BRAGANÇA
O atleta vimaranense de
taekwondo, atual campeão
nacional e europeu e
vice-campeão do Mundo em 2011,
prepara o apuramento para
os Jogos Olímpicos do Rio de
Janeiro em 2016.
Os vimaranenses viveram intensa- ciedades, que, no fundo, resultam da E o que procura quem
mente, e como é tradição, mais umas singularidade dos indivíduos que lhes visita Guimarães?
Festas da Cidade e Gualterianas. pertencem. O povo é parte ativa neste
processo, tem de o ser. Sermos cidade berço de Portugal tam-
Saíram à rua, divertiram-se, assistiram bém nos traz essa enorme responsabi-
aos espetáculos e ao fogo-de-artifício. Cabe a quem gere a atividade cultural lidade: a de valorizarmos e de darmos
Levaram os filhos aos carrocéis e à o acompanhamento e até a estimula- a conhecer as raízes deste pequeno e
batalha das flores e atufaram-se de bi- ção de determinada vertente, de certa culturalmente rico país, pelo qual os
fanas e farturas. No fim, já enfraqueci- corrente cultural, mas não a definição nossos lutaram e fizeram crescer. Afinal,
dos com tanta folia, levaram a cadeira ou a transformação radical das carate- acredito que deve ser esse o principal
03
de praia para a berma da estrada e rísticas culturais de um povo. motivo dos que procuram Guimarães.
assistiram, maravilhados, a mais uma
Marcha Gualteriana, preparada com Assim, gostei de ver as Gualterianas,
rigor e suor pelos obreiros da centená- com enchentes para assistirem aos BOAS FÉRIAS, E
ria Casa da Marcha. espetáculos de folclore, à atuação das
duas bandas Filarmónicas de Guima- VIVA AS GUALTERIANAS.
Guimarães orgulha-se das suas tradi- rães, aos cantares ao desafio e vibran-
ções e da sua cultura popular. do com as concertinas que preenche-
ram as ruas da cidade. Gostei de ver
A cultura popular vimaranense é algo assim, o povo na rua, aplaudindo cada
único, como são únicas todas as so- passagem dos Zés Pereiras.
PENHA
PULMÃO VERDE DE GUIMARÃES 07
37 A INVENÇÃO DAS
FESTAS DA CIDADE 05
15
ENTREVISTA A
CARLA CRUZ
VIMARUNNERS
48
25
VIMARANENSES
PELO MUNDO
21
42 FÉRIAS
EM SEGURANÇA
PEDRO
GUIMARÃES
AMBIENTE
PENHA,
O PULMÃO VERDE
DE GUIMARÃES
TEXTO: ELISEU SAMPAIO • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
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Quanto à dinamização cultural,
o que está nos planos?
11
O HOSPITAL DE GUIMARÃES ACOLHEU NA MESMA SEMANA TRÊS O monumento vimaranense volta a ser
reconhecido como o museu, sob alçada
PARTOS DE GÉMEOS E DOIS PARTOS DE TRIGÉMEOS. OS ÚLTIMOS da Direção Regional da Cultura do Norte
ACONTECERAM A 13 E 16 DE JULHO, DEIXANDO A UNIDADE DE (DRCN), mais visitado do Norte do país.
NEONATOLOGIA COM TRABALHO REFORÇADO. No primeiro semestre de 2015, recebeu
137402 visitas, mais 13.7% do que em
igual período do ano anterior.
GUIMARÃES
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
A QUARTA EDIÇÃO DA INICIATIVA TROUXE MILHARES DE PESSOAS ÀS RUAS
DA CIDADE BERÇO. PARA ALÉM DOS VÁRIOS PONTOS DE DIVERSÃO FIXOS,
EM DIFERENTES PRAÇAS E LARGOS DA CIDADE, HOUVE AINDA ESPAÇO
PARA A PASSAGEM DO TRIO ELÉTRICO, QUE MAIS UMA VEZ TERMINOU A
SUA VIAGEM NUM TOURAL MUITO ANIMADO. A MAIS GUIMARÃES DEIXA-LHE
ALGUMAS DAS FOTOS DE UMA DAS NOITES MAIS DIVERTIDAS DO ANO:
12
13
VAI UMA
BOLINHA?
Com fabrico tradicional, a Bolas Pró Lanche ram para provar os sabores únicos que “Para além das Bolas de Berlim, há
apresenta, para já, 6 variedades de recheios são apresentados no espaço. De facto, ainda a inovação de sabores no que
que já conquistaram os vimaranenses: podemos constatar que a bola de diz respeito aos lanches, com a
creme tradicional, creme francês, canela, Berlim é mesmo uma das iguarias mais apresentação de diversas variedades:
creme russo, morango e chocolate. Para acarinhadas pelos portugueses. tradicional de fiambre ou misto, de
além destas, há ainda a habitual bola sem atum ou frango e o Hermes, o
recheio para quem não se conseguir decidir. Muitos são já os clientes que se ren- lanche da casa” , acrescenta Hélder.
deram à Bolas Pró Lanche. “Notamos
Abriu em julho na Rua Paio Galvão, dois tipos de reação: por um lado, uma O Bolas Pró Lanche apresenta ainda, no
junto ao Toural, e é já um novo espaço confirmação da qualidade e sabor das seu moderno e agradável espaço, para o
de culto da cidade berço. nossas bolas de Berlim por parte de acompanhamento, sumos naturais, chás
clientes fãs deste doce e, por outro lado, frios, Capuccino, Frapissimo e Coffecci-
A inauguração do espaço contou não a rendição por parte de quem nunca no, sendo o espaço ideal para desfrutar
só com a presença de muitos vima- tinha comido ou não comia habitualmen- de um encontro de sabores frescos e
ranenses que, tendo conhecimento te. Na verdade, há já muitos clientes que únicos a que será difícil resistir.
prévio da abertura, não conseguiram não conseguem passar sem levar umas
resistir, mas também com admiradores bolas para casa”, refere Hélder Teixeira,
de concelhos vizinhos, que aproveita- responsável pela Bolas Pró lanche.
“GENTES DA
NOSSA TERRA”
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
CARLA CRUZ
TEXTO: ELISEU SAMPAIO • FOTOGRAFIAS: MOMENTOS ÚNICOS
15
Sendo a única deputada da CDU
na Assembleia de República eleita
pelo círculo de Braga, como se
organiza para conseguir estar
presente nos 14 concelhos do distrito?
SIMÃO NETO
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
“MÚSICA COM
HISTÓRIA 2015”
TEXTO: ELISEU SAMPAIO • FOTOGRAFIAS: S. M. PEVIDÉM
21
Os Claustros da Câmara Municipal “Amor à terceira vista”. Mais uma vez, o intervencionadas de Pedro Guimarães.
de Guimarães acolheram, no dia 3 de trabalho de Pedro Guimarães acolheu Assim já é possível levar uma peça do
julho, a inauguração da exposição do os maiores elogios. artista “debaixo do braço” para qual-
pintor vimaranense Pedro Guimarães. quer parte do mundo.
