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Aula 25
Tema: Direito dos animais
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Em Barretos, por exemplo, uma lei municipal Além de beneficiar os rodeios com o decreto, o setor
impedia a prova do laço e desde meados da década passada ainda viu o deputado federal Capitão Augusto (PSL)
a Festa do Peão deixou de realizá-la. A organização anunciar o relançamento da frente parlamentar dos rodeios,
suspendeu ainda a prova do bulldog após a morte de um vaquejadas e provas equestres de todo o país. A estimativa é
bezerro, em 2011. Na prova, o bezerro é imobilizado pelo que mais de 400 dos 645 municípios paulistas realizem
competidor. montarias em touros.
Com o decreto, todos os rodeios no país
poderão realizar essas provas, desde que seguidas
normas definidas pelo ministério. Isso não quer dizer,
porém, que Barretos voltará a adotá-las.
Em seu discurso, Bolsonaro disse que
respeita todas as instituições, mas deve lealdade ao
público. “Esse momento em que tantos criticam as
festas de peões ou as vaquejadas quero dizer que, com
muito orgulho, estou com vocês. Para nós, não existe
o politicamente correto, faremos o que tem de ser
feito”, disse o presidente, sendo aplaudido pelo
público da arena com as arquibancadas parcialmente
vazias.
O presidente disse ainda que o meio ambiente
“pode e vai casar com o desenvolvimento”. “Enquanto
eu for presidente, o desenvolvimento estará acima de
tudo. E dizer que, como tenho fé, tenho amor a vocês,
eu farei aquilo que tem de ser feito.”
Senado aprova projeto de lei que classifica animal como sujeito de direito, e não como
coisa, ZEROHORA, 07/08/2019
O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (7) projeto A advogada Claudia Barbedo, especialista em direito de
de lei que classifica os animais como sujeitos de direitos, e não família, explica que a nova lei garantirá que em um divórcio, por
mais como coisas. O texto cria o regime jurídico especial para os exemplo, os animais, antes partilhados como bens móveis
animais de estimação e altera a forma como são vistos perante a (exatamente como um sofá ou uma geladeira), agora integrem as
lei. discussões nas varas de família.
Com isso, os bichos deixam de ser vistos como “coisas” e — Admite-se que eles possuem natureza biológica e
passam a ser admitidos como “sujeitos com direitos e proteção emocional, que são seres sencientes, passíveis de sofrimento e,
legal em casos de violação”. Conforme a proposta, do deputado portanto, ligados às relações de afeto, carinho, cuidado —
Ricardo Izar (PP-SP), animais passam a ser reconhecidos como comenta.
seres sencientes, ou seja, capazes de sentir emoções e passíveis Segundo a Agência Senado, o senador Randolfe Rodrigues
de sofrimento. (Rede-AP), relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente,
Como o texto sofreu alterações, retornará à Câmara para acatou uma emenda apresentada pelos senadores Rodrigo Cunha
avaliação. O avanço, porém, foi comemorado por ativistas da (PSDB-AL), Major Olimpio (PSL-SP) e Otto Alencar (PSD-
causa animal, celebridades e tutores de pets, que compartilham a BA) para ressalvar as manifestações culturais como a vaquejada
hashtag #animalnãoécoisa. e a atividade agropecuária do alcance do projeto.
O texto também acrescenta dispositivo à Lei dos Crimes Luisa Mell e as atrizes Alexia Dechamps e Paula
Ambientais para determinar que os bichos não sejam mais Burlamaqui estiveram em Brasília para apoiar o projeto de lei
considerados bens móveis para fins do Código Civil. Com as 27/2018 e acompanhar a votação. "Agora a pressão é nos
mudanças, os animais ganham mais uma defesa jurídica em caso deputados", escreveu Luisa em rede social após decisão do
de maus-tratos. plenário.
Animais têm direitos? Hélio Schwartsman (Folha de S.Paulo)
[...]A questão central aqui, me parece, é tentar por exemplo, defende que animais que possuam certas
definir se animais têm ou não direitos, o que nos remete habilidades cognitivas (lesmas e mosquitos, estão,
a uma discussão sobre ética. portanto, excluídos) são sujeitos de vida, o que os torna
Numa simplificação grosseira da história da intrinsecamente pacientes morais, mesma categoria em
filosofia, existem duas matrizes de sistemas éticos. A que estão crianças pequenas e pessoas que sofrem de
primeira, que podemos chamar de deontológica, têm doenças neurológicas. Devem, portanto, ser legalmente
como expoentes Platão e Immanuel Kant. Para esses protegidos, ainda que não tenham a capacidade de atuar
autores, são os princípios que importam. Regras como como agentes morais.
"não matarás" ou "não mentirás" valem Já Gary Francione, um dos pais do abolicionismo,
incondicionalmente, porque estão amparadas pela ideia sustenta que é preciso reconhecer um único direito dos
de Justiça, por Deus, pelo imperativo categórico ou por animais: acabar com a noção de que eles possam ser
alguma outra entidade meio metafísica. propriedade de alguém. Os abolicionistas acusam pessoas
Aplicada aos animais, a ética deontologista produziu e grupos que militam pelo bem-estar dos bichos de seguir
alguns exemplares interessantes. O filósofo Tom Regan,
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o paradigma das sociedades protetoras do século 19, o E vale observar que essa nem é a mais exuberante de suas
que apenas atrasa a verdadeira libertação. teses.
