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RUI

BRAGANÇA
O atleta vimaranense de
taekwondo, atual campeão
nacional e europeu e
vice-campeão do Mundo em 2011,
prepara o apuramento para
os Jogos Olímpicos do Rio de
Janeiro em 2016.

N28 AGOSTO 2015


DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
DIRETOR ELISEU SAMPAIO
VALORIZAR
A NOSSA CULTURA.
GUIMARÃES ORGULHA-SE
DAS SUAS TRADIÇÕES E DA
SUA CULTURA POPULAR

Os vimaranenses viveram intensa- ciedades, que, no fundo, resultam da E o que procura quem
mente, e como é tradição, mais umas singularidade dos indivíduos que lhes visita Guimarães?
Festas da Cidade e Gualterianas. pertencem. O povo é parte ativa neste
processo, tem de o ser. Sermos cidade berço de Portugal tam-
Saíram à rua, divertiram-se, assistiram bém nos traz essa enorme responsabi-
aos espetáculos e ao fogo-de-artifício. Cabe a quem gere a atividade cultural lidade: a de valorizarmos e de darmos
Levaram os filhos aos carrocéis e à o acompanhamento e até a estimula- a conhecer as raízes deste pequeno e
batalha das flores e atufaram-se de bi- ção de determinada vertente, de certa culturalmente rico país, pelo qual os
fanas e farturas. No fim, já enfraqueci- corrente cultural, mas não a definição nossos lutaram e fizeram crescer. Afinal,
dos com tanta folia, levaram a cadeira ou a transformação radical das carate- acredito que deve ser esse o principal
03
de praia para a berma da estrada e rísticas culturais de um povo. motivo dos que procuram Guimarães.
assistiram, maravilhados, a mais uma
Marcha Gualteriana, preparada com Assim, gostei de ver as Gualterianas,
rigor e suor pelos obreiros da centená- com enchentes para assistirem aos BOAS FÉRIAS, E
ria Casa da Marcha. espetáculos de folclore, à atuação das
duas bandas Filarmónicas de Guima- VIVA AS GUALTERIANAS.
Guimarães orgulha-se das suas tradi- rães, aos cantares ao desafio e vibran-
ções e da sua cultura popular. do com as concertinas que preenche-
ram as ruas da cidade. Gostei de ver
A cultura popular vimaranense é algo assim, o povo na rua, aplaudindo cada
único, como são únicas todas as so- passagem dos Zés Pereiras.

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ISSN 2182/9276 Depósito Legal nº. 358 810/13 Joaquim Lopes
N28 | AGOSTO 2015

COM SINAL MAIS


NESTA EDIÇÃO
TODOS OS MESES
A MAIS GUIMARÃES LEVA ATÉ SI
O QUE DE MAIS IMPORTANTE
ACONTECE NA CIDADE BERÇO
E NO CONCELHO!

PENHA
PULMÃO VERDE DE GUIMARÃES 07

37 A INVENÇÃO DAS
FESTAS DA CIDADE 05

15
ENTREVISTA A
CARLA CRUZ

VIMARUNNERS
48
25
VIMARANENSES
PELO MUNDO

21
42 FÉRIAS
EM SEGURANÇA
PEDRO
GUIMARÃES
AMBIENTE

PENHA,
O PULMÃO VERDE
DE GUIMARÃES
TEXTO: ELISEU SAMPAIO • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

A Montanha da Penha, (também co- fundamentação para a tal candidatura.


nhecida por Monte de Santa Catarina) Neste processo seremos o território
graças às suas caraterísticas, constitui de excelência para levar, como espe-
atualmente um dos grandes pontos de ro, a que a candidatura seja aceite a
atração turística de Guimarães, sendo Capital Verde Europeia. Estamos dis-
os visitantes convidados a desfrutar poníveis para colaborar naquilo que o
de magníficas vistas e de uma paisa- município achar conveniente.
gem natural única.
Dizemos que, embora não seja uma
A Penha, património classificado como afirmação que possa ser atribuída uni-
sítio de interesse nacional, cujo ponto camente a mim, somos a capital verde
mais alto está a 617 metros acima do de Portugal já há vários anos porque
nível do mar, assume-se como o pulmão estamos a trabalhar para isso. O Plano
de Guimarães, com 60 hectares de área de Requalificação Florestal, iniciado em
verde bem preservada, com uma flora e 1996, permite-nos dizer que há mais de
fauna muito diversificadas, grutas, ermi- uma década somos capital verde do
das, miradouros e fontes, serpenteadas concelho e até do país porque estamos
por diversos percursos pedestres. muito acima de ícones nacionais com
zonas similares à nossa, que conheço
A Montanha de Penha começou por ser bem. Não em extensão, mas em termos 07
um lugar de fé muito fervoroso que rapi- de cuidado, de preservação florestal.
damente se transformou também numa Isto é trabalho de uma equipa que está
estância turística, num belo espaço de todos os dias no terreno para que aquele
lazer, levando o governo de Portugal, em espaço bucólico, bonito, atrativo, pulmão
1923, a classificar aquele local, que tinha verde de Guimarães, farol da nossa
deixado de ser um penhasco há cerca terra, esteja sempre em excelentes con-
de 20 anos, como estância turística de dições para que possamos usufruir da
excelência. E em 1937, passados catorze qualidade tal e qual existe.
anos, instala ali a junta de turismo da
Penha, ainda Guimarães não tinha qual- Quantas pessoas participam
quer zona de turismo. nesse trabalho de preservação?

Atualmente, as preocupações da Irman- Fomos obrigados, na prossecução do


dade de Nossa Senhora do Carmo da plano que tínhamos elaborado em 1996,
Penha, instituição responsável pelo tra- a admitir funcionários nos quadros
“HOJE ADQUIRO ÁRVORES tamento e preservação de 60 hectares
de floresta (mais cerca de 40, de proprie-
da Irmandade para este fim. Temos 6
pessoas que exclusivamente tratam da
COM 10 ANOS DE IDADE tários de terrenos contíguos), passam prevenção florestal, da conservação da
pela dinamização cultural e pela aposta
PARA QUE A RENOVAÇÃO no conhecimento científico.
natureza, não só da vertente florestal
mas também na vertente da limpeza e
SEJA MAIS RÁPIDA. POR até pequenos arranjos urbanísticos ne-
CADA DEZ QUE TIRÁMOS RORIZ MENDES É JUIZ DA IRMANDADE cessários. Posso dizer que todos os anos
investimos cerca de 60/70 mil euros
DESDE 2006, TENDO SIDO,
POMOS CINQUENTA. ANTERIORMENTE (DESDE 1993),
nestes homens só para este fim. É um
peso muito grande no nosso orçamento,
DAQUI A 20, 30, 40 ANOS, SECRETÁRIO DA INSTITUIÇÃO. mas achamos que este é o caminho.
TEREMOS UMA IMAGEM
Guimarães prepara-se para Às vezes as pessoas questionam-se
AINDA MAIS BONITA DO QUE apresentar, em 2017, a candidatura “de onde vem este dinheiro?”. Efe-
A QUE TEMOS HOJE. MAS O a Capital Verde Europeia. Que tivamente, fomos sempre criando
papel pode desempenhar a uma gestão capaz de, ao preservar a
CONCELHO NÃO CONHECE Penha neste processo? floresta obter também dela recursos
BEM ESTE TRABALHO, NÃO Não se compreenderá se, na Capital
financeiros: através do lixo florestal,
aquilo que é a eliminação de árvo-
CONHECE A HISTÓRIA E NÃO Verde Europeia, a Penha não tiver um res infestantes, não autóctones, em
CONHECE O QUE ESTÁ A SER papel fundamental naquilo que será a
centralidade na área florestal, do que
fim ou decadência de ciclo de vida e
outros resíduos que a floresta provoca.
FEITO NA ATUALIDADE.” será a projeção deste concelho e a Acabamos por ceder a pessoas que
nos compensam com donativos que na libertação de oxigénio e na água fissionais, temos andando junto da
nos permitem atenuar um bocadinho (a primeira captação que a cidade de comunidade escolar, do pré-escolar, do
esta despesa. Para além disto, temos Guimarães teve para fornecimento de primeiro, segundo ciclo e até do secun-
o contributo das pessoas que visitam água aos seus cidadãos verificou-se na dário a tentar promover concursos de
a Penha através dos seus donativos e Penha através de uma série de aque- fotografia, texto, desenho que visam
ainda temos em igreja, com a própria dutos que ainda se mantem). Cerca de sobretudo, através desta faixa etária,
autoridade eclesiástica: é uma forma 20% do abastecimento de água a um trazer os pais, os avós… A nossa aposta
de devolver ao povo o que o povo nos conjunto de freguesias de Guimarães é também na proximidade e acho que
dá. Como? Tornando o lugar preserva- é proporcionado pelas captações da há bastante ignorância no concelho
do e mais atrativo. Penha que entram nos reservatórios e sobre o que é a Penha, a sua história,
depois na rede pública. do que ela pode, efetivamente, dar aos
Este ano apresentam cidadãos. De um penhasco temos a
mais uma novidade… Na verdade, este é um paradoxo que aspiração de termos a designação de
existe na atualidade, a Penha não tem parque natural, de excelência, porque
Desde 2007 temos tido praticamente água canalizada e distribuída pela os visitantes reconhecem que o espaço
todos os anos uma pequena novidade. companhia. A Penha foi obrigada a está num nível melhor do que outros.
Esta encerra um ciclo, um plano feito a construir uma rede própria de captação,
seis anos, de uma obra por ano, onde de armazenamento, de bombagem e de Há uma coisa antiga que eu gostava de
todas são complementares. distribuição no início do século XX para ver reeditada: Há figuras importantes
dar água e dessedentar os peregrinos e nacionais e internacionais que visitam
08
A novidade deste ano é o novo café da os visitantes e que se mantem até aos Guimarães e não visitam a Penha. Sou
Penha. O edifício é já emblemático, de dias de hoje. Às vezes, ouso dizer para juiz da Irmandade da Penha desde
qualidade arquitetónica moderna, nova, causar choque: nesta época do ano, 2006, fui secretário desde 1993, e não
que não colide com a arquitetura que as pessoas que frequentam a Penha tenho conhecimento desta prática.
existia no espaço. O arquiteto Noé Dinis durante o fim-de-semana consomem Acho que é um desperdício para Gui-
compreendeu bem a filosofia do seu an- 500mil litros de água só nestes dois marães. É óbvio que, às vezes, tenho
tecessor, arquiteto famoso e de gabarito, dias. Isto tem custos, como a preser- conhecimento de que isso acontece,
que entendeu a Penha como um sonho vação da floresta, enormíssimos e mas uma visita em que estivéssemos
dos vimaranenses e que a tratou como responsabilidades ainda maiores. presentes para explicar bem que sítio é
tal, o arquiteto Marques da Silva. este seria muito mais rica.
Este plano que queremos implementar ago-
No ano passado dizia que tínhamos ra, que eu chamo do conhecimento, vai dar- E que importância poderá
de levar a universidade à penha. -nos também alguns indicadores da forma ter essa nova aposta?
Ainda não conseguimos um terço do como podemos otimizar alguns recursos.
que era o nosso desejo, mas pode ser Por exemplo: O santuário da Penha
que a Capital Verde dê aí um empur- Qual é esse plano levou 17 anos a construir, de 1930 a
rão, já que a Universidade do Minho do conhecimento? 1947, teve um incêndio em 1939, no
tem uma participação muito ativa, qual ardeu o que estava construído, e
junto do município, no que tem sido a Como é que as pessoas olham para a atravessou a 2ª guerra mundial. Não
construção desta candidatura. Penha? Como é que as pessoas que havia gruas, não havia transportes,
fazem a sua vida na Penha podem mas havia quase 120 homens a traba-
Temos de estudar melhor não só o otimizar a sua ação, não só no acolhi- lhar todos os dias para aquela obra. Fa-
território mas também a forma como mento das pessoas que nos visitam ziam-no de modo artesanal…E será que
as pessoas interagem com ele. E até como nos serviços que prestam? Os havia comida? O conhecimento acres-
nas benfeitorias que aquele território serviços da Irmandade têm apostado centa valor e acho que essa é a tónica
proporciona à cidade. Por exemplo, numa renovação dos quadros pro- certa para as gerações futuras.

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Quanto à dinamização cultural,
o que está nos planos?

Há uns bons anos, as paróquias desta


região, nomeadamente do Arciprestado
de Guimarães confluíam para a Penha.
Todas participavam no que é a grande
peregrinação anual e frequentavam
constantemente aquele espaço. Hoje
não é bem assim. Vamos propor que, du-
rante o ano, à vez, uma em cada fim de
semana e quando o tempo permitir, tra-
gam à Penha os seus paroquianos para
conviver e celebrar. E isto pode envolver
também as freguesias e o município.
Por que razão não nos usam mais para
eventos? Estamos sempre disponíveis…

Queremos que a Penha seja a centra-


lidade da convivência vimaranense e
não outros santuários que estão bem
longínquos e que não têm a qualidade
e a hospitalidade que o nosso tem.
E que, efetivamente, em Guimarães,
todos os domingos se faça uma festa
com os vimaranenses.

Vamos pedir aos vimaranenses que


subam de teleférico e desçam a pé por
aqueles caminhos florestais e histó-
ricos, aqueles velhos caminhos que
ligam a cidade à montanha. Por que
Há professores e estudantes que um sonho dos vimaranenses. não retomar isso, não subindo, porque
nos procuram, dentro da panóplia do Não podemos, e canso-me de dizer é mais custoso, mas descendo?
que é a interdisciplinaridade daque- isto, exigir dos vimaranenses que
le espaço, e que produzem teses de usem o teleférico pagando bilhete tu- Estamos a executar também um plano
mestrado que nos têm trazido conhe- rístico. Para nós tem de ser um trans- em que tentamos todos os fins-de-se-
cimentos que nós não imaginávamos. porte que nos dá prazer para um local mana ter um programa de festas na Pe-
É preciso que a Universidade conheça que queremos visitar com frequência nha. Não divulgámos exponencialmente
a Penha porque tem lá um campo de e que é o sonho de há séculos, é o 09
porque estamos no chamado ano zero,
trabalho para diversas áreas. nosso farol. É para aí que os vimara- e vamos continuar a apostar também
nenses querem, em muitos domingos nas visitas guiadas: uma visita gratuita
Guimarães tem também de se ex- do ano, convergir. Deveria criar-se um mensal, (a que já temos, que apesar de
portar do casco histórico. Temos de sistema identificativo, que é fácil de publicitada até no roteiro turístico que
encontrar, enquanto vimaranenses, realizar, é só ter vontade… o município elabora, muitas vezes está
uma forma de identificar o ponto deserta), agora envolvendo mais as
onde temos de atuar para alterar
o “turismo do café e da garrafa de “UM EURO PARA OS VIMA- associações vimaranenses, nomeada-
mente a Muralha. A exemplo do que já
água”, isto porque são dezenas e RANENSES DE IDA E VOLTA É fazem cá em baixo, fazermos uma visita
dezenas de autocarros com turistas mensal com um almoço ou com um
que diariamente levam de Guima- MAIS UM EURO NOS COFRES jantar incluídos. Nós também precisa-
rães uma ideia bonita, mas o retorno DO TURIPENHA. NA POLÍTI- mos de divulgar o que de bom a Penha
económico é muito redutor. Acho que oferece em termos gastronómicos.
isso só se consegue fazendo roteiros CA ATUAL NÃO SÓ NÃO TÊM
onde se integrem vilas do concelho,
locais históricos do concelho como
MAIS UM EURO COMO NÃO A questão do Hotel da Penha
está resolvida?
a Penha, a Citânia de Briteiros e São TÊM NENHUM.”
Torcato. Estes locais deveriam ser Quando tomei posse, em 2006, tinha
aproveitados para que estas duas Uma família gasta cerca de 20 euros este difícil assunto para resolver
horas se transformassem em mais para ir e regressar. Ora ninguém vai porque envolve pessoas e não pode-
duas ou três. O facto de isto não optar pelo teleférico quando na rodovia mos deixar de reconhecer o passado
acontecer dá um prejuízo enorme. de automóvel custa quatro ou cinco. Há histórico que está lá.
Imagine os milhares de euros que muitos anos que luto por este objetivo,
não ficariam em Guimarães… mas ainda não consegui. Isso permitia Era a nossa intenção renovar o hotel
ajudar, agora na Capital Verde, a com- com a qualidade que a envolvência
Quanto ao teleférico da Penha. O seu bater a imensidão de carros na Penha, exige e retomar uma atividade. Pro-
uso devia ser mais incentivado? onde temos 500 lugares de estaciona- pusemos isso ao inquilino e aos seus
mento e muitas vezes não chegam. herdeiros, que manifestaram não ser
A Irmandade da Penha é cooperan- essa a sua intenção. Em 2009, inten-
te e eu também sou porque, como É preciso torná-lo num transporte ci- támos uma ação para reaver o hotel.
sabe, estive desde a fundação da tadino e não uma viagem turística. Os Tenho esperança de que será uma das
cooperativa que levou à construção cidadãos de Portugal já sabem que medidas que anunciarei ainda durante
do teleférico e sei bem da dificul- este é o primeiro teleférico do país. este mandato, que termina daqui a
dade que foi. Ele teve sempre o Agora, e para aumentar o número três anos: que, finalmente, o hotel terá
interesse turístico do concelhio e de viagens do teleférico tem de se rumo, no sentido da qualidade e de lhe
nacional e toda agente viu no proje- promover a Penha. A Irmandade não dar uma função. Um hotel bem dimen-
to uma mais-valia para além de ser pode fazer tudo sozinha. sionado, de referência. •
ACONTECIMENTO TURISMO

EM GUIMARÃES NASCERAM, PAÇO DOS


NUMA SEMANA, EM APENAS DUQUES DE
CINCO PARTOS, DOZE BEBÉS
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
BRAGANÇA TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

11

O HOSPITAL DE GUIMARÃES ACOLHEU NA MESMA SEMANA TRÊS O monumento vimaranense volta a ser
reconhecido como o museu, sob alçada
PARTOS DE GÉMEOS E DOIS PARTOS DE TRIGÉMEOS. OS ÚLTIMOS da Direção Regional da Cultura do Norte
ACONTECERAM A 13 E 16 DE JULHO, DEIXANDO A UNIDADE DE (DRCN), mais visitado do Norte do país.
NEONATOLOGIA COM TRABALHO REFORÇADO. No primeiro semestre de 2015, recebeu
137402 visitas, mais 13.7% do que em
igual período do ano anterior.

