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(4) is sere noe feces dlictal, Bro Co oce , brubsthtang lor ha bens, t ' $ * . | Soltes, no.nada. E os proprios atomos consistem praticamente de nada, ja que gang XV. " VILEM FLUSSER + Frocuraret expor, baseado nos projetos existenciseis que informom a noses ci. -Vilizag&o, e dos guais tratatios no curso destas aulas, de maneira muito rely Sumida a cosmovisao que a ciencia atual nos foxnece,. Obedecerei, nessa ten_| .tativa, a divisioe. de camadas de realidade proposta por Nicolai Hertmann, mas - agrescentarei uma quarte. Assim darei um resumo da cosmoviséo das cLencias + flsicas, biologicas psicologigas e sociais nesta ordem. Essa divisao nbox tem, & mev ver, validade, ontolopica, porque a realidade que nos confronta ni admite divisgo em territorios definidos. O valor sera puramente historioo, || ja que as ciencias surgirem na ordem por mim enumerada.A interpretacao da co. mgvisao sera tentada na proxima aula. Ha aproximadamente seiscentos anos o intelecto humano virou_se contra a naty | reza que o cerca para opor_se a ela. Tofnou_se sujeito_esca intelecto, e a’; natureza tornou_se seu objéto. Trata_se de uma alienag&o do intelecto, o | qual ascume uma posigéo transcendente g dronica frente a natureza., Essa posi! ¢ao antropocentrica e chamada, na historia do pensamento, de “humanismo". 0 objeto da mente, a natureza, sofreu uma .transformagho progressiva no procegee de oposigéo, uma transformggao que pode ser chamada de,"conhecimento cienti_ fico progreasivo".- Os fendmenos da natureza, cujo carater ilusorio tem sido reconhecido sempre, foram paulatinamente reduzidos a estrutura fundamental | que informa a natureza. Essa es$rutura foi formulada em proposig6es matéme_ ticas, ¢ © progresso da ciencia e a simplificeqaéo progressiva dessas equagées' articuladoras da estrutura da realidade. A f: siga atual consepuiu reduzir os! termos dos quais consistem essas equagses a um nurero muito Pequenos, em ver gade c falendo estritamente o myndo da natureza pode ser articulado com um Unico termo a saber’cm/ser. ft obvio que equagdes tao pobres em termos e em vrelagoes entre termos néo, podem tradugir a gnexme riqueza vivencial que a ng tureza’nos proporciona. & pertanto muito dificil imaginar_se, em nossa ima, ginegao ingenva e primitiva, a visio ave a fisica nos ebre. Tentarei entre_ tanto essa tarefa. . 4 substancia do mundo da natureza @ algo aue &@ nos apresenta de duas manei_ rast materia e energia. A diferenga entre materia e energia @ ilusoria e fof! eliminada das equagoes da fisica moderna. Com efeito, ha fendmenos que po Gem ser imaginados tanto como meter ais como. como gnergeticas, dependendo ts to da nossa escolhs deliberada. Por exemplo o fenomeng da luz pode ser enca vrado, em determinado contexto, como os¢ilagBo de energig, e en outre contexto, como corpusculos, of photons. Fundament»1mente,sio materia e energia duas na’ heires de manifestagéo 60 mesmo aubstrato. Materia e energla eparecem orza nizadas em Quas estruturas, em,dois campos, Um e_chamedo de campo sravite TI onal, e o outro de eletro_mapnetico, e a tisica n&o consepuiu ainda reduz: 10 para ume unica estrutura. Isto e uma circunstancia incomoda para nosso genso estetico, porque gostariamos simplificar ainda mais o universo. 