Você está na página 1de 123

12 ISSN 1677-7042 1 Nº 202, sexta-feira, 20 de outubro de 2017

N o- 12.547 - Processo nº 53508.005640/2017-18. Outorga autorização N o- 13.112 - Processo nº 53500.075656/2017-68. no município de Redenção, estado do Pará, utilizando o canal 9
e uso de radiofrequência(s), à CLARO S.A., CNPJ nº Autoriza A MATTHEIS MOTORSPORT S/C LTDA, CNPJ (nove decalado para mais), consistente na alteração da geradora ce
0.432.544/0001-47, associada à Autorização para explorar o Serviço nº 00.472.205/0001-70, a realizar operação temporária de equipa- dente da sua programação, a qual passará a ser a própria Televisã
Móvel Pessoal (SMP), até 08/12/2029. mentos de radiocomunicação nas seguintes localidade(s), Viamão/RS, Liberal Limitada, concessionária do serviço de radiodifusão de sons
no período de 20/10/2017 a 22/10/2017. imagens, no município de Belém, estado do Pará.
N o- 12.549 - Processo nº 53500.067481/2017-15. Outorga autorização Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu
e uso de radiofrequência(s), à ATENDE ENGENHARIA LTDA ME VITOR ELISIO GOES DE OLIVEIRA MENEZES blicação.
CNPJ/MF nº 09.430.688/0001-14, associada à Autorização para Superintendente
xplorar o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), pelo prazo de ALTAIR DE SANTANA PEREIRA
5 (quinze) anos.
SECRETARIA DE RADIODIFUSÃO PORTARIA Nº 5.522/SEI, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017
N o- 12.551 - Expede autorização à SEGURATEL - ALARMES ELE-
RÔNICOS LTDA - ME, CNPJ/CPF: 01.420.240/0001-08, para exe-
utar o Serviço Limitado Privado, de interesse restrito, em todo ter- PORTARIA Nº 1.020, DE 2 DE AGOSTO DE 2017 O COORDENADOR-GERAL DE PÓS-OUTORGA, no us
tório nacional. E também Outorga autorização de uso de radio- das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso IX do § 4º do ar
requência(s), associada à autorização para execução de Serviço Li- A SECRETÁRIA DE RADIODIFUSÃO, no uso das atribui- 77 da Portaria n.º 1.729, de 31 de março de 2017, publicada no Diári
mitado Privado, pelo prazo de 20 (vinte) anos. ções que lhe conferem os incisos XVI e XVII do art. 76, Capítulo IV, Oficial da União de 04 de abril de 2017, e tendo em vista o qu
Anexo III da Portaria nº. 1.729, de 31 de março de 2017 observados os consta do Processo nº 53900.057583/2016-39, invocando as razõe
N o- 12.552 - Expede autorização à SHELTER SISTEMAS ELETRO- critérios e parâmetros estabelecidos pela Portaria nº. 858 de 18 de presentes da Nota Técnica nº 33121/2016/SEI-MCTIC, resolve:
NICOS E SERVICOS LTDA-EPP, CNPJ/CPF: 04.022.822/0001-24, dezembro de 2008 e na Portaria nº. 112 de 22 de abril de 2013, mo- Art. 1º Homologar, nos termos da Portaria no 366, de 14 d
ara executar o Serviço Limitado Privado, de interesse restrito, em dificada pela Portaria nº. 5.774 de 16 de dezembro de 2016, tendo em agosto de 2012, publicada no Diário Oficial da União de 15 de agosto d
odo território nacional. E Outorga autorização de uso de radiofre- vista o que consta no processo nº. 53000.033467/2013-25, com fulcro 2012, a operação efetuada pela Televisão Liberal Limitada, executante d
uência(s), associada à autorização para execução de Serviço Li- na Nota Técnica nº. 4.574/2017/SEI-MCTIC, na forma prevista no serviço de retransmissão de televisão, em caráter primário, no municípi
mitado Privado, pelo prazo de 20 (vinte) anos. artigo 50, §1°, da Lei n°. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, resolve: de Altamira, estado do Pará, utilizando o canal 13 (treze), consistente n
Art. 1º Reconsiderar, de ofício, a decisão proferida por via da alteração da geradora cedente da sua programação, a qual passará a ser
N o- 12.557 - Outorga autorização de uso de radiofrequência(s), à PRB Portaria nº. 3.982/2015/SEI-MC publicada no D.O.U. em 10/03/2016, que
ESSOA, CNPJ/CPF: 63.640.908/0001-80, associada à autorização própria Televisão Liberal Limitada, concessionária do serviço de radio
ara execução de Serviço Limitado Privado, em Tefé/AM,até aplicou à EMISSORA VALE DO APODI LTDA, Fistel nº. 50011054808, difusão de sons e imagens, no município de Belém, estado do Pará.
8/05/2034. a sanção de suspensão por 1 (um) dia e, por este ato, convertê-la em multa Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
no valor total de R$ 2.179,04 (dois mil, cento e setenta e nove reais e
N o- 12.581 - Outorga autorização de uso de radiofrequência(s), à TIX- quatro centavos), com fundamento no art. 62, da Lei 4.117/62, e lhe atri- ALTAIR DE SANTANA PEREIRA
ERTS INFORMATICA LTDA, CNPJ/MF nº 21.229.558/0001-13, buir 4 (quatro) pontos, em razão da prática, de infração capitulada no art.
ssociada à autorização para explorar o Serviço de Comunicação 38, alínea "c" do Código Brasileiro de Telecomunicações, com redação
Multimídia (SCM), até 10/01/2032. dada pela Lei nº. 10.610 de 20 de dezembro de 2002.
Art. 2º Considerar prejudicado o recurso apresentado pela Ministério da Cultura
VITOR ELISIO GOES DE OLIVEIRA MENEZES entidade e consignar o direito de o interessado apresentar novas
Superintendente razões recursais no prazo legal.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA
ATO N o- 12.650, DE 29 DE SETEMBRO DE 2017
VANDA JUGURTHA BONNA NOGUEIRA
SUPERINTENDÊNCIA DE FOMENTO
rocesso nº 53504.004302/2017-07.
Outorga autorização de uso de radiofrequência(s), à Esho DEPARTAMENTO DE RADIODIFUSÃO EDUCATIVA, DESPACHO DO SUPERINTENDENTE
mpresa de Serviços Hospitalares S.A., CNPJ/CPF 29.435.005/0082- Em 17 de outubro de 2017
4, associada à autorização do Serviço Limitado Privado, na apli-
COMUNITÁRIA E DE FISCALIZAÇÃO
ação radiochamada em Garulhos/SP. N o- 116 - O SUPERINTENDENTE DE FOMENTO da ANCINE, n
COORDENAÇÃO-GERAL DE RADIODIFUSÃO uso das atribuições legais conferidas pela Portaria no 140 de 03 d
VITOR ELISIO GOES DE OLIVEIRA MENEZES COMUNITÁRIA julho de 2012; e em cumprimento ao disposto na Lei nº. 8.313, de 2
Superintendente de dezembro de 1991, Lei nº. 8.685, de 20 de julho de 1993, Medid
PORTARIA Nº 5.989/SEI, DE 10 DE OUTUBRO DE 2017 Provisória nº. 2.228-1, de 06 de setembro de 2001, Decreto nº. 4.456
de 04 de novembro de 2002, e considerando o inciso II do art. 31 d
ATO N o- 13.090, DE 17 DE OUTUBRO DE 2017 Resolução de Diretoria Colegiada nº 59 da ANCINE, decide:
A COORDENADORA-GERAL DE RADIODIFUSÃO
COMUNITÁRIA, DO DEPARTAMENTO DE RADIODIFUSÃO Art. 1º Aprovar os projetos audiovisuais relacionados abaixo
rocesso nº 53500.076980/2017-01. EDUCATIVA, COMUNITÁRIA E DE FISCALIZAÇÃO, DO MI- para os quais as proponentes ficam autorizadas a captar recursos no
Outorga Autorização de Uso de Radiofrequência à EMPRE- NISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÕES E CO- termos das leis indicadas, cujo prazo de captação se encerra em
A DE RADIODIFUSAO CAMPOGRANDENSE LTDA, CNPJ MUNICAÇÕES, no uso das atribuições que lhe confere o art. 31/12/2017.
3.194.069/0001-52, executante do Serviço de Radiodifusão Sonora 76,parágrafo 6°, inciso VI, do Regimento Interno do Ministério da
m Frequência Modulada, na localidade de Campo Grande/MS, até a 17-0523 A Arquitetura de Duda
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, aprovado pela Processo: 01416.024648/2017-17
ata de 04/04/2021. Portaria nº 1729, de 31 de março de 2017, publicada no Diário Proponente: BEMBE FILMES SERVICOS DE PRODUCAO
Oficial da União de 04 de abril de 2017 e considerando o AUDIOVISUAL LTDA. ME
VITOR ELISIO GOES DE OLIVEIRA MENEZES Processo Administrativo nº 01250.046430/2017-45, resolve:
Superintendente Cidade/UF: Campina Grande/SP
Art. 1 o- Autorizar a Associação Comunitária Alternativa CNPJ: 12.514.813/0001-89
Paraisopolense de Radiodifusão, a transferir o local de instalação Valor total aprovado: R$ 50.000,00
ATOS DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 do sistema irradiante da Rua Dr. Simões de Almeida, N°198 - Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 2.500,00
Centro para a :Local Não Arruado - Morro do Cruzeiro, S/n°, na Banco: 001- agência: 1591-1 conta corrente: 32381-0
localidade de Paraisópolis / MG. A entidade foi autorizada pela Valor aprovado no Art. 18 da lei 8.313/91: R$ 45.000,00
N o- 13.099 - Processo nº 53500.076134/2017-83. Portaria de Autorização n° 1236/2010 publicada no Diário Oficial
Autoriza THERMO KING DO BRASIL LTDA, CNPJ nº Banco: 001- agência: 1591-1 conta corrente: 32380-2
da União em 03 de dezembro de 2010, a executar o Serviço de
4.637.619/0006-91, a realizar operação temporária de equipamentos Radiodifusão Comunitária. O referido ato de autorização foi de- 17-0531 NA MULTIDÃO
e radiocomunicação em São Paulo/SP, pelo período de 16/10/2017 a Processo: 01416.011956/2017-74
0/10/2017. liberado pelo Congresso Nacional, conforme Decreto Legislativo nº
70/2016, publicado no Diário Oficial da União em 30 de março de Proponente: CINEMA BRASIL DIGITAL - ESCRITÓRIO D
2016, conforme consta nos autos do Processo de Autorização n° PLANEJ. EMPR. AUD. LTDA.
N o- 13.107 - Processo nº 53500.074906/2017-42. Cidade/UF: Rio de Janeiro / RJ
Autoriza GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES 53710.001718/1998.
Parágrafo único. O sistema irradiante da estação trans- CNPJ: 68.317.445/0001-33
/A, CNPJ nº 27.865.757/0001-02, a realizar operação temporária de Valor total aprovado: R$ 3.791.779,00
quipamentos de radiocomunicação em Pinhais/PR, pelo período de missora da entidade, em razão do disposto no caput, localizar-se-
á nas coordenadas geográficas com latitude em 22°33''43"S e Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 2.002.190,00
0/10/2017 a 22/10/2017. Banco: 001- agência: 0287-9 conta corrente: 45413-3
longitude 45°47''04"W.
Art. 2 o- Esta Portaria entra em vigor na data de sua Valor aprovado no Art. 3º da Lei nº. 8.685/93: R$ 400.000,00
N o- 13.108 - Processo nº 53500.075667/2017-48. Banco: 001- agência: 0287-9 conta corrente: 45412-5
Autoriza DOSSENA E VASCONCELOS SERV AUTOM publicação.
TDA ME, CNPJ nº 16.796.265/0001-88, a realizar operação tem- 17-0540 JOELMA
orária de equipamentos de radiocomunicação em Viamão/RS, pelo INALDA CELINA MADIO Processo: 01416.024618/2017-01
eríodo de 20/10/2017 a 22/10/2017. Proponente: INTRO LTDA.
DEPARTAMENTO DE RADIODIFUSÃO COMERCIAL Cidade/UF: São Paulo / SP
N o- 13.109 - Processo nº 53500.075664/2017-12. CNPJ: 04.344.932/0001-02
Autoriza MOTTIN RACING LTDA, CNPJ nº Valor total aprovado: R$ 9.930.715,00
3.406.065/0001-20, a realizar operação temporária de equipamentos COORDENAÇÃO-GERAL PÓS DE OUTORGAS Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 2.934.179,25
e radiocomunicação em Viamão/RS, pelo período de 20/10/2017 Banco: 001- agência: 6998-1 conta corrente: 8056-X
22/10/2017. Valor aprovado no Art. 3º da Lei nº. 8.685/93: R$ 3.000.000,0
PORTARIA Nº 4.748/SEI, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017 Banco: 001- agência: 6998-1 conta corrente: 8053-5
N o- 13.110 - Processo nº 53500.075663/2017-60.
Autoriza JOSE ANTONIO MIRO DE CORDOVA - ME, 17-0566 AS POLACAS
O COORDENADOR-GERAL DE PÓS-OUTORGA, no uso Processo: 01416.025236/2017-96
CNPJ nº 14.140.838/0001-95, a realizar operação temporária de equi- das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso IX do § 4º do art.
amentos de radiocomunicação nas seguintes localidade(s) Via- 77 da Portaria n.º 1.729, de 31 de março de 2017, publicada no Diário Proponente: MIGDAL PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA
mão/RS, pelo período de 20/10/2017 a 22/10/2017. Oficial da União de 04 de abril de 2017, e tendo em vista o que Cidade/UF: Rio de Janeiro / RJ
consta do Processo nº 53900.057579/2016-71, invocando as razões CNPJ: 10.645.895/0001-75
N o- 13.111 - Processo nº 53500.075661/2017-71. presentes da Nota Técnica nº 33085/2016/SEI-MCTIC, resolve: Valor total aprovado: R$ 6.000.000,00
Autoriza COMERCIAL SAMBAIBA DE VIATURAS LT- Art. 1º Homologar, nos termos da Portaria no 366, de 14 de Valor aprovado no Art. 1º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 2.900.000,00
DA, CNPJ nº 03.013.854/0002-81, a realizar operação temporária de agosto de 2012, publicada no Diário Oficial da União de 15 de agosto Banco: 001- agência: 1572-5 conta corrente: 24603-4
quipamentos de radiocomunicação nas seguintes localidade(s), Via- de 2012, a operação efetuada pela Televisão Liberal Limitada, exe- Valor aprovado no Art. 3º da Lei nº. 8.685/93: R$ 2.800.000,00
mão/RS no período de 21/10/2017 a 22/10/2017. cutante do serviço de retransmissão de televisão, em caráter primário, Banco: 001- agência: 1572-5 conta corrente: 24602-6