A recente notícia mereceu também o


Isaac, Laura e Vitória foram os primei-
ros a conhecer os pais: Sara Aguiar e
1043 É O NÚMERO DA comentário de Isabel Fernandes, diretora do
Paço: “Desde que abriu ao público, em 1959,
Joaquim Rodrigues, que se mostraram NASCIMENTOS REGISTADOS que o Paço dos Duques tem tido sempre
muito felizes porque sempre dese- muitos visitantes. Apesar de não termos
jaram ter uma família numerosa. As
NO HOSPITAL DE GUIMARÃES estatísticas desses tempos, a leitura dos
alterações logísticas já começaram ENTRE JANEIRO E O FINAL jornais permite-nos perceber que havia
com a mudança de carro e, certamen- registos de visitas com seiscentas pessoas.
te, não ficarão por aqui. DA ANTEPENÚLTIMA
SEMANA DE JULHO. Com o turismo a aumentar mais ainda
Dois dias mais tarde chegaram Kiril, em Portugal, a subida do número de
Dária e Alexandra. Tetiana Stadnik, 29 As equipas que fizeram parte deste invul- visitantes tem sido clara. Apesar de
anos, ucraniana a viver há três anos na gar acontecimento responderam positi- ainda não termos atingido os valores
cidade do Porto, veio até Guimarães vamente ao stress e conseguiram que o de 2012, o número de visitantes tem
por falta de vaga no Hospital de S. momento se revelasse, apesar de tudo, vindo a aumentar gradualmente”.
João. Mostrando-se muito feliz, acabou
por revelar a preocupação normal pela
tranquilo para mães, pais e bebés.• Para o Paço dos Duques está já prevista
grande alteração de vida a partir dali. uma candidatura ao programa Portugal
Com o parto do casal ucraniano, a cida- 2020, como é desejo pessoal de Maria
de berço atinge o terceiro nascimento Fernandes, para a abertura de uma das
de trigémeos desde o início do ano, em alas do Paço que se encontra atualmen-
oposição a um registo único em 2014. te inacessível ao público. •
EVENTO NOITE BRANCA

TERESA A CIDADE VOLTOU


SALGUEIRO A VESTIR-SE DE BRANCO
ESTEVE EM TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIA: AMADEU MENDES

GUIMARÃES
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
A QUARTA EDIÇÃO DA INICIATIVA TROUXE MILHARES DE PESSOAS ÀS RUAS
DA CIDADE BERÇO. PARA ALÉM DOS VÁRIOS PONTOS DE DIVERSÃO FIXOS,
EM DIFERENTES PRAÇAS E LARGOS DA CIDADE, HOUVE AINDA ESPAÇO
PARA A PASSAGEM DO TRIO ELÉTRICO, QUE MAIS UMA VEZ TERMINOU A
SUA VIAGEM NUM TOURAL MUITO ANIMADO. A MAIS GUIMARÃES DEIXA-LHE
ALGUMAS DAS FOTOS DE UMA DAS NOITES MAIS DIVERTIDAS DO ANO:

12

NO ÂMBITO DAS COMEMO-


RAÇÕES DO ANO JUBILAR EM
HOMENAGEM AOS 400 ANOS DA
IRMANDADE DO PRÍNCIPE DOS
APÓSTOLOS, A BASÍLICA DE S.
PEDRO, NO TOURAL, FOI PALCO
DE UM CONCERTO DE TERESA
SALGUEIRO INTITULADO “CÂNTI-
COS DA TARDE E DA MANHÔ.
A envolvência única da Basílica,
que foi pequena para a quantidade
de pessoas que compareceram ao
arranque cultural das comemora-
ções do Ano Jubilar, e o contraste da
pouca luz existente criaram o am-
biente perfeito para a contemplação
das melodias cantadas por Teresa
Salgueiro com acompanhamento de
João Miguel Ferreira, Leonel Gomes,
Zé Miguel, Tiago Sousa e Vasco
Carvalho. A organização do evento
esteve a cabo da Paróquia de S.
Sebastião, tendo no final do concerto
tomado lugar uma venda de cds e
guiões, cujo valor reverteu para o
Seminário de Almada e para a Irman-
dade do Príncipe dos Apóstolos.

Ainda no quadro das comemora-


ções do Ano Jubilar, que decorrerá
até junho de 2016, acontecerá
no dia 15 do corrente mês, pelas
22h00, na Basílica de S. Pedro, um
concerto da Orquestra do Norte.
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13

VAI UMA
BOLINHA?
Com fabrico tradicional, a Bolas Pró Lanche ram para provar os sabores únicos que “Para além das Bolas de Berlim, há
apresenta, para já, 6 variedades de recheios são apresentados no espaço. De facto, ainda a inovação de sabores no que
que já conquistaram os vimaranenses: podemos constatar que a bola de diz respeito aos lanches, com a
creme tradicional, creme francês, canela, Berlim é mesmo uma das iguarias mais apresentação de diversas variedades:
creme russo, morango e chocolate. Para acarinhadas pelos portugueses. tradicional de fiambre ou misto, de
além destas, há ainda a habitual bola sem atum ou frango e o Hermes, o
recheio para quem não se conseguir decidir. Muitos são já os clientes que se ren- lanche da casa” , acrescenta Hélder.
deram à Bolas Pró Lanche. “Notamos
Abriu em julho na Rua Paio Galvão, dois tipos de reação: por um lado, uma O Bolas Pró Lanche apresenta ainda, no
junto ao Toural, e é já um novo espaço confirmação da qualidade e sabor das seu moderno e agradável espaço, para o
de culto da cidade berço. nossas bolas de Berlim por parte de acompanhamento, sumos naturais, chás
clientes fãs deste doce e, por outro lado, frios, Capuccino, Frapissimo e Coffecci-
A inauguração do espaço contou não a rendição por parte de quem nunca no, sendo o espaço ideal para desfrutar
só com a presença de muitos vima- tinha comido ou não comia habitualmen- de um encontro de sabores frescos e
ranenses que, tendo conhecimento te. Na verdade, há já muitos clientes que únicos a que será difícil resistir.
prévio da abertura, não conseguiram não conseguem passar sem levar umas
resistir, mas também com admiradores bolas para casa”, refere Hélder Teixeira,
de concelhos vizinhos, que aproveita- responsável pela Bolas Pró lanche.

Rua Paio Galvão, nº 1/3 Horário


4810 – 426 Guimarães todos os dias das 08h às 20h
(junto ao toural) Contacto 926 408 205
IV CONFERÊNCIA

“GENTES DA
NOSSA TERRA”
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS

O SALÃO NOBRE DA CASA


DO POVO DE FERMENTÕES
ACOLHEU, NO PASSADO DIA 21
DE JULHO, A IV CONFERÊNCIA
SOB O TEMA “GENTES DA NOSSA
TERRA”. A TERTÚLIA TEVE COMO
CONVIDADOS ESPECIAIS OS
TRÊS PRIMEIROS PRESIDENTES
14 DA CÂMARA MUNICIPAL DE
GUIMARÃES DEMOCRATICAMENTE
ELEITOS E RECENTEMENTE
AGRACIADOS COM A MEDALHA
Cerca de uma centena de pessoas, algumas histórias dos momentos em DE HONRA DA CIDADE: EDMUNDO
entre as quais se destacaram al- que estiveram à frente dos desígnios CAMPOS, ANTÓNIO XAVIER E
gumas personalidades vimaranen- do município vimaranense.
ses como o Presidente da Câmara
MANUEL FERREIRA.
Municipal, Domingos Bragança, o Edmundo Campos destacou a ideia de
Presidente da Assembleia Municipal, que tudo o que conseguiu construir em
António Magalhães, bem como vários Guimarães se deveu “ao esforço das
vereadores, deputados e ex-deputa- populações” e, entre sorrisos, referiu A conversa decorreu fluentemente e com
dos vimaranenses, marcaram pre- que “se fizesse hoje o que fazia naquele grande animação, pois não raras foram as
sença na IV Conferência “Gentes da tempo estava na cadeia”, referindo-se às vezes em que se partilharam com a assis-
nossa terra”, organizada pela Tertúlia muitas decisões que teve de tomar para tência episódios caricatos. Numa fase pos-
Vimaranes e com colaboração da conseguir trazer o financiamento de que terior da noite, houve ainda tempo para
Casa do Povo de Fermentões. a cidade precisava na época. se ouvirem alguns comentários da plateia,
que ajudaram a tornar o serão ainda mais
José Fernandes, Presidente da Direção António Xavier reforçou a ideia de que interativo, informal e descontraído.
da Casa do Povo de Fermentões, abriu se viu na política quase por acaso, ten-
a sessão ressalvando a importância dos do sido indicado como candidato sem Domingos Bragança, no encerramento da
três convidados especiais e fazendo o seu consentimento: “O meu pai, que conferência, reforçou a ideia de que “tertú-
também uma referência breve sobre as foi o primeiro a dizer-me sempre para lias destas são também interessantes na
várias valências inseridas na Casa do me meter em tudo menos na políti- medida em que dão a conhecer porme-
Povo de Fermentões, entre as quais se ca, foi quem me deu o empurrão final nores por detrás da história das grandes
destacam as de cariz social (questões de quando me vi candidato à Câmara. decisões”. O presidente do município
solidariedade), desportivo e cultural (com Disse-me que se já tinha sido escolhido realçou ainda a importância de se ouvirem
destaque para o Museu de Agricultura, como candidato tinha de ir em frente”. testemunhos de pessoas que merecem “a
Grupo Folclórico e Grupo de Teatro). gratidão dos vimaranenses”.
Manuel Ferreira é, dos três presidentes,
A conferência propriamente dita o único que já tinha desempenhado um Durante o encontro foi ainda destacado
dividiu-se nas intervenções dos três cargo político, tendo sido presidente o livro sobre os 40 anos do poder local,
antigos presidentes, que contaram da Junta de Freguesia de Fermentões documento que está a ser organizado
como se deu a entrada na vida políti- entre 1971 e 1974, antes de chegar à pela Câmara Municipal de Guimarães.
ca e como decorreram as campanhas presidência do município. “Naquela O início do encontro foi abrilhantado
eleitorais das quais saíram vencedores. altura o que uma pessoa queria era pela atuação do grupo B-Jazz: Coro da
Partilharam ainda com os presentes sentir-se útil à comunidade” Escola de Jazz do Convívio. •
LEGISLATIVAS 2015

CARLA CRUZ
TEXTO: ELISEU SAMPAIO • FOTOGRAFIAS: MOMENTOS ÚNICOS

“HOJE PORTUGAL É UM PAÍS No passado dia 22 de julho, o presi-


dente da República, Aníbal Cavaco Sil-
dade do Minho, com uma pós-graduação
em Psicologia da Educação pela mesma
MAIS DEPENDENTE, MAIS va, apresentou a data para a realiza- universidade é, desde janeiro de 2013,
ção das eleições para a Assembleia da
POBRE, MAIS DESIGUAL, República: 4 de outubro. A campanha
deputada na Assembleia da República,
eleita pelo círculo eleitoral de Braga.
MENOS PRODUTIVO.” eleitoral decorrerá entre os dias 20 de
setembro e 2 de outubro. Coube-lhe a tarefa de substituir Agosti-
nho Lopes, “Numa lógica de renovação
A Mais Guimarães, seguindo a sua linha de
e de rejuvenescimento do PCP”, que
independência e pluralidade, após entre-
depois de um mandato pelo distrito de
vistar os deputados Miguel Laranjeiro (PS)
Santarém, cumpriu doze anos como
e Francisca Almeida (PSD), atuais repre-
sentantes do concelho na Assembleia da deputado eleito pelo distrito de Braga.
República, apresenta, nesta edição, a en-
trevista a Carla Cruz, deputada pela CDU e O que pensa Carla Cruz, sobre o Portugal
cabeça de lista da coligação às próximas atual, quais as suas expetativas para
eleições pelo círculo de Braga. as próximas eleições e que medidas
defende para o país, foi o que tentámos
Carla Maria da Costa e Cruz, 44 anos, descobrir nesta entrevista que decorreu
licenciada em Psicologia pela Universi- na sede do PCP em Guimarães.

15
Sendo a única deputada da CDU
na Assembleia de República eleita
pelo círculo de Braga, como se
organiza para conseguir estar
presente nos 14 concelhos do distrito?

É muito exigente, mas é possível fazê-lo.


Como sabe, venho várias vezes ao
concelho de Guimarães. Como é que isto
se gere? Trabalhando coletivamente. Os
meus camaradas da concelhia de Guima-
rães fazem um trabalho de levantamento
das situações que merecem atenção e, às
segundas, dia destinado à visita às popu-
lações do círculo que nos elegeu, venho
cá. Nem consigo contabilizar quantas
vezes vim a Guimarães nestes dois anos.

Estamos sempre presentes na luta de


trabalhadores, sempre que há um pro- “NÓS, PCP, TEMOS DITO QUE NÃO TEMOS A ILUSÃO DE
blema ou mesmo por iniciativa própria,
quer do grupo parlamentar quer da
QUE É POSSÍVEL TERMOS POLÍTICAS DE CRESCIMENTO,
concelhia. Levamos à AR imensos pro- DE VALORIZAÇÃO DE SALÁRIOS, NO QUADRO DOS
blemas do concelho de Guimarães: nós
reunimos com o hospital, com a Câma-
CONSTRANGIMENTOS QUE A UNIÃO EUROPEIA NOS COLOCA.”
ra Municipal, com os diretores dos mu-
seus; estivemos com os trabalhadores
da Moritex, que encerrou; no encerra-
mento da Fiação de Covas; levamos os tável. Nós dizemos que um dos princi- PSD/ CDS-PP. O que nós dizemos é que
problemas dos agricultores da Veiga de pais garrotes ao crescimento do país é o país não aguenta isto e, de facto,
Creixomil…Nós, PCP, fazemos sempre estar agarrado ao tratado orçamental, quem está em condições de quebrar
um acompanhamento próximo. Claro que é um dos instrumentos da go- com este rumo é a CDU, PCP coligado
16 que isto nos obriga a uma disciplina, a vernação da União Europeia, que nos com o Partido Ecologista Os Verdes,
um rigor em termos de tempo. E isto só impõe um nível de défice, uma dívida. Associação de Intervenção Democráti-
é possível porque estou exclusivamen- O Partido Socialista diz que, numa ca e Independentes. Nós temos capaci-
te na Assembleia da República. Esta é interpretação inteligente, devemos dade de produzir. Temos um distrito e
outra marca dos deputados do PCP. continuar ligados, amarrados a esse um concelho com menos empresas, e
tratado. Ora não há interpretação as que temos têm reduzido o núme-
Gostaria de partilhar a defesa dos inteligente, os números são o que são, ro de trabalhadores. Para termos um
interesses destes 14 concelhos, a é matemática. No programa do Parti- rumo de crescimento temos de apostar
partir de outubro, com outro do Socialista está a continuidade das na produção, nos setores tradicionais.
deputado da CDU? privatizações. Nós, PCP, dizemos, não. Vejamos o caso de Guimarães: Quais
Nós temos de devolver o que foi retira- são as áreas típicas de Guimarães?
Partimos com redobrada confiança no do nestes últimos anos. O que dizemos Têxtil, Cutelarias, Calçado... Mas o que
reconhecimento que as pessoas farão é que não trocamos os nossos princí- é que tem acontecido? Temos vindo a
do nosso trabalho. Obviamente que se o pios, que consideramos eixos funda- definhar, a perder emprego. Se criar-
reforço de votação e da percentagem se mentais de uma política patriótica e de mos emprego criamos mais riqueza,
traduzir em mandatos, o povo do distrito esquerda e que levará ao crescimento conseguimos estar menos dependen-
de braga estará mais representado. Pen- económico do país, que levará à valori- tes. Repare que todos os sacrifícios
so que conseguiríamos levar ainda mais zação do trabalho, por uma secretaria que nos foram impostos foram para
problemas à Assembleia e apresentar de estado ou uma pasta no governo. controlar a divida e o défice, mas pas-
mais propostas. O povo é soberano e as sados quatro anos a nossa dívida está
próximas legislativas são o momento O reforço da votação na CDU e uma bastante maior. Entre 2014 e 2020,
ideal para romper com as políticas eventual presença da coligação no foi-nos dito pela Comissão Europeia, em
que têm destruído o país… O distrito governo, em que medida poderão resposta a uma pergunta feita pelos ca-
de Braga e o concelho de Guimarães mudar o rumo do país? maradas que estão no Parlamento Euro-
têm sofrido muito com a política de peu, que, só de juros, vamos pagar 60 000
direita que tem sido praticada ao lon- O que dizemos é que os trinta e oito milhões de euros. Ora, o país não cresce
go destes últimos quatro anos. anos de políticas de direita praticados enquanto não for feita outra aposta.
pelo PS e pelo PSD/CDS-PP, e muito
O PCP está disponível para particularmente nos últimos quatro Como é que o PCP vê
se coligar num governo? anos, fruto da aplicação das medidas as privatizações?
que foram assinadas no acordo entre
O património do PCP, em termos de FMI, BCE e União Europeia, subscrito Vemos como muito más para o país.
abertura ao diálogo, é muito gran- pelo PS, PSD e CDS-PP, têm levado a Nos últimos anos, temos vindo a
de, mas há questões que para nós um empobrecimento do país. Hoje Por- deixar sair do controlo público setores
são essenciais. Colocamos questões tugal é um país mais dependente, mais que são fundamentais e que deviam
fundamentais: repare que o Partido pobre, mais desigual, menos produtivo. estar ao serviço do país. Setores que
Socialista deixou cair a questão da Este rumo que, de uma forma mais dariam algum, muito, dinheiro para o
renegociação da dívida. Nós dizemos intensa ou menos intensa, é o que está orçamento do estado…Privatizaram-se
que esta dívida é impagável, insusten- apresentado no programa do PS e do empresas que davam lucro: EDP, CTT,
uma clara ingerência e chantagem a
este povo. Dizem muitas vezes “Nós
respeitamos a soberania do povo”,
mas depois a chantagem que fazem e
o estreitar do caminho é claramente
dizer “ou é isto ou não é nada”.

