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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Sistemas de Proteção Coletiva: Boas Práticas e Normas Técnicas

Éder Horita de Melo

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil

Orientador: Prof. Dra. Sheyla Mara


Baptista Serra

São Carlos
2011
AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos à minha família, que me deu apoio, confiança e tranqüilidade
para que eu sempre seguisse em frente.

Agradeço também aos meus amigos, que através da convivência bem humorada me deram
forças, paciência e força de vontade para que este trabalho fosse realizado.

Agradeço também aos docentes do DECiv que contribuíram para a minha formação,
especialmente à Prof. Dra. Sheyla Mara Baptista Serra, que com sua paciência e bom
humor me auxiliou durante toda a graduação e na elaboração deste projeto.
RESUMO

A indústria da construção civil, devido a vários aspectos do setor, ainda possui altos
índices de acidente de trabalho e, muitas vezes, com óbito. Apesar de terem ocorrido
numerosas melhorias nas últimas décadas, a segurança no canteiro de obras ainda deixa a
desejar. Devido a vários empecilhos, tanto originados pelo empregado como pelo
empregador, a evolução deste aspecto na construção civil, na prática, torna-se complexa.
Dentro desse quadro, nota-se a dificuldade na abordagem dos Sistemas de Proteção
Coletiva (SPC’s), pois, ao contrário dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), eles
são complexos, de responsabilidade coletiva, e necessitam de processos de montagem e
desmontagem. Neste trabalho, foram feitas visitas à obras para observação e coleta de
dados referentes aos SPC’s nelas utilizados e boas práticas relativas à segurança no
canteiro. Pode-se observar o uso de SPC’s de forma irresponsável, sem projeto de
montagem e com eficácia duvidosa. Muitas vezes, os SPC’s foram instalados com o intuito
de driblar a fiscalização, e não para garantir a segurança dos trabalhadores no canteiro.

Palavras-chave: Sistemas de Proteção Coletiva; segurança; acidente de trabalho.


ABSTRACT

The construction industry due to several aspects of its, still has high rates of
accidents at work and many times, it takes the worker to death. Although there have
been numerous improvements in recent decades, the safety at the construction
site continues to lag. Due to various obstacles, both originated by the employee as the
employer, the evolution of this aspect in construction, in practice, it becomes complex. Within
this framework, there is the difficulty in addressing the Collective Protection System
(CPS's) because, unlike the Personal Protective Equipment (PPE), they are complex, need
collective responsibility, and require processes of assembly and disassembly. In this work,
visits were made to construction sites for observation and collection of data for CPS's used in
there and good practice on site safety. It can observe irresponsible using of the CPS's,
without assembly design and dubious effectiveness. Often, the CPS's were installed in order
to evade taxation, and not to ensure the safety of workers at construction site.

Key-words: Collective Protection System; safety; accident at work.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Acidentes de trabalho 1994 a 2006. ............................................................................ 2


Figura 2: Óbitos no trabalho 1999 a 2006. ................................................................................. 3
Figura 3: Estimativa global de acidentes fatais (2003)............................................................... 9
Figura 4: Motivos de acidentes na construção civil segundo os trabalhadores. ....................... 11
Figura 5: Escada de mão: travessas e cavilhas ......................................................................... 17
Figura 6: Escada de mão: Distâncias e ângulo ideais. .............................................................. 17
Figura 7a e 7b: Exemplos de sistema de prolongamento do pé da escada de mão. ................. 18
Figura 8a e 8b: Exemplos de fixação de apoios. ...................................................................... 18
Figura 9: Limitadores com sistema antibeliscão. ..................................................................... 19
Figura 10: Elementos da escada extensível. ............................................................................. 20
Figura 11: Detalhe de sistema de travamento por tirante. ........................................................ 21
Figura 12: Indicação do ângulo de segurança. ......................................................................... 21
Figura 13: Escada marinheiro: fixação e dimensões. ............................................................... 23
Figura 14: Escada marinheiro: dimensões. ............................................................................... 24
Figura 15: Dimensões da gaiola de proteção. ........................................................................... 25
Figura 16: Sinalização e proteção de áreas próximas a acesso de rampas e passarelas. .......... 28
Figura 17: GcR de madeira: distâncias. .................................................................................... 31
Figura 18: Mão francesa de apoio para GcR de plataforma em balanço. ................................. 31
Figura 19: Sistema de Barreira com Rede. ............................................................................... 33
Figura 20a e 20b: Exemplos de assoalhos de proteção contra quedas horizontal. ................... 34
Figura 21: Assoalho em balanço com suporte em transversais sobre piso. .............................. 35
Figura 22: Assoalho em balanço com suporte em consolos metálicos..................................... 35
Figura 23: Alinhamento da base da torre do elevador. ............................................................. 41
Figura 24a e 24b: Tipos principais de guincho......................................................................... 42
Figura 25: Opções para posições de montagem do guincho. ................................................... 43
Figura 26: Proteção do cabo entre tambor e roldana. ............................................................... 43
Figura 27:Alturas máximas, estaiamento e ancoramento da torre de elevador. ....................... 45
Figura 28: Parafuso de ajuste e contrapino. .............................................................................. 46
Figura 29: Proteção do cabo de elevador interno à construção. ............................................... 46
Figura 30: Cabina semi-fechada. .............................................................................................. 47
Figura 31: Cabina fechada. ....................................................................................................... 48
Figura 32: Disposição correta dos grampos na fixação dos cabos de aço. ............................... 48
Figura 33: Tipos de ocorrência que determinam a substituição de cabo de aço de elevador de
obra. .................................................................................................................................. 49
Figura 34: Tela Regulável - Travamentos. ............................................................................... 59
Figura 35: Tela de Proteção Articulada de Quina. ................................................................... 60
Figura 36: Suporte duplo. ......................................................................................................... 61
Figuras 37a e 37b: Suporte duplo com tela fixada em suporte inferior (a) e superior (b). ....... 61
Figuras 38a e 38b: Formas de ancoragem do suporte duplo tripé. ........................................... 62
Figura 39: Calha. ...................................................................................................................... 63
Figura 40: Fixação da calha à tela. ........................................................................................... 63
Figura 41: Armazenagem de telas. Detalhe: etiquetas de identificação. .................................. 64
Figura 42: Exemplo de projeto de montagem da Proteção Periférica para Alvenaria Estrutural.
.......................................................................................................................................... 65
Figura 43: Medidas necessárias para locação de furo de fixação do suporte. .......................... 66
Figura 44: Fixação do suporte da Proteção Periférica. ............................................................. 66
Figura 45: Travamento entre telas por pino.............................................................................. 67
Figura 46: Mudança de tela dos dispositivos inferiores para superiores. ................................. 68
Figuras 47a e 47b: Corte de pino de encosto. ........................................................................... 69
Figuras 48a 48b: Elevação de suporte com uso do "gancho pescador".................................... 70
Figura 49: Obra 1, localização. ................................................................................................. 71
Figura 50: Obra 1. ..................................................................................................................... 72
Figuras 51a, 51b e 51c: Escada portátil de uso individual. ...................................................... 74
Figuras 52a e 52b: Escada tipo marinheiro. Detalhes: Fatores que dificultam acesso. ............ 75
Figura 53a e 53b: GcR de madeira e ponto de fixação do mesmo danificado. ........................ 76
Figura 54a e 54b: Vedação do elevador. .................................................................................. 77
Figuras 55a e 55b: Assoalho inadequado ou ausência de assoalho de proteção contra queda. 77
Figura 56: Sinalização de pé-direito inferior a 1,80 m. ............................................................ 78
Figura 57: 2º pavimento com entulho....................................................................................... 79
Figura 58: Utilização de cinto tipo paraquedista na montagem da torre. ................................. 80
Figura 59: Cabo de aço para conexão de cinto de segurança tipo paraquedista. ...................... 80
Figuras 60a, 60b e 60c: Andaimes para montagem da torre - travamento dos montantes e
rodízios. ............................................................................................................................ 81
Figura 61: Pavimento desorganizado; cones para isolamento tombados. ................................ 82
Figura 62: Plataformas de proteção contra queda. ................................................................... 83
Figura 63: Placas da extremidade da plataforma arrancadas pelo vento. ................................. 83
Figura 64: "Gambiarra" na mão-francesa de apoio da plataforma. .......................................... 84
Figura 65: Obra 2, localização. ................................................................................................. 86
Figura 66: Obra 2. ..................................................................................................................... 86
Figura 67: Passarela com madeira danificada. ......................................................................... 87
Figuras 68a, 68b e 68c: Rampa improvisada. ........................................................................... 88
Figura 69: Escada fixa com sistema GcR. ................................................................................ 89
Figuras 70a e 70 b: Exemplo de escadas individuais da obra, sem e com cavilhas. ................ 89
Figura 71: Perspectiva do suporte do sistema de proteção contra quedas "canarinho". ........... 90
Figuras 72a, 72b e 72c: Proteção "canarinho", parte superior (a), inferior (b), e detalhe de
encaixe da barra no suporte. ............................................................................................. 91
Figura 73: Ausência de barras de aço nos cantos da edificação. .............................................. 92
Figura 74: Sistema de proteção contra queda, improvisado. .................................................... 92
Figura 75: Sistema de proteção contra queda, improvisado. .................................................... 93
Figura 76: Ausência de sistema de proteção contra quedas. .................................................... 93
Figura 77: Proteção de aberturas no piso. ................................................................................ 94
Figura 78: Proteção horizontal a cada três pavimentos na caixa do elevador. ......................... 94
Figura 79: Proteção GcR da caixa do elevador. ....................................................................... 95
Figura 80: Proteção de caixa do elevador na laje em forma/desforma. .................................... 95
Figuras 81a e 81b: Plataforma principal. .................................................................................. 96
Figura 82: Plataforma secundária presente apenas na sexta laje acima da plataforma principal.
.......................................................................................................................................... 96
Figura 83: Tubulação para concretagem. ................................................................................. 97
Figura 84: Elevador de obra. .................................................................................................... 98
Figura 85: Base da torre do elevador de obra. .......................................................................... 99
Figura 86: Abrigo do guincheiro. ............................................................................................. 99
Figura 87: Cabo protegido por grade. ..................................................................................... 100
Figura 88: Torre do elevador de obra. .................................................................................... 100
Figura 89: Cabina do elevador. .............................................................................................. 101
Figura 90: Placa da cabina com informações e advertências. ................................................ 101
Figura 91: Obra 3 , localização. .............................................................................................. 104
Figura 92: Obra 3. ................................................................................................................... 104
Figura 93: Cavilhas da escada individual. .............................................................................. 105
Figura 94: Escada de mão de uso individual. ......................................................................... 106
Figura 95: Escada fixa de uso coletivo das instalações provisórias. ...................................... 106
Figura 96: Andaime tipo fachadeiro. ...................................................................................... 107
Figura 97: Sistema GcR em face oposta a de trabalho com rodapé de madeira..................... 108
Figura 98: Madeira das superfícies de trabalho em mal estado. ............................................. 109
Figura 99: Superfície de trabalho sem sistema antiderrapante, coberta por restos de argamassa.
........................................................................................................................................ 109
Figuras 100a, 100b e 100c: Ausência de tela em parte da face externa, não utilização de
travamento contra desencaixe acidental e apoio do andaime. ........................................ 110
Figura 101: Fixação de suporte na alvenaria. ......................................................................... 111
Figura 102: Telas "armazenadas". .......................................................................................... 111
Figura 103: Proteção de periferia da obra. Detalhe: alguns pontos de apoio de telas. ........... 112
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 Objetivos .................................................................................................................... 3
1.1.1 Análise de Sistemas de Proteção Coletiva (normas, aspectos de projeto e de
produção). ........................................................................................................................... 3
1.1.2 Identificar boas práticas que torne o uso dos SPC’smais eficaz............................. 4
1.2 Justificativa ............................................................................................................... 4
1.3 Metodologia ............................................................................................................... 5
1.3.1 Caracterização do Objeto de Estudo ....................................................................... 5
1.3.2 Elaboração dos Métodos de Coleta de Dados ........................................................ 5
1.3.3 Pesquisa de Campo ................................................................................................. 6
1.3.4 Análise dos Resultados ........................................................................................... 6
1.3.5 Conclusões .............................................................................................................. 6
1.4 Estrutura do trabalho .............................................................................................. 6
2. CONTEXTO DA SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................ 8
2.1 Segurança nos Canteiros de Obras ....................................................................... 10
2.2 Novas Políticas de Incentivo à Segurança na Construção Civil ......................... 12
2.2.1 Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP ....................................... 12
2.2.2 Fator Acidentário de Prevenção – FAP ................................................................ 13
3. ORIENTAÇÕES LEGAIS – NR 18 E RTP’S ................................................................ 14
3.1 Programa de Condições e meio ambiente de trabalho - PCMAT ...................... 14
3.2 escadas, rampas e passarelas ................................................................................. 15
3.2.1 Escadas ................................................................................................................. 15
3.2.1.1 Escadas Portáteis .......................................................................................... 16
3.2.1.1.1 Escada de Uso Individual (de mão) ........................................................ 16
3.2.1.1.2 Escada Dupla (cavalete ou de abrir) ....................................................... 19
3.2.1.1.3 Escada Extensível ................................................................................... 20
3.2.1.1.4 Considerações Gerais para Escadas Portáteis ......................................... 21
3.2.1.2 Escadas Fixas................................................................................................ 22
3.2.1.2.1 Escada Tipo Marinheiro .......................................................................... 22
3.2.1.2.2 Escada de Uso Coletivo .......................................................................... 26
3.2.2 Rampas e Passarelas ............................................................................................. 27
3.3 Medidas de proteção contra quedas em altura .................................................... 28
3.3.1 Dispositivos Protetores de Plano Vertical ............................................................ 30
3.3.1.1 Sistema Guarda-corpo Rodapé (GcR) .......................................................... 30
3.3.1.2 Sistema de Barreira com Rede...................................................................... 32
3.3.1.3 Proteção de Aberturas no Piso ...................................................................... 33
3.3.2 Dispositivos Protetores de Plano Horizontal ........................................................ 34
3.3.3 Dispositivos de Proteção para Limitação de Queda ............................................. 36
3.4 Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas ........................................... 36
3.4.1 Torres de elevadores ............................................................................................. 38
3.4.2 Elevadores de Transporte de Materiais ................................................................ 39
3.4.3 Elevadores de Passageiros .................................................................................... 40
3.4.4 Requisitos Técnicos de Procedimentos ................................................................ 41
3.4.4.1 Localização ................................................................................................... 41
3.4.4.2 Base .............................................................................................................. 41
3.4.4.3 Guinchos ....................................................................................................... 41
3.4.4.3.1 Guinchos por transmissão de engrenagens por correntes ....................... 44
3.4.4.3.2 Guinchos automáticos ............................................................................. 44
3.4.4.4 Torre ............................................................................................................. 44
3.4.4.5 Cabinas ......................................................................................................... 46
3.4.4.5.1 Cabinas Semi-Fechadas .......................................................................... 46
Cabinas Fechadas ......................................................................................................... 47
3.4.4.6 Cabos de aço ................................................................................................. 48
3.4.4.7 Operação e sinalização ................................................................................. 49
3.4.5 Recomendações de manutenção em elevadores de obra ...................................... 50
3.4.6 Recomendações de Segurança ao Operador do Elevador .................................... 51
3.5 Andaimes e Plataformas de Trabalho .................................................................. 51
3.5.1 Andaimes Simplesmente Apoiados ...................................................................... 53
3.5.2 Andaimes Móveis ................................................................................................. 53
3.5.3 Andaimes Suspensos ............................................................................................ 53
3.5.4 Andaimes Suspensos Motorizados ....................................................................... 55
3.6 Sinalização de Segurança ....................................................................................... 56
3.7 Treinamento ............................................................................................................ 56
3.8 Ordem e Limpeza ................................................................................................... 57
4. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 58
4.1 empresa fabricante e fornecedora de spc scanmetal: Proteção Modulada de
Periferia de Obras Civis ..................................................................................................... 58
4.1.1 Composição .......................................................................................................... 59
4.1.1.1 Telas de Proteção .......................................................................................... 59
4.1.1.1.1 Telas de Proteção Regulável ................................................................... 59
4.1.1.1.2 Telas de Proteção Articuladas em Quina ................................................ 60
4.1.1.2 Suportes (Postes) .......................................................................................... 60
4.1.1.2.1 Suporte Duplo ......................................................................................... 60
4.1.1.2.2 Suporte Duplo Tripé ............................................................................... 61
4.1.1.2.3 Calhas...................................................................................................... 62
4.1.2 Armazenagem ....................................................................................................... 63
4.1.3 Montagem ............................................................................................................. 64
4.1.3.1 Montagem de Proteção Periférica no Encaixe Inferior do Suporte .............. 65
4.1.3.1.1 Fixação dos Suportes .............................................................................. 65
4.1.3.1.2 Colocação das Telas ................................................................................ 67
4.1.3.2 Montagem da Proteção Periférica nos Encaixes Superiores dos Suportes ... 68
4.1.3.3 Transporte dos Suportes da Proteção Periférica ........................................... 69
4.1.4 Análise dos dados coletados ................................................................................. 70
4.2 Obra 1 ...................................................................................................................... 71
4.2.1 Caracterização da obra.......................................................................................... 71
4.2.2 Análise Quanto ao PCMAT.................................................................................. 73
4.2.3 Análise Quanto à segurança das Escadas, Rampas e Passarelas .......................... 73
4.2.4 Análise Quanto às Medidas de Proteção Contra Quedas em Altura .................... 75
4.2.5 ANÁLISE QUANTO À SINALIZAÇÃO, TREINAMENTO, ORDEM E
LIMPEZA ......................................................................................................................... 77
4.2.6 análise quanto à segurança na montagem de torre de transmissão ....................... 79
4.2.6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ...................................................................... 79
4.2.6.2 PLATAFORMA DE PROTEÇÃO contra QUEDAs ................................... 82
4.2.7 Análise dos dados coletados ................................................................................. 84
4.3 Obra 2 ...................................................................................................................... 85
4.3.1 caracterização da obra .......................................................................................... 85
4.3.2 ANÁLISE QUANTO AO PCMAT...................................................................... 87
4.3.3 análise quanto à segurança das escadas, rampas e passarelas .............................. 87
4.3.4 análise quanto às medidas de proteção contra quedas em altura .......................... 90
4.3.5 análise quanto à segurança na movimentação e transporte de pessoas e materiais
97
4.3.5.1 considerações gerais ..................................................................................... 97
4.3.5.2 elevador de obra para passageiros e materiais .............................................. 98
4.3.6 ANÁLISE QUANTO À SINALIZAÇÃO, TREINAMENTO, ORDEM E
LIMPEZA ....................................................................................................................... 102
4.3.7 análise dos dados coletados ................................................................................ 103
4.4 Obra 3 .................................................................................................................... 103
4.4.1 análise quanto ao pcmat ...................................................................................... 105
4.4.2 análise quanto à segurança de escadas, rampas e passarelas .............................. 105
4.4.3 análise quANTO ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS EM
ALTURA ........................................................................................................................ 107
4.4.4 análise quanto à segurança nos andaimes ........................................................... 107
4.4.5 análise do sistema de proteção de periferia para alvenaria estrutural ................. 110
4.4.6 Análise dos dados coletados ............................................................................... 112
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 114
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 116
APÊNDICE A ........................................................................................................................ 118
APÊNDICE B ........................................................................................................................ 119
APÊNDICE C ........................................................................................................................ 121
APÊNDICE D ........................................................................................................................ 123
APÊNDICE E ........................................................................................................................ 127
APÊNDICE F ........................................................................................................................ 128
APÊNDICE G ........................................................................................................................ 130
1

1. INTRODUÇÃO

Através dos tempos o ser humano desenvolveu a capacidade de mudar seu meio
ambiente para facilitar a sua sobrevivência. Primeiramente, apenas desenvolvendo
pequenas mudanças físicas em seu entorno e em elementos para transformá-los em objetos
úteis a seus hábitos. Posteriormente, seriam descobertas formas de se alterar as
propriedades de cada material através de processos físicos ou químicos. E isto foi só o
começo.

De forma geral, desde que se julga um ser inteligente, o homem se apossa de


elementos naturais afim de obter um produto final que corresponda a utilidade desejada, o
qual melhore sua qualidade de vida. Para isso, necessita-se de processos os quais
transformem o natural no produto final. Primeiramente os processos eram simples, assim
como os produtos idealizados, os quais foram se tornando cada vez mais complexos.

Porém estes processos, desde os mais simples aos mais complexos, sempre
ofereceram riscos à saúde e integridade física do indivíduo que os realizam, seja pelo local
onde acontecem, pelas ferramentas necessárias no processo, ou por falta de instrução do
indivíduo. Conhecemos o indivíduo que realiza o processo como trabalhador.

Atualmente, qualquer processo de produção oferece riscos ao trabalhador, desde


manuais até os mais sistêmicos. Acidentes ocorrem com frequência na rotina de trabalho.

Segundo o Ministério da Previdência Social (1999), acidente de trabalho é o que


ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, com o segurado empregado,
trabalhador avulso, médico residente, bem como com o segurado especial, no exercício de
suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, a
perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.

No Brasil, a primeira lei a respeito de acidentes de trabalho surgiu em 1919, e se


aplicava especificamente ao setor ferroviário, perante um Brasil ainda não industrializado.
Em 1934, surge a primeira lei trabalhista no Brasil, que já trata de acidentes de trabalho. Na
década de 70 ocorrem dois grandes avanços para a área da segurança no trabalho: é criada
a portaria nº 3.214, que aprova as Normas Regulamentadoras – NR; surge a figura do
engenheiro de segurança (Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança, 1998).
2

As Normas Regulamentadoras – NR referem-se à saúde e segurança do trabalhador


e devem ser obrigatoriamente aplicadas, das quais deve-se salientar a NR – 18, que trata
especificamente do setor da construção civil. Elas também tornam obrigatório, em várias
ocasiões, a participação de um engenheiro de segurança, que antes atuava mais como um
fiscal do Estado e não uma parte integrante da empresa em seu processo de produção
(Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança, 1998).

Porém nota-se que, mesmo as Normas Regulamentadoras estando em constante


atualização, ainda não foram capazes de alcançar seus objetivos. A ocorrência de acidentes
de trabalho no Brasil ainda alcança grandes proporções. Segundo o Ministério da
Previdência Social, em 2009 foram registrados 723.452 acidentes dos quais 528.279
aconteceram com trabalhadores de carteira registrada. Destes, quase 80% (421.141)
diretamente ligados à característica da atividade profissional desempenhada pelo
acidentado.

Figura 1: Acidentes de trabalho 1994 a 2006.


Fonte: NR Comentada (2008).
3

Figura 2: Óbitos no trabalho 1999 a 2006.


Fonte: NR Comentada (2008).
Portanto, percebe-se a necessidade de avanços na área da segurança no trabalho.
Devem-se analisar os motivos pelos quais ainda há tantas ocorrências (sejam políticos,
técnicos ou administrativos), concluir meios e tomar diretrizes que tendam a tornar o
ambiente do trabalhador cada vez mais seguro.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo selecionar três Sistemas de Proteção Coletiva, ou
SPC’s, e analisá-los detalhadamente em relação a normas e requisitos legais, aspectos de
projeto e aspectos de produção. Também objetiva-se identificar, para os sistemas
selecionados, boas práticas, tanto em canteiro quanto a nível administrativo e de projeto,
que possam tornar o uso destes sistemas mais eficaz. A idéia principal é incentivar a criação
de mais normas e especificações, afim de obter melhorias na padronização, a produção
industrial e a utilização destes sistemas.