A exposição contou com a participação
A noite ficou marcada não só pela apre- especial de Elsa Barreto, que, inspi- Pedro Guimarães, de 41 anos, tem re-
sentação pública de diversas obras do rada nas obras de Pedro Guimarães, cebido diversos convites para expor
artista, mas também pela envolvência apresentou um pouco do que será em várias partes do mundo, estan-
cultural e social do evento, tendo decor- a sua próxima coleção para o verão do presentemente a decorrer uma
rido, simultaneamente, uma exposição 2015/2016. Quanto à exposição auto- exposição sua em Angola. O artista
de automóveis de marcas de luxo e um móvel, destacaram-se os exemplares plástico está a preparar uma exposi-
desfile de moda da estilista Elsa Barreto. de grandes marcas como a Jaguar, ção para 2016 em Lisboa no Museu
Aston Martin e Maserati. do Fado. Em junho, foi convidado a
Mais de 700 convidados, de vários visitar vários espaços londrinos para
pontos do país, estiveram presentes Nessa noite, e pela primeira vez, fo- preparar uma exposição em que os
na noite de inauguração da exposição ram também lançadas as serigrafias Beatles serão o tema central. •
ARTIGO DE OPINIÃO
O PACIENTE
TEXTO: ESSER JORGE SILVA • FOTOGRAFIA: JOAQUIM LOPES
O paciente dá expressão à paciência. res. São eles quem mais interagem com de sabedoria. Para o paciente ele escolhe
Fica-se paciente assim, sem se querer, o paciente, no caso “elas”, na medida uma ficha. A sua ficha! Fá-lo com um ar
de um momento para o outro, num em que estamos perante um território introspetivo como quem remexe num
estalar de dedos. A partir daí domina-o profissional maioritário de mulheres. interior cheio de avenidas de sabedoria.
a espera como imperativo. Porque, ao Tudo é motivo para assunto: “desculpe Quando fala é como se tivesse acabado
paciente, não resta outra solução senão mas não lhe vou chamar por esse nome de ler a ficha adequada ao problema do
a paciência, sua melhor propriedade. estranho, vou-lhe chamar senhor Silva”. paciente. Primeiro debita-a na linguísti-
Acometido a um quarto hospital – a que É o grupo que mais entra no quarto e, ca fechada da profissão e, certificando
os velhos chamam, entre o sério e a glo- não tanto pela frequência, é o que mais da incompreensão por iliteracia, expõe
sa, “o hotel” – resta ao paciente acalmar desbloqueia conversas, sendo os temas comummente, dando-se a reivindicação
o seu interior e fazer bem o que todo personalizados - “então de onde é?”, “O tácita não só do estatuto mas também
o paciente faz: aguardar que alguém que faz?”, “ai sôr Elso ou… isso, é isso não do poder da sua palavra.
se lhe dirija a palavra. Na organização é?, a vida está difícil!”. Na hierarquia das
hospitalar, o paciente, sendo o objeto, é auxiliares, a auxiliar da limpeza opta por No tempo em que ocupa o espaço, o
também um “intruso”. Enquanto “intru- temas trágicos – “… e depois de ter falado paciente “objeto” realiza profissionalmen-
so”, ele é uma espécie de estrangeiro que com ele, morreu no dia seguinte; tenho te o médico. Perante o enfermeiro dá-se
22 estando presente, logo deixa de estar tanta pena que nunca mais fui a mesma” uma duplicidade do paciente: nas artes
por não ser da “terra” - entendendo-se - e, quanto mais o ponto de incidência deste profissional cabe o paciente “objeto”,
aqui a expressão terra como o espaço do trabalho se desloca do chão, mais a restando todavia, no espaço atos de des-
hospitalar. Como “objeto” ele revela-se o temática é animosa – “veja sôr Jorge, eu contração que fazem emergir o paciente
ponto de utilidade de toda a comunidade não sou burra, gosto mesmo de apren- “intruso”. Neste entrecruzar de contrários
hospitalar, transportando assim a noção der; se me explicam, aprendo...”. são os auxiliares que mais se servem do
económica que lhe dá utilidade. paciente “intruso”. Animam-no com as es-
Há um toque de concentração na tarefa tórias que ele traz e que, simultaneamente
É grande o tempo em que o paciente realizada pelo enfermeiro como se ali se transformam em novidade no espaço
está entregue a si e é curto o tempo em residisse toda a sua existência profissio- hospitalar. Na métrica do uso da palavra
que contacta com os membros da orga- nal. Não escapa ao paciente o facto de - o dom humano por excelência- não há
nização e, estes dois espaços temporais que todas as horas são cumpridas com dúvidas que os auxiliares se predispõem
configuram, de certa forma, os momen- um rigor ritual: “são vinte horas sôr Jorge, mais para a melhoria da saúde mental do
tos em que se está perante o “intruso” e temos antibiótico”. Antes fora o medir paciente do que todas as palavras embru-
os momentos em que se está perante o da tensão e, antes ainda, o analgésico. O lhadas no discurso técnico. Fica a pergun-
“objeto”. O tempo exclusivo do “intruso” é enfermeiro - oitenta por cento das vezes, ta: reduzir-se-á a sensibilidade humana
o tempo de “esquecimento organizacio- a enfermeira - age entre silêncios e cui- com a subida de estatuto?
nal”. O intruso é situado e confinado a um dados medidos, alguns a violar o corpo -
espaço, o seu quarto, aí residindo a maior “agora vou picá-lo”- e outros a promover Nota: No dia 22 de julho, Miguel Albu-
parte do tempo entregue a si, tempo que a animação do espírito do paciente com querque, chefe do Governo Regional
pode ser colorido com as suas visitas. O “quatro litros de branco”, água mais exa- da Madeira foi submetido a uma inter-
tempo do “objeto” revela-se na presença tamente. É ele quem mais executa atos venção cirúrgica para extração de um
da organização através do contacto com de “cura” ocupando a sua agenda com cálculo renal que lhe fora diagnosticado dois
os seus profissionais. É neste último es- infalíveis tarefas. As suas falas versam dias antes. No mesmo dia, o autor deste
paço que o cliente na sua condição total entre o espreitar dos sinais, a pergunta texto foi submetido a uma segunda inter-
– estrangeiro, intruso e objeto – consegue profissionalmente orientada e a bondade venção cirúrgica para extração da mesma
encontrar os sinais de que a organização da coisa séria feita a brincar. patologia. Com uma diferença: a sua primeira
hospitalar se dá. Para além das cores das entrada na urgência de um hospital com o
batas - e do distinto e omnipresente este- O médico não titubeia no discurso. Não seu problema deu-se a 22 de dezembro de
toscópio médico, do carrinho de utensílios verbaliza hipóteses, é altamente pro- 2014. Foram 2 dias para operar Albuquerque
de enfermagem – há, no tempo gasto fissional no gasto do seu tempo. Nada e 210 dias para operar o escrevedor, cidadão
pelos profissionais, na forma de abordar e de conversa fiada. Na relação com o comum. Por que razão, perante o mesmo
expressar, traços que revelam os recortes paciente apenas inscreve o absoluta- quadro, age o hospital Nélio Mendonça
fronteiriços de classes e estatutos. mente necessário ao problema que no Funchal de forma diferente do Hospital
se lhe apresenta. Perfaz a sua missão Senhora da Oliveira em Guimarães? Será da
Na dialética hospitalar, o médico tem um num recorte limitado exclusivamente organização ou será do estatuto do cálculo?
lugar cimeiro logo seguido do enfermei- à solução da doença. No modo de agir
ro. Mas, na relação com o paciente, a médico forma-se um ar compenetrado
expressão do lugar cimeiro é dos auxilia- de quem tem um interior cheio de fichas Esser Jorge Silva
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TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS:
DIREITOS RESERVADOS
23
A situação grega continua a preocupar o que vive na primeira pessoa a difícil de violência nos momentos em que os
mundo. Apesar de já ter sido alcançado situação grega. A Mais Guimarães con- gregos tiveram possibilidade de levan-
um acordo, os gregos vivem numa gran- versou com Alkis Efthimiadis, um grego tar pequenas partes do dinheiro que
de indefinição quanto ao seu futuro, nascido em 1942 numa pequena aldeia tinham nas dependências bancárias.
tendo ainda algumas restrições, nomea- chamada Omali, no norte da Grécia. O acordo alcançado há semanas não
damente ao nível dos levantamentos Alkis acredita que a Europa terá de mu- é, aos olhos deste grego, bom para a
bancários. Para evitar que retirassem dar muito e que não será só a Grécia a Grécia nem para a Europa: “Este acor-
24
todo o dinheiro dos bancos, as insti- ter de encontrar um novo rumo. do foi imposto pela Europa “germâ-
tuições encerraram até dia 19 de julho. nica” depois de muita pressão. É um
Atualmente, já com os bancos de portas Apesar de ter estudado matemática na acordo que só levará a mais pobreza e
abertas, os levantamentos continuam universidade da capital, Atenas, e de ter le- depressão económica. O que é verdadei-
sujeitos a regras muito limitativas. cionado durante cerca de vinte anos, Alkis ramente necessário é um trabalho duro,
dedica-se hoje à construção de guitarras, mas na direção certa. Na minha opi-
Com o partido Syriza a chegar ao poder, os um hobby que se tornou profissão. nião, estas pressões, feitas por grandes
gregos mostram à Europa que não que- centros de interesses económicos na
rem continuar no caminho da austeridade. Olha para a sua nação com bastante Europa, aconteceram para mostrar que
A Europa não cede e o Syriza também não. preocupação: “Os dois partidos con- a Grécia não pode ser o “exemplo de
E após várias horas de conversações, o servadores gregos, que estiveram no esquerda” para outros países”
partido de Alexis Tsipras anuncia a notícia governo nos últimos quarenta anos,
de um referendo. Os gregos votam e vol- conduziram, através de corrupção, bu- Alkis Efthimiadis acredita que o futuro
tam a negar a austeridade. Na complexa rocracia, escândalos e prodigalidade, da Grécia, e da Europa, passará por
cronologia de acontecimentos, surge en- o país para uma situação económico muitas mudanças: “Temos de mudar
tão a demissão do ministro das finanças, financeira bastante má e para uma muitas coisas, a Grécia tem de mudar.