A UE tem apostado num rumo que


classificamos como federalista. Cada vez
os estados têm menos poder decisório
e há maior influência de um diretório.
Há um conjunto de mecanismos, há um
rumo neoliberal imenso que está espe-
lhado nestas políticas que o PSD/CDS e
PS subscrevem. Quando ouvimos falar o
primeiro-ministro ou qualquer membro do
ANA, REN …Mas também podia falar da dores que recebem menos do que o governo dizem “é importante fazer refor-
PT. Retirámos do controlo do Estado Indexante dos Apoios Sociais, 10% mas estruturais para o país crescer”. Nós
riquezas que contribuíam como ativos de trabalhadores que, apesar de au- perguntamos: “Quais são?” Eu digo-lhe:
para o Orçamento do Estado, dinheiro ferirem um salário, são pobres. Isto cortar direitos aos trabalhadores, cortar
que seria, posteriormente, alocado para serve o grande capital, os grandes nas pensões, cortar nos salários, privatizar 17
a saúde, educação, para o investimento grupos económicos. os serviços e funções estratégicas do Es-
público, para apoio às microempresas, tado. Isto tudo para quê? Para beneficiar
para a modernização dos equipamen- Aquilo que nós dizemos é que cabe os grandes grupos económicos.
tos públicos… O país deixou de ter estes ao povo, aos trabalhadores, aos Mas repare nesta situação grega: o
ativos que são estratégicos. estudantes, aos reformados, aos governo PSD/CDS-PP e, aliás, o próprio
pensionistas, romper com isto e na Presidente da República não estiveram do
Repare que sempre que há uma privatiza- cabine de voto, na urna, decidirem o lado do povo grego, estiveram ao lado de
ção há duas coisas imediatas que acon- seu próprio destino. Também temos Merkel, de Hollande, de Juncker…O governo
tecem: degradação do serviço prestado e dito que o PCP, no quadro da CDU, português está, assim como o PS, alinha-
aumento dos preços. Para além disto, há está preparado para assumir as res- do com este rumo da União Europeia.
uma ameaça, que se concretiza, para os tra- ponsabilidades que o povo nos queira
balhadores das empresas. Por tudo isto de- dar. Sabemos o que queremos e para Nós, PCP, temos dito que não temos a ilu-
fendemos o combate a estas privatizações e onde queremos ir. Para nós é funda- são de que é possível termos políticas de
apresentamos no nosso programa o retorno mental defender o que consideramos crescimento, de valorização de salários, no
para o Estado de setores estratégicos. que são fatores e vetores fundamen- quadro dos constrangimentos que a União
tais como uma segurança social uni- Europeia nos coloca. Estamos a falar
Por que motivo os portugueses não versal e pública, um serviço nacional claramente dos instrumentos do quadro
se manifestam mais contra as de saúde gratuito, somos contra as europeu, mas também dos constrangi-
políticas seguidas pelo governo? taxas moderadoras e defendemos mentos associados à moeda única.
uma escola pública democrática que
Queria realçar que o povo portu- cumpra a função de desenvolvimento Nós dizemos que a Europa não se esgota
guês, ao longo destes quatro anos, integral do indivíduo. na União Europeia, o continente vai para
lutou muito. Os trabalhadores resis- além da zona euro e é possível uma Euro-
tiram, lutaram e manifestaram-se. Como é que vê a posição grega, pa da paz, uma Europa que respeite a so-
Se não fosse a luta dos jovens, dos a situação europeia? berania de cada povo e que seja solidária.
reformados e dos desempregados
o governo ia mais longe. Por que Desde logo há uma questão que deve Uma das soluções que apresentam
razão o governo não ouviu? Porque ser sublinhada: a resistência e a luta para Portugal é uma eventual
a linha do PSD/CDS-PP é contrária do povo grego. Os programas, ditos saída do euro…
ao que os trabalhadores, jovens, de ajuda, já estão na Grécia desde
reformados, desempregados e pen- 2010 e o povo grego tem mostrado Não alinhamos com os que dizem que
sionistas defendem. O que vimos uma grande resistência às políticas tem de ser uma saída imediata. Temos
nestes anos todos? Políticas contra de empobrecimento e de exploração. de estudar e ver como pode acontecer,
o povo e a favor dos grandes grupos O último referendo mostrou clara- queremos estudar as condições de uma
económicos. Quem são os bene- mente a rejeição destas políticas. Mas possível saída. Para nós é fundamental
ficiários das privatizações? Quem apesar de um povo ter rejeitado estas que, num cenário desses, a questão das
foram os beneficiários de todos os medidas, vemos da União Europeia, pensões, das poupanças e dos salários
sacrifícios? Temos 10% de trabalha- do FMI e do Banco Central Europeu estejam salvaguardadas. •
MÚSICA

SIMÃO NETO
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

O PIANISTA VIMARANENSE RECEBEU RECENTEMENTE DUAS DISTINÇÕES:


O 2º PRÉMIO (NÃO TENDO SIDO ATRIBUÍDO O PRIMEIRO) NO CONCURSO
“PAÇOS PREMIUM”, EM PAÇOS DE BRANDÃO, E O 1º LUGAR NO “PRÉMIO
ELISA DE SOUSA PEDROSO”, EM VILA REAL. “FOI UMA SENSAÇÃO
ÚNICA! UMA FELICIDADE ENORME E UMA GRANDE MOTIVAÇÃO PARA
CONTINUAR. É VER RECOMPENSADO O MEU TRABALHO ÁRDUO E
DEDICAÇÃO EXTREMA”, REFERIU SIMÃO NETO À MAIS GUIMARÃES.

Simão iniciou o seu percurso aos 11 Simão Neto frequenta atualmente


anos de idade, na Academia de Música também a Licenciatura em Música na
Valentim Moreira de Sá em Guimarães ESMAE (Escola Superior de Música,
e não esquece que deve aos pais o fac- Artes e Espectáculo). Quanto ao futuro
to de pertencer ao mundo da música: passará, possivelmente, por uma
“entrei neste mundo por intermédio aventura no estrangeiro para realizar
do meu pai, que é um apaixonado por estudos de mestrado.
música e incutiu em mim essa paixão.
Para ele, sempre foi um sonho saber e 1ª Menção Honrosa no Concurso de 19
fazer música. Como nunca teve possi- Piano “Marília Rocha”, em Vila do Conde,
bilidades financeiras para tal, projetou no Concurso Ibérico do “Alto Minho”, em
em mim o que nunca foi possível na Vila Praia de Âncora e no “Concurso de
vida dele. Juntamente com a minha Piano”, na Póvoa de Varzim; 3º Prémio
mãe, investiram muito e hoje posso no Concurso “Sta. Cecília”, no Porto; o 1º
dizer que sou um privilegiado por ter a Prémio ex-aequo no “Concurso Re-
oportunidade que o meu pai não teve gional de Vila Verde” e o 1º Prémio no
e, de certa forma, sinto um grande Concurso de Música “Anatólio Falé”, na
orgulho por fazer da minha vida aquilo cidade de Lagos, são apenas algumas
que ele sempre sonhou fazer da dele”. das distinções que o jovem pianista já
recebeu ao longo da sua carreira.
Após ter terminado, com classificação
máxima, o Curso Complementar da O passado mês de julho ficou marcado
Piano, na Academia de música José também pela presença no “Verão Clássi-
Atalaya, em Fafe, deu-se, em 2007, “o co” - Academia Internacional de Música
ponto fulcral da sua formação: ano em de Lisboa, onde teve a oportunidade de
que entrou para a classe da sua “que- trabalhar com vários músicos do pano-
rida professora” Ermelinda Martins. rama internacional. No final das master-
“Tudo lhe devo! Foi ela quem despertou classes, onde participaram mais de uma
a música que havia em mim! Ensinou- centena de músicos oriundos dos mais
-me muito, deu tudo o que tinha e variados países, recebeu uma menção
nunca desistiu de mim. Estarei eterna- honrosa pelo seu brilhante desempenho.
mente grato!” acrescentou o músico.
Quanto às oportunidades que surgem no
O PIANISTA DEDICA, ATUALMENTE, PARTE mundo da música em Portugal, Simão
aponta que a principal diferença em
DA SUA VIDA ÀS AULAS COMO PROFESSOR relação ao estrangeiro não está na qua-
DE PIANO E PIANISTA ACOMPANHADOR lidade dos artistas: “O povo português
NA ACADEMIA DE MÚSICA VALENTIM não dá valor à cultura. Portugal precisa
MOREIRA DE SÁ E NA ESCOLA DE MÚSICA de aculturação da população para que
as artes, neste caso a música, não sejam
DA SOCIEDADE MUSICAL DE PEVIDÉM. vistas meramente como hobbies, mas
“ENSINAR É MUITO GRATIFICANTE E sim como criadoras de uma identidade
TAMBÉM APRENDO MUITO. ESFORÇO-ME e de uma tradição, sendo, desta forma,
AO MÁXIMO E CONTINUAREI A FAZÊ-LO valorizadas como tal.” •
POIS ACREDITO QUE O MEU TRABALHO
SERÁ RECOMPENSADO”.
CULTURA

“MÚSICA COM
HISTÓRIA 2015”
TEXTO: ELISEU SAMPAIO • FOTOGRAFIAS: S. M. PEVIDÉM

PROJETO DESENVOLVIDO PELA SOCIEDADE MUSICAL DE PEVIDÉM


LEVOU, EM JULHO, O QUINTETO DE METAIS AO CONVENTO DE
SANTA CLARA E A ORQUESTRA JUVENIL DE PEVIDÉM, ACOMPANHADA
PELO CORO DA INSTITUIÇÃO, AO PAÇO DOS DUQUES DE BRAGANÇA.
MÚSICA E HISTÓRIA DERAM AS MÃOS NA CIDADE BERÇO
NO ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO.

Com o intuito de fomentar a animação


dos espaços museológicos e locais com
valor histórico no concelho, e seguindo, ao
mesmo tempo, uma lógica de proximidade
em que o caráter afetivo e pedagógico são
basilares, a Sociedade Musical de Pevi-
dém apresentou em julho dois concertos
musicais com a participação dos jovens
da instituição. O Convento de Santa Clara
recebeu o Quinteto de Metais, tendo sido
o enquadramento histórico realizado por
José Bastos, vereador da Cultura, e o Paço
dos Duques acolheu os jovens da Or-
questra Juvenil e do coro da instituição.
20 Os dois momentos ficaram marcados
pela sensibilização geral do público, que
pôde contemplar uma união especial Na instituição, o ano de 2015 fica que temos qualidade para fazer mais
entre música e património histórico. marcado pela criação do coro infantil e melhor e não termos condições
e também pelo arranque de ateliers físicas, no que diz respeito ao espaço.
Vasco Silva Faria, maestro da Socieda- de sensibilização musical destinados a Neste momento temos 15 professores
de Musical de Pevidém, faz um balanço crianças dos 3 aos 5 anos. devidamente formados a darem aulas
muito positivo do evento: “Pensando a 80 alunos num sítio pensado para ter
friamente, estiveram aqui crianças, mui- Em 2013 a SMPevidém tinha já apresenta- apenas dois ou três professores. Em
to novas e muitas delas com apenas 6/7 do concertos com estas características e momentos coincidentes é muito com-
anos de idade. Estou muitíssimo orgu- inseridos também no programa “Tempos plicado”, refere Vasco Faria.
lhoso. Foi um concerto de encerramento Cruzados”, na Igreja Românica de Serze-
de ano letivo com chave de ouro.” delo, na Citânia de Briteiros, Santuário de Prevista está, a remodelação, por parte
Nossa Senhora da Penha, Banhos Velhos do município, do espaço da antiga
Isabel Fernandes, diretora do Paço em Caldas das Taipas, Igreja Matriz de escola primária de Pevidém “Sabemos
dos Duques, mostrou-se bastan- S. Torcato, Sociedade Martins Sarmen- que desde setembro do ano passado
te sensibilizada com a atuação da to (com presença de cerca de 2000 que está em fase de contratação de
Orquestra Juvenil no “Músicas com pessoas), Largo da Oliveira, Igreja de S. serviços, mas, como sabemos, estas
História 2015”: “ Ver aqueles jovens Francisco e Paço dos Duques. coisas demoram sempre”, evidencia
a tocar, a cantar neste espaço do o maestro. “Para além do lado prag-
Paço dos Duques, que tem uma Em termos institucionais, Vasco Silva mático da necessidade de termos um
acústica boa para isto… Adorei. de Faria revela algum desalento relati- espaço adequado para melhorar as
Acho que devemos fazer mais vamente ao facto de ainda aguardarem condições das aulas, há o lado que
coisas com a SM. Pevidém. Colabo- a entrega da antiga escola primária da envolve os postos de trabalho de pro-
ramos muito com as instituições e Vila para a instituição poder lecionar fessores e auxiliares, que continuam a
achamos que todos ganham. Eles num espaço com melhores condições desdobrar-se para que tudo funcione.”,
podem ganhar, mas nós também”. “É de facto angustiante sabermos acrescenta Vasco Silva Faria.•
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EXPOSIÇÃO

“AMOR À TERCEIRA VISTA”


ATÉ 30 DE AGOSTO TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS

21

Os Claustros da Câmara Municipal “Amor à terceira vista”. Mais uma vez, o intervencionadas de Pedro Guimarães.
de Guimarães acolheram, no dia 3 de trabalho de Pedro Guimarães acolheu Assim já é possível levar uma peça do
julho, a inauguração da exposição do os maiores elogios. artista “debaixo do braço” para qual-
pintor vimaranense Pedro Guimarães. quer parte do mundo.
A exposição contou com a participação
A noite ficou marcada não só pela apre- especial de Elsa Barreto, que, inspi- Pedro Guimarães, de 41 anos, tem re-
sentação pública de diversas obras do rada nas obras de Pedro Guimarães, cebido diversos convites para expor
artista, mas também pela envolvência apresentou um pouco do que será em várias partes do mundo, estan-
cultural e social do evento, tendo decor- a sua próxima coleção para o verão do presentemente a decorrer uma
rido, simultaneamente, uma exposição 2015/2016. Quanto à exposição auto- exposição sua em Angola. O artista
de automóveis de marcas de luxo e um móvel, destacaram-se os exemplares plástico está a preparar uma exposi-
desfile de moda da estilista Elsa Barreto. de grandes marcas como a Jaguar, ção para 2016 em Lisboa no  Museu
Aston Martin e Maserati. do Fado. Em junho, foi convidado a
Mais de 700 convidados, de vários visitar vários espaços londrinos para
pontos do país, estiveram presentes Nessa noite, e pela primeira vez,  fo- preparar uma exposição em que os
na noite de inauguração da exposição ram também lançadas as serigrafias Beatles serão o tema central. •
ARTIGO DE OPINIÃO