ste documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui
elo código 00012017102000012 Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasi
Nº 202, sexta-feira, 20 de outubro de 2017 1 ISSN 1677-7042 13

7-0567 DELICADEZA 17-0579 APENAS RESPIRE 176521 - Mes da Diversidade


rocesso: 01416.025570/2017-40 Processo: 01416.025747/2017-16 FOUR X PRODUCAO DE EVENTOS E CONSULTORIA LTDA
roponente: CIGANO FILMES LTDA - ME. Cidade/UF: São Paulo / SP CNPJ/CPF: 15.356.941/0001-30
CNPJ: 09.005.783/0001-70 Valor total aprovado: R$ 4.000.000,00 Proponente: NA LAJE FILMES PRODUÇÕES LTDA. Cidade/UF:
São Paulo / SP Processo: 01400027539201712
Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 1.000.000,00
Banco: 001- agência: 1189-4 conta corrente: 51749-6 Cidade: Rio de Janeiro - RJ;
CNPJ: 08.035.343/0001-01
Valor Aprovado: R$ 1.372.625,00
7-0568 RUAS DISSONANTES Valor total aprovado: R$ 3.106.747,12 Valor aprovado no Art. 1ºA da
Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017
rocesso: 01416.025551/2017-13 Lei nº. 8.685/93: R$ 2.951.409,76 Banco: 001- agência: 2809-6 conta Resumo do Projeto: O Mês da Diversidade é um projeto que ser
roponente: PERPETUUM CINEMA E ARTE LTDA. Cidade/UF: corrente: 31666-0
ão Paulo / SP realizado com a intenção de unir as diversas atividades
CNPJ: 08.548.416/0001-50 17-0580 VIVAAAAAA manifestações culturais com a tematica LGBT, incluindo as Parada
Valor total aprovado: R$ 404.000,00 do Orgulho LGBT. Os desfiles, que contam com musica, dança
Processo: 01416.025700/2017-44
Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 383.000,00 performances artísticas tem como objetivo o respeito a diversidade
Banco: 001- agência: 0385-9 conta corrente: 62910-3 Proponente: ALICE FANNY RIFF-PRODUÇÕES AUDIVISUAIS E a luta contra a homofobia. O olhar a partir da ótica LGBT ser
CULTURAIS-ME. Cidade/UF: São Paulo / SP traduzido em ações que abordem a diversidade de manifestaçõe
7-0570 MANU
rocesso: 01416.025603/2017-51 CNPJ: 10.551.469/0001-72 culturais com a realização de ações que ocuparão espaços distribuído
roponente: CISMA PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS, Valor total aprovado: R$ 630.000,00 Valor aprovado no Art. 1ºA da pelos eventos, trazendo: moda, culinária, música e performances d
VENTOS E TEATRO LTDA. Cidade/UF: São Paulo / SP Lei nº. 8.685/93: R$ 598.500,00 Banco: 001- agência: 0385-9 conta diversas manifestações artísticas.
CPF: 05.919.250/0001-43 corrente: 62909-X
Valor total aprovado: R$ 3.500.000,00 176494 - Ópera O quatrilho
Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 1.205.000,00 17-0581 EM BUSCA DA FOTO PERFEITA BELL''ANIMA PRODUCOES ARTISTICAS LTDA
Banco: 001- agência: 1892-9 conta corrente: 19751-3 CNPJ/CPF: 19.407.123/0001-70
Processo: 01416.025760/2017-67
7-0571 CARMEN Processo: 01400027327201735
Proponente: IMAGINAR EMPREENDIMENTOS E
rocesso: 01416.025615/2017-86 Cidade: Porto Alegre - RS;
roponente: CISMA PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS, PARTICIPAÇÕES LTDA. Cidade/UF: Rio de Janeiro / RJ Valor Aprovado: R$ 3.269.012,37
VENTOS E TEATRO LTDA. Cidade/UF: São Paulo / SP CNPJ: 10.899.485/0001-50 Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017
CNPJ: 05.919.250/0001-43 Valor total aprovado: R$ 1.905.700,00 Valor aprovado no Art. 1ºA da Resumo do Projeto: Montar e circular por entre dezesseis cidade
Valor total aprovado: R$ 2.500.000,00 Lei nº. 8.685/93: R$ 1.810.415,00 Banco: 001- agência: 2909-2 conta com ópera baseada na obra O quatrilho, livro de autoria do brasileir
Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 700.000,00
Banco: 001- agência: 1892-9 conta corrente: 19750-5 corrente: 49229-9 José Clemente Pozenato, lançado em 1985.