Yanis Varoufakis. A Grécia volta à mesa completa desorganização”, refere. O facto de esta difícil situação estar a
de conversações num cenário em que a Os dias que ficaram marcados pelas ser liderada pelo governo de esquer-
saída do euro se assumia como o desfe- restrições ao nível dos levantamentos da de Alexis Tsipras é algo que nos
cho mais provável. Contudo, a 13 de julho bancários foram, sem dúvida, momen- dá mais esperança e que, de certa
confirma-se o estabelecimento de um tos muito difíceis para os gregos, mas forma, tem aumentado as expetativas.
acordo para um terceiro resgate. Alkis entende que “apesar disso, há a Acredito que todos os povos europeus
ressalvar que as pessoas não entraram têm de trabalhar para conseguirmos
Com um país numa situação tão em pânico, como poderia ser espera- mudar a Europa. Esta não é a Europa
delicada, nada melhor do que co- do”. Na verdade, não houve destaque das pessoas, não é a Europa com que
nhecermos a perspetiva de alguém para episódios mais problemáticos ou sonhámos. Isto tem de mudar.” •
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VIMARANENSES PELO MUNDO
“ATREVE-TE..
O RESTO SERÃO
MERAS CONQUISTAS”
TEXTO: ANDREIA LOPES • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
RUI GOMES É BEM SUCEDIDO Sete anos depois, o vimaranense Rui Go-
mes tem na terra do tio Sam um emprego
gem é imenso e todos os dias são desafios
incríveis de sobrevivência imparável”,
EM MIAMI HÁ DOIS ANOS. estável numa das melhores companhias recorda. E acrescenta: “se não lutas pela
hoteleiras do mundo. tua vida ninguém o fará”.
É vimaranense e tem 31 anos. Em 2008
rumou a Capri, em Itália, movido pela “POR AQUI A VIDA FUNCIONA A UMA Portugal é agora apenas um destino de
busca de experiências profissionais, férias. “O meu lar, a minha casa, a minha
culturais, pessoais e sociais.
VELOCIDADE VERTIGINOSA. EU COSTUMO cidade será onde estiver a minha esposa
DIZER QUE AQUI SÃO PRECISOS 5 ANOS e, futuramente, os meus filhos, onde a
A primeira aventura na Europa foi o mote PARA OBTER UMA ESTABILIDADE DE VIDA vida nos levar. Tenho os meus parentes
para, dois anos mais tarde, apostar no AGRADÁVEL ENQUANTO EM PORTUGAL em Guimarães e sempre que puder visita-
continente americano. Determinado em rei a minha origem, o meu berço. Para já
melhorar o seu inglês partiu para os Esta- SÃO NECESSÁRIOS 10”, observa Rui. nada mais do que isso”.
dos Unidos, longe de imaginar que aquela
ousadia lhe mudaria a vida, para sempre. A saudade é o que mais pesa na hora de A todos os vimaranenses indecisos
partir, mas no caso de Rui o desejo de aven- face a deixar o berço e o país, o conter-
Poucos meses depois, em Miami, quando tura equilibrou a balança e tornou possível o râneo aconselha: “vai, experimenta,
se preparava para regresar a Portugal, sonho do conhecimento e da sabedoria. descobre, parte, aprende, ri, chora,
conheceu aquela que diz ser a mulher da regressa, volta a sair… Se nao fizeres,
sua vida. Dois anos depois casaram. E de- “Eu escolhi a opção que me se nunca experimentares nunca sabe-
cidiram reconstruir a vida em Guimarães. proporciona um crescimento maior rás como poderia ter acontecido. E se 25
Mas ano e meio foi quanto demorou para num menor espaço de tempo” já estás a pensar seriamente em partir,
se aperceberem da falta de perspetivas de mais cedo ou mais tarde a oportuni-
progresso, profissionais e pessoais. Quando estamos fora do país, como estás dade virá. Atreve-te… o resto serão
Próximo destino: Miami. por tua conta e risco, o grau de aprendiza- meras conquistas”. •
VIMARANENSES PELO MUNDO
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PAULA PINTO ESTEVE SETE quase 9 anos. O filho mais velho, Mi-
guel, recusou-se a ir.
Na manhã seguinte, Paula meteu-se
num avião para buscá-lo. Regressou a
MESES SEM OS FILHOS França ao final do dia. Sendo portador
UM PAÍS DE LÍNGUA DIFERENTE SEM Mas, a estadia de João em França tam- de trissomia 21, João frequenta uma
GENTE NA RUA bém não correu bem. Deixou de comer escola para crianças com necessidades
e de falar. Estranhou aquele país de lín- especiais. Em Portugal tinha 60% de
Filipa estava em França há um gua diferente quase sem gente na rua. incapacidade. Em França tem 100%.
ano quando permitiu que o tio, Paula trouxe o filho mais novo de volta
Alberto Oliveira, com 40 anos, a Portugal. Deixou-o ao encargo da Alberto Oliveira, diz, com mágoa, que a
também emigrasse. irmã e voltou para França.
terra que o acolheu trata melhor o filho
do que a terra onde nasceu. E essa é
Em Portugal deixou um mau salário Começou a trabalhar num hotel e este-
também uma razão para nunca mais
numa empresa de malhas, a mulher ve sete meses longe dos dois filhos.
querer voltar a Portugal.
desempregada e dois filhos menores. Miguel foi o primeiro a decidir ir. Quan-
A mulher, Paula Pinto, tentou sempre do chegou a França, ao fim desse tem-
po, sendo menor ainda, foi estudar. Paula Pinto, que resistiu até ao limite
contrariar a ideia do marido. Se deu
ceder à tentação da emigração, hoje
para viver em Portugal durante 40
anos, aos trancos e aos mancos, em A João, entregue aos cuidados da tia, reconhece que foi a melhor decisão
Portugal continuariam. parecia não incomodar a distância dos que tomou na vida. 27
pais e do irmão. Até que numa noi-
Mas Alberto foi. Das malhas aventurou-se te que parecia igual a tantas outras Da mesma opinião partilha o jovem
na cozinha do restaurante português. preenchida pelos telefonemas dos casal, Filipa Gonçalves e
Paula juntou-se-lhe ao fim de 11 meses. pais, João surpreendeu ao dizer que Ismael Estrela. Portugal, que foi
Levou consigo João, na ocasião com queria ir para França. berço, hoje é sítio de passagem. •
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RECORTES DE PORTUGAL E DO MUNDO
NUMA MALA DE VIAGEM VIMARANENSE
DE ANDAMAN
TEXTO: COTIKOS • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
TÁRTARO
DE CAVALA
FOTOGRAFIAS: DIREIROS RESERVADOS
ANTÓNIO LOUREIRO,
CHEF VIMARANENSE, ELEITO
“COZINHEIRO DO ANO 2014”,
SUGERE-NOS UM PRATO
LEVE E FRESCO, COMO A
ESTAÇÃO CONVIDA.
INGREDIENTES:
4 PESSOAS
1kg de cavala
500ml de azeite virgem extra
100ml óleo de amendoim
100gr Mini cenoura
500gr Mini beterraba
100gr Cebolinhas frescas
A CAVALA
200ml Leite de soja
100gr Cebolinho
500ml Vinagre
20gr Açúcar
E A SAÚDE
100gr Pimenta rosa em grão
500gr Sal marinho A CAVALA É UM DOS PEIXES
OLEOSOS ALTAMENTE
30
RECOMENDADOS PARA
MÉTODO DE PREPARAÇÃO: UMA DIETA SAUDÁVEL.