O PACIENTE
TEXTO: ESSER JORGE SILVA • FOTOGRAFIA: JOAQUIM LOPES

O paciente dá expressão à paciência. res. São eles quem mais interagem com de sabedoria. Para o paciente ele escolhe
Fica-se paciente assim, sem se querer, o paciente, no caso “elas”, na medida uma ficha. A sua ficha! Fá-lo com um ar
de um momento para o outro, num em que estamos perante um território introspetivo como quem remexe num
estalar de dedos. A partir daí domina-o profissional maioritário de mulheres. interior cheio de avenidas de sabedoria.
a espera como imperativo. Porque, ao Tudo é motivo para assunto: “desculpe Quando fala é como se tivesse acabado
paciente, não resta outra solução senão mas não lhe vou chamar por esse nome de ler a ficha adequada ao problema do
a paciência, sua melhor propriedade. estranho, vou-lhe chamar senhor Silva”. paciente. Primeiro debita-a na linguísti-
Acometido a um quarto hospital – a que É o grupo que mais entra no quarto e, ca fechada da profissão e, certificando
os velhos chamam, entre o sério e a glo- não tanto pela frequência, é o que mais da incompreensão por iliteracia, expõe
sa, “o hotel” – resta ao paciente acalmar desbloqueia conversas, sendo os temas comummente, dando-se a reivindicação
o seu interior e fazer bem o que todo personalizados - “então de onde é?”, “O tácita não só do estatuto mas também
o paciente faz: aguardar que alguém que faz?”, “ai sôr Elso ou… isso, é isso não do poder da sua palavra.
se lhe dirija a palavra. Na organização é?, a vida está difícil!”. Na hierarquia das
hospitalar, o paciente, sendo o objeto, é auxiliares, a auxiliar da limpeza opta por No tempo em que ocupa o espaço, o
também um “intruso”. Enquanto “intru- temas trágicos – “… e depois de ter falado paciente “objeto” realiza profissionalmen-
so”, ele é uma espécie de estrangeiro que com ele, morreu no dia seguinte; tenho te o médico. Perante o enfermeiro dá-se
22 estando presente, logo deixa de estar tanta pena que nunca mais fui a mesma” uma duplicidade do paciente: nas artes
por não ser da “terra” - entendendo-se - e, quanto mais o ponto de incidência deste profissional cabe o paciente “objeto”,
aqui a expressão terra como o espaço do trabalho se desloca do chão, mais a restando todavia, no espaço atos de des-
hospitalar. Como “objeto” ele revela-se o temática é animosa – “veja sôr Jorge, eu contração que fazem emergir o paciente
ponto de utilidade de toda a comunidade não sou burra, gosto mesmo de apren- “intruso”. Neste entrecruzar de contrários
hospitalar, transportando assim a noção der; se me explicam, aprendo...”. são os auxiliares que mais se servem do
económica que lhe dá utilidade. paciente “intruso”. Animam-no com as es-
Há um toque de concentração na tarefa tórias que ele traz e que, simultaneamente
É grande o tempo em que o paciente realizada pelo enfermeiro como se ali se transformam em novidade no espaço
está entregue a si e é curto o tempo em residisse toda a sua existência profissio- hospitalar. Na métrica do uso da palavra
que contacta com os membros da orga- nal. Não escapa ao paciente o facto de - o dom humano por excelência- não há
nização e, estes dois espaços temporais que todas as horas são cumpridas com dúvidas que os auxiliares se predispõem
configuram, de certa forma, os momen- um rigor ritual: “são vinte horas sôr Jorge, mais para a melhoria da saúde mental do
tos em que se está perante o “intruso” e temos antibiótico”. Antes fora o medir paciente do que todas as palavras embru-
os momentos em que se está perante o da tensão e, antes ainda, o analgésico. O lhadas no discurso técnico. Fica a pergun-
“objeto”. O tempo exclusivo do “intruso” é enfermeiro - oitenta por cento das vezes, ta: reduzir-se-á a sensibilidade humana
o tempo de “esquecimento organizacio- a enfermeira - age entre silêncios e cui- com a subida de estatuto?
nal”. O intruso é situado e confinado a um dados medidos, alguns a violar o corpo -
espaço, o seu quarto, aí residindo a maior “agora vou picá-lo”- e outros a promover Nota: No dia 22 de julho, Miguel Albu-
parte do tempo entregue a si, tempo que a animação do espírito do paciente com querque, chefe do Governo Regional
pode ser colorido com as suas visitas. O “quatro litros de branco”, água mais exa- da Madeira foi submetido a uma inter-
tempo do “objeto” revela-se na presença tamente. É ele quem mais executa atos venção cirúrgica para extração de um
da organização através do contacto com de “cura” ocupando a sua agenda com cálculo renal que lhe fora diagnosticado dois
os seus profissionais. É neste último es- infalíveis tarefas. As suas falas versam dias antes. No mesmo dia, o autor deste
paço que o cliente na sua condição total entre o espreitar dos sinais, a pergunta texto foi submetido a uma segunda inter-
– estrangeiro, intruso e objeto – consegue profissionalmente orientada e a bondade venção cirúrgica para extração da mesma
encontrar os sinais de que a organização da coisa séria feita a brincar. patologia. Com uma diferença: a sua primeira
hospitalar se dá. Para além das cores das entrada na urgência de um hospital com o
batas - e do distinto e omnipresente este- O médico não titubeia no discurso. Não seu problema deu-se a 22 de dezembro de
toscópio médico, do carrinho de utensílios verbaliza hipóteses, é altamente pro- 2014. Foram 2 dias para operar Albuquerque
de enfermagem – há, no tempo gasto fissional no gasto do seu tempo. Nada e 210 dias para operar o escrevedor, cidadão
pelos profissionais, na forma de abordar e de conversa fiada. Na relação com o comum. Por que razão, perante o mesmo
expressar, traços que revelam os recortes paciente apenas inscreve o absoluta- quadro, age o hospital Nélio Mendonça
fronteiriços de classes e estatutos. mente necessário ao problema que no Funchal de forma diferente do Hospital
se lhe apresenta. Perfaz a sua missão Senhora da Oliveira em Guimarães? Será da
Na dialética hospitalar, o médico tem um num recorte limitado exclusivamente organização ou será do estatuto do cálculo?
lugar cimeiro logo seguido do enfermei- à solução da doença. No modo de agir
ro. Mas, na relação com o paciente, a médico forma-se um ar compenetrado
expressão do lugar cimeiro é dos auxilia- de quem tem um interior cheio de fichas Esser Jorge Silva
JORDÃO COOLING SYSTEMS

DRESS
ME
UP
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS:
DIREITOS RESERVADOS

23

Manuel Afonso Sá foi o vencedor do Segundo Isidro Lobo, diretor geral


concurso Dress Me Up, promovido pela da Jordão, “a generalidade dos pro-
empresa vimaranense JORDÃO COOLIN jetos submetidos são genuinamente
SYSTEMS. A concurso foram apresenta- inovadores, propondo roupagens A empresa vimaranense é líder no
das 67 propostas. Para além do trabalho para os equipamentos que se desta- mercado nacional e tem uma pre-
vencedor, estiveram expostos no Centro cam pela sua originalidade e intera- sença crescente no mercado inter-
Cultural Vila Flor os protótipos de todos ção com o consumidor”. nacional, tendo exportado em 2014
os finalistas do concurso. mais de 80% da sua produção. Do
seu portfólio de clientes nacionais e
O júri, composto por cinco elemen-
A EMPRESA JORDÃO COOLIN SYSTEMS internacionais fazem parte: Carre-
tos independentes representantes da FOI FUNDADA EM GUIMARÃES EM four, Delifrance, BP, Companhia das
Associação Nacional de Designers, do 1982 POR UM PEQUENO GRUPO DE Sandes, Go Natural, Jerónimo Martins,
Instituto de Design de Guimarães, do PROFISSIONAIS, QUE POSSUÍAM Continente, Costa Coffee, Casino,
IPAM, da Jerónimo Martins e da Sonae Sodexo e Yata Supermarkets. Desde
MC, distinguiu o trabalho de decoração/
ELEVADA EXPERIÊNCIA NA INDÚSTRIA 2006, tem sido distinguida como uma
roupagem de uma linha de expositores DA REFRIGERAÇÃO COMERCIAL, das melhores empresas para traba-
alimentares de Manuel Afonso Sá. LIDERADOS POR JOSÉ JÚLIO JORDÃO. lhar em Portugal, destacando-se o
DESDE ENTÃO, A EMPRESA DESENHA, elevado nível de comprometimen-
André Teoman, Christophe de Sousa, Dio- to dos trabalhadores para com a
go Couto/Ivo Coutinho/Tomás Gonçalves DESENVOLVE E PRODUZ EQUIPAMENTOS organização. Em 2007 a Jordão foi
(grupo) e Suricata Design Studio foram os DE REFRIGERAÇÃO COMERCIAL: VITRINAS, distinguida pela Câmara Luso-fran-
restantes finalistas, selecionados em abril, BALCÕES, EXPOSITORES VERTICAIS, cesa de Comércio e Indústria com o
que viram os seus protótipos produzidos, Prémio Exportação e em 2014 rece-
projetando diferentes cenários para o
ENTRE OUTROS EQUIPAMENTOS, PARA O beu a distinção “National Champion”
equipamento de refrigeração comercial da RETALHO E DISTRIBUIÇÃO ALIMENTAR E na categoria Foco nos Clientes pelo
empresa vimaranense. PARA O CANAL HORECA. European Business Awards. •
MUNDO

“ESTA NÃO É A EUROPA DAS PESSOAS,


NÃO É A EUROPA COM QUE SONHÁMOS” TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

A situação grega continua a preocupar o que vive na primeira pessoa a difícil de violência nos momentos em que os
mundo. Apesar de já ter sido alcançado situação grega. A Mais Guimarães con- gregos tiveram possibilidade de levan-
um acordo, os gregos vivem numa gran- versou com Alkis Efthimiadis, um grego tar pequenas partes do dinheiro que
de indefinição quanto ao seu futuro, nascido em 1942 numa pequena aldeia tinham nas dependências bancárias.
tendo ainda algumas restrições, nomea- chamada Omali, no norte da Grécia. O acordo alcançado há semanas não
damente ao nível dos levantamentos Alkis acredita que a Europa terá de mu- é, aos olhos deste grego, bom para a
bancários. Para evitar que retirassem dar muito e que não será só a Grécia a Grécia nem para a Europa: “Este acor-
24
todo o dinheiro dos bancos, as insti- ter de encontrar um novo rumo. do foi imposto pela Europa “germâ-
tuições encerraram até dia 19 de julho. nica” depois de muita pressão. É um
Atualmente, já com os bancos de portas Apesar de ter estudado matemática na acordo que só levará a mais pobreza e
abertas, os levantamentos continuam universidade da capital, Atenas, e de ter le- depressão económica. O que é verdadei-
sujeitos a regras muito limitativas. cionado durante cerca de vinte anos, Alkis ramente necessário é um trabalho duro,
dedica-se hoje à construção de guitarras, mas na direção certa. Na minha opi-
Com o partido Syriza a chegar ao poder, os um hobby que se tornou profissão. nião, estas pressões, feitas por grandes
gregos mostram à Europa que não que- centros de interesses económicos na
rem continuar no caminho da austeridade. Olha para a sua nação com bastante Europa, aconteceram para mostrar que
A Europa não cede e o Syriza também não. preocupação: “Os dois partidos con- a Grécia não pode ser o “exemplo de
E após várias horas de conversações, o servadores gregos, que estiveram no esquerda” para outros países”
partido de Alexis Tsipras anuncia a notícia governo nos últimos quarenta anos,
de um referendo. Os gregos votam e vol- conduziram, através de corrupção, bu- Alkis Efthimiadis acredita que o futuro
tam a negar a austeridade. Na complexa rocracia, escândalos e prodigalidade, da Grécia, e da Europa, passará por
cronologia de acontecimentos, surge en- o país para uma situação económico muitas mudanças: “Temos de mudar
tão a demissão do ministro das finanças, financeira bastante má e para uma muitas coisas, a Grécia tem de mudar.
Yanis Varoufakis. A Grécia volta à mesa completa desorganização”, refere. O facto de esta difícil situação estar a
de conversações num cenário em que a Os dias que ficaram marcados pelas ser liderada pelo governo de esquer-
saída do euro se assumia como o desfe- restrições ao nível dos levantamentos da de Alexis Tsipras é algo que nos
cho mais provável. Contudo, a 13 de julho bancários foram, sem dúvida, momen- dá mais esperança e que, de certa
confirma-se o estabelecimento de um tos muito difíceis para os gregos, mas forma, tem aumentado as expetativas.
acordo para um terceiro resgate. Alkis entende que “apesar disso, há a Acredito que todos os povos europeus
ressalvar que as pessoas não entraram têm de trabalhar para conseguirmos
Com um país numa situação tão em pânico, como poderia ser espera- mudar a Europa. Esta não é a Europa
delicada, nada melhor do que co- do”. Na verdade, não houve destaque das pessoas, não é a Europa com que
nhecermos a perspetiva de alguém para episódios mais problemáticos ou sonhámos. Isto tem de mudar.” •
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VIMARANENSES PELO MUNDO

“ATREVE-TE..
O RESTO SERÃO
MERAS CONQUISTAS”
TEXTO: ANDREIA LOPES • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

RUI GOMES É BEM SUCEDIDO Sete anos depois, o vimaranense Rui Go-
mes tem na terra do tio Sam um emprego
gem é imenso e todos os dias são desafios
incríveis de sobrevivência imparável”,
EM MIAMI HÁ DOIS ANOS. estável numa das melhores companhias recorda. E acrescenta: “se não lutas pela
hoteleiras do mundo. tua vida ninguém o fará”.
É vimaranense e tem 31 anos. Em 2008
rumou a Capri, em Itália, movido pela “POR AQUI A VIDA FUNCIONA A UMA Portugal é agora apenas um destino de
busca de experiências profissionais, férias. “O meu lar, a minha casa, a minha
culturais, pessoais e sociais.
VELOCIDADE VERTIGINOSA. EU COSTUMO cidade será onde estiver a minha esposa
DIZER QUE AQUI SÃO PRECISOS 5 ANOS e, futuramente, os meus filhos, onde a
A primeira aventura na Europa foi o mote PARA OBTER UMA ESTABILIDADE DE VIDA vida nos levar. Tenho os meus parentes
para, dois anos mais tarde, apostar no AGRADÁVEL ENQUANTO EM PORTUGAL em Guimarães e sempre que puder visita-
continente americano. Determinado em rei a minha origem, o meu berço. Para já
melhorar o seu inglês partiu para os Esta- SÃO NECESSÁRIOS 10”, observa Rui. nada mais do que isso”.
dos Unidos, longe de imaginar que aquela
ousadia lhe mudaria a vida, para sempre. A saudade é o que mais pesa na hora de A todos os vimaranenses indecisos
partir, mas no caso de Rui o desejo de aven- face a deixar o berço e o país, o conter-
Poucos meses depois, em Miami, quando tura equilibrou a balança e tornou possível o râneo aconselha: “vai, experimenta,
se preparava para regresar a Portugal, sonho do conhecimento e da sabedoria. descobre, parte, aprende, ri, chora,
conheceu aquela que diz ser a mulher da regressa, volta a sair… Se nao fizeres,
sua vida. Dois anos depois casaram. E de- “Eu escolhi a opção que me se nunca experimentares nunca sabe-
cidiram reconstruir a vida em Guimarães. proporciona um crescimento maior rás como poderia ter acontecido. E se 25
Mas ano e meio foi quanto demorou para num menor espaço de tempo” já estás a pensar seriamente em partir,
se aperceberem da falta de perspetivas de mais cedo ou mais tarde a oportuni-
progresso, profissionais e pessoais. Quando estamos fora do país, como estás dade virá. Atreve-te… o resto serão
Próximo destino: Miami. por tua conta e risco, o grau de aprendiza- meras conquistas”. •
VIMARANENSES PELO MUNDO

PORTUGAL, QUE FOI BERÇO,


HOJE É SÍTIO DE PASSAGEM. TEXTO: ANDREIA LOPES • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

PRIMEIRO EMIGROU FILIPA Matilde e Rodrigo nasceram em França,


país para o qual a mãe, Filipa, arriscou
a ausência de um futuro promissor
em Portugal bastaram para tentar,
26
COM 20 ANOS. EM FRANÇA, emigrar com apenas 20 anos. novamente, o regresso a França.
CONHECEU O MARIDO E TEVE Quando abandonou os estudos a Aterrou a 11 de Janeiro de 2011. Desta
DOIS FILHOS. A SEGUIR FOI meio do 11º ano ainda conseguiu feita, sozinha. Ficou até hoje. Garante
alguns empregos temporários em que ficará para sempre.
O TIO, COM 40 ANOS. UM Portugal, mas rapidamente perce-
ANO DEPOIS A MULHER E beu que o futuro não se faria da Trabalha num grupo hoteleiro por-
instabilidade portuguesa. tuguês onde a maioria dos funcio-
MAIS TARDE OS DOIS FILHOS. nários fala a língua de Camões. A
FOI UM PERCURSO DURO, Juntamente com uma amiga, voou proximidade da língua mãe esbate
para França onde já a esperava um as distâncias fronteiriças e ajuda na
LAVADO A LÁGRIMAS, MAS emprego e casa. integração. O amor fez o resto.
CUMPRIDO ESTOICAMENTE.
Foi na passagem de ano de 2010 para Filipa conheceu Ismael no restau-
EMIGRAR FOI A MELHOR DE- 2011 que Filipa Gonçalves se estreou rante. O agora marido, natural de
CISÃO DAS SUAS VIDAS. a trabalhar. Nessa mesma noite o Amarante, na ocasião já emigrado
restaurante foi assaltado com clien- há cinco anos, foi destacado para
Filipa Gonçalves e Paula Pinto chega- tes e funcionários no interior. dar formação no restaurante onde a
ram a Portugal depois de 1570 qui- vimaranense trabalhava. Estava de
lómetros cumpridos em 18 horas de No dia seguinte, e em pânico, passagem, mas acabou por ficar.
viagem desde Chapet a 30 quilómetros regressaram a Portugal.
de Paris. No automóvel seguiam com Chegaram a Portugal no final do mês
elas três crianças: Matilde, 2 anos; A amiga desistiu da aventura da de Julho. Trouxeram as saudades e o
Rodrigo, 8 meses e o João com 12 anos, emigração. Filipa arrependeu-se casamento marcado. No mesmo dia
portador de trissomia 21. de ceder ao medo. Uma semana e batizaram Rodrigo.