1.1.1 ANÁLISE DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO COLETIVA (NORMAS,


ASPECTOS DE PROJETO E DE PRODUÇÃO).

Foram selecionadas três obras onde foram encontrados SPC’s que se mostraram
interessantes a uma análise detalhada. Estes sistemas foram analisados em relação à
existência de normas e especificações que garantam sua correta utilização, tanto quanto a
padronização de sua produção e fiscalização; aos projetos de cada sistema, sua clareza e
riqueza em detalhamento e sua adequação às normas vigentes; à produção dos sistemas,
se são feitas de forma improvisada ou de forma industrial, a possibilidade de
reaproveitamento, e o cenário das empresas neste setor.
4

1.1.2 IDENTIFICAR BOAS PRÁTICAS QUE TORNE O USO DOS SPC’SMAIS


EFICAZ.

Foram consideradas boas práticas tanto a nível gerencial como no canteiro de obras.
Foi considerada a qualidade dos projetos dos SPC’s, se os mesmos foram seguidos de
forma correta, a organização do canteiro de obras, o comportamento dos operários e a
forma de utilização dos sistemas.

1.2 JUSTIFICATIVA

Atualmente, é de senso comum o fato de que o setor da construção civil lida com um
alto índice de acidentes de trabalho. Além de estes acidentes implicarem em altos custos
(financeiros ou não) para o Estado, setor privado e para o trabalhador, eles também levam a
prejuízos diretos no custo financeiro da obra e no cumprimento dos prazos estipulados
(interdição), podendo até inviabilizar o empreendimento.

Uma vez que os acidentes de trabalho não podem ser evitados apenas com um
controle administrativo, é necessário o uso de equipamentos que protejam o trabalhador.
Para isto, existem os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e os Sistemas de
Proteção Coletiva (SPC’s). Este último é o objeto de estudo deste trabalho.

No Brasil, a construção civil deixa a desejar em relação aos SPC’s, pois muitas
vezes, os sistemas são feitos de forma improvisada, no próprio canteiro, o que além de não
garantir sua eficácia, dificulta o reaproveitamento. Outro problema é a falta de sistemas de
certificações com embasamento técnico, o que dificulta a produção de SPC’s de qualidade
por parte das empresas fornecedoras, que já são poucas. Geralmente, a avaliação dos
sistemas é responsabilizada a auditores fiscais que, novamente devido à carência de fontes
técnicas e normativas, realizam um julgamento baseado em critérios próprios. Normalmente,
erros ou falhas presentes em um SPC só são diagnosticados durante sua utilização.

A falta de planejamento da segurança em âmbito gerencial, o constante uso de


SPC’s improvisados, sem eficácia comprovada e com pouca possibilidade de
reaproveitamento, a falta de sistemas de certificações com bases técnicas, levam a um
cenário onde o desempenho das empresas deixa a desejar.

Espera-se que este trabalho incentive a criação de sistemas de certificação, de


normas técnicas e a melhoria das já existentes no que se refere aos SPC’s, de forma a
aumentar o número de fornecedores, assim como a qualidade dos sistemas fornecidos.
5

1.3 METODOLOGIA

Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de extrema necessidade para o


entendimento sobre o assunto o qual trata este trabalho. A idéia é fornecer um contexto
geral e específico, em escala nacional, sobre o cenário dos equipamentos e sistemas de
proteção utilizados na construção civil: se são ou não utilizados; as possíveis causas da
ausência de segurança nos canteiros de obra; como se encontra este cenário atualmente, o
que tem progredido e quais os novos desafios.

Também é de suma importância o embasamento técnico a respeito dos sistemas que


serão avaliados. Serão estudadas as normas técnicas, planos e diretrizes pertinentes aos
Sistemas de Proteção Coletiva (a exemplo da NR-18 e do Programa de Condições e Meio
Ambiente do Trabalho, ou PCMAT). Estes documentos contêm informações técnicas para
que haja um canteiro de obras provido de segurança.

De posse de um embasamento teórico, foram feitos estudos de caso sobre os SPC’s


presentes nas obras.

Segundo Yin (2001), dentre as estratégias de pesquisa existentes, o estudo de caso


é preferível para situações contemporâneas dentro de um acontecimento da vida real.
Também se justifica a escolha deste método para casos onde o pesquisador carece de
controle sobre os eventos analisados. A pesquisa em vista encaixa-se em ambos os
contextos.

Em seguida explicam-se as etapas do estudo de caso:

1.3.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Os objetos de estudo escolhidos foram obras que possuem ao menos um SPC


industrializado. Vale ressaltar a necessidade do acesso à documentação que possua
informações sobre composição, projeto, montagem e utilização do SPC em questão. Dentro
de obras que preencham este critério, foram escolhidas três a partir de outras considerações
(bibliografia abundante, sistema mais inovador, interesse em analisar-se SPC’s contra
acidentes de diferentes naturezas).

1.3.2 ELABORAÇÃO DOS MÉTODOS DE COLETA DE DADOS

Primeiramente, foram feitas observações do objeto de estudo referentes aos SPC’s.

Foi utilizada máquina fotográfica para obtenção de imagens, para posterior análise e
apresentação.
6

Foram também obtidas informações a respeito da segurança do canteiro em


aspectos gerais previstos na NR 18. Foram elaborados questionários em formato de check-
list , os quais foram preenchidos para análise dos objetos de estudo. Tais formulários podem
ser vistos no final deste trabalho, nos apêndices.

1.3.3 PESQUISA DE CAMPO

Escolhidos os objetos de estudo e concluídas as ferramentas de pesquisa, foram


feitas as visitas. Em duas das obras, foi permitido o livre acesso, possibilitando a coleta de
dados em diferentes datas. Em uma terceira, a visita teve de ser marcada com
antecedência, e ocorreu durante um sábado de manhã. Durante as visitas, foram
preenchidos os check-lists e foram feitas várias fotos para auxiliar posteriormente na análise
dos dados coletados.

1.3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Obtidos, os resultados foram organizados e processados, a partir das checl-lists


preenchidas e das fotos feitas durante as visitas. Buscou-se a melhor forma de exposição de
tais resultados.

1.3.5 CONCLUSÕES

Foram feitas conclusões particulares para cada objeto de estudo e, finalment, uma
decisão geral para todos os três estudos de caso. Foi feita a comparação da forma de
utilização dos SPC’s nos objetos de estudo com a NR-18 e a documentação existente de
projeto e montagem. Também foram analisados os principais problemas ou deficiências no
uso do SPC e seus motivos.

Espera-se que o trabalho contribua para a confirmação da eficiência e incentivo do


uso dos SPC’s (principalmente os escolhidos para esta pesquisa), assim como para a
identificação das maiores causas da falta de uso destes sistemas.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica que visa contextualizar a segurança do


trabalho na indústria da construção civil, seus números, causas e consequências de sua
deficiência.
7

O capítulo 3 apresenta acervo técnico pertinente às obras escolhidas para o estudo


de caso. Este capítulo irá prover toda a informação necessária encontrada sobre os SPC’s
utilizados nas obras em questão.

O capítulo 4 apresenta os estudos de caso. Constam neste a análise de manual de


SPC fornecido pela empresa ScanMetal, seguido da exposição dos dados coletados sobre
as três obras objeto de estudo. Foram feitas análises das situações observadas em cada
canteiro, e finalmente, uma conclusão particular para cada obra.

O capítulo 5 apresenta a conclusão final deste trabalho, alcançada a partir dos dados
coletados e das análises específicas de cada obra.

Em seguida são apresentadas as referências bibliográficas pesquisadas e os


apêndices, nos quais são mostrados os check-lists que foram utilizados para a coleta de
dados, durante o estudo de caso.
8

2. CONTEXTO DA SEGURANÇA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL

A indústria da construção civil sempre foi imprescindível para o desenvolvimento da


economia nacional. Segundo a Fundação Duprat Figueiredo Filho de Segurança e Medicina
do Trabalho (FUNDACENTRO), no ano de 2000, por exemplo, este setor foi responsável por
15,6% do PIB brasileiro e empregou por volta de 3,63 milhões de pessoas.

Porém, segundo o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE, 2003), a construção


civil representa o setor industrial com maior quantidade de acidentes fatais e não fatais. Não
apenas hoje, mas há décadas esta foi uma característica desta indústria, até que em 1997
houve uma reformulação da legislação que rege este setor, embora até hoje ocorra
resistência à aplicação desta legislação.

Silveira et al (2005) realizou uma pesquisa no hospital de Ribeirão Preto a partir de


prontuários médicos, da qual concluiu-se que há vários motivos que fazem da construção
civil um setor de alto risco para o trabalhador, dentre eles: pressão de superiores buscando
aumento de produção, que gera trabalho acelerado e sem atenção; trabalhadores sem
treinamento adequado e conhecimento para realizarem as tarefas requeridas por sua
ocupação; más condições no acesso à obra; baixos salários; acúmulo desorganizado de
materiais e entulho que podem ocasionar lesões; falta do uso de EPI’s.

Nesta mesma pesquisa, constatou-se também que muitos dos acidentes não são
notificados à Previdência Social. Para isso, existe o CAT (Comunicação de Acidente de
Trabalho). Porém, muitos dos trabalhadores são informais, não possuem documentação
suficiente para qualificar o acidente como de trabalho, tampouco o conhecimento de seus
direitos que poderiam assegurá-lo os benefícios garantidos por lei. Muitos deles tomam a
responsabilidade do acidente para si (SILVEIRA ET AL, 2005).

Várias vezes as próprias empresas aproveitam a desinformação do trabalhador a


partir da informalidade, pressionando-o judicialmente a reconhecer a culpa de seus
acidentes, o que incentiva a negligência e o descaso ao trabalhador. Estas empresas temem
não só a difamação de sua imagem pelo acidente, como também os encargos devido a
danos morais e materiais. Na verdade, o papel das empreiteiras deveria ser o inverso, para
9

que houvesse um gerenciamento consciente em prol do bem estar e segurança do


trabalhador, o que seria benéfico a todas as partes.

Os altos índices de acidentes não se limitam ao território nacional. Em escala


mundial, a construção civil é um dos segmentos que proporcionalmente apresenta maior
índice de acidentes de trabalho, doenças de trabalho e óbitos. O relatório da Organização
Internacional do Trabalho (OIT, 2009) apresentado no Dia Mundial da Segurança e Saúde
no Trabalho em 2005, estima que anualmente ocorram 355 mil acidentes fatais no mundo
todo, dos quais 60 mil acontecem na construção civil. Como mostra a figura a seguir, a cada
6 acidentes fatais, 1 ocorre nesse setor. Podemos citar como exemplos dados dos Estados
Unidos de 2001, onde a construção civil absorvia 7,1% do emprego total no país, porém
representou 9,7% de todos os acidentes de trabalho e 20,7% dos acidentes fatais. No
mesmo ano, a Espanha tinha 11,6% de seus assalariados trabalhando no setor, que
apresentou 26,4% dos acidentes de trabalho e 26,1% dos acidentes fatais.

Figura 3: Estimativa global de acidentes fatais (2003).


Fonte: OIT (2009).
Segundo Egle (2009), as próprias peculiaridades existentes na construção civil
explicam facilmente os riscos presentes em um canteiro de obras. Há necessidade de
trabalhar-se em grandes alturas (lajes, coberturas, balancins ou andaimes, por exemplo),
como também em escavações (pode haver uso de explosivos ou deslizamento de solo, por
exemplo). Estes e outros riscos aumentam as estatísticas de acidentes graves e fatais. As
estatísticas de 2008 indicaram quase 50 mil acidentes.

Além dos acidentes, existem também vários fatores inerentes à construção civil
causadores de doenças ocupacionais. Podemos citar como exemplo os elevados níveis de
ruído, a manipulação de materiais e objetos pesados sem o auxílio de máquinas, a
exposição a produtos químicos e substâncias nocivas. Porém, o fato de as consequências
destes fatores ocorrerem, em sua maioria, a médio ou longo prazo, dificulta a apuração dos
dados (EGLE, 2009).
10

Deve-se salientar também que os dados acessíveis, em quase sua totalidade, são
referentes aos acidentes registrados, registros estes que geralmente ocorrem apenas
quando o trabalhador possui um vínculo empregatício com o empregador. Segundo a
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo (SRTE/SP,
2009), os trabalhadores informais atuantes na construção civil correspondem a 70% do total,
ou seja, a cada 10 acidentes, apenas 3 tornam-se estatística.

2.1 SEGURANÇA NOS CANTEIROS DE OBRAS

Não é à toa que a construção civil apresenta índices tão altos em acidentes de
trabalho. Comparado a outros setores, este possui muitas peculiaridades que dificultam um
trabalho seguro, a aplicação das leis vigentes e a fiscalização das mesmas.

A princípio, para que um processo de produção seja seguro, há necessidade de


planejamento. Porém, este planejamento torna-se mais complexo na construção civil, uma
vez que este setor apresenta um caráter temporário e, ao menos no Brasil,
predominantemente informal. Segundo Pampalon (2009), em um canteiro informal impera a
cultura do improviso, que faz com que várias decisões sejam tomadas pelo trabalhador,
normalmente incorretas, e sem supervisão. E em obras, decisões erradas podem ser fatais.
Ishikawa (2009) reforça a tese. Segundo ele, a maioria dos acidentes ocorre nos
empreendimentos de pequeno porte, que geralmente são informais, também denominadas
de autoconstrução. São obras realizadas por pequenas empresas ou construtoras, que
contratam um número pequeno de trabalhadores sem formação adequada, e sem nenhuma
instrução sobre as normas de segurança.

Outra grande dificuldade em promover um canteiro seguro e sustentável é o perfil da


mão de obra. Segundo Dias (2005) o padrão de um trabalhador da construção civil
representa um empecilho à segurança. Alguns dados levantados pelo SESI apontam que os
trabalhadores do setor têm vários problemas. Tais problemas são listados no quadro a
seguir:

Quadro 1: Perfil do trabalhador na indústria da construção civil no Brasil


1) Baixa - 72% dos trabalhadores nunca freqüentaram cursos
Qualificação: ou treinamentos.

- 80% possuem o 1º grau incompleto e 20% são


analfabetos.

2) Alta - 56,5% estão na empresa a menos de um ano.


rotatividade:
11

- 47% estão no setor a menos de cinco anos.

3) Baixos - 50% dos trabalhadores ganham menos de dois


Salários: salários mínimos.

- Média Salarial: 2,8 salários mínimos.

4) Altas - Educação.
carências sociais:
- Alcoolismo.

Fonte: Dias (2005).


A Figura 4 a seguir mostra quais os motivos da ocorrência de acidentes segundo os
próprios trabalhadores.

Figura 4: Motivos de acidentes na construção civil segundo os trabalhadores.


Fonte: Egle (2009).
Mesmo a NR-18 sendo considerada mundialmente uma das melhores normas por
ser muito abrangente, ela não é o suficiente para garantir um baixo índice de acidentes. O
país ainda carece de políticas de incentivo, fiscalização e conscientização principalmente
por parte dos gestores de pequenas obras. Caso houvesse melhorias em tais aspectos, os
canteiros de obras seriam planejados com maior preocupação à segurança e saúde do
trabalhador, assim como os trabalhadores se tornariam cada vez menos informais e mais
qualificados. Desta forma, certamente haveria redução nos acidentes de trabalho na
construção civil e nos danos que futuros acidentes venham a provocar, tanto ao operário
quanto ao empreendimento.
12

2.2 NOVAS POLÍTICAS DE INCENTIVO À SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO


CIVIL

Após a criação das Normas Regulamentadoras, passou a existir uma melhoria


constante na legislação e política que rege a segurança e saúde no trabalho.

Outra evolução significativa ocorreu em 1995, quando foi criado o CPN (Comitê
Permanente Nacional sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da
Construção), seguido dos CPR’s (idem ao anterior, porém regionais). Juntos, os comitês
formam o grupo tripartite, já previsto pela NR18, composto pelo MTE, pelo sindicato dos
trabalhadores e engenheiros de segurança, assim como algumas outras entidades
representativas da construção civil. O grupo tripartite não só tem contribuído com
significativo progresso na segurança (tanto politicamente e tecnicamente), como também
ajudou a definir o setor como uma das prioridades nas políticas e programas nacionais de
implementação da segurança e saúde no trabalho. Alcançando todos estes benefícios, os
comitês se tornaram referência internacional (Ishikawa, 2009).

Também podemos citar o progresso no incentivo à segurança que representam duas


mudanças no sistema previdenciário.

2.2.1 NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO – NTEP

Segundo o Ministério da Previdência Social,o NTEP é um critério utilizado pela


perícia do INSS para relacionar determinada doença do trabalhador com as áreas de
atuação da empresa que o emprega.

Através dele, o médico perito pode presumir que a doença de um trabalhador está
diretamente ligada às condições sob as quais ele exerce sua atividade, caracterizando-a
assim como doença ocupacional. Anteriormente, o trabalhador que deveria provar a relação
entre a doença e o trabalho por ele exercido. Agora, não há necessidade nem ao menos de
investigações no local de trabalho. Para que ocorra a caracterização, basta apenas a
comparação do CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) da empresa com
o CID (Código Internacional da Doença), feita a partir de uma tabela. Se a doença
diagnosticada pelo perito constar na listagem referente às áreas de atuação do empregador,
esta automaticamente será caracterizada como doença de trabalho. Os papéis se
inverteram: agora, à primeira instância, o empregado é beneficiado, e o empregador deve
provar o contrário, caso o trabalhador seja o responsável pela doença (Ministério da
Previdência Social, 2007).
13

Este método foi criado após um longo período de estudos aprofundados, onde o
INSS constatou o aumento do desenvolvimento de determinadas doenças com frequência
muito maior em determinados segmentos econômicos (MBA Consultoria).

Assim, será possível a transferência do ônus de acompanhamento da patologia do


estado ao setor privado, incentivando assim o empregador a promover melhorias nas
condições de serviço de seus empregados (MBA Consultoria).

2.2.2 FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO – FAP

Para explicar o FAP, primeiro deve-se citar o SAT - Seguro Acidente de Trabalho.
Segundo o Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2009), para custear o SAT, toda
empresa paga tributos mensais ao INSS. O valor de tal tributo é calculado a partir de uma
percentagem aplicada sobre o valor da folha de pagamento da empresa. A percentagem
pode ser de um, dois ou três por cento, variando conforme o nível de risco do segmento
econômico no qual a empresa atua (é cabido salientar que na indústria da construção civil,
na maioria dos empreendimentos, o SAT é de três por cento).

O FAP consiste em um regulador do SAT. É um coeficiente que pode variar de 0,5 a


2. Ou seja, ele pode cortar pela metade ou dobrar o valor da contribuição da empresa para
custear o SAT. Seu valor depende da frequência, duração e custos dos afastamentos
registrados na empresa nos últimos dois anos (BRASIL, 2009).

Empresas onde ocorrem poucos afastamentos provenientes de doenças e acidentes


de trabalho terão sua taxa de contribuição reduzida, assim como outras com numerosa
ocorrência destes problemas terão suas taxas elevadas. Assim, será interessante à
empresa promover um ambiente de trabalho mais saudável e seguro quanto possível, pois
segurança e salubridade estarão diretamente ligadas aos custos da empresa (BRASIL,
2009).

Espera-se também que o FAP incentive o diálogo entre empregadores e


trabalhadores afim de promover avanços e melhorias no ambiente de trabalho, assim como
na qualidade de vida do trabalhador brasileiro (BRASIL, 2009).
14

3. ORIENTAÇÕES LEGAIS – NR 18 E
RTP’S

Como já dito anteriormente, no Brasil, são as Normas Regulamentadoras as


responsáveis em dar as diretrizes e fornecer orientação técnica quanto à segurança e saúde
no trabalho. Para a indústria da construção civil, a principal é a NR-18, a qual é eficiente e
constantemente atualizada. Como apoio a norma, existem documentos chamados de
Recomendação Técnica de Procedimentos (RTP), dotados de informações técnicas
referentes a aspectos específicos de segurança, sendo atualmente cinco no total.

Este capítulo tem por objetivo descrever a documentação supracitada. Serão citados
apenas os itens considerados mais importantes para este estudo de caso, e que venham a
ser necessários para a análise dos dados coletados. Nos itens referentes às RTP’s, só
serão apresentadas informações que não constam na NR 18.

Obs.: Todo texto descrito neste capítulo foi baseado nas seguintes referências:

 Norma Regulamentadora 18 (BRASIL, 2011).


 Recomendações Técnicas de Procedimentos 01 – Proteção Contra Quedas em
Altura (FUNDACENTRO, 1999).
 Recomendações Técnicas de Procedimentos 02 – Movimentação e Transporte de
Materiais e Pessoas – Elevadores de Obra (FUNDACENTRO, 1999).
 Recomendações Técnicas de Procedimentos 04 – Escadas Rampas e Passarelas
(FUNDACENTRO, 2004).

3.1 PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO - PCMAT

O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho, mais conhecido como


PCMAT, consiste em uma documentação referente à vários aspectos de segurança e
ambiente de trabalho, e é contemplado pelo item 18.3 da NR – 18.

 É obrigatória sua elaboração e cumprimento em obras com vinte ou mais


trabalhadores e deve contemplar os aspectos desta NR e dispositivos
complementares de segurança.
15

 Deve contemplar as exigências da NR 9 – Programa de Prevenção e Riscos


Ambientais.
 Deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão regional do Ministério
do Trabalho Regional – MTb.
 Deve ser elaborado e executado por profissional legalmente habilitado na área da
segurança do trabalho.
 Sua implementação é de responsabilidade do empregador ou condomínio.
 Documentos que constituem o PCMAT: memorial sobre condições e meio ambiente
do trabalho, indicando os riscos de acidente e doenças de trabalho e suas medidas
preventivas; projeto de execução dos EPC’s de acordo com cada etapa da obra;
especificação técnica dos EPC’s e EPI’s a serem utilizados; cronograma de
implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT; layout inicial do canteiro
de obras contemplando previsão das dimensões das áreas de vivência; programa
educativo sobre prevenção de acidentes e doenças de trabalho, e sua carga horária.

3.2 ESCADAS, RAMPAS E PASSARELAS

A seguir serão comentados todos os tópicos da NR 18 referentes à escadas, rampas e


passarelas, presente no item 18.12 da norma.

 A madeira utilizada deve estar em bom estado, sem nós ou rachaduras que
comprometam sua resistência, e seca. É proibido o uso de pintura que esconda
imperfeições.
 As escadas, rampas e passarelas para pessoas e materiais devem ser de construção
sólida, dotadas de corrimão e rodapé.
 Toda passagem entre pisos de níveis com diferença superior a 0,40 m deve ser feita
através de escadas ou rampas.
 É obrigatória a instalação de escadas e rampas provisórias para transposição de
níveis como meio de locomoção dos trabalhadores.