CAVALA MARINADA:
Retirar a pele e as espinhas da Os ácidos graxos Omega-3 e
cavala, cortar ao meio no sentido Omega-6 são encontrados em
longitudinal, cobrir de sal grosso MAIONESE DE SOJA: quantidades elevadas neste peixe.
marinho durante 15 minutos. Colocar o azeite, o óleo de amendoim Contém vitaminas A, B6, B12, C,
e pequeno dente de alho picado D, E e minerais. Estes incluem
Retirar e lavar para tirar num recipiente alto. cálcio, ferro, magnésio, fósforo,
o excesso de sal. Emulsionar com uma varinha potássio, sódio e selênio. Este
trituradora, adicionar o leite peixe também contém proteínas e
Colocar a cavala num recipiente de soja gradualmente sem deixar antioxidantes Coenzima Q10.
fundo coberta com vinagre de de emulsionar até obter a
vinho branco durante 15 minutos. textura de maionese. A Coenzima Q10 ajuda a eliminar os
agentes cancerígenos a partir de
Retirar, lavar novamente Temperar com sal, algumas células. Os Antioxidantes reduzem
e escorrer bem. gotas de sumo de lima e o risco de alguns tipos de cancro.
cebolinho finamente picado. Os ácidos graxos ômega-3 podem
Cobrir com azeite, alho laminado, ajudar a prevenir o cancro de
tomilho limão, malagueta CROUTONS: mama, próstata, renal e de cólon.
fresca (ou outros aromáticos Cortar a baguete em fatias finas,
que queiram acrescentar). dispor sobre um tabuleiro de forno e Também foi estabelecido que os
temperar com alho esmagado, tomilho, ácidos graxos marinhos dificultam a
Deixar repousar durante 1 hora no azeite e oregãos secos. proliferação de células de cancro de
mínimo (pode ficar até 3 dias). Levar ao forno quente mama. Vários estudos concluíram
a 160 graus durante 5 minutos. que os ácidos gordos essenciais
PICLES CASEIROS: reduzem o risco de cancro de
Cortar a cenourinha e a beterraba em NO PRATO: mama. O óleo de cavala contém
rodelas finas. Cortar as cebolinhas ao Retirar a cavala do azeite e deixar boas quantidades de vitaminas B12
meio e descolar os cascos. Misturar escorrer o excesso de azeite. Cortar a e selênio, que podem ser úteis no
o 190ml de vinagre, 200ml de água, cavala em pequenas porções, colocar tratamento de cancro.
10gr de sal, 20gr de açúcar, a pimenta no prato pequenas colheradas de
rosa, dissolver, meter os legumes maionese de soja. Colocar a cavala Embora a cavala seja um peixe
nesta mistura colocando a beterraba e ao lado da maionese, os picles e os altamente nutritivo, é recomendado
alguns cascos de cebolinha (para tingir) crutons de pão. Pode colocar algumas que as mães grávidas e lactantes o
num recipiente à parte. folhas de rúcula, canonigos ou outras evitem. Os peixes podem conter
Deixar repousar 24h. folhas verdes que desejem. níveis elevados de mercúrio.
GMR TV CULTURA
O “CANTO” DE SOCIEDADE
CARMINHO
TEXTO: GMR TV • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
MARTINS SARMENTO
ACOLHE EXPOSIÇÃO
DE PEDRO PROENÇA
TEXTO: MARCELA FARIA • IMAGEM: DIREITOS RESERVADOS
A INSTITUIÇÃO VIMARANENSE
INAUGUROU EM JULHO UMA
EXPOSIÇÃO QUE CONSTITUI A
SEGUNDA PARTE DO CICLO
“EM VOLTA DAS NOSSAS
GRAVURAS” E QUE
CARMINHO ATUOU ESTARÁ PATENTE ATÉ
NA PLATAFORMA DAS DIA 10 DE SETEMBRO.
ARTES, EM GUIMARÃES, DA EXPOSIÇÃO FAZ
NUM CONCERTO DE PARTE UM SEGUNDO
APRESENTAÇÃO DO CONJUNTO DE
SEU NOVO TRABALHO GRAVURAS
INTITULADO «CANTO», DO ARTISTA
32
NASCIDO EM
QUE É JÁ O SEU TERCEIRO
LUBANGO,
ÁLBUM DE ESTÚDIO. ANGOLA,
A fadista portuguesa estreou-se EM 1962.
com o álbum “Fado” (2009), a
que se seguiu “Alma” (2012), que
foi distinguido com o Globo de
Ouro Caras/SIC e o Prémio Car-
los Paredes. A fadista foi tam-
bém, por duas vezes, distinguida
com o Prémio Amália-Revelação
e Melhor Intérprete.
Pedro Proença expõe com regula-
Em Guimarães, o concerto teve casa ridade desde 1981, tendo formado o
cheia. Veja em www.gmrtv.pt alguns Movimento Homeostético com Ivo,
dos momentos que marcaram esta Xana, Manuel João Vieira e Pedro Por-
noite de fado na cidade berço. tugal, um grupo multidisciplinar para
o qual escreveu dezenas de manifes-
tos. Terminou o curso de pintura da
Faculdade de Belas-Artes de Lisboa
em 1986 e tem feito dezenas de ex-
posições individuais desde 1986, em
locais como, por exemplo, a Galeria
Fucares, Madrid (1987, a Frith Gallery, A INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO FICOU
Londres (1889), o Pallazo Ruspoli, AINDA MARCADA PELA APRESENTAÇÃO
Roma (1994), a Fundação Calouste DO CATÁLOGO DO CICLO, NO QUAL
Gulbenkian (1994), o Kunstwerein de
Frankfurt (1988) e a Galeria Camargo
SE INSEREM AS IMAGENS DE OBRAS
Vilaça, S. Paulo (1988). O trabalho de INCLUÍDAS NAS VÁRIAS EXPOSIÇÕES,
Pedro Proença consiste na encenação UM ESTUDO DA DRA. MARIA JOSÉ
da complexidade através de múltiplas MEIRELES “A GRAVURA ANTIGA
pulsões estilísticas, tendo recebido COMO ARTE E MEMÓRIA” E TEXTOS
já vários prémios, de onde se desta-
DOS TRÊS ARTISTAS QUE INTEGRAM
ca o Prémio União Latina. Para além
das exposições, o autor destaca-se O CICLO – MARGARIDA LAGARTO,
veja a reportagem pela publicação de diversos livros de PEDRO PROENÇA E GINA FRAZÃO, QUE
na íntegra em gmrtv.pt ensaio, poesia, ficção, tipografia. •
ESTIVERAM PRESENTES NA SESSÃO.
RELIGIÃO
MULTIUSOS RECEBEU
CONGRESSO REGIONAL
DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
33
O Pavilhão Multiusos de Guimarães congressos estiveram presentes Teste- Todos os anos decorrem cerca de três
voltou a acolher, em julho, mais duas munhas de Jeová, estudantes da bíblia eventos que reúnem um maior núme-
sessões do Congresso Regional das e outros, oriundos do Minho e norte do ro de pessoas: duas Assembleias de
Testemunhas de Jeová. O tema deste Douro Litoral”, acrescenta. Circuito, com duração de um dia, e um
ano dos congressos, que se realizam Congresso Regional, de três dias. Não
em diversos pontos do país e também As principais diferenças em cada ano obstante, são várias as reuniões de
mundialmente, é “Imite a Jesus”. Cerca de congresso surgem ao nível dos dimensão menor que sucedem sema-
de 10.000 pessoas passaram pelo conteúdos apresentados, tendo em nalmente nas mais de 115 000 congre-
recinto vimaranense, que recebe o consideração a alteração do tema a gações existentes no mundo.
