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As Alianças Bíblicas e a Escatologia

– Introdução
As alianças bíblicas são muito importantes para quem estuda
escatologia. O plano profético de Deus é determinado e prescrito por
essas alianças.

O relacionamento de Deus com o homem é sempre mediado através


de uma ou mais alianças bíblicas. Deus se comprometeu a realizar
determinados eventos na história e a profecia diz respeito a "quando"
essas promessas serão cumpridas totalmente.

As alianças bíblicas são bem diferentes das alianças teológicas da


teoria "aliancista". Essa teoria vê as épocas da história como o
desenvolvimento de uma aliança entre Deus e os pecadores, na qual
Deus salvaria, por meio da morte de Cristo, todos os que viessem a
Ele pela fé.

Resumo da teoria aliancista:

A aliança da redenção (Tt 1.2; Hb 13.20) – A Trindade assumiu,


cada um, parte no grande plano de redenção que é sua porção
presente, conforme revelado na Palavra de Deus. Nessa aliança o
Pai entrega o Filho, o Filho se oferece sem mácula como sacrifício
eficaz e o Espírito administra e capacita a execução dessa aliança em
todas as suas partes.

A aliança das obras – Segundo os teólogos são as bênçãos que


Deus ofereceu ao homem. Antes da queda, Adão relacionou-se com
Deus pela aliança de obras. Até que seja salvo, o homem tem a
obrigação implícita de ser semelhante em caráter a seu Criador e de
fazer a Sua vontade.

A aliança da graça – Indica todos os aspectos da graça divina para


com o homem em todas as épocas. O exercício da graça divina torna-
se possível e justificado pela satisfação de julgamentos divinos obtidos
na morte de Cristo.

Apesar de a teoria teológica Aliancista estar de acordo com a Bíblia,


ela é insatisfatória para explicar as Escrituras escatologicamente, pois
despreza o grande campo de alianças bíblicas que determinam todo o
plano escatológico.

O uso bíblico da palavra Aliança

É usada nos relacionamentos entre Deus e o homem, entre os


homens e entre as nações. É usada para coisas temporais e coisas
eternas.

Aliança divina é

1) uma disposição soberana de Deus, mediante a qual Ele estabelece


um contrato incondicional ou declarativo com o homem, obrigando-se,
em graça, por um juramento irrestrito, a conceder, de Sua própria
iniciativa, bênçãos definidas para aqueles com quem compactua ou

2) uma proposta de Deus, em que Ele promete, num contrato


condicional e mútuo com o homem, segundo condições
preestabelecidas, conceder bênçãos especiais ao homem desde que
este cumpra perfeitamente certas condições, bem como executar
punições precisas em caso de não-cumprimento.

Natureza das Alianças

1. São Alianças literais e devem ser interpretadas literalmente. Tal


interpretação está em harmonia com o método literal de interpretação.

2. São Alianças eternas. Todas as alianças de Israel são chamadas


eternas, com exceção da aliança Mosaica, que é declarada temporal e
deveria continuar até a vinda da Semente Prometida (Jesus):
- A aliança Abraâmica é chamada "eterna" em Gênesis 17.7,13,19; 1
Crônicas 16.17; Salmos 105.10;

- A aliança Palestina é chamada "eterna" em Ezequiel 16.60;

- A aliança Davídica foi chamada "eterna" em 2Samuel 23.5, em Isaías


55.3 e em Ezequiel 37.25;

- A Nova Aliança é chamada "eterna" em Isaías 24.5, 61.8, em


Jeremias 32.40, 50.5 e em Hebreus 13.20.

3. São Alianças incondicionais , visto que são literais, eternas e


dependem solenemente da integridade de Deus para o seu cumpri-
mento.

4. São Aliança estabelecidas com um povo pactual, Israel. Em


Romanos 9.4 Paulo declara que a nação de Israel tinha recebido
alianças do Senhor. Em Efésios 2.11,12 ele declara, contrariamente,
que os gentios não haviam recebido tal aliança e conseqüentemente
não gozavam de relacionamentos pactuais com Deus. Essas duas
passagens mostram, de modo negativo, que os gentios não tinham
relacionamentos de aliança e, de modo positivo, que Deus tinha
firmado um relacionamento de aliança com Israel.