Na outra ponta dos sistemas éticos está o [...]O problema tanto com as éticas deontológicas
consequencialismo, cujos grandes defensores incluem como consequencialistas é que elas não param em pé
Jeremy Bentham e John Stuart Mill. Basicamente, eles sozinhas. Ou, para colocar a coisa de uma forma um
dizem que não existem princípios externos abstratos pouco mais rigorosa, ambos os sistemas, se levados até o
como a ideia de Justiça que possam validar ou invalidar fim, produzem paradoxos que não estamos dispostos a
nossos atos. A única forma de julgá-los é através das aceitar. A impossibilidade de mentir em qualquer caso
consequências que acarretam. Vale dizer que são boas as preconizada por Kant me levaria, por exemplo, a admitir
ações que engendram bons resultados. No caso específico a agentes da Gestapo que eu escondo judeus em meu
de Bentham (conhecido como pai do utilitarismo), o que sótão, delito que me custaria a vida bem como a dos
importa é o princípio de utilidade, que pode ser traduzido fugitivos.
na fórmula: "o maior bem para o maior número de Já o consequencialismo me obrigaria a aceitar como
pessoas". válido o ato do médico que mata o sujeito saudável que
No mundo animal, consequencialismo é sinônimo entra em seu consultório para, com seus órgãos, salvar a
de Peter Singer, cujas ideias são extremamente vida de cinco pacientes que necessitavam de transplantes.
estimulantes, em especial quando discordamos delas. Se deixarmos a expansão do círculo de solidariedade
Como utilitarista radical, Singer não acredita muito em correr solta, é uma questão de tempo até que comecemos
direitos --nem para animais nem para humanos--, mas a nos importar com o bem-estar de insetos e couves de
apenas em interesses, como o de evitar a dor e buscar o bruxelas. Desnecessário dizer que essa ampliação não
prazer. Agir moralmente nada mais é do que observar a pode ser indefinida. Precisamos parar em algum ponto,
regra que manda não infligir sofrimento ou acabaríamos morrendo de fome ou presas de vírus e
desnecessariamente. E, para Singer, não há nenhum bactérias que também "desejam" manter-se vivos e
motivo para restringirmos o universo de aplicação dessa "felizes". Numa visão um pouco caricatural, antibióticos
norma ao Homo sapiens. Todos os seres capazes de sentir se tornariam armas de destruição em massa.
dor, sustenta o autor, são dignos de igual consideração. Onde parar passa a ser a questão. Singer escolheu a
Discriminar um animal senciente apenas porque ele capacidade de experimentar a dor. Reconhece, porém,
não é humano configura um caso de especismo, que o que tem dificuldades para discriminar quais seres podem
filósofo põe no mesmo patamar do racismo ou do entrar em seu cardápio e quais não podem --moluscos são
escravismo, classificações não exatamente abonadoras. ou não sensíveis a estímulos dolorosos? Há, é claro,
É claro que, para Singer, nem todos os seres vivos outras complicações. Se o critério é a dor, torna-se lícito
têm os mesmos "direitos". O nível de consideração que matar animais anestesiados?
cabe a cada qual é uma função direta de sua capacidade Quanto a mim, embora aprecie o rigor do
de perceber dor, prazer e até de fruir o transcendente -- pensamento de Singer e, como ele, defenda que não
ou seja, de seu grau de consciência. devemos infligir sofrimento desnecessário, nem a
Numa leitura histórica, o círculo de solidariedade moluscos nem a couves de bruxelas, acredito que seria
moral da humanidade vem se expandindo. Nos um contrassenso conferir direitos aos animais. É que
primórdios, o homem ligava apenas para si mesmo e, às direitos são construções sociais que vêm em pares
vezes, para a sua família. Com o decorrer do tempo dialéticos. Só pode haver direito onde existem deveres. E
passou a preocupar-se também com seus vizinhos, não dá para cobrar de um cavalo ou um leão que atuem
compatriotas, irmãos de fé e, por fim, com todo o gênero como agentes morais. Assim, o máximo que podemos
humano. Agora, começamos a olhar para os outros bichos fazer é impor a outros humanos a obrigação de não
com os quais compartilhamos o planeta. maltratar bichos, mas esse é um dever que nos
Essa é uma ideia radical que traz implicações autoatribuímos, o que fica num degrau mais abaixo dos
radicais: para Singer, a melhor forma de não provocar dor tão propalados direitos dos animais.
evitável é convertendo a humanidade ao vegetarianismo.
MÃO À OBRA
Proposta - A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema: “DIREITO DOS ANIMAIS EM DISCUSSÃO NO BRASIL E NO MUNDO” apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender
seu ponto de vista.
O texto deverá ter no mínimo 7 (sete) e no máximo 30 (trinta) linhas escritas.