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Pai, Eu Quero
Robert Murray M’Cheyne

“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo,
para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo”
– João 17:24 —
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Algumas Citações deste Sermão

“Aprendam quão seguramente esta oração será respondida, queridos filhos de Deus. É impossível
que esta oração fique sem resposta. É a vontade do Pai e do Filho. Se Cristo quer, e se o Pai
quer, vocês podem ter certeza de que nada pode impedir isso. Se a ovelha está na mão de Cristo,
e na mão do Pai, elas jamais perecerão.”

“Seis vezes neste capítulo Cristo chama o seu povo por este nome: “Aqueles que me deste”. Esta
parece ter sido uma expressão favorita de Cristo, especialmente quando os conduzidas sobre Seu
coração diante do Pai. A razão parece ser que Ele lembra ao Pai que eles são tanto do Pai como
eles são Seus próprios; que o Pai tem o mesmo interesse que Ele por eles, tendo-lhes dado a Ele
antes que o mundo existisse. E assim Ele o repete no versículo 10: “E todas as minhas coisas são
tuas, e as tuas coisas são minhas”. Antes que o mundo existisse, o Pai escolheu um povo deste
mundo. Ele os entregou na mão de Cristo, ordenando-Lhe que não perdesse nenhum, a suportar
os seus pecados em Seu próprio corpo no madeiro, a ressuscitar no último dia. E, consequente-
mente, Ele diz: “Dos que me deste nenhum deles perdi” [João 18:9].”

“Uma das marcas seguras de todos os que foram dados a Cristo é que eles vêm a Jesus: Todos
eles vêm “a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão” [Hebreus 12:24].
Você veio a Cristo? O seu coração foi aberto para receber a Cristo? Cristo tornou-se precioso
para você? – Então você pode ter a certeza que você foi dado a Cristo antes da fundação do
mundo. Seu nome está no Livro da Vida do Cordeiro, e seu nome está no peitoral de Cristo. É por
você que Ele ora: “Pai, eu quero que este alma esteja comigo”. Cristo nunca perderá você. O Pai,
que deu você a Ele é maior do que todos, e ninguém pode arrebatar você da mão do Pai.”

“Então, “Tu me amaste”. Quem pode compreender esse amor – o amor de um Deus não criado ao
Seu Filho não criado? O amor de Jônatas a Davi era muito grande, ultrapassando o amor das
mulheres. O amor de um crente a Cristo é muito grande, porque veem que Ele é totalmente
desejável. O amor de um santo anjo por Deus é muito ardente, porque são como labaredas de
fogo. Mas estes todos são amores da criatura; Estes são apenas córregos; mas o amor de Deus
por seu Filho é um oceano de amor. Há de tudo em Cristo para atrair o amor do Pai. Agora
discriminem Seu argumento: Se Tu me amas, faça isso pelo Meu povo.”

“Assim como Ele disse a Paulo: “Por que me persegues?” Sentindo-se Um com Seus membros
aflitos sobre a Terra. Deste modo Ele dirá no último dia: “Em verdade vos digo que quando o
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” [Mateus 25:40]. Ele reconhece
os crentes como parte de Si mesmo; que é feito para eles é feito para Ele. Então, aqui, quando
Ele os conduz ao Seu Pai, este é todo o Seu argumento: “Tu me amas”. Se Tu me amas, os ama,
pois eles são parte de Mim. Veja quão seguramente a oração de Cristo será respondida por você,
amado. Ele não alega que você é bom e santo; Ele não alega que você é digno; Ele só pleiteia a
Sua própria amabilidade aos olhos do Pai. Não olhe para eles, diz Ele, mas olhe para mim. Tu me
amaste, antes da fundação do mundo. Aprendam a usar o mesmo argumento com Deus, queridos

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crentes. Isso é, pedir em nome de Cristo, por amor do Senhor; esta é a oração que nunca é
recusada. Vejam para que vocês não venham em seu próprio nome, senão vocês serão
expulsos.”

“Ele quer dizer que você deve vir para a casa de Seu Pai, com Ele. “Na casa de meu Pai há
muitas moradas” [João 14:2]. Você deve morar na mesma casa com Cristo. Você nunca é muito
íntimo de uma pessoa até que você a veja em sua própria casa – até que você a conheça em
casa. Isto é o que Cristo quer de nós – que estejamos com Ele em Sua própria casa. Ele quer que
estejamos no seio do mesmo Pai com Ele. “Eu subo para meu Pai e vosso Pai” [João 20:17]. Ele
quer que estejamos no mesmo sorriso com Ele, que sentemos no mesmo trono com Ele, que
nademos no mesmo oceano de amor com Ele.”

“Aprenda quão seguro é que você estará, em breve, um dia com Cristo. Esta é a vontade do Pai,
esta é a vontade do Filho. É a oração de Cristo. Se você realmente foi levado a Cristo, você nunca
perecerá. Você pode ter muitos inimigos opondo-se a você em seu caminho para a glória. Satanás
deseja ter você para te peneirar como trigo. Seus amigos do mundo farão todo o possível para
impedi-lo. Ainda assim você estará com Cristo. Veremos o seu rosto na mesa da glória. Você tem
um coração duro, um coração incrédulo, um coração enganoso acima de todas as coisas, e
desesperadamente corrupto. Muitas vezes você acha que o seu coração levará você a trair Cristo.
Ainda assim você estará com Cristo. Se você está em Cristo hoje, você estará para sempre com o
Senhor. Você tem vivido uma vida má. Você tem pecados terríveis sobre os quais olhar. Ainda
assim, se você está vindo para Jesus, esta é a Sua palavra para ti: “Tu estarás comigo no
paraíso”. Na verdade, Cristo não pode perder você. Você é a Sua joia – a Sua coroa. O céu não
seria céu para Ele, se você não estivesse ali. Isso pode lhe dar coragem ao vir para a mesa do
Senhor. Alguns de vocês têm medo de vir a esta mesa, porque, se vocês se unirem a Cristo hoje,
têm medo que possam traí-Lo amanhã. Mas vocês não precisam ter medo. “Aquele que em vós
começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” [Filipenses 1:6]. Vocês devem
sentar-se à mesa de cima, onde Cristo deve estar na cabeceira. Vocês não precisam ter medo de
vir a esta mesa.”

“„O Verbo se fez carne‟ [João 1:14]. Cristo não obteve mais glória, tornando-se homem, mas Ele
manifestou a Sua glória de uma nova maneira. Ele não ganhou uma maior perfeição, tornando-se
homem; Ele tinha todas as perfeições de Deus anteriormente. Mas agora essas perfeições eram
derramadas através de um coração humano. A onipotência de Deus agora movia-se em um braço
humano. O amor infinito de Deus agora bateia em um coração humano. A compaixão de Deus
pelos pecadores agora brilhava em um olho humano. Deus era amor antes, mas Cristo foi o amor
coberto com carne. Assim como você já viu o sol brilhando através de uma janela colorida, – ainda
é a mesma luz solar, e ainda assim ela brilha com um brilho adoçado, assim, em Cristo habita
toda a plenitude da Divindade.”

“Havia muita coisa que era humana nEle: Os pés que ficavam sobre o Monte das Oliveiras eram
humanos. Os olhos que desprezaram a cidade deslumbrante eram humanos. As lágrimas que
caíram no chão eram humanas. Mas ó, havia a ternura de Deus batendo debaixo daquele manto!

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Olhem e vivam, pecadores. Olhem e vivam. Eis o vosso Deus! Aquele que vê a Cristo chorando,
viu o Pai. Este é Deus manifestado em carne. Alguns de vocês temem que o Pai não queira que
vocês venham a Cristo e sejam salvos. Mas vejam aqui, Deus está manifestado em carne. Aquele
que vê o Filho vê o Pai. Veja aqui o coração do Pai e o coração do Filho desvelados. Ó, por que
vocês duvidam? Cada uma dessas lágrimas escorre do coração de Deus.”

“As feridas de Cristo foram as maiores demonstrações de Sua glória que já existiram. A glória
Divina brilhou mais através de Seus ferimentos do que através de toda a Sua vida antes. O véu foi
então rasgado em dois, e pelo que todo o coração de Deus permitiu transmitir-se. Este era um
corpo humano que se contorcia, pálido e torturado, sobre o madeiro maldito; eram mãos humanas
que foram furadas tão rudemente pelos cravos; era carne humana que suportou aquele golpe
mortal sobre o lado; era sangue humano que fluía de mãos e pés, e lado; o olho que
humildemente se virou para o Seu Pai era um olho humano; a alma que suspirou sobre Sua mãe
era uma alma humana. Mas ó, havia glória Divina fluindo através de tudo; cada ferida era uma
boca para falar da graça e do amor de Deus! A santidade Divina brilhou. O infinito ódio ao pecado
estava ali quando Ele se ofereceu, assim, um sacrifício sem mácula a Deus! A sabedoria Divina
brilhou: todos os seres criados não poderiam ter concebido um plano pelo qual Deus seria justo e
justificador. O Amor Divino: cada gota de sangue que caiu veio como um mensageiro do amor de
Seu coração para contar sobre o amor da fonte. Este foi o amor de Deus. Aquele que vê a Cristo
crucificado, vê o Pai.”