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PAULA PINTO ESTEVE SETE quase 9 anos. O filho mais velho, Mi-
guel, recusou-se a ir.
Na manhã seguinte, Paula meteu-se
num avião para buscá-lo. Regressou a
MESES SEM OS FILHOS França ao final do dia. Sendo portador
UM PAÍS DE LÍNGUA DIFERENTE SEM Mas, a estadia de João em França tam- de trissomia 21, João frequenta uma
GENTE NA RUA bém não correu bem. Deixou de comer escola para crianças com necessidades
e de falar. Estranhou aquele país de lín- especiais. Em Portugal tinha 60% de
Filipa estava em França há um gua diferente quase sem gente na rua. incapacidade. Em França tem 100%.
ano quando permitiu que o tio, Paula trouxe o filho mais novo de volta
Alberto Oliveira, com 40 anos, a Portugal. Deixou-o ao encargo da Alberto Oliveira, diz, com mágoa, que a
também emigrasse. irmã e voltou para França.
terra que o acolheu trata melhor o filho
do que a terra onde nasceu. E essa é
Em Portugal deixou um mau salário Começou a trabalhar num hotel e este-
também uma razão para nunca mais
numa empresa de malhas, a mulher ve sete meses longe dos dois filhos.
querer voltar a Portugal.
desempregada e dois filhos menores. Miguel foi o primeiro a decidir ir. Quan-
A mulher, Paula Pinto, tentou sempre do chegou a França, ao fim desse tem-
po, sendo menor ainda, foi estudar. Paula Pinto, que resistiu até ao limite
contrariar a ideia do marido. Se deu
ceder à tentação da emigração, hoje
para viver em Portugal durante 40
anos, aos trancos e aos mancos, em A João, entregue aos cuidados da tia, reconhece que foi a melhor decisão
Portugal continuariam. parecia não incomodar a distância dos que tomou na vida. 27
pais e do irmão. Até que numa noi-
Mas Alberto foi. Das malhas aventurou-se te que parecia igual a tantas outras Da mesma opinião partilha o jovem
na cozinha do restaurante português. preenchida pelos telefonemas dos casal, Filipa Gonçalves e
Paula juntou-se-lhe ao fim de 11 meses. pais, João surpreendeu ao dizer que Ismael Estrela. Portugal, que foi
Levou consigo João, na ocasião com queria ir para França. berço, hoje é sítio de passagem. •
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RECORTES DE PORTUGAL E DO MUNDO
NUMA MALA DE VIAGEM VIMARANENSE

KO PHI PHI E BAÍA


DE PHANG NGA
TESOUROS DO MAR facebook/cotikos

DE ANDAMAN
TEXTO: COTIKOS • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

COMO DAMA SENSUAL, QUE OSTENTA VALIOSAS JÓIAS PARA ILUMINAR


A SUA BELEZA E CARÁTER, TAMBÉM A TAILÂNDIA SE ORNA DAS MAIS
BELAS PRECIOSIDADES QUE POSSUI PARA POSES FOTOGRÁFICAS ICÓNI-
CAS, QUE SEDUZEM TURISTAS DE TODO O MUNDO.

KO PHI PHI das ilhas, que se elevam do mar como


uma fortaleza, o enlevo é imediato.
te. Passará pela Caverna dos Vikings,
onde os andorinhões fazem os seus
O DIAMANTE ninhos, tão procurados pelos locais.
Phi Phi Ley não tem habitantes hu- Na Baía dos Macacos, praia deserta e
A maravilhosa Ko Phi Phi – na realida- manos. Das atrações, Maya Bay ocu- tranquila, os animais alimentam-se de
de, duas ilhas distintas: Phi Phi Don e pa o topo, alcançado após a rodagem frutos oferecidos, mas esteja alerta:
Phi Phi Ley-, uma das maiores atrações do filme “A Praia”. Protegida por pe- podem ser muito atrevidos.
28 do Sul da Tailândia, é por vezes o único nhascos verdes, esta fascinante baía
motivo para uma estadia em Phuket, a esconde no seu interior várias praias, A bordo, são servidas frutas frescas. O
maior e mais rica ilha do país. Partindo algumas só visíveis na maré baixa. A almoço decorrerá sem azáfama, num
daqui, poderá aceder a um dos locais principal, de areia branca e sedosa, dos complexos hoteleiros de Phi Phi Don.
mais atrativos do mundo. tem um banco de coral colorido e
peixes exóticos, que poderá observar As massas turísticas inundam estas
Embarque numa lancha rápida. Ainda que com facilidade. Embrenhe-se na flo- ilhas sublimes; é imperioso iniciar a
o custo seja superior ao das visitas tradicio- resta e absorva o exotismo local. visita bem cedo, para comtemplar a
nais, o grupo menor, a rapidez e o tempo genuinidade do local.
que liberta para fruir desta região de rara A lancha pára em locais lindíssimos e
beleza, compensam o investimento. ótimos para umas braçadas tépidas.
Não perca a oportunidade de fazer
Extravasado de emoção, deslizará pelas mergulho numas das águas mais cris-
águas. O vento fustiga a face, revolve os talinas do mundo; a visibilidade para os
cabelos, areja a mente. Ao aproximar-se corais e cardumes coloridos é excelen-
BAÍA PHANG NGA tranquila de conhecer as estranhas
ilhotas cársicas desta baía, mas o único
na hong, uma espécie de “sala” que
se encontra dentro da ilha, aberta ao
ESMERALDAS DE ÁGUA ENCASTRA- meio para explorar as suas grutas. céu e à luz do sol, e que esconde um
DAS EM MACIÇOS CALCÁRIOS, TALHA- exótico jardim. Estas grandes dolinas,
DOS E TINGIDOS PELA NATUREZA, A Os penhascos cinzentos e brancos, invadidas pelo mar, são circundadas
ARTESÃ DE TODOS OS TEMPOS que se levantam dramaticamente, são por paredes íngremes e escarpadas,
estriados em laranja e preto, por algas cravejadas de vegetação. Nestes domí-
Esplendorosas, as formações rochosas e líquenes. Remar tranquilamente nios escondidos, ricos em fauna e flora
desta baía elevam-se das águas pacatas para descobrir o que escondem no seu intocados, a envolvência é mágica.
e cor de esmeralda do Mar de Andaman âmago, será uma experiência incrível.
(até aos 350 metros). Por vezes, são Após exploração de outras grutas e
cobertas de floresta e abrigam lagoas Se a entrada da gruta é larga, em cer- novo período de navegação, alcançará
cénicas nas hongs, cujo acesso se faz tas zonas, o teto e a parede circundan- a ilha Ko Khao Phing Kan. Este piná-
através de canais e cavernas, por perío- te abraçam-se, deixando uma abertura culo, afunilado na base, conquistou
dos curtos, durante a maré baixa. não muito maior do que um caiaque. notoriedade com o filme clássico “O
Terá de ficar numa posição horizontal Homem da Pistola Dourada”, sendo 29
Parta num barco grande, destinado a para conseguir passar. Atravessar um actualmente conhecido como a Ilha de
explorar estes frágeis mundos perdi- túnel estreito, em completa escuridão James Bond. No término da visita, sen-
dos. Além da alimentação servida a (leve lanterna), trar-lhe-á desconforto tir-se-á um privilegiado e agradecido à
bordo, disponibilizará caiaques de plás- e ansiedade. Sentirá o coração aperta- vida, que lhe concedeu visões magnífi-
tico resistente - não apenas uma forma do, até ao momento em que penetrar cas e emoções únicas. •
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SUGESTÃO DO CHEF ANTÓNIO LOUREIRO

TÁRTARO
DE CAVALA
FOTOGRAFIAS: DIREIROS RESERVADOS

ANTÓNIO LOUREIRO,
CHEF VIMARANENSE, ELEITO
“COZINHEIRO DO ANO 2014”,
SUGERE-NOS UM PRATO
LEVE E FRESCO, COMO A
ESTAÇÃO CONVIDA.

INGREDIENTES:
4 PESSOAS

1kg de cavala 
500ml de azeite virgem extra
100ml óleo de amendoim 
100gr Mini cenoura 
500gr Mini beterraba 
100gr Cebolinhas frescas 
A CAVALA
200ml Leite de soja
100gr Cebolinho
500ml Vinagre
20gr Açúcar 
E A SAÚDE
100gr Pimenta rosa em grão 
500gr Sal marinho A CAVALA É UM DOS PEIXES
OLEOSOS ALTAMENTE
30
RECOMENDADOS PARA
MÉTODO DE PREPARAÇÃO: UMA DIETA SAUDÁVEL.
CAVALA MARINADA:
Retirar a pele e as espinhas da Os ácidos graxos Omega-3 e
cavala, cortar ao meio no sentido Omega-6 são encontrados em
longitudinal, cobrir de sal grosso MAIONESE DE SOJA: quantidades elevadas neste peixe.
marinho durante 15 minutos. Colocar o azeite, o óleo de amendoim Contém vitaminas A, B6, B12, C,
e pequeno dente de alho picado D, E e minerais. Estes incluem
Retirar e lavar para tirar num recipiente alto. cálcio, ferro, magnésio, fósforo,
o excesso de sal. Emulsionar com uma varinha potássio, sódio e selênio. Este
trituradora, adicionar o leite peixe também contém proteínas e
Colocar a cavala num recipiente de soja gradualmente sem deixar antioxidantes Coenzima Q10.
fundo coberta com vinagre de de emulsionar até obter a
vinho branco durante 15 minutos. textura de maionese. A Coenzima Q10 ajuda a eliminar os
agentes cancerígenos a partir de
Retirar, lavar novamente Temperar com sal, algumas células. Os Antioxidantes reduzem
e escorrer bem. gotas de sumo de lima e o risco de alguns tipos de cancro.
cebolinho finamente picado. Os ácidos graxos ômega-3 podem
Cobrir com azeite, alho laminado, ajudar a prevenir o cancro de
tomilho limão, malagueta CROUTONS: mama, próstata, renal e de cólon.
fresca (ou outros aromáticos Cortar a baguete em fatias finas,
que queiram acrescentar). dispor sobre um tabuleiro de forno e Também foi estabelecido que os
temperar com alho esmagado, tomilho, ácidos graxos marinhos dificultam a
Deixar repousar durante 1 hora no azeite e oregãos secos. proliferação de células de cancro de
mínimo (pode ficar até 3 dias). Levar ao forno quente mama. Vários estudos concluíram
a 160 graus durante 5 minutos. que os ácidos gordos essenciais
PICLES CASEIROS: reduzem o risco de cancro de
Cortar a cenourinha e a beterraba em NO PRATO: mama. O óleo de cavala contém
rodelas finas. Cortar as cebolinhas ao Retirar a cavala do azeite e deixar boas quantidades de vitaminas B12
meio e descolar os cascos. Misturar escorrer o excesso de azeite. Cortar a e selênio, que podem ser úteis no
o 190ml de vinagre, 200ml de água, cavala em pequenas porções, colocar tratamento de cancro.
10gr de sal, 20gr de açúcar, a pimenta no prato pequenas colheradas de
rosa, dissolver, meter os legumes maionese de soja. Colocar a cavala Embora a cavala seja um peixe
nesta mistura colocando a beterraba e ao lado da maionese, os picles e os altamente nutritivo, é recomendado
alguns cascos de cebolinha (para tingir) crutons de pão. Pode colocar algumas que as mães grávidas e lactantes o
num recipiente à parte. folhas de rúcula, canonigos ou outras evitem. Os peixes podem conter
Deixar repousar 24h. folhas verdes que desejem. níveis elevados de mercúrio.
GMR TV CULTURA

O “CANTO” DE SOCIEDADE
CARMINHO
TEXTO: GMR TV • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
MARTINS SARMENTO
ACOLHE EXPOSIÇÃO
DE PEDRO PROENÇA
TEXTO: MARCELA FARIA • IMAGEM: DIREITOS RESERVADOS

A INSTITUIÇÃO VIMARANENSE
INAUGUROU EM JULHO UMA
EXPOSIÇÃO QUE CONSTITUI A
SEGUNDA PARTE DO CICLO
“EM VOLTA DAS NOSSAS
GRAVURAS” E QUE
CARMINHO ATUOU ESTARÁ PATENTE ATÉ
NA PLATAFORMA DAS DIA 10 DE SETEMBRO.
ARTES, EM GUIMARÃES, DA EXPOSIÇÃO FAZ
NUM CONCERTO DE PARTE UM SEGUNDO
APRESENTAÇÃO DO CONJUNTO DE
SEU NOVO TRABALHO GRAVURAS
INTITULADO «CANTO», DO ARTISTA
32
NASCIDO EM
QUE É JÁ O SEU TERCEIRO
LUBANGO,
ÁLBUM DE ESTÚDIO. ANGOLA,
A fadista portuguesa estreou-se EM 1962.
com o álbum “Fado” (2009), a
que se seguiu “Alma” (2012), que
foi distinguido com o Globo de
Ouro Caras/SIC e o Prémio Car-
los Paredes. A fadista foi tam-
bém, por duas vezes, distinguida
com o Prémio Amália-Revelação
e Melhor Intérprete.
Pedro Proença expõe com regula-
Em Guimarães, o concerto teve casa ridade desde 1981, tendo formado o
cheia. Veja em www.gmrtv.pt alguns Movimento Homeostético com Ivo,
dos momentos que marcaram esta Xana, Manuel João Vieira e Pedro Por-
noite de fado na cidade berço. tugal, um grupo multidisciplinar para
o qual escreveu dezenas de manifes-
tos. Terminou o curso de pintura da
Faculdade de Belas-Artes de Lisboa
em 1986 e tem feito dezenas de ex-
posições individuais desde 1986, em
locais como, por exemplo, a Galeria
Fucares, Madrid (1987, a Frith Gallery, A INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO FICOU
Londres (1889), o Pallazo Ruspoli, AINDA MARCADA PELA APRESENTAÇÃO
Roma (1994), a Fundação Calouste DO CATÁLOGO DO CICLO, NO QUAL
Gulbenkian (1994), o Kunstwerein de
Frankfurt (1988) e a Galeria Camargo
SE INSEREM AS IMAGENS DE OBRAS
Vilaça, S. Paulo (1988). O trabalho de INCLUÍDAS NAS VÁRIAS EXPOSIÇÕES,
Pedro Proença consiste na encenação UM ESTUDO DA DRA. MARIA JOSÉ
da complexidade através de múltiplas MEIRELES “A GRAVURA ANTIGA
pulsões estilísticas, tendo recebido COMO ARTE E MEMÓRIA” E TEXTOS
já vários prémios, de onde se desta-
DOS TRÊS ARTISTAS QUE INTEGRAM
ca o Prémio União Latina. Para além
das exposições, o autor destaca-se O CICLO – MARGARIDA LAGARTO,
veja a reportagem pela publicação de diversos livros de PEDRO PROENÇA E GINA FRAZÃO, QUE
na íntegra em gmrtv.pt ensaio, poesia, ficção, tipografia. •
ESTIVERAM PRESENTES NA SESSÃO.
RELIGIÃO

MULTIUSOS RECEBEU
CONGRESSO REGIONAL
DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS

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O Pavilhão Multiusos de Guimarães congressos estiveram presentes Teste- Todos os anos decorrem cerca de três
voltou a acolher, em julho, mais duas munhas de Jeová, estudantes da bíblia eventos que reúnem um maior núme-
sessões do Congresso Regional das e outros, oriundos do Minho e norte do ro de pessoas: duas Assembleias de
Testemunhas de Jeová. O tema deste Douro Litoral”, acrescenta. Circuito, com duração de um dia, e um
ano dos congressos, que se realizam Congresso Regional, de três dias. Não
em diversos pontos do país e também As principais diferenças em cada ano obstante, são várias as reuniões de
mundialmente, é “Imite a Jesus”. Cerca de congresso surgem ao nível dos dimensão menor que sucedem sema-
de 10.000 pessoas passaram pelo conteúdos apresentados, tendo em nalmente nas mais de 115 000 congre-
recinto vimaranense, que recebe o consideração a alteração do tema a gações existentes no mundo.
evento há mais de 10 anos. abordar. No entanto, há sempre es-
paço para algumas inovações: “Neste Entre os factos curiosos a ressalvar
Baseados no objetivo de juntar diver- ano foram usados extensivamente nestes encontros destacam-se as par-
sas Testemunhas de Jeová de pontos meios audiovisuais para complemen- ticipações voluntárias na organização
geográficos próximos, estes Congressos tar os discursos bíblicos: nas tardes dos eventos e a ordem social. Relati-
Regionais acontecem uma vez por ano. de sexta e domingo foi visualiza- vamente ao primeiro ponto, realça-se
da uma peça teatral bíblica, com o número de cerca de 500 pessoas, de
A cidade berço é escolhida como ponto trajes da época, e durante a tarde diversas idades, que participaram na
de encontro não só pelo facto de dispor de sábado foi escutada uma leitu- organização do congresso decorrido
de um “local aprazível, dotado de bons ra bíblica dramatizada com o tema em Guimarães (dividindo-se o número
acessos e boas infraestruturas, “Para isto vim ao mundo”. Houve por diferentes funções como logística,
propício para a reunião de alguns ainda espaço para a visualização de comunicação e limpeza).
milhares de pessoas e adequado em uma história, em 3D, com os perso-
termos sonoros e de iluminação” nagens animados “Pedro e Sofia”, No que diz respeito à seriação social,
como também pelo seu “caráter que têm sido os “protagonistas” de o ambiente cordial e pacífico, apesar
geográfico estratégico”, refere Mário histórias cur tas que ensinam lições do considerável aglomerado humano,
Santos, um dos responsáveis pelo impor tantes a miúdos e a graú- não justifica a presença de qualquer
departamento de media. “Nos dois dos”, destaca Mário Santos. entidade policial.•
FESTAS DA CIDADE E GUALTERIANAS 2015

GUIMARÃES EM FESTA
DURANTE QUATRO DIAS
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

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A CIDADE BERÇO FOI PALCO DE MAIS UMA EDIÇÃO DAS FESTAS GUAL-
TERIANAS. MILHARES DE PESSOAS PASSARAM POR GUIMARÃES NO
PRIMEIRO FIM-DE-SEMANA DE AGOSTO. SÃO, DE FACTO, CADA VEZ MAIS
OS VISITANTES QUE RUMAM AO BERÇO DURANTE AS FESTIVIDADES.

