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Introdução

Neste presente trabalho, da cadeira de Finanças públicas e Direito Financeiro, leccionado pela
ilustríssima Dra. Vanda Portugal , será abordado tema referente:

Equilibrio orcamental que pressupõe que as receitas que o Estado cobra, atraves dos impostos,
creditos, património, devem cobrir aquilo que são as despesas, para que hája um Equilibrio do
própio orçamento, de modo de não haja um défice do orçamento. Portanto, sendo o Orçamento
uma previsão não fária sentido que se previssem despesas sem antes se prever as receitas.

Neste principio do Equilibrio Orcamental, as receitas apresentam-se sempre de forma iguais ou


superior as Despesas, isto é de forma Equilibrada ou Superative. Não pode haver um orcamento
com as receitas inferiores a despesas, isto é, défice do orçamento. Referir que o Equilíbrio
Orcamental não se define pelo equilíbrio entre todas as despesas e todas as receitas, mas pelo
equilíbrio entre certas despesas e certas receitas;

Este tema tem como objectivo principal, proporcionar aos estudantes um maior conhecimento
sobre o princípio do equilíbrio orçamento.

Titulo este que será abordado segundo seus aspectos mais relevantes, visando um maior
esclarecimento sobre a matéria em estudo.

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Equilíbrio Orcamental

a) Vários Conceitos de Equilíbrio

1) Equilíbrio entre despesas efectivas e receitas efectivas.

2) Equilíbrio entre despesas ordinárias e receitas ordinárias.

3) Equilíbrio entre despesas correntes e receitas correntes.

Nos termos do art.14º da Lei 9/2002 de 12 de Fevereiro, o orçamento prevê as receitas


necessárias para cobrir as despesas, bem como -já sabemos nos termos do artigo 15 da L.E.O.E,
< < o orçamento do estado deve prever os recursos necessários para cobrir todas despesas>>,

Sendo assim, há-de prever receitas bastante, pelo menos para satisfazer as despesas previstas;
isto é, o orçamento há-de estar, pelo menos, equilibrado.

Mas o que sucedesse com o nosso orçamento não é o que tem de acontecer com qualquer
orçamento; Na verdade não se compreenderia, não faria sentido, que se previssem despesas sem
se preverem receitas correspondentes. Sim, não se compreenderia que se publicasse um plano de
administração implicando certo montante de despesas, e não se indicassem, ao mesmo tempo, as
fontes onde irão colher-se um volume pelo menos igual de receitas. Para que prever despesas, se
não se previssem receitas que pudessem cobri-las.

O orçamento apresenta-se sempre, portanto, ou receitas iguais ou receitas superiores a despesas,


isto e, ou equilibrado ou superavitário. Não se concede um orçamento com receitas inferiores as
despesas, isto é, deficitário. Todavia, fala-se frequentemente de défice de orçamento. Se se fala,
então, é o que pode haver défice mesmo quando as receitas são iguais ou superiores as despesas;
É que o equilíbrio Orcamental não se define pelo equilíbrio entre todas as despesas e todas as
receitas, mas pelo equilíbrio entre certas despesas e certas receitas.

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Que despesas e que receitas?

Começou por se responder; despesas que diminuem e receitas que aumentam o património do
estado; isto é, despesas efectivas e receitas efectivas. Pois, se o montante de umas e outras for
igual, o estado chegara ao termo da execução do orçamento com o mesmo património que tinha
no seu inicio.

Simplesmente, entendia-se que as despesas públicas, salvo os reembolsos de empréstimos, se


traduziam sempre em diminuição do património do estado; tanto as despesas como os bens
consumíveis como as despesas em bens duradouros (em edifícios mobiliários, estradas, pontes,
portos, etc.). e isso porque os bens duradouros do estado não davam rendimento e, portanto, não
tinham valor de exploração. Na verdade, quando o estado gastava 100.000 contos na construção
de edifícios públicos, perdia por um lado, aquela importância e por outro lado ganhava, edifícios,
mas estes não valiam nada, pois não produziam receitas líquidas.