0 campo de_ ve ser imaginado como uma rede tridimensional composta de linhes gue ee densi! ficam no eeu sentro é rarefazem nos seus horizontes, Sfo uma aspecie de ces _1 tes, Ao longo dos fies dessas cestas dao se of fe¢ndmenoe chamados "natureza™, Quanto mais densas as jinheas, tanto mein Intensa é a manifest ao da natureza No fundo da cesta ele 6 ghamada “meteria", nas paredes Wonerale A passagen de materia para energfla e gradativa, @ a passasem do fundo para os horizontes a cesta,” - i As ceates mais primitivas ¢ menores 880 06 &tomos, nos quais o nicleo represer ta a materia, e as oscilagces em sev redor represgntam a energie. Essas cest| tas séo fugazes e volatefs. A sua estrutura ¢ fragil, e quanto mais complexe a6 cestas, tanto mais fragil a cua getrutura, A cesta mais simples,e repre_ santada poy um funde simples e uge unica oscilagZo em seu redor, e é chamada | 4e [hidrogenio", 0,0 -hidpogenio ¢: portanto.o modelo meis simples da’ natureree: 0 nugleo do hidvegénio, 6 o prototipo da materja, o oscilnr em sey redor @ o | prototipo da energia. -Mas esses proprigs prototipos demonstrem, pitimamente, | . & Bua complexidade, Nisto reside uma seria dificuldade epistemalogica, porque quer parecer que a simplicidede da natureza nos foge, sempre quendo penssmos tezja alcangado. Voltarel para a consideragéo do atomo em poucos instantes. Os atomos sao separados entre si pelo abismo do nada, Filutuam, eatruturas | VILEM FLUSSER , . . a djstancia que separa nucleo da oscilagio perfaz praticamente o volume inteirs, do atomo, e essa distancia 6 nada. Mas, assim mesmo, esta a matoria dos &tomos| reunida em nuvens gigantescas que por sua vez flutuam no nada. Essas nuvens sal chempadas "sistemas galacticos" e¢ formam enormes supercestas pinduradas no nada. Os atomos que foymam as nuvens malacticas obedecem, eo forms 238 a certag es. { trutures. A gelaxia como um todo tem ume forpa simplese A tipica forma é a Ga. uma lente que gira em redor do seu centro. Fa outrar formas, por exemplo a da espiral, ou da espiral dupla, mas parece que todas essas formas tendem para a * lente. 0 volume dessa lente @ constituide praticamente de nada. £ pura estru tura. ,Em certos lugares nessa estrutura yazie, neqeles nos quais as linhas ” i imaginarias se cruzam, ha eglomeradgs de atomos chamcdos Yastros", e entre o8 astros, como pontes sobre o nada, ha os fios de enerela., Os astros formam ces tas dentro da cesta da galoxja, formam campos eletromagneticos e eravitaciongls na galaxia. Qs astrog sho, obviemente, constituides praticamente de yada, ja que sgo f,rmades por atomos, mas @ aglomeragao dos atomos nos ,astros e gigantes ca. Ha praticemente um numero incontavel de gahexias, e 4 o nimero de astros eit} cada galayia e agtronomico no verdadeiro sentido do termo. Mas embora seja,gran! de esse numero, @-ele finito, A natureza consiste de um numero finito de ato “|; nos, ela tem portanto um peso e uma dimensao finite. Ha uma quantidade finita_ de materia e energia na natureza. Finite, mgn nao constantg, As cestas que ea os atomos tem a tendencia Ge desfazer_se. Ha sempre menos ctomos no mundo. Ag} be desfazerem os atomos, desint¢gram_se seus nucleos e transformam 5e em energi¢ A costa se trinsforma em Lios solvos., Ha portento sampro menos netéria e. sen pre mais energia no mundo. C mundo pesa sewpre menos. As cestas formem aquito, que chemamos “espago", e a desintegragao das cestas forma aquilo que chamamos | "tempo". Como tempo portagto © espago se desffa, gresce, mundo se expende,' O processo de perda,de peso’de aumento de dimensao e irrevesivel, ou pelo menos parece se_lo no estagio atual do nosag conhecimento, * transformagno de mate ria em energia obedece a uma flexa univoce chamada "entropia". Conforme se ex + pande o mundo, ¢ conforme se torna mais vazio, diminui em oportunidades reali” zaveis. 