“Quando tanto do Espírito foi dado, todos tiram um coração e alma. Aqueles que tinham
propriedades, as venderam, trouxeram o preço, e o depositaram aos pés dos apóstolos. Foi uma
amável visão para contemplar. Entre o restante veio um Ananias; ele era rico. Por algum motivo
mundano, ele se juntou aos Cristãos – Marido e mulher, ambos sem Cristo, almas sem a Graça.
Ele vendeu suas posses para ser parecido como o restante, e trouxe uma parte, e disse que era o
seu tudo! Ele fingiu ser um Cristão – ele fingiu que a Graça estava em seu coração. Não mentiu
ao homem somente, mas ao Espírito Santo; pois ele estava declarando que Deus havia feito uma
mudança em sua alma, quando não havia nenhuma – ele ainda era o velho Ananias.”

“Queridos filhos de Deus, não desanimem de vir a esta mesa sagrada. Esta é propagada aos
pecadores que veem Jesus. “Ó, venha e coma”. Alguns de vocês dizem: “Eu não conheço o
caminho para esta mesa”. Jesus diz: “Eu sou o caminho”. Alguns de vocês dizem: “Eu sou cego;
Eu não consigo ver os meus pecados, nem meu Salvador”. Vão lavar-se no tanque de Siloé.
Alguns de vocês dizem: “Eu sou nu”. Jesus diz: “Aconselho-te que de mim compres... roupas
brancas, para que te vistas”. Vocês estão contaminados em seu próprio sangue; mas Cristo
lançou a Sua orla sobre vocês? Então não tenham medo; venham com o Seu manto sobre vocês.
Venham assim, e vocês são bem-vindos.”

“Nos braços de minha fé, Ele é meu. Eu já fui do mundo – frio e descuidado com a minha alma.
Deus me despertou e me fez sentir que eu estava perdido. Eu tentei tornar-me bom – consertar a
minha vida; mas eu tentei isto em vão; eu fiquei mais perdido do que antes. Eu fui, então, alertado
a crer no Senhor Jesus. Então, eu tentei fazer-me acreditar. Eu li livros sobre a fé, e tentei inclinar

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minha alma a crer, para que eu fosse para o céu; mas ainda em vão. Eu encontrei isto escrito: “A
fé é um dom de Deus” [Efésios 2:8]. “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo
Espírito Santo” (1 Coríntios 12:3). Então eu fiquei mais perdido do que nunca. Enquanto eu estava
assim, indefeso, Jesus se aproximou, – suas vestes mergulhadas em sangue. Ele havia esperado
muito tempo em minha porta, mas eu não sabia disto. Sua cabeça estava “cheia de orvalho, os
meus cabelos das gotas da noite” (Cânticos 5:2). Ele tinha cinco feridas profundas, e Ele disse:
“Eu morri no lugar de pecadores; e qualquer pecador pode ter-me como Salvador. Você é um
pecador desamparado; você terá a mim"?” Como posso resisti-Lo? Ele é tudo o que eu preciso!
Eu O segurei, e não poderia deixa-Lo ir. „Meu amado é meu‟.”

“Nos braços do meu amor, Ele é meu. Outrora eu não sabia o que as pessoas queriam dizer por
amar a Jesus. Eu queria perguntar como eles poderiam amar alguém a quem eles nunca haviam
visto; mas foi respondido: “Ao qual, não o havendo visto, amais” [1 Pedro 1:8]. Mas agora que eu
tenho me escondido Nele – agora que eu estou apegado a Ele – agora eu sinto que não posso
deixar de amá-Lo; e eu espero vê-Lo, para que eu possa amá-Lo mais. Muitas vezes eu caio em
pecado, e isso remove a sensação de segurança em Cristo. A escuridão vem, tudo está nublado,
Cristo está ausente. Ainda assim, nessa ocasião, eu estou doente de amor. Cristo não é luz e paz
para mim; mas eu O sigo diligentemente em meio à escuridão, – Ele é precioso para mim; e
apesar de eu estar em trevas, Ele ainda é o meu amado: “Tal é o meu amado, e tal o meu amigo”
[Cânticos 5:16].”

Muitas vezes, eu disse a Ele em oração, Tu és meu. Muitas vezes, quando as portas se fecharam,
e Jesus veio mostrando Suas feridas, dizendo: “Paz seja convosco”, minha alma apegou-se a Ele,
e disse: “Meu Senhor e meu Deus!” Meu amado, Tu és meu! Muitas vezes tenho encontrado com
Ele em lugares solitários, onde não havia olhos do homem. Muitas vezes tenho chamado as
rochas e árvores para testemunharem que eu O tomei para ser o meu Salvador. Ele me disse:
“desposar-te-ei comigo para sempre”, e eu Lhe disse: „O meu amado é meu‟.”

“Aqueles que se apoiam em ministros, apoiam-se em uma cana agitada pelo vento. Quando uma
alma recebeu mensagem salvífica por meio de um ministro, ele frequentemente pensa que será
mantido de cair pelos mesmos meios. Ele pensa: “Ah, se eu tivesse esse amigo sempre ao meu
lado para me avisar, para me aconselhar!” Não; ministros não estão sempre próximos, nem
amigos piedosos.”

“Cristo nos trata como vocês fazem com os seus filhos. Eles não podem andar sozinhos; vocês os
seguram; o mesmo acontece com Cristo por meio de Seu Espírito. “Eu ensinei a andar a Efraim;
tomando-os pelos seus braços” (Oséias 11:3). Suspirem esta oração: “Senhor, leve-me pelos
braços”, diz John Newton. Quando uma mãe está ensinando seu filho a andar sobre um tapete
macio, ela, às vezes, o deixa ir, e ele cairá, para ensiná-lo sobre a sua fraqueza; mas não tanto à
beira de um precipício. Assim o Senhor, às vezes, os deixa cair, como Pedro nas águas, mas não
para seu dano. O pastor carrega a ovelha em seu ombro; não importa quão grande a distância
seja; Não importa quão altas as montanhas, quão áspero o caminho; nosso Deus Salvador é um
Pastor Onipotente. Alguns de vocês têm montanhas em seu caminho para o céu, – alguns de

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vocês têm montanhas de luxúrias em seus corações, e alguns de vocês têm montanhas de
oposição; não importa, apenas deitem no ombro. Ele é capaz de guarda-los; mesmo no vale
sombrio Ele não tropeçará.”

“Meu coração às vezes adoece quando eu penso sobre os defeitos dos crentes; quando eu penso
em um Cristão sendo amante da vida social, outro vaidoso, outro dado à maledicência. Ó, anelem
por serem Cristãos santos! – Cristãos luminosos, resplandecentes. O céu está mais adornado
pelas grandes constelações brilhantes do que por muitas estrelas insignificantes; assim Deus
pode ser mais glorificado por um único Cristão brilhante do que por muitos indiferentes. Anelem
por ser este único.”

“Em breve, seremos irrepreensíveis. Aquele que começou, o concluirá. Seremos semelhantes a
Ele, porque O veremos como Ele é. Quando vocês deixarem este corpo, podem dizer: Adeus para
sempre, concupiscência, adeus meu odioso orgulho, adeus, odioso egoísmo, adeus luta e inveja;
adeus, vergonha de Cristo. Ó, isso torna a morte doce, de fato! Ó, anelem partir e estar com
Cristo!”

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SERMÃO

“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver,


também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste;
porque tu me amaste antes da fundação do mundo” (João 17:24)

I. A FORMA DESTA ORAÇÃO

“Pai, eu quero”

Esta é a mais maravilhosa oração que alguma vez elevou-se da terra para o trono de
Deus, e esta petição é a mais maravilhosa da oração. Nenhuns lábios humanos jamais
oraram assim antes: “Pai, eu quero”. Abraão era amigo de Deus, e ficou muito perto de
Deus em oração; mas ele orou como pó e cinzas. “E respondeu Abraão dizendo: Eis que
agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza” [Gênesis 18:27]. Jacó lutou
com Deus e prevaleceu, mas a sua palavra mais ousada foi: “Não te deixarei ir, se não
me abençoares” [Gênesis 32:26]. Daniel foi um homem muito amado, e teve respostas
imediatas às orações, e ainda assim ele clamou a Deus como um pecador: “Ó Senhor,
ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age” [Daniel 9:19]. Paulo foi um homem
que esteve muito perto de Deus, e ainda assim ele diz: “Por causa disto me ponho de
joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” [Efésios 3:14]. Porém quando Cristo
orou, clamou: “Pai, eu quero” Por que Ele ora assim?