3.2.1 ESCADAS

 Devem ser dimensionadas em função do fluxo de trabalhadores, com largura mínima


de 0,80 m.
 Deve ter ao menos um patamar de descanso a cada 2,90 m, com largura e
comprimento mínimos iguais à largura da escada.
16

 A escada de mão só poderá ser utilizada para acessos provisórios e serviços de


pequeno porte.
 As escadas de mão devem ter extensão máxima de 7,00 m, com distância entre
degraus uniforme, variando entre 0,25 m e 0,30 m.
 É proibido o uso de escada de mão com montante único.
 É proibido utilizar escada de mão em locais: próximos a portas, aberturas, vãos,
locais de circulação, ou onde haja risco de queda de materiais.
 A escada de mão deve: ultrapassar o piso superior em 1,00 m, ser fixada nas partes
superior e inferior, ser dotada de degraus antiderrapantes e ser apoiada em piso
resistente.
 É proibido o uso de escada de mão próximo à rede ou equipamento elétrico que
esteja desprotegido.
 A escada de abrir deve ser rígida, dotada de acessórios que mantenham sua
abertura constante, e com comprimento de no máximo 6,00 m (fechada).

A seguir, serão comentadas as recomendações técnicas de procedimentos que são


tratadas na RTP 04 – Escadas, rampas e passarelas, que funciona como um complemento
do item 18.12 da NR 18.

Esta RTP divide as escadas em portáteis e fixas.

Há três tipos de escada portátil: de uso individual (mão), dupla e extensível. Quando
utilizadas próximas à área de circulação de pessoas ou veículos, deve haver sinalização
para atentá-los contra o impacto com a escada.

Já as fixas são divididas em gaiola (marinheiro) e de uso coletivo.

3.2.1.1 ESCADAS PORTÁTEIS

3.2.1.1.1 ESCADA DE USO INDIVIDUAL (DE MÃO)

Utilizada apenas provisoriamente, por curtos períodos de tempo, e apenas para


serviços leves. São compostas por montantes (elementos verticais) e travessas (degraus).
Os montantes devem ser espaçados de 0,45 m a 0,55 m entre si. As travessas devem ser
fixadas por meio de cavilhas ou outro dispositivo que garanta sua rigidez, e deve suportar
uma carga mínima de 160 kgf em seu ponto mais desfavorável.
17

Figura 5: Escada de mão: travessas e cavilhas


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
O comprimento ideal entre apoio inferior e em relação à vertical é de um quarto da
distância entre apoio inferior e superior, e o ângulo ideal é de 75º, como mostra a figura 6.

Figura 6: Escada de mão: Distâncias e ângulo ideais.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
18

A escada de mão deve ser construída e receber manutenção de trabalhador


qualificado. Em seu uso, o indivíduo deve sempre estar de frente à escada, utilizando as
duas mãos. Em caso de necessidade de transporte de material ou equipamento, este deve
ser feito por meio de bolsa ou recipiente semelhante.

No caso de não haver possibilidade de nivelamento do piso de apoio, é permitido o


prolongamento do pé da escada por meio de sistema automático ou mecânico.

Figura 7a e 7b: Exemplos de sistema de prolongamento do pé da escada de mão.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
As escadas de mão devem ser fixadas adequadamente no ponto de apoio superior e
inferior, como mostra as figuras 8a e 8b.

Figura 8a e 8b: Exemplos de fixação de apoios.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
Seu transporte deve ser feito na posição horizontal, evitando-se choques. Se
transportada por apenas uma pessoa, a parte frontal deve permanecer a uma altura acima
19

da cabeça de quem a transporta. Porém, aconselha-se o transporte por duas ou mais


pessoas.

3.2.1.1.2 ESCADA DUPLA (CAVALETE OU DE ABRIR)

A escada dupla ou de abrir deve ter distância entre montantes no ponto mais alto de
0,30 m, aumentando em direção à base na razão de 0,05 m a cada 0,30 m de altura.

Ela também deve ser dotada de dobradiças com afastadores e limitadores que
evitem lesão na mão do trabalhador ao fechar a escada (sistema antibeliscão), como pode
ser visto na figura 9.

Figura 9: Limitadores com sistema antibeliscão.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
Ao ser utilizada a escada deve ser posicionada de forma a estender totalmente os
limitadores de abertura.

É proibida qualquer improvisação de algum material ou objeto para substituir o


limitador de abertura (exemplo: fio, arame, corda).
20

3.2.1.1.3 ESCADA EXTENSÍVEL

As escadas extensíveis devem ser constituídas de duas seções.

Elas devem ser compostas de: montantes, travessas, roldana, guias, duas catracas,
corda para manobra de extensão e sapata antiderrapante de segurança nos montantes. A
figura 10 mostra alguns desses elementos.

Figura 10: Elementos da escada extensível.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
As catracas e guias metálicas devem estar dispostas de forma a garantir resistência
equivalente à de uma escada de mão de mesmo comprimento.

As catracas e roldanas (carretilhas ou moitão) devem estar sempre em bom estado


de conservação. A corda não pode estar desgastada ou desfiada.

A escada deve possuir dispositivo limitador de curso no quarto vão, a contar das
catracas, da forma que garanta a sobreposição de 1,00 m quando estendida.

Se possuir mais de 7,00 m, a escada extensível deverá ser dotada de sistema de


travamento (tirante ou vareta de segurança) para evitar que os montantes fiquem soltos,
21

prejudicando assim a estabilidade da escada. A figura 11 ilustra o sistema de trava por


tirante.

Figura 11: Detalhe de sistema de travamento por tirante.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).

3.2.1.1.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA ESCADAS PORTÁTEIS

Recomenda-se para as escadas de mão e extensível, a presença de indicação do


ângulo ideal de inclinação, por meio de placa metálica no montante, pintura, etc., como
mostrado a seguir.

Figura 12: Indicação do ângulo de segurança.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
22

Também é recomendado o controle e acompanhamento do estado e manutenção


das escadas, por meio de fichas ou outro sistema de memória.

Em escadas de abrir ou extensível, não é aconselhável ultrapassar os últimos três


degraus, para garantir sua estabilidade.

As escadas individuais ou extensíveis com mais de 25 kg devem ser erguidas por no


mínimo dois trabalhadores.

Os montantes devem ter apoio inferior firme. Deve-se utilizar sistema antiderrapante
ou outro de fixação que garanta a estabilidade da escada.

As escadas portáteis devem ser guardadas horizontalmente, em local protegido


contra intempéries, com ganchos fixados à parede suficientes para evitar o empenamento.

3.2.1.2 ESCADAS FIXAS

3.2.1.2.1 ESCADA TIPO MARINHEIRO

Geralmente são constituídas por estrutura metálica, utilizada em locais elevados ou


profundos, que excedam 6,00 m, com graus de inclinação variando entre 75º e 90º em
relação ao chão, e dotadas de gaiola de proteção.

Os montantes devem ser fixados na parede a cada três metros. Os degraus podem
ser fixados na parede ou no montante.

Na figura 13, pode-se ver o esquema de uma escada marinheiro.


23

Figura 13: Escada marinheiro: fixação e dimensões.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
As extremidades inferiores podem ser fixadas no chão ou chumbadas na parede. As
superiores devem ultrapassar em um metro a superfície que se deseja alcançar, e serem
dobradas para baixo. No caso de degraus fixados na parede, a parte mais alta deve ser
dotada de balaústre que permita apoio do trabalhador. A seção transversal do degrau deve
possuir formato que facilite a pegada da mão, e resistência de aproximadamente três vezes
ao esforço máximo ao qual estará sujeita.
24

Figura 14: Escada marinheiro: dimensões.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
A largura dos degraus, como mostra a figura anterior, deve estar entre 0,45 m e 0,55
m, e devem estar a uma distância da parede entre 0,15 m e 0,20 m. Se tiver altura maior
que 6,00 m, a escada marinheiro deve ter gaiola de proteção.

A gaiola de proteção deve ser composta de aros (anéis) e no mínimo de três


barramentos, de seus anteparos devem suportar a no mínimo 80 kgf no ponto mais
desfavorável. Ela deve ser instalada a partir de 2,00 m do piso inferior e transpassar o
superior em no mínimo 1,00 m, acompanhando a altura dos montantes.

A distância entre anéis deve estar entre 1,20 m e 1,50 m, e eles não podem estar a
mais de 0,60 m de distância dos degraus, como visto na figura 15 a seguir.

A dimensão da abertura do anel inferior deve ser maior em 0,10 m do que as outras,
para garantir espaço para movimentação inicial ou final do trabalhador.
25

Figura 15: Dimensões da gaiola de proteção.


Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).
Caso seja maior que 10 m, a escada deve possuir plataformas de descanso a, no
máximo, cada 9,00 m, ou 4,00 m se for subterrânea.

A dimensão mínima do espaço de descanso é de 0,60 x 0,60 m.

A plataforma deverá possuir sistema de guarda-corpo e rodapé, com travessão


superior de altura 1,20 m, travessão intermediário de 0,70 m e rodapé de 0,20 m.

É proibida a permanência simultânea de dois ou mais trabalhadores numa mesma


seção compreendida entre montantes do guarda-corpo, para não comprometer a segurança
da escada. Em caso de necessidade de transporte de material ou ferramenta, este deve ser
feito por bolsa ou semelhante, pois as mãos devem estar livres para apoiar nos degraus. O
corpo deve estar de frente para os degraus durante a travessia. Não pode haver passagem
de tubulação ou outro elemento que ofereça risco ao usuário. A escada deve receber
inspeção periódica.
26

3.2.1.2.2 ESCADA DE USO COLETIVO

A escada de uso coletivo deve ser instalada caso haja mais de vinte trabalhadores
que necessitem transpor diferença de nível.

A escada deverá possuir sistema de guarda-corpo e rodapé, com travessão superior


de altura 1,20 m, travessão intermediário de 0,70 m e rodapé de 0,20 m.

A largura da escada deve ser definida em função da quantidade de trabalhadores


que a utilizarão, conforme tabela a seguir:

Tabela 1: Dimensionamento da largura de escada de uso coletivo.

Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).


Escadas com largura maior que 2,00 m podem ter corrimão intermediário.

Escadas coletivas com desníveis maiores que 2,90 m devem ser dotadas de patamar
intermediário, com largura igual à da escada e comprimento mínimo igual à largura.

Para dimensionar altura entre degraus e comprimento do degrau, utiliza-se a tabela a


seguir:

Tabela 2: Dimensionamento dos degraus da escada de uso coletivo.

Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).


Para inclinações que não constam na tabela, entre 24º e 38º, utiliza-se a fórmula
abaixo:
27

Equação 1: Dimensionamento dos degraus de escada de uso coletivo.

Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).

3.2.2 RAMPAS E PASSARELAS

Definem-se como rampas ou passarelas as superfícies para transpor pessoas e


materiais com superfícies de angulo entre 0º e 15º em relação à horizontal. Em caso do
ângulo ser igual a 0º, a superfície é chamada de passarela, senão é

 Devem ser mantidas em perfeitas condições de uso e segurança.


 Rampas devem ser fixadas no piso superior e inferior, com inclinação máxima de 30º
em relação ao piso.
 Nas rampas com inclinação maior que 18º, devem ser instalados elementos
transversais a cada 0,40 m, para apoio dos pés.
 As rampas provisórias para caminhões devem ter no mínimo 4,00 m de largura, e
serem fixadas inferior e superiormente.
 Não devem existir ressaltos entre o piso da passarela e do terreno.
 Os apoios das extremidades das passarelas devem ser dimensionados em função
de seu comprimento total e das cargas às quais estarão submetidas.

Abaixo serão comentadas as recomendações técnicas de procedimento referentes à


rampas e passarelas, presente na RTP 04 – Escadas, rampas e passarelas, complemento
do item 18.12 da NR 18, que refere-se também à escadas, rampas e passarelas.

Primeiramente, a RTP define como calcular a largura da rampa ou passarela.

Tabela 3: Largura de rampas e passarelas.

Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).


28

As rampas com inclinação maior que 6º deverão possuir sistema antiderrapante.

Os apoios das passarelas devem ultrapassar no mínimo um quarto da largura do


vão, de cada lado. Esta também deve ser a distância entre montantes do guarda-corpo.

Taludes devem ter sua estabilidade tecnicamente garantida, em caso de terrenos


naturais.

As áreas próximas aos acessos da rampa ou passarela também deverão possuir


guarda-corpo e rodapé, e deverão ser sinalizadas, como mostra a figura 16.

É proibido o uso de tábuas e outros materiais improvisados como rampa ou


passarela.

Figura 16: Sinalização e proteção de áreas próximas a acesso de rampas e


passarelas.
Fonte: Adaptado de RTP 04 – Escadas, Rampas e Passarelas (2002).

3.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS EM ALTURA

O item da NR 18 onde é possível encontrar as informações a seguir é o item 18.13.


Também serão comentadas as recomendações técnicas de procedimento presentes na RTP 01
– Medidas de proteção contra quedas em altura, que existe como complemento do item 18.13
da NR 18.

É de prioridade máxima adotar inicialmente medidas que objetivem o impedimento


de quedas. Se, e somente se, a hipótese anterior não for possível deve-se utilizar recursos
limitadores de quedas.

 A instalação de sistema de proteção coletiva é obrigatória em qualquer local onde


haja risco de queda de trabalhadores ou de materiais.
 As aberturas nos pisos devem ser protegidas com fechamento resistente.
29

 No caso de serem utilizadas para transporte vertical de materiais, as aberturas


devem possuir guarda corpo fixo e, nos locais de entrada e saída de material,
fechamento do tipo cancela ou similar.
 Os vãos de acesso à caixa de elevador devem ser protegidos com fechamentos de
no mínimo 1,20 m de altura, resistentes e devidamente fixados à estrutura, até que
as portas sejam definitivamente instaladas.
 A partir do início dos serviços para concretagem da primeira laje, é obrigatória a
instalação, na periferia da edificação, de proteção contra queda de trabalhador ou
projeção de materiais.
 O sistema de proteção contra quedas guarda-corpo e rodapé, se utilizada, deve ter:
travessão superior com altura de 1,20 m; travessão inferior de 0,70 m; rodapé com
altura de 0,20 m; vãos entre travessas devem ser protegidos com telas ou outro
acessório que garanta o fechamento seguro das aberturas.
 Em edifícios com mais de quatro pavimentos ou altura equivalente, é obrigatória a
instalação de uma plataforma principal de proteção na altura da primeira laje, no
mínimo um pé-direito acima do terreno. Esta deve ter dimensão de 2,50 m de
projeção horizontal a partir da face externa da edificação, e possuir um complemento
em sua extremidade de 0,80 m, a uma inclinação de 45º.
 A instalação da plataforma supracitada deve ser realizada após a concretagem da
laje onde será posicionada, e só retirada após conclusão de revestimento externo de
todos os pavimentos acima dela.
 Acima da plataforma principal, devem ser instaladas plataformas secundárias de três
em três lajes. Ela deve ter projeção horizontal de 1,40 m a partir face externa da
construção e um complemento idêntico ao da plataforma principal.
 Cada plataforma deve ser instalada assim que concretada a laje onde será
posicionada, e retirada somente após concluir-se o revestimento externo de todos os
pavimentos acima dela.
 Para edifícios dotados de subsolo, deve-se ainda instalar plataformas terciárias de
proteção a cada duas lajes a partir da plataforma principal, contando para baixo, com
projeção horizontal de 2,20 m, com complemento e condições de instalação e
retirada idênticos às plataformas anteriores.
 Em construções cujos pavimentos mais altos forem recuados, deve-se instalar uma
plataforma de proteção principal na primeira laje recuada e instalar as plataformas
secundárias acima desta, da mesma forma descrita anteriormente.
 As plataformas devem ser construídas de maneira resistente e é proibida a aplicação
de sobrecargas que possam prejudicar a estabilidade de sua estrutura.
30

3.3.1 DISPOSITIVOS PROTETORES DE PLANO VERTICAL

3.3.1.1 SISTEMA GUARDA-CORPO RODAPÉ (GCR)

O sistema GcR tem como função a proteção contra riscos de queda de pessoas,
materiais e equipamentos.

Ele deve ser constituído de material rígido e resistente, nas áreas de trabalho e
circulação onde haja risco de queda de pessoas, materiais ou objetos. Aconselha-se a
utilização da madeira, ou material com mesma resistência e durabilidade.

O GcR é composto dos seguintes elementos:

 Travessão superior (barrote, listão, parapeito): constituído por uma barra, sem
aspereza, que deve servir de proteção como anteparo rígido. Deve ser instalado a
uma altura de 1,20 m (distância entre chão e eixo da peça) e ter resistência de 150
kgf/metro linear em seu centro.
 Travessão intermediário: é a barra horizontal situada entre travessão superior e
rodapé. Deve ser instalado a uma altura de 0,70 m (distância entre chão e eixo da
peça). Nos outros aspectos, é igual ao travessão superior.
 Rodapé: elemento apoiado sobre piso, com o intuito de evitar a queda de materiais e
objetos. Composto de placa plana e resistente, com altura mínima de 0,20 m, com
mesmas características e resistência dos travessões.
 Montante: elemento vertical utilizado para ancorar o GcR ao piso onde há risco de
queda. É onde devem ser fixados os outros três elementos. Deve ter mesmas
características e resistência que os travessões. A distância máxima entre montantes
A figura a seguir mostra os elementos do GcR e suas dimensões corretas.
31

Figura 17: GcR de madeira: distâncias.


Fonte: Adaptado de RTP 01 – Medidas de Proteção contra quedas em altura (1999).
Também para impedir a queda de materiais, deve-se fechar o espaço entre
travessões e rodapé com tela de 150 kgf/ metro linear. A malha deve ter aberturas entre 20
mm a 40 mm, deve ser fixado pelo lado de dentro dos montantes, e pode ser substituída por
material de igual resistência e durabilidade.

A madeira que compõe o GcR não deve ter aparas, nós, rachaduras ou falhas que
comprometam sua resistência ou características. É proibido o uso de peças pintadas com
tinta, que possa dificultar detecção de falhas no material. É indicada a aplicação de duas
demãos de verniz claro, óleo de linhaça quente ou outro semelhante.

No caso de uma plataforma de trabalho em balanço, o apoio do GcR deve ser


reforçado com o uso de mão francesa, como é mostrado na figura a seguir.

Figura 18: Mão francesa de apoio para GcR de plataforma em balanço.


Fonte: Adaptado de RTP 01 – Medidas de Proteção contra quedas em altura (1999).
32

A largura mínima dos travessões é de 0,20 m para compensado de 0,01 m e de 0,15


m para compensado de 0,025 m. Caso a altura de 1,20 m seja insuficiente para execução
segura de determinada atividade, ela deve ser aumentada até altura compatível com o
serviço a ser realizado. Se necessário serão adicionados mais travessões, sendo que a
distância máxima entre eles é de 0,50 m, sendo este espaço preenchido com tela de arame
galvanizado nº 14 ou material de resistência e durabilidade equivalentes.

O travessão intermediário poderá ser substituído por barrotes verticais, contanto que
a distância máxima entre eles seja de 0,15 m, que eles tenham a resistência e
características já definidas neste item, e que os espaços sejam fechados com a mesma tela
supracitada.

Se composto por elementos metálicos, o GcR poderá ter outros métodos de fixação,
sendo permitido a combinação entre peças metálicas e de madeira, desde que satisfaçam
as características de segurança, resistência e durabilidade já citadas neste item.

3.3.1.2 SISTEMA DE BARREIRA COM REDE

Diferente do GcR, este sistema é constituído por dois elementos horizontais (inferior
e superior) fixados rigidamente à estrutura da edificação em suas extremidades. A área
entre estes dois elementos é preenchida com rede de arame galvanizado nº14, com
aberturas entre 20 mm e 40 mm e resistência de 150 kgf/metro linear, ou outro elemento
com resistência e durabilidade equivalente.

Os elementos horizontais devem ser constituídos de cabos de aço ou tubos


metálicos. Em caso de utilização de cabos de aço, os mesmos devem estar tracionados por
dispositivos tensores. O elemento horizontal superior servirá de parapeito e deverá ser
instalado à altura de 1,20 m em relação ao piso. O inferior deverá ser preso ao piso a cada
0,50 m, sendo que o espaço entre cabo/tubo e piso tolerável é de 0,03 m. Ambos os
elementos horizontais funcionarão como estrutura de fixação da tela.

A fixação do sistema deve ser feita na estrutura definitiva da edificação de forma a


garantir resistência mínimade 150 kgf/metro linear a impactos transversais.

A tela deve ter amarração contínua e uniforme aos elementos superior e inferior em
toda a extensão horizontal, sendo fixadas também, nas extremidades, em toda dimensão
vertical.

Em todo ponto do sistema, a resistência mínima a esforços horizontais deve ser de


150 kgf/metro linear.

O sistema de barreira com rede é ilustrado na figura a seguir.


33

Figura 19: Sistema de Barreira com Rede.


Fonte: Adaptado de RTP 01 – Medidas de Proteção contra quedas em altura (1999).

3.3.1.3 PROTEÇÃO DE ABERTURAS NO PISO

As aberturas no piso, mesmo que utilizadas para transporte, devem ter proteção
contra queda idêntica ao sistema GcR. No ponto de entrada e saída, deve haver fechamento
tipo cancela ou semelhante.

Caso o uso de cercado fixo impossibilite o transporte, pode ser utilizado o cercado
removível, contanto que devidamente sinalizado.

Os acessos às caixas de elevador também devem ser protegidos com sistema GcR,
painel inteiriço ou metálico (contanto que tenham características de resistência e
durabilidade equivalentes ao do GcR) até que as portas definitivas sejam instaladas.

Devem-se instalar dispositivos de proteção contra queda em toda a periferia da


edificação desde o início dos serviços de concretagem da primeira laje.

Para facilitar a instalação do GcR aconselha-se a já se prever onde devem ser


fixados os montantes da próxima laje a ser concretada, e nestes pontos adicionar suportes
de fixação para os montantes.

Só é permitida a retirada da proteção periférica para a execução da alvenaria


definitiva de onde a mesma se encontra fixada.
34

3.3.2 DISPOSITIVOS PROTETORES DE PLANO HORIZONTAL

Todas as aberturas nos pisos não utilizadas para transporte devem ser protegidas
por fechamento provisório fixo (assoalho com encaixe), de maneira que não haja seu
deslizamento (figura 20a e 20b), ou por sistema GcR.

Figura 20a e 20b: Exemplos de assoalhos de proteção contra quedas horizontal.


Fonte: Adaptado de RTP 01 – Medidas de Proteção contra quedas em altura (1999).
A proteção deve ser inteiriça, sem frestas ou falhas, fixadas a peças de madeira ou
metálica de forma a impedir a queda de objetos.

Ela deve resistir no mínimo a 150 kgf quando destinada apenas à passagem de
pessoas. Caso haja circulação de veículos ou cargas com pesos superiores ao de um
trabalhador, a proteção deve ser projetada conforme os esforços aos quais estará sujeita.

Os elementos de instalações prediais que necessitem de aberturas no piso devem


possuir fechamento provisório sempre que não estiver sendo executado nem um serviço no
mesmo.

Os poços de elevadores devem possuir assoalhos:

 A cada três lajes ou dez metros, a partir de sua base.


 Quando ocorrer forma ou desforma de laje imediatamente superior.

A tampa do assoalho deve ser de madeira, compensado ou metal, de forma a


garantir os esforços verticais já citados anteriormente neste item.

Se forem utilizados outros dispositivos, eles devem ter seus projetos previamente
aprovados pela FUNDACENTRO.

Quando houver necessidade de carga e descarga por fora da edificação, através de


determinados vãos, serão instalados nos mesmos assoalhos em balanço, em conjunto com
sistema GcR. O assoalho pode ser apoiado em suportes transversais colocados sobre o
piso, ou em consolos metálicos embutidos na construção (figura 21 e 22).
35

Figura 21: Assoalho em balanço com suporte em transversais sobre piso.


Fonte: Adaptado de RTP 01 – Medidas de Proteção contra quedas em altura (1999).