O arranque das festividades em ho- Bettencourt na Plataforma das Artes.


menagem a S. Gualter, padroeiro da Os concertos contaram com bastan-
cidade, deu-se na sexta-feira, dia 31 de te público, que aguardava também
julho, com a animação das ruas por vá- a chegada do fogo-de-artifício. Mais
rios grupos de Zés P´reiras, lembrando, uma vez, e este ano em edição única,
aos mais distraídos, que o fim-de-se- os céus de Guimarães conheceram um
mana mais longo do ano tinha chega- bonito espetáculo pirotécnico que de-
do. Nessa noite, um Toural com muita correu na Alameda Alfredo Pimenta.
gente recebeu o Festival Internacional
de Folclore, que contou com várias O domingo arrancou novamente com
atuações de grupos vimaranenses e de bombos, seguindo-se o desfile de
alguns convidados estrangeiros. Simul- Charretes Antigas e com as festivida-
taneamente, decorreu na Plataforma des litúrgicas em honra de S. Gualter
das Artes e da Criatividade o concerto na igreja de S. Francisco. A Majestosa
do cantor de reggae, Richie Campbell. Procissão de S. Gualter levou às ruas
milhares de fiéis e no final do dia
O sábado começou cedo com grupos houve Despique de Bandas Filarmóni-
de bombos e com o concurso pecuário cas de Pevidém e Caldas das Taipas,
no campo de S. Mamede. A tarde foi no Toural, e Marco Génio, artista
animada no coreto do jardim da alame- vimaranense, na Plataforma.
da e nas ruas da cidade, onde decorreu
a Batalha das Flores. Apesar do calor, O último dia de festas arrancou
muitos foram os vimaranenses e turis- em Fermentões com a corrida de
tas que se juntaram à festa bienal. cavalos e encerrou com a

A noite ficou marcada pelos concer-



histórica Marcha Gualteriana.

tos do vimaranense Carlos Ribeiro, no


Largo do Toural, e pela música de Tiago
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INFORMÁTICA, PAPELARIA & CONVITES

PC CONVIDA
A PC CONVIDA ABRIU EM ABRIL DE 2012, NO CENTRO COMERCIAL
VILLA, E CONTINUA A SER UM DOS ESPAÇOS MAIS VISITADOS POR
TODOS OS QUE PROCURAM ARTIGOS DE PAPELARIA, INFORMÁTICA,
COM ASSISTÊNCIA E REPARAÇÃO, OU QUE PRECISAM DE AJUDA NAS
QUESTÕES LOGÍSTICAS DE ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS.

Na liderança deste projeto vencedor NO QUE CONCERNE À REALIZAÇÃO DE


estão Carla Costa e Armindo Martins,
ambos com vasta experiência na
EVENTOS, A PC CONVIDA APRESENTA
área. São eles o rosto das eficazes e TODO O TIPO DE CONVITES, LIVROS DE
rápidas soluções que poderá en- HONRA, PORTA-ALIANÇAS, LEMBRANÇAS,
contrar na PC Convida. “Apostamos EMENTAS, PLACARES, MARCADORES
principalmente na qualidade, com
representação de marcas muito con-
DE MESA, DECORAÇÃO, ENTRE OUTROS:
ceituadas no mercado. Na papelaria “FAZEMOS TUDO DE MODO PERSONALIZA-
temos as fotocópias, encadernação, DO E COM ATENÇÃO AOS PORMENORES
plastificação e tratamento de docu- PARA QUE TUDO SE TORNE AINDA MAIS
mentos e ainda a encomenda de
livros escolares e de todo o material
ESPECIAL”, REFERE CARLA COSTA.
de apoio. Temos também as artes A PC Convida distingue-se ainda
decorativas e artes manuais com as de outros espaços do ramo pela
tintas, pincéis, tecidos, fitas, papéis, organização de vários workshops,
guardanapos, borracha EVA, feltro, onde os clientes podem aprender ou
entre outros produtos”, refere Carla. aperfeiçoar técnicas como o patchwork,
biscuit, EVA e o Scrapbooking.
Armindo destaca, na área que domina
há mais de uma década, as reparações Os clientes da PCConvida destacam a gran-
informáticas de computadores e tablets, de capacidade de solução dos problemas
a instalação e atualização de software, técnicos ao nível informático e a criativida- 35
os sistemas operativos (Windows / Apple de na apresentação de soluções artísti-
/ Linux / Android) e uma vasta gama de cas. Para além disto, ressalvam a ideia de
acessórios tecnológicos. simpatia e profissionalismo da equipa.

Av. D João IV Segunda a Sexta:


Centro Comercial Villa 9:30 às 12:30 e 14:00 às 19:30
Lojas2 e 5 Sábados: 9:30 às 12:30 e 14:00 às 18:00
4810-532 Guimarães Domingos e Feriados: Encerrado
FESTAS DA CIDADE E GUALTERIANAS 2015

MARCHA
GUALTERIANA
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: MAIS GUIMARÃES

As Festas da Cidade e Gualterianas en- da Irmandade de S. Pedro, o Carro da


cerraram mais uma vez com a Marcha Criança, os 550 anos do Nascimento de
Gualteriana, desfile organizado pela Gil Vicente, os 70 anos da Libertação
centenária Casa da Marcha. Para além do Campo de Auschwitz, o Acordo de
dos 8 carros que percorreram as ruas Paz celebrado entre D. Afonso IV e D.
vimaranenses, centenas de figurantes Pedro I e a referência à Associação Co-
abrilhantaram o cortejo. mercial de Guimarães foram os temas
dos carros deste ano. O Carro Balonas
À festa juntaram-se, uma vez mais, e os grupos de bombos foram respon-
milhares de pessoas. A inevitável sáveis pelo encerramento do tradicio-
homenagem à Cidade, os 400 anos nal desfile vimaranense.•

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MEMÓRIAS DE ARADUCA

A INVENÇÃO DAS
FESTAS DA CIDADE
DA FEIRA DE S. GUALTER
ÀS GUALTERIANAS
TEXTO: AMARO DAS NEVES
CARTOON: MIGUEL SALAZAR
FOTOGRAFIAS: COLEÇÃO DE FOTOGRAFIA DA MURALHA

37

As Festas Gualterinas, que aconte- suas indústrias, que lhe granjearam os e ao incitamento de Francisco Martins
cem em Guimarães nos primeiros dias títulos, algo exagerados, de Manchester Sarmento, que convocara as gentes
de agosto de cada ano, podem ser portuguesa ou de Sheffield portuguesa; da sua terra a mudarem de atitude
um excelente caso de estudo para na aposta na instrução, decorrente da perante os poderes centrais. Não por
a compreensão dos mecanismos de clara consciência de que seria condição acaso, a alma mater deste processo de
criação duma tradição e de construção e essencial para a elevação social, eco- transformação cultura seria a coletivi-
avigoramento duma identidade local. No nómica e cultural das suas gentes; e na dade que ostenta o nome do arqueó-
último quartel do século XIX, Guimarães, cultura, área em que, no Portugal finis- logo vimaranense. Intitulando-se de
então uma cidade que se olhava ao secular, Guimarães se projeta para um Promotora de Instrução Popular no
espelho e que não se revia na imagem patamar que não estava ao alcance de concelho de Guimarães, a Sociedade
que lhe era devolvida, desperta para um qualquer outra cidade da sua dimensão. Martins Sarmento organizou a Expo-
processo de afirmação identitária sus- sição Industrial de 1884, promoveu e
tentado na sua memória coletiva (histó- Este processo de regeneração é o divulgou os estudos de arqueologia e
ria, tradições, património construído) e fruto do pensamento e da ação de uma história local, afirmou-se como uma
na dimensão simbólica da sua condição geração de homens sábios e progres- casa de cultura com uma dimensão
de matriz fundacional da nação; nas sistas que corresponderam ao exemplo sem par neste país.
Na viragem do século, o cimento da despertaria zelos adormecidos. Logo to. Mais tarde, não sabemos ao certo
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identidade vimaranense era já sólido. em seguida, anunciava-se uma outra quando, a feira passou a realizar-se
No entanto, faltava-lhe uma compo- comissão para organizar festejos a S. nos dias à volta do primeiro domingo
nente essencial: não havia em Guima- João, com esplendor e magnificência, de agosto, provavelmente em referên-
rães uma grande celebração coletiva junto à ponte do Campo da Feira. Na- cia à trasladação solene das relíquias
que envolvesse os vimaranenses e quele ano, Guimarães teve duas gran- de S. Gualter no primeiro domingo
atraísse os forasteiros. Havia que en- des festas a S. João, mas não ganhou de agosto de 1577. Assim se manteria
contrá-la. as festas da cidade por que ansiava. pelos séculos que se seguiram.

Essa busca torna-se mais premente Por aqueles tempos, a imprensa ia fazen- No século XIX, a Feira de S. Gualter era
na última década do século XIX. Até do repetido eco de um apelo: era preciso especializada em gado cavalar, muar
porque havia um argumento que lhe retirar a antiquíssima feira de S. Gualter do e asinino, sendo apodada de feira das
dava força e urgência: outras terras já estado mórbido em que se encontrava. cavalgaduras. Na sua edição de 4 de
tinham as suas festas concelhias, no- Depois de várias tentativas falhadas, em agosto de 1857, o jornal Tesoura de
meadamente de Braga, onde o S. João 1906 a Associação Comercial tomou em Guimarães relatava a feira desse ano:
ia ganhando uma dimensão que fazia mãos a missão da regeneração daquela
sobressair a lacuna vimaranense. velha feira. Iam nascer, finalmente, as A feira de S. Gualter passou sem novida-
festas da cidade de Guimarães. de notável. Foi pouco concorrida mesmo
Quando, em 1895, ressurgiram em dessas cavalgaduras ordinárias em que
Guimarães as festas a S. Nicolau, houve S. Gualter foi o fundador do primeiro costuma abundar; mas não faltaram a ela
quem alvitrasse que aquelas poderiam convento de S. Francisco de Guima- os pacíficos e inermes amadores dos bens
transformar-se nas festas da cidade que rães, em 1233. Morreria com fama de alheios, que das cinco partes do mundo
se procuravam. Mas cedo se percebeu santidade, provavelmente em 1259. Os ali concorreram com os seus jogos da
que assim não seria. Sendo as festas seus restos mortais foram deposita- roleta, vermelhinha, e outros que tais, para
nicolinas exclusivas dos estudantes, que dos no convento que ajudara a erigir. fazerem o seu lícito negócio. (…) Conquanto
não abriam mãos das suas prerrogati- Daí para a frente, a sua memória seria não houvesse este ano barracas, concor-
vas, jamais seriam adotadas pelos vima- celebrada em dia incerto do mês de reu no domingo à noite grande número
ranenses como momento de celebração Agosto. Uma feira franca anual, que de pessoas e famílias inteiras, a ver ali
de toda a coletividade vimaranense. o rei D. Afonso V criou em Guimarães as barracas. A ponte do Campo da Feira
em 1452 entre os dias 7 e 17 daque- esteve cheia até à meia-noite, gozando ali
A seguir, num processo de decalque le mês, seria batizada de Feira de S. a frescura da bela noite.
espicaçado por uma rivalidade secular, Gualter, por coincidir com os festejos
então ainda mais à flor da pele, colo- que então se faziam ao santo. Em 1498, No ano seguinte, no mesmo jornal,
cou-se o foco nos festejos de S. João, correspondendo a um pedido apre- podemos ler:
que em Guimarães andavam especial- sentado em Cortes pelos procuradores
mente esmorecidos. Em 1899 proje- de Guimarães, D. Manuel I transferiria A feira este ano consistiu em barracas,
tou-se reanimá-los. Constituiu-se uma essa feira para 15 a 25 daquele mês, vitela assada e copos de limonada. Se
grande comissão para elevar a outra em razão de uma romagem que então não fosse a gente da cidade, não se
dimensão as festas a S. João da ponte se começa, ou seja, para coincidir com diria que havia feira. O gado que a ela
de Santa Luzia. Mas esta iniciativa as festividades da Senhora de Agos- concorreu, foi muito pouco e mau.
Os relatos da Feira de S. Gualter que do dia 5 de agosto de 1882, quando se cesso. Em Agosto de 1886, o Religião
encontrámos na imprensa, pelo sécu- anunciava que naquele ano o figurão e Pátria descrevia a feira desse ano:
lo adiante, não se afastam muito dos não faltaria à feira. Que, aliás, iria ter
exemplos que vão acima. Raro era o concorrência de peso: naquele ano, um Aquilo não foi uma feira: foi apenas o
ano em que se não pranteassem os tal François Sousbié, apresentou na rendez-vous de meia dúzia de burricos,
sinais da decadência que lhe prenun- sua barraca um conjunto de quadros pilecas, muito pilecas e muito poucos
ciavam a morte próxima. Regra geral, a mecânicos e automáticos que deixa- – realmente seriam a tal meia dúzia!
ela já não acorriam belas estampas de riam os vimaranenses de boca aberta. Quanto a abarracamento, fornos, casas
cavalos, resumindo-se, quase sempre, de venda, tudo o que constitui o ar de
a uma mostra de pilecas que em nada Anos houve em que se ergueram teatros uma feira, nisso nem é bom falar! Bri-
honravam o santo seu patrono. Mais do de madeira no Campo da Feira. O exemplo lharam pela ausência.
que uma feira, ia-se progressivamente mais antigo que conhecemos aconteceu
transformando num arraial popular. nos tempos agitados que se viviam no E anunciava:
verão de 1837, altura em que um tal Mr.
Por aqueles anos, a feira demorava três Avrillon ali mandou erguer um teatro de A FEIRA DE S. GUALTER
dias. No segundo (domingo), acontecia madeira, para exibir a sua grande com- MORREU. REQUIESCAT!...
a feira propriamente dita, de compra e panhia de espectáculos de cavalinhos,
venda de gado, e o último era o dia da feira danças na corda e outras acrobacias que,
dedicado à trocas de animais. Mais do que a crer no relato do cónego Pereira Lopes, Entre as atrações da antiquíssima Feira
o gado, o que por aqueles dias atraía os causaram espanto e admiração. de S. Gualter de Guimarães, uma havia
vimaranenses ao Campo da Feira eram que teimava em resistir à erosão do
as barracas que lá se instalavam várias se- Com o correr dos anos, eram cada tempo: a vitela. Os cavalos que vinham à
manas antes e que, normalmente, ali esta- vez mais evidentes os sinais de de- feira podiam ser muitos, poucos ou ne-
cionavam quase um mês. Mercadejavam cadência da feira. Na imprensa, era nhuns, mas a vitela, a indispensável vi-
quinquilharias, mostravam curiosidades, recorrente o desfiar de memórias tela assada do S. Gualter, nunca faltava.
vendiam rifas. Havia bichas de curiosos dos tempos em que ali se exibiam Dias antes de a feira começar, multiplica-
para espreitar os cosmoramas. Não falta- magníficos exemplares de cava- vam-se os abates para aprovisionamen-
va quem aliciasse incautos, que acabavam los, muitos deles trazidos de fora, to de casas de pasto e tabernas.
esfolados em jogos proibidos. alguns mesmo de Espanha. Perce-
bia-se que uma feira como aquela Na feira podiam não se fazer negócios
Na década de 1880 era visita frequen- ia deixando de fazer sentido. Os de monta, mas a vitela vendia-se sem-
te da feira um tal Ramiro, com uma compradores eram cada vez menos, pre bem. Em 1877, por exemplo, a feira
barraca onde mostrava uma coleção e os animais também, reduzindo-se a foi fraca, mas, como se escreveu num
de figuras de cera, vendia quinquilha- umas quantas pilecas. As tentativas jornal, foi boa para as rifinhas, o ras-
rias e rifas. Como seriam fastidiosas para reanimar a feira repetiam-se. cante e… para a vitela, que se vendeu
as noites naquele encantador local do Correspondendo a apelos públicos, a às arrobas. Em 1881, lê-se noutro jornal
Campo da Feira sem os berros, sem as Câmara chegou a patrocinar prémios que a feira estava “froixa”, mas que
garatujas, sem o fácil palavreado do monetários para os melhores cavalos algo não afroixara ainda: a matança
Ramiro, escrevia-se no Religião e Pátria que ali se apresentassem. Sem su- de vitelas. Eis uma tradição gastro-
39
nómica vimaranense que, apesar de já se fazia a marcação do terreno do
enraizada, acabaria por se perder. Campo da Feira para a instalação das
Nos primeiros anos do século XX barracas. Anuncia-se a contratação da
sucederam-se os apelos à tomada de conceituada banda militar de Múrcia.
medidas para a regeneração da Feira No Proposto, trabalha-se com afinco
de S. Gualter. Em 1905, a Câmara anun- na construção da Praça de Touros. Os
ciou a intenção de fazer ressuscitar a Bombeiros Voluntários treinam para
40 feira. Mas não passou daí. No primei- os exercícios de demonstração que se
ro domingo de agosto daquele ano, propõem realizar. Prepara-se o regula- Os empregados do comércio também
escrevia-se no Notícias do Minho, sob a mento da feira de gado, que se desdo- se juntaram à festa e, ao extenso
epígrafe A Feira de S. Gualter: brará em duas, em dias diferentes, uma programa, que se cumpriria na íntegra,
para gado bovino, outra para gado acrescentaram um cortejo com balões
É hoje que esta pobrezinha põe em evi- cavalar. Aníbal Vasco Leão compõe venezianos iluminados e fogo-de-ben-
dência, ali no Campo da Feira, uma das e oferece à Associação Comercial o gala multicolorido, que seria acompa-
maiores vergonhas de Guimarães. Hino da Cidade de Guimarães. O Padre nhado por três bandas de música. Na
Gaspar Roriz escreveu a letra. Entra em altura, o singelo cortejo dos caixeiros
1906 estava destinado a ser o ano do campo uma Comissão de Propaganda. quase se perdeu no meio da grandio-
ressurreição. No dia 16 de Maio, a Asso- Recomenda-se prudência no aumento sidade dos festejos. Porém, estava ali
ciação Comercial entregou na Câmara dos preços aos proprietários de hotéis o embrião daquele que, com andar dos
um ofício em que pedia um subsídio e hospedarias, fazendo-lhes notar que tempos, se tornaria no número mais
para o ressurgimento da Feira de S. “as explorações redundam sempre emblemático das festas da cidade
Gualter. A vereação anuiu, lançando em descrédito e prejuízos futuros”. A de Guimarães. No ano seguinte, sob
no seu orçamento 300$000 réis para Companhia do Caminho-de-Ferro de orientação do Padre Gaspar Roriz os
fomento da feira e isentando de taxas Guimarães e a direcção do Caminho- jovens trabalhadores do comércio de
a ocupação de terrenos para estabe- -de-Ferro do Minho e Douro também Guimarães traziam às ruas da cidade a
lecimentos temporários de comércio. dão o seu contributo, estabelecendo primeira Marcha Gualteriana.
Nos oitenta dias que se seguiram comboios extraordinários a tarifas
aconteceu em Guimarães um daque- reduzidas, desde as estações do Porto, Guimarães tinha, finalmente, as suas
les milagres de que os vimaranenses Braga, Barcelos e Viana até Guimarães. Festas de Cidade, que logo no primei-
costumam ser capazes. Imprime-se o guia do viajante, para ser ro ano atingiram uma dimensão que
profusamente distribuído aos forastei- pedia meças a quaisquer outras.
Constitui-se uma comissão, composta ros. Vivem-se dias frenéticos.
por João Fernandes de Melo, António
Ferreira Ramos, José Fernandes da Naquele 4 de agosto de 1906, a cidade O RESTO É UMA
Costa, José de Freitas Costa Soares,
Camilo Laranjeiro dos Reis, Simão Ri-
amanheceu em festa. Nas ruas, exu-
berantemente ornamentadas, bandas
HISTÓRIA QUE TODOS
beiro, Torcato Ribeiro de Faria, Albano filarmónicas cruzavam-se em todas as CONHECEMOS HÁ MUITO. •
Pires de Sousa, António de Araújo direções. Os visitantes que chegavam
Salgado e Albino Pereira Cardoso, que de comboio e desciam pela avenida
logo meteu mãos à tarefa da recolha do Comércio, ao desaguarem no Toural
de fundos. Começa a confeccionar-se eram saudados por um majestoso arco
o programa. Abel Cardoso e José Luís árabe, desenhado por Abel Cardoso, a
de Pina, artistas laureados, assumem fazer lembrar os velhos arcos festivos
os projectos de decorações. A exe- das nossas aldeias, mas com uma gran-
cução das iluminações é adjudicada diosidade nunca antes vista. Começa-
a Emiliano Abreu. No início de Julho, vam as Festas Gualterianas. Salve.
SOLIDARIEDADE