Por conseguinte, para que o estado não ficasse com o seu património diminuindo em
consequência da despesa previstas no orçamento, era preciso que tais despesas, exceptuadas
apenas as do reembolso de empréstimo, fosse cobertas com receitas que lhe aumentassem o
património.

E como entre as receitas efectivas, as receitas que aumentam o património do estado (receitas
patrimoniais, taxas impostos), só os impostos verdadeiramente contam, e as despesas não
efectivas, as despesas que não diminuem o património do estado (reembolsos de empréstimos),
nem sempre aparecem e, quando aprecem, em geral representam pouco-praticamente o equilíbrio
do orçamento era dado pela igualdade entre as despesas totais e os impostos.

Eis a concepção tradicional, a concepção clássica, do equilíbrio do orçamento. Simplesmente


a cobertura de todas as despesas com os impostos não significava apenas a manutenção do
património do estado; também significava neutralidade das finanças.

É que se entendia, então, que os contribuintes diminuíam as suas despesas na exacta medida
dos impostos que pagavam; de modo que, se os impostos igualassem as despesas públicas,
teríamos uns montantes destas idênticas a redução das despesas privadas. Não aumentavam nem

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diminuíam, portanto as despesas totais. Eis como neutralidade das finanças exigia o Equilíbrio
do orçamento.

É certo que os impostos não se limitavam a subtrair rendimentos que os contribuintes


destinavam ao consumo, e sim também rendimentos que eles destinavam ao aforro e isso
prejudica necessariamente o investimento, a formação do capital, uma vez que o estado era então
concebido, não como produtor, mas como puro consumidor: os rendimentos que os contribuintes
destinavam ao aforro iriam ser totalmente gastos por ele em consumo público, iriam sê-lo mesmo
na parte da compra de bens duradouros, dado que estes não valiam nada, como vimos. Dai que se
preconizasse, a par do equilíbrio do orçamento, a redução das despesas ao mínimo: o melhor
orçamento seria o orçamento mais pequeno.

Mas, se o equilíbrio já tinha esse senão, muito pior era o desequilíbrio. Pois, se houvesse
défice -isto é, se as receitas dos impostos não chegassem para cobrir a totalidade das despesas, o
estado haveria de lhe fazer face mediantes empréstimos; ou empréstimos contraídos junto ao
banco do Banco emissor, que os concederia emitindo notam; ou empréstimos a longo prazo junto
do publico. Se fosse com emissão de notas, teríamos inflação; se fosse com emprestemos a longo
prazo teríamos que o aforro dos particulares, em vez de ser transformado em capital das
empresas, seria gasto na compra de bens que o estado -porque era puro consumidor -iria
necessariamente consumir. Portanto o défice do orçamento ou provocada a inflação ou impedia a
formação de capital, isto é, o investimento.

Foi assim que o equilíbrio do orçamento adquiriu um sentido normativo: para as Finanças
não prejudicam sensivelmente a estabilidade e o progresso da economia nacional era preciso que
o orçamento estivesse equilibrado.

Tornou-se, pois, norma de boa administração financeira o equilíbrio do orçamento,


embora – ao reconhecer-se o carácter reprodutivo de certas despesas publicas – se fosse
perdendo a ideia de que o melhor orçamento era necessariamente o mais pequeno. Mas o
equilíbrio despesas totais impostos limitava as despesas ao montante dos tributos que o estado
pudesse cobrar.

Ora, como os contribuintes resistiam ao aumento de imposto, o estado, para manter o equilíbrio,
via-se muitas vezes forcado a renunciar a realização de despesas cuja utilidade era

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inquestionável. Dai que se procura-se um conceito menos regido, mais f, de equilíbrio flexível de
equilíbrio orçamental – um conceito que permitisse cobrir com empréstimos parte das despesas
públicas.

Passou, por isso, ao ouvir-se outra resposta: receitas ordinárias e despesas ordinárias.
Pois se as receitas ordinárias igualarem as despesas ordinárias, haverá equilíbrio entre as receitas
e as despesas periódicas entre as receitas e as despesas que estado presumivelmente haverá de
cobrar e de fazer todos anos.