Figura 22: Assoalho em balanço com suporte em consolos metálicos.


Fonte: Adaptado de RTP 01 – Medidas de Proteção contra quedas em altura (1999).
Em todo perímetro e próximos a vãos e aberturas de superfícies de trabalho do
edifício devem ser instalados dispositivos de fixação de cabo-guia ou cinto de segurança,
para que a execução dos serviços próximos a estas áreas seja realizada de forma segura.
Estes dispositivos de fixação devem permanecer fixados após término da obra, para serem
utilizados no caso de manutenção ou reforma.
36

3.3.3 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE QUEDA

Entre as plataformas de proteção contra queda, e fixadas às mesmas, devem ser


instaladas tela de resistência de 150 kgf/metro linear, de malha de abertura de entre 20 mm
e 40 mm, ou material de resistência e durabilidade equivalentes.

Os intervalos dos suportes das plataformas devem ser de no máximo 2,00 m, exceto
quando o projeto de execução autorize espaços maiores.

Quando utilizados suportes metálicos, eles devem ser convenientemente


dimensionados e devem estar em bom estado de conservação, de forma a não
comprometer a segurança da estrutura das plataformas. Eles devem receber inspeção
periódica.

O estrado das plataformas deve ser contínuo e não apresentar vãos. No caso da
necessidade de passagem de prumadas, os recortes devem ter dimensões mínimas
necessárias.

Caso trechos da plataforma forem retirados para transporte indispensável, tais


trechos devem ser recolocados logo após o transporte ser finalizado.

A desmontagem só deve ser iniciada após a retirada de todo material ou detrito nela
acumulada.

O sistema das plataformas de proteção pode se substituído por andaime fachadeiro,


com telas instaladas em toda o sua face externa.

A desmontagem das plataformas de proteção deve ser feita ordenadamente, de cima


para baixo. Só é permitida a desmontagem no sentido inverso caso seja utilizado andaime
suspenso mecânico pesado ou andaime fachadeiro.

3.4 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE MATERIAIS E PESSOAS

A seguir, serão apresentadas as informações que constam na NR 18 sobre


movimentação e transporte de pessoas e materiais, em canteiro de obras, que pode ser
encontrada no item 18.14 da mesma. Também serão comentadas as recomendações técnicas
de procedimento presentes na RTP 02 – Movimentação e transporte de pessoas e materiais:
elevadores de obra, que funciona como complemento do item 18.14 da NR 18.

 Todo equipamento de transporte vertical (pessoas e materiais) deve ser


dimensionado por profissional legalmente habilitado, e montado por trabalhador
qualificado.
37

 A manutenção deve ser feita por trabalhador qualificado, e supervisionada por


profissional legalmente habilitado.
 Todo equipamento de transporte vertical deve ser operado por trabalhador
qualificado, com função anotada em Carteira de Trabalho.
 É proibida permanência ou circulação de pessoas em áreas de transporte vertical ou
horizontal (feito de forma mecânica, não manual) de concreto, argamassa e outros
materiais. Esta área deve ser sinalizada.
 Quando o local de lançamento de concreto não for visível ao operador do
equipamento de transporte, deve se utilizar sistema de sinalização sonoro ou visual,
ou então rádios ou telefones, para determinar início e fim do transporte.
 No transporte e descarga de perfis, vigas e elementos estruturais, devem-se adotar
medidas preventivas a respeito da sinalização e isolamento da área.
 Os acessos da obra devem estar livres para possibilitar movimentação o mais livre
possível aos equipamentos de transporte.
 Antes do início do serviço de transporte, os equipamentos devem ser vistoriados não
só em relação ao funcionamento, como também à carga e altura máxima de
operação.
 Estruturas ou perfis com grandes superfícies só podem ser içados após as devidas
precauções serem tomadas a respeito de rajadas de vento.
 Toda manobra de transporte deve ser feita por profissional qualificado, e utilizando-
se sinais convencionados.
 Deve-se tomar cuidado especial quando próximo à área de transporte houver redes
elétricas.
 O levantamento e transporte manual ou semimecanizado de cargas deve ser
realizado de forma compatível com a capacidade física do trabalhador, conforme NR
17 – Ergonomia.
 Os guinchos de coluna devem possuir dispositivos próprios para sua fixação.
 O tambor do guincho de coluna deve estar nivelado para garantir o enrolamento do
cabo de forma correta.
 A distância entre os eixos do tambor e da roldana livre deve estar entre 2,50 m e
3,00 m.
 O cabo situado entre tambor e roldana livre deve ser isolado de forma a não ocorrer
contato acidental entre cabo e trabalhador.
 O guincho do elevador deve ser provido de chave de partida e bloqueio para impedir
seu acionamento por pessoa não autorizada.
38

 O cabo de tração do elevador deve manter seis voltas enrolado no tambor, qualquer
seja a posição do elevador.
 Elevadores de caçamba devem ser utilizados somente para transporte de material a
granel.
 É terminantemente proibido o transporte de pessoas em dispositivos que não tenham
sido projetados para este fim.
 Os equipamentos de transporte de material devem ser dotados de dispositivos que
evitem descarga acidental.

3.4.1 TORRES DE ELEVADORES

 Devem ser dimensionadas em função das cargas a que estarão sujeitas.


 Devem ser montadas e desmontadas por trabalhadores qualificados.
 Devem permanecer afastadas de redes elétricas, ou estas devem ser isoladas
conforme regulamento da concessionária local.
 As torres devem ser montadas o mais próximas possível da edificação.
 A base da torre deve ser única, de concreto, rígida e nivelada.
 Os elementos estruturais da torre devem estar em perfil estado de conservação, sem
deformações que comprometam sua estabilidade.
 Torres de elevador de caçamba devem ser dotadas de dispositivo que estabilizem a
caçamba durante o transporte.
 Os parafusos de pressão dos painéis devem ser apertados e os contraventos
contrapinados.
 O estaiamento ou fixação da torre deve ser feita a cada laje ou pavimento.
 Na parada mais alta, a distância entre viga superior da cabina e topo da torre deve
permanecer de no mínimo 4,00 m.
 As torres devem ter seus montantes posteriores estaiados a cada 6,00 m por cabo
de aço. Medida dispensável caso estrutura seja tubular ou rígida.
 O trecho da torre acima da última laje deve permanecer estaiado pelos montantes
posteriores.
 As torres montadas externamente à edificação devem ser estaiadas através dos
montantes posteriores.
 A torre e o guincho devem ser aterrados.
 Todos os acessos de entrada à torre do elevador devem estar protegidos por
barreira de no mínimo 1,80 m de altura.
39

 A torre do elevador deve possuir proteção e sinalização para evitar circulação de


trabalhadores através da mesma.
 As torres de elevadores de materiais devem possuir em suas faces tela de arame
galvanizado ou material de durabilidade e resistência equivalentes. Caso a cabina
seja dotada de painéis fixos de no mínimo 2,00 m de altura, e tenha apenas um
acesso, esta medida é dispensável.
 As torres devem ser dotadas de sistemas que impeçam a abertura da cancela caso o
piso da cabina não esteja no mesmo nível do pavimento.
 As passarelas ou rampas de acesso ao elevador devem: ser providas de guarda-
corpo e rodapé; ter piso de material resistente e sem aberturas; ser fixada na torre e
na edificação; ter altura livre de no mínimo 2,00 m; proibida inclinação descendente
no sentido da torre.

3.4.2 ELEVADORES DE TRANSPORTE DE MATERIAIS

 Proibido o transporte de pessoas.


 Deve haver placa no interior da cabina, informando carga máxima e proibição do
transporte de pessoas.
 O posto do operador deve ser isolado, dotado de proteção contra queda de materiais
e ter assento adequado conforme NR 17 – Ergonomia.
 Devem ser dotados de sistemas de: frenagem automática efetiva a qualquer situação
que possa ocasionar a queda livre da cabina; segurança eletromecânica no limite
superior, situado 2,00 m a baixo da viga superior da torre; trava de segurança para
manter o elevador parado em determinada altura, além do freio do motor; interruptor
de corrente para que a movimentação só aconteça quando todas as portas e painéis
estiverem fechados.
 Caso haja irregularidades quanto ao funcionamento ou manutenção, estas devem
ser anotadas pelo operador e comunicadas por escrito ao responsável pela obra.
 O elevador deve dispor de dispositivo de tração em subida e descida, para que não a
descida da cabina em queda livre (banguela).
 Devem possuir botões em cada pavimento para acionamento de lâmpada ou
campainha junto ao operador, para garantir comunicação única.
 Devem ser dotados de painéis laterais fixos de 1,00 m de altura, e de portas ou
painéis removíveis nas outras faces.
 Devem possuir cobertura fixa, basculável ou removível.
40

3.4.3 ELEVADORES DE PASSAGEIROS

 Instalação obrigatória em edifícios de doze ou mais pavimentos (ou altura


equivalente), devendo percorrer toda a extensão vertical do mesmo.
 Instalação obrigatória a partir da execução de sétima laje em edifícios com oito ou
mais pavimentos (ou altura equivalente), quando houver 30 ou mais trabalhadores
atuando na obra.
 É terminantemente o proibido transporte simultâneo de cargas e passageiros.
 Caso ocorra transporte de carga, o comando deve ser externo ao elevador, e deverá
haver sinalização de forma legível em seu interior com os seguintes dizeres (ou
equivalente): “É PERMITIDO O USO DESTE ELEVADOR PARA TRANSPORTE DE
MATERIAL, DESDE QUE NÃO REALIZADO SIMULTÂNEO COM O TRANSPORTE
DE PESSOAS”.
 Quando o elevador for utilizado para transporte de cargas, e for o único na obra,
deverá ser instalado a partir do pavimento térreo.
 Será priorizado o transporte de passageiros sobre o de cargas e materiais.
 Devem ser dotados de: interruptor nos fins de curso superior e inferior, conjugado
com freio eletromecânico; sistema de frenagem automática efetivo a qualquer
situação que possa ocasionar a queda livre da cabina; sistema de segurança
eletromecânica no limite superior, situado 2,00 m a baixo da viga superior da torre,
ou sistema equivalente que impeça o choque do elevador com a mesma; interruptor
de corrente para que a movimentação só ocorra com portas fechadas; a cabina deve
ser metálica, com porta; freio manual situado dentro da cabina, interligado ao
interruptor de corrente, de forma que quando acionado desligue o motor.
 Deve haver um livro de inspeção, no qual serão anotadas diariamente pelo operador
as condições de funcionamento e manutenção do elevador. O responsável pela obra
deve ler e assinar este livro de inspeção semanalmente.
 O elevador deve ser dotado de ventilação ou iluminação, natural ou artificial, durante
seu uso, e deve possuir indicação de número máximo de passageiros, e peso
máximo equivalente, em kg.

As informações a seguir, referentes a elevadores de obra, podem ser encontradas na


RTP 02 – Movimentação e transporte de pessoas e materiais, complemento do item 18.14 da
NR 18.
41

3.4.4 REQUISITOS TÉCNICOS DE PROCEDIMENTOS

3.4.4.1 LOCALIZAÇÃO

Ao escolher-se a localização da torre do elevador, devem ser considerados os


seguintes aspectos:

 Afastamento máximo possível das redes elétricas energizadas, ou isola-las conforme


normas específicas da concessionária local;
 Afastamento mínimo em relação à edificação;
 O terreno onde será instalada a torre e guincho deve ser plano, sem possibilidade de
alagamento e deve possuir resistência suficiente para suportar as cargas solicitantes,
ou ser preparado para obter tal resistência.

3.4.4.2 BASE

A base deve ser de concreto ou metálica.

O carretel e o centro do eixo da roldana livre devem estar alinhados (figura 23). Esta,
por sua vez, deve ser alinhada com a guia dos painéis. Este alinhamento irá garantir maior
vida útil das peças e funcionamento mais seguro e suave.

Figura 23: Alinhamento da base da torre do elevador.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
Caso de concreto, o nível da base deve estar no mínimo 0,15 m mais elevado que o
nível do terreno e possuir drenos para o escoamento da água em seu interior.

Deve-se instalar material que amorteça possíveis impactos imprevistos da cabina.

3.4.4.3 GUINCHOS

São os equipamentos de tração responsáveis pela movimentação do elevador.

São os principais tipos de guinchos: por transmissão de engrenagens por corrente e


automático com comando eletromecânico (figura 24a e 24b).
42

Figura 24a e 24b: Tipos principais de guincho.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
O cabo de tração deve ser fixado ao tambor com clips tipo pesado.

Deve-se constar na prancha ou cabina do elevador uma plaqueta informando a carga


máxima de tração do guincho.

Quando o guincho não estiver instalado sob a laje, porém próximo à edificação,
deve-se construir cobertura resistente para proteger o operador contra queda de materiais.

O local de trabalho do operador deve ser isolado, adequadamente sinalizado, ser


dotado de extintor de pó-químico e não se deve permitir entrada de pessoal não autorizado.
É proibida a utilização do posto de trabalho como depósito de materiais.

Os guinchos devem ter chave de partida com dispositivo de bloqueio para prevenir a
operação dos mesmos por pessoal não autorizado.

A distância entre eixos do tambor e roldana livre deve estar compreendida entre 2,50
m 3,00 m.

A figura a seguir ilustra possíveis posições do sistema carretel, roldana e torre.


43

Figura 25: Opções para posições de montagem do guincho.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
O trecho do cabo entre o tambor do guincho e a roldana deve ser protegido
superiormente e lateralmente, para impedir a queda de material sobre o cabo ou contato
acidental do mesmo com um trabalhador (figura 26).

Figura 26: Proteção do cabo entre tambor e roldana.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
44

3.4.4.3.1 GUINCHOS POR TRANSMISSÃO DE ENGRENAGENS POR


CORRENTES

São utilizados para equipar elevadores de materiais.

A operação deste tipo de guincho é realizada por operador que permanece sentado
acionando os comandos e deve atender o item 18.14.22.3 da NR 18.

Este guincho deve ser operado por profissional habilitado com função anotada em
carteira de trabalho.

3.4.4.3.2 GUINCHOS AUTOMÁTICOS

Estes guinchos podem ser utilizados para elevador de materiais e pessoas.

Ele é operado manualmente através de botoeira com comandos de subida, descida e


parada, podendo este ser localizado tanto internamente à cabine quanto externamente.

Este guincho deve ser operado por profissional habilitado com função anotada em
carteira de trabalho.

3.4.4.4 TORRE

É a estrutura, metálica ou de madeira tratada, que tem como função a sustentação


da cabina e do cabo de tração do elevador, assim como guiar o deslocamento vertical do
mesmo.

A montagem só pode ser feita por trabalhadores qualificados e não se deve utilizar
peças que apresentem oxidação, amassamento, empenamento ou deterioração.

Para a montagem, devem ser atendidas as seguintes instruções:

 Colocação da base da torre sobre fundação, nivelamento da superfície da base,


instalação de fixação por chumbadores ou parafusos.
 Colocação de suporte da roldana livre sobre base, nivelamento da mesma e fixação
por chumbadores ou parafusos.
 Colocação de guinchos sobre base, nivelamento do mesmo, alinhamento com
roldana livre e fixação por chumbadores ou parafusos.

Se forem montadas externamente à construção, devem ser tomadas as seguintes


precauções:

 Amarrar e estroncar aos montantes anteriores, em todos os pavimentos da estrutura,


para manter sempre o prumo da torre.
45

 Estaiar os montantes posteriores à estrutura, a cada 6,00 m (dois pavimentos),


utilizando para isso cabos de aço com diâmetro mínimo de 9,5 mm, com esticador
(figura 27).

As torres devem ser ancoradas e estaiadas a espaços regulares, de modo a garantir


estabilidade, verticalidade, rigidez e retilinidade à torre, conforme especificação do
fabricante.

O ângulo entre a edificação e o estaiamento dos montantes superiores deve ser de


45º.

Figura 27:Alturas máximas, estaiamento e ancoramento da torre de elevador.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
A ancoragem dos montantes anteriores poderá ser realizada com estruturas
metálicas especificadas pelo fabricante.

Os parafusos dos painéis devem ser ajustados se necessário, para garantir


justaposição do tubo guia com os contraventos contrapinados (figura 28).
46

Figura 28: Parafuso de ajuste e contrapino.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
Nas torres instaladas internamente às construções, os cabos de tração devem ser
protegidos (proteção externa à torre do elevador) contra contato acidental com pessoas ou
materiais, como mostra a figura 29. Deve-se também evitar que o cabo de tração entre em
contato com a edificação, para que não haja atrito entre elevador e edificação.

Figura 29: Proteção do cabo de elevador interno à construção.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).

3.4.4.5 CABINAS

3.4.4.5.1 CABINAS SEMI-FECHADAS

Só pode ser utilizada para transporte de materiais.


47

Devem possuir cobertura basculável ou removível, para quando as dimensões da


peça transportada forem maiores que a altura da cabina. A cobertura tem o objetivo de
proteger os trabalhadores durante a retirada do material transportado, contra queda de
algum outro material.

No caso do transporte de peças com mais de 2,00 m, estas devem ser devidamente
fixadas na estrutura da cabina.

A figura a seguir ilustra o esquema de uma cabina semi-fechada.

Figura 30: Cabina semi-fechada.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
CABINAS FECHADAS

Esta cabina pode ser usada para transportar tanto materiais como pessoas.

Caso seja destinada ao transporte de passageiros, a cabina deve ser do tipo fechada
(figura 31). Ela deve possuir cobertura resistente, proteções laterais do piso ao teto da
cabina e portas frontais pantográficas ou de correr. Outros requisitos já foram citados com
clareza no item anterior referente a elevadores (NR 18.14).
48

Figura 31: Cabina fechada.


Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).

3.4.4.6 CABOS DE AÇO

Os cabos utilizados nos elevadores devem ser de aço com alma de fibra, flexíveis e
com diâmetro mínimo de 15,8 mm (5/8”).

A resistência mínima à ruptura deve ser de no mínimo 15000 kgf e devem trabalhar
com coeficiente de segurança de no mínimo dez vezes a carga de ruptura.

No ponto de fixação do cabo de aço, devem ser usados três grampos (clips) no
mínima o, com disposição da forma demonstrada a seguir.

Figura 32: Disposição correta dos grampos na fixação dos cabos de aço.
Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).
49

O diâmetro mínimo da polia é de 0,40 m.

Caso sejam constatados seis fios partidos em um passo, o cabo deverá ser
substituído.

É proibido o uso de cabos com emendas ou o uso de óleo queimado para


lubrificação.

Os cabos de aço com uso em elevadores de obra devem ter inspeção, manuseio,
manutenção e armazenamento conforme a instrução dos fabricantes, para evitar ou detectar
possíveis ocorrências de fadiga, amassamento, ruptura ou formação de gaiola de
passarinho. Se identificada alguma dano ao cabo descrito acima, o mesmo deve ser
imediatamente substituído.

A figura a seguir ilustra os principais defeitos que podem ocorrer em um cabo de aço.

Figura 33: Tipos de ocorrência que determinam a substituição de cabo de aço de


elevador de obra.
Fonte: Adaptado de RTP 02 – Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas –
Elevadores de Obra (1999).

3.4.4.7 OPERAÇÃO E SINALIZAÇÃO

O operador da cabina deve ser qualificado para a função, sendo recomendado que
ele exerça unicamente esta função.

As cabinas de passageiros devem ter seu comando realizado sempre de dentro da


cabina, quando transportando passageiros.

O operador deve sempre posicionar uma das mãos junto ao freio de segurança, para
rápida ativação do mesmo em caso de necessidade.

Em caso do transporte de gericas, as mesmas devem ser amarradas para não


tombarem ou se movimentarem durante o transporte vertical.

Não é permitido carregar a prancha além da altura de seus painéis de encaixe.

É proibido o transporte de materiais a graneis nos elevadores de carga.


50

A movimentação do elevador de carga só pode ser feita após o fechamento da


cancela.

3.4.5 RECOMENDAÇÕES DE MANUTENÇÃO EM ELEVADORES DE OBRA

Deve-se revisar periodicamente:

 Desgastes de embreagem.
 Desgastes de lona e tambor de freio.
 Desgastes de bronzinas.
 Desgastes de rolamentos.
 Desgastes de roldanas.
 Desgastes de cabo de aço.
 Sistema elétrico.

Deve-se inspecionar o cabo de aço de tração diariamente, atentando-se às seguintes


condições:

 Se o cabo de aço utilizado é o especificado pelo fabricante.


 Se o cabo está enrolado no tambor adequadamente.
 Não solicitá-lo a trações bruscas.
 Lubrificação adequada com graxa especificada por fabricante.

Diariamente também, devem-se verificar os limites de curso inferior e superior e o


sistema de segurança superior eletromecânico, assim como encher a graxeira situada no
eixo da roldana da gaiola.

O eixo da roldana louca também deve ser mantido engraxado.

Semanalmente, devem-se lubrificar os mancais e verificar os parafusos, e caso os


mesmos estejam frouxos, apertá-los.

Quando a cabina parar acima da base, para serviço de manutenção, deve-se apoia-
la em barrotes, pranchões ou vigas apoiadas sobre os elementos da torre.

É proibido o uso da torre como escada, a não ser pelos profissionais de montagem e
manutenção, e apenas quando necessário.
51

3.4.6 RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA AO OPERADOR DO


ELEVADOR

 Verificar se o vão interno da torre está livre, sem nada que impeça o livre
deslocamento da cabina.
 Antes de utilizar o elevador, testar o sistema de freio e embreagem.
 Não acionar o elevador caso note-se vibrações ou barulhos incomuns.
 Verificar se o enrolamento do cabo no tambor encontra-se correto.
 Garantir a lubrificação das guias da torre.
 Verificar se o cabo de aço, em trechos externos à torre, não se encontram em
contato com nenhum outro elemento, para evitar atrito do cabo com estaiamento,
plataformas de proteção ou com a própria laje, por exemplo.
 Evitar a ocorrência de frenagens bruscas (solicitação brusca).
 Verificar periodicamente o desgaste das bronzinas.
 Só é permitido ao operador deixar seu posto de trabalho caso o elevador esteja na
base da torre e o comando de acionamento do mesmo esteja bloqueado.
 O operador deve manter seu posto de trabalho limpo e organizado.
 Informar-se sobre as recomendações do manual do fabricante.
 Redigir relatório de ocorrência durante seu turno, para manter informados seus
superiores sobre possíveis irregularidades no equipamento.

3.5 ANDAIMES E PLATAFORMAS DE TRABALHO

Este item apresentará as informações listadas no item 18.15 da NR 18, que trata de
andaimes e plataformas de trabalho.

 Os andaimes (estrutura e fixação) devem ser dimensionados por profissional


legalmente habilitado.
 Os projetos de andaimes tipo fachadeiro, suspensos e em balanço devem ser
acompanhados por respectiva ART.
 Os andaimes devem ser dimensionados e construídos de modo a suportar com
segurança as cargas de trabalho a que estarão sujeitos.
 Somente empresas inscritas regularmente no CREA, que possua societário ou
alguém do quadro de trabalho que seja legalmente habilitado, podem fabricar
andaimes completos ou componentes estruturais dos mesmos.
 Deve ser gravado em cada componente do andaime, de forma aparente e indelével,
o nome do fabricante, referência do tipo, lote e ano de fabricação.
 É proibida a utilização de andaimes que não satisfaçam o item anterior.
52

 A montagem de andaimes tipo fachadeiro, suspenso e em balanço devem possuir


projetos de montagem elaborados por profissional habilitado.
 Os fabricantes dos andaimes devem ser identificados e fornecer manuais que
precisam conter: especificação de materiais, dimensões, posições de ancoragem e
estroncamentos; procedimentos operacionais de montagem e desmontagem de
forma sequencial.
 As superfícies de trabalho dos andaimes devem possuir travamentos de forma a
evitar seu deslocamento ou desencaixe.
 Durante a montagem e desmontagem, devem-se observar os seguintes itens:

- Os funcionários devem ser qualificados e receber treinamento específico para o


tipo de andaime a ser montado;

- É obrigatório o uso de cinto de segurança tipo paraquedista, que deve ser


dotado de duplo talabarte com ganchos de abertura mínima de 50 mm com dupla trava;

- As ferramentas utilizadas devem ser estritamente manuais e devem possuir


sistema que evite sua queda acidental;

- Os trabalhadores devem possuir crachá com nome, qualificação, data do último


exame médico ocupacional e último treinamento.