Ele era companheiro de Deus – “Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o
homem que é o meu companheiro” [Zacarias 13:7]. Apesar disso, Ele não usurpou o ser
igual a Deus. Foi Ele quem disse: “Haja luz, e houve luz”. Portanto, agora Ele diz: “Pai, eu
quero”.

Ele tinha uma vontade com o Pai – “Eu e o Pai somos um” [João 10:30]. Um só Deus, um
só coração e vontade. É verdade, Ele tinha uma santa alma humana, e, portanto, uma

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vontade humana; mas sua vontade humana era uma com a Sua vontade Divina. A corda
humana em seu coração estava sintonizada na mesma corda da Sua vontade Divina.

Aprendam quão seguramente esta oração será respondida, queridos filhos de Deus. É
impossível que esta oração fique sem resposta. É a vontade do Pai e do Filho. Se Cristo
quer, e se o Pai quer, vocês podem ter certeza de que nada pode impedir isso. Se a
ovelha está na mão de Cristo, e na mão do Pai, elas jamais perecerão.

II. POR QUEM ELE ORA

“Aqueles que me deste”

Seis vezes neste capítulo Cristo chama o seu povo por este nome: “Aqueles que me
deste”. Esta parece ter sido uma expressão favorita de Cristo, especialmente quando os
conduzidas sobre Seu coração diante do Pai. A razão parece ser que Ele lembra ao Pai
que eles são tanto do Pai como eles são Seus próprios; que o Pai tem o mesmo interesse
que Ele por eles, tendo-lhes dado a Ele antes que o mundo existisse. E assim Ele o
repete no versículo 10: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas”.
Antes que o mundo existisse, o Pai escolheu um povo deste mundo. Ele os entregou na
mão de Cristo, ordenando-Lhe que não perdesse nenhum, a suportar os seus pecados
em Seu próprio corpo no madeiro, a ressuscitar no último dia. E, consequentemente, Ele
diz: “Dos que me deste nenhum deles perdi” [João 18:9]. Há algum sinal daqueles que
são dados a Cristo? Eles não são melhores do que os outros. Ás vezes Ele escolhe o
pior! Resposta – Sim: “Todo o que o Pai me dá virá a mim [João 6:37]. Uma das marcas
seguras de todos os que foram dados a Cristo é que eles vêm a Jesus: Todos eles vêm “a
Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão” [Hebreus 12:24]. Você
veio a Cristo? O seu coração foi aberto para receber a Cristo? Cristo tornou-se precioso
para você? – Então você pode ter a certeza que você foi dado a Cristo antes da fundação
do mundo. Seu nome está no Livro da Vida do Cordeiro, e seu nome está no peitoral de
Cristo. É por você que Ele ora: “Pai, eu quero que este alma esteja comigo”. Cristo nunca
perderá você. O Pai, que deu você a Ele é maior do que todos, e ninguém pode arrebatar
você da mão do Pai.

III. O ARGUMENTO

“Porque Tu me amaste”

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Ele lembra o Pai de Seu amor a Ele, antes que o mundo existisse. Quando não havia
terra, nem sol, nem lua, nem anjo, – quando Ele estava ao lado dEle.

Então, “Tu me amaste”. Quem pode compreender esse amor – o amor de um Deus não
criado ao Seu Filho não criado? O amor de Jônatas a Davi era muito grande, ultrapassan-
do o amor das mulheres. O amor de um crente a Cristo é muito grande, porque veem que
Ele é totalmente desejável. O amor de um santo anjo por Deus é muito ardente, porque
são como labaredas de fogo. Mas estes todos são amores da criatura; Estes são apenas
córregos; mas o amor de Deus por seu Filho é um oceano de amor. Há de tudo em Cristo
para atrair o amor do Pai. Agora discriminem Seu argumento: Se Tu me amas, faça isso
pelo Meu povo.

Assim como Ele disse a Paulo: “Por que me persegues?” Sentindo-se Um com Seus
membros aflitos sobre a Terra. Deste modo Ele dirá no último dia: “Em verdade vos digo
que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” [Mateus
25:40]. Ele reconhece os crentes como parte de Si mesmo; que é feito para eles é feito
para Ele. Então, aqui, quando Ele os conduz ao Seu Pai, este é todo o Seu argumento:
“Tu me amas”. Se Tu me amas, os ama, pois eles são parte de Mim. Veja quão
seguramente a oração de Cristo será respondida por você, amado. Ele não alega que
você é bom e santo; Ele não alega que você é digno; Ele só pleiteia a Sua própria
amabilidade aos olhos do Pai. Não olhe para eles, diz Ele, mas olhe para mim. Tu me
amaste, antes da fundação do mundo. Aprendam a usar o mesmo argumento com Deus,
queridos crentes. Isso é, pedir em nome de Cristo, por amor do Senhor; esta é a oração
que nunca é recusada. Vejam para que vocês não venham em seu próprio nome, senão
vocês serão expulsos. Venham assim, para a Sua mesa. Diga ao Pai: me aceite, pois Tu
O amas, desde a fundação do mundo.

IV. A ORAÇÃO EM SI

Duas partes.

1. Que eles estejam comigo.

(1) O que Ele não quer dizer. Ele não quer dizer que devemos estar atualmente retirados
deste mundo. Alguns de vocês que têm vindo a Cristo podem, neste dia, ser favorecidos
com tanto de Sua presença e do amor do Pai, tanto da alegria do céu, e um tal pavor de
voltar a trair Cristo no mundo, que vocês podem estar desejando que esta casa fosse
realmente aquele portão do céu; vocês podem desejar que pudessem ser transportados

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da mesa de baixo para a mesa de cima. “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo
desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” [Filipenses 1:23].
Cristo ainda não deseja isto. “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”
[João 17:15]. “Para onde eu vou não podes agora seguir-me” [João 13:36]. (Como aquela
mulher no Diário de Brainerd – “Ó, bendito Senhor! Leve-me; permita-me morrer e ir com
Jesus Cristo. Tenho medo de que, se eu viver, eu pecarei novamente”).

(2) O que Ele quer dizer. Ele quer dizer que, quando a jornada acabar, estaremos com
Ele. Todo aquele que vem a Cristo tem uma jornada para realizar neste mundo. Alguns
têm uma longa, e alguns têm uma curta. Esta é através de um deserto. Cristo ainda ora
para que, no final, você possa estar com Ele. Todo aquele que vem a Cristo tem suas
doze horas para encher-se para Cristo. “Convém que eu faça as obras daquele que me
enviou, enquanto é dia” [João 9:4]. Mas quando isso é feito, Cristo ora para que você
esteja com Ele. Ele quer dizer que você deve vir para a casa de Seu Pai, com Ele. “Na
casa de meu Pai há muitas moradas” [João 14:2]. Você deve morar na mesma casa com
Cristo. Você nunca é muito íntimo de uma pessoa até que você a veja em sua própria
casa – até que você a conheça em casa. Isto é o que Cristo quer de nós – que estejamos
com Ele em Sua própria casa. Ele quer que estejamos no seio do mesmo Pai com Ele.
“Eu subo para meu Pai e vosso Pai” [João 20:17]. Ele quer que estejamos no mesmo
sorriso com Ele, que sentemos no mesmo trono com Ele, que nademos no mesmo
oceano de amor com Ele.

Aprenda quão seguro é que você estará, em breve, um dia com Cristo. Esta é a vontade
do Pai, esta é a vontade do Filho. É a oração de Cristo. Se você realmente foi levado a
Cristo, você nunca perecerá. Você pode ter muitos inimigos opondo-se a você em seu
caminho para a glória. Satanás deseja ter você para te peneirar como trigo. Seus amigos
do mundo farão todo o possível para impedi-lo. Ainda assim você estará com Cristo. Vere-
mos o seu rosto na mesa da glória. Você tem um coração duro, um coração incrédulo, um
coração enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Muitas vezes
você acha que o seu coração levará você a trair Cristo. Ainda assim você estará com
Cristo. Se você está em Cristo hoje, você estará para sempre com o Senhor. Você tem
vivido uma vida má. Você tem pecados terríveis sobre os quais olhar. Ainda assim, se
você está vindo para Jesus, esta é a Sua palavra para ti: “Tu estarás comigo no paraíso”.
Na verdade, Cristo não pode perder você. Você é a Sua joia – a Sua coroa. O céu não
seria céu para Ele, se você não estivesse ali. Isso pode lhe dar coragem ao vir para a
mesa do Senhor. Alguns de vocês têm medo de vir a esta mesa, porque, se vocês se
unirem a Cristo hoje, têm medo que possam traí-Lo amanhã. Mas vocês não precisam ter
medo. “Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus

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Cristo” [Filipenses 1:6]. Vocês devem sentar-se à mesa de cima, onde Cristo deve estar
na cabeceira. Vocês não precisam ter medo de vir a esta mesa.