Já atrás, ao tratarmos da pluralidade orçamental, nos referimos a este conceito de


equilíbrio. E podemos ver, então, nem, sempre o equilíbrio se justifica – frequentemente, ate, não
se justifica – a luz da própria sua lógica.

Mas o equilíbrio entre despesas e receitas foi ainda preconizado com base em uma lógica
diversa. Esta: se as receitas ordinárias igualarem as despesas ordinárias, haverá equilíbrio entre
as receitas que a geração presente paga e as despesas de que só ela beneficia.

Com efeito, as despesas ordinárias, porque terão de repetir-se em todos períodos


financeiros, esgotam a sua utilidade dentro de cada um dos períodos em que são realizadas:
assim as despesas previstas com o pessoal de serviços públicos em determinado ano asseguram o
funcionamento de tais serviços nesse ano, e não nos anos seguintes. Pelo contrário, as despesas
extraordinárias, porque não terão de repetir-se em todos períodos financeiros, oferecem uma
utilidade duradoura, uma utilidade que se prolonga para além do ano em são feitas: assim as
despesas previstas em determinado ano com obras publicas edifícios, vias de comunicação)
aproveitam não só aos que vivem nesse ano como os que vivem nos anos posteriores.

Nestes termos, haverá equilíbrio entre encargos e benéficos se existirem em cada ano a
pagar as despesas cuja utilidade a cada ano se limita; e se as gerações que se sucedem ao longo
dos anos a pagarem as despesas cuja utilidade durante esses anos perdura. Ora, o pagamento em
cada ano, das despesas de utilidade passageira traduz-se na cobrança de receitas que hão-de
repetir-se todos os anos e que serão, portanto receitas ordinárias: receitas patrimoniais, taxas e
impostos permanentes;

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O pagamento, ao longo dos anos, das despesas de utilidade duradoura só pode conseguir-se
através da cobertura dessas despesas com empréstimos, que são receitas extraordinárias: os
empréstimos, afirmava-se, distribuem os seus encargos de juros e amortização pela geração
actual e pelas futuras.

E aqui temos situações de equilíbrio: receitas ordinárias – despesas ordinárias; receitas


extraordinárias (empréstimos) – despesas extraordinárias.

Embora fácil de formularão conceito de equilíbrio de orçamento ordinário – que, alias,


foi vigente na nossa contabilidade pública durante quase meio séculos tornou-se de aplicação
difícil.

Sabe-se o que são despesas ordinárias e extraordinárias; sabe-se qualificar como ordinárias ou
extraordinárias muitas das despesas; mas fica sempre uma vasta gama de despesas sobre as quais
é legitimo discutir-se a categoria em que devem ser incluídas. São despesas que entenderão
provável, e outros improváveis, que venham a repetir-se nos períodos finanças seguintes.

Quem decide o problema é o governo; de modo que os equilíbrios do orçamento, como equilíbrio
de orçamento ordinário, traduzem-se pura e simplesmente em deixar arbítrio do governo a
escolha dos meios de financiamento de muitas das despesas: se os impostos, se os empréstimos,
conforme ele as classificasse como ordinárias ou como extraordinárias.

Modernamente, porem, ouviu-se resposta diversa: despesas correntes e receitas correntes.


Pois, se as receitas correntes igualarem as despesas correntes, haverá equilíbrio entre a redução e
o aumento do consumo resultantes da actividade.

As receitas correntes procedem do rendimento, como dissemos; ora, se admitir que os


impostos são sempre pagos com rendimentos e, alem disso, com rendimento que de outro modo
se destinaria a consumo, temos que as receitas correntes constituem receitas subtraídas ao
consumo, também temos que, se houver equilíbrio entre elas e as receitas correntes, o aumento
do consumo público, igualara a diminuição do consumo privado.

A actividade financeira não afectara, portanto o nível de consumo privado.

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Consequentemente, não afectara o nível de aforro: ao equilíbrio do orçamento corrente,
corresponde o equilíbrio do orçamento capital, isto é, o equilíbrio entre as receitas que provem
do aforro e as despesas que se concretizam em aforro ou investimento.

