “A ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno
de cisalhamento, que acontece, por exemplo, quando uma sapata é carregada até a
ruptura ou quando ocorre o deslizamento de um talude.” Portanto, a resistência ao
cisalhamento de um solo pode ser definida pela máxima tensão cisalhante no plano
em que ocorre sua ruptura ou a máxima tensão cisalhante que este pode suportar
sem sofrer ruptura.
Existem dois parâmetros essenciais que interferem nesta resistência ao
cisalhamento dos solos, o primeiro sendo o ângulo de atrito interno e o segundo a
coesão entre as partículas de solo. Ambos conceitos são abordados a seguir.
17
Seja N a força vertical chamada “força normal”, transmitida pelo corpo, a força
horizontal T deverá, necessariamente, ser superior a ∗ , sendo f o coeficiente de
atrito entre os dois materiais. Portanto, à proporcionalidade entre a força normal e a
força tangencial, cuja relação pode ser escrita através da Equação (1):
= ∗ tan (Eq. 1)
Fonte: Pinto, 2006
O ângulo de atrito, denominado por é o ângulo formado pela resultante das
duas forças com a força normal.
Este também pode ser compreendido como o máximo ângulo que a força
transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato sem
que ocorra deslizamento. Se este ângulo for atingido, a componente tangencial da
força é maior do que a resistência ao deslizamento, que é proporcional à componente
normal, conforme esquema da Figura 3(b).
Outra maneira de se provocar o deslizamento é pela inclinação do plano de
contato, que altera as componentes do peso próprio do corpo, atingindo o limite a
relação expressa pela Equação 1, conforme a Figura 3 (c).
18
2.1.2 COESÃO
ocorrer funções plásticas, como no caso dos solos pré-adensados, se constata que a
resistência é proporcional a tensão de pré-adensamento.
A despeito das dificuldades de explicação física e da medida de seu valor, tem-
se constatado que a coesão aumenta com:
a) quantidade de argila e atividade coloidal;
b) relação de pré-adensamento (overconsolidation ratio-OCR);
c) diminuição da umidade.
Existe um tipo de coesão, muito comum na natureza, que não tem sua origem na
cimentação e nem nas forças intrínsecas de atração. Esse tipo de coesão,
denominada de aparente, ocorre em solos parcialmente saturados e deve-se ao efeito
de capilaridade na água intersticial. A pressão neutra negativa atrai as partículas
gerando novamente um fenômeno de atrito, visto que ela origina uma tensão efetiva
de igual valor.
Esse tipo de coesão desaparece caso o solo seja totalmente saturado ou secado,
donde o nome aparente. A sua intensidade cresce com a diminuição do tamanho das
partículas.
A Figura 5 ilustra a contribuição para a coesão das diversas fontes citadas.
22
Figura 5 - Contribuições dos vários mecanismos de ligação para a resistência dos solos
fluxo de água ascendente e então um volume de pelo menos três vezes o volume de
vazios da amostra deve ser percolado
Conforme podemos observar no diagrama abaixo:
percurso (t), este foi tomado como a primeira maior deflexão do sinal recebido, como
ilustra a Figura 11. Trata-se este de um método direto, bastante utilizado (Fioravante
e Capoferri, 2001; Lee e Santamarina, 2005; Takkabutr, 2006; Chan, 2010) e que
contribui para a simplicidade da interpretação dos ensaios com bender elements.
Figura 11 - Determinação do tempo de percurso da onda.
3 PROCEDIMENTO DE ENSAIO
O ensaio triaxial realizado para fins deste trabalho foi realizado no Laboratório
de Geotecnia do Lactec, a convite do Prof. Dr. Rodrigo Moraes da Silveira. A amostra
escolhida foi colhida na região da Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro e mantida
em seu estado indeformado, conforme a Figura 12 abaixo, pela equipe técnica deste
mesmo laboratório.