7-0572 CAÇADORAS DE SONHOS 17-0582 CIDADE DOS SONHOS - CITY OF DREAMS 176487 - UMA NOITE NO MUSEU - CARNAVAL 2018
rocesso: 01416.025274/2017-49 Processo: 01416.024040/2017-84 GREMIO RECREATIVO CULTURAL SOCIAL ESCOLA D
roponente: PERVALEO INTERMEDIAÇÃO DE SERVIÇOS NA Proponente: LUMIART LTDA. Cidade/UF: Belo Horizonte / MG SAMBA ACADEMICOS DO TUCURUVI
NTERNET LTDA. Cidade/UF: Niterói / RJ CNPJ/CPF: 48.034.847/0001-13
CNPJ: 22.526.061/0001-20 CNPJ: 09.206.021/0001-32
Processo: 01400027253201737
Valor total aprovado: R$ 4.000.000,00 Valor total aprovado: R$ 6.258.165,28 Cidade: São Paulo - SP;
Valor aprovado no Art. 1º da Lei nº. 8.685/93: R$ 3.800.000,00 Valor aprovado no Art. 1º da Lei nº. 8.685/93: R$ 1.000.000,00
Banco: 001- agência: 1230-0 conta corrente: 51558-2 Valor Aprovado: R$ 1.988.000,00
Banco: 001- agência: 3032-5 conta corrente: 58049-X Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017
7-0573 QUANDO A NOITE VAI EMBORA Valor aprovado no Art. 1º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 500.000,00 Resumo do Projeto: Trata-se do desfile de Carnaval do G.R.C.S
rocesso: 01416.025692/2017-36 ESCOLA DE SAMBA ACADÊMICOS DO TUCURUVI, a realizar
roponente: DEMAMAN & CIA LTDA ME. Cidade/UF: Porto Banco: 001- agência: 3032-5 conta corrente: 58051-1
Alegre / RS Valor aprovado no Art. 3º da Lei nº. 8.685/93: R$ 2.500.000,00 se no dia 09 de fevereiro de 2018 , no sambodrómo do Anhembi, em
CNPJ: 14.853.467/0001-99 Banco: 001- agência: 3032-5 conta corrente: 58050-3 São Paulo, com a distribuição das fantasias.
Valor total aprovado: R$ 240.000,00 Valor aprovado no Art. 3º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 500.000,00 176548 - UNIDOS DE VILA MARIA - CARNAVAL 2018
Valor aprovado no Art. 1º da Lei nº. 8.685/93: R$ 228.000,00 Banco:
01- agência: 3537-8 conta corrente: 28560-9 Banco: 001- agência: 3032-5 conta corrente: 58052-X GREMIO RECREATIVO CULTURAL SOCIAL ESCOLA D
Art. 2º Este despacho decisório entra em vigor na data de sua SAMBA UNIDOS DE VILA MARIA
7-0574 BABY CNPJ/CPF: 43.156.728/0001-10
rocesso: 01416.025318/2017-31 publicação.
Processo: 01400027590201724
roponente: DESBUN FILMES E ROTEIROS LTDA - ME.
Cidade/UF: São Paulo / SP MARCIAL RENATO DE CAMPOS Cidade: São Paulo - SP;
CNPJ: 12.091.386/0001-73 Valor Aprovado: R$ 1.845.996,00
Valor total aprovado: R$ 2.988.850,00 Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017
Valor aprovado no Art. 1º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 750.000,00 SECRETARIA DE FOMENTO Resumo do Projeto: Realizar o desfile do G.R.C.S.E.S. Unidos d
Banco: 001- agência: 3560-2 conta corrente: 26615-9 Vila Maria no Sambódromo do Anhembí, cidade de São Paulo em 1
E INCENTIVO À CULTURA
7-0575 FAZENDO A VIDA fevereiro de 2018. Haverá a distribuição de fantasias.
rocesso: 01416.025572/2017-39
roponente: TRÊS MUNDOS CINE Y VIDEO LTDA. Cidade/UF: PORTARIA N o- 634, DE 19 DE OUTUBRO DE 2017 ÁREA: 3 MÚSICA (Artigo 18 , § 1º )
Rio de Janeiro / RJ 172118 - FESTIVAL DE NATAL DE QUEDAS DO IGUAÇU
CNPJ: 01.713.311/0001-60 O SECRETÁRIO DE FOMENTO E INCENTIVO À CUL- Eradi Antônio Buss Dutra 28703634000
Valor total aprovado: R$ 2.805.000,00 TURA, no uso de suas atribuições legais, que lhe confere a Portaria CNPJ/CPF: 20.207.710/0001-02
Valor aprovado no Art. 1º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 981.750,00 nº 1317, de 01 de julho de 2016 e o art. 4º da Portaria nº 120, de 30 Processo: 01400017998201798
Banco: 001- agência: 0287-9 conta corrente: 45414-1 de março de 2010, resolve: Cidade: Quedas do Iguaçu - PR;
Art. 1.º - Aprovar o(s) projeto(s) cultural(is), relacionado(s)
7-0576 INCLUSÃO REVERSA Valor Aprovado: R$ 201.197,85
no(s) anexo(s) desta Portaria, para o(s) qual(is) o(s) proponente(s)
rocesso: 01416.025675/2017-07 fica(m) autorizado(s) a captar recursos, mediante doações ou pa- Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017
roponente: MOVIOCA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA - ME. trocínios, na forma prevista no § 1º do artigo 18 e no artigo 26 da Lei Resumo do Projeto: O Festival de Natal de Quedas do Iguaçu tem
Cidade/UF: São Paulo / SP n.º 8.313, de 23 de dezembro de 1991, alterada pela Lei nº 9.874, de apoio da Associação Comercial e Empresarial, da Associação d
CNPJ: 15.743.170/0001-33 23 de novembro de 1999. Centro de Cultura e Sustentabilidade de Quedas do Iguaçu e d
Valor total aprovado: R$ 467.555,00 Art. 2.º - Esta portaria entra em vigor na data de sua pu- Secretaria Municipal de Cultura de Quedas do Iguaçu e atende a
Valor aprovado no Art. 1º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 444.177,25
blicação. anseio da população que vê neste evento a oportunidade de assist
Banco: 001- agência: 3386-3 conta corrente: 26470-9
shows gratuitos de boa qualidade apresentados em espaço público
7-0577 DESTRUA-ME JOSÉ PAULO SOARES MARTINS com cenário encantador e embalado pelo clima natalino. Para o
rocesso: 01416.025586/2017-52 shows do Festival de Natal será construído, em madeira, um "chalé"
roponente: PONTOS DE FUGA PRODUÇÕES ARTISTICAS ANEXO I
TDA. Cidade/UF: Rio de Janeiro / RJ amplamente decorado com enfeites natalinos e que servirá com
CNPJ: 07.832.283/0001-87 ÁREA: 1 ARTES CÊNICAS (Artigo 18 , § 1º ) palco durante as apresentações dos shows. O local e seu entorn
Valor total aprovado: R$ 4.234.600,00 176525 - IMIN 110 - PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA E CULTURAL receberão decoração natalina especialmente desenvolvida para tal, d
Valor aprovado no Art. 1º da Lei nº. 8.685/93: R$ 800.000,00 ALIANÇA CULTURAL BRASIL - JAPÃO DO PARANÁ modo a transformar aquele ambiente no cenário ideal para
Banco: 001- agência: 1569-5 conta corrente: 30889-7 CNPJ/CPF: 78.019.825/0001-45 evento.
Valor aprovado no Art. 1º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 1.000.000,00 Processo: 01400027553201716
Banco: 001- agência: 1569-5 conta corrente: 30891-9 Cidade: Londrina - PR; 176520 - Música Instrumental 2018
Valor aprovado no Art. 3º da Lei nº. 8.685/93: R$ 600.000,00 Banco: Valor Aprovado: R$ 2.264.678,05 SEIKO PRODUCOES ARTISTICAS LTDA ME
01- agência: 1569-5 conta corrente: 30890-0 Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017 CNPJ/CPF: 27.912.952/0001-38
Valor aprovado no Art. 3º A da Lei nº. 8.685/93: R$ 522.600,00 Resumo do Projeto: Realizar uma rica programação Artística e Processo: 01400027528201732
Banco: 001- agência: 1569-5 conta corrente: 30892-7 Cultural, na cidade de Maringá - PR, em Evento comemorativo aos Cidade: Vargem Grande Paulista - SP;
7-0578 PARA ALÉM DOS TRIBUNAIS 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil, contando com Valor Aprovado: R$ 644.931,00
rocesso: 01416.025698/2017-11 apresentações de Artes Cênicas, em especial o Bon Odori e o Teatro Prazo de Captação: 20/10/2017 à 31/12/2017
roponente: TRAILER FILMES PRODUÇÃO de Kabuki, Música Instrumental e Japonesa, com a participação
especial de renomado artísta Japonês, o Taiko e ainda a realização de Resumo do Projeto: Pretende-se com o projeto MÚSICA
CINEMATOGRÁFICAS LTDA. - ME. Cidade/UF: São Paulo / SP
CNPJ: 10.479.453/0001-04 várias exposições de Artes Visuais. O evento fará parte do calendário INSTRUMENTAL 2018 a criação de uma série retratando diferente
Valor total aprovado: R$ 794.000,00 oficial das comemorações dos 110 anos da Imigração Japonesa no aspectos da música instrumental, oferecendo ao público um panoram
Valor aprovado no Art. 1ºA da Lei nº. 8.685/93: R$ 754.300,00 Brasil e atingirá pessoas de várias regiões e diversas etnias do Paraná do cenário. O projeto irá contemplar diferentes ações de democratizaçã
Banco: 001- agência: 4306-0 conta corrente: 15137-8 e também de outros estados do Brasil. do acesso, buscando ampliar o público para esse tipo de arte.

ste documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui
elo código 00012017102000013 Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasi
DELICADEZA
Roteiro e Direção de Eduardo Mattos

Longa-metragem de ficção
2017
Sinopse

Em Salvador, Antônio e Miguel são irmãos adolescentes muito próximos e de orientação


sexual distintas. Quando uma quadrilha de tráfico de adolescentes leva Miguel para São Paulo,
Antônio parte para encontrá-lo.
Justificativa, com apresentacao do projeto e objetivos

A ONU estima que dois milhões de pessoas são vítimas de tráfico humano a cada ano. As
finalidades do tráfico são: trabalho forçado, exploração sexual, remoção de órgãos, servidão
doméstica, entre outras. Cerca de vinte mil dessas vítimas são indivíduos do sexo masculino,
traficados com a finalidade de exploração sexual. Apesar no número alarmante, o fato das vítimas
serem, em sua maioria, adolescentes gays, bissexuais, travestis e transexuais, indivíduos quase
sempre discriminados socialmente, atrai menos o olhar da mídia e de políticas públicas de
combate.
Este tipo de tráfico representa duas grandes questões sociais. De um lado, a
vulnerabilidade a que estão submetidas as populações LGBTT em suas comunidades de origem,
sobretudo a de estratos sociais mais baixos, facilitando o tráfico. De outro, as condições
degradantes a que estão sujeitos os adolescentes nas grandes cidades, para onde são traficados.
Muitos são submetidos a um tratamento transexualizador em condições de precariedade absoluta.
Delicadeza propõe uma narrativa fílmica que lida com o primeiro viés dessa realidade: a
condição sexual de Miguel levanta a questão da vivência da homossexualidade na adolescência.
Os adolescentes LGBTT vivem hoje uma situação de exclusão social que os degrada em seus
mais diferentes aspectos. Sem leis ou instituições governamentais que os protejam, são vítimas
de abuso sexual, exclusão familiar, discriminação na escola e na comunidade em que estão
inseridos. A conjunção desses fatores os levam frequentemente à evasão escolar, à prostituição,
ao suicídio, e os tornam presas fáceis do tráfico para a exploração sexual.
A partir dessa premissa, o filme lida com as circunstâncias particulares vivenciadas por
Miguel, adolescente homossexual de classe baixa, em Salvador, e com a jornada de seu irmão
Antônio pela cidade de São Paulo que, mediante a experiência do encontro com vários de seus
habitantes, lhe proporciona a compreensão do mundo de forma mais tolerante e inclusiva.
O tema de fundo de Delicadeza é o amor fraternal, que caracteriza a relação entre os
personagens jogados para dentro da situação de tráfico. A separação entre os irmãos é
provocada pelas condições adversas da sua condição de classe e da intolerância que a
orientação homossexual de Miguel desperta nos demais personagens. Antônio, por não saber
lidar com a condição do irmão, ignora-a, contribuindo assim para que Miguel seja levado para São
Paulo.
Dividido em duas partes, o filme lida com dois universos distintos. O primeiro traz o
cotidiano de indivíduos pardos e negros, pertencentes às classes sociais mais baixas que habitam
bairros de Salvador como Nordeste de Amaralina, Ribeira e Boca do Rio. Apesar de serem
pobres, vivem perto da praia. Trazem consigo a dor e a beleza da vida marcada pelo sol e pelo
mar, pela presença das religiões de origem africana, da música regional e do futebol, práticas
culturais tão caras aos soteropolitanos que habitam esse universo.
A segunda parte traz o universo cosmopolita e marginalizado do centro de São Paulo, que,
ao contrário de Salvador, é predominantemente noturno. Longe dos hábitos dos paulistanos
heteronormativos de classe média, esse universo da vida noturna é marcado pela ocupação dos
espaços públicos, das praças, ruas, bares e boates. São eles os palcos da vivência das
identidades e emoções de seus frequentadores, que buscam pessoas que lhes possam oferecer o
afeto e diálogo que não encontram em seus trabalhos e lares. Permeando essas dois mundos
está o universo do tráfico de adolescentes.