 Os montantes do andaime devem ser dotados de dispositivo de trava contra


desencaixe acidental.
 Os pisos do andaime devem ter forração completa, com superfície antiderrapante,
nivelado e fixado de modo seguro e resistente.
 O piso de trabalho pode ser metálico ou misto, com estrutura metálica, forração de
material sintético ou em madeira, ou totalmente de madeira.
 Os pisos dos andaimes também devem ser dimensionados por profissional
habilitado.
 Devem-se incluir no PCMAT as devidas precauções durante montagem,
desmontagem e movimentação de andaimes próximos a redes elétricas.
 A madeira para confecção de andaimes deve ser de boa qualidade, sem nós ou
rachaduras. É proibida a aplicação de tinta que possa atrapalhar a identificação de
defeitos na madeira.
 É proibida a utilização de aparas de madeira.
 Os andaimes devem ser dotados de sistema GcR em todas as faces, a não ser na
de trabalho.
 É proibida a retirada de qualquer equipamento de segurança do andaime, ou a
anulação de sua ação.
53

 É proibido, sobre o piso do andaime, a utilização de equipamento ou outro meio para


alcançar alturas mais elevadas.
 O acesso aos andaimes deve ser feito de maneira segura.

3.5.1 ANDAIMES SIMPLESMENTE APOIADOS

 Os montantes devem ser apoiados em sapatas, sobre superfície sólida e nivelada,


com resistência suficiente para suportar os esforços solicitantes.
 É proibida a utilização de andaimes apoiados sobre cavaletes com altura superior a
2,00 m e largura inferior a 0,90 m.
 É proibida utilização de andaimes na periferia da edificação sem que as devidas
proteções adequadas estejam fixadas à estrutura dos mesmos.
 É proibido o deslocamento dos andaimes quando houver trabalhador sobre os
mesmos.
 Deve se instalar aparelhos ou maquinários de içar materiais de forma que não
comprometam a estabilidade e segurança dos andaimes.
 Em caso de andaimes de madeira para obras com mais de três pavimentos, ou altura
equivalente, os andaimes devem ser projetados por profissional legalmente
habilitado.
 O andaime deve ser fixado à estrutura da edificação por amarração e
estroncamento, de forma a resistir os esforços solicitantes.
 Quando não estaiado, a altura do andaime não pode exceder em quatro ou mais
vezes a menor dimensão da base de apoio.

3.5.2 ANDAIMES MÓVEIS

 Os rodízios do andaime devem ser dotados de trava, para prevenir deslocamentos


acidentais.
 Podem-se utilizar andaimes tubulares móveis em superfícies planas, que resistam os
esforços solicitantes e possibilitem o deslocamento do andaime por rodízios.

3.5.3 ANDAIMES SUSPENSOS

 Os sistemas de fixação, estrutura e sustentação dos andaimes suspensos devem ter


projetos elaborados e execuções acompanhadas de profissional legalmente
habilitado.
54

 O andaime deve possuir placa indicativa, em local visível, com a carga máxima
permitida.
 A montagem e manutenção devem ser feitas por profissional qualificado e
supervisionada por profissional legalmente habilitado e quando houver, seguindo-se
o manual e especificações técnicas do fabricante.
 Deve-se garantir a estabilidade do andaime suspenso durante toda sua utilização.
 O trabalhador locado no andaime deve utilizar cinto tipo paraquedista ligado ao
trava-quedas do andaime, este ligado ao cabo guia fixado em estrutura independente
de qualquer elemento do andaime suspenso.
 O sistema de sustentação do andaime suspenso deve ser feita através de estruturas
metálicas com resistência de no mínimo três vezes a carga máxima de trabalho.
 A sustentação do andaime suspenso só pode ser apoiada ou fixada em elementos
estrutural da edificação.
 No caso do ponto de sustentação estiver locado nas platibandas ou beirais da
edificação, devem ser feitos estudos de verificação estrutural por profissional
legalmente habilitado.
 A verificação estrutural citada no item anterior deve permanecer em obra, no local de
instalação.
 A fixação da extremidade do dispositivo de sustentação, voltada para o interior da
construção, deve estar especificada em projeto, e ser realizada de acordo com tal
especificação.
 É proibida a fixação dos dispositivos de sustentação por sacos de areia, pedras ou
meio similar.
 É proibido o uso de cabos de fibras para a sustentação de andaimes suspensos.
 Os cabos de suspensão devem trabalhar verticalmente e o estrado horizontalmente.
 O dispositivo de suspensão deve ser inspecionado diariamente por usuários e
responsável antes de ser utilizado.
 Os usuários e responsável do andaime suspenso devem receber treinamento e
manual informando os procedimentos de verificação diária.
 Quanto a cabos de aço em guinchos tipo catraca, deve-se observar: na parada mais
baixa, o cabo de aço deve permanecer com seis ou mais voltas no tambor; passar
livremente na roldana, as quais devem ter seus sulcos sempre em boas condições
de limpeza e conservação.
 O andaime deve ser convenientemente fixado à edificação em sua posição de
serviço.
 É proibida a instalação de trecho em balanço ao estrado do andaime.
55

 É proibida a interligação entre andaimes para circulação de pessoas ou execução de


tarefas.
 Só é permitido o depósito de material nos andaimes para uso imediato.
 É proibida a utilização dos andaimes para transporte de pessoal ou material não
relacionado ao serviço em execução.
 Os quadros dos guinchos de elevação devem possuir elemento para fixação de
sistema GcR.
 O estrado do andaime deve ser fixado aos estribos de apoio e o GcR ao seu suporte.
 É proibida a utilização de andaimes com guincho tipo catraca em edifícios de 8 ou
mais pavimentos, ou altura equivalente.
 A largura mínima da plataforma de trabalho do andaime suspenso deve ser de 0,65
m.
 A largura máxima da plataforma, quando utilizado um guincho para cada armação, é
de 0,90 m.
 O comprimento máximo do estrado do andaime suspenso é de 8,00 m.
 Quando ocorrer a utilização de apenas um guincho de sustentação por armação,
será obrigatório o uso de cabo de aço adicional, ligado a dispositivo de bloqueio
mecânico automático, observando-se a sobrecarga indicada pelo fabricante.

3.5.4 ANDAIMES SUSPENSOS MOTORIZADOS

 Nos andaimes suspensos motorizados, deve-se instalar: cabos de alimentação de


dupla isolação; plugs/tomadas blindadas; aterramento elétrico; dispositivo diferencial
residual (RD); fim de curso superior e batente.
 O conjunto motor deve ser dotado de dispositivo mecânico de emergência, o qual
deve ser acionado automaticamente em caso de pane elétrica, de forma a manter a
plataforma parada e, quando acionado, permitir a descida segura até o ponto de
apoio inferior.
 O andaime suspenso motorizado deve ser dotado de sistema que impeça sua
movimentação caso o mesmo atinja inclinação superior a 15º. Durante execução de
serviço, a plataforma deve permanecer nivelada.
 O equipamento deve ser desligado e permanecer protegido, quando não estiver
sendo utilizado.
56

3.6 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Os itens comentados a seguir foram obtidos a partir da NR 18 e podem ser


encontrados no item 18.27 da mesma.

 Deve haver sinalização para: identificar locais de apoio; indicar saídas; advertir
contra risco de contato ou acionamento de máquinas; advertir contra risco a quedas;
alertar sobre o uso de EPI’s específicos para o serviço, no local do serviço; alertar
quanto a áreas de transporte de material por guinchos, gruas e guindastes; alertar
quanto à circulação de veículos e equipamentos; advertir a ocorrência de locais com
pé-direito inferior a 1,80 m; identificar locais com substâncias nocivas aos
trabalhadores.
 É obrigatório o uso de coletes ou tiras reflexivas na região do tórax e costas quando
o trabalhador estiver em vias públicas.
 Deve haver sinalização de segurança em vias públicas, dirigidas aos motoristas e
pedestres, que devem estar em conformidade com o que determina os órgãos
competentes.

3.7 TREINAMENTO

As informações apresentadas a seguir referem-se ao treinamento de trabalhadores no


setor da construção civil, e podem ser encontradas no item 18.28 da norma regulamentadora
NR 18.

 Todo funcionário deve receber treinamento admissional e periódico que garanta a


execução de suas atividades com segurança.
 O treinamento deve ter carga horária mínima de 6 horas; ser aplicado durante o
horário de trabalho; ser ministrado antes início das atividades.
 No treinamento deve constar: informação de condições e meio ambiente de trabalho;
riscos inerentes à função do trabalhador; uso adequado de EPI’s; informações sobre
EPC’s presentes na obra.
 O treinamento deve ser ministrado sempre que necessário, e ao início de cada fase
da obra.
 Nos treinamentos, os trabalhadores devem receber cópias dos procedimentos e
operações a serem realizadas com segurança.
57

3.8 ORDEM E LIMPEZA

As informações pertinentes à ordem e limpeza do canteiro de obras, listadas a seguir,


foram retiradas e podem ser encontradas no item 18.29 da NR 18.

 O canteiro deve apresentar passagens, vias de circulação e escadarias limpas e


desimpedidas.
 As sobras e entulhos devem ser recolhidos periodicamente, de forma a não oferecer
riscos eventuais ou poeira excessiva.
 Caso haja diferença de nível, o entulho deve ser removido por equipamentos
mecânicos ou calhas fechadas.
 É proibido manter lixo e entulho em locais inadequados da obra.
 É proibida a queima de lixo ou outro material no interior da obra.
58

4. ESTUDO DE CASO

Neste capítulo serão apresentados todos os dados coletados nos estudos de caso. Serão
comentadas as análises feitas a partir destes dados e, e em seguida as conclusões particulares
de cada estudo de caso.

Vale lembrar que para a coleta e análise dos dados foram feitas visitas às obras objetos
de estudo. Foram feitas fotos digitais durantes as visitas. Também foram preenchidas as
Check-list’s referentes à cada aspecto comentado no capítulo anterior, para cada obra. No
final deste trabalho, consta um modelo de cada uma destas check-list’s (não preenchido).

Além da visita às obras, foi feita a análise teórica de um SPC industrializado, a


proteção periférica modulada para alvenaria estrutural, produto fornecido pelo fabricante
ScanMetal, a partir de um manual fornecido por arquiteto da empresa via email.

4.1 EMPRESA FABRICANTE E FORNECEDORA DE SPC SCANMETAL:


PROTEÇÃO MODULADA DE PERIFERIA DE OBRAS CIVIS

A empresa ScanMetal Soluções Construtivas, atualmente referência em


fornecimento de equipamentos e ferramentas utilizados em canteiros de obras, desenvolveu
um SPC específico para alvenaria estrutural , denominado Proteção Modulada.

Todas as peças deste SPC são produzidas em aço carbono com zincagem
eletrolítica. As telas são eletro-soldadas, e para a fabricação dos suportes e quadros, a
solda utilizada é do tipo “MIG”, a qual já teve sua resistência comprovada a partir da
realização de muitos testes.

Para a produção e instalação do SPC, a empresa deve ter acesso à planta do


empreendimento. De posse da planta, a própria empresa desenvolve o projeto de
posicionamento e sustentaçãodo sistema, de forma que o mesmo seja adequado à
edificação. Acompanha o projeto uma lista de peças. As telas são todas numeradas e
etiquetadas, de forma a facilitar a montagem, a qual deve ser feita por no mínimo dois
profissionais.
59

Para auxiliar a utilização da Proteção Modular, a ScanMetal desenvolveu um manual,


o qual terá seus principais tópicos comentados a seguir.

4.1.1 COMPOSIÇÃO

4.1.1.1 TELAS DE PROTEÇÃO

Existem dois tipos, a tela de proteção regulável e a tela de proteção articulada em


quina.

4.1.1.1.1 TELAS DE PROTEÇÃO REGULÁVEL

Toda tela de proteção regulável tem altura de 1,30 m. Existem quatro tamanhos de
telas reguláveis, os quais devem satisfazer qualquer tipo de modulação:

 Telas de 0,80 m a 1,10 m.


 Telas de 1,10 m a 1,50 m.
 Telas de 1,50 m a 2,00 m.
 Telas de 2,00 m a 2,80 m.

As telas devem ser fixadas verticalmente nos suportes através dos tubos laterais, e
fixadas entre si pelo conjunto trava/pino de correr.

Cada tela possui etiqueta de numeração, os quais constam no projeto, para facilitar o
processo de montagem.

A figura a seguir mostra o esquema da tela, e seu sistema de travamento por pinos.

Figura 34: Tela Regulável - Travamentos.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
60

4.1.1.1.2 TELAS DE PROTEÇÃO ARTICULADAS EM QUINA

Trata-se de telas destinadas ao fechamento de cantos e quinas (figura 35). Elas são
travadas nas telas ou suportes anteriores e posteriores.

Figura 35: Tela de Proteção Articulada de Quina.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
A dimensãopadrão da tela é de 0,38 m, porém pode ser alterada conforme
necessário.

4.1.1.2 SUPORTES (POSTES)

Os suportes são equivalentes aos montantes de um sistema GcR. São eles que dão
sustentação às telas. Existem dois tipos de suportes.

4.1.1.2.1 SUPORTE DUPLO

O suporte duplo possui dois pontos de fixação para as telas, um inferior e um


superior. Ele é instalado sempre na quinta fiada de cada pavimento. Utiliza-se o ponto de
fixaçào inferior até o término da execução da alvenaria deste mesmo pavimento. Após a
concretagem da laje superior deste mesmo pavimento, utiliza-se o ponto de fixação superior
do suporte, até concluir-se a quinta fiada da alvenaria do pavimento superior ao que o
suporte está fixado. Concluída a quinta fiada, a mesma recebe um novo suporte duplo e
repete-se o processo.
61

As figuras a seguir mostram o esquema do suporte duplo, e as posições de encaixe


das telas nos suportes.

Figura 36: Suporte duplo.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).

Figuras 37a e 37b: Suporte duplo com tela fixada em suporte inferior (a) e superior (b).
Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).

4.1.1.2.2 SUPORTE DUPLO TRIPÉ

Este suporte é utilizado em sacadas. Diferente do duplo, ele possui três pontos de
fixação para as telas, e duas formas de fixação do suporte na estrutura da edificação. Pode-
se observar a utilização do suporte duplo tripé do lado direito das figuras 38a e 38b.
62

Para lajes em balanço, a fixação é feita com o parafuso de ancoragem na posição


vertical, na própria laje. Já quando a laje é apoiada em viga comum ou invertida, a fixação é
feita com o parafuso na direção horizontal, na viga, como mostra a figura a seguir.

Figuras 38a e 38b: Formas de ancoragem do suporte duplo tripé.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).

4.1.1.2.3 CALHAS

A função da calha é evitar a queda de ferramentas ou materiais através do vão


existente entre laje ou parede e tela (figuras 39 e 40).
63

Figura 39: Calha.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).

Figura 40: Fixação da calha à tela.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).

4.1.2 ARMAZENAGEM

As telas devem ser armazenadas em pé, sobre apoio que impeça seu contato com o
solo, com as etiquetas visíveis (figura 41).
64

Figura 41: Armazenagem de telas. Detalhe: etiquetas de identificação.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
Os suportes podem ser armazenados tanto na vertical quanto na horizontal, no chão.

4.1.3 MONTAGEM

Primeiramente, é necessário ter os seguintes objetos à disposição para a montagem


da Proteção Periférica: furadeira modelo SDS 16 mm, martelo de borracha, gancho
pescador (detalhado posteriormente) e com arco de serra com lâmina de serra de metal.

Também é necessário estar de posse do projeto de montagem da proteção.

A figura a seguir mostra um exemplo de projeto de proteção modulada.


65

Figura 42: Exemplo de projeto de montagem da Proteção Periférica para Alvenaria


Estrutural.
Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).

4.1.3.1 MONTAGEM DE PROTEÇÃO PERIFÉRICA NO ENCAIXE INFERIOR DO


SUPORTE

No encaixe inferior do suporte, a proteção será utilizada com o objetivo de proteger o


trabalhador a partir da execução das sexta ou sétima até o fechamento da alvenaria
estrutural deste pavimento.

4.1.3.1.1 FIXAÇÃO DOS SUPORTES

Primeiro, deve-se fixar o suporte. Geralmente, ele é fixado na quinta fiada. Apenas
em algumas situações fixa-se o suporte na sexta fiada. Isto será indicado em projeto.

O suporte deve ser fixado pelo menos um dia após o grauteamento da fiada onde
será fixado o suporte. O furo coincide com o eixo do suporte, ou seja, as distâncias contidas
em projeto serão utilizadas para locação dos furos (figura 43). O furo deve ser feito com
furadeira SDS com broca de 16 mm.
66

Figura 43: Medidas necessárias para locação de furo de fixação do suporte.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
As distâncias a, b e c constam em projeto. A dimensão h depende de qual furo será
utilizado para a ancoragem. Por exemplo, quando for utilizado o furo de cima, h é igual a
12,5 cm.

A ancoragem é feita através de um parafuso/porca (figura 44). O suporte é dotado de


três furos, sendo utilizado normalmente o de cima.

Figura 44: Fixação do suporte da Proteção Periférica.


67

Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para


Alvenaria Estrutural (2011).
Não se deve apertar a porca até o fim. Deve ser mantida certa folga, para possibilitar
ajuste de prumo ao serem colocadas as telas.

Para os suportes tripé (para sacadas), como já dito anteriormente, devem ser fixados
em vigas caso existam. Caso a laje esteja em balanço, tal fato será considerado em projeto
e na produção e a mesma deverá ser fixada na laje, com parafuso de ancoragem na vertical.

4.1.3.1.2 COLOCAÇÃO DAS TELAS

Primeiramente, deve-se lembrar que todas as telas devem ser identificadas com
etiquetas, assim é possível a identificação da posição de cada tela a partir do projeto.

Ao se encaixar as telas nos suportes, elas devem estar com a etiqueta para dentro e
com o pino de travamento do lado direito.

Quando ainda no térreo, as telas deverão ser colocadas nos encaixes inferiores dos
suportes. O encaixe não pode ser brusco, deve ser feito de forma sutil, à mão ou com
martelo de borracha.

Encaixadas as telas, devem-se ajustar as porcas dos parafusos de ancoragem de


forma definitiva.

O próximo passo é travar as telas entre si, através do pino de correr à direita de cada
tela, como mostra a figura a seguir.

Figura 45: Travamento entre telas por pino.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
Finalmente, colocam-se as calhas, finalizando-se assim o procedimento.
68

4.1.3.2 MONTAGEM DA PROTEÇÃO PERIFÉRICA NOS ENCAIXES


SUPERIORES DOS SUPORTES

Terminando-se a última fiada de determinado pavimento, devem-se mudar as telas


de posição, dos suportes inferiores para os superiores, posição na qual a Proteção
Periférica deverá proteger o trabalhador durante a execução da primeira à quinta ou sexta
fiada de determinado pavimento.

Primeiramente, devem-se remover as calhas e destravar os pinos das telas.

Em seguida, retiram-se as telas dos encaixes inferiores. Movimentam-se as telas


para cima e encaixam-nas nos dispositivos superiores (figura 46).

Após colocar-se o escoramento e assoalho da laje, travam-se as telas entre si


através dos pinos de correr.

Figura 46: Mudança de tela dos dispositivos inferiores para superiores.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
Deve-se ressaltar que, caso um suporte seja instalado no canto da alvenaria, deve-
se serrar um dos pinos de encosto para que se permita o encaixe da tela no dispositivo
superior do suporte em sua devida posição, como mostra a figura a seguir.
69

Figuras 47a e 47b: Corte de pino de encosto.


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
Aplicado o procedimento em toda periferia, posiciona-se novamente as calhas e
termina-se o processo.

4.1.3.3 TRANSPORTE DOS SUPORTES DA PROTEÇÃO PERIFÉRICA

Terminada a quinta ou sexta fiada deste andar, a proteção periférica deve ser
reposicionada novamente. Desta vez, será necessária a elevação dos suportes.

Primeiramente, um dia após o grauteamento da fiada aonde serão fixados os


suportes, deve-se furar os pontos de ancoragem. Tais pontos estarão exatamente acima
dos anteriores, facilitando assim a marcação do ponto.

Em seguida, destravam-se as telas e puxam-se as mesmas para a laje do


pavimento. Recomenda-se que o processo seja feito por setores, para evitar acúmulo de
telas pelo pavimento.

Para a elevação dos suportes, deve ser utilizado o “gancho pescador”.

Um trabalhador deve permanecer no pavimento o qual a alvenaria está em


execução. Este trabalhador irá “pescar” o suporte com o “gancho pescador”. O segundo
trabalhador deve se dirigir ao pavimento inferior, onde o suporte está fixado.

Assim que o suporte estiver adequadamente apoiado no “gancho pescador”, o


trabalhador no andar inferior deve remover a porca do parafuso de ancoragem e bater
cuidadosamente com o martelo no mesmo, para expulsá-lo para fora da alvenaria.

Em seguida, o outro trabalhador puxa o suporte para o pavimento onde está, e o fixa
no furo, com o parafuso de ancoragem e a porca. Lembrar de manter certa folga ao apertar-
se a porca, para posterior ajuste de prumo.
70

Pode-se ver nas figuras a seguir a ferramenta utilizada e o como é feito a


movimentação do suporte.

Figuras 48a 48b: Elevação de suporte com uso do "gancho pescador".


Fonte: Adaptado de ScanMetal – Manual da Proteção Modulada Periférica para
Alvenaria Estrutural (2011).
Após este procedimento, colocam-se as telas como descrito anteriormente.

Este processo deve ser repetido até a conclusão do edifício.

4.1.4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Foi possível constatar, a partir do Manual da Proteção Periférica, que o sistema é


extremamente racionalizado e eficaz. Seu projeto é de fácil leitura, os elementos são
fornecidos de forma organizada, o que facilita a montagem. Esta, por sua vez, se executada
com as ferramentas e procedimentos corretos, pode ser concluída com facilidade.

Ficou claro o comprometimento da empresa com a melhoria da situação dos


canteiros de obra, tanto quanto à segurança, quanto à sustentabilidade. Além da
preocupação de fornecer um produto confiável, e de fornecer informações suficientes sobre
o produto, ao final da obra, o mesmo deve ser devolvido à empresa, sendo assim
reaproveitado, diminuindo a quantidade de entulho gerado pela obra.