0 mundo se torna profressivamente mais pobre. : m Devemos portanto imeginar o tempo como a linha que mede a decadencie do YPEn, e@ 0 espago como a consequencia dessa decadencia progressiva. ‘uanto mais tem po decorre, tanto mais ha espago. Com efcito, tempo e espago sao dois aspectos da mesma estrutura, da mesma cesta. O mundo tem quatro dimensces, es tres da - peta, e a quarta da decedencig da cesta, jo inicio dgsse processo todo nao ha via nem tempo nem espago. Havia um supernucleo de um unico atomo, portanto ha_ via um ponto sem dimenndes infinitemonte pesado. O processo que e o mundo foz explodir esse ponto, diminuindo_lhe o peso 9 fazendo desintegrar_se em encrgjas Assim surgiram eepago ¢ tempo, e assim surgiu o mundo finite atual, como estegic passagei ro, , O fim do proceaso sera a total transformagao de materia em energia, O mundo,sera infinito no espago, e sev peso sera zerge No comego o mundo era nada, ja que,nao tinha dimensoes, no fim o mundo sera neda, ja que néo tera pe_, g0, e no cstagio etual o mundo é@ praticamente nada, Ou, reformulando, o mundo. 6 pyra estrutra, o resto 6 iluséo superada pela clencia moderna. Isto nho é fan tasia, mas pode ser demonstraéo vivencialmente., Podemos observar como as gala xias fogem desesperadamente de um centro imaginario e uma da oytra em diregao do nada, Podemos observar como materia se transforma em energia. Podemos ob_ servar como o espago @ finito e curva, como portento a luz volta 4 sua origem .depgis de ter dado a volte pelo mundo. Esta o imagem um tanto desesperada que a fisica nos ofereces - * . 2 As cestas menores sao os atomos, e como o numero de atomgs e finito, e,igual_ mente finito g nimero de tipos de cestas. Com efeito, ha 92 tipos de atomes, embora esse numero possa ser artificialmente aumentado. Esses atomos tem a ten Gencia misteriosa, e,nunce realmente explicada, de se unirem para formarem ped. rinheas duras, as molecylas, que sig os componentes daquilo que chamemos ingenu_ amente de corpos. Os atomos néo sao equivalentes entre si, mas podem ser orga - nizedas em escala hierarquica, a escala de Mepdolters' que espelha as suas par $iculariedades, O numero de combinagdes possiveis antre_atopos & enorme, mas, obviamente, cgmo tudo no mundoy finito. Nessas_combinagoes e importante saber © quais sho os atomos que participam, e quantos sao, o de que mancira estrutural o fazem. As cominagoes possiveis sao enormes, mas no cosmos apenes umas povcas ge realizam, Nos astros, pelo meyos assim nou parece, os btqmos formam molé culas simples, e o joro entre os abonosy 0 jono da quimtcg, 6 muito motesto. Na terra, e especialmente na superficie da terra, o jogo @ enormemente comple i xo, @ foi complicado ainda mais pelas compinagoes introduzidas pela quimica 7 consciente de si mesma. Surgem super_moléculas das quais participam milhares | de &tomos em estruturas tremendamente envoltas, e surmem cadeias de ,moleculas ligadas entre si, os chamados polimeros. Quanto maig complexe, omolecula, tan i to mais fraeil ¢ vento mals sujeita ao jogo combinatorlo da quimica, tento yais | cegrrupta e maleavgl. Os polimeros sdo0 8s combinngoes male corruptas e molenveL Ha dois tipos de atomos que se prestem especielmente bem pare a formagae de po limeros: o silicio e o carbono. Na terra formaram_se, ha milhoes g milhdes de anos, polimeros especiais tendo o carbono por basee A quimica esta tentando fazer com o silifcio a mesma.coisa. Os mais importantes polimeros ng base do carbono, os mais importantes para esta aula, sso as albumines e oF acidos ri ponuclelnicos, e com iste passo a considerar a biologias . ~ A viologia trata do comportamento de certas elbuminas © de certes acides ribo nucleinicos, e forma, assim, ume subdlyisio 6a quimica, pelo menos em tese. Me © comportamento desses dois polimeros @ de tg] maneira diferente do comportama to das demais substencius, que,os-métodos quimicos nao sao eplicnvels. Trata_ renos desse problema eplstemolorico na proxima avila, ¢ pasfaremos 2 deserever a coamovisao da biologia. Wum dadg momento da historia da terra formou_se ume estrutura composta de albuminas e acidos ribonucleinicos chamada protoplosma. N&o podemos sequer imaminer como essa gote viscosa,se Lormou, porque jeto nao esta mais aconteceydo, Farece tratar_se de um fendmeno,tinico, o qe e, eviden temente, muito incomodo para s ciencia “ue trate de fengmenos repetitives. essa mota deve ter uma estrutura t&o complexa que desafia 7 imaginagjo e exige que gonfessemos a nosge f6 em milagres. fi forma da gota chsma_se cela, Tem um nucleo formado de acidgs ribonucleinicos, um suco formedo por albuminrs, 6 éentro do qual flutuam ervos e polhas, e uma parede, A celg funcion® como uma valvula catédica, como motor propulsignado pelo ¢o1, como faprica de produtos quimicos de uma egmplexidsde inimaginavel, como balao que pressiona contra & pgrede, tem energig nerativa eletrica, e tem outros aspectos incontaveis. oan nicleo entretanto é o verdadeiro milegre. Ele contem em germe, em projeto, to das as potencialidades da evolugao éa vida. Wo nucleo da primeiro ggts de pro toplasma esto puardadas as virtualidades de todas as formas protezonrias, de todas asplantas, de todos os enimais, de todos os homens mortos, vivos_¢ 8 nas cer, de yodos os pensanentos pongados @ & pensar, ¢ de todas as evolugogs futa ras. Além éisso armazena esse nucleo, no curso-da eyolugao, toda a memoria de todos os seres vivos, em forma de "heredidade". O nucleo de cele e portantg u. computador eletronico e um catalizador de processos vitais de tudo inimaginaval Infelizmente tem a biologla a obrigagao de viver com esse milagre, ‘ © protoplasma, essa primeira gota da vida, tem a tendencia de dividir se, e de assimilar outra aubstancia 4 gua. Em tese devera o protopl sma, um pelo dia, absorver toda materia essimilavel da terra e cobrir a superficig da terra com uma cemada de vidas o que Teilhard de Chardin chama de biosfera, Mas dgda & sug estrutura misterlosa, nao pode a gota agiganter_se para assin, como unica gota, cobrir a terrg qual oceano vivo. # cela “e a@ivide em duas. O processo éa divisdo da cele € drematico, mas o tempo n&o me permite descreve_lo. Como vem os senhores, a vida @ um processo continua e crescente, e nao conhece 4 ma te, a n3o ser, talvez, como acidente. Em tese, a mote se divide en dois, nao morre nunca. Pode acontecer, por acidente, que os pmocessos dentro de uma ce_ | ls sofeem diaturblos, ¢ a, gota se desestrutura, Forque vida @,uma questéo de | estrytura, Mas a morte nao consta do projeto da vida, néo esta prevista nem i nos &cidos ribonucleinicos nem nas albuminas, Gragas a gese processo de assi_ { 1 i \ i i i ViILEM FLUSSER i i nen ne a pilagdo e divisdo grende parte do superficie terrestre Ja esta coberta de pro. toplesma,, A superficie dos oceanos esta coberta de plencton, e grande parte da superfice dos continentes, (conquista mais recente da vida), eeta coberta de humus, 3 34 maior parte dessa correnteza de protoplesma que flui na terra 6 e @ abarga ¢ constitujda de celas soltas que se dividem, de gatas imortais da i vida, Sdio os protozoarios, para falarmos mais proséicamentes © resto Gos se_ res viyos, 03 metazoarios, quase nag contem. Sao apenas fenomenos fugazes na s superficie do rio da vida, que precariamente aurgem a tona, pare voltarem para : o humus ou plecton, Mas h& uma coisas 08 metazoarios sfio mortais, surgem e -, es | ‘ . 