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A LENDA DO RAMO DE PRATA E O KROUI

Ao se estudar a lenda de como Cornac conseguiu de Manannan o Ramo de prata, sempre


se avalia as propriedades do Ramo, a ligação com as virtudes e os poderes,
mas pouco se fala sobre a relação do mito com o Kroui ( ou o karma céltico) Quando
Cornac aceita a proposta de "três ofertas pelo ramo mágico", sem pensar em
nenhum momento no que estava sendo solicitado a ele, é como as decisões que tomamos
no impulso, sem medir as consequências, sem avaliar os danos ou os
benefícios que realmente podem nos trazer tais decisões. Apenas aceitamos o
benefício da dádiva que aparentemente a nossa decisão nos trará no momento. Para
os que estudam a jornada do circulo de Abred em direção a Gwenwed, sae que para se
livrar da roda das fatalidades, e atingir o mundo da Luz Maior, primeiro
deve-se eliminar a possibilidade de gerar o kroui, o sofrimento, a própria
fatalidade. E isto se dá justamente avaliando cada passo a ser dado, cada decisão a

ser tomada, e verificar todas as possibilidades que ela por ventura possa gerar,
para que em nenhum momento haja o arrependimento.

Quando Manannan vem a Cornac e lhe cobra as três prendas que ele prometeu em troca
do ramo de prata, é justamente o preço de nossas decisões vindo nos cobrar
as consequências de nossos atos. Quando é primeiro cobrado a filha Aille,, o reino
sofre, simbolizando que as consequências foram pesadas, que o arrependimento
surgiu, mas que no momento em que Cornac agita o ramo e o povo se alegra, há a
demonstração de que o arrependimento foi sufocado, como que se dissesse "o
destino é inevitável, aceitemos as consequências de nossos atos e pronto". O mesmo
ocorre com o pedido da segunda prenda, o filho único de Cornac, demonstrando
a passividade em aceitar as consequências das decisões sem ao menos arriscar
demonstração de que arrependeu-se delas e quer de alguma forma corrigir seus atos
( o que seria o verdadeiro caminho para romper o ciclo das adversidades e sair do
círculo de abred e adentrar o reino de Gwenwed). Tal ato de arrependimento
sincero só ocorre quando a terceira prenda, a mulher de Cornac, Ethne, é
requisitada. Lembrando o simbolismo das Rainhas e das esposas nos mitos celtas,
percebe-se que somente quando há o rompimento entre o Rei (ou o mundo ou o
pensamento mundano) e a sua esposa ( que simboliza a Terra, sua ligação com o
Espiritual ou com a essência divina que habita em cada um) , que o kroui se mostra
implacável, e cobra de Cornac o mais terrível dos preços: ou aceitar
novamente a passividade do arrependimento silencioso, tentando ocultar o mesmo
através das ilusões geradas pela "felicidade oriunda do ramo de prata", ou lutar
com todas as forças em recuperar seus familiares ( ou seja, haver o arrependimento
sincero e tentar consertar de qualquer forma todo o sofrimento causado em
si e nos outros), nem que para isto tenha de ir ao reino de Manannan ( uma alusão
ao Outro Mundo, ou que as consequências dos atos deve sim ser consertada
mesmo que isto leve outra vida). Após duras provas, Cornac recebe de volta os
filhos e a esposa ( uma demonstração de que houve a reparação do ato), a taça
onde a verdade e a mentira lhe seriam reveladas ( uma alusão ao aspecto da
iluminação espiritual, onde tudo acaba de certa forma conhecido) e ainda manteve
o ramo em seu poder (sem lhe ser cobrado nada, pois já havia vencido o Kroui, e o
bem estar e a paz geradas não seriam ilusórias), contudo apenas alertado
que no momento da morte, isto tudo retornaria para junto de Manannan ( também uma
alusão que após a grande iluminação de Gwenwed, estas coisas já não
pertenceriam mais ao indivíduo, pois este mesmo estaria unido à Divindade, ou a
OIV)

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