Também pode-se observar que os textos do manual utilizam vocabulário de fácil


entendimento.
71

4.2 OBRA 1

4.2.1 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA

A primeira obra a ser analisada encontra-se na cidade de São Carlos, interior do


estado de São Paulo, na Rua Alexandrina, nº 1814, esquina com a Rua Carlos Botelho.
Trata-se de um prédio com três pavimentos, sendo o térreo com pé-direito duplo, mais um
subsolo. A área do terreno é de 1600 metros quadrados (40 m x 40 m). A área construída é
de aproximadamente 5000 metros quadrados. O pavimento superior será destinado a uma
estação de transmissão da rádio Clube FM. Os pavimentos inferiores serão destinados à
locação comercial.

A obra progride num ritmo muito lento, o que torna difícil definir uma fase específica.
É coerente dizer que a obra está no final da fase de vedação, revestimento em argamassa e
montagem da estrutura metálica da cobertura. É interessante chamar atenção para a torre
de rádio de 108 m de altura, correspondendo a um prédio de 36 andares.

Figura 49: Obra 1, localização.


Fonte: Google Maps (2011).
72

Figura 50: Obra 1.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Os EPC’s identificados na obra são:

 Sistema de proteção contra queda GcR.


 Plataforma de proteção contra queda (bases metálicas e chapas de madeira).
 Cabos de aço de travamento de cinto para trabalho em altura.

Também serão analisados outros aspectos presentes na NR 18.

Esta obra não possui cronograma planejado. Durante a sua execução, houve vários
períodos com poucos trabalhadores (mínimo de dois), e outros com mais de vinte
trabalhadores. Por isso, a obra já perdura por volta de seis anos de duração. Para este
estudo de caso, foi possível acompanhá-la durante pouco mais de um ano. Neste período,
pode-se observar a execução de alvenaria, reboco, sistemas hidráulicos e sanitários,
fechamento em pele de vidro, montagem da torre e instalação de cobertura de estrutura
metálica e telha termoacústica.
73

4.2.2 ANÁLISE QUANTO AO PCMAT

Como relatado anteriormente, a obra possui uma grande variação na quantidade de


trabalhadores em atuação. Porém, foi possível observar momentos em que havia mais de
vinte deles em atividade, o que exige elaboração de PCMAT.

Quando questionado, o encarregado relatou desconhecer a existência de tal


documento.

4.2.3 ANÁLISE QUANTO À SEGURANÇA DAS ESCADAS, RAMPAS E


PASSARELAS

Foi observada em canteiro a existência de escada portátil de uso individual, escada


tipo marinheiro e escada fixa coletiva.

A escada de uso individual estava totalmente fora de condições de uso. Apenas a


distância entre degraus apresentava-se correta.

A madeira estava em péssimas condições; não havia cavilhas de fixação para os


degraus; a escada era utilizada próxima a fluxo de pessoas sem nenhum cuidado adicional;
a distância entre montantes encontrava-se incorreta (pequena); a escada nunca tinha suas
extremidades fixadas quando utilizada (figuras 51a, 51b e 51c).
74

Figuras 51a, 51b e 51c: Escada portátil de uso individual.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Pode-se observar um degrau cuja madeira apresenta-se claramente danificada.
Também é visível que a escada está “torcida” (figura 51b). Tanto suas condições de uso
quanto sua forma de utilização encontram-se exageradamente inadequadas.

A escada não era guardada após utilização. Ela permaneceu por vários dias no local
da foto, sujeita às intempéries.

A escada tipo marinheiro (figura 52a), embora parte integrante do produto final da
edificação, também foi utilizada durante a construção do edifício, portanto é de extrema
importância sua adequação à norma NR 18, item 18.12 – escadas, rampas e passarelas.

A escada é de pequena extensão, tendo como objetivo o acesso à laje da caixa


d’água e, posteriormente, à torre de transmissão. Esta apresentou muitos itens de acordo
com a respectiva RTP.

Foi possível constatar dificuldade no acesso inferior, devido a não haver alargamento
da gaiola de proteção, e no superior, devido aos montantes da escada limitar-se à altura da
laje à qual a mesma dá acesso (figura 52b).
75

Figuras 52a e 52b: Escada tipo marinheiro. Detalhes: Fatores que dificultam acesso.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
A escada coletiva utilizada em obra é a escada de incêndio definitiva. Está de acordo
com o dimensionamento da RTP 04.

4.2.4 ANÁLISE QUANTO ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS


EM ALTURA

Existem duas situações em obra onde é utilizado o sistema GcR.

A primeira consiste em proteção contra queda na escada social do edifício. Neste


caso, o único aspecto positivo é a existência do GcR. Todas as suas medidas estão
inadequadas. O estado da madeira é péssimo, a rede utilizada é a de advertência (não há
rede de proteção). Em alguns pontos, os montantes encontram-se até mesmo destacados
da edificação, estão “pendurados” (figuras 53a e 53b).

A fixação dos montantes, por sua vez, foi feita de forma adequada. Porém muitos
pontos de fixação encontram-se danificados, fornecendo pouca ou nenhuma estabilidade ao
sistema, como mostra a figura a seguir.
76

Figura 53a e 53b: GcR de madeira e ponto de fixação do mesmo danificado.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
As aberturas presentes no piso, utilizadas para transporte de materiais, através de
elevador de coluna não eram protegidas adequadamente. Não possuía nenhum sistema de
proteção em nenhum dos lados da abertura, havendo grande risco de queda. Apenas foi
posicionado um assoalho de madeira (em mal estado) para cobrir áreas da abertura onde
não ocorria transporte de materiais.

A caixa do elevador, após pronta, recebeu vedação de 2 camadas de lona,


amarradas por corda e fixadas em cada laje da edificação (figura 54a). No pavimento
superior, a caixa do elevador é protegida por paredes e cobertura improvisadas de madeira.
O objetivo primário desta vedação é a proteção do elevador contra intempéries. Como
proteção contra quedas, apenas a de madeira no pavimento superior mostra-se eficiente,
como mostra a figura 54b.
77

Figura 54a e 54b: Vedação do elevador.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
As outras aberturas nas lajes, em sua maioria, possuem assoalho como proteção
contra queda, porém em mal estado, com frestas e sem sistema que o mantenha fixo (há
risco de deslizamento), como pode ser visto na figura a seguir.

Nos buracos rasos, foi ignorada a necessidade de assoalho ou GcR para proteção
contra queda (figura 55b).

Figuras 55a e 55b: Assoalho inadequado ou ausência de assoalho de proteção contra


queda.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

4.2.5 ANÁLISE QUANTO À SINALIZAÇÃO, TREINAMENTO, ORDEM E


LIMPEZA

Quase não há sinalização na obra. Existe um ponto de circulação com pé-direito


abaixo de 1,80 m, sinalizado com fita zebrada, como mostra a figura a seguir.
78

Figura 56: Sinalização de pé-direito inferior a 1,80 m.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Além disso, a maior parte dos pontos com risco de queda é sinalizada com rede
vermelha de advertência. A obra não possui aviso sobre utilização de EPI’s, descarga de
materiais, passagem de veículos ou locais com risco de contato com máquinas em
operação, ou ativação acidental das mesmas.

Receberam treinamento apenas os trabalhadores das empreiteiras com serviços


específicos (montagem da torre, instalações elétricas, por exemplo), e apenas treinamentos
admissionais. Não houve treinamentos periódicos, nem a cada nova etapa da obra.

O canteiro não possui organização planejada e limpeza adequada. Pode-se observar


durante as visitas ferramentas deixadas em seus locais de trabalho, materiais não utilizados
jogados pelo chão de todos os pavimentos do edifício. Todos os pavimentos apresentavam-
se cheios de poeira. A escada de incêndio, que dava acesso a todos os pavimentos,
possuía muita sujeira acumulada. O pavimento superior sempre esteve sujo e
desorganizado (figura 57), seja durante a montagem da torre, seja durante a fixação da
cobertura.
79

Figura 57: 2º pavimento com entulho.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

4.2.6 ANÁLISE QUANTO À SEGURANÇA NA MONTAGEM DE TORRE DE


TRANSMISSÃO

Este edifício torna-se diferenciado ao considerarmos a torre de transmissão, a qual


possui 108 metros de altura, instalada no topo.

Durante a montagem da torre, haviam vários riscos relacionados à queda, como:


queda do trabalhador, queda de ferramentas ou peças pequenas de ligação, rompimento no
cabo de aço do guincho, o que ocasionaria queda de perfil metálico.

4.2.6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Inicialmente, o serviço de montagem era sempre paralisado caso houvesse


precipitação, iminência de precipitação ou vento forte.

As ferramentas eram sempre carregadas amarradas ao cinto do trabalhador. Porém,


pode-se constatar a falta de atenção de alguns trabalhadores nesta medida, quando em
determinada situação, uma espina caiu de aproximadamente 80 metros de altura, em cima
de um carro estacionado (existia dispositivo para limitação de queda, porém a trajetória da
queda da ferramenta foi além de seu alcance). O risco da situação foi extremo, pois a obra
encontra-se em local movimentado de São Carlos. A espina poderia ter atingido um
pedestre em circulação na calçada.
80

Todos os trabalhadores que exerciam atividades em altura utilizavam cinto de


segurança tipo paraquedista com dois ganchos. Havia cabos guias em vários locais para
fixação do gancho do cinto de segurança. Os trabalhadores só se deslocavam com um dos
ganchos encaixados em elemento de resistência suficiente para assegurar prevenção contra
queda (figura 58). O mesmo era feito quando utilizados andaimes para a movimentação.

Figura 58: Utilização de cinto tipo paraquedista na montagem da torre.


Fonte: Éder Horita de Melo (2010).

Figura 59: Cabo de aço para conexão de cinto de segurança tipo paraquedista.
Fonte: Éder Horita de Melo (2010).
81

Os andaimes utilizados encontravam-se em bom estado (figura 60a). Eram andaimes


do tipo móveis. Pela natureza da atividade neles realizada, não possuíam GcR ou proteções
contra queda em nenhum dos lados. Eram utilizados travamentos tanto nos montantes
quanto nas superfícies de trabalho. Estas últimas possuíam superfície antiderrapante. Os
rodízios possuíam travas para evitar deslocamento acidental.

Figuras 60a, 60b e 60c: Andaimes para montagem da torre - travamento dos
montantes e rodízios.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Pode-se citar como risco de acidente o cabo e o guincho utilizados para içar os perfis
metálicos. Tanto o cabo quanto o guincho não foram isolados. O operador do guincho,
embora sempre o mesmo trabalhador, não possuía treinamento específico para operá-lo
nem função anotada em carteira de trabalho. O cabo do guincho era frequentemente
inspecionado, e quando necessário houve troca do cabo devido a danos no mesmo. O
guincho não recebia inspeção de profissional habilitado, e recebeu manutenção uma única
vez, quando houve vazamento de óleo.

Era comum a queda de elementos de ligação, como porcas, arruelas e parafusos,


durante todo o período de montagem da torre. Algumas vezes, também foram derrubadas
garrafas de água. Quanto a isso, todo pessoal presente no pavimento utilizava capacete,
com exceção do encarregado da obra do edifício e eventuais visitas profissionais
(engenheiros responsáveis, proprietários da Clube FM, por exemplo). Foram utilizados
cones e cordas para isolamento do perímetro inferior à torre, porém após poucos dias
82

alguns cones foram derrubados, e trechos entre cones tiveram suas cordas removidas para
facilitar deslocamento dos trabalhadores no pavimento.

Quanto à organização e limpeza da laje sobre a qual a torre foi montada, as mesmas
não se mostraram eficazes (figura 61). Os perfis eram posicionados próximos à posição
onde deveriam ser içados, e as caixas de ferramentas e parafusos eram acumuladas
próximas entre si, porém de forma desordenada. Os perfis auxiliares, quando não utilizados,
eram armazenados de forma aleatória no pavimento, assim como os cones de isolamento.
Podiam-se observar várias peças descartadas no chão, como: arruelas, porcas, material
proveniente de corte ou esmerilhamento de perfis, solda utilizada pela metade, dentre
outros.

Figura 61: Pavimento desorganizado; cones para isolamento tombados.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

4.2.6.2 PLATAFORMA DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS

Ao considerar apenas o edifício, por norma, não seria necessária a instalação de


plataforma de proteção contra queda. Porém, devido à montagem da torre, a utilização da
plataforma tornou-se necessária.

Foi utilizada apenas a plataforma principal, fixada a partir de mão-francesa metálica


nas vigas do 2º pavimento (figura 62). As dimensões da plataforma estavam corretas, assim
como o ângulo de inclinação de sua extremidade. Os estrados, pelo contrário, não eram
contínuos, estando assim inadequados à RTP de proteção contra queda.
83

Figura 62: Plataformas de proteção contra queda.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

Durante tempestade em junho de 2011, houve um incidente de grande risco, o qual


danificou a plataforma. As placas de madeira do trecho inclinado desprenderam-se da mão-
francesa metálica (figura 63). Até mesmo a mão-francesa foi rompida em determinados
pontos (figura 64). Segundo relato de trabalhadores, as placas foram arremessadas para
cima devido à ventania. As placas vieram a cair dentro da obra, não causando danos a
terceiros ou seus imóveis. Como o incidente foi de grande magnitude, não foi possível
concluir se houve erro de montagem, ou uso de materiais sem resistência adequada.

Figura 63: Placas da extremidade da plataforma arrancadas pelo vento.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
84

Porém, a ação correta a ser tomada posteriormente seria a troca dos elementos
danificados e a fixação de novas placas, o que não foi feito. Foi feita a popular “gambiarra”.
Utilizou-se um pequeno cabo de aço, preso pelo lado de dentro da viga no parafuso de
ancoragem da mão-francesa, e pelo lado de fora na barra superior de sustentação da mão-
francesa. As placas inclinadas das extremidades arrancadas não foram substituídas.

Figura 64: "Gambiarra" na mão-francesa de apoio da plataforma.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
De forma geral, pode-se observar grande preocupação com os riscos diretos aos
trabalhadores. Porém, não houve atenção suficiente para riscos indiretos, riscos a terceiros
ou práticas de limpeza e organizacionais.

4.2.7 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Durante a execução desta obra pode-se observar grande discrepância na


preocupação relacionada à segurança.
85

O edifício carece de SPC‟s em vários pontos. Em outros, apesar de existente,


apresenta-se inadequado à norma, quando não danificado devido ao tempo de uso.

Durante a montagem da torre, atividade de grande risco em relação a quedas, foi


possível notar a preocupação dos trabalhadores quanto à sua segurança pessoal. Porém,
não acontecia o mesmo quanto à segurança de terceiros. Era freqüente a queda de peças
de ligação, como parafusos, por exemplo, que apesar de relativamente leves, poderiam
causar ferimentos graves devido à altura da queda. O incidente da queda da espina poderia
ter culminado em situação de acidente com óbito.

Algumas das empreiteiras contratadas para determinados serviços, principalmente


os tradicionais (alvenaria e reboco, por exemplo), não aparentavam preocupação com a
segurança no trabalho. Foi possível observar a ausência de EPI‟s básicos, como o
capacete, em alguns destes trabalhadores.

Existia preocupação com organização e limpeza, porém era deixada em segundo


plano. Havia sujeira acumulada em determinados pontos em várias situações. Quando
acumulado entulho de um determinado serviço, por várias vezes o mesmo era deixado no
local.

Em resumo, pode-se observar certa preocupação com a segurança, mas o que não
se traduzia em ações. Os SPC‟s utilizados foram montados por trabalhadores sem
treinamento ou instrução para tal. Algumas vezes, o SPC dava apenas a sensação de
segurança, porém ela não existia de fato. Alguns pontos com risco de queda nem ao menos
possuíam SPC. A segurança é deixada em segundo plano, sendo sempre priorizada a
execução rápida dos serviços de construção do edifício. As ações quanto à segurança só
ocorriam quando possível, e se fosse conveniente à execução das atividades de obra.

4.3 OBRA 2

4.3.1 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA

O segundo edifício a ser analisado localiza-se em São Carlos, na Rua São Joaquim,
nº1660. O edifício possui dezesseis pavimentos, mais um subsolo. Serão 90 unidades uni-
familiares com destino à classe média. Cada unidade terá aproximadamente 61 m2. O
apartamento será dotado de dois dormitórios (sendo um suíte), uma sala, uma cozinha, um
banheiro, uma área de serviço e sacada.
86

Durante o estudo, a obra se encontrava na fase estrutural (armação, forma,


concretagem, desforma). No momento da visita, estava sendo executada a estrutura do
décimo pavimento.

Figura 65: Obra 2, localização.


Fonte: Google Maps (2011).

Figura 66: Obra 2.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Os EPC’s encontrados na obra são:
87

 Proteção contra quedas tipo “canarinho”:


 Sistema de proteção contra queda GcR.
 Plataforma de proteção contra queda (bases metálicas e chapas de madeira).

Vale ressaltar que serão avaliadas outras condições de segurança da obra, que
estejam prescritas na NR 18.

A construção deste edifício segue cronograma bem definido, o que facilitou a sua
análise.

4.3.2 ANÁLISE QUANTO AO PCMAT

A obra possui o documento PCMAT, porém o mesmo estava sob atualização na


ocasião, logo não constava em obra, e não pode ser analisado.

4.3.3 ANÁLISE QUANTO À SEGURANÇA DAS ESCADAS, RAMPAS E


PASSARELAS

Inicialmente, será comentada a madeira utilizada. Apesar de a maioria das tábuas e


placas estarem em bom estado, algumas apresentaram defeitos que podem causar
acidentes, como queda em mesmo nível ou cortes (figura 67).

Figura 67: Passarela com madeira danificada.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
A rampa de acesso à laje do pavimento térreo apresenta inclinação excessiva,
embora dotada de sistema antiderrapante. Ela não é sinalizada, não tem GcR nas áreas
próximas (onde há risco de queda), e não se estende nas suas extremidades. Sua estrutura
é improvisada, sendo composta por andaime e perfis metálicos. A extremidade inferior
88

possui vários calços para corrigir o nivelamento do solo. Em resumo, a rampa não apresenta
segurança ou estabilidade confiável, devido à sua montagem improvisada (figuras 68).

Figuras 68a, 68b e 68c: Rampa improvisada.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
As escadas da estrutura, por serem utilizadas em condições de obra, serão
consideradas como escada fixa de uso coletivo (figura 69). Sua largura não satisfaz a
fórmula contida em norma, por se tratar da escada definitiva do edifício. Ao contrário da
passarela, as escadas possuem sistema GcR em suas proximidades e ao longo das
mesmas, embora com medidas de largura e altura das tábuas inadequadas.
89

Figura 69: Escada fixa com sistema GcR.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Foram observadas várias escadas de uso individual, de várias formas. As medidas
entre montantes mostraram-se satisfatórias, porém a distância entre degraus era maior do
que o previsto em norma. A madeira estava em bom estado. Quanto à rigidez dos degraus,
a maioria era dotada de cavilhas, havendo poucas fixadas apenas por pregos (figuras 70a e
70b).

Figuras 70a e 70 b: Exemplo de escadas individuais da obra, sem e com cavilhas.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
90

O maior risco encontrado, relativo a este equipamento, foi a ausência de fixação da


escada nas partes superior ou inferior, visto que sua utilização às vezes ocorria próxima às
extremidades das lajes (figura 70b).

4.3.4 ANÁLISE QUANTO ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS


EM ALTURA

Dentre as obras objeto do estudo, esta possui o sistema GcR mais próximo ao
prescrito em norma. Os únicos aspectos inadequados são a largura das tábuas horizontais e
ausência de tela de proteção. A madeira está em bom estado. As alturas apresentam-se
corretas, e o rodapé possui largura eficaz. A distância entre montantes também está correta.

Pode-se identificar nesta obra um sistema diferente do GcR, porém com a mesma
finalidade. O sistema canarinho utiliza parte do conceito da proteção periférica para
alvenaria estrutural: enquanto instalado em determinada laje, ele visa a proteção contra
quedas dos trabalhadores nesta laje e da superior. Porém, não é um sistema eficaz.

A figura a seguir ilustra o esquema do suporte do sistema canarinho.

Figura 71: Perspectiva do suporte do sistema de proteção contra quedas "canarinho".


Fonte: VN Empreendimentos Imobiliários (2011).
Notam-se pontos pretos na figura da perspectiva, dois na parte inferior e dois na
superior. Neles são apoiadas barra de aço com o objetivo de fornecer segurança contra
risco de queda das lajes do edifício.
91

Figuras 72a, 72b e 72c: Proteção "canarinho", parte superior (a), inferior (b), e detalhe
de encaixe da barra no suporte.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Na figura anterior, é possível visualizar os grandes vãos entre as barras de aço,
assim como considerável distância horizontal entre extremidade da laje e o sistema de
proteção. Também foi notada a ausência de rodapé.

Este sistema também não possui recursos para ser instalado em quinas, pois as
barras devem percorrer um caminho reto entre os suportes, como mostra a figura a seguir.
92

Figura 73: Ausência de barras de aço nos cantos da edificação.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Quando terminada a concretagem de uma laje, o sistema é transportado para a
seguinte, sendo instalado um sistema metálico composto de montantes e cabos de aço
servindo de travessão superior e intermediário, ainda sem rodapé (figuras 74 e 75).

Figura 74: Sistema de proteção contra queda, improvisado.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
93

Figura 75: Sistema de proteção contra queda, improvisado.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Além de fazer-se o uso de sistema ineficaz, pode-se observar em vários pontos a
ausência de quaisquer tipos de sistema de proteção contra quedas, como mostra a figura a
seguir.

Figura 76: Ausência de sistema de proteção contra quedas.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

As aberturas nas lajes apresentaram diversas situações. Algumas eram protegidas


por GcR (figura 77), outras por assoalho, e algumas passagens de sistemas prediais
encontravam-se desprotegidas.
94

Figura 77: Proteção de aberturas no piso.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
A caixa de elevador possui fechamento a cada três pavimentos (figura 78). Além
disso, foram mantidas barras de aço incorporadas durante a concretagem, de forma a evitar
passagem do corpo do trabalhador em caso de queda. Foi possível identificar tábuas em
alguns pavimentos, porém aparentavam ser entulho, e não algum tipo de proteção.

Figura 78: Proteção horizontal a cada três pavimentos na caixa do elevador.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
A caixa de elevador era dotada em todos os andares de GcR (figura 79) com
medidas adequadas. No nível da laje em processo de forma e armação, a caixa de elevador
encontrava-se protegida por assoalho, este inadequado, em mal estado, com frestas e
propício a deslizamentos (sem sistema de fixação eficiente), como mostra a figura 80.
95

Figura 79: Proteção GcR da caixa do elevador.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

Figura 80: Proteção de caixa do elevador na laje em forma/desforma.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Por possuir mais de quatro pavimentos, faz-se necessário o uso de plataformas de
proteção contra quedas. Neste caso, a plataforma principal esta devidamente montada
(figuras 81a e 81b). Apresenta dimensões e inclinação correta, de acordo com a norma,
assim como estrados contínuos.
96

Figuras 81a e 81b: Plataforma principal.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Já a plataforma secundária, apesar de medidas e inclinação também corretas,
encontrava-se presente apenas na sexta laje acima da plataforma principal, e não a cada
três lajes como o indicado em norma. Anteriormente, ela encontrava-se parcialmente
instalada na terceira laje. O engenheiro responsável justificou a desmontagem da plataforma
na terceira laje antes do prescrito em norma (apenas quando toda alvenaria externa acima
do pavimento estiver concluída) pela dificuldade e risco que haveria caso a desmontagem
neste período, pois a alvenaria externa, neste caso, está sendo executada de baixo para
cima. A figura a seguir mostra a ausência da plataforma no terceiro pavimento e a alvenaria
externa dos andares inferiores à plataforma secundária do sexto pavimento já executada.