Motivacao (por Eduardo Mattos, roteirista e diretor)


A motivação para Delicadeza veio da vontade de contar uma história que estabelecesse
uma relação entre Salvador, a cidade onde nasci e para onde sempre volto, e São Paulo, a cidade
que me acolheu e na qual escolhi viver.
Por um lado, minha visão de Salvador é a de uma cidade que esconde, por trás de sua
beleza, suas festas e sua música, uma imensa e imutável desigualdade social em que minorias de
toda sorte têm seus direitos constantemente subtraídos. Por outro, vejo em São Paulo a existência
de manifestações individuais e coletivas que destoam de um ambiente marcado pela pressa, pela
violência e pela competitividade. Como se dentro de um oceano caótico fosse possível encontrar
gestos, palavras e olhares que expressassem tolerância, generosidade e afeto.
A ponte para esses dois universos veio quando li uma reportagem sobre o tráfico de
adolescentes masculinos do Norte e Nordeste do Brasil para prostituí-los como travestis em São
Paulo. Tomando o afeto fraternal, um tema universal, como ponto de partida, o filme lida com
problemas sociais contemporâneos, como a situação de exclusão social em que vivem
adolescentes como Miguel, sobretudo os de classe social mais baixa.
O caminho de compreensão de Antônio deve ser seguido de perto pelo público para que,
ao final, o encontro de Antônio com um Miguel travestido seja um momento delicado, de confusão
mas carinho. Delicadeza busca, através do melodrama, fazer parte do público se identificar com a
descoberta de Antônio de um universo diferente do seu, enquanto torna possível para uma outra
parte do público se reconhecer na tela. Os dois olhares estão presentes no filme.

Delicadeza é um longa-metragem de ficção de aproximadamente 90 minutos. O público-


alvo do projeto é o jovem e adulto, de 15 a 45 anos, capaz de se identificar com a forte afeto entre
os dois irmãos protagonistas, tema universal presente no filme.
Para além da identificação com o tema, a opção pelo gênero melodramático se dá
justamente por ele parecer o mais eficaz para discutir questões da realidade com um público mais
amplo. A familiaridade do espectador com o gênero e suas estruturas narrativas possibilita a
empatia independente da identificação com a realidade apresentada pelo filme.
Argumento

Antônio, sete anos, magrinho, moreno e de cabelos encaracolados, vivendo com sua avó
Ester no interior da Bahia, recebe a visita de Gleide, uma mulher de vinte e poucos anos que não
reconhece e que se apresenta como sua mãe. Gleide traz Miguel, um bebê de dezoito meses,
para que Ester passe a tomar conta também. Diante da recusa de Ester, Gleide e vê obrigada a
levar os dois meninos para Salvador, mas ameaça jogar o bebê no mar. Antônio fica muito
assustado.

Antônio, agora com dezenove anos, e Miguel, com treze, vivem com a mãe no Nordeste de
Amaralina, bairro de classe baixa próximo à orla de Salvador. Antônio desenvolveu por Miguel um
senso de proteção muito forte, controlando tudo o que o irmão faz. Eles compartilham a paixão
pelo Esporte Clube Bahia e jogam bola no quintal da casa, mas, quando Antônio sai para jogar
com os amigos, prefere não levar Miguel, que fica sujeito ao assédio de Eliseu, namorado da mãe.

Ao contrário do irmão, Miguel não gosta de ir à escola. Prefere acompanhar a mãe que
trabalha como massoterapeuta no Jardim de Alá, um pequeno parque contíguo à praia, onde
cerca de quinze mulheres fazem massagem terapêutica nos banhistas. Miguel gosta de olhar os
corpos masculinos vestidos apenas com calção de banho que as mãos da mãe massageiam.
Esse desejo que os corpos dos homens desperta no filho deixa Gleide extremamente
incomodada. Ela manda que Miguel vá brincar na praia, evitando assim ter que lidar com o
embaraço que a aparente orientação sexual do filho lhe provoca.

Na praia, Miguel dança graciosamente, despertando a atenção da travesti Juliette e de seu


namorado Vander, traficantes de adolescentes, que buscam no Nordeste jovens afeminados para
levarem para São Paulo. Antônio aparece e dá uma bronca em Miguel por ter faltado a escola. Os
dois caminham pela praia da Pituba, suja e deserta, e divertem-se ao encontrar uma correntinha
que resolvem oferecer a Yemanjá.
Antônio é goleiro de um time que está na final de um campeonato de futebol amador.
Miguel quer ir torcer para o irmão, mas Antônio pede para que não vá, pois não gosta da presença
de conhecidos na arquibancada.

Com o incentivo da amiga Cibele, dezoito anos, Miguel vai assistir ao jogo, contrariando
Antônio. Mauricio, jogador do time adversário, faz uma brincadeira insinuando que Miguel é
homossexual, o que tira a concentração de Antônio, fazendo com que tome um gol. Ao contrário
do que Miguel esperava, Antônio não lhe repreende sobre o ocorrido no jogo.

Como presente de aniversário de quatorze anos, Antônio dá a Miguel uma tatuagem do


time do Bahia, idêntica à sua.

Na praia, Miguel deixa-se seduzir por Wander, que o leva até a cobertura onde está
hospedado com a namorada Juliette. Os três divertem-se na banheira de hidromassagem.
No quarto de Gleide, Eliseu vê Miguel vestindo a roupa da mãe e o assedia mais uma vez.
Gleide chega, manda Eliseu embora e dá uma surra em Miguel.

Ao encontrar Miguel com o corpo coberto de hematomas, Antônio lhe pede para lhe conte
o que aconteceu. Miguel não conta que levou uma surra da mãe e lhe diz que precisa aprender a
se defender sozinho.
Gleide concorda que Juliette leve Miguel para São Paulo e recebe dois mil reais em troca.
Ao descobrir, Antônio toma o dinheiro da mãe e parte para São Paulo para encontrar o irmão.

Em São Paulo, Antônio espalha as fotos do irmão desaparecido palas ruas. Sem ter para
onde ir, adormece em um banco da Praça Dom José Gaspar. Lucas, baiano de classe média,
evita que Antônio seja acusado de suspeita de tráfico por policiais e oferece estadia em sua casa.
No entanto, parece estar mais interessado em conquistar Antônio do que ajudá-lo a encontrar
Miguel.
Antônio é informado que grupos de jovens homossexuais frequentam o Largo do Arouche.
É lá que conhece Dulce, jovem estudante lésbica, que se torna sua melhor amiga. Dulce leva
Antônio ao Genet, clube noturno frequentado por toda a sorte de pessoas: gays, lésbicas, drags e
travestis dos mais variados estilos. Na pista, Juliette e Vander dançam. Antônio e Dulce entram,
passam por eles, mas Antônio não os reconhece. Dulce aponta para um grupo de jovens. Um
deles se parece um pouco com Miguel. Dulce olha para Antônio, que lhe sorri decepcionado.

Ainda na esperança de encontrar Miguel, Antônio finge ser gay para se hospedar em um
centro de acolhimento para gays e travestis, onde conhece Gaspar, homossexual mais velho que
revela a condição precária a que estão submetidos os homossexuais que chegam a São Paulo.

A primeira pista sobre Miguel aparece quando Carol, jovem travesti de vinte anos, procura
Antônio. Em um cinema popular no centro de São Paulo, Carol afirma que Miguel, fugindo de
Juliette, voltou para Salvador com Wander.

Antônio decide então voltar para Salvador, mas Dulce o convence a ficar, por achar que
Carol possa estar mentindo. Ele busca ajuda da Mãe de Santo Luisa, que aconselha Antônio a
ficar em São Paulo e ter paciência, pois ainda não chegou o momento dele encontrar Miguel.
Depois de alguns meses perambulando pelo centro de São Paulo e trabalhando como
garçom, Antônio vai com Dulce ao Genet. Miguel entra no clube, mas, por estar travestido, não é
imediatamente reconhecido por Antônio. Quando Antônio canta uma canção dedicada ao irmão,
reconhece Miguel pelo seu olhar, que se enche de lágrimas. Miguel foge e Antônio corre atrás.
Antônio encontra Miguel fazendo ponto. Miguel nega ser a pessoa que ele está procurando, mas a
suspeita é comprovada pela tatuagem do Bahia que tem no braço. Outras travestis se aproximam
e mandam Antônio partir.