Por onde se vê que o superave do orçamento corrente, sendo o excesso das receitas
correntes sobre as despesas em consumo, nos da o aforro do estado, o aforro público: ou o aforro
liquido, se nas despesas correntes figuram, como devem, as cotas de amortização, ou o aforro
bruto, no caso contrario. Por seu turno, o défice do orçamento corrente, sendo o excesso das
despesas, em consumo sobre as receitas correntes, danos o desaforo publico, liquido ou bruto.

O equilíbrio do orçamento passou, pois, a ser definido em função dos efeitos das finanças
sobre o consumo e aforro e, portanto sobre grandezas de que depende o equilíbrio económico.

Com a vantagem, ademais assentar, por um lado, numa distinção das despesas menos fluida do
que a anterior: na verdade, a classificação das despesas em correntes e de capital, não obstante as
suas dificuldades, presta-se menos ao arbítrio do que as despesas em ordinárias e extraordinárias;
e de dar, por outro lado, e dar uma justificação sobre contraimento de empréstimos que é
perfeitamente aceitável pelo grande publico: assim como não resulta prejuízo para as empresas
privadas de elas cobrirem com empréstimos os gastos em capitais fixos, também não resulta
défice para o estado de ele cobrir com empréstimos os gastos em bens duradouros.

b) Apreciação – preferência da nossa lei pelo Equilíbrio do orçamento primário

Ficam expostas as três concepções do equilíbrio orçamental, apresentadas pela ordem do seu
aparecimento. Todas têm consagração das leis e adeptos nos financistas, como predomínio ainda
da primeira. Deve notar-se, porem, que actualmente já não se atribui carácter de neutralidade ao
equilíbrio despesas totais-impostos, visto hoje saber-se, como depois mostraremos, que os
impostos reduzem em menos do que o seu montante as despesas privadas; nem se atribuem
efeitos nocivos à cobertura de despesas públicas com empréstimos. Basta dizer-se que a emissão
de notas só será necessariamente inflacionista se houver pleno-emprego; e que contraimento de
empréstimos pelo estado só prejudicara necessariamente o investimento total se o produto deles
se destinar a despesas em bens de consumo.

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Das três concepções, há uma em que logo se falha gravemente, pelas suas premissas: é o do
equilíbrio despesas ordinárias-receitas ordinário, como equilíbrio entre encargos e benefícios.
Sim, não se demonstra que os empréstimos públicos transfiram da geração actual das gerações
futuras os encargos das despesas com eles realizadas (vê-lo-emos a propósito da divida publica);
como não se demonstra que as despesas ordinárias, pelo facto de se repetirem em todos períodos
financeiros, tenham uma utilidade temporária: então, o funcionamento das escolas em dado ano
não aproveita as sucessivas gerações que no futuro irão utilizar (como médicos, advogados,
professores…) o trabalho dos nelas instruídos nesse ano? E as despesas feitas nos hospitais em
dado ano com a prevenção da vida e da saúde dos Jovens e adultos não aproveitam as sucessivas
gerações que irão utilizar o trabalho deles ao longo dos anos? Não temos, em qualquer dos casos,
vultosas despesas ordinárias cuja utilidade é duradoura.

Também falha pelas suas premissas, mas não com essa gravidade, a concepção do
equilíbrio despesas correntes-receitas correntes. Não é exacto, sobretudo que o pagamento dos
impostos signifique sempre redução do consumo, pois, há impostos que são satisfeitos, no todo
ou em parte, com aforro existente ou com o rendimento que de outro modo se destinaria ao
aforro.

É certo, porem, que o grosso dos impostos implica redução do consumo privado. Sendo assim,
pode-se considerar-se valida, a par da clássica, tal concepção de Equilíbrio.

Se se atribuir, portanto o carácter normativo ao equilíbrio do orçamento, isto é, se se


entender que o orçamento deve estar equilibrado, por qual dessas concepções há-de optar-se?

No fundo, optar pelo Equilíbrio entre despesas e receitas correntes ou entre receitas e
despesas efectivas depende:

1º - de se pretender descriminar a favor de determinadas despesas.