4 | VILEM FLUSSER . : » @eseparecem. Como se deu esse segundo milagre?, Jomo se deu o aparecer 4a:,;; . morte? Por razdes pouco conhecidas, diz a biolégle, coninuaram unidas cer ‘| | tag celas Gepois de se terem dividide e formaram uma erpecie ge lengos que co } i vria a agua ou a terra. Formaram um tecido. Nesse tecido as celas individu | ois se integravam de uma maneira misteriosa, perderam a individualidéde para 4 , oriar ume superindividualidade do tecido. Dentro do tecido surgiu uma espe, } ele de colaboragao entre es celas, uma especie de simbigse. Mes houve tambem litas entre aé celas, 0O tecido se tomneu muito meis fragil e. corrompivel 4 : @ cela primitiva. © tecido nfo consekuiu suprimir totalmente a individvalidg | de da cela. A individualidade superior do cela ern sempre problema, Quendo ~ } esse super, individualidade perdeu controle sgbre es individualidades porticu_ leares da cela, o tecido enf}rou em colapso. # isto que,chamamos de morte, Po de se feler nos, sspectos fisicos, e quimicos, 6 fislologicos do processo, mag ereio que o fenomeno da morte nao sera,por essas consideragoes esrotado. As celas se dividem em progressdéo geométrica, @_o tecido tem portanto 2 tender! cia de cobrir, qual lenges, a terra inteira. Nao o faz por duas pazoes dife. rgentes, A primeira reside no fato aue um tecido,emplo demais seria incontro. ! lavel pele super_individualidage da qual falei ha_pouco. Um tecido que cobris, se por exemplo apenas o territorio de cidede de S&o Paulo néo poderle ser um | 1 =e dndividuo neste sentido. A segunda,razdo da limitagao da expanseo do tecido @ a resistencia que a materia inorganica lhe oferece. 0 tecido nao podc por. tanto extender_se ao infinito. Mac, n&o obstante, o tecide tende para a inst j nidade. Ao se chocer contra a resistencie interna e externe da qual falei, co mega a retorcer_te, para ter a maxima superficio en m nimo,de volume. Esge | processo_ do retorcer_se do tecido @ chamado “evolugiio biologica” e dura ha mui ; tos milhGes de anos.” No primeire posse desse processo convulsive o tecido for i ma um cenal, ume mongueipa. Existem formas assim atualmente, por exemplo cer tos vermes. Mas esse proprio canal pode retorcer_se main uma vez 6 entornar_“‘ se qual luva. Formara gssim no seu interior dois tubos, duas,vacuidsdes. BE: © proprio tecido formara tres camadas, a externa, o ,intermediaria e a internas Cs enimais e as plantas “evoluidos" estao nesse estagio de contorgao interna. Surgem estruturas complexas e as vezes grotescas nesse processo, As diversas + partes do tecido retorcido especialisam_se gempre pais e formam o ave chamamos ! de “orgeos especializados". O tema desBes Orgdos e€ relativamente pobre, mas ‘ &6 variagdes eso enormemente ricas. : Dois tipos de serea surgem nesse processo evolutive, Um tipo utiliza energia ‘solar pera assimilar materia inorganica em protoplasma. 0 outre parasita sob} reo primeiro, 680 as plantas e os animeis, e os animais so superfluos pera”). * © desenvolvimento da vide. Mes sio obviemente os anigais qug nos interessam, . : Eases desenvolvem,,na segunte cemoda do seu tecido, celas e orgéos especiali_ . 