Perto dali, Antônio senta-se na calçada e chora. Miguel aparece e senta-se ao seu lado,
mostrando assim uma possibilidade de entendimento entre os dois irmãos.
Proposta de direcao, com detalhamento da abordagem estetica e narrativa a ser concebida
pelo diretor

Delicadeza é uma narrativa partida ao meio. Há uma distinção clara entre duas partes,
marcadas pela mudança de espaço, com consequências na estrutura narrativa e na construção
das cenas. Na primeira parte, os irmãos Antônio e Miguel vivem com a mãe em Salvador e, na
segunda, Antônio busca em São Paulo o irmão traficado por uma quadrilha de exploração sexual.
A primeira parte, ambientada em Salvador, tem o foco narrativo centrado no olhar de
Miguel, o irmão mais novo. Por estar submetido a diversas circunstâncias adversas provocadas
por sua orientação sexual e situação de classe, Miguel é um protagonista melodramático clássico,
na medida em que vive situações de solidão e desamparo.
A mise-en-scene desta parte busca um forte apelo visual para impactar o espectador, seja
pelos conflitos familiares, seja pelos espaços externos de praias urbanas e poluídas. É uma mise-
en-scene mais controlada, ainda que permita uma liberdade que proporcione uma interpretação
espontânea dos atores. É o que poderemos ver em sequências como a dos dois irmãos na praia,
jogando futebol no terraço de casa ou assistindo novela na sala.
Como nesta parte o foco narrativo é centrado no olhar contemplativo de Miguel, fascinado
pelas cores fortes de Salvador, a câmera privilegia a utilização de planos gerais, sobretudo nos
ambientes externos. Eles são acompanhados pela utilização de planos conjuntos, que incluem
vários personagens, já que o conflito é marcado por relações causais e uma expressiva
manifestação dos sentimentos dos outros personagens.
Já na segunda parte, ambientada em São Paulo, o foco narrativo passa para Antônio, o
irmão mais velho. A estrutura aqui é fundamentalmente episódica, calcada nos encontros com os
tipos humanos que circulam pelo centro da cidade. A câmera é mais ágil, agitada e os planos mais
próximos, colaborando para construir a angústia do personagem que busca encontrar, entre os
milhões de rostos da cidade de São Paulo, um que pertença ao irmão desaparecido. O espaço
físico cede lugar ao espaço dos corpos, e principalmente dos rostos, que superpovoam a cidade.
A câmera, sem o absoluto controle sobre o que capta, estabelece uma organicidade com o
protagonista à deriva em um espaço que desconhece e com o qual não tem familiaridade.
Essa diversidade entre as duas partes se reflete também na interpretação dos atores.
Embora o tom realista de interpretação permeie todo o filme, o conflito marcadamente
melodramático da primeira parte permitem uma interpretação mais explicitamente melodramática
nesta etapa. A segunda parte, em São Paulo, assume uma tom de interpretação mais realista. A
alternância entre uma interpretação melodramática e uma realista é uma proposta de direção de
atores que já se mostrou bastante eficiente em filmes de estrutura melodramática como Central
do Brasil (Walter Salles, 1998), e Fale Com Ela (Pedro Almodóvar, 2002).
A concepção de luz e cor do filme encontra sua referência mais forte no filme Praia do
Futuro (Karim Ainouz, 2014), que marca a diferença entre uma Fortaleza ensolarada e uma Berlim
chuvosa. Em Delicadeza, Salvador, solar e quente, é marcada pela forte luz do dia e pelos corpos
morenos e suados. O olhar que guia sua estética é o olhar encantado e contemplativo de Miguel.
A fotografia tem cores mais saturadas, maior contraste entre os tons brilhantes dos objetos sob o
sol e os interiores mais densos. O sol é a tônica e as imagens são claras. A paleta de arte tem
cores mais primárias, privilegiando o amarelo e as cores quentes cercadas pelo exuberante azul
do céu. Os planos são mais abertos, arejados, capturados com grande profundidade de campo
mantendo assim os personagens inseridos dentro do espaço, que pode não ser sempre amigável,
mas é familiar e promove uma sensação de pertencimento.
Estética bem diversa de uma São Paulo marcada por sequências noturnas. Trocar o dia
pela noite formaliza a mudança do estado de espírito de Antônio. A cidade é grande e cheia de
pessoas, mas não inclui prontamente o recém-chegado, o que é expresso imageticamente pela
diferença de Antônio chegando com seu figurino colorido no meio de ambientes e pessoas mais
monocromáticos. As cores são dessaturadas, mas a segunda parte não é acinzentada. Os
diferentes ambientes que comporta têm cada um a sua identidade, revelando a variedade das
situações. As imagens podem ser dominadas por tons magentas, esverdeados, ou azulados. Já
as cores da direção de arte vão sendo reforçadas depois da elipse que apresenta Antônio
trabalhando no boteco, marcando assim sua integração maior com a cidade. As cores marcam o
ambiente da casa noturna que Antônio frequenta com mais desenvoltura. Assim, na medida em
que a possibilidade de encontrar o irmão aumenta, aumenta também a presença de cores, cada
vez mais quentes, ao redor de Antônio.
O som do filme também acompanha essa polaridade: se o som de Salvador é marcado
pelo barulho do mar, elemento de identidade e segurança para Antônio e Miguel, o de São Paulo
é repleto de ruídos dissonantes, dando forma ao sentimento de desnorteamento do personagem e
à própria concepção episódica e um tanto caótica dos acontecimentos da segunda parte.
Elemento fundamental na construção do melodrama, a música também é aqui elemento
estruturante da narrativa, porém inserida dentro das próprias cenas do filme e não como
comentário ou inserção sobre a imagem, como é usada normalmente dentro do gênero: se a
cantiga de ninar sela a relação dos irmãos, o ritmo sensual das canções baianas é motivo de
conflito entre os dois. “Beija-Flor”, o clássico axé baiano é a ponte para que Antônio e Miguel se
reconheçam no fim do filme. As batidas mais urbanas - house e tecno - da boate gay mesclam-se
as canções clássicas do Clube Genet, dando corpo à diversidade do ambiente sonoro do centro
da cidade pela qual Antônio vagueia.
Essa construção da música junto com o tratamento da mise-en-scene são os principais
fatores de modernização do melodrama que o projeto propõe. Delicadeza busca sustentar um
gênero de impacto sobre o espectador, construindo-o a partir de um universo contemporâneo e
realista.
DELICADEZA
Roteiro de Eduardo Mattos

5º tratamento
Julho – 2017

Cigano Filmes
Taís Nardi (produção executiva)
(11) 98171-8032
tais@ciganofilmes.com.br
1

DELICADEZA

1 SALA DE ESTER. INTERIOR. DIA.

ANTÔNIO, sete anos, magrinho, moreno e de cabelos


encaracolados, está sentado, segurando com determinação a
sua bola.

Com o olhar voltado para cima, ele escuta a conversa


entre Ester e Gleide.

ESTER
(off)
Ele te procurou de novo?

GLEIDE
(off)
Não, eu que fui atrás dele! Você
sabe como eu sou!

ESTER
(off)
Sei, e sei também como ele é!

GLEIDE
(off)
Ele vai voltar!

ESTER
(off e irônica)
Vai, vai voltar, pegar você e os
dois meninos e te levar para o
altar. E pode deixar que eu faço
o bolo do casamento.

GLEIDE
(off)
Para de me aporrinhar, mãe. Eu
preciso de ajuda.

ESTER
(off)
Tome juízo e eu te ajudo. Como é
o nome desse?

GLEIDE
(off)
Miguel. Também parece com o pai,
né?
2

ESTER
(off)
Não, esse parece com você!

GLEIDE
(off)
Acho não!

ESTER
(off)
Antônio, vovó vai ter que sair.
Mainha vai ficar tomando conta de
você!

ANTÔNIO olha desconfiado.

GLEIDE
(off)
Onde você vai?

ESTER
(off)
Providenciar uma cama para
você. Antônio tá dormindo
na que era sua.

GLEIDE
(off)
Não precisa, eu não vou ficar.

ESTER
(off)
Não? O que é que você veio fazer
aqui?

GLEIDE
(off)
Trazer o Miguel para a senhora
tomar conta.

ANTÔNIO sorri e acena com a mão, como se chamasse alguém,


mas ninguém vem em sua direção, deixando-o desapontado.

ESTER
(off)
O quê?

GLEIDE
(off)
A minha patroa disse que ele já
tá muito grande para ficar.
3

ESTER
(off)
Eu não vou ficar com mais menino
nenhum. Antônio já dá muito
trabalho e despesa.

GLEIDE
(off)
Um ou dois, que diferença faz,
mainha?

ESTER
(off)
Olha aqui, Gleide! Se você pensa
que vai ficar fazendo filho com
aquele estrupício e depois ficar
trazendo para eu criar, tá muito
enganada!

GLEIDE
(off)
Mas mainha!

ESTER
(off)
Se você quiser voltar para cá,
tomar juízo e criar seus dois
filhos, eu te ajudo. Se não, pode
ir embora com o menino. Assim
você fica bem ocupada e não vai
ter mais tempo de fazer mais
filho.

GLEIDE
(off)
Tá bom. Vou voltar para Salvador.
Quando chegar lá jogo essa
desgraça no mar. Não é isso que
você quer?

ANTÔNIO fica assombrado e chama com mais veemência,


oferecendo a bola.

ESTER
(off)
Bobagem, você pode não ter juízo,
mas não é doida de jogar o menino
no mar.

MIGUEL, moreno, gordinho, dezoito meses, fascinado pela


bola, aproxima-se de ANTÔNIO.
4

GLEIDE
(off)
Não! Você vai ver só. E tem mais:
vou levar o outro comigo!

ANTÔNIO abraça MIGUEL, protegendo-o.

MIGUEL brinca com a bola e sorri para ANTÔNIO.

ESTER
(off)
O Antônio você não leva não!

GLEIDE
(off)
Levo sim! É meu filho. É meu
direito. Tá grandinho e já serve
para pedir esmola na sinaleira.
Já que não posso trabalhar, ele
trabalha por mim. Não é, meu
lindo?

ESTER
(off)
Gleide, sua retardada. Pare de
falar essas bobagens na frente do
seu filho.

GLEIDE
(off)
Miguel, Antônio, venham com
mainha. A gente vai para
Salvador.

ANTÔNIO
Você vai jogar ele no mar?

GLEIDE
(off)
A gente resolve isso quando
chegar. Tá, meu lindo?

ANTÔNIO olha preocupado para MIGUEL.

Cartela com Título: DELICADEZA

2 CALÇADÃO. EXTERIOR. DIA.

Em Salvador, o sol já é bastante quente pela manhã.

Entre as praias da Pituba e do Jardim de Alá, há um


5

calçadão por onde passam muitos ciclistas e pedestres com


roupas de ginástica. Uns poucos, desafiando o intenso
calor, correm.

A praia é quase deserta. Esgotos clandestinos que


desaguam ali a tornam imprópria para o banho, imprimindo
algumas manchas negras sobre a areia branca.

Separados pela linha do horizonte, o azul escuro do mar


oceânico contrasta com o azul claro de um céu quase sem
nuvens, iluminado pelo sol.

Contrastando com os demais pedestres, MIGUEL, treze anos,


moreno queimado de sol, cabelos negros, de shorts,
camiseta e havaianas, e GLEIDE, trinta e cinco anos,
negra, muito parecida com MIGUEL, vestindo um vestido
solto e estampado, passam, carregando uma maca de
massagem, uma bolsa, um guarda-sol e uma cadeira de
praia.

GLEIDE vai na frente e, como é mais alta que MIGUEL, a


maca é carregada inclinada.

GLEIDE olha para trás e percebe que o rosto de MIGUEL


está encharcado de suor. Ela para, põe a maca no chão,
tira uma garrafa de água de dentro da sacola que carrega,
bebe um gole e passa a garrafa para MIGUEL, que bebe
sofregamente, enquanto contempla o mar.

GLEIDE, intrigada pelo olhar fascinado de MIGUEL, passa a


olhar o mar também.