Figura 12 - Bloco Indeformado da Amostra de Solo Escolhida
Rampa de Saturação
600
500
Contrapressão (KPa)
400
300
200
100
0
0 50000 100000 150000 200000 250000
Tempo (s)
0.00
-5.00
-10.00
-15.00
Fonte: O Autor, 2018
Após o adensamento da amostra se inicia a última etapa do ensaio, a de
cisalhamento, quando é aplicado o carregamento axial s1, rompendo o corpo de
4. RESULTADOS
vazios, porosidade e grau de saturação inicial e final, tais cálculos são apresentados
na Tabela 2, abaixo:
Tabela 2 - Tabela de Cálculos de Indíces Físicos
Em que,
∆ é a variação de poropressão, medida pelo transdutor
∆ sendo a variação da pressão confinante
Tais dados para cálculo do parâmetro foram obtidos em um estágio específico
do ensaio, em que é feito um pequeno incremento nas pressões confinante e
contrapressão e medida a resposta da poropressão da amostra através do transdutor
de poropresão acoplado à câmara triaxial.
Seguindo a sequência do ensaio, abaixo é apresentado o Figura 21, resultado
da etapa de adensamento da amostra sob tensão efetiva de 600kPa, da variação de
volume em função da raiz quadrada do tempo.
0.00
-5.00
-10.00
-15.00
Fonte: O Autor, 2018
-5.00
-10.00
-15.00
200 kPa
-1.00
(cm³)
-2.00
-3.00
-4.00
-5.00
-6.00
100 kPa
Raiz quadrada do tempo (seg)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
0.00
Variação de volume
-1.00
(cm³)
-2.00
-3.00
-4.00
c=32.8 kPa
600
φ=25.9°
400
100 kPa
300
200 kPa
200
400 kPa
100
600 kPa
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Tensão principal efetiva (kPa)
Fonte: O Autor,2018
a=29.5 kPa
700 α=23.6°
400 kPa
300
600 kPa
200
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Tensão média efetiva, s' (kPa)
=
tan
C:\#ENSAIOS2018#\2.4004.18\BE_1510
Nome do Arquivo
0853_2_2.4004.18_600kPa_CIU_Adens
amento R1.bes
Altura da Amostra (mm) 100
Tipo da Origem S-Wave Pair 1
Forma da Onda Senoidal
Período da Onda(ms) 0,2
Amplitude da Onda (V) 14
Frenquência de Amostragem (Hz) 2000000
Disparo Único ou Multiplo? Único
Estágio Adensamento
Tempo (s) Origem Recebido
0 0,2423096 -2,14E-03
0,0000005 0,5761719 6,41E-03
0,000001 0,7287598 2,14E-03
0,0000015 0,7971191 6,41E-03
0,000002 1,046753 1,46E-02
0,0000025 1,408691 -6,10E-03
0,000003 1,59668 -2,72E-02
0,0000035 1,693726 -2,29E-02
0,000004 1,954956 -2,72E-02
0,0000045 2,322998 -2,72E-02
0,000005 2,477417 -6,10E-03
0,0000055 2,546997 6,41E-03
0,000006 2,77832 -1,04E-02
0,0000065 3,143311 -1,04E-02
0,000007 3,314209 -1,04E-02
0,0000075 3,392334 -1,86E-02
0,000008 3,636475 -2,29E-02
. . .
. . .
. . .
Fonte: O Autor, 2018
53
C:\#ENSAIOS2018#\2.4004.18\BE_15100853_2_2
Nome do Arquivo
.4004.18_600kPa_CIU_Cisalhamento R1.bes
Fonte: O Autor,2018
54
15
10
Source
5
Amplitude
0 Received
-5
Travel time (Freq. domain:
-10 0.64ms)
www.gdsinstruments.com
96,22 ∗ 10 [ ]
=
0,549 ∗ 10 [ ]
= 175,26412
= 2700 ∗ (175,26412)² [ ]
= 82,93728175 ∗ 10 Pa
= 82,93728175 Mpa
www.gdsinstruments.com
94,10 ∗ 10 [ ]
=
0,260 ∗ 10 [ ]
57
= 361,92308
Resumo
Parâmetro Valor Unidade
c 32.8 kPa
f 25.9 °
82.9373 MPa
á 353.6685 MPa
Fonte: O Autor, 2018
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Chan, C.-M. Bender element test in soil specimens: identifying the shear wave arrival
time. Electronic Journal of Geotechnical Engineering, v. 15M, p. 1263-1275,
2010.