2. Para que vejam a minha glória que me deste

Há três estágios na glória de Cristo. Esta será a ocupação do céu: a contemplação de


todas elas.

Primeiro. A glória original de Cristo. Esta é a Sua glória não derivada, não criada, como
igual ao Pai. Ela é mencionada em Provérbios 8:30: “Então eu estava com ele, e era seu
arquiteto; era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo”. E,
novamente, nesta oração: “aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”
(Versículo 5). Dessa glória nenhum homem pode falar, nenhum anjo, nem arcanjo.
Somente de uma coisa sabemos, que devemos honrar o Filho, bem como devemos
honrar o Pai. Ele compartilhou com o Pai em ser o Único todo-perfeito, quando não havia
nada para admirar, ninguém para adorar, nem anjos com harpas de ouro, nem serafins a
cantar Seu louvor, nem querubins a clamar: “Santo, Santo, Santo”. Antes que todas as cri-
aturas existissem, Ele era Um com o Deus infinitamente Perfeito, Bom e Glorioso. Ele era,
então, tudo o que Ele mais tarde evidenciou ser. A Criação e Redenção não O mudaram.
Elas apenas só revelaram o que Ele era anteriormente. Elas apenas forneceram os
objetos para que aqueles raios de glória repousassem, de forma que brilhavam tão
plenamente como antes, desde toda a eternidade [...].

Segundo. Quando Ele se tornou carne. “O Verbo se fez carne” [João 1:14]. Cristo não
obteve mais glória, tornando-se homem, mas Ele manifestou a Sua glória de uma nova
maneira. Ele não ganhou uma maior perfeição, tornando-se homem; Ele tinha todas as
perfeições de Deus anteriormente. Mas agora essas perfeições eram derramadas através
de um coração humano. A onipotência de Deus agora movia-se em um braço humano. O
amor infinito de Deus agora bateia em um coração humano. A compaixão de Deus pelos
pecadores agora brilhava em um olho humano. Deus era amor antes, mas Cristo foi o
amor coberto com carne. Assim como você já viu o sol brilhando através de uma janela
colorida, – ainda é a mesma luz solar, e ainda assim ela brilha com um brilho adoçado,
assim, em Cristo habita toda a plenitude da Divindade. A perfeição da Divindade brilhou
por todos os poros, por meio de toda a ação, palavra e olhar, as mesmas perfeições,
somente estavam brilhando com um brilho adoçado. O véu do templo era um tipo de sua
carne, porque ele cobriu a luz brilhante do mais santo de todos. Mas, assim como a luz
brilhante da Shekiná muitas vezes brilhou pelo véu, assim ocorreu, pois à Divindade do
próprio Cristo irrompeu-se através do coração do homem Jesus Cristo. Havia muitas
aberturas do véu quando a glória resplandecente brilhava.

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1. Quando Ele transformou a água em vinho – Ele manifestou a Sua glória e os Seus
discípulos creram nele. O Poder Todo-Poderoso falou com uma voz humana, e o amor de
Deus, também, brilhou na mesma; pois Ele mostrou que Ele veio para transformar toda a
nossa água em vinho.

2. Quando Ele chorou sobre Jerusalém – Isso foi uma grande demonstração da Sua
glória. Havia muita coisa que era humana nEle: Os pés que ficavam sobre o Monte das
Oliveiras eram humanos. Os olhos que desprezaram a cidade deslumbrante eram huma-
nos. As lágrimas que caíram no chão eram humanas. Mas ó, havia a ternura de Deus
batendo debaixo daquele manto! Olhem e vivam, pecadores. Olhem e vivam. Eis o vosso
Deus! Aquele que vê a Cristo chorando, viu o Pai. Este é Deus manifestado em carne.
Alguns de vocês temem que o Pai não queira que vocês venham a Cristo e sejam salvos.
Mas vejam aqui, Deus está manifestado em carne. Aquele que vê o Filho vê o Pai. Veja
aqui o coração do Pai e o coração do Filho desvelados. Ó, por que vocês duvidam? Cada
uma dessas lágrimas escorre do coração de Deus.

3. Na cruz. As feridas de Cristo foram as maiores demonstrações de Sua glória que já


existiram. A glória Divina brilhou mais através de Seus ferimentos do que através de toda
a Sua vida antes. O véu foi então rasgado em dois, e pelo que todo o coração de Deus
permitiu transmitir-se. Este era um corpo humano que se contorcia, pálido e torturado,
sobre o madeiro maldito; eram mãos humanas que foram furadas tão rudemente pelos
cravos; era carne humana que suportou aquele golpe mortal sobre o lado; era sangue
humano que fluía de mãos e pés, e lado; o olho que humildemente se virou para o Seu
Pai era um olho humano; a alma que suspirou sobre Sua mãe era uma alma humana.
Mas ó, havia glória Divina fluindo através de tudo; cada ferida era uma boca para falar da
graça e do amor de Deus! A santidade Divina brilhou. O infinito ódio ao pecado estava ali
quando Ele se ofereceu, assim, um sacrifício sem mácula a Deus! A sabedoria Divina
brilhou: todos os seres criados não poderiam ter concebido um plano pelo qual Deus seria
justo e justificador. O Amor Divino: cada gota de sangue que caiu veio como um mensa-
geiro do amor de Seu coração para contar sobre o amor da fonte. Este foi o amor de
Deus. Aquele que vê a Cristo crucificado, vê o Pai. Ó, olhem para o pão partido, e vocês
ainda verão essa glória fluindo! Aqui está o coração de Deus desvelado, Deus é manifesto
em carne. Alguns de vocês estão debruçados sobre o seu próprio coração, examinem
seus sentimentos, observando sua doença. Desviem o olhar de tudo no interior. Eis-Me
aqui, eis-Me! Cristo clama. Olhem para Mim, e sejam salvos. Contemplem a glória de
Cristo! Há muita dificuldade sobre o seu próprio coração, mas não há trevas sobre o
coração de Cristo. Olhem através de Suas feridas; acreditem no que vocês veem nEle.

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Terceiro. A glória de Cristo assunto – Eu não posso falar disso. Eu confio que um dia, em
breve, eu verei isto. Ele não deixou de lado a glória que Ele tinha na terra. Ele ainda é o
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Mas Ele tem mais glória agora. Sua
humanidade não é mais um véu para esconder qualquer um dos raios de Sua Divindade.
Deus brilha ainda mais claramente através dEle. Ele obteve muitas coroas agora, o óleo
de alegria, agora, o cetro de justiça.

O céu será gasto em contemplar a Sua glória – Veremos o Pai eternamente nEle.
Olharemos em Seu rosto, e em Seu olho humano leremos o terno amor de Deus por nós,
para sempre. Ouviremos de Seus santos lábios humanos claramente do Pai. “Chega,
porém, a hora em que não vos falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei
acerca do Pai” (João 16:25). Olharemos em Suas cicatrizes, saradas, porém evidentes e
abertas em Suas mãos, e os pés, e lado, e fronte de brilho celeste, e leremos ali
eternamente o ódio de Deus contra o pecado, e o Seu amor por nós que O fez morrer por
nós. E, às vezes, talvez, possamos inclinar a nossa cabeça, onde João inclinou-se, sobre
Seu santo seio. Ó! Se o céu deve ser desfrutado dessa forma, o que farão vocês, que
nunca viram a Sua glória?

Ó, amados, se sua eternidade deve ser gasta assim, passem muito de seu tempo desta
froma! Se vocês devem estar assim comprometidos com a mesa de baixo, estejam assim
comprometidos agora com a mesa de baixo.

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II

PROTEGENDO AS MESAS

“Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma proprie-
dade, E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a
depositou aos pés dos apóstolos. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o
teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da
herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ana-
nias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que
isto ouviram. E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o
sepultaram. E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não
sabendo o que havia acontecido. E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela
herdade? E ela disse: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos
concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o
teu marido, e também te levarão a ti. E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os
moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido. E houve um grande temor
em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas. E muitos sinais e prodígios
eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no
alpendre de Salomão. Dos outros, porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles; mas o povo
tinha-os em grande estima. E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como
mulheres, crescia cada vez mais” (Atos dos Apóstolos 5:1-14).

