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O novo homem comunista e a padronização do ser humano

Em busca de uma sociedade comunista, muitos autores marxistas-


leninistas escreveram sobre o novo tipo de pessoa que criaria essa
sociedade. Esse novo homem comunista estaria em forte contraste
àqueles que existem nos sistemas capitalistas.

Uma vez removidas essas “amarras capitalistas”, a humanidade


alcançaria novos patamares, como escreveu o revolucionário soviético
Leon Trotsky:

O homem fará de seu propósito dominar seus próprios sentimentos,


elevar seus instintos às alturas da consciência, torná-los transparentes,
estender os fios de sua vontade em recantos ocultos e, assim, elevar-se
a um novo plano, criar um tipo biológico social mais alto, ou, se preferir,
um super-homem. 

Literatura e Revolução  (1924)


Che Guevara, o revolucionário cubano, expressou a ideia de “um novo
homem” de maneira ainda mais sucinta:

Para construir o comunismo, é necessário, simultaneamente com as


novas fundações materiais, construir o novo homem e mulher.

Socialismo e o Homem em Cuba  (1965)


Esse novo homem é geralmente descrito como sendo de grande
virtude, ética trabalhista e camaradagem. Ele seria uma versão
superior e completa do homem que é oprimido pelo feudalismo e
pelo capitalismo.
“Vamos criar uma geração devota ao comunismo” Cartaz de Viktor Ivanov, 1947.
Além disso, Trotsky chegou a definir esse processo como uma
evolução das pessoas. Segundo ele, o Homo comunista ocorreria por
meio do domínio sobre si mesmo, para se tornar uma forma superior
de ser.

As formas de vida se tornarão dinamicamente dramáticas. O tipo


humano médio subirá ao nível de um Aristóteles, um Goethe ou um
Marx. E acima dessa cordilheira novos picos subirão.

Trotsky, também em  Literatura e Revolução

A imposição de um
modelo
Apesar de até hoje os resultados prometidos por Trotsky ainda não
terem chegado aos países socialistas, a ideia não foi abandonada.

No entanto, enquanto a retórica sobre o “Novo Homem Comunista”


sempre coloca o catalisador da mudança dentro do indivíduo, há
inúmeros casos de abusos dos direitos humanos cometidos por
países socialistas e comunistas.

Em outras palavras, o novo homem surgiria de dentro assim que o


comunismo for estabelecido. Porém, mesmo os regimes socialistas
atuais mantém estrito controle e coerção sobre a economia, a
sociedade e a vida cotidiana.

Vale ressaltar que, nenhum argumento razoável foi dado sobre o


porquê de a natureza e as habilidades do homem serem
repentinamente transformadas sob o comunismo. Isso foi
simplesmente assumido como verdade pelos marxistas e leninistas.

Dessa forma, quando nenhum super-homem comunista apareceu para


ocupar as fileiras da sociedade comunista, o molde do novo homem
foi imposto pela força.

A ausência de
Liberdade
Essa necessidade de um novo homem não é uma preocupação
enfrentada em países que respeitam a liberdade individual e os
direitos de propriedade privada. Afinal, a liberdade não exige que o
homem seja ou faça alguma coisa para que a sociedade funcione. 

Uma vez que, a ordem social é criada pelas pessoas que vivem nela,
com base em seus próprios valores e princípios, os indivíduos podem
se desenvolver livremente.

Isto é, não há coerção forçando o homem a agir ou a se comportar de


certas maneiras, porque a individualidade vêm em primeiro lugar.

Portanto, nunca haverá retórica em torno de um “novo homem


capitalista”. Em qualquer mudança para uma sociedade livre, os
indivíduos têm a primazia, sendo este o objetivo último desta ordem
social.
Por que a ideia do Novo
Homem Comunista é
falha
Uma sociedade socialista opera de forma oposta a uma sociedade
livre. No socialismo, a ordem social é criada de cima com valores e
princípios impostos aos que estão abaixo.

Ou seja, o homem deve se encaixar nessa sociedade, pois, caso


contrário, será modificado. Neste ponto está a falha da abordagem
marxista-leninista, afinal, é uma tentativa de recriar o homem.

Trotsky e Che nunca perguntaram se esse “Novo Homem Comunista”


poderia realmente ser criado. Apenas assumiram que, assim que o
homem fosse libertado de suas cadeias capitalistas, essa evolução
ocorreria automaticamente.

Porém, quando as pessoas não adotaram a visão do estado de


coletivismo altruísta de forma natural, a força foi a única ferramenta
restante.

De uma maneira distorcida, há um grau de verdade no conceito de


“Novo Homem Comunista”. Ele de fato existe, mas, na realidade, esse
novo homem é um ser subjugado.

Por outro lado, o “Homem Capitalista” tem sua vontade sujeita a


ninguém além de si mesmo. Embora ele talvez não possa se
transformar em Aristóteles, Gothe ou Marx, ele é pelo menos livre para
escolher como será.

*JW Rich é estudante de economia.

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