Pois, admitir que determinadas despesas sejam cobertas com empréstimos sem prejuízo
do equilíbrio orçamental, é fazer descriminação a favor dessas mesmas despesas. Na verdade, é
muito mais fácil ao Estado aumentar as suas receitas através do empréstimos do que através de
impostos: os empréstimos encontrara sempre ou quase sempre quem esteja disposto a conceder-
lhos; os impostos disparará sempre com a resistência dos contribuintes a suporta-los.

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Sendo assim, a ultima concepção do equilíbrio – Equilíbrio do orçamento corrente –
redunda em facilitar as despesas em bens duradouros, que poderão ser feitas por conta de
empréstimos, dificultando as despesas em bens consumíveis, que terão de ser feitas com o
produto de impostos. Claro que isso põe levar as despesas excessivas em bens duradouros e as
despesas insuficientes em bens consumíveis. Mas, por seu turno, a exigência da cobertura de
todas as despesas com impostos (concepção tradicional) pode impedir o Estado de fazer as
despesas de investimento em capital fixo que sejam requeridas pelo desenvolvimento
económico;

2º - De se pretender impedir que haja absorção de aforro privado (défice de orçamento


corrente) ou aumento da procura global (défice do orçamento efectivo).

É que, como vimos, as despesas publicas correntes são somas, que, pelo menos na sua
maior parte, se gastam em consumo, e as receitas publicas correntes são somas que também, pelo
menos, na sua maior parte, se deixam em gastar em consumo. Por conseguinte, se há défice, a
diferença tem de ser coberta pelo recurso a receita de capital, isto é, a receita que provem do
aforro privado. Ora, se se pretende evitar que o aforro fique diminuído, então, o Equilíbrio do
orçamento corrente. E pode pretender-se evitar que o aforro fique diminuído para evitar que
fique diminuída também a formação de capital e, dai, o investimento.

Por seu turno, as despesas efectivas implicam aumento da procura de bens pelo Estado
ou, no caso das transferências, pelos beneficiários dessas despesas e, consequentemente,
aumento da procura global; enquanto as receitas efectivas implicam diminuição da procura de
bens pelos contribuintes e, consequentemente, diminuição da procura global. Havendo défice,
pois, o crescimento da procura, por via das despesas públicas, excede a diminuição da procura
por via das receitas e, consequentemente, a procura total aumenta. Ora, se se pretende evitar que
a procura global aumente, então o equilíbrio do orçamento efectivo. E pode pretender-se evitar
que a procura total aumente para evitar que se desencadeie ou agrave um processo inflacionista.

Como logo se vê, não é possível haver equilíbrio do orçamento efectivo sem haver
equilíbrio do orçamento corrente, mas é possível haver equilíbrio do orçamento efectivo. Se se
desejar, pois combater a inflação e aumentar o investimento, põe-se um problema de escolha: por
qual das alternativas, ambas importantes, há-de decidir-se?

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A única indicação que pode dar-se é a de que, se as duas finalidades forem realizáveis em tempos
diferentes, deve preferir-se o Equilíbrio orçamental que convenha a finalidade mais duradoura.

Isso porque o preferência vai traduzir-se no critério legal do equilíbrio. Conforme se opte pelo
equilíbrio do orçamento efectivo ou do orçamento corrente, assim a lei aconselhara que se
consiga o primeiro ou se alcance o ultimo. Ora, para evitar que a lei tenha de mudar com
frequência o seu critério de equilíbrio mais duradouramente preferível.

O problema respeita na actualidade ao nosso País. A fim de combater a inflação, que nos
tem corroído desde 1971, é desejável o equilíbrio do orçamento efectivo; mas a fim de
incrementar o investimento, de que tanto precisamos para crescer economicamente, é desejável o
equilíbrio apenas do orçamento corrente. Ora, sucede que o combate a inflação é transitório,
visto ela ter vindo a decrescer nos últimos anos, podendo ter-se a esperança de que se reduza em
breve a níveis aceitáveis; pelo contrario, o incremento do investimento é finalidade, mas que
duradoura, permanente.