Houve hipócritas na igreja de Cristo desde o início. Havia um Judas, mesmo entre os
doze apóstolos; e na igreja apostólica houve um Ananias e Safira. Observem

1. O seu pecado – uma mentira. Quando tanto do Espírito foi dado, todos tiram um cora-
ção e alma. Aqueles que tinham propriedades, as venderam, trouxeram o preço, e o de-
positaram aos pés dos apóstolos. Foi uma amável visão para contemplar. Entre o restante
veio um Ananias; ele era rico. Por algum motivo mundano, ele se juntou aos Cristãos –
Marido e mulher, ambos sem Cristo, almas sem a Graça. Ele vendeu suas posses para
ser parecido como o restante, e trouxe uma parte, e disse que era o seu tudo! Ele fingiu
ser um Cristão – ele fingiu que a Graça estava em seu coração. Não mentiu ao homem
somente, mas ao Espírito Santo; pois ele estava declarando que Deus havia feito uma
mudança em sua alma, quando não havia nenhuma – ele ainda era o velho Ananias.

2. Sua punição – Eles caíram e entregaram o espírito. Ó! É uma coisa terrível quando os
pecadores morrem no ato do pecado – com a mentira na sua boca – com o juramento

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sobre a sua língua. Assim foi com os miseráveis Ananias e sua esposa. Em um momento
– num piscar de olhos – eles estavam no lugar para onde todos os mentirosos vão.

3. O efeito – um grande temor veio sobre todos eles. Ninguém ousava juntar-se à
companhia dos apóstolos.

Queridos amigos, estas coisas estão escritas para nossa aprendizagem. Não há ninguém
que veio aqui hoje com a mentira de Ananias em seu coração?

O pão partido e o vinho derramado representam o corpo partido e o sangue derramado de


Cristo. Ó! É o suficiente para derreter o coração do mais forte a olhar para eles. Tomar
este pão e vinho é declarar que você tem comunhão com Cristo – que você O toma como
seu Salvador – que Deus abriu seu coração para crer. No casamento, a aceitação da mão
direita é uma declaração solene, por sinal, que você aceita a noiva ou o noivo; e assim na
Ceia do Senhor. Se não é assim com você, então isto é uma mentira; e é uma mentira
para o Espírito Santo. Ananias veio declarando que ele tinha a obra do Espírito em seu
coração. Esta era uma época em que muito do Espírito de Deus havia sido concedido
(versículos 31 e 32).

É provável que ele e sua esposa tivessem algumas convicções. Mas uma vez que isto era
falso – uma vez que ele não era realmente o que ele fingia ser – diz-se: “mentiu ao
Espírito Santo”. Assim, queridos amigos, o Espírito Santo está particularmente presente
nesta ordenança. Ele glorifica a Cristo. Ele converteu muitos neste lugar. Pecar hoje, é
mentir contra o Espírito Santo. Ao vir para a mesa, você professa que você está sob o
ensinamento do Espírito. Se você não estiver, você mente ao Espírito Santo!

Agora, você sabe que não veio a Cristo? Você sabe que não é convertido? E você sentar-
se-á ali e tomará o pão e o vinho? Tome cuidado, Ananias! Tu não mentes a um homem,
mas a Deus.

Talvez haja um dentre vocês alguém que está secretamente viciado em beber, a
blasfemar, a ser impuro. Você vai vir e tomar o pão e o vinho? Tome cuidado, Ananias!

Talvez haja dois dentre vós, marido e mulher, que sabem que nenhum de vocês jamais
foram convertidos. Vocês nunca oram juntos, e ainda assim vocês concordam em
conjunto a virem aqui. Tomem cuidado, Ananias e Safira!

Não existe nenhum dentre vós [que seja] um perseguidor? Suponha um pai, cujos filhos
têm vindo a Cristo, mas em seu coração você odeia a mudança deles; você se opõe a

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isso com palavras amargas; e, ainda assim, com um semblante suave, você chegou a
sentar-se ao lado deles à mesma mesa! Ó hipócrita, tome cuidado para que não caia
morto! Recue a sua a mão para que ele não fique mirrada! Se pudéssemos ver o copo
cair de sua mão, e olho envidraçar, e os pés tornarem-se frios, ó, onde estaria a sua
alma?

Queridos filhos de Deus, não desanimem de vir a esta mesa sagrada. Esta é propagada
aos pecadores que veem Jesus. “Ó, venha e coma”. Alguns de vocês dizem: “Eu não
conheço o caminho para esta mesa”. Jesus diz: “Eu sou o caminho”. Alguns de vocês
dizem: “Eu sou cego; Eu não consigo ver os meus pecados, nem meu Salvador”. Vão
lavar-se no tanque de Siloé. Alguns de vocês dizem: “Eu sou nu”. Jesus diz: “Aconselho-
te que de mim compres... roupas brancas, para que te vistas”. Vocês estão contaminados
em seu próprio sangue; mas Cristo lançou a Sua orla sobre vocês? Então não tenham
medo; venham com o Seu manto sobre vocês. Venham assim, e vocês são bem-vindos.

III

SERVIÇO DE MESA

(Este é o único exemplar de seu Serviço de Mesa, encontrado em seu próprio escrito à
mão, mas sem data).

“O Meu amado é meu, e eu sou Dele”.

1. Nos braços de minha fé, Ele é meu. Eu já fui do mundo – frio e descuidado com a
minha alma. Deus me despertou e me fez sentir que eu estava perdido. Eu tentei tornar-
me bom – consertar a minha vida; mas eu tentei isto em vão; eu fiquei mais perdido do
que antes. Eu fui, então, alertado a crer no Senhor Jesus. Então, eu tentei fazer-me
acreditar. Eu li livros sobre a fé, e tentei inclinar minha alma a crer, para que eu fosse para
o céu; mas ainda em vão. Eu encontrei isto escrito: “A fé é um dom de Deus” [Efésios
2:8]. “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1 Coríntios
12:3). Então eu fiquei mais perdido do que nunca. Enquanto eu estava assim, indefeso,
Jesus se aproximou, – suas vestes mergulhadas em sangue. Ele havia esperado muito
tempo em minha porta, mas eu não sabia disto. Sua cabeça estava “cheia de orvalho, os
meus cabelos das gotas da noite” (Cânticos 5:2). Ele tinha cinco feridas profundas, e Ele
disse: “Eu morri no lugar de pecadores; e qualquer pecador pode ter-me como Salvador.
Você é um pecador desamparado; você terá a mim?” Como posso resisti-Lo? Ele é tudo o
que eu preciso! Eu O segurei, e não poderia deixa-Lo ir. “Meu amado é meu”.

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2. Nos braços do meu amor, Ele é meu. Outrora eu não sabia o que as pessoas queriam
dizer por amar a Jesus. Eu queria perguntar como eles poderiam amar alguém a quem
eles nunca haviam visto; mas foi respondido: “Ao qual, não o havendo visto, amais” [1
Pedro 1:8]. Mas agora que eu tenho me escondido Nele – agora que eu estou apegado a
Ele – agora eu sinto que não posso deixar de amá-Lo; e eu espero vê-Lo, para que eu
possa amá-Lo mais. Muitas vezes eu caio em pecado, e isso remove a sensação de
segurança em Cristo. A escuridão vem, tudo está nublado, Cristo está ausente. Ainda as-
sim, nessa ocasião, eu estou doente de amor. Cristo não é luz e paz para mim; mas eu O
sigo diligentemente em meio à escuridão, Ele é precioso para mim; e apesar de eu estar
em trevas, Ele ainda é o meu amado: “Tal é o meu amado, e tal o meu amigo” [Cânticos
5:16].

3. Ele é meu no Sacramento – Muitas vezes, eu disse a Ele em oração, Tu és meu.


Muitas vezes, quando as portas se fecharam, e Jesus veio mostrando Suas feridas,
dizendo: “Paz seja convosco”, minha alma apegou-se a Ele, e disse: “Meu Senhor e meu
Deus!” Meu amado, Tu és meu! Muitas vezes tenho encontrado com Ele em lugares
solitários, onde não havia olhos do homem. Muitas vezes tenho chamado as rochas e
árvores para testemunharem que eu O tomei para ser o meu Salvador. Ele me disse:
“desposar-te-ei comigo para sempre”, e eu Lhe disse: “O meu amado é meu”. Muitas
vezes tenho saído com algum amigo Cristão, e nós derramamos nossos trêmulos
corações juntos, consultando um ao outro como para saber se tínhamos liberdade para
aproximarmo-nos de Cristo ou não; e nós juntos chegamos a esta conclusão: que se nós
[éramos] apenas pecadores desamparados, tínhamos o direito de nos aproximar do
Salvador dos pecadores. Nós nos apegamos a Ele e O chamamos de nosso. E agora,
viemos para toma-Lo publicamente, para chamar um mundo ímpio para testemunhar,
para chamar o céu e a terra para um registro de nossa alma, que nós realmente nos
aproximamos de Cristo. Vejam-No entregando-Se a nós no pão! Nós O aceitamos ao
aceitarmos este pão. Deem testemunho, homens e anjos, dê testemunho todo o universo
– “O Meu amado é meu”.

(Os comungantes, em seguida, participaram do pão partido e do cálice de bênção).