3 JARDIM DE ALÁ. EXTERIOR. DIA.

Entre a praia e o calçadão, há um coqueiral, onde cerca


de quinze mulheres fazem massagem terapêutica nos
banhistas.

As macas ficam sob os coqueiros e os clientes são


massageados sentindo a brisa e o ruído das ondas.

Com a ajuda de MIGUEL, GLEIDE arma sua maca sobre um


coqueiro. Para garantir a sombra, instalam um guarda-sol
sobre a maca. Armam a cadeira de praia, onde colocam a
bolsa.

Depois de tudo devidamente arranjado, MIGUEL sorri para


GLEIDE.

Encostados na maca, MIGUEL e GLEIDE, aguardam o primeiro


cliente.
6

MIGUEL segura a mão de GLEIDE e lhe massageia os dedos.


GLEIDE olha para o calçadão, tentando vislumbrar um
possível cliente.

ALEX, 35 anos, alto, bronzeado, forte e um pouco


gordinho, vestindo shorts e camiseta e com a chave de um
carro na mão, aproxima-se calmamente.

ALEX
Bom dia, minha querida!

GLEIDE o trata com uma reverência servil.

GLEIDE
Bom dia, como foi a semana?

ALEX
(com bom humor)
Estressante, muito estressante.

GLEIDE
Então vai precisar de uma boa
massagem!

ALEX
Opa! Como é que funciona?

MIGUEL assiste atento à conversa.

GLEIDE
Para um relaxamento rápido, a
gente pode fazer uma quick de
meia-hora, que é quarenta reais.

ALEX
Certo!

GLEIDE
Como o senhor me disse que teve
uma semana estressante, eu
recomendo uma completa, mais
elaborada, de uma hora. Aí fica
setenta.

ALEX
Setenta? Vai acabar com meu
orçamento, querida!

GLEIDE
Sessenta e cinco?
7

ALEX
Sessenta para você me deixar bem
relaxado!

GLEIDE
Tá certo!

ALEX tira uma nota de cem reais do bolso.

ALEX
Vai ter troco para cem?

GLEIDE
Não, mas o Miguel vai arrumar
alguém para trocar para o senhor.

ALEX entrega a nota para MIGUEL, que o olha com


admiração.

ALEX
Seu irmão?

GLEIDE fica lisonjeada.

GLEIDE.
É meu filho!

ALEX
A sua cara!

MIGUEL sorri diante da comparação.

GLEIDE
Acho muito não. Miguel, vá trocar
esse dinheiro, vai!

MIGUEL sai. Anda devagar, como se dançasse, o que lhe


confere uma graça genuina.

ALEX está deitado na maca. As mãos de GLEIDE passam óleo


no seu peito.

MIGUEL volta e assiste fascinado às mãos de GLEIDE


deslizarem com facilidade pelo corpo bronzeado e forte,
que veste apenas um shorts.

As mãos de GLEIDE massageiam com força as coxas de ALEX,


que solta um gemido grave.

MIGUEL aproxima-se da maca.

GLEIDE, ao perceber o olhar do filho sobre o corpo


8

masculino, fica muito incomodada.

GLEIDE
(em um tom rude)
Vá brincar na praia. Se eu
precisar de você, te chamo.

MIGUEL sai.

4 PRAIA DO JARDIM DE ALÁ. EXTERIOR. DIA.

O sol muito quente faz com que os banhistas sentem-se em


cadeiras de praia sob guarda-sóis, que são alugados em
uma barraca, situada no fundo da praia e que também vende
bebidas, acarajé e peixe frito.

Sentada em uma dessas cadeiras, usando um grande chapéu e


óculos escuros, está JULIETTE, branca, travesti, quarenta
anos, linda e elegante.

Com uma curiosidade no olhar, o VENDEDOR, vinte anos,


negro e forte, lhe dá uma água de coco e molha os seus
pés com um regador que encheu com a água do mar com a
subserviência de um lacaio.

JULIETTE mexe na nuca para aliviar o calor e abaixa os


óculos para observar melhor o corpo perfeito do VENDEDOR.

O VENDEDOR parte com um sorriso branco e reluzente.

JULIETTE apanha uma revista de moda e bebe a água de


coco.

VANDER, trinta anos, negro, forte e bonito, chega com


GILSON, quinze anos, magrinho, moreno e afeminado.

JULIETTE olha para GILSON dos pés a cabeça e lança um


olhar de desaprovação para VANDER.

VANDER fala algo no ouvido de GILSON, que dá uma


risadinha e vai embora.

VANDER senta-se numa toalha, ao lado de JULIETTE.

VANDER
Com uma boa garibada, a gente
dava um jeito nele.

JULIETTE
Vander, querido, tem coisa que já
nasce sem jeito. A sua percepção,
por exemplo.
9

VANDER se aborrece com o comentário e começa a passar


protetor solar em si mesmo.

JULIETTE termina de beber a água de coco, levanta o


braço, mexendo com a mão para ser atendida.

Como o VENDEDOR não vem, JULIETTE levanta-se e vira-se de


costas para o mar, em direção à barraca.

JULIETTE fica positivamente impressionada com o que vê.

De dentro da barraca de praia, vem o som da canção "Toda


menina baiana", de Gilberto Gil.

MIGUEL, com muita graça e molejo, dubla e dança de uma


forma muito graciosa.

Todo o seu corpo, iluminado pelo sol escaldante, parece


tomado pelo prazer que a dança lhe proporciona, o que
encanta o VENDEDOR, a COZINHEIRA e a BAIANA DE ACARAJÉ da
barraca.

JULIETTE chama VANDER, que se levanta e também fica


fascinado pelo que vê. Os dois se entreolham. MIGUEL
percebe que está sendo observado por JULIETTE e VANDER. O
olhar dos dois observadores faz com que MIGUEL perca a
espontaneidade de dançar e seus gestos tornem-se mais
exagerados.

JULIETTE observa que a chegada de ANTÔNIO, dezenove anos,


moreno, magro, vestido com uniforme de escola estadual,
faz com que MIGUEL pare de dançar e fique embaraçado por
ter sido flagrado dançando.

ANTÔNIO demonstra zanga, mas o sorriso e o abraço de


MIGUEL desfaz o seu mal-humor.

ANTONIO e MIGUEL partem sob o olhar atento de JULIETTE e


VANDER.

5 PRAIA DA PITUBA. EXTERIOR. DIA.

A praia está quase deserta. A areia branca é


frequentemente manchada por manchas negras.

ANTÔNIO, vestindo o uniforme da escola e segurando os


sapatos nas mãos, e MIGUEL, com shorts, camiseta e
havaianas, caminham pela areia molhada. Suas pegadas logo
são apagadas pelas ondas fortes que encharcam a areia.

ANTÔNIO está aborrecido.


10

MIGUEL
É que mainha pediu para ajudar a
levar as coisas dela.

ANTÔNIO
Levasse e depois fosse pra
escola.

MIGUEL
É que não dava mais tempo. Da
próxima vez eu vou.

ANTÔNIO
Da próxima vez, não. Amanhã. Tá
certo?

MIGUEL
É que...

ANTÔNIO
É que o quê? Tá acontecendo
alguma coisa na escola?

MIGUEL fica constrangido.

MIGUEL
Não, nada. É que não tenho
vontade. Já sei ler, escrever,
fazer contas. Pra que ficar indo
pra escola?

ANTÔNIO
Escuta uma coisa. Se você faltar
a escola mais um dia, não vou te
dar o presente de aniversário que
você me pediu.

Os olhos de MIGUEL brilham.

MIGUEL
Vai ser igualzinha a sua?

ANTÔNIO sorri.

ANTÔNIO
Igualzinha!

MIGUEL
Massa!

MIGUEL e ANTÔNIO se entreolham e sorriem. Caminham em


11

silêncio.

MIGUEL vê uma correntinha dourada jogada na areia.


Agacha-se e apanha a correntinha.

MIGUEL
Olha o que eu achei! Será que é
de ouro?

ANTÔNIO
Deixe eu ver?

MIGUEL entrega a correntinha a ANTÔNIO, que a examina.

ANTÔNIO
Acho que não é de ouro não!

ANTÔNIO devolve a correntinha a MIGUEL.

MIGUEL
Tive uma ideia!

ANTÔNIO acha graça.

ANTÔNIO
Lá vem você!

MIGUEL
Vou ofertar a correntinha pra
Yemanjá!

ANTÔNIO
Faça isso não!

MIGUEL
Por quê?

ANTÔNIO
Pode ser que Ela já tenha
devolvido essa oferenda aí!

MIGUEL
Nada! Isso foi alguém que perdeu.

ANTÔNIO
Não dá pra ter certeza.

MIGUEL
E depois, mesmo que Ela tenha
devolvido, não fui eu quem
ofereceu.
12

ANTÔNIO
Você quem sabe. Jogue lá então!

MIGUEL
Vou jogar não. Vou lá levar
pessoalmente.

MIGUEL tira a camiseta e as havaianas e corre até o mar,


segurando a correntinha.

ANTÔNIO
Volte aqui. Você sabe que essa
praia não é boa pra banho.

Sem ligar para o que ANTÔNIO diz, MIGUEL entra no mar e


se banha.

MIGUEL
Venha também!

ANTÔNIO
Não!

Aborrecido, ANTÔNIO se senta na areia da praia.

MIGUEL
Venha, Yemanjá vai gostar de te
ver!

ANTÔNIO não responde.

MIGUEL
Então eu vou sozinho!

MIGUEL mergulha e desaparece sob as águas.

ANTÔNIO fica aflito com o fato de MIGUEL demorar para


reaparecer.

ANTÔNIO
Miguel!

MIGUEL não reaparece.

ANTÔNIO
(gritando)
Miguel!

ANTÔNIO tira o uniforme da escola, ficando só de cueca.


Corre em direção ao mar e mergulha à procura de MIGUEL.
13

MIGUEL reaparece sorrindo. ANTÔNIO, há alguns metros de


distância, emerge sorrindo também.

ANTÔNIO
Você é louco, é?

MIGUEL
Eu falei para Yemanjá que você
viria e Ela gostou de saber!

ANTÔNIO
Vou mostrar pra Yemanjá o que eu
vou fazer com você!

ANTÔNIO vai em direção a MIGUEL, que sai da água e corre


pela praia. ANTÔNIO faz o mesmo, tentando alcançar o
irmão.

ANTÔNIO alcança MIGUEL e o derruba na areia, sentando-se


sobre ele e segurando-o pelos braços.

ANTÔNIO
Agora você vai comer areia pra
aprender a não me assustar.

MIGUEL
Pera, pera, pera!

ANTÔNIO
Pera o quê?