Perante isso, a nossa lei não deve decidir-se pelo equilíbrio do orçamento efectivo. Na
verdade, e em confronto do equilíbrio corrente, ele prejudicara o investimento privado, visto que
os impostos afectam negativamente a criação de aforros pelos particulares, e dificultaria o
investimento publico, visto este ter sempre de ser financiado mediante impostos. A nossa lei
deve preferir, sim o equilíbrio do orçamento corrente. Tratasse alias de um equilíbrio –esse ou
qualquer outro – que não costuma ter carácter imperativo, pelo que, quando a conjuntura o
exigir, pode perfeitamente afastar-se dele a solução orçamental do respectivo ano.

E foi pelo equilíbrio do orçamento corrente que o legislador optou na primeira Lei do
Enquadramento do Orçamento (Lei n 64/77, de 26 de Agosto), depois de ter abandonado a
concepção de equilíbrio do orçamento ordinário, em vigor durante perto de meio século, como
dissemos atrás. E continua a optar pelo equilíbrio do orçamento corrente na segunda, Lei de
Enquadramento; mas já não sucedeu assim na terceira lei.

<<As receitas efectivas tem de ser pelo menos, iguais as despesas efectivas, excluindo os
juros das dividas publico, salvo se a conjuntura do período a que se refere o orçamento
justificadamente o não permitir.>>

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Como se vê, não se manteve o orçamento do equilíbrio corrente, mas nem por isso
preferiu-se o equilíbrio do orçamento efectivo, pois o que preconiza é o equilíbrio, pelo menos,
entre as receitas efectivas totais e as despesas efectivas líquidas dos juros das dívidas pública.

Trata-se do chamado equilíbrio primário, a que corresponde um défice ou um superave


primário. Se for um défice, é claro que a execução vai provocar o aumento da divida publica; e,
se for um superave, só não acontecerá o mesmo se as receitas efectivas forem superiores, ou pelo
menos iguais, as despesas efectivas.

Mas o interessante é que o próprio equilíbrio do orçamento primário tem por


consequência o aumento da divida. Sim se as receitas efectivas forem iguais são despesas
efectivas menos os juros, claro que precisara contrair empréstimos para pagar os juros, e a divida
pública crescera.

Existe, pois, uma grande diferença entre o equilíbrio do orçamento primário e os


equilíbrios dos orçamentos correntes e do orçamento efectivo. É que estes últimos têm uma
lógica económica definida: a lógica da neutralidade do orçamento em face do aforro, no
orçamento corrente, ou em face da procura global, no orçamento efectivo; enquanto o primeiro
não tem lógica económica perceptível, já que o orçamento primeiramente equilibrado não é
neutral em face da divida publica, antes implicando necessariamente o aumento dela.

Não há, portanto, razão económica para a preferência pelo equilíbrio do orçamento
primário. Dai a preferência por ele da actual Lei de Enquadramento só possa explicar-se a luz de
uma razão política: a de tal equilíbrio permitir aos Governos, em país endividado como o nosso,
apresentarem-se em situações de equilíbrio orçamentos que apenas artificiosamente o estão.

Falta acrescentar que, no caso de ser preciso cobrir partes das despesas como recurso ao
credito, o artigo n.4 da Lei do enquadramento preconiza que essas despesas <<não sejam
financiadas mediante a criação de moeda>>, isto é, mediante a emissão de notas pelo Banco de
Moçambique ou as aberturas de créditos ao Estado pelos bancos comercias; que sejam
financiadas, portanto, com empréstimos contraídos junto do publico. Tem-se em mira, claro esta,
evitar os efeitos inflacionistas da criação da moeda.

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Conclusão

Após diversas pesquisas no âmbito de encontrar materias mais acertadas quanto ao tema em foco
conclui-se desta forma que:

O principio do Equilibrio Orcamental pressupõe que as receitas que o Estado cobra, devem
cobrir aquilo que são as despesas, para que hája um Equilibrio do própio orçamento, de modo de
não haja um défice isto é menor receita e maior despesa;

Referir que no principio do Equilibrio Orcamental, o Estado obtém as receitas atraves dos
impostos, creditos e património, de modo que possa fazer face as necessidades públicas que lhe
são apresentadadas no dia a dia da sociedade;

Esperamo que o trabalho tenha satisfeito as exigências demandadas.

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