(Era seu costume, depois de terem comungado {participado da Ceia do Senhor}, falar
brevemente sobre alguns textos apropriados, antes de despedi-los das mesas. No Sabath
de 19 de janeiro, os textos eram: “Amai-vos uns aos outros” [João 15:12]; “Tudo quanto
pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar” [João 14:13]; “Em mim tenhais
paz; no mundo tereis aflições” [João 16:33].

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IV

DISCURSO DE CONCLUSÃO DO DIA

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos


irrepreensí-veis, com alegria, perante a sua glória”, (Judas 1:24).

Não há fim para as ansiedades de um pastor. Nosso primeiro cuidado é para que vocês
estejam em Cristo; e o próximo, para guarda-los de cair. Eu tenho uma boa esperança,
amados, que um bom número de vocês uniram-se hoje ao Senhor. Mas agora uma nova
ansiedade começa: levá-los a andar em Cristo – a caminhar segundo o Espírito. Aqui nós
lhes dizermos o que Deus, nosso Salvador é capaz de fazer por vocês: Primeiramente, os
guarda de cair por todo o caminho; Em segundo lugar, vos apresentará irrepreensíveis
por fim.

I. GUARDÁ-LOS DE TROPEÇAR

(1) Nós não somos capazes de guardar-nos de cair – Aqueles que se apoiam em
ministros, apoiam-se em uma cana agitada pelo vento. Quando uma alma recebeu
mensagem salvífica por meio de um ministro, ele frequentemente pensa que será mantido
de cair pelos mesmos meios. Ele pensa: “Ah, se eu tivesse esse amigo sempre ao meu
lado para me avisar, para me aconselhar!” Não; ministros não estão sempre próximos,
nem amigos piedosos. Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, eles viverão para
sempre? Nós em breve poderemos ser retirados de vocês, e pode vir a fome do pão. E,
além disso, nossas palavras nem sempre informam. Quando a tentação e as paixões são
fortes, vocês não dariam ouvidos a nós.

(2) Você nem sempre são capazes de guardar-se de cair – No momento vocês sabem
pouco da fraqueza ou maldade de seu próprio coração. Não há nada mais enganoso do
que sua estimativa de sua própria força. Ó, se vocês vissem a sua alma em toda a sua
enfermidade; se vocês vissem como todo pecado tem a sua fonte no seu coração; se
vocês vissem que mera cana vocês são, vocês chorariam: “Senhor, dirige os meus
passos” [Salmos 17:5]. Vocês podem estar fortes, no momento; parem até que uma
companhia convidativa ocorra; parem até uma oportunidade secreta. Ó quantos caíram,
então! No momento vocês se sentem fortes, – os seus pés como os da corça. Assim fez
Pedro à mesa do Senhor. Mas parem até esta explosão de sentimento passar; parem até
que vocês sejam convidados a juntar-se em algum jogo profano; parem até alguma
oportunidade completamente invisível, secreta de pecar– até que alguma provocação

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amarga desperte a sua raiva, – e vocês encontrarão que vocês são fracos como a água, e
que não há pecado em que não possam cair.

(3) Nosso Deus Salvador é capaz – Cristo nos trata como vocês fazem com os seus
filhos. Eles não podem andar sozinhos; vocês os seguram; o mesmo acontece com Cristo
por meio de Seu Espírito. “Eu ensinei a andar a Efraim; tomando-os pelos seus braços”
(Oséias 11:3). Suspirem esta oração: “Senhor, leve-me pelos braços”, diz John Newton.
Quando uma mãe está ensinando seu filho a andar sobre um tapete macio, ela, às vezes,
o deixa ir, e ele cairá, para ensiná-lo sobre a sua fraqueza; mas não tanto à beira de um
precipício. Assim o Senhor, às vezes, os deixa cair, como Pedro nas águas, mas não para
seu dano. O pastor carrega a ovelha em seu ombro; não importa quão grande a distância
seja; Não importa quão altas as montanhas, quão áspero o caminho; nosso Deus
Salvador é um Pastor Onipotente. Alguns de vocês têm montanhas em seu caminho para
o céu, – alguns de vocês têm montanhas de luxúrias em seus corações, e alguns de
vocês têm montanhas de oposição; não importa, apenas deitem no ombro. Ele é capaz de
guarda-los; mesmo no vale sombrio Ele não tropeçará.

II. APRESENTAR-VOS IRREPREENSÍVEIS

(1) Irrepreensíveis em justiça – Enquanto vocês vivem em vosso corpo mortal, vocês
serão repreensíveis em si mesmos. É um erro [capaz] de arruinar a alma acreditar em
qualquer outra coisa. Ó, se vocês fossem sábios, olhariam muitas vezes sob o manto da
justiça do Redentor para ver sua própria deformidade! Isto manterá vocês mais rápida-
mente sob Seu manto, e os manterá lavando-se na fonte. Agora, quando Cristo lhes trou-
xer diante do trono de Deus, Ele vestirá você com o Seu próprio linho fino, e vos apresen-
tará irrepreensíveis. Ó, é doce para mim pensar em quão breve vocês terão a justiça de
Deus nEle. Que justiça gloriosa, que pode permanecer à luz da face de Deus! Às vezes,
uma peça de roupa parece branca com pouca luz; quando vocês a trazem para a luz do
sol pode ver as manchas. Ó louvem, então, a justiça Divina, que é a vossa cobertura.

(2) Irrepreensíveis em santidade – Meu coração às vezes adoece quando eu penso sobre
os defeitos dos crentes; quando eu penso em um Cristão sendo amante da vida social,
outro vaidoso, outro dado à maledicência. Ó, anelem por serem Cristãos santos! – Cris-
tãos luminosos, resplandecentes. O céu está mais adornado pelas grandes constelações
brilhantes do que por muitas estrelas insignificantes; assim Deus pode ser mais glorificado
por um único Cristão brilhante do que por muitos indiferentes. Anelem por ser este único.

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Em breve, seremos irrepreensíveis. Aquele que começou, o concluirá. Seremos


semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é. Quando vocês deixarem este corpo,
podem dizer: Adeus para sempre, concupiscência, adeus meu odioso orgulho, adeus,
odioso egoísmo, adeus luta e inveja; adeus, vergonha de Cristo. Ó, isso torna a morte
doce, de fato! Ó, anelem partir e estar com Cristo!

III. A ELE SEJA A GLÓRIA

(1) Ó, se algo tem sido feito por sua alma, deem a Ele a glória! Não louvem nenhum outro,
deem todo o louvor a Ele.

(2) E deem o domínio a Ele também. Apresentai-vos a Ele, alma e corpo.

“Pai, eu quero” é extraído de Memórias e Lembranças do Reverendo Robert Murray


M'Cheyne, pelo Reverendo Andrew Bonar. Publicado pela primeira vez em 1844,
(Reimpresso, Edinburgh: Oliphant, Anderson, e Ferrier, 1883), páginas 419 a 431.

Ó Deus e Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo te pedimos que uses estas palavras,
e que, pelo Teu Espírito Santo, aplique com poder o que de Ti há neste sermão aos nossos corações
e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.

Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos ao
Conhecimento Salvador de Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!

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Fonte: Reformation-Scotland.org.uk │ Título Original: “Father, I Will”

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).

Tradução e Capa por Camila Rebeca Almeida │ Revisão por William Teixeira

***

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Corpo do texto
Fonte: Reformation-Scotland.org.uk
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Uma Biografia de Robert Murray M’Cheyne

Robert Murray M’Cheyne (1813 - 1843)

Robert Murray M’Cheyne nasceu em 29 de maio de 1813, nunca época dos primeiros
resplendores de um grande avivamento espiritual que ocorreria na Escócia. Entre os
preparativos secretos com os quais Deus tencionava derramar sobre seu povo dias de
verdadeiro e profundo refrigério espiritual se achava o nascimento do mais jovem dos
cinco filhos de Adam McCheyne.

Desde sua infância, M’Cheyne deu mostras de possuir uma natureza doce e afável, ao
mesmo tempo que se podia ver nele uma mente desperta e prodigiosa. Com apenas
quatro anos de idade tinha como seu passatempo favorito estudar o grego e o hebraico.
Aos oito anos ingressou numa escola superior, tendo passado anos mais tarde para a
Universidade de Edimburgo. Em ambos centros de ensino, distinguiu-se como estudante
brilhante. Era de boa estatura, cheio de agilidade e vigor, nobre em sua disposição,
evitando toda forma de comportamento enganoso. Alguns consideravam-no como
possuidor de forma inata de todas as virtudes do caráter cristão, porém, segundo seu
próprio testemunho, aquela moralidade pura e externa que era por ele exibida, nascia de
um coração farisaico, e como muitos de seus companheiros, lhe agradava gastar sua vida
nos prazeres mundanos.