MIGUEL
Deixa só contar o que eu pedi
para Yemanjá!

ANTÔNIO
O quê?

MIGUEL
Pedi pro Bahia ser campeão.

ANTÔNIO sorri, soltando os braços de MIGUEL.

ANTÔNIO
Pediu, é?

MIGUEL
Juro!
14

ANTÔNIO
E o que Ela respondeu?

MIGUEL
Respondeu que só atenderia se
você mergulhasse também!

ANTÔNIO acha graça da esperteza do irmão.

ANTÔNIO
Então Ela vai atender!

MIGUEL
Com certeza!

O mar está muito azul.

Sentados na areia, MIGUEL e ANTÔNIO observam o mar.

MIGUEL
Antônio!

ANTÔNIO
Que é?

MIGUEL
Cadê seu uniforme da escola?

ANTÔNIO
Ih, deixei lá atrás!

MIGUEL
Peraí que eu vou pegar.

MIGUEL se levanta e vai em direção ao local onde o


uniforme foi esquecido.

ANTÔNIO observa o irmão afastar-se.

6 SALA DE GLEIDE. INTERIOR. NOITE.

A sala é pequena. Uma mesa de quatro lugares em um lado e


um sofá em frente à TV do outro. GLEIDE, ANTÔNIO e MIGUEL
jantam passarinho sem rabo (bife a rolê) com arroz e
batatas.

ANTÔNIO termina de comer e pega mais um na travessa.

ANTÔNIO
Esse passarinho sem rabo tá uma
delícia, mainha!
15

GLEIDE
Não vá comer todos! Às vezes o
Eliseu chega com fome.

ANTÔNIO
É que dessa vez a senhora se
superou!

GLEIDE
Esse aí não fui eu quem fez!

MIGUEL sorri apontando o dedo para si mesmo.

ANTÔNIO olha para MIGUEL com aprovação, passando a mão em


sua cabeça.

ANTÔNIO
Acho que ficou até melhor.

GLEIDE se impacienta com a cumplicidade dos dois.

GLEIDE
Eu vou na casa de Dona Rosália,
que ela marcou um massagem.

MIGUEL
Quer que eu vá com você?

GLEIDE
Não precisa. Se o Eliseu chegar
antes de eu voltar, fala que tem
cerveja na geladeira.

GLEIDE toma um gole de suco e se levanta. MIGUEL e


ANTÔNIO observam a mãe sair.

MIGUEL
Domingo é a final do seu
campeonato, né?

ANTÔNIO
É!

MIGUEL
Quero ir ver!

ANTÔNIO
Você sabe que eu não gosto de
gente conhecida assistindo. Perco
a concentração.
16

MIGUEL
(decepcionado)
Tá bom!

ANTÔNIO observa MIGUEL decepcionado, comendo em silêncio


e olhando para o prato.

ANTÔNIO
Ei!

MIGUEL levanta a cabeça.

MIGUEL
O quê?

ANTÔNIO
Tou precisando treinar uns
pênaltis. Vamos lá fora?

MIGUEL
Não posso. Daqui a pouco começa a
novela.

ANTÔNIO
Você e essa mania de ver tudo
quanto é novela.

MIGUEL
É que hoje o Abraão vai levar o
Isaac lá no alto da montanha.
Quero ver se ele vai ter coragem
de matar o próprio filho!

ANTÔNIO acha graça do modo dramático de MIGUEL narrar.

ANTÔNIO
Ainda tá cedo. Vamos treinar um
pouco, depois você assiste à
novela.

7 TERRAÇO DO FUNDO DA CASA DE GLEIDE. EXTERIOR. NOITE.

Há duas traves improvisadas em cada um dos lados do


terraço cimentado no fundo da casa. No fundo, fica um
tanque de lavar roupas e um varal. Há também um pé de
pimenta e outro de arruda em dois vasos ao lado do
tanque. Na frente está a parede dos fundos da casa, com
janelas para os dois quartos.

MIGUEL treina embaixadas com a bola.


17

ANTÔNIO
Tá bom, hein? Qualquer dia vou te
levar para jogar com os moleques
do sub-15.

MIGUEL
Gosto de jogar não.

ANTÔNIO
Claro que gosta.

MIGUEL
Sabe o que eu queria?

ANTÔNIO
O quê?

MIGUEL
Era trabalhar assim... nos
bastidores.

ANTÔNIO
Bastidores?

MIGUEL
É... roupeiro, preparador
físico.

ANTÔNIO
Ah...

MIGUEL fica sem graça diante da reação de desapontamento


de ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Me ajuda a treinar uns pênaltis.

ANTÔNIO se posiciona na trave e MIGUEL chuta.

ANTÔNIO pega com facilidade.

ANTÔNIO
Vamos elaborar mais esse chute!

MIGUEL
Pode deixar.

MIGUEL chuta fora.


18

MIGUEL
Foi mal!

MIGUEL sorri com malícia. Posiciona a bola. Faz que vai


chutar com a direita, mas chuta com a esquerda.

ANTÔNIO vai para o lado errado e leva um gol.

MIGUEL
Goooooool!

ANTÔNIO sorri, orgulhoso.

MIGUEL começa uma dancinha comemorativa, cantando.

ANTÔNIO
Chuta outra aí, vai.

MIGUEL continua a dançar.

MIGUEL
Agora tá na hora da novela. Vamos
ver o Abraão lá comigo?

ANTÔNIO
Não, tou precisando treinar. Vou
lá na casa do Valdson. Daqui a
pouco eu volto!

8 SALA DE GLEIDE. INTERIOR. NOITE.

MIGUEL está sentado no sofá assistindo a uma telenovela e


pregando o botão de um vestido da mãe.

ELISEU, quarenta anos, moreno e gorducho, se senta


segurando uma lata de cerveja. Finge prestar atenção à
novela, mas fica olhando para MIGUEL.

ELISEU
Gleide falou se ia demorar?

MIGUEL mantém os olhos fixos na TV.

MIGUEL
Falou nada não!

ELISEU
E Antônio, cadê?
19

MIGUEL
Foi jogar bola na casa de
Valdson.

ELISEU
Ah, então vai demorar!

ELISEU toma um gole de cerveja e olha para a TV.

ELISEU
Mulher gostosa da porra, essa
dessa novela!

MIGUEL
É!

ELISEU
Me deixou de pau duro!

MIGUEL vira o rosto na direção contrária a ELISEU.

ELISEU
Quantos anos você tem, Miguel?

MIGUEL
Vou fazer quatorze.

ELISEU
Já! Pensei que você tivesse
menos.

ELISEU passa a mão na coxa de MIGUEL, acariciando-a.

ELISEU
Quatorze anos e ainda não tem
pelos nas pernas, hein?

Assustado, MIGUEL se levanta, levando o vestido, e vai


para o quarto.

ELISEU surpreende-se. Escuta o barulho da fechadura do


quarto.

ELISEU
Que menino esquisito! Se fazendo
de difícil! Sei muito bem!

9 QUARTO DE ANTÔNIO E MIGUEL. INTERIOR. NOITE.

O pequeno quarto, com duas camas e um armário, é repleto


de pósteres e flâmulas do Esporte Clube Bahia. Entre as
camas, um criado-mudo sobre o qual há duas imagens: uma
20

de Santo Antônio e outra de São Miguel Arcanjo. Santo


Antônio carrega de forma protetora o Menino Jesus. São
Miguel Arcanjo segura uma espada e pisa em um demônio,
que se rasteja no chão.

Sentado na cama e com os olhos mareados, MIGUEL dobra o


vestido da mãe e o coloca ao seu lado.

MIGUEL pega um caderno e uma caixa de lápis de cor no


criado-mudo e começa a desenhar, alternando os diferentes
lápis.

10 SALA DE GLEIDE. INTERIOR. NOITE.

GLEIDE entra pela porta da rua segurando uma sacola. Abre


um sorriso ao ver ELISEU.

GLEIDE
Oi, amor!

ELISEU
A mulher mais gostosa do mundo
chegou, é?

ELISEU, com um sorriso malicioso, bate no assento do


sofá, solicitando que GLEIDE se sente.

GLEIDE
Você comeu o jantar que deixei
para você?

GLEIDE se senta no sofá.

ELISEU agarra GLEIDE, passando a mão entre suas pernas e


forçando um beijo.

ELISEU
Quero comer é outra coisa, minha
deusa!

GLEIDE acha graça no ímpeto de ELISEU.

GLEIDE
O que é que deu em você para
ficar assim?

ELISEU dá um cheiro no pescoço de GLEIDE.

GLEIDE
Peraí que vou ver se tá tudo bem
com os meninos.
21

ELISEU
Um foi jogar bola e o outro tá
trancado no quarto. Vem cá, vem!

GLEIDE
Trancado no quarto? Fazendo o
quê? Peraí.

GLEIDE vai até a porta do quarto e, ao verificar que está


trancada, bate insistentemente.

11 QUARTO DE ANTÔNIO E MIGUEL. INTERIOR. NOITE.

GLEIDE
(off)
Miguel, abra essa porta!

MIGUEL levanta, destranca a porta e volta para a cama.

GLEIDE abre a porta e entra.

GLEIDE
O que é que você tá fazendo
trancado no quarto?

MIGUEL
Sei lá, tranquei sem querer.

GLEIDE
Sem querer, né? Cadê o Antônio?

MIGUEL
Foi jogar na casa do Valdson.

GLEIDE
E como é que ele ia entrar com
essa porta trancada, hein?

MIGUEL sorri.

MIGUEL
Eu não durmo antes de ele chegar
não!

GLEIDE olha com desaprovação para o seu vestido sobre a


cama de Miguel.

MIGUEL fica constrangido com o olhar de GLEIDE.


22

MIGUEL
Tava com um botão solto, mas eu
já preguei.

MIGUEL entrega o vestido para GLEIDE.

MIGUEL
Eu já ia guardar no seu armário,
mas não deu tempo.

GLEIDE
Pode deixar que eu guardo.

GLEIDE apaga a luz do quarto.

GLEIDE
Boa noite.

GLEIDE sai e fecha a porta do quarto.

No escuro, MIGUEL se senta, encostado na cabeceira da


cama. Pega o travesseiro de Antônio e o abraça.

Miguel ouve um ruído de mensagem chegando no seu celular.


Tira o celular do bolso, lê a mensagem e sorri.

12 TERRAÇO DO FUNDO DA CASA DE GLEIDE. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO aguarda em frente a janela do quarto.

13 QUARTO DE ANTÔNIO E MIGUEL. INTERIOR. NOITE.

MIGUEL se levanta e abre a janela.

ANTÔNIO
Esqueci de levar a chave.

ANTÔNIO pula a janela e entra no quarto.

MIGUEL fecha e tranca a janela.

