É.., com os demais sinais dos autos, recorre da sentença que julgou
improcedente a oposição que deduziu à execução fiscal contra si revertida
para cobrança coerciva de dívidas provenientes de coimas fiscais relativas
ao ano de 1999 aplicadas à sociedade “D.., Ldª e dívidas de IVA desse ano
da mesma sociedade.
Concluiu, assim, as suas alegações de recurso:
I. Na Repartição de Finanças de Paços de Ferreira foi instaurada a
execução fiscal nº 1830-99/101943.0 e Aps., em que é exequente a
Fazenda Pública e executado o aqui requerente, na qualidade de
responsável subsidiário, por reversão no mesmo processo, em que figura
como devedor originário “D.., Limitada”;
II. A referida execução fiscal foi instaurada por dívidas referentes a
coimas fiscais, relativas ao ano de 1999, no montante de Esc. 345.063$00,
actualmente com o valor correspondente de € 1.721,17, e por dívidas
referentes ao facto de as declarações periódicas previstas nos artigos 26º e
40º do Código do IVA, referentes ao período de Maio e Junho do ano de
1999, no montante de Esc. 816.173$00 e de 95.308$00, e actualmente
com o valor correspondente de € 4.071,05 e de € 475,39, não terem sido
acompanhadas do respectivo meio de pagamento, nem ter sido recebido
no prazo de cobrança voluntária, que terminou aos 1999-07-12 e aos
1999-08-10, respectivamente;
III. Os factos constitutivos da dívida exequenda ocorreram sob a égide do
artigo 13º do CPT, com a redacção dada pelo artigo 52º nº 1 da Lei nº 52-
C/96, de 27/12, que dispõe que: “Os administradores, gerentes e outras
pessoas que exerçam, ainda que somente de facto, funções de
administração nas empresas e sociedades de responsabilidade limitada são
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07/05/2020 Acordão do Tribunal Central Administrativo Norte
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voluntário.
2) Essa execução reverteu contra o aqui oponente, enquanto gerente da
sociedade executada, com fundamento na existência de bens daquela
sociedade para solver a quantia exequenda.
3) O ora oponente foi, no período compreendido entre 08 de Agosto de
1997 a 29 de Maio de 1998, sócio-gerente da firma “D.., Ldª” – cfr. fls. 8 a
12 dos autos;
4) Apresentou renúncia à gerência da referida firma em 29.05.1998 – cfr.
fls. 19 e 20 dos autos.
5) Em 29.05.1998 celebrou contrato-promessa de cessão de quotas – cfr.
fls. 21 a 25 dos autos.
A sentença recorrida julgou improcedente a presente oposição na
consideração de que os elementos de prova não eram bastantes para ilidir
a presunção de gerência efectiva da sociedade devedora originária pelo
oponente, pois que se provou que foi gerente a partir de 08/08/97 e os
elementos documentais juntos aos autos se contraditam no que respeita à
renúncia a esse cargo, pois que não fez prova da escritura definitiva de
cessão da sua quota e estava obrigado até esse momento a praticar todos
os actos de gerência necessários ao normal desenvolvimento da sociedade.
Posto que o oponente, ora recorrente, considera que na sentença se fez
errado julgamento de facto, por se ter feito prova de que já não exercia a
gerência de facto no período a que respeitam as dívidas exequendas (todas
constituídas em 1999), importa começar por apreciar essa questão, sabido
que o exercício da gerência constitui um dos requisitos da
responsabilidade subsidiária prevista no art. 24º da LGT - diploma já em
vigor à data da constituição dessas dívidas e que, por isso, é aplicável ao
caso vertente, dado que a responsabilidade subsidiária dos administradores
e gerentes das sociedades de responsabilidade limitada e as condições da
sua efectivação se tem de determinar em face das normas vigentes no
momento em que se verificam os pressupostos de tal responsabilidade.
Na análise desta questão, há que tomar em consideração não só o facto, já
dado como provado, de que o oponente apresentou renúncia à gerência da
sociedade em 29/05/98, bem como outros elementos que se extraiem da
prova documental produzida e que têm o maior relevo para uma boa e
correcta decisão.
Assim, em conformidade com o disposto no art. 712º do CPC, julga-se
ainda provada a seguinte matéria de facto:
6) A sociedade executada foi registada na Conservatória do Registo
Comercial em 18/08/96, constando como seus sócios J.. e esposa M.., e
filhos S.. e P.. cfr. doc. fls. 9;
7) Em 1997 entraram como sócios o oponente É.. e esposa C.., e filhos R..
e M.., altura em que foram nomeados gerentes os sócios É.. e J.. – cfr.
docs. de fls. 28 a 31;
8) A renúncia ao cargo de gerente referida no ponto 4 foi apresentada pelo
oponente em Assembleia Geral da sociedade, realizada em 29/05/98, de
cuja acta consta o seguinte:
«... Estando presentes todos os sócios que representam a totalidade do
capital social, tendo como ponto único da ordem de trabalhos a apreciação
e votação do pedido de renúncia à gerência por parte do sócio É...
Iniciados os trabalhos, o sócio Élvio (...) referiu que uma vez que por
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