A morte do seu irmão Davi causou uma profunda impressão em sua alma. Seu diário
contém numerosas alusões a este fato. Anos depois, escrevendo a um amigo, Robert
disse: “Ore por mim, para que possa ser mais santo e mais sábio, sendo menos o que
sou, e sendo mais como é o meu Senhor... Hoje, faz sete anos que perdi meu querido
irmão, porém comecei a encontrar o Irmão que não pode morrer”.

A partir de então, a consciência tenra de M’Cheyne despertou para a realidade do pecado


e para as profundidades de sua corrupção. “Que massa infame de corrupção tenho sido!

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Tenho vivido uma grande parte de minha vida completamente separado de Deus e para o
mundo. Tenho me entregado completamente ao gozo dos sentidos e às coisas que
perecem em torno de mim”.

Embora ele nunca tenha sabido a data exata do seu novo nascimento, jamais abrigou
temor algum de que este não tivesse acontecido. A segurança de sua salvação foi algo
característico de seu ministério, de modo que sua grande preocupação foi, em todo o
tempo, obter uma maior santidade de vida.

No inverno do ano de 1831 começou seus estudos no Divinity Hall, onde Tomas Chalmers
era professor de Teologia, e Davi Welsh de História Eclesiástica. Juntamente com outros
companheiros seus, Eduard Irving, Horátius e André Bonar – que escreveria a sua
biografia posteriormente, dentre outros amigos fervorosos, M’Cheyne se reunia para
pregar e estudar a Bíblia, especialmente nas línguas originais. Quando o Dr. Chalmers
teve notícia do modo simples e literal com que M’Cheyne esquadrinhava as Santas
Escrituras, não pôde deixar de exclamar: “Agrada-me esta literalidade. Verdadeiramente,
todos os sermões deste grande servo de Deus estão caracterizados por uma profunda
fidelidade ao texto bíblico”.

E já neste período de sua vida, M’Cheyne deu mostras de um grande amor pelas almas
perdidas, e juntamente com seus estudos dedicava várias horas da semana para a
pregação do Evangelho, tarefa que realizava quase sempre nos bairros pobres e mais
baixos de Edimburgo.

Como os demais grandes servos de Deus, M’Cheyne teria uma clara consciência da
radical seriedade do pecado. A compreensão clara da condição pecaminosa do homem
era para M’Cheyne um requisito imprescindível para fazer sentir ao coração a
necessidade de Cristo como único Salvador, e também a experiência necessária para
uma vida de santidade.

Seu diário testemunha o severo juízo que fazia de si mesmo: “Senhor, se nenhuma outra
coisa pudesse livrar-me dos meus pecados, a não ser a dor e as provas, envie-mas,
Senhor, para que possa ser livrada de meus membros carregados de carnalidade”.

Inclusive nas mais gloriosas experiências do crente, M’Cheyne podia descobrir resquícios
de pecado, e assim nos diz numa ocasião: “Mesmo minhas lágrimas de arrependimento
estão manchadas de pecado”.

André Bonar escreveu acerca do seu amigo as seguintes palavras: “Durante os primeiros

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anos de seus cursos no colégio o estudo não chegou a absorver toda a sua atenção.
Contudo, tão logo começou a mudança em sua alma, isto se refletiu em seus estudos. Um
sentimento muito profundo de sua responsabilidade o levou a dedicar todos seus talentos
ao serviço do Mestre, que lhe havia redimido. Poucos têm se consagrado à obra do
Senhor, como fruto de um claro conhecimento de sua responsabilidade”.

Enquanto estudava Literatura e Filosofia no colégio sabia encontrar tempo para dedicar
sua atenção à Teologia e à História Natural. Nos dias de sua maior prosperidade no
ministério da pregação, quando juntamente com sua alma, sua congregação, e rebanho,
constituíam o todo dos seus desvelos, frequentemente lamentava não ter adquirido, nos
anos anteriores, um caudal de conhecimentos mais profundo, pois se havia dado conta
que podia usar as jóias do Egito no serviço do Senhor. De vez em quando seus estudos
anteriores evocavam em sua mente alguma ilustração apropriada para a verdade divina, e
precisamente no solene instante em que apresentava o Evangelho glorioso aos mais
ignorantes e depravados.

Suas próprias palavras manifestam sua estima pelo estudo, e ao mesmo tempo revelam o
espírito de oração, que segundo M’Cheyne, devia sempre acompanhar os estudos.
“Esforça-te nos estudos”, escreveu a um jovem estudante em 1840. “Dá-te conta que
estás formando, em grande parte, o caráter do teu futuro ministério. Se adquirires agora
hábitos de estudo matizados pelo descuido e inatividade, nunca tirarás proveito do
mesmo. Faz cada coisa a seu tempo. Sê diligente em todas aquelas coisas que valham a
pena serem feitas, e faz isto com todas as tuas forças. E acima de tudo, apresenta-te ao
Senhor com muita frequência. Não intentes nunca ver um rosto humano até que não
tenhas visto primeiro o rosto dAquele que é nossa luz e nosso tudo. Ora por teus
semelhantes. Ora por teus mestres e companheiros de estudo”. A um outro jovem
escreveu: “Cuidado com a atmosfera dos autores clássicos, pois é na verdade, perniciosa,
e tu necessitas muitíssimo, para afastá-la, do vento sul que sopra das Escrituras. É certo
que devemos conhecê-los – porém da mesma maneira que o químico faz experiência
com as substâncias tóxicas – para descobrir suas propriedades químicas, e não para
envenenar com elas o seu sangue”. E acrescentou: “Ora para que o Espírito Santo faça
de ti não somente um jovem crente e santo, senão para que também te dê sabedoria em
teus estudos”.

“Às vezes um raio da luz divina que penetra a alma pode dar suficiente luz para aclarar
maravilhosamente um problema de matemática. O sorriso de Deus acalma o espírito, e a
destra de Jesus levanta a cabeça do decaído, enquanto seu Santo Espírito aviva os
efeitos, de modo que os estudos naturais possam ser feitos um milhão de vezes melhor e
mais facilmente”.

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As férias, para M’Cheyne, como para os seus amigos mais íntimos que permaneceram na
cidade, não eram consideradas como uma interrupção quanto aos estudos a que nos
referimos. Uma vez por semana costumavam passar uma manhã juntos com o propósito
de estudar algum ponto de teologia sistemática, assim como para trocar impressões sobre
o que haviam lido em privado.

Um jovem assim, com faculdades intelectuais tão pouco comuns e às quais se unia o
amor ao estudo numa memória extremamente profunda, facilmente escolheu não colocar
em primeiro lugar a erudição, mas sim a tarefa de salvar as almas. Ele submeteu todos os
talentos que possuía à obra de despertar aqueles que estavam mortos em delitos e
pecados. Preparou sua alma para a poderosa e solene responsabilidade de pregar a
Palavra de Deus, e isto fez “com muita oração e profundo estudo da Palavra de Deus;
com disciplina pessoal; com grandes provas e dolorosas tentações, pela experiência da
corrupção da morte em seu próprio coração, e pela descoberta da plena graça do
Salvador. Por experiência própria podia dizer: “Quem é o que vence o mundo senão o que
crê que Jesus é o Filho de Deus?”.

No dia primeiro de julho de 1835, M’Cheyne obteve licença para pregar pelo presbitério de
Annan. Depois de haver pregado por vários meses em diferentes lugares e dado
evidência da peculiar doçura com que a Palavra de Deus fluía de seus lábios, M’Cheyne
veio a ser o ajudante do pastor John Bonar nas congregações unidas de Larberte e
Dunipade, próxima de Stirling. Em sua pregação fazia outros partícipes de sua vida
interior, à medida que sua alma crescia na graça e no conhecimento do Senhor e
Salvador. Começava o dia muito cedo cantando salmos ao Senhor. A isto seguia a leitura
da Palavra para sua própria santificação. Nas cartas de Samuel Rutherford encontrou
uma mina de riquezas espirituais. Entre outros livros de leitura favorita figuravam
Chamamento aos Não Convertidos, de Richard Baxter, e a Vida de Davi Brainderd, de
Jonathan Edwards. Em novembro de 1836 foi ordenado pastor na Igreja de São Pedro,
em Dundee. Permaneceu como pastor desta congregação até o dia da sua morte. A
cidade de Dundee, como ele mesmo se referiu a ela, “era uma cidade dada à idolatria e
de coração duro”. Porém não havia nada em suas mensagens que buscasse o agrado do
homem natural, pois longe estava de seu coração buscar agradar os incrédulos. “Se o
Evangelho agradasse ao homem carnal, então deixaria de ser Evangelho”. Estava
profundamente convencido que a primeira obra do Espírito Santo na salvação do pecador
era a de produzir convicção do pecado e a de trazer o homem a um estado de desespero
diante de Deus. “A menos que o homem não seja posto ao nível de sua miséria e culpa,
toda nossa pregação será vã porque somente um coração contrito pode receber ao Cristo
crucificado”. Sua pregação estava caracterizada por um elemento de marcante urgência e

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alarme. “Que me ajude sempre a lhes falar com clareza. Mesmo a vida daqueles que
podem viver muitos anos, é na realidade, curta. Contudo, esta vida curta, que Deus nos
tem dado e que é suficiente para que busquemos o arrependimento e a conversão, logo,
muito rapidamente passará. Cada dia que passa é como uma passo a mais em direção ao
trono do juízo eterno”.