Tipos de Alianças

As alianças são contratos feitos entre indivíduos com o propósito de


regulamentar esse relacionamento. Deus quer comprometer-se com
Seu povo, ou seja, deseja cumprir Suas promessas para poder
demonstrar na história que tipo de Deus Ele é.

Os relacionamentos na Bíblia – especialmente entre Deus e os


homens – são legais ou judiciais. Por isso que eles são mediados
pelas alianças. As alianças normalmente envolvem intenção,
promessas e sanções.
Existem três tipos de Alianças na Bíblia:

1 – O tratado chamado de "Garantia Real" (incondicional) – Uma


aliança promissória que surgiu de um desejo do rei em recompensar
um servo leal. Por exemplo:

 Aliança Abraâmica
 Aliança Davídica

Devemos entender que essas alianças são incondicionais. Esse


aspecto é importante na profecia bíblica, pois está em jogo se Deus é
ou não obrigado a cumprir as Suas promessas, especialmente para
com as partes originalmente envolvidas na aliança.

Por exemplo, cremos que Deus deve cumprir em relação a Israel


(como nação) as promessas feitas através das alianças
incondicionais, como a Abraâmica, a Davídica e a Palestina. Se isso
for verdade, então elas precisam ser realizadas literalmente – o que
implica que muitos de seus aspectos ainda devem ser cumpridos.

“Uma aliança incondicional pode ser definida como um ato soberano


de Deus, sendo que o Senhor, portanto, obriga a Si mesmo a fazer
com que se cumpram as promessas, bênçãos e condições estabe-
lecidas para o povo com quem fez a aliança. E uma aliança unilateral.
Esse tipo de aliança é caracterizado pela forma verbal futura, que
mostra a intenção dEle cumprir exatamente o que prometeu, no tempo
determinado para isso. As bênçãos são garantidas por causa da graça
de Deus.” (Fruchten-Baum)

2 – Tratado entre o "Suserano e o Vassalo " (condicional) - vincula


um vassalo (inferior) a um suserano (superior) e a responsabilidade
recai apenas sobre aquele que fez o juramento. Exemplos:

 Quedorlaomer, rei de Elão (Gênesis 14)


 Jabes-Gileade enquanto servia Naás (1 Samuel 11.1)
 Aliança Adâmica
 Aliança Noaica
 Aliança Mosaica (Deuteronômio)

Tratado entre o "Suserano e o Vassalo" no formato de Deuteronômio:

 Preâmbulo (1.1-5)
 Prólogo Histórico (1.6-4.49)
 Principais Provisões (5.1-26.19)
 Bênçãos e Maldições (27.1-30.20)
 Continuidade das Alianças (31.1-33.29)

3 – O tratado de "Paridade" – une duas partes iguais em um re-


lacionamento e estabelece as condições estipuladas pelos seus par-
ticipantes. Exemplos:

 Abraão e Abimeleque (Gênesis 21.25-32)


 Jacó e Labão (Gênesis 31.43-50)
 Davi e Jônatas (1 Samuel 18.1-4; veja também 2 Samuel 9.1-13)
 Cristo e os crentes pertencentes à era da Igreja, ou seja, Seus
"amigos" (João 15)

Alianças Bíblicas

Existem pelo menos oito alianças mencionadas na Bíblia:

 Aliança Edênica (Gênesis 1.18-30; 2.15-17)


 Aliança Adâmica (Gênesis 3.14-19)
 Aliança Noaica (Gênesis 8.20-9.17)
 Aliança Abraâmica (por exemplo Gênesis 12.1-3)
 Aliança Mosaica (Êxodo 20-23; Deuteronômio)
 Aliança Davídica (2 Samuel 7.4-17)
 Aliança Palestina (Deuteronômio 30.1-10)
 Nova Aliança (por exemplo, Jeremias 31.31-37)
A maneira como as alianças se relacionam com Israel é de fun-
damental importância para o estudante das profecias.

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