evento há mais de 10 anos. abordar. No entanto, há sempre es-
paço para algumas inovações: “Neste Entre os factos curiosos a ressalvar
Baseados no objetivo de juntar diver- ano foram usados extensivamente nestes encontros destacam-se as par-
sas Testemunhas de Jeová de pontos meios audiovisuais para complemen- ticipações voluntárias na organização
geográficos próximos, estes Congressos tar os discursos bíblicos: nas tardes dos eventos e a ordem social. Relati-
Regionais acontecem uma vez por ano. de sexta e domingo foi visualiza- vamente ao primeiro ponto, realça-se
da uma peça teatral bíblica, com o número de cerca de 500 pessoas, de
A cidade berço é escolhida como ponto trajes da época, e durante a tarde diversas idades, que participaram na
de encontro não só pelo facto de dispor de sábado foi escutada uma leitu- organização do congresso decorrido
de um “local aprazível, dotado de bons ra bíblica dramatizada com o tema em Guimarães (dividindo-se o número
acessos e boas infraestruturas, “Para isto vim ao mundo”. Houve por diferentes funções como logística,
propício para a reunião de alguns ainda espaço para a visualização de comunicação e limpeza).
milhares de pessoas e adequado em uma história, em 3D, com os perso-
termos sonoros e de iluminação” nagens animados “Pedro e Sofia”, No que diz respeito à seriação social,
como também pelo seu “caráter que têm sido os “protagonistas” de o ambiente cordial e pacífico, apesar
geográfico estratégico”, refere Mário histórias cur tas que ensinam lições do considerável aglomerado humano,
Santos, um dos responsáveis pelo impor tantes a miúdos e a graú- não justifica a presença de qualquer
departamento de media. “Nos dois dos”, destaca Mário Santos. entidade policial.•
FESTAS DA CIDADE E GUALTERIANAS 2015
GUIMARÃES EM FESTA
DURANTE QUATRO DIAS
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
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A CIDADE BERÇO FOI PALCO DE MAIS UMA EDIÇÃO DAS FESTAS GUAL-
TERIANAS. MILHARES DE PESSOAS PASSARAM POR GUIMARÃES NO
PRIMEIRO FIM-DE-SEMANA DE AGOSTO. SÃO, DE FACTO, CADA VEZ MAIS
OS VISITANTES QUE RUMAM AO BERÇO DURANTE AS FESTIVIDADES.
PC CONVIDA
A PC CONVIDA ABRIU EM ABRIL DE 2012, NO CENTRO COMERCIAL
VILLA, E CONTINUA A SER UM DOS ESPAÇOS MAIS VISITADOS POR
TODOS OS QUE PROCURAM ARTIGOS DE PAPELARIA, INFORMÁTICA,
COM ASSISTÊNCIA E REPARAÇÃO, OU QUE PRECISAM DE AJUDA NAS
QUESTÕES LOGÍSTICAS DE ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS.
MARCHA
GUALTERIANA
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: MAIS GUIMARÃES
36
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MEMÓRIAS DE ARADUCA
A INVENÇÃO DAS
FESTAS DA CIDADE
DA FEIRA DE S. GUALTER
ÀS GUALTERIANAS
TEXTO: AMARO DAS NEVES
CARTOON: MIGUEL SALAZAR
FOTOGRAFIAS: COLEÇÃO DE FOTOGRAFIA DA MURALHA
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As Festas Gualterinas, que aconte- suas indústrias, que lhe granjearam os e ao incitamento de Francisco Martins
cem em Guimarães nos primeiros dias títulos, algo exagerados, de Manchester Sarmento, que convocara as gentes
de agosto de cada ano, podem ser portuguesa ou de Sheffield portuguesa; da sua terra a mudarem de atitude
um excelente caso de estudo para na aposta na instrução, decorrente da perante os poderes centrais. Não por
a compreensão dos mecanismos de clara consciência de que seria condição acaso, a alma mater deste processo de
criação duma tradição e de construção e essencial para a elevação social, eco- transformação cultura seria a coletivi-
avigoramento duma identidade local. No nómica e cultural das suas gentes; e na dade que ostenta o nome do arqueó-
último quartel do século XIX, Guimarães, cultura, área em que, no Portugal finis- logo vimaranense. Intitulando-se de
então uma cidade que se olhava ao secular, Guimarães se projeta para um Promotora de Instrução Popular no
espelho e que não se revia na imagem patamar que não estava ao alcance de concelho de Guimarães, a Sociedade
que lhe era devolvida, desperta para um qualquer outra cidade da sua dimensão. Martins Sarmento organizou a Expo-
processo de afirmação identitária sus- sição Industrial de 1884, promoveu e
tentado na sua memória coletiva (histó- Este processo de regeneração é o divulgou os estudos de arqueologia e
ria, tradições, património construído) e fruto do pensamento e da ação de uma história local, afirmou-se como uma
na dimensão simbólica da sua condição geração de homens sábios e progres- casa de cultura com uma dimensão
de matriz fundacional da nação; nas sistas que corresponderam ao exemplo sem par neste país.
Na viragem do século, o cimento da despertaria zelos adormecidos. Logo to. Mais tarde, não sabemos ao certo
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identidade vimaranense era já sólido. em seguida, anunciava-se uma outra quando, a feira passou a realizar-se
No entanto, faltava-lhe uma compo- comissão para organizar festejos a S. nos dias à volta do primeiro domingo
nente essencial: não havia em Guima- João, com esplendor e magnificência, de agosto, provavelmente em referên-
rães uma grande celebração coletiva junto à ponte do Campo da Feira. Na- cia à trasladação solene das relíquias
que envolvesse os vimaranenses e quele ano, Guimarães teve duas gran- de S. Gualter no primeiro domingo
atraísse os forasteiros. Havia que en- des festas a S. João, mas não ganhou de agosto de 1577. Assim se manteria
contrá-la. as festas da cidade por que ansiava. pelos séculos que se seguiram.
Essa busca torna-se mais premente Por aqueles tempos, a imprensa ia fazen- No século XIX, a Feira de S. Gualter era
na última década do século XIX. Até do repetido eco de um apelo: era preciso especializada em gado cavalar, muar
porque havia um argumento que lhe retirar a antiquíssima feira de S. Gualter do e asinino, sendo apodada de feira das
dava força e urgência: outras terras já estado mórbido em que se encontrava. cavalgaduras. Na sua edição de 4 de
tinham as suas festas concelhias, no- Depois de várias tentativas falhadas, em agosto de 1857, o jornal Tesoura de
meadamente de Braga, onde o S. João 1906 a Associação Comercial tomou em Guimarães relatava a feira desse ano:
ia ganhando uma dimensão que fazia mãos a missão da regeneração daquela
sobressair a lacuna vimaranense. velha feira. Iam nascer, finalmente, as A feira de S. Gualter passou sem novida-
festas da cidade de Guimarães. de notável. Foi pouco concorrida mesmo
Quando, em 1895, ressurgiram em dessas cavalgaduras ordinárias em que
Guimarães as festas a S. Nicolau, houve S. Gualter foi o fundador do primeiro costuma abundar; mas não faltaram a ela
quem alvitrasse que aquelas poderiam convento de S. Francisco de Guima- os pacíficos e inermes amadores dos bens
transformar-se nas festas da cidade que rães, em 1233. Morreria com fama de alheios, que das cinco partes do mundo
se procuravam. Mas cedo se percebeu santidade, provavelmente em 1259. Os ali concorreram com os seus jogos da
que assim não seria. Sendo as festas seus restos mortais foram deposita- roleta, vermelhinha, e outros que tais, para
nicolinas exclusivas dos estudantes, que dos no convento que ajudara a erigir. fazerem o seu lícito negócio. (…) Conquanto
não abriam mãos das suas prerrogati- Daí para a frente, a sua memória seria não houvesse este ano barracas, concor-
vas, jamais seriam adotadas pelos vima- celebrada em dia incerto do mês de reu no domingo à noite grande número
ranenses como momento de celebração Agosto. Uma feira franca anual, que de pessoas e famílias inteiras, a ver ali
de toda a coletividade vimaranense. o rei D. Afonso V criou em Guimarães as barracas. A ponte do Campo da Feira
em 1452 entre os dias 7 e 17 daque- esteve cheia até à meia-noite, gozando ali
A seguir, num processo de decalque le mês, seria batizada de Feira de S. a frescura da bela noite.
espicaçado por uma rivalidade secular, Gualter, por coincidir com os festejos
então ainda mais à flor da pele, colo- que então se faziam ao santo. Em 1498, No ano seguinte, no mesmo jornal,
cou-se o foco nos festejos de S. João, correspondendo a um pedido apre- podemos ler:
que em Guimarães andavam especial- sentado em Cortes pelos procuradores
mente esmorecidos. Em 1899 proje- de Guimarães, D. Manuel I transferiria A feira este ano consistiu em barracas,
tou-se reanimá-los. Constituiu-se uma essa feira para 15 a 25 daquele mês, vitela assada e copos de limonada. Se
grande comissão para elevar a outra em razão de uma romagem que então não fosse a gente da cidade, não se
dimensão as festas a S. João da ponte se começa, ou seja, para coincidir com diria que havia feira. O gado que a ela
de Santa Luzia. Mas esta iniciativa as festividades da Senhora de Agos- concorreu, foi muito pouco e mau.