Figura 82: Plataforma secundária presente apenas na sexta laje acima da plataforma
principal.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
97

4.3.5 ANÁLISE QUANTO À SEGURANÇA NA MOVIMENTAÇÃO E


TRANSPORTE DE PESSOAS E MATERIAIS

4.3.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Primeiramente, o transporte vertical mecanizado, tanto de pessoas como de


materiais, é feito por elevador com torre externa à obra. O elevador foi dimensionado por
profissional legalmente habilitado, e é operado por trabalhador qualificado, com função
anotada em carteira de trabalho. O elevador recebe manutenção e vistoria periódicas. A
área do elevador carece de sinalização, assim como outras onde ocorre transporte de
formas, argamassa, e outros materiais.

A concretagem é feita por bombeamento. Durante a fase estrutural, a tubulação de


recalque da concretagem é mantida fixa. Os locais por onde passam os tubos não possuem
sinalização, nem elementos de isolamento (figura 83). Quando o caminhão de concreto
chega à obra, é feita a conexão e assim é feita a concretagem. O contato entre trabalhador
e operador da bomba é feito por rádio.

Figura 83: Tubulação para concretagem.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Nos pavimentos em forma, e nos diretamente inferiores, foi possível observar
movimentação de escadas, tábuas compridas e armação, em meio ao escoramento,
carregados por apenas um trabalhador. Nota-se o excesso de peso durante o transporte, o
98

que poderia ser evitado diminuindo-se a quantidade do material transportado, ou


transportando-o com ajuda de outro trabalhador.

A seguir, serão abordadas detalhadamente as condições do elevador de obra deste


canteiro.

4.3.5.2 ELEVADOR DE OBRA PARA PASSAGEIROS E MATERIAIS

O elevador é utilizado para o transporte de pessoas e materiais, contanto que não


simultâneo. Sua torre é externa ao edifício. Tanto elevador como torre são de empresa
terceirizada.

Figura 84: Elevador de obra.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
O elevador é localizado longe de quaisquer redes elétricas, tão próximo do edifício
quanto possível. Sua base foi instalada sobre solo plano, com resistência suficiente para
suportar as cargas de utilização.

Como base, foi construída uma “guia” de concreto em forma retangular, de


aproximadamente 0,20 m de altura, que dá sustentação à torre, e também tem posição e
geometria adequada para apoiar a cabina, caso esta venha a transpor a última parada
(inferior) do elevador. No meio do retângulo, onde o nível é o mesmo do solo, foi depositado
brita. O único aspecto da norma ausente é o sistema de amortecimento da base. O eixo do
99

tambor, roldana e guia dos painéis são todos alinhados. A figura a seguir mostra a base da
torre do elevador.

Figura 85: Base da torre do elevador de obra.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
O guincho é fixado ao cabo por clipe pesado, de forma a sempre manter no mínimo
seis voltas em torno do tambor. Possui aviso contendo informação de carga máxima e chave
de bloqueio, como previsto em norma. Apesar de existir abrigo isolado do responsável
(figura 86), ele não é sinalizado e não possui extintor de incêndio. Havia dentro do abrigo
tábuas de madeira e uma lata de plástico. A distância entre tambor e roldana está
corretamente dimensionada e protegida por grade (figura 87).

Figura 86: Abrigo do guincheiro.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
100

Figura 87: Cabo protegido por grade.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
A torre do elevador foi montada por profissionais qualificado, empregados pela
empresa terceirizada responsável pelo elevador. Os parafusos e contrapinos observados
encontravam-se corretamente fixados. As distâncias referentes ao topo da torre também
estão de acordo com a norma (topo 6,00 m acima da última laje e 4,00 m acima do teto da
cabina na última parada) e tal trecho é estaiado. Há barreiras em todos os acessos ao
elevador com altura adequada de 1,80 m e a torre é aterrada. A rampa de acesso à cabina
presente em todos os pavimentos é ascendente em direção à cabina, em bom estado, não
havendo fixação entre a rampa e a laje. Não há GcR na rampa, pois toda ela encontra-se
dentro do pavimento. As fixações da torre por montantes e por cabos estaiados eram
existentes em grande quantidade, embora o ângulo dos cabos com a horizontal não fosse
de 45º. A figura a seguir ilustra trecho da torre do elevador.

Figura 88: Torre do elevador de obra.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
101

A cabina é fechada em toda a sua lateral. Possui teto retrátil e portas pantográficas.
A entrada em todo pavimento é dotada de portão de altura de 1,80 m. A cabina também
possui aviso com informação de lotação e carga máxima, instruções para o operador e
restrição de transporte simultâneo de pessoas e materiais (figura 90). Ainda assim, durante
a visita, ao transportar duas gericas de argamassa, o responsável pelo elevador operou-o de
dentro do mesmo, o que é proibido por norma. A figura a seguir mostra a cabina.

Figura 89: Cabina do elevador.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

Figura 90: Placa da cabina com informações e advertências.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
102

O cabo do elevador está em conformidade com a NR 18. A polia possui diâmetro


inferior ao exigido em norma.

A operação e sinalização são feitas de forma correta para passageiros, com o


operador dentro da cabina, operando o elevador, com mão próxima ao ferio de emergência.
Já para transporte de material, o operador deveria operar o elevador do abrigo, porém o faz
de dentro da cabina.

Quanto ao sistema mecânico e elétrico, o elevador é dotado de todos os sistemas de


prevenção e emergência exigidos por norma, iluminação e ventilação adequada e
sinalização dentro da cabina.

Também foi verificada a existência de livro de inspeção, o qual é atualizado


diariamente e conferido constantemente por profissional responsável pelo elevador.

4.3.6 ANÁLISE QUANTO À SINALIZAÇÃO, TREINAMENTO, ORDEM E


LIMPEZA

Na entrada da obra havia sinalização referente ao uso de EPI’s. Também havia


placas indicando sanitários e refeitório. Quanto aos riscos de obra, o único advertido era o
de queda nas extremidades das lajes. Não havia sinalização quanto aos locais com
movimentação de veículos nem a respeito de EPI’s específicos.

Os trabalhadores da obra não receberam treinamento, nem ao menos de admissão.


Apenas funcionários de empreiteiras como o operador do elevador, por exemplo, o fizeram.
Porém, foi relatado pelo engenheiro responsável de que breve a VN Empreendimentos
Imobiliários irá aplicar treinamento tanto em seus próprios funcionários, quanto a outros
contratados, antes do início de cada fase, e periodicamente. O treinamento fornecerá
informações e atividades sobre forma de execução do serviço, utilização de EPI’s e SPC’s.
O engenheiro não soube informar qual será a carga horária do treinamento e nem se serão
fornecidos cópias por escrito dos procedimentos ensinados.

A organização do canteiro é regular. Os materiais encontram-se armazenados em


locais próprios. O canteiro é limpo, principalmente em locais de circulação com diferença de
nível, todos os dias ao final do horário de trabalho. O entulho é sempre recolhido após a
realização da própria atividade. Porém, foram vistos alguns materiais (relativamente poucos)
em locais onde não estavam sendo utilizados (principalmente peças de madeira, tábuas).
103

4.3.7 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

No canteiro do Condomínio Persona, há vários aspectos adequados à norma. O


elevador de obra, por exemplo, satisfaz quase todos os itens da norma, assim como a
plataforma principal de proteção contra quedas. Porém, como na obra anterior, foi possível
constatar a priorização em satisfazer o cronograma de obra, e em eliminar a possibilidade
apenas de acidentes graves.

Uma das plataformas secundárias foi retirada antes do previsto por norma, devido à
dificuldade caso fosse desmontada posteriormente (após execução de alvenaria do
pavimento, já que a mesma estava sendo feita de baixo para cima).

A organização e limpeza eram colocadas em primeiro plano. Ao final do horário de


trabalho, sempre ocorria limpeza de locais onde era predominante o fluxo de pessoas. Não
foi visto quantidade significativa de entulho. Pode-se observar em algumas situações peças
não utilizadas para serviço, que ao invés de guardadas, foram deixadas no piso do
pavimento.

É possível constatar a partir deste caso, a evolução da preocupação relativa à


segurança e organização dos canteiros de obras, visto que a empresa responsável irá iniciar
a prática de treinamentos periódicos, e ao início de cada fase da obra. Também pode-se
observar interesse em promover melhorias na segurança por parte da empresa, visto que o
engenheiro responsável, durante o desenvolvimento deste trabalho e ao interagir com o
mesmo, providenciou a instalação de SPC‟s, antes ausentes, de forma hábil.

4.4 OBRA 3

A terceira obra deste trabalho situa-se na Avenida Gregório Aversa, número 430, no
bairro Jardim São Paulo, na cidade de São Carlos – SP, a obra é destinada às classes C e
D. São cinco blocos, com cinco pavimentos cada um, com quatro apartamentos por
pavimento, totalizando 100 apartamentos. Cada apartamento possui uma sala, uma cozinha,
um banheiro e dois quartos. São aproximadamente 530 m2 por bloco, finalizando um total de
aproximadamente 2650 m2 de área construída, num terreno de 4940,94 m2. O sistema
construtivo empregado é o de alvenaria estrutural.
104

Figura 91: Obra 3 , localização.


Fonte: Google Maps (2011).

Figura 92: Obra 3.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Dentre os cinco blocos, apenas um será analisado neste estudo de caso. Ele se
encontra atualmente na execução de alvenaria do quinto pavimento.

Os SPC’s encontrados na obra são:

 Proteção de periferia específica para alvenaria estrutural.


105

4.4.1 ANÁLISE QUANTO AO PCMAT

Há PCMAT e o mesmo encontra-se disponível no escritório da obra. A maior parte


dele descreve a obra e o processo executivo de cada fase. Há também descrições de riscos
de acidente e doença de trabalho e como evitá-los, assim como orientações de uso de
EPI’s, e uso e montagem de SPC’s. A obra possui profissional responsável pela segurança.

Faltaram no PCMAT dados sobre condições e meio ambiente de trabalho, layout de


canteiro e cronograma para implantação das medidas preventivas.

4.4.2 ANÁLISE QUANTO À SEGURANÇA DE ESCADAS, RAMPAS E


PASSARELAS

Não foram encontradas rampas ou passarelas na obra, apenas escadas.

Primeiramente, serão comentadas as escadas de mão de uso individual. A


montagem está quase correta, a única divergência com a norma é a distância entre degraus.
A distância entre montantes está correta e existem cavilhas para garantir a rigidez dos
degraus, como mostra a figura a seguir.

Figura 93: Cavilhas da escada individual.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Porém, sua utilização acontece de forma inadequada. A escada não passa o nível
superior em 1,00 m e não é amarrada ou fixada em nenhuma das extremidades. Havia
várias escadas de mão próximas a vãos e locais com fluxo de pessoas e as mesmas não
eram recolhidas após utilização, sendo deixadas no local (figura 94).
106

Figura 94: Escada de mão de uso individual.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Também foram observadas as escadas de uso coletivo das instalações provisórias
da obra. Suas larguras e dimensões dos degraus não estavam dimensionadas de acordo
com o número de trabalhadores. Além disso, o sistema GcR de das escadas Possuem
dimensões diferentes das contidas na norma, além de não disporem de travessão
intermediário. A figura a seguir ilustra a escada fixa de uso coletivo.

Figura 95: Escada fixa de uso coletivo das instalações provisórias.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
107

4.4.3 ANÁLISE QUANTO ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS


EM ALTURA

Pode-se observar sistema GcR próximo às escadas do prédio, quando ainda sem
execução da alvenaria. O GcR apresenta travessões superior e intermediário, assim como
rodapés. Porém, apenas a altura do travessão superior está adequada. A espessura dos
travessões encontra-se correta, ao contrário do rodapé, cuja largura é menor do que exigido
em norma. O sistema não foi fechado com tela de proteção, apenas tela de advertência. A
distância entre montantes está adequada à norma, assim como a fixação dos travessões
nos mesmos.

As passagens de sistemas prediais não são protegidas por assoalho. Outros vãos
nas lajes ou pisos, maiores, encontram-se protegidos por assoalho de madeira, em bom
estado, sem frestas ou falhas e com resistência adequada. Porém não possuem elementos
que os mantenham fixos nos vãos.

Além destes, a obra dispõe de proteção periférica específica para alvenaria


estrutural. Tal proteção será analisada separadamente, de forma mais detalhada.

4.4.4 ANÁLISE QUANTO À SEGURANÇA NOS ANDAIMES

O andaime presente na obra é do tipo fachadeiro, e está sendo utilizado para o


serviço de reboco da fachada do edifício.

Figura 96: Andaime tipo fachadeiro.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
108

O andaime foi dimensionado e fornecido por empresa e profissional legalmente


habilitado, ambos reconhecidos pelo CREA. Sua montagem foi realizada por trabalhadores
qualificados, utilizando-se o cinto de segurança tipo paraquedista, porém os mesmos não
possuíam crachás de identificação. Os procedimentos da montagem estão inclusos no
PCMAT.

Ainda assim, não está de acordo com a norma em vários aspectos. Primeiramente,
não foi possível visualizar o nome da empresa na peças do andaime, o qual deveria estar
presente em todos os elementos do andaime e visível.

Foi observada a presença de sistema GcR no lado oposto ao do serviço executado,


com travessões já incorporados no andaime metálico, e rodapés de madeira adaptados,
como mostra a figura a seguir.

Figura 97: Sistema GcR em face oposta a de trabalho com rodapé de madeira.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Todas as superfícies de trabalho são compostas de madeira, sem nenhum
dispositivo que garanta a fixação das mesmas nos andaimes. As chapas de madeira não
estão em bom estado, apresentam frestas e rachaduras, como mostra a figura a seguir.
109

Figura 98: Madeira das superfícies de trabalho em mal estado.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Além de não haver sistema antiderrapante nas superfícies, as mesmas encontravam-
se cobertas por restos de reboco, o que pode aumentar o risco de escorregão sobre a
superfície, como pode ser visto na figura a seguir.

Figura 99: Superfície de trabalho sem sistema antiderrapante, coberta por restos de
argamassa.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Havia contraventamentos, porém os travamentos contra desencaixe acidental não
foram utilizados (figura 100b). A tela de segurança obrigatória em face oposta à de trabalho,
110

obrigatória por norma, não estava presente em toda face externa do andaime (figura 100a).
O apoio se dava por meio de calços de madeira sobre o solo (figura 100c).

Figuras 100a, 100b e 100c: Ausência de tela em parte da face externa, não utilização
de travamento contra desencaixe acidental e apoio do andaime.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

4.4.5 ANÁLISE DO SISTEMA DE PROTEÇÃO DE PERIFERIA PARA


ALVENARIA ESTRUTURAL

Atualmente não existe norma técnica que rege o SPC de proteção de periferia
específico do sistema construtivo de alvenaria estrutural. A empresa ScanMetal, além de ter
desenvolvido a Proteção Modulada, elaborou um manual deste SPC. Sendo assim, foi
decidido utilizar tal manual como referência para elaboração de Check List e análise
referente à proteção periférica para alvenaria estrutural.

A proteção periférica utilizada nesta obra da MRV é extremamente ineficiente se


comparada com a Proteção Modulada. O encaixe do suporte é feito nas juntas verticais
entre blocos (figura 101). A fixação das telas nos suportes é feita por dispositivos que não
garantem que as telas não se desloquem. Como na Proteção Modulada, existem telas de
várias dimensões, porém não há produção ou projeto específico para cada obra.
111

Figura 101: Fixação de suporte na alvenaria.


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Durante a visita, foram vistas várias telas “armazenadas” na posição vertical, porém
em terrenos irregulares, sujeitas a intempéries, de forma desorganizada, e em contato com
o solo (figura 102). Os elementos do sistema apresentavam-se em mal estado, com
presença visível de oxidação.

Figura 102: Telas "armazenadas".


Fonte: Éder Horita de Melo (2011).
Segundo trabalhadores, a montagem é feita após a conclusão da sexta fiada, e é
utilizando-se os EPI’s necessários. Fixa-se o suporte nas juntas verticais da quarta e sexta
fiada a partir de duas chapas metálicas. Depois são colocadas as telas nos suportes.
112

Embora tenha sido dito que as telas possuem dispositivos de travamento entre si, não havia
tela travada com sua adjacente. O sistema também não possui rodapé ou dispositivo
substituto. A figura a seguir mostra a forma como as telas encontravam-se instaladas.

Figura 103: Proteção de periferia da obra. Detalhe: alguns pontos de apoio de telas.
Fonte: Éder Horita de Melo (2011).

4.4.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

No canteiro de obras do condomínio Monte Olimpo, existe sim a preocupação com


segurança, porém aparentemente focada em satisfazer as exigências da fiscalização, e não
em promover um canteiro seguro.

114
113

Tal fato é facilmente observado ao considerarmos a proteção periférica utilizada.


Várias telas e suportes estão danificados, tortos e com presença de oxidação. Segundo
relato de trabalhador, havia travamento entre telas, porém não foi observada sua utilização
em nenhum ponto do canteiro. Provavelmente, na locação do SPC, foi priorizado o preço e
não a qualidade.

Esta obra também deixa a preocupação com a segurança em segundo plano,


priorizando a obra propriamente dita. O PCMAT possuía informações abundantes
relacionadas à execução das atividades de obra referentes à construção, carecendo de
instruções voltadas à saúde, segurança e organização do canteiro. Existe a prática de
treinamentos periódicos para várias atividades, porém aparentemente os mesmos não eram
sempre aplicados na prática.

O canteiro mostrou-se extremamente desorganizado. Algumas pilhas de blocos


tombaram sobre outras devido à erosão, e assim permaneceram. Havia entulho em vários
locais da obra.
114

5. CONCLUSÃO

Não é necessário conhecimento aprofundado na área para saber que a indústria da


construção civil, atualmente, permanece com grandes índices de acidentes e doenças do
trabalho. Ainda há muitas dificuldades e empecilhos para promover melhorias.

Existe a preocupação por parte do estado, empresas e profissionais e trabalhadores


da área, porém esta preocupação ainda há de amadurecer.

Foi possível constatar a partir deste trabalho que a questão da segurança no canteiro
de obras já é conhecida por muitos do setor, porém ainda não é aplicada de forma
adequada. Um acidente de obra gera conseqüências negativas para todas as partes e de
várias origens (financeiras, morais, físicas), atrasando a obra e podendo até inviabilizá-la.
Partindo deste contexto, a segurança em um canteiro de obras deve ser prioridade.

Porém, não é o que se pode ver nos casos abordados. Um denominador comum das
obras analisadas é a existência da preocupação com a segurança, porém deixada em
segundo plano, sendo sempre priorizada a execução dos serviços de construção do edifício
propriamente dito.

Há a predominância do uso de SPC‟s voltados para riscos iminentes e com


possibilidade de óbito, e relativos aos próprios trabalhadores, e não a terceiros. Porém,
várias vezes simples detalhes são ignorados, como a instalação do SPC em todos os pontos
de risco, ou o risco de queda de ferramentas ou materiais (possibilidade de danos a
terceiros).

Os SPC‟s em sua maioria são montados apenas por sua presença, para satisfazer a
fiscalização ou passar a sensação de segurança. É quase inexistente a preocupação com a
qualidade do SPC, visto o mal estado de conservação dos componentes. O mesmo se
aplica a outras instalações de obra abordadas neste trabalho. Não se prioriza a qualidade, e
sim a rapidez de sua instalação (para que a mão-de-obra seja liberada para outros serviços)
e seu preço. Assim, é possível constatar a necessidade de certificados de qualidade para
produção de SPC‟s, o que iria incentivar o crescimento desta indústria, e com produtos de
qualidade e eficácia garantida.

116
115

Considerando todos estes dados, conclui-se que a preocupação com a segurança,


na indústria da construção civil, hoje é mínima. Ela existe, porém sem senso crítico. Muitas
vezes mostra-se presente para evitar problemas com a fiscalização e com encargos sociais.
A preocupação com a saúde e bem estar do trabalhador aparentemente não ocorre com
freqüência.

Assim, mostra-se necessária a conscientização da necessidade da segurança na


indústria da construção civil, não como uma obrigação, e sim como cultura, como um hábito.
116

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, C. L.; QUELHAS, O. L. G. Histórico da Evolução dos Conceitos de


Segurança. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 18, 1998, Niterói.
Anais... Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART369.pdf>. Acesso em:
01/09/2011.

BMA Consultoria; Gestão do SAT. Disponível em:


<http://www.bmaconsultoria.com.br/novo/sat/pgs.php>. Acesso em: 09/10/2011.

DIAS, L. A.; LIMA JÚNIOR, J. M.; VALCÁRCEL, A. L. Segurança e Saúde no


Trabalho da Construção: experiência brasileira e panorama inernacional.
Brasília: Organização Internacional do Trabalho (OIT): Escritório no Brasil, 2005. 72
p. Documento de Trabalho. Disponível em: <http://www.oit.org.br/node/369>.
Acesso em: 01/09/2011.

EGLE, T. Radiografia da (in) segurança.Téchne, dez, 2009. Edição nº153, capa, p.


34-45. Disponível em: <http://www.revistatechne.com.br/engenharia-
civil/153/artigo158481-1.asp>. Acesso em: 03/08/2011.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Saúde e Segurança Ocupacional: Nexo


Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP. Disponível em:
<http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=463> Acesso em: 13/10/2011.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Saúde e Segurança Ocupacional: Fator


Acidentário de Prevenção - FAP. Disponível em:
<http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=464> Acesso em: 13/10/2011.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18 – Condições e meio ambiente


de trabalho na indústria da construção civil. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D3226A41101323B2D85655895/nr_18.p
df> Acesso em: 13/10/2011.

FUNDACENTRO. Recomendação técnica de procedimentos – RTP nº1: medidas


de proteção contra quedas de altura. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/anexos/Publicacao/rtp01.pdf> Acesso
/em: 13/10/2011.

FUNDACENTRO. Recomendação técnica de procedimentos – RTP nº2:


movimentação e transporte de materiais e pessoas. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/rtp2.pdf> Acesso em:
13/10/2011.
117

FUNDACENTRO. Recomendação técnica de procedimentos – RTP nº4: escadas


rampas e passarelas. Disponível em:
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13/10/2011.