ANTÔNIO tira a camisa e deita na cama.

MIGUEL
Você vai dormir assim?

ANTÔNIO
Assim como?

MIGUEL
Fedido!
23

ANTÔNIO cheira a axila.

ANTÔNIO
Tou fedido nada. Só treinei uns
pênaltis.

MIGUEL
Tou sentindo daqui. Vá tomar
banho, vá!

ANTÔNIO
O Eliseu tá aí?

MIGUEL
Tá, né!

ANTÔNIO
Melhor ficar aqui, então. Nem
quero cruzar com aquela desgraça.

MIGUEL
A gente podia fazer um trabalho!

ANTÔNIO
Melhor não. Trabalho é para
graça, não é pra desgraça.

MIGUEL
Me ver livre dele seria uma
graça.

ANTÔNIO
Sem ele, mainha fica pior. Melhor
assim!

Desapontado, MIGUEL volta para cama.

ANTÔNIO
Por que ainda tá acordado?

MIGUEL
Tou sem sono.

ANTÔNIO
Durma logo que amanhã você vai
pra escola.

MIGUEL
Se eu conseguir dormir, eu vou.
24

ANTÔNIO
Deite e durma!

ANTÔNIO puxa a coberta, deita e fecha os olhos.

MIGUEL se mantém acordado.

MIGUEL
Antônio!

ANTÔNIO
Que é?

MIGUEL
Posso te pedir uma coisa?

ANTÔNIO
Lá vem você!

MIGUEL
Só um pouquinho, vai!

ANTÔNIO
Tá bom, tá bom! Qual você quer?

MIGUEL
Aquela da lua.

ANTÔNIO
A que a vó cantava pra mim?

MIGUEL
É!

ANTÔNIO
Só se você for à escola amanhã.

MIGUEL
Eu vou!

ANTÔNIO
E nos outros dias também!

MIGUEL
Também!

ANTÔNIO
(cantando)
A Lua nasceu e cresceu no além
A noite chegou também
Vai dormir meu amor
Vai dormir e sonhar
25

Deixa a lua crescer lá no ar.

A roca pousou e largou seu fiar


Os olhos vai já fechar
Nada pode impedir
Que o bebé durma bem
Nem mal sonho há-de vir
Nem ninguém.

Tu verás meu amor


Como é bom sonhos ter
Deus te dê o melhor que houver
Anjo meu faz ó ó
Porque eu velo por ti
Só aos anjos a lua sorri.

A medida que ANTÔNIO canta, MIGUEL adormece.

O quarto fica gradualmente menos escuro.

14 CASA DE GLEIDE. EXTERIOR. NOITE.

A voz de Antônio continua a cantar em off.

Uma nuvem encobrindo a lua passa, deixando sua luz mais


intensa.

15 RUA DE SALVADOR. EXTERIOR. DIA.

ANTÔNIO, vestindo um uniforme escolar, caminha pela rua,


segurando um pacote de balas.

No ponto, ANTÔNIO vê chegar um ônibus relativamente vazio


e não entra.

O ônibus seguinte está mais cheio. ANTÔNIO entra pela


porta da frente.

16 ÔNIBUS. INTERIOR. DIA.

Os assentos dos ônibus estão quase todos ocupados, a


maioria por adultos. A catraca fica no fundo do ônibus,
bem perto da porta traseira.

Com um aceno e um sorriso, ANTÔNIO agradece ao motorista.

ANTÔNIO
Bom dia pessoal, desculpe
incomodar vocês na sua viagem.

Alguns PASSAGEIROS o olham, outros o ignoram.


26

ANTÔNIO
Meu nome é Antônio e, como vocês
estão vendo pelo meu uniforme,
sou estudante e estou no terceiro
ano do ensino médio.

O ônibus para diante de um sinal vermelho.

ANTÔNIO
Infelizmente hoje não pude ir à
escola.

No fundo do ônibus, sem que Antônio perceba, ELISA,


cinquenta e cinco anos, negra, com um rosto amável, olha
desconfiada para ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Há quase um ano, meu pai está
preso e, para ajudar minha mãe a
comprar comida para os meus cinco
irmãos mais novos, é que estou
vendendo esses deliciosos
caramelos por apenas um real.

ELISA chama ANTÔNIO com a mão, mas ele nem percebe.

ANTÔNIO
Lá fora elas custariam dois
reais. Comigo vocês pagarão
apenas um. Quanto mais rápido eu
vender, mas rápido volto para a
escola para que eu possa ter um
futuro diferente do meu pai.

ELISA se levanta do lugar em que está sentada.

ELISA
Antônio!

ANTÔNIO leva um susto ao reconhecer ELISA.

ANTÔNIO
Professora!

ELISA lhe chama com a mão e ANTÔNIO vai sentar-se ao lado


dela.

ELISA
Que história é essa de pai preso?
Você nunca teve pai, muito menos
preso!
27

ANTÔNIO
Desculpe, professora!

ELISA
E, até onde eu seu, o único irmão
que você tem é o Miguel.

ANTÔNIO
É justamente por causa dele que
eu tou aqui, professora.

ELISA
Aconteceu alguma coisa com ele?

ANTÔNIO
Miguel não quer mais ir a escola.
Prometi que, se ele voltasse, eu
dava o presente de aniversário
que ele quer.

ELISA
E para que ele volte, você para
de ir.

ANTÔNIO
Parei não, professora. É que hoje
o professor de matemática faltou
e eu aproveitei.

ELISA
Quanto é esse presente?

ANTÔNIO
É caro, professora!

ELISA
Quanto?

ANTÔNIO
Setenta reais!

ELISA
Me dá essa caixa aí!

ANTÔNIO entrega a caixa de balas para ELISA.

ELISA tira setenta reais da bolsa e dá para ANTÔNIO.

ANTÔNIO, emocionado, dá um beijo no rosto de ELISA e se


levanta.
28

ANTÔNIO
Obrigado, professora.

ELISA
Volte para casa que você precisa
estudar.

ANTÔNIO
Pode deixar, professora!

ANTÔNIO vai para a frente do ônibus.

ELISA abre uma bala e a põe na boca. Faz uma cara de quem
achou o gosto mais ou menos.

17 PORTÃO DA CASA DE GLEIDE. EXTERIOR. DIA.

CIBELE, dezoito anos, morena, bonita, gordinha e jeitosa,


vem caminhando e para na frente do portão.

CIBELE
Miguel!

MIGUEL aparece na janela.

MIGUEL
Que foi?

CIBELE
Venha aqui!

MIGUEL
Fazer o quê?

CIBELE
Quero te mostrar uma coisa!

MIGUEL
Que coisa, Cibele?

CIBELE
Venha aqui que eu te mostro!

Caminhando lentamente, MIGUEL vai até o portão.

CIBELE mostra um patuá azul.

MIGUEL
Ogum, né?
29

CIBELE
É! Eu mesma que fiz. Depois pedi
para mãe benzer.

MIGUEL
Dá ele pra mim!

CIBELE
Não, fiz pra Antônio.

MIGUEL
Deixe aqui que eu entrego para
ele quando ele voltar.

CIBELE
Não, quero entregar para ele no
jogo de domingo. Ogum vai ajudar
ele a fechar aquele gol.

MIGUEL
Vai mesmo! Ficou lindo com esse
búzio costurado. Ele vai gostar
muito.

CIBELE
Quero que você venha mais eu.

MIGUEL
(envergonhado)
Vou não, Cibele! Antônio não
gosta que eu vá. Diz que perde a
concentração.

CIBELE
Sozinha eu não vou!

MIGUEL
Que é que tem?

CIBELE
Lá só tem homem. Não quero ir
sozinha não! Venha comigo, venha!

MIGUEL
Ah, não sei!

CIBELE
E se eu pedir pra minha irmã
gravar a gente lá na laje?

MIGUEL sorri entusiasmado.


30

18 LAJE DA CASA DE CIBELE. EXTERIOR. DIA

Ao lado de CIBELE e DORINHA, quinze anos, negra, bonita e


magrinha, MIGUEL dança o "Funk de Yemanjá", um funk que
incorpora som de atabaques.

CIBELE e DORINHA vestem vestidos e lenços brancos.


MIGUEL, com uma bata azul clara, dança como se tivesse
incorporado uma entidade.

CIBELE e DORINHA riem mais do que dançam. MIGUEL, no


entanto, dança com bastante concentração e graça.

19 PARQUE JARDIM DOS NAMORADOS. EXTERIOR. DIA.

Final de tarde. O parque fica entre o mar e uma avenida


bastante movimentada. Há quadras esportivas, ciclovias,
um anfiteatro e esculturas a céu aberto.

As quadras de futsal são cercadas por alambrados. O time


no qual ANTÔNIO é goleiro joga em uma delas.

MAURÍCIO, dezessete anos, moreno, magro e sorridente e


seu irmão gêmeo BERNARDO, jogadores no banco do time
adversário assistem a um vídeo do "Funk de Yemanjá" no
celular e riem jocosamente para o gol onde está ANTÔNIO.

Atrás do alambrado algumas pessoas assistem ao jogo.


Entre elas está MIGUEL e CIBELE.

Um placar improvisado informa que o jogo segue empatado


sem gols.

ANTÔNIO, concentrado, vestindo uma camisa azul, prepara-


se para defender um pênalti sofrido pelo seu time.

CIBELE faz uma figa com a mão e sorri para MIGUEL, que
está muito ansioso.

O pênalti é chutado do lado direito da trave. ANTÔNIO cai


para o lado certo e o defende.

MIGUEL e CIBELE se abraçam.

ANTÔNIO tira o patuá do bolso, mostrando-o para MIGUEL E


CIBELE.

O time adversário substitui um jogador. Entrará MAURÍCIO,


dezessete anos, moreno, magro e sorridente.

Antes de entrar, MAURÍCIO olha em direção de MIGUEL e


CIBELE e sorri.
31

MIGUEL e CIBELE têm os olhares voltados para ANTÔNIO.

ANTÔNIO chuta a bola.

Em campo, MAURÍCIO aproxima-se e cochicha algo no ouvido


de ANTÔNIO, que o olha atravessado e com raiva.

MAURÍCIO vai até a região do campo próxima a MIGUEL, dá


uma patolada no shorts e manda um beijinho com a mão.

MIGUEL fica sem graça com o gesto de MAURÍCIO e abaixa a


cabeça.

CIBELE, que só tem olhos para ANTÔNIO, nada percebe.

ANTÔNIO percebe tudo, fica irritadíssimo e, desatento à


jogada de ataque do time adversário, leva um frango
vergonhoso.

MAURÍCIO comemora com os COMPANHEIROS.

JOGADORES do time de ANTÔNIO vão tirar satisfação com


ele.