DAVID SUITS, L. et al. Measurement of Gmax and Estimation of K0 of Saturated
Clay Using Bender Elements in an Oedometer. Geotechnical Testing Journal, v.
28, n. 3, p. 11318, 2005.
DEÁK, F.; VÁN, P.; VÁSÁRHELYI, B. Hundred years after the first triaxial test.
Periodica Polytechnica Civil Engineering, v. 56, n. 1, p. 115, 2012.
Dyvik, R.; Madshus, C. Lab measurements of Gmax using bender element.
Advances in the Art of Testing Soils under Cyclic Conditions. Proceedings… New
York: ASCE. 1985. p.186-196.
Fioravante, V.; Capoferri, R. On the use of multi-directional piezoelectric transducers
in triaxial testing. Geotechnical Testing Journal, v. 24, n. 3, p. 243-255, 2001.
GEORGETTI, Giovana Bizão. Deformabilidade de um solo laterítico não
saturado. 2014. Tese (Doutorado em Geotecnia) - Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.
LAMBE, T. WILLIAM. Soil mechanics. New York: Wiley, 1969.
Lee, J.-S.; Santamarina, J.C. Bender elements: performance and signal
interpretation. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, v.
131, n. 9, p. 1063-1070, 2005.
MARANGON, Márcio. Geotecnia de fundações. Notas de aula. Universidade
Federal de Juiz de Fora–UFJF. Juiz de Fora, 2009
MONJE VILAR, ORENCIO; DE SOUZA BUENO, BENEDITO. Mecânica dos Solos -
Volume 2. 1ª ed. São Carlos: USP, 2004.
Pinto, C. (2006). Curso básico de mecânica dos solos. 3ª ed. São Paulo: Oficina
de Textos.
Some Useful Numbers on the Engineering Properties of Materials. Disponível
em: <https://www.jsg.utexas.edu/tyzhu/files/Some-Useful-Numbers.pdf>. Acesso em:
18 nov. 2018.
Takkabutr, P. Experimental investigations on small-strain stiffness properties of
partially saturated soils via resonant column and bender element testing. 2006.
Ph.D. Dissertation - University of Texas at Arlington, Arlington, 2006.
Uchimura, T.; Irfan, M. In: International Conference on Urban Earthquake
Engineering, 10º., 2013, Tokyo.CRITERIA FOR DETERMINING GMAX IN
LABORATORY ELEMENT TESTS USING DISK TYPE PIEZOELECTRIC
TRANSDUCERS. Tokyo Institute of Technology, 2013. P.555-560.
61
GLOSSÁRIO
GDS BEAT Excel Add-in – Pacote de software distribuido pela GDS Instruments para
tratamento de dados de ensaios com bender elements dentro do Microsoft Excel
GDS Instruments – Fabricante de equipamentos laboratoriais nas áreas de pesquisa
em estruturas, geotecnia e materiais.
Lactec – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, instituto de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico instalado em Curitiba, Paraná.
Microsoft Excel – Software distribuído pela Microsoft com finalidade de criação e
edição de planilhas de dados.
63
600
500
Tensão desvio (kPa)
400
100 kPa
300
200 kPa
0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0
Deformação axial (%)
500.0
450.0
Variação da poropressão (kPa)
400.0
350.0
300.0
100 kPa
250.0
200 kPa
200.0
400 kPa
150.0
600 kPa
100.0
50.0
0.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0
Deformação axial (%)