Os relatos da Feira de S. Gualter que do dia 5 de agosto de 1882, quando se cesso. Em Agosto de 1886, o Religião
encontrámos na imprensa, pelo sécu- anunciava que naquele ano o figurão e Pátria descrevia a feira desse ano:
lo adiante, não se afastam muito dos não faltaria à feira. Que, aliás, iria ter
exemplos que vão acima. Raro era o concorrência de peso: naquele ano, um Aquilo não foi uma feira: foi apenas o
ano em que se não pranteassem os tal François Sousbié, apresentou na rendez-vous de meia dúzia de burricos,
sinais da decadência que lhe prenun- sua barraca um conjunto de quadros pilecas, muito pilecas e muito poucos
ciavam a morte próxima. Regra geral, a mecânicos e automáticos que deixa- – realmente seriam a tal meia dúzia!
ela já não acorriam belas estampas de riam os vimaranenses de boca aberta. Quanto a abarracamento, fornos, casas
cavalos, resumindo-se, quase sempre, de venda, tudo o que constitui o ar de
a uma mostra de pilecas que em nada Anos houve em que se ergueram teatros uma feira, nisso nem é bom falar! Bri-
honravam o santo seu patrono. Mais do de madeira no Campo da Feira. O exemplo lharam pela ausência.
que uma feira, ia-se progressivamente mais antigo que conhecemos aconteceu
transformando num arraial popular. nos tempos agitados que se viviam no E anunciava:
verão de 1837, altura em que um tal Mr.
Por aqueles anos, a feira demorava três Avrillon ali mandou erguer um teatro de A FEIRA DE S. GUALTER
dias. No segundo (domingo), acontecia madeira, para exibir a sua grande com- MORREU. REQUIESCAT!...
a feira propriamente dita, de compra e panhia de espectáculos de cavalinhos,
venda de gado, e o último era o dia da feira danças na corda e outras acrobacias que,
dedicado à trocas de animais. Mais do que a crer no relato do cónego Pereira Lopes, Entre as atrações da antiquíssima Feira
o gado, o que por aqueles dias atraía os causaram espanto e admiração. de S. Gualter de Guimarães, uma havia
vimaranenses ao Campo da Feira eram que teimava em resistir à erosão do
as barracas que lá se instalavam várias se- Com o correr dos anos, eram cada tempo: a vitela. Os cavalos que vinham à
manas antes e que, normalmente, ali esta- vez mais evidentes os sinais de de- feira podiam ser muitos, poucos ou ne-
cionavam quase um mês. Mercadejavam cadência da feira. Na imprensa, era nhuns, mas a vitela, a indispensável vi-
quinquilharias, mostravam curiosidades, recorrente o desfiar de memórias tela assada do S. Gualter, nunca faltava.
vendiam rifas. Havia bichas de curiosos dos tempos em que ali se exibiam Dias antes de a feira começar, multiplica-
para espreitar os cosmoramas. Não falta- magníficos exemplares de cava- vam-se os abates para aprovisionamen-
va quem aliciasse incautos, que acabavam los, muitos deles trazidos de fora, to de casas de pasto e tabernas.
esfolados em jogos proibidos. alguns mesmo de Espanha. Perce-
bia-se que uma feira como aquela Na feira podiam não se fazer negócios
Na década de 1880 era visita frequen- ia deixando de fazer sentido. Os de monta, mas a vitela vendia-se sem-
te da feira um tal Ramiro, com uma compradores eram cada vez menos, pre bem. Em 1877, por exemplo, a feira
barraca onde mostrava uma coleção e os animais também, reduzindo-se a foi fraca, mas, como se escreveu num
de figuras de cera, vendia quinquilha- umas quantas pilecas. As tentativas jornal, foi boa para as rifinhas, o ras-
rias e rifas. Como seriam fastidiosas para reanimar a feira repetiam-se. cante e… para a vitela, que se vendeu
as noites naquele encantador local do Correspondendo a apelos públicos, a às arrobas. Em 1881, lê-se noutro jornal
Campo da Feira sem os berros, sem as Câmara chegou a patrocinar prémios que a feira estava “froixa”, mas que
garatujas, sem o fácil palavreado do monetários para os melhores cavalos algo não afroixara ainda: a matança
Ramiro, escrevia-se no Religião e Pátria que ali se apresentassem. Sem su- de vitelas. Eis uma tradição gastro-
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nómica vimaranense que, apesar de já se fazia a marcação do terreno do
enraizada, acabaria por se perder. Campo da Feira para a instalação das
Nos primeiros anos do século XX barracas. Anuncia-se a contratação da
sucederam-se os apelos à tomada de conceituada banda militar de Múrcia.
medidas para a regeneração da Feira No Proposto, trabalha-se com afinco
de S. Gualter. Em 1905, a Câmara anun- na construção da Praça de Touros. Os
ciou a intenção de fazer ressuscitar a Bombeiros Voluntários treinam para
40 feira. Mas não passou daí. No primei- os exercícios de demonstração que se
ro domingo de agosto daquele ano, propõem realizar. Prepara-se o regula- Os empregados do comércio também
escrevia-se no Notícias do Minho, sob a mento da feira de gado, que se desdo- se juntaram à festa e, ao extenso
epígrafe A Feira de S. Gualter: brará em duas, em dias diferentes, uma programa, que se cumpriria na íntegra,
para gado bovino, outra para gado acrescentaram um cortejo com balões
É hoje que esta pobrezinha põe em evi- cavalar. Aníbal Vasco Leão compõe venezianos iluminados e fogo-de-ben-
dência, ali no Campo da Feira, uma das e oferece à Associação Comercial o gala multicolorido, que seria acompa-
maiores vergonhas de Guimarães. Hino da Cidade de Guimarães. O Padre nhado por três bandas de música. Na
Gaspar Roriz escreveu a letra. Entra em altura, o singelo cortejo dos caixeiros
1906 estava destinado a ser o ano do campo uma Comissão de Propaganda. quase se perdeu no meio da grandio-
ressurreição. No dia 16 de Maio, a Asso- Recomenda-se prudência no aumento sidade dos festejos. Porém, estava ali
ciação Comercial entregou na Câmara dos preços aos proprietários de hotéis o embrião daquele que, com andar dos
um ofício em que pedia um subsídio e hospedarias, fazendo-lhes notar que tempos, se tornaria no número mais
para o ressurgimento da Feira de S. “as explorações redundam sempre emblemático das festas da cidade
Gualter. A vereação anuiu, lançando em descrédito e prejuízos futuros”. A de Guimarães. No ano seguinte, sob
no seu orçamento 300$000 réis para Companhia do Caminho-de-Ferro de orientação do Padre Gaspar Roriz os
fomento da feira e isentando de taxas Guimarães e a direcção do Caminho- jovens trabalhadores do comércio de
a ocupação de terrenos para estabe- -de-Ferro do Minho e Douro também Guimarães traziam às ruas da cidade a
lecimentos temporários de comércio. dão o seu contributo, estabelecendo primeira Marcha Gualteriana.
Nos oitenta dias que se seguiram comboios extraordinários a tarifas
aconteceu em Guimarães um daque- reduzidas, desde as estações do Porto, Guimarães tinha, finalmente, as suas
les milagres de que os vimaranenses Braga, Barcelos e Viana até Guimarães. Festas de Cidade, que logo no primei-
costumam ser capazes. Imprime-se o guia do viajante, para ser ro ano atingiram uma dimensão que
profusamente distribuído aos forastei- pedia meças a quaisquer outras.