MIRANDA, J. F. Políticas de segurança do trabalho na construção civil: panorama


nacional e o caso da CLIP. Artigonal – Diretório de Artigos Gratuitos. Belo
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NASCIMENTO, L. et al. Desenvolvimento de sistema de proteção coletiva contra


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SANTANA, V.; NOBRE, L.; WALDVOGEL, B. C. Acidentes de trabalho no Brasil


entre 1994 a 2004: uma revisão. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.10, n.4, p.
841-855, dezembro de 2005.Disponível em:
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SILVEIRA, C. A. et al. Acidentes de trabalho na construção civil identificados através


de prontuários hospitalares. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, v.58, n.1, p. 39-44,
março de 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rem/v58n1/a07v58n1.pdf>
Acesso em: 01/09/2011.
118

APÊNDICE A

Lista de Verificação 1: NR 18, item 18.3 - PCMAT


1 - PCMAT Sim Não Não se aplica
1.1 - A obra possui 20 ou mais trabalhadores?
1.2 - Existe uma cópia do PCMAT à disposicão na obra?
1.3 - Foi elaborado por profissional legalmente habilitado?
a) memorial sobre condições e meio ambiente?
b) indicação de riscos de acidente e doenças de trabalho e suas medidas
1.4 - Consta no PCMAT:

preventivas?
c) projeto de execução de EPC's por etapas da obra?
d) especificação técnica de EPC's e EPI's que serão utilizados?
e) cronograma de implantação das medidas preventivas deste PCMAT?

f) layout inicial do canteiro com áreas de vivência dimensionadas?


g) treinamento sobre prevenção de acidentes e doenças de trabalho com
carga horária?
119

APÊNDICE B

Lista de Verificação 2: NR 18, item 18.12 e RTP 04 - Escadas, Rampas e Passarelas

1 - Considerações gerais para escadas Sim Não Não se aplica


1.1 - Madeira em bom estado, sem pintura que esconda imperfeições?
1.2 - Possuem corrimão e rodapé?
1.3 - Todas as passagens com diferença de nível superior a 0,40 m (quarenta
centímetros) possuem escada ou rampa
2 - Escada portátil individual (de mão) Sim Não Não se aplica
2.1 - Extensão inferior a 7,00 m (sete metros)?
2.2 - A distância entre degraus está entre 0,25 m e 0,30 m)?
2.3 - O espaço entre montantes está entre 0,45 m e 0,55 m?
2.4 - Está sendo respeitado o não uso de escada de mão próxima a local de risco
(portas, vãos, circulação, risco de queda de material, rede ou equipamento
elétrico desprotegido)?
2.5 - A escada ultrapassa nível superior em no mínimo 1,00 m?
2.6 - A escada está fixada na parte superior e inferior?
2.7 - A escada possui degraus antiderrapantes?
2.8 - A escada é utilizada apoiada em piso resistente?
2.9 - As travessas são fixadas por meio de cavilhas ou dispositido que garanta sua
rigidez?
2.10 - O transporte de material, se necessário, é feito através de bolsa?
2.11 - Seu transporte é feito horizontalmente?
3 - Escada portátil dupla (de abrir) Sim Não Não se aplica
3.1 - Tem comprimento igual ou inferior a 6,00 m?
3.2 - Tem distância entre montantes de 0,30 m no ponto mais alto?
3.3 - As dobradiças tem sistema antibeliscão?
3.4 - Só é utilizada com limitadores de abertura totalmente estendidos?
4 - Considerações gerais para escadas portáteis Sim Não Não se aplica
4.1 - Se mais pesadas que 25 kg, são transportadas por mais de 1 pessoa?
4.2 - São guardadas horizontalmente, protegidas contra intempéries e de forma a
evitar empenamento?
5 - Escada fixa tipo marinheiro Sim Não Não se aplica
5.1 - Há fixação dos montantes à cada 3,00 m?
Na extremidade superior os montantes ultrapassam o nível da superfície superior
em 1,00 m?
5.2 - Os degraus têm largura entre 0,45 m e 0,55 m?
5.3 - Os degraus estão entre 0,15 m e 0,25 m de distância da parede?
5.4 - Se maior que 6,00 m, possui gaiola de proteção?
5.5 - A gaiola de proteção têm pelo menos 3 barramentos?
5.6 - A gaiola de proteção é instalada a partir de 2,00 m do piso inferior?
5.7 - A gaiola de proteção ultrapassa em 1,00 m o piso superior?
120

5.8 - A gaiola de proteção têm distância entre anéis de 1,20 m a 1,50 m?


5.9 - A anel inferior da gaiola têm abertura 0,10 m maior que as outras?
5.10 - A escada tem patamar de descanso no máximo a cada 9,00 m?
5.11 - O patamar tem dimensão igual ou maior a 0,60 m por 0,60 m?
5.12 - O patamar tem proteção contra queda GcR com medidas corretas?
5.13- Não há permanência de mais de 1 operário no patamar por vez?
5.14 - Materiais são transportados apenas por bolsas ou semelhante?
5.15 - Não há passagem de tubulação ou outros elementos que ofereçam risco ao
usuário?
6 - Escada fixa de uso coletivo Sim Não Não se aplica
6.1 - Possui proteção contra quedas tipo GcR com medidas corretas?
6.2 - A largura (dimensionada em função do número de trabalhadores) está
correta de acordo com a RTP 04?
6.3 - Se largura igual/maior a 1,50 m, tem reforço inferior intermediário?
6.4 - Se desnível for maior que 2,90 m, possui patamar de descanso?
6.5 - O patamar de descanso tem largura e comprimento igual à largura da
escada?
6.6 - A dimensão dos degraus está de acordo com a fórmula da RTP 04?
7 - Rampas e Passarelas Sim Não Não se aplica
7.1 - A largura está adequada à RTP 04?
7.2 - Caso possua ângulo superior a 6º com a horizontal, possui sistema
antiderrapante?
7.3 - Os apoios se estendem o equivalente a 1/4 do comprimento do vão dos 2
lados?
7.4 - O sistema GcR tem distância entre montantes de 1/4 do vão?
7.5 - As áreas próximas ao acesso de rampas e passarelas possuem GcR?
7.6 - As áreas próximas ao acesso de rampas e passarelas possuem sinalização
adequada?
121

APÊNDICE C
Lista de Verificação 3: NR 18, item 18.13 e RTP 01 - Medidas de Proteção Contra
Quedas em Altura.
1 - Considerações gerais para escadas Sim Não Não se aplica
1.1 - Existe dispositivo de proteção contra queda de altura em todo local onde há
risco de queda de pessoa ou material?
2 - Sistema Guarda-corpo Rodapé (GcR) Sim Não Não se aplica
2.1 - É constituído de material rígido e resistente?
2.2 - Possui travessão superior a 1,20 m de altura?
2.3 - Possui travessão intermediário a 0,70 m de altura?
2.4 - Possui rodapé de 0,20 m de altura?
2.5 - Os 3 elementos horizontais (travessões e rodapé) têm resistência mínima de
150 kgf no centro entre montantes?
2.6 - Tem distância entre montantes menor ou igual a 1,50 m?
2.7 - É dotado de tela de proteção entre travessões de arame galvanizado nº 14,
ou material de resistência e durabilidade equivalentes?
2.8 - A tela tem aberturas entre 20 mm e 40 mm?
2.9 - A tela tem resistência de 150 kgf/metro linear?
2.10 - É fixada pelo lado de dentro dos montantes?
2.11 - A maderia utilizada esta em bom estado, sem pintura que dificulte a
detecção de imperfeições?
2.12 - Caso em balanço, o GcR é apoiado em mão-francesa?
2.13 - Para travessões de compensado de espessura de 1 cm, a largura mínima
dos mesmos é no mínimo de 0,20 m?
2.14 - Para travessões de compensado de espessura de 2,5 cm, a largura mínima
dos mesmos é no mínimo de 0,15 m?
2.15 - Se compostos por peças metálicas, o GcR satisfaz as características de
segurança, durabilidade e resistência determinadas na RTP 01, tanto nos
elementos quanto nas ligações?
3 - Proteção de aberturas no piso Sim Não Não se aplica

3.1 - As aberturas na laje utilizadas para transporte vertical são dotadas de GcR, e
cancela, painel removível ou similar, na abertura de entarda e saída?
3.2 - O acesso à caixa de elevador é protegido por fechamento vertical de no
mínimo 1,20 m?
4 - Dispositivos protetores de plano horizontal Sim Não Não se aplica
4.1 - As aberturas não utilizadas para transporte são protegidas por GcR ou
assoalho?
4.2 - O assoalho é fixo, com encaixe para não ocorrer deslizamento?
4.3 - O assoalho está em bom estado, sem frestas ou falhas?
4.4- O asosalho tem resistência de no mínimo 150 kgf?
122

4.5- Em caso de passagem de veículos, o assoalho foi devidamente projetado?


4.6 - As aberturas na laje destinadas a sistemas prediais recebem fechamento
quanda não estão sendo executados serviços nas mesmas?
4.7 - Os vãos dos elevadores são fechados a cada 3 pavimentos ou 10 m?
4.8 - Os vãos dos elevadores são fechados quando ocorre forma e desforma do
pavimento situado diretamente acima dos mesmos?
4.9 - Caso haja carga e descarga por vãos em elementos que separem área interna Sim Não Não se aplica
e externa da edificação, há assoalho em balanço instalado adequadamente,
dotado de sistema GcR?

4.10 - Os perímetros próximos a vãos e aberturas de superfícies de trabalho da


edificação são dotados de ganchos para dispositivos de cinto ou cabo-guia?
5 - Dispositivos de proteção para limitação de queda Sim Não Não se aplica
* Para edifícios com mais que 4 pavimentos ou altura equivalente *
5.1 - Há plataforma principal de proteção?
5.2 - As dimensões e ângulo da plataforma principal estão adequadas ao item
18.13 da NR 18?
5.3 - Foram instaladas plataformas secundárias, acima da principal, a cada 3
pavimentos?
5.4 - As dimensões e ângulo das plataformas secundárias estão adequadas a ao
item 18.13 da NR 18?
5.5 - As plataformas principal e secundárias foram instaladas logo após a
concretagem da laje onde está posicionada?
5.6 - No caso de subsolos, foram instaladas plataformas terciárias a cada 2
pavimentos?
5.7 - As dimensões e ângulo das plataformas terciárias estão adequadas ao item
18.13 da NR 18?
5.8 - Em caso de recuos em pavimentos superiores, foi instalada plataforma
principal na primeira laje após recuo?
5.9 - Todas as plataformas estão livres de sobrecargas?
5.10 - Há telas entre as plataformas, fixadas as mesmas?
5.11 -As telas possuem especificação de acordo com RTP 01?
5.12 - A distância máxima entre suportes das plataformas é de 2,00 m?
5.13 - Os estrados das plataformas são contínuos?
5.14 - Caso as plataformas necessitem de aberturas, estas possuem menor
dimensão necessária possível?
5.15 - Em caso dispositivos metálicos de fixação, estes foram corretamente
dimensionados?
5.16 - Em caso de dispositivos metálicos de fixação, estes recebem inspeção
periódica?
5.17 - As plataformas só foram retiradas após remoção de todo material nela
acumulado?
5.18 - A desmontagem foi realizada de cima para baixo, por trabalhador
qualificado?
123

APÊNDICE D
Lista de Verificação 4: NR 18, item 18.14 - Movimentação e Transporte de Materiais e
Pessoas e RTP 02 - Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas - Elevadores de
Obra
Não se
1 - Considerações gerais de equipamentos de transporte
Sim Não aplica
1.1 - Os equipamentos de transporte vertical da obra foram dimensionados
por profissional legalmente habilitado?
1.2 - A manutenção é feita por trabalhador qualificado, com supervisão de
profissional legalmente habilitado?
1.3 - Existe trabalhador específico para operação de elevador, com função
anotada em carteira de trabalho?
1.4 - A área de transporte vertical ou horizontal de concreto, argamassa ou
outros materiais é sinalizada e isolada?
1.5 - Se durante a concretagem o operador não consegue visualizar a área a
ser concretada, há comunicação porsinais pré-estabelecidos ou
rádio/telefone?
1.6 - No caso carga e descarga de elementos estruturais de grande porte, a
área é sinalizada e isolada?
1.7 - Elementos com grandes superfícies são içados após devidas precauções
relativas ao vento serem tomadas?
1.8 - Toda manobra de transporte é feita por profissional qualificado, com o
uso de sinais covencionados?
1.9 - São tomados cuidados especiais quando ocorre transporte próximo a
áreas de rede elétrica?
1.10 - Os transportes manuais são feitos respeitando-se a capacidade física do
trabalhador e a NR 17 - Ergonomia?
1.11 - Èlevadores de caçamba só são utilizados para transporte a granel?
Não se
2 - Localização de elevador de obra
Sim Não aplica
2.1 - O elevador é suficientemente afastado de redes elétricas ou protegido
contra tais adequadamente?
2.2 - O elevador foi instalado tão próximo à edificação quanto possível?
2.3 - O terreno sob a base é plano, com resistência suficiente para suportar as
cargas solicitantes e livre de possível alagamento?
Não se
3 - Base de elevador de obra
Sim Não aplica
3.1 - A base é de concreto ou metálica?
3.2 - O eixo do tambor é alinhado com a roldana livre?
3.3 - A roldana livre é alinhada com guia dos painéis?
3.4 - Se de cocnreto, a base está em nível 0,15 m superior ao do solo?
3.5 - A base possui drenos para escoamento de água?
3.6 - A base é dotada de sistema de amortecimento?
4 - Guincho de elevador de obra Sim Não Não se
124

aplica
4.1 - Tem clip pesado para fixação de tração?
4.2 - Há plaqueta que informe carga máxima de tração do guincho?
4.3 - Caso não instalado sobre laje, há cobertura suficientemente resistente
sobre o guincho?
a) Isolado?
4.4 - Caso exista, o abrigo do b) Sinalizado?
operador é: c) Dotado de extintor de PQS?
d) Isento de armazenagem de materiais?
Não se
4.5 - O guincho possui chave com dispositivo de bloqueio? Sim Não aplica

4.6 - A distância entre eixos do tambor e da roldana livre está compreendida


entre 2,50 m e3,00 m?
4.7 - O trecho do cabo entre tambor e roldana é dotado de proteção?
4.8 - O cabo do elevador permanece sempre com 6 voltas em torno do
tambor, qualquer que seja sua posição?
* Para guinchos de coluna *
4.9 - Possui dispositivos próprios para sua fixação?
4.10 - O tambor encontra-se corretamente nivelado?
Não se
5 - Torre de elevador de obra
Sim Não aplica
5.1 - A torre foi montada por trabalhadores qualificados?
5.2 - Foram utilizadas peças em bom estado?
5.3 - Os parafusos estão apertados e contraventos contrapinados?
5.4 - Na última parada da cabina, a distância entre montante superior da
mesma e topo da torre permanece igual ou menos a 4,00 m?
5.5 - O topo da torre está a 6,00 m de altura ou menos acima da piso superior
do edifício?
5.6 - O trecho superior da torre encontra-se estaiado pelos montantes
superiores?
5.7 - A torre e o guincho são aterrados?
5.8 - Todos os acessos de entrada à torre são protegidos por barreiras de no
mínimo 1,80 m de altura?
5.9 - A torre possui proteção e sinalização para impedir a circulação de
trabalhadores pela mesma?
5.10 - A torre tem sistema que impede a abertura de cancela caso o elevador
não esteja no nível do pavimento?
a) possuem sistema de proteção contra quedas GcR?
5.11 - Caso haja b) possuem piso resistente e sem aberturas?
passarela ou rampa c) possuem fixação na edificação e na torre?
de acesso à torre, as d) têm altura mínima de 2,00 m?
mesmas:
e) são planas ou com inclinação ascendente em relação
à torre?
* Para torres instaladas externamente à edificação *
125

5.12 - A torre é fixada à estrutura da edificação a partir de seus montantes


anteriores em todos os pavimentos?
5.13 - A torre é estaiada a cada 6,00 m ou 2 pavimentos, por cabos de aço de
diâmetro mínimo de 9,5 mm?
5.14 - Os cabos estaiados de 5.4 constituem ângulo de 45º com a vertical?
* Para torres instaladas internamente à edificação *
5.15 - Há proteção contra contato acidental nos trechos verticais do cabo?
5.16 - É inexistente o contato entre cabo de aço e laje da edificação?
Não se
6 - Cabina de elevador de obra
Sim Não aplica
* Para cabinas fechadas destinadas a transporte de pessoas e materiais *
6.1 - A cabina possui cobertura resistente?
6.2 - A cabina possui fechamento nas laterias que se estendem do piso ao
teto da mesma?
6.3 - A cabina possui portas frontais pantográficas ou de correr?
6.4 - A cabina possui indicação de carga máx./quantidade de pessoas?
6.5 - A cabina possui sinalização luminosa de indicação de pavimento?
Não se
7 - Cabos de aço
Sim Não aplica
7.1 - A cabo utilizado é de aço com alma de fibra?
7.2 - O cabo de aço possui diâmetro mínimo de 15,8 mm?
7.3 - A carga de ruptura é de no mínimo 15000 kgf?
7.4 - O coeficiente de segurança utilizado é de no mínimo 10 vezes a carga de
ruptura?
7.5 - No ponto de fixação foram utilizados 3 clipes com distribuição adequada
à RTP 02?
7.6 - O diâmetro da polia é de no mínimo 0,60 m?
7.7 - É inexistente o uso de emendas no cabo?
7.8 - O cabo está em bom estado, livre de danos como fadiga, amssamento,
ruptura ou formação de gaiola de passarinho?
Não se
8 - Operação e sinalização
Sim Não aplica
8.1 - Ao transportar passageiros, a cabina é sempre operada por dentro?
8.2 - O operador, durante o transporte, mantêm uma mão próxima ao freio
de emergência?
8.3 - Ao transportar gericas, as mesmas são devidamente amarradas?

8.4 - A movimentação do elevador só é feita após o fechamento da cancela?


Não se
9 - Considerações para elevador de obra de passageiros
Sim Não aplica
9.1 - Cargas e passageiros são transportados sempre separadamente?
9.2 - O transporte de cargas é feito sob comando externo?
9.3 - Existe aviso claro e visível sobre a proibição do transporte simultaneo de
cargas e pessoas?
9.4 - Caso também utilizado para cargas e único, é instalado desde o
pavimento térreo?
126

9.5 - É priorizado o transporte de passageiros?


9.6 - O elevador de passageiros é
a) interruptor no fim e começo de curso, conjugado com freio
eletromecânico?
b) sistema de frenagem automática eficaz?
c) sistema de segurança no limite superior, situado 2,00 m abaixo
dotado de:

da viga superior da torre?


d) interruptor de corrente para que a movimentação só ocorra
com portas fechadas?
e) cabina metálica com porta?
f) freio interno da cabina, ligado ao interruptor de corrente, para
que o motor seja desligado caso o freio seja acionado?
Não se
Sim Não aplica
9.7 - Há livro de inspeção do elevador?
9.8 - O livro é atualizado diariamente?
9.9 - O responsável pela obra assina o livro semanalmente?
9.10 - O elevador possui ventilação e iluminação?
127

APÊNDICE E

Lista de Verificação 5: NR 18, item 18.15 - Andaimes

1 - Considerações Gerais Sim Não Não se aplica


1.1 - Foi dimensionado por profissional legalmente habilitado?
1.2 - A empresa está habilitada no CREA e possui profissional legalmente
habilitado para a produção de andaimes?
1.3 - Há gravado no (s) andaime (s) o nome da empresa, tipo de andaime, lote e
ano de fabricação, e forma aparente e indelével?
1.4 - Os andaimes do tipo fachadeiro, suspenso e em balanço tem projetos de
montagem elaborados por profissional habilitado?
a) Especificação de materiais?
1.5 - Há manual

b) Dimensões?
contendo?

c) posições de ancoragem e estroncamentos?


d) estroncamentos?
e) Procedimentos operacionais de montagem e desmontagem de
forma sequencial?
1.6 - As superfícies de trabalho tem travamento?
1.7 - Os funcionários que realizam montagem e desmontagem tem treinamento
específico para tal?
1.8 - Utilizam o cinto tipo paraquediista ao faze-lo?
1.9 - Os trabalhadores de montagem/desmontagem possuem crachá com as
informações requeridas?
1.10 - Os montantes tem travas contra desencaixe acidental?
1.11 - A superfície de trabalho é totalmente coberta por sistema antiderrapante e
totalmente nivelada?
1.12 - Estão inclusos no PCMAT procedimentos de montagem e desmontagem dos
andaimes?
1.13 - Caso utilize-se madeira, a mesma é de boa qualidade, sem nós ou
rachaduras?
1.14 - Há GcR nas faces não de trabalho dos andaimes?
1.15 - Há ausência do uso de ferramentas, sobre as superfícies dos andaimes, para
alcançar níveis mais altos?
1.16 - O acesso aos andaimes é feito de maneira segura?
128

APÊNDICE F
Lista de Verificação 7: NR 18, itens 18.16 - Cabos de Aço e Cabos de Fibra Sintética; 18.27 -
Sinalização de Segurança; 18.28 - Treinamento; 18.29 - Ordem e Limpeza
Não se
1 - Sinalização de segurança
Sim Não aplica
a) Identificar locais de apoio?
b) Indicar saídas?
1.1 - Há sinalização para:

c) Advertir contra risco de contato ou acionamento de máquinas?


d) Advertir contra risco de queda?
e) Advertir sobre uso de EPI's específicos para determinados serviços,
nos locais de tais serviços?
f) Alertar sobre transportes de materiais por guinchos, gruas ou
guindastes?
g) Alertar quanto à circulação de veículos de equipamentos?
h) Advertir quanto a locais cmo pé-direito inferior a 1,80 m?
i) Identificar locais com presença de substâncias nocivas?

1.2 - Em caso de serviço em vias públicas, são utilizados coletes com tiras reflexivas?
1.3 - Em caso de serviços em ou próximos a vias públicas, é utilizada sinalização
dirigida a motoristas e pedestres?
Não se
2 - Treinamento
Sim Não aplica
2.1 - Houve treinamento admissional?
2.2 - Há treinamentos periódicos?
2.3 - O treinamento teve carga horária maior ou igual a 6h?
2.4 - O treinamento foi aplicado em horário de trabalho?
2.5 - O treinamento foi aplicado antes do início das atividades?

2.6 O a) Informações sobre condições e meio ambiente de trabalho?


treinamento b) Riscos relativos à função do trabalhador?
inclui: c) Informações sobre uso adequado de EPI's?
d) Informações sobre SPC's utilizados em obra?
2.7 - Há treinamentos no início de cada fase da obra?
2.8 - Nos treinamentos os trabalhadores recebem cópias onde constam
procedimentos e operações a serem realizadas com segurança?
Não se
3 - Ordem e Limpeza
Sim Não aplica
3.1 - As vias de circulação, passagens e escadarias encontram-se limpas e
desempedidas?
3.2 - As sobras e entulhos são recolhidos periodicamente?
3.3 - No caso de diferença de nível, o entulho é removido por equipamento
129

mecânico ou calha fechada?


3.4 - É inexistente nesta obra a queima de lixo ou entulho?
130

APÊNDICE G

Lista de Verificação 8: Proteção Periférica para Alvenaria Estrutural (SCANMETAL)

1 - Pré-montagem Sim Não Não se aplica


1.1 - Existe projeto de montagem da proteção periférica?
1.2 - As componentes estão em bom estado?

1.3 - As telas são armazenadas na posição vertical, com as etiquetas visíveis?

1.4 - Todos as telas são dotadas de etiquetas?


2 - Montagem
2.1 - Os EPI's necessários para a montagem estão sendo utilizados durante a
mesma?
2.2 - A fixação do suporte é feita um dia após o grauteamento da fiada onde será
fixado?
2.3 - Os suportes estão fixados na fiada indicada em projeto?
2.4 - A broca utilizada para furação é do tipo SDS 16mm?
2.5 - Na instalação dos suportes, deixa-se folga no aperto da porca para
posterior ajuste de prumo?

2.6 - São instalados no mínimo 6 suportes antes do início da colocação das telas?

2.7 - Os suportes tripé foram instalados adequadamente?


2.8 - Todas as telas foram instaladas com as etiquetas viradas para dentro da
edificação, com os pinos de travamento do lado direito quando olhando-se a
tela de dentro para for a da edificação?
2.9 - As telas são fixadas sutilmente, sem o uso de martelo ou marreta?
2.10 - Todas as telas estão travadas entre si?
2.11 - Foram instaladas as calhas abaixo da proteção periférica?
2.12 - A mudança do sistema para o andar posterior é feito por blocos?
2.13 - Utiliza-se o gancho pescador para o transporte dos suportes de um andar
ao seu superior?

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