2ados cuja.fungaéo 6, apsrentemente, controlar o comportamento.s S80 o& nervods: Lamento qué-o tempo n&o me perpite seguir a aventura dos neruos ‘eo longo da {| , evolugdo, o descrever os seus Orgaoe como cerebros, olhos e antenas. Muito se } tem espgculado gobre as regras que informam essa evolugdo toda, e a ideia mais aceita @ a -o método erratico da tentativa e erro. f como se a correnteza da | vide quizesse chegar em qualquer meta, como se soubesse aproximadamenta desaa,, meta, nio sabendo, entretento, como alcanga_le. Evolud portanto o rio de vil’ asa formas apos formag, e abandong a maioria doles, depois de ter verificado i que nao prestavans dbviamente, € profundemente insatisfatoria essa naneira get a ! ) vera evolugao, mas poucas melhores se. oferecem nesse processo cheio de miste_ rio e de segpedo, Aparentemente s&0 dues os formas mais bem constrvidas "f£1t7! t test", Uma Qreprgsentadg por seres relativamente pequenos que protegem o seu | ' corpo com uma- materia plastica enormemente eficiente, a chitina, e que, dentro} i Gessa carapuga, podem desenvolver 0s nervos de maneira muito satisfatoria. sal ; 08 insetos. Tem eles_cerebros relativamente enormes, Orgaos sensoriais gomple} } x08, © esta organixagdo permite a evolyeeo de sociedades de insetos incrivelmey te varicdas, Os insetos sao, indiscutivelmente, pelo menos do ponto de vista | de nervos, 4 forma mais bem sucedida, Mas tem uma desvantagem.e Deda a carapu| ga de chitine, nfo podem. ser muito grandes. “A forge gravitacional da terra nat © permite. Representam portanto o grande maioria das especies ‘atugis, mas a vj da fez outra tentativa, So os vertebrados e especialmente os mamiferos e o hi i an a enamel soe VILEM FLUSSER . ; mem. Os senhores conhecem esse tipo de seres, e nfo preciso descreve_lo. DL rei apenas que esses sgres so muito mais primitivos que os dnseths, salvo o . seu tamenho, O homem & a coréa Ga criagao, se tamanho for documento. . Oe seres individuais multicelulrres she mortais, mas a vida como um todo ¢ i, mortal, pelo menos em seu projeto. Cresce e envolve sempre mais a_superficté terrestre. Eo faz de maneira organizada, Os seres individuais sao apenas eparentemente independentes uns dos outros. Na realidade formam uma estrutu_ ya d-nse, Um novo ramo da piologla, a ecologle, comega a descobrir quéo densa: é a teia dac interrelagSes entre os seres., Torna_se duvidoso falar_se em in_|{ dividugs oo tretarmos da vida, Afinal, a vida e um processo, um fluir constan te. Nao pode ser recortada ep individualidades., O pica _pgu faz parte do mes; mo processo vital; do ual 2 arvora_e a minhoca dentro 44 arvore fazem parte. ; Je certa mangira e 4 minhoca um Oraho da arvora, ¢ o pica_pau_outro orgao da | &rvore, e a arvore é@ org&o do picapau e da minhoca, A vaca n&o pode existir sem & grama, precisa dela de alimento,,¢ a grama nao pode existir sem a vacag precisa dela como adubo. A realidade é um procegso que pode ser neste caso eg pecifico chamado de prado. Neste ponto e biologla comeqa a aprowimar_se da | fisica moderna. A realidade e um processo, © sao ilusorias todes as nossas, tentativas de congela_lo em conceitos. 0 que podemos conceber da natureza B e@penas a sua estrutura. Os corpos pezados, @ massa conereta, evaporeramGse da fisica mod 1nae Os oxggni amos indieiduais, os animais ¢ as plantas, comecam | e@ evaporer_se de biolopia moderna, : . | Vejo que o escopo dessa aula @ pequeno demais,para abranjer o programe que me propuz, e tratarei da sua segunda perte na proxima quarte feira, Neixo ao dg brte ao elaboragZo dos conceitos implicitos na descrigdo infelizmente muito re { sumida que lhe acabo de apresentar, e@ pego_lhes que sejem indulgentes comigo | se descobrirem erros graves. el | ' . oo . per ee ee ee et tm

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