Constitui-se uma comissão, composta ros. Vivem-se dias frenéticos.
por João Fernandes de Melo, António
Ferreira Ramos, José Fernandes da Naquele 4 de agosto de 1906, a cidade O RESTO É UMA
Costa, José de Freitas Costa Soares,
Camilo Laranjeiro dos Reis, Simão Ri-
amanheceu em festa. Nas ruas, exu-
berantemente ornamentadas, bandas
HISTÓRIA QUE TODOS
beiro, Torcato Ribeiro de Faria, Albano filarmónicas cruzavam-se em todas as CONHECEMOS HÁ MUITO. •
Pires de Sousa, António de Araújo direções. Os visitantes que chegavam
Salgado e Albino Pereira Cardoso, que de comboio e desciam pela avenida
logo meteu mãos à tarefa da recolha do Comércio, ao desaguarem no Toural
de fundos. Começa a confeccionar-se eram saudados por um majestoso arco
o programa. Abel Cardoso e José Luís árabe, desenhado por Abel Cardoso, a
de Pina, artistas laureados, assumem fazer lembrar os velhos arcos festivos
os projectos de decorações. A exe- das nossas aldeias, mas com uma gran-
cução das iluminações é adjudicada diosidade nunca antes vista. Começa-
a Emiliano Abreu. No início de Julho, vam as Festas Gualterianas. Salve.
SOLIDARIEDADE
41
No âmbito da campanha nacional nhum apoio. Pensamos adquirir nós e preparados para esta época mais
“Juntos vamos equipar os nossos he- pagar a fatura quando ela vier, sendo difícil no que toca a incêndios”,
róis”, a corporação dos Bombeiros das que o investimento rondará os 14/15mil refere Hermenegildo Silvério Abreu,
Taipas recebeu, no passado mês, cinco euros”, acrescentou o presidente. comandante da corporação.
equipamentos individuais de proteção
oferecidos pela superfície comercial A corporação taipense é uma das que Durante a cerimónia, houve ainda tempo
administrada por Adelino Soares. sofrem com os problemas atuais de para o agradecimento aos clientes do
emigração, tendo visto o seu número Intermarché das Caldas Taipas por parte
Na cerimónia pública de entrega dos de bombeiros reduzido em 28 unidades de Adelino Soares, administrador do
equipamentos, o Presidente da Direção nos últimos dois anos. Muitos destes espaço, “Tudo isto só foi possível com a
dos Bombeiros das Taipas, Pe. José das elementos eram bombeiros com gran- ajuda dos clientes. É com todo o orgulho
Neves Machado, destacou que “mais do de formação, o que resulta numa gran- que o Intermarché das Taipas oferece os
que o significado material é sobretudo de perda para a corporação. Contudo, 5 equipamentos. Já no ano passado tive-
saber que há alguém na sociedade por- está já a decorrer uma formação para mos uma iniciativa assim. O Intermarché
tuguesa que se preocupa com a prote- 17 novos membros, heróis e heroínas. das Taipas foi das lojas em Portugal que
ção individual dos que tudo dão a favor mais donativos recolheram. De facto, a
dos outros e nos quais muitas vezes não Os equipamentos, compostos por população reconhece o excelente traba-
se pensa. Aliás, os que têm por obrigação bota florestal, luvas, cógula, fato de lho desenvolvido pelos Bombeiros.”
pensar nisso, muitas vezes não o fazem proteção florestal, capacete e
e acabamos por ter os nossos heróis no sweatshirt, são essenciais para O Intermarché das Caldas das Taipas
monte, num acidente, sem o devido equi- garantir uma proteção individual na foi também palco, no passado dia 11 de
pamento que os proteja das ocorrências, luta contra o fogo. “Com estes julho, da inauguração de uma área de
pondo em perigo a sua saúde”. equipamentos, fornecidos pelo serviço de apoio a autocaravanas e do
grupo Intermarché, com outros que arranque do serviço “drive”, que consis-
À quantidade doada, juntar-se-ão bre- foram fornecidos pela Autoridade te na realização de encomendas online
vemente mais setenta equipamentos, Nacional de Proteção Civil e pelas com recolha na loja ou com entregas ao
para os quais ainda não se adivinha comunidades intermunicipais do Ave domicílio, uma opção inovadora, muito
qualquer participação institucional: e ainda com os setenta que vamos prática e rápida, que agora está disponí-
“Para já não contamos com mais ne- adquirir, estaremos tecnicamente vel naquele estabelecimento. •
VERÃO SEGURO
“GUIMARÃES PODE
SER CONSIDERADA
UMA CIDADE MUITO SEGURA”
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
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DICAS DE
SEGURANÇA
Não prolifere a notícia de que vai
de férias, nomeadamente nas
redes sociais.
Reforce a segurança
da sua casa antes de ir de férias
(fechaduras, alarmes)
Reforce a luminosidade de
pontos que não sejam visíveis
para quem passa na rua,
no sentido de evitar que os
intrusos se sintam seguros para
uma entrada na residência.
Com o mesmo intuito, corte
43
adequadamente a vegetação/
arbustos envolventes.
midade da PSP e é, novamente, um dos a pulseira se provarem ser capazes de
destaques da Operação Verão Seguro. andar sozinhas. A base de dados não
receberá mais entradas, nem serão Peça a um familiar próximo para
Para fazer parte do programa, basta aceites mais pedidos de pulseiras, a visitar a sua habitação
fazer o pedido de pulseira online partir do final do mês de setembro, e alternar, por exemplo, o nível
(acedendo ao endereço eletrónico contudo o sistema coletivo de infor- das persianas ou para
estouaqui.mai.gov.pt) e passar pos- mações estará disponível até 31 de de- deixar elementos que indiquem
teriormente na esquadra da PSP para zembro para consulta policial”, destaca atividade recente (por exemplo,
recolher o referido objeto, que permiti- o Comandante João Lopes. deixar uma mangueira
rá a identificação se necessário. A pul- no jardim, um brinquedo
seira contém um número de identifica- Devido à grande adesão (só no mês de numa varanda ou janela). Para
ção que possibilita, através do acesso junho foram registadas e levantadas além disto, peça-lhe para
à base de dados de que a força policial cerca de 43 mil em todo o país), a PSP recolher o correio.
dispõe, o contacto imediato com os viu-se obrigada a partir para um re-
familiares da criança em causa. forço do fornecimento. Para além das
crianças portuguesas, o registo poderá Não faça viagens longas
“As pulseiras de identificação são ser feito também por estrangeiros que de automóvel sem que
igualmente úteis na localização nos visitem nesta altura o nosso país. tenha confirmado previamente o
países da União Europeia pelo facto estado do veículo
de, resultado de acordos estratégicos e realize algumas pausas
estabelecidos, haver a possibilidade,
EM GUIMARÃES FORAM ATIVADAS durante a viagem.
em caso de necessidade, da validação ATÉ FINAIS DO MÊS DE JULHO
dos dados. Crianças com idade inferior CERCA DE 1147 PULSEIRAS. •
a dois anos poderão também receber Se conduzir não beba.