Ao seu profundo amor pelas almas se somava uma profunda sede de santidade de vida.
Escrevendo a um companheiro no ministério, disse: “Sobre todas as coisas cultiva teu
próprio espírito. Tua própria alma deveria ser o principal motivo de todos os teus cuidados
e desvelos. Mais que os grandes talentos, Deus abençoa aqueles que refletem a
semelhança de Jesus em suas vidas. Um ministro santo é uma arma poderosa nas mãos
de Deus”. M’Cheyne talvez pregou com mais poder com sua vida que com suas
mensagens, como bem sabia e dizia seu amigo André Bonar, que “os ministros do
Evangelho não somente devem pregar fielmente, como também viver fielmente”.

Como pastor em Dundee, M’Cheyne introduziu importantes inovações na congregação.


Naquela ocasião as reuniões de oração eram desconhecidas, eram muito raras.
M’Cheyne ensinou aos membros a necessidade de ser reunirem todas as quintas-feiras à
noite para unirem seus corações em oração ao Senhor, e estudar Sua Palavra. Também
destinava outro dia durante a semana para os jovens. Seu ministério entre as crianças
constitui a nota mais brilhante de seu ministério.

Ao seu zelo por santidade de vida acrescentava seu afã por pureza de testemunho entre
os membros de sua congregação. M’Cheyne era consciente de que a igreja – como parte
do corpo místico de Cristo deveria manifestar a pureza e santidade dAquele que havia
morrido para apresentar uma igreja santa e sem mancha ao Pai. Daí seu zelo pela
observância da disciplina na congregação. E assim, num culto de ordenação de
presbíteros, disse: “Ao começar meu ministério entre vocês, eu era extremamente
ignorante da grande importância que a igreja de Cristo tem da disciplina eclesiástica.
Pensava que meu único e grande objetivo nesta congregação era o de orar e pregar.
Suas almas me pareciam tão preciosas e o tempo me parecia tão curto, que eu decidi
dedicar-me exclusivamente com todas minhas forças e com todo o meu tempo ao
trabalho da evangelização e à doutrina. Sempre que os anciãos desta igreja me
apresentaram casos de disciplina, eu os considerava como dignos de aborrecimento.
Constituíam uma obrigação diante da qual eu me encolhia. Porém agradou ao Senhor,
que ensina a seus servos de uma maneira muito distinta que o homem, dará ocasião dEle
ser bendito não apenas com o dom da conversão, mas com alguns casos de disciplina a
nosso cuidado. Desde então uma nova luz acendeu em minha mente. Dei-me conta que

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não somente a pregação era uma ordenança de Cristo, como também o exercício da
disciplina eclesiástica”.

Ao mesmo tempo que o vigor e a força espiritual de sua alma alcançava uma grandeza
gigantesca, a saúde física de M’Cheyne se enfermava e enfraquecia à medida que os
dias transcorriam. Em fins do anos de 1838, uma violenta palpitação do coração,
ocasionada por seus árduos trabalhos ministeriais, obrigaram o jovem pastor a buscar
repouso. E como sua convalescença seguia num ritmo muito lento, um grupo de pastores,
reunidos em Edimburgo na primavera de 1839, decidiu convidar M’Cheyne para que se
unisse a uma comissão de pastores que planejava ir à Palestina para estudar as
possibilidades missionárias da Terra Santa. Todos criam que tanto o clima como a viagem
redundariam em benefício para a saúde do pastor. De um ponto de vista espiritual, sua
estada na Palestina constituiu uma verdadeira bênção para sua alma. Visitar os lugares
que haviam sido o cenário da vida e obra do bendito Mestre, e pisar a mesma terra que
um dia pisara o Varão de Dores, foi uma experiência indescritível para o jovem pastor.
Contudo, fisicamente, o estado de M’Cheyne não melhorou, antes, pelo contrário, parecia
que seu tabernáculo terrestre ameaçava desmoronar totalmente. E assim, em fins de
julho de 1839, encontrando-se a delegação missionária próximo de Esmirna, e já a
caminho de volta, o Senhor estendeu sua mão curadora, e o grande servo do Evangelho
pôde finalmente regressar à sua amada Escócia e a seu querido rebanho em Dundee.

Durante sua ausência, o Espírito Santo começou a operar um avivamento maravilhoso na


Escócia. Este avivamento começou em Kilsyth, e sob a pregação do jovem pastor W. C.
Burns, que havia substituído a M’Cheyne enquanto ele se convalescia. Num curto espaço
de tempo a força do Espírito Santo, que impulsionava o avivamento, se deixou sentir em
muitos lugares. Em Dundee, onde cultos se prolongavam até altas horas da noite em
cada dia da semana, as conversões foram muito numerosas. Parecia como se toda a
cidade houvesse sido sacudida pelo poder do Espírito.

Em novembro do mesmo ano, M’Cheyne, tendo melhorado de sua enfermidade, retornou


à sua congregação. Os membros da Igreja transbordavam de alegria ao ver de novo o
rosto do seu amado pastor. A igreja fez um silêncio absoluto, enquanto todos esperavam
que M’Cheyne ocupasse o púlpito. Muitos membros derramaram lágrimas de gratidão ao
verem de novo o rosto de seu pastor. Porém ao terminar o culto, e movidos pelo poder de
sua pregação, foram muitos os pecadores que derramaram lágrimas de arrependimento.

O regresso de M’Cheyne a Dundee marcou um novo episódio no seu ministério e também


na Igreja escocesa. Parecia como se a partir de então o Senhor houvesse se disposto a
responder as orações que o jovem pastor elevara desde o princípio do seu ministério

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suplicando um avivamento ali onde M’Cheyne pregara, e o Espírito acrescentava novas


almas à Igreja.

Na primavera de 1843, ao ter M’Cheyne regressado de uma série de reuniões especiais


em Aberdeenshire, caiu repentinamente enfermo. Neste lugar havia visitado a vários
enfermos com febre infecciosa, e a sua constituição enfermiça e débil sucumbiu ao
contágio da mesma. E no dia 25 de março de 1843 ele partiu para estar com o Senhor.

“Em todas as partes onde chegava a notícia de sua morte – escreveu Bonar – o
semblante dos crentes se ensombrecia de tristeza. Talvez não haja havia outra morte que
tenha impressionado tanto os santos de Deus na Escócia como a deste grande servo de
Deus, que consagrou toda sua vida à pregação do Evangelho eterno. Com frequência
costumava dizer: “vivam de tal modo que nenhum dia seja perdido por vocês”, e ninguém
que houvesse visto as lágrimas que foram vertidas na ocasião de sua morte teriam
duvidado em afirmar que sua vida havia sido o que ele havia recomendado a outros. Não
teria mais que vinte e nove anos quando o Senhor o levou”.

“No dia do sepultamento cessaram todas as atividades em Dundee. Desde o domicílio


fúnebre até o cemitério, todas as ruas estavam abarrotadas de gente. Muitas almas se
deram conta naquele dia que um príncipe de Israel havia caído, enquanto muitos
corações indiferentes experimentaram uma terrível angústia ao contemplar o solene
espetáculo”.

A sepultura de M’Cheyne pode ser vista no rincão nordeste do cemitério que fica ao redor
da Igreja de São Pedro. Ele se foi às montanhas de mirra e às colinas de incenso, até que
desponte o dia e fujam as sombras. Completou sua obra. Seu Pai celestial não teria para
ele outra planta para regar, nem outra vida para cuidar, e o Salvador, que tanto o amou
em vida, agora o esperava com suas palavras de boas-vindas: “Muito bem, servo bom e
fiel, entra no gozo do teu Senhor”.

O ministério de M’Cheyne não terminou com sua morte. Suas mensagens e cartas,
juntamente com sua biografia, escrita por seu amigo André Bonar, têm sido um rico meio
de bênção para muitas almas.

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♦ Fonte: www.poesias.omelhordaweb.com.br

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2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
2
desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando
com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
3
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.
4
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
5
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque
não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos
6
vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas
resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
7
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro
8
em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo
9
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Persegui-
10
dos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda
a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se
11
manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12 13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E
temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos
14
também, por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos
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ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por
amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de
16
graças para glória de Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
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exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
18
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não
atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se
veem são temporais, e as que se OEstandarteDeCristo.com
não veem são eternas. 30
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