INTERMARCHÉ DAS CALDAS DAS


TAIPAS OFERECE 5 EQUIPAMENTOS
AOS BOMBEIROS LOCAIS TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: MAIS GUIMARÃES

41

No âmbito da campanha nacional nhum apoio. Pensamos adquirir nós e preparados para esta época mais
“Juntos vamos equipar os nossos he- pagar a fatura quando ela vier, sendo difícil no que toca a incêndios”,
róis”, a corporação dos Bombeiros das que o investimento rondará os 14/15mil refere Hermenegildo Silvério Abreu,
Taipas recebeu, no passado mês, cinco euros”, acrescentou o presidente. comandante da corporação.
equipamentos individuais de proteção
oferecidos pela superfície comercial A corporação taipense é uma das que Durante a cerimónia, houve ainda tempo
administrada por Adelino Soares. sofrem com os problemas atuais de para o agradecimento aos clientes do
emigração, tendo visto o seu número Intermarché das Caldas Taipas por parte
Na cerimónia pública de entrega dos de bombeiros reduzido em 28 unidades de Adelino Soares, administrador do
equipamentos, o Presidente da Direção nos últimos dois anos. Muitos destes espaço, “Tudo isto só foi possível com a
dos Bombeiros das Taipas, Pe. José das elementos eram bombeiros com gran- ajuda dos clientes. É com todo o orgulho
Neves Machado, destacou que “mais do de formação, o que resulta numa gran- que o Intermarché das Taipas oferece os
que o significado material é sobretudo de perda para a corporação. Contudo, 5 equipamentos. Já no ano passado tive-
saber que há alguém na sociedade por- está já a decorrer uma formação para mos uma iniciativa assim. O Intermarché
tuguesa que se preocupa com a prote- 17 novos membros, heróis e heroínas. das Taipas foi das lojas em Portugal que
ção individual dos que tudo dão a favor mais donativos recolheram. De facto, a
dos outros e nos quais muitas vezes não Os equipamentos, compostos por população reconhece o excelente traba-
se pensa. Aliás, os que têm por obrigação bota florestal, luvas, cógula, fato de lho desenvolvido pelos Bombeiros.”
pensar nisso, muitas vezes não o fazem proteção florestal, capacete e
e acabamos por ter os nossos heróis no sweatshirt, são essenciais para O Intermarché das Caldas das Taipas
monte, num acidente, sem o devido equi- garantir uma proteção individual na foi também palco, no passado dia 11 de
pamento que os proteja das ocorrências, luta contra o fogo. “Com estes julho, da inauguração de uma área de
pondo em perigo a sua saúde”. equipamentos, fornecidos pelo serviço de apoio a autocaravanas e do
grupo Intermarché, com outros que arranque do serviço “drive”, que consis-
À quantidade doada, juntar-se-ão bre- foram fornecidos pela Autoridade te na realização de encomendas online
vemente mais setenta equipamentos, Nacional de Proteção Civil e pelas com recolha na loja ou com entregas ao
para os quais ainda não se adivinha comunidades intermunicipais do Ave domicílio, uma opção inovadora, muito
qualquer participação institucional: e ainda com os setenta que vamos prática e rápida, que agora está disponí-
“Para já não contamos com mais ne- adquirir, estaremos tecnicamente vel naquele estabelecimento. •
VERÃO SEGURO

“GUIMARÃES PODE
SER CONSIDERADA
UMA CIDADE MUITO SEGURA”
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

A INICIATIVA “VERÃO SEGURO”, QUE JÁ EXISTE DESDE 1978,


EMBORA TENHO TIDO DIFERENTES DESIGNAÇÕES AO LONGO DO TEMPO,
É UM PROGRAMA DA POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA QUE “CONSISTE
NA VIGILÂNCIA DE RESIDÊNCIAS E NO DESTACAMENTO ESPECÍFICO DAS
FORÇAS POLICIAIS PARA ZONAS QUE RECEBEM MAIOR AFLUÊNCIA
NESTAS ALTURAS. NO CASO DE GUIMARÃES, A AÇÃO INCIDE MAIS NAS
ÁREAS MAIS MOVIMENTADAS, NOMEADAMENTE JUNTO ÀS DIFERENTES
PISCINAS DO CONCELHO E AINDA NO CENTRO HISTÓRICO, SOBRETUDO
NO PERÍODO NOTURNO”, APONTA O COMANDANTE JOÃO LOPES.

42

A MAIS GUIMARÃES ESTEVE No distrito de Braga, no ano passado,


foram realizados cerca de 200 pedidos
Desde há quatro, cinco anos, que
o total de criminalidade (violenta e
À CONVERSA COM O de vigilância, sendo que em nenhuma não violenta) tem vindo a diminuir
COMANDANTE DA ESQUADRA das residências destacadas se verifi-
cou qualquer incidente.
na cidade de Guimarães. Contudo, o
responsável acrescente que “o facto de
DA POLÍCIA DE SEGURANÇA o bom tempo convidar a mais concen-
PÚBLICA DE GUIMARÃES, E Em termos estatísticos, a cidade ber-
ço encontra-se claramente abaixo,
trações de massas leva a que algumas
ocorrências, como furtos e ofensas à
DÁ A CONHECER O PONTO DE no que ao nível de criminalidade diz integridade física, aumentem na época
SITUAÇÃO DA SEGURANÇA respeito, de outras cidades próximas
de dimensão populacional seme-
de verão. Algumas pessoas ainda não
têm bem consciência dos riscos. Há
NA CIDADE BERÇO E QUAIS lhante. “Creio que para estes bons pessoas que, por exemplo, estacionam
OS CUIDADOS A TER NESTA resultados conta o facto de a cidade
se encontrar sempre limpa e cuidada.
a viatura e vão guardar alguns bens à
mala esquecendo-se de que podem
ÉPOCA ESTIVAL. PARA ALÉM Os níveis de segurança associados a estar a ser observadas.”, acrescenta.
DISTO, APRESENTAMOS ambientes degradados mostram-se
sempre mais baixos. Claro que aqui
O PROGRAMA “ESTOU poderíamos destacar o bairrismo
“ESTOU AQUI”
AQUI”, DESTINADO ÀS dos vimaranenses, o amor que têm
à sua cidade faz com que sejam os
CRIANÇAS E QUE TEM primeiros a colaborar na manutenção O programa “Estou Aqui” decorre de 30
junho a 30 de setembro e é destinado
RECOLHIDO A ATENÇÃO DOS de uma cidade limpa e propícia a um
sentimento de segurança coletivo”, a crianças dos 2 aos 9 anos. Surge no
PORTUGUESES. refere o Comandante. âmbito do incentivo à política de proxi-

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DICAS DE
SEGURANÇA
Não prolifere a notícia de que vai
de férias, nomeadamente nas
redes sociais.

Reforce a segurança
da sua casa antes de ir de férias
(fechaduras, alarmes)

Reforce a luminosidade de
pontos que não sejam visíveis
para quem passa na rua,
no sentido de evitar que os
intrusos se sintam seguros para
uma entrada na residência.
Com o mesmo intuito, corte
43
adequadamente a vegetação/
arbustos envolventes.
midade da PSP e é, novamente, um dos a pulseira se provarem ser capazes de
destaques da Operação Verão Seguro. andar sozinhas. A base de dados não
receberá mais entradas, nem serão Peça a um familiar próximo para
Para fazer parte do programa, basta aceites mais pedidos de pulseiras, a visitar a sua habitação
fazer o pedido de pulseira online partir do final do mês de setembro, e alternar, por exemplo, o nível
(acedendo ao endereço eletrónico contudo o sistema coletivo de infor- das persianas ou para
estouaqui.mai.gov.pt) e passar pos- mações estará disponível até 31 de de- deixar elementos que indiquem
teriormente na esquadra da PSP para zembro para consulta policial”, destaca atividade recente (por exemplo,
recolher o referido objeto, que permiti- o Comandante João Lopes. deixar uma mangueira
rá a identificação se necessário. A pul- no jardim, um brinquedo
seira contém um número de identifica- Devido à grande adesão (só no mês de numa varanda ou janela). Para
ção que possibilita, através do acesso junho foram registadas e levantadas além disto, peça-lhe para
à base de dados de que a força policial cerca de 43 mil em todo o país), a PSP recolher o correio.
dispõe, o contacto imediato com os viu-se obrigada a partir para um re-
familiares da criança em causa. forço do fornecimento. Para além das
crianças portuguesas, o registo poderá Não faça viagens longas
“As pulseiras de identificação são ser feito também por estrangeiros que de automóvel sem que
igualmente úteis na localização nos visitem nesta altura o nosso país. tenha confirmado previamente o
países da União Europeia pelo facto estado do veículo
de, resultado de acordos estratégicos e realize algumas pausas
estabelecidos, haver a possibilidade,
EM GUIMARÃES FORAM ATIVADAS durante a viagem.
em caso de necessidade, da validação ATÉ FINAIS DO MÊS DE JULHO
dos dados. Crianças com idade inferior CERCA DE 1147 PULSEIRAS. •
a dois anos poderão também receber Se conduzir não beba.

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ROBÓTICA DESPORTO

EQUIPA DA BRITINHO D`OR


UMINHO TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

SAGROU-SE
CAMPEÃ
MUNDIAL
DE FUTEBOL
ROBÓTICO
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS

NO PASSADO DIA 11 DE JULHO


REALIZOU-SE NO AUDITÓRIO DOS
ESPAÇOS CRIATIVOS, EM BRITO,
A GALA DE ENCERRAMENTO
44 DE ÉPOCA DAS ESCOLINHAS
DE FUTEBOL DO BRITO SPORT
CLUBE: A BRITINHO D’OR. A
A “Open League SuperTeam”, pro-
va de futebol robótico júnior no CERIMÓNIA CONTOU COM A
campeonato mundial de robótica PRESENÇA DOS JOGADORES
(RoboCup), decorrido em julho na
China, foi conquistada pela “botn- E EQUIPAS TÉCNICAS DOS
roll.com Soccer Team”, equipa da
Universidade do Minho.
ESCALÕES TRAQUINAS A
(2006), TRAQUINAS B (2007)
A equipa da Uminho saiu vencedora
da competição em que participaram 16
E PETIZES (2008-2009).
equipas de vários pontos do mundo.

A totalidade das equipas foi divida O objetivo do evento consiste em


em quatro “Superteams” e o sorteio premiar todos os atletas, com um
ditou que a equipa da Uminho com- troféu, pela sua participação, entrega
petisse ao lado da Austrália, Eslová- e empenho demonstrados ao longo
quia e Taiwan. Cada um dos robôs da época desportiva. Além disso, ho-
ficou responsável por uma posição menagearam-se ainda os treinadores
específica, tendo sido atribuída ao e diretores deste departamento de
português a tarefa de guarda-redes. futebol, pela dedicação e compromis-
O confronto com a Superteam com- so evidenciados em prol dos atletas.
posta por Irão, Canadá, Alemanha
e Egipto resultou num 8-2; a prova No Britinho D’Or apresentou-se um
com Brasil, Áustria, Itália e EUA teve o espetáculo multimédia dedicado às
resultado final de 2-1 e o último jogo, equipas e a cada atleta. Para além
frente México, Macau, Alemanha e disso, a gala foi também abrilhanta-
Japão, desvendou-se num 1-0. da com a participação da Academia
de Artes Ritmos, que se aliou nesta
Para além da vitória, a botnroll.com honrosa iniciativa através da dança.
Soccer Team recolheu ainda o prémio
“Inovação do ano” e duas menções hon- A formação do Brito Sport Clube
rosas de “Melhor design” e de “Melhor já prepara a nova época desporti-
espírito do RoboCup 2015”. O robô dos va (2015/2016), que iniciará nestes
minhotos foi considerado também o escalões (Traquinas e Petizes)
“Melhor guarda-redes” da competição. no dia 1 de setembro. •
RUI
BRAGANÇA
O “QUASE MÉDICO” QUE
BATE COMO NINGUÉM
É A ESPERANÇA NACIONAL
PARA OS JOGOS OLÍMPICOS
TEXTO: ANDREIA LOPES • FOTOGRAFIAS: JOAQUIM LOPES / COP

45

Nem só na bola Portugal foi vice-campeão do mundo treinos e combates, perdeu


conquista ouro. Nasceu em Guimarães na Coreia do Sul. apenas um ano do curso.
e compete atualmente pelo Vitória
a grande promessa nacional no Até Dezembro quer garantir a Com 23 anos, Rui Bragança sabe tão
taekwondo para os Jogos Olímpicos, presença no Rio2016 e, apesar de bem que nunca o taekwondo deixará
que em 2016 vão decorrer na cidade estar bem cotado, a má experiência de fazer parte da sua vida da mesma
brasileira do Rio de Janeiro. no apuramento para Londres2012 forma que sabe ser impossível
não lhe permite facilidades. Num tornar-se um médico lutador. A
Rui Bragança é o atual campeão combate de seis minutos, uma resposta estará para lá da cortina
nacional, foi medalha de ouro nos distração pode ser fatal. preta que divide 2015 de 2016.
Jogos Europeus de Baku 2015 e no
Campeonato da Europa de Pesos O vimaranense é também estudante Conhecemos um menino de ouro
Olímpicos deste ano. Em 2011 de medicina. Entre viagens e aviões, e não é só no taekwondo.
46
Em 2012, Rui Bragança não competiu de tal forma que desafiado a descrever Oito anos depois, com o ouro
nos jogos olímpicos de Londres porque um dia perfeito, é sem hesitação que ati- nas mãos, o vimaranense pisca o
perdeu um combate a 1 segundo do fim. ra: “no mar de manhã à noite”. A alergia olho a uma medalha olímpica.
ao cloro tirou-o da piscina.
O apuramento para o Rio 2016 Até Dezembro, ocasião em que as con-
fecha-se em Dezembro e o atleta vi- A simpatia pelo Van Damme e o Steven tas se fecham e tudo se decide, Rui Bra-
maranense de taekwondo está lançado Seagal levaram-no a uma curta expe- gança tem, pelo menos, mais três países
para aterrar no Brasil no próximo ano e riência de três meses no karaté. onde irá competir. Ainda este mês, vai
fazer, novamente, história. Haveria de passar ainda pelo andebol e estar em Moscovo, em Setembro passa
experimentar o BTT. pela Turquia e em Outubro pela Inglater-
Nascido na terra onde se começou ra. Se o apuramento correr bem fecha o
a escrever a história de Portugal, Com a inscrição dos pais e da irmã no ano em Dezembro, no México.
Rui tem acrescentado umas quantas ginásio mais próximo de casa, Rui jun-
linhas às páginas desportivas que tou-se-lhes na aventura desportiva. O
se fazem, país e mundo fora. taekwondo pareceu-lhe a melhor opção. “OS JOGOS OLÍMPICOS
Vice-campeão do mundo em 2011, me- As primeiras aulas até nem correram
SÃO O AUGE DA CARREIRA
dalha de ouro no Campeonato da Europa bem, os movimentos técnicos não DE UM ATLETA”
de Seniores (2014) e no Campeonato foram motivadores, mas o bichinho assume o vimaranense.
da Europa de Pesos Olímpicos (2015), nasceu quando começou a “bater”. Daí
atual campeão nacional, Rui Bragança até aos treinos de competição foi um
Em prova estarão os 16 melhores
é, desde Junho, 2º no ranking mundial e curto passo. Um ano e meio depois
atletas do mundo. Rui Bragança quer
3º no ranking olímpico. Simplificando, é a já competia. Foi em Lisboa o primeiro
representar Portugal.
maior figura do taekwondo em Portugal combate contra um adversário bem
e a grande esperança nacional para os mais baixo do que ele.
jogos olímpicos do ano que vem. 5º ANO DE MEDICINA
O 2º NO MUNDO ORTOPEDIA OU ANESTESIA?
Rui Bragança é bolseiro de nível 1 o que
significa que é um potencial meda- E 3º OLÍMPICO Até 2011, eram os pais que lhe financia-
lhado. Como ele, só Rui Costa, Telma vam a carreira. Quando nesse ano, se
Monteiro e seis canoístas. 2007 foi um ano decisivo na carreira sagrou vice-campeão do mundo ganhou
desportiva de Rui Bragança com a con- 10 mil euros que usou para competir.
O taekwondo, arte marcial coreana, con- vocatória pelo selecionador para estar
siderada modalidade olímpica há pouco presente no Campeonato da Europa no Rui Bragança vive em Mesão Frio –
mais de um ano, entrou na vida do Azerbaijão. Com apenas dois anos de quando está em Guimarães porque
vimaranense por um feliz acaso. Iniciou- prática da modalidade, o objetivo era atualmente os combates fazem-se de
-se, desportivamente, na natação, uma ganhar um combate. Em 2008, sagra-se 15 em 15 dias – e frequenta o 5º ano de
opção justificada pelo seu amor à água, campeão nacional de juniores. medicina na Universidade do Minho.
Frequentou o Liceu de Guimarães e perde. Assim foi com o
terminou o secundário com uma apuramento para Londres em 2011.
média de 17.3 valores.