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ROBÓTICA DESPORTO
SAGROU-SE
CAMPEÃ
MUNDIAL
DE FUTEBOL
ROBÓTICO
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIA: DIREITOS RESERVADOS
45
© COP © COP
DESPORTO
VIMARUNNERS
TEXTO: MARCELA FARIA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
É na inacessibilidade, descobrin- rem destacar isso mesmo em todos os Quando nos apercebemos já estamos
do locais de beleza impar, que os locais aonde vão. “Pretendemos levar o completamente rendidos à modalidade”,
48 amantes desta modalidade definem nome de Guimarães o mais longe pos- acrescenta Rui Fernandes.
os melhores percursos. sível”, refere Vitor Silva, acrescentando
“Somos todos apaixonados pela nossa Os Vimarunners participam em pratica-
Os Vimarunners são o grupo de desta- cidade e muitos também pelo Vitória. mente todas as provas de trail nacionais
que na cidade berço e a Mais Guima- Aliás, é comum verem-se bandeiras da (norte, sul e ilhas) e em alguns desafios
rães conversou com Vitor Silva e Rui cidade berço e do clube quando corre- internacionais. “O nosso objetivo é partici-
Fernandes, dois dos fundadores da mos nos vários trails pelo país”. par no máximo número possível e chegar
equipa, para perceber quais são afinal a atingir pódios por equipas”. Embora
as razões por detrás do sucesso desta Tendo começado com 12 atletas, os ainda não tenham conquistado, como
modalidade desportiva. Vimarunners são, atualmente, um equipa, um pódio, já conseguiram alguns
grupo com cerca de 40 elementos, honrosos quartos lugares, nomeadamente
O grupo Vimarunners iniciou a sua contabilidade traduzida nos dois gé- na prova de S. Gonçalo em Barcelos, em
atividade há cerca de dois anos como neros e em vários escalões, sendo julho. “A prova em Barcelos contou com
resultado do encontro de alguns que o participante mais novo tem algumas das melhores equipas portugue-
atletas que corriam em estrada. “E se 25 anos e o mais velho mais três sas de trail e ficámos em quarto lugar, a
deixássemos a estrada e nos aven- décadas. Curiosamente, para além poucos segundos do pódio. No entanto,
turássemos em trail?” foi a pergunta de mais velho é também dos mais em termos individuais, os membros dos
que deu origem às primeiras aventuras antigos, o que desde logo demons- Vimarunners já conseguiram, ao longo
desportivas em terrenos mais inóspi- tra a paixão envolvida nesta ativi- destes dois anos, várias presenças nos
tos. Daí até à concretização de uma dade desportiva. “Só quem faz trails pódios”, refere Rui Fernandes.
equipa foi um curto passo. Rui Fernan- é que sabe o que se sente. É uma
des avançou com a ideia de criarem grande paixão. ”, declara Vitor Silva. Para além da intensidade física, facilmente
uma página no facebook e de fazerem dedutível, há um lado psicológico muito
algumas camisolas. O nome explica-se O crescimento do grupo baseia-se forte nesta modalidade. “ Nas provas lon-
facilmente pelo facto de praticamente sobretudo na passagem da palavra e do gas passa-se por vários estados de espírito.
todos serem vimaranenses e de quere- entusiamo: “Um amigo puxa outro amigo. Alguns amigos daqui de Guimarães, que
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fizeram uma prova na Madeira de 115km, Cada corredor tem o seu objetivo pes- gar algumas energias que se vão dissi-
disseram mesmo que estiveram metade do soal: uns querem acabar a prova, ou- pando. “Há, por vezes, reforços alimen-
tempo com a força toda e na outra meta- tros querem acabar nos primeiros dez tares caricatos como o que sucedeu na
de a pensarem em desistir. Disseram-me lugares, outros ambicionam o pódio… aldeia de Cabril, Gerês, que consistia
que foi muito duro, surreal. Aliás, para que A unir todas as participações está a em sopa e cabrito feitos na hora, em
se tenha noção, a partida dessa prova foi grande vontade de superação pessoal panelas antigas, em ferro, uma coisa
feita à meia-noite, no inverno, com um frio e a passagem por paisagens magnífi- surreal”, menciona Vitor Silva.
tremendo. Apesar de não ter estado nesse cas e alheias habitualmente aos olha-
trail, conheço bem esse tipo de realidade res comuns. “Passamos por sítios que Como equipa, os Vimarunners preten-
porque já estive em situações semelhan- não há dinheiro que pague. Este ano fiz dem, sendo “conquistadores natos”,
tes: no ano passado, na Serra da Lousã, o trail Gerês, com organização de Car- ocupar pódios pelo país e participar em
passei a dez metros das ventoinhas eóli- los Sá, com 130 km por etapas, e passei cada vez mais provas internacionais,
cas e, devido ao grande temporal que se por todas as lagoas que costumava ver de modo a levar o nome da cidade
fazia sentir, nem as conseguia ver, só as apenas em fotos ou na televisão. Foi berço cada vez mais longe.
ouvia”, relata Vitor Silva. fantástico.”, expôs Vitor Silva.
Desafio pessoal, superação física e
A força física e a determinação interior Para além disto, há a não menos emocional, paisagens magníficas e
que permitem que se chegue ao final importante questão da entreajuda companheirismo são as palavras do
vêm não sabem bem de onde, mas
chegam. Os Vimarunners, talvez resul-
e companheirismo que definem esta estandarte Vimarunners. •
modalidade “No atletismo de estrada,
tado do peso do nome que envergam, quando cai um atleta os outros passam
acreditam sempre na chegada à meta: e não se retêm a ajudar. No caso do trail
isso não acontece. Se vemos que um
“PENSO SEMPRE QUE NO PRÓXIMO colega cai paramos. É esse espírito que
QUILÓMETRO VOU ESTAR MELHOR, também cativa a participação de cada
vez mais pessoas” , esclarece Rui Fernandes.
QUE AS COISAS VÃO MELHORAR.
QUANDO DOU POR MIM ESTOU NO Durante os longos percursos, existem
FINAL DO TRAIL”. Vitor Silva abastecimentos que permitem recarre-
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DESPORTO
GALA DO
DESPORTO
2015
TEXTO: MARCELA FARIA
FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS
GASPAR RORIZ,
O PADRE-ARTISTA
51
O Padre Gaspar da Costa Roriz é uma devoção patriótica à sua cidade e pela Mas o que mais distinguia o Padre
das figuras incontornáveis das primeiras finura da sua ironia. Padre-artista lhe Roriz era a sua dedicação a Guimarães,
décadas do século XX em Guimarães. chamou um dia um colega de ofício. a sua paixão pela terra natal. Por aqui,
Nascido na rua de D. João I no dia 30 todos sabiam que a porta da sua casa
de Agosto de 1865, filho de um mestre Gaspar Roriz foi um dos grandes ani- nunca deixava de se franquear ale-
barbeiro, nunca esqueceu a sua origem madores das festas dos estudantes de gremente a quem a ela batia e dizia a
humilde nem deixou de amar a terra Guimarães a S. Nicolau, desde o seu res- senha: Por Guimarães!
que o viu nascer. Sacerdote e eminente surgimento em 1895. Escreveu pregões,
orador sagrado, era frequentemente compôs e ensaiou os textos das danças, A última grande cerimónia em que
requisitado para abrilhantar solenidades dedicou diversas composições poéticas discursou em público foi aquando da
religiosas nos lugares mais diversos. Mas às festas. Dedicou-lhes também o Auto celebração do oitavo centenário da Ba-
os seus dotes oratórios não se limitavam da Saudade, que compôs em 1920. Não foi talha de S. Mamede, em 1928. Nesse dia,
a atos sagrados, sendo senhor de uma por acaso que foi a Associação dos Anti- quando soaram os clarins de um pelotão
verve prodigiosa com que animava todo gos Estudantes do Liceu de Guimarães, de cavalaria, vestidos como os soldados
o género de eventos, públicos ou priva- então dirigida por António Faria Martins, a de Afonso Henriques, acompanhando o
dos. Foi jornalista (em 1899 era redator tomar a iniciativa de comemorar o cente- içar da bandeira na torre de menagem
principal do Eco de Guimarães; em 1908 nário do seu nascimento, em 1965. do castelo, e a multidão explodia em
fundou o Regenerador, de que era dire- vivas e aplausos, pelo rosto do Padre
tor e proprietário), professor do Liceu, O seu nome é também indissociável das Roriz corriam lágrimas de que A. L. de
poeta, dramaturgo, encenador, confe- festas Gualterianas, ou não fosse ele Carvalho foi testemunha.
rencista, político, comissário da Ordem o autor da letra do Hino da Cidade de
Terceira de S. Francisco de Guimarães. Guimarães, composto por Aníbal Vasco A notícia da sua morte cobriu Guimarães
Grande conversador, era presença im- Leão para as festas de 1906, e o inventor de luto no dia 7 de Março de 1932.
prescindível nas tertúlias do seu tempo, da Marcha Gualteriana, que saiu à rua pela
onde se destacava pela cultura, pela primeira vez nas festas de 1907. António Amaro das Neves