Antes de ingressar no ensino superior o


PARA LÁ DE 2016
critério era simples e único: ficar a estudar UM JOGO PSICOLÓGICO EM QUE
em Braga para assim conciliar a licenciatu- A CABEÇA É UM PONTO FORTE
ra com os treinos bi-diários de taekwondo.
Rui Bragança tem 1.80m e compete na
Pensou em seguir investigação. Em boa categoria dos 58kg. A sua altura permi-
hora optou por medicina. Rapidamente te-lhe abusar do pé para pontapear os
se apaixonou pela parte clínica. adversários, a sua maioria com menos
tamanho. No entanto, quando questio-
São escassas as 24 horas do seu dia que nado sobre os seus pontos fortes rapi-
começa, invariavelmente, com um treino damente avança “a cabeça”. De si diz
e termina da mesma forma. Pelo meio, a ser um atleta calmo e frio para avaliar
universidade ou o estágio no hospital. o combate e superar o adversário.

Em jeito de curiosidade, em 36 dias de O taekwondo é uma espécie de esgrima


viagem, entre Maio e Junho, Rui Bragança onde se usam os pés. Os lutadores usam
fez oito voos, sete aeroportos, 120 horas coletes electrónicos que medem a força
de viagem, três continentes, três países, e pontuam o impacto do golpe. Na ca-
três cidades. A estes, juntam-se outros beça, os capacetes têm o mesmo efeito.
números, três competições, 11 combates, Vence quem no final dos três rounds ti-
34 rounds, duas medalhas ganhas e 56.32 ver mais pontos ou quem aplicar um KO.
pontos para o ranking mundial.
Bragança nunca perdeu por KO. 2016 tem
Ainda assim, conseguiu perder apenas um uma cortina preta. O lutador vimaranense
ano da licenciatura que ficará completa com não vê para além do ano que se segue.
o mestrado e o ano comum que servirá para
decidir a especialidade. Rui já estudou em O objectivo é apurar-se para os jogos
competições, aeroportos e aviões. olímpicos e a partir daí começar a
desenhar o seu futuro sabendo que
Quanto à especialidade clínica, está em Portugal é impossível subsistir
inclinado para ortopedia ou anes- através do taekwondo.
tesia. Segundo o lutador, ambas
com uma ligação ao desporto. Se no Outra verdade absoluta é que nunca
caso da ortopedia, a associação é o taekwondo deixará de fazer parte
evidente, na segunda especialidade, da sua vida, mesmo que tenha de pôr
Rui explica, “exige técnica e pen- de lado a vertente competitiva e 47
samento rápido para no momento dedicar-se apenas ao treino.
decidirmos o que vamos fazer”.
Conciliar a modalidade com a
Assim se faz também o taekwondo. medicina também será impossível. São
Um combate tem apenas seis minutos. demasiadas as certezas para
Num minuto se ganha. Num minuto se um futuro tão incerto. •

© COP © COP
DESPORTO

VIMARUNNERS
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

VIMARANENSES DESTEMIDOS SEMPRE À PROCURA


DOS MELHORES TRAILS. OS CAMINHOS OU TRAILS SÃO
DESENHADOS ENTRE MONTANHAS, CUMES, VALES, PLANÍCIES
E COLINAS NUMA ENVOLVÊNCIA “ÚNICA E APAIXONANTE”
COM A NATUREZA, REFEREM OS FÃS DESTA MODALIDADE.

É na inacessibilidade, descobrin- rem destacar isso mesmo em todos os Quando nos apercebemos já estamos
do locais de beleza impar, que os locais aonde vão. “Pretendemos levar o completamente rendidos à modalidade”,
48 amantes desta modalidade definem nome de Guimarães o mais longe pos- acrescenta Rui Fernandes.
os melhores percursos. sível”, refere Vitor Silva, acrescentando
“Somos todos apaixonados pela nossa Os Vimarunners participam em pratica-
Os Vimarunners são o grupo de desta- cidade e muitos também pelo Vitória. mente todas as provas de trail nacionais
que na cidade berço e a Mais Guima- Aliás, é comum verem-se bandeiras da (norte, sul e ilhas) e em alguns desafios
rães conversou com Vitor Silva e Rui cidade berço e do clube quando corre- internacionais. “O nosso objetivo é partici-
Fernandes, dois dos fundadores da mos nos vários trails pelo país”. par no máximo número possível e chegar
equipa, para perceber quais são afinal a atingir pódios por equipas”. Embora
as razões por detrás do sucesso desta Tendo começado com 12 atletas, os ainda não tenham conquistado, como
modalidade desportiva. Vimarunners são, atualmente, um equipa, um pódio, já conseguiram alguns
grupo com cerca de 40 elementos, honrosos quartos lugares, nomeadamente
O grupo Vimarunners iniciou a sua contabilidade traduzida nos dois gé- na prova de S. Gonçalo em Barcelos, em
atividade há cerca de dois anos como neros e em vários escalões, sendo julho. “A prova em Barcelos contou com
resultado do encontro de alguns que o participante mais novo tem algumas das melhores equipas portugue-
atletas que corriam em estrada. “E se 25 anos e o mais velho mais três sas de trail e ficámos em quarto lugar, a
deixássemos a estrada e nos aven- décadas. Curiosamente, para além poucos segundos do pódio. No entanto,
turássemos em trail?” foi a pergunta de mais velho é também dos mais em termos individuais, os membros dos
que deu origem às primeiras aventuras antigos, o que desde logo demons- Vimarunners já conseguiram, ao longo
desportivas em terrenos mais inóspi- tra a paixão envolvida nesta ativi- destes dois anos, várias presenças nos
tos. Daí até à concretização de uma dade desportiva. “Só quem faz trails pódios”, refere Rui Fernandes.
equipa foi um curto passo. Rui Fernan- é que sabe o que se sente. É uma
des avançou com a ideia de criarem grande paixão. ”, declara Vitor Silva. Para além da intensidade física, facilmente
uma página no facebook e de fazerem dedutível, há um lado psicológico muito
algumas camisolas. O nome explica-se O crescimento do grupo baseia-se forte nesta modalidade. “ Nas provas lon-
facilmente pelo facto de praticamente sobretudo na passagem da palavra e do gas passa-se por vários estados de espírito.
todos serem vimaranenses e de quere- entusiamo: “Um amigo puxa outro amigo. Alguns amigos daqui de Guimarães, que

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fizeram uma prova na Madeira de 115km, Cada corredor tem o seu objetivo pes- gar algumas energias que se vão dissi-
disseram mesmo que estiveram metade do soal: uns querem acabar a prova, ou- pando. “Há, por vezes, reforços alimen-
tempo com a força toda e na outra meta- tros querem acabar nos primeiros dez tares caricatos como o que sucedeu na
de a pensarem em desistir. Disseram-me lugares, outros ambicionam o pódio… aldeia de Cabril, Gerês, que consistia
que foi muito duro, surreal. Aliás, para que A unir todas as participações está a em sopa e cabrito feitos na hora, em
se tenha noção, a partida dessa prova foi grande vontade de superação pessoal panelas antigas, em ferro, uma coisa
feita à meia-noite, no inverno, com um frio e a passagem por paisagens magnífi- surreal”, menciona Vitor Silva.
tremendo. Apesar de não ter estado nesse cas e alheias habitualmente aos olha-
trail, conheço bem esse tipo de realidade res comuns. “Passamos por sítios que Como equipa, os Vimarunners preten-
porque já estive em situações semelhan- não há dinheiro que pague. Este ano fiz dem, sendo “conquistadores natos”,
tes: no ano passado, na Serra da Lousã, o trail Gerês, com organização de Car- ocupar pódios pelo país e participar em
passei a dez metros das ventoinhas eóli- los Sá, com 130 km por etapas, e passei cada vez mais provas internacionais,
cas e, devido ao grande temporal que se por todas as lagoas que costumava ver de modo a levar o nome da cidade
fazia sentir, nem as conseguia ver, só as apenas em fotos ou na televisão. Foi berço cada vez mais longe.
ouvia”, relata Vitor Silva. fantástico.”, expôs Vitor Silva.
Desafio pessoal, superação física e
A força física e a determinação interior Para além disto, há a não menos emocional, paisagens magníficas e
que permitem que se chegue ao final importante questão da entreajuda companheirismo são as palavras do
vêm não sabem bem de onde, mas
chegam. Os Vimarunners, talvez resul-
e companheirismo que definem esta estandarte Vimarunners. •
modalidade “No atletismo de estrada,
tado do peso do nome que envergam, quando cai um atleta os outros passam
acreditam sempre na chegada à meta: e não se retêm a ajudar. No caso do trail
isso não acontece. Se vemos que um
“PENSO SEMPRE QUE NO PRÓXIMO colega cai paramos. É esse espírito que
QUILÓMETRO VOU ESTAR MELHOR, também cativa a participação de cada
vez mais pessoas” , esclarece Rui Fernandes.
QUE AS COISAS VÃO MELHORAR.
QUANDO DOU POR MIM ESTOU NO Durante os longos percursos, existem
FINAL DO TRAIL”. Vitor Silva abastecimentos que permitem recarre-

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DESPORTO

GALA DO
DESPORTO
2015
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

O PAVILHÃO MULTIUSOS RECEBEU EM JULHO A 6ªEDIÇÃO DA GALA DO NA GALA DO DESPORTO DESTE


DESPORTO, INICIATIVA ORGANIZADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE ANO FORAM AINDA AGRACIADOS
JOSÉ MESQUITA, PRÉMIO HOMENAGEM
GUIMARÃES E PELA TEMPO LIVRE. O EVENTO PRETENDE RECONHECER E
2015, E ANTÓNIO LOURENÇO,
DISTINGUIR OS TALENTOS DESPORTIVOS VIMARANENSES. PRÉMIO CARREIRA 2015.

José Mesquita, praticante de futebol,


andebol, xadrez, ténis de mesa, bilhar
Cada vez com resultados mais expres- tada por Ana Meireles, atleta do Clube
livre, basquetebol e automobilismo,
sivos, os atletas e o tecido desportivo de Xadrez da Escola EB 2,3 João de
dedicou grande parte da sua vida ao
vimaranense demonstram nesta ceri- Meira, e Eduarda Caldas, praticante de
voleibol feminino. Nascido em Guima-
mónia a sua vitalidade. natação no Vitória SC.
rães a 17 de Dezembro de 1941, iniciou
o seu percurso desportivo em 1957 no
Após apreciação da Comissão de Ava- MANUEL FREITAS MENDES DISTINGUI-
liação da Gala do Desporto, foram di- Liceu Nacional de Guimarães come-
DO COM PRÉMIO ADAPTADO 2015. çando a praticar futebol.
vulgados os nomes dos atletas distin-
O atleta do VSC conquistou, pela pri-
guidos com cinco bolsas de formação
meira vez, o acesso aos Jogos Olím- Campeão nacional e regional em
desportiva, nas categorias de Atleta do
picos, que se irão realizar no Rio de várias modalidades, José Mesquita foi
Ano, Jovem Revelação do Ano e Atleta
Janeiro em 2016. homenageado pelo facto de ter dedi-
do Desporto Adaptado.
cado toda a vida ao desporto.
50
O evento desportivo contou com a apresen- PEDRO PEREIRA E PAULO MACHADO
tação de Gabriela Nunes e Joana Antunes DESTACADOS PELA ÉTICA DESPORTIVA António Lourenço, médico
e com as presenças da Orquestra Juvenil Pedro Pereira, praticante de judo da cardiologista, é um reconhecido
de Pevidém, dirigida pelo Maestro Vasco ARCAP, e Paulo Machado, atleta do homem do desporto, ligado
Silva Faria, com os solistas Carlos Meireles GRUFC, receberam ex aequo o prémio sobretudo ao basquetebol.
e Sandra Azevedo, da banda “John and The Ética no Desporto.
Charmers”, Liceu Got Talent e ainda da Aca- António Lourenço começou a carreira
de atleta em Moçambique no Despor-
demia de Patinagem de Guimarães. GONÇALO FREITAS É A
tivo de Lourenço Marques, Benfica
REVELAÇÃO MASCULINA de Lourenço Marques e Ferroviário
RUI BRAGANÇA ELEITO O atleta de karaté do Aquabrito recebeu de Lourenço Marques. Com o regres-
ATLETA MASCULINO DO ANO uma bolsa de formação desportiva no so a Portugal vestiu a camisola do
Rui Bragança recebeu uma bolsa de for- valor de 2.000 euros. Vítor Ribeiro, atleta F.C.Porto, F.C.Gaia, Académico do
mação desportiva no valor de 2.500 euros. do Vitória SC, e Pedro Fernandes, prati- Porto, Desportivo Francisco de Holan-
Além do atleta de taekwondo do Vitória, cante de natação no Vitória SC, eram os da (jogador/treinador, subiu o clube
concorriam a esta categoria António outros candidatos ao prémio. da 3ª à 2ª divisão), Basquetebol Clube
Sousa, praticante de Kickboxing, Boxe e de Guimarães (BCG) (subiu o clube da
Full Contact no Vitória SC, e Ulisses Dias, INÊS FERREIRA É A 3ª à 2ª e depois à 1ª divisão), sendo
praticante de Jiu Jitsu no Vitória SC. REVELAÇÃO FEMININA também internacional Júnior.
A praticante de karaté do Aquabrito
FRANCISCA JORGE ELEITA recebeu também uma bolsa de for- Foi treinador e presidente do BCG
ATLETA FEMININA DO ANO mação desportiva no valor de 2.000 (clube que ajudou a fundar), diretor do
A tenista Francisca Jorge, para além euros. Para além de Inês, concorriam basquetebol do Vitória de Guimarães,
do troféu, conquistou uma bolsa de a esta categoria Cláudia Machado (Os onde conquistou duas Taças de Portu-
formação desportiva no valor de 2.500 Sandinenses) e Mónica Silva (Grupo gal, um Campeonato da Proliga e um
euros. A distinção era também dispu- Desportivo dos Unidos do Cano). Torneio António Pratas. •
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CARTOON DE MIGUEL SALAZAR

GASPAR RORIZ,
O PADRE-ARTISTA
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O Padre Gaspar da Costa Roriz é uma devoção patriótica à sua cidade e pela Mas o que mais distinguia o Padre
das figuras incontornáveis das primeiras finura da sua ironia. Padre-artista lhe Roriz era a sua dedicação a Guimarães,
décadas do século XX em Guimarães. chamou um dia um colega de ofício. a sua paixão pela terra natal. Por aqui,
Nascido na rua de D. João I no dia 30 todos sabiam que a porta da sua casa
de Agosto de 1865, filho de um mestre Gaspar Roriz foi um dos grandes ani- nunca deixava de se franquear ale-
barbeiro, nunca esqueceu a sua origem madores das festas dos estudantes de gremente a quem a ela batia e dizia a
humilde nem deixou de amar a terra Guimarães a S. Nicolau, desde o seu res- senha: Por Guimarães!
que o viu nascer. Sacerdote e eminente surgimento em 1895. Escreveu pregões,
orador sagrado, era frequentemente compôs e ensaiou os textos das danças, A última grande cerimónia em que
requisitado para abrilhantar solenidades dedicou diversas composições poéticas discursou em público foi aquando da
religiosas nos lugares mais diversos. Mas às festas. Dedicou-lhes também o Auto celebração do oitavo centenário da Ba-
os seus dotes oratórios não se limitavam da Saudade, que compôs em 1920. Não foi talha de S. Mamede, em 1928. Nesse dia,
a atos sagrados, sendo senhor de uma por acaso que foi a Associação dos Anti- quando soaram os clarins de um pelotão
verve prodigiosa com que animava todo gos Estudantes do Liceu de Guimarães, de cavalaria, vestidos como os soldados
o género de eventos, públicos ou priva- então dirigida por António Faria Martins, a de Afonso Henriques, acompanhando o
dos. Foi jornalista (em 1899 era redator tomar a iniciativa de comemorar o cente- içar da bandeira na torre de menagem
principal do Eco de Guimarães; em 1908 nário do seu nascimento, em 1965. do castelo, e a multidão explodia em
fundou o Regenerador, de que era dire- vivas e aplausos, pelo rosto do Padre
tor e proprietário), professor do Liceu, O seu nome é também indissociável das Roriz corriam lágrimas de que A. L. de
poeta, dramaturgo, encenador, confe- festas Gualterianas, ou não fosse ele Carvalho foi testemunha.
rencista, político, comissário da Ordem o autor da letra do Hino da Cidade de
Terceira de S. Francisco de Guimarães. Guimarães, composto por Aníbal Vasco A notícia da sua morte cobriu Guimarães
Grande conversador, era presença im- Leão para as festas de 1906, e o inventor de luto no dia 7 de Março de 1932.
prescindível nas tertúlias do seu tempo, da Marcha Gualteriana, que saiu à rua pela
onde se destacava pela cultura, pela primeira vez nas festas de 1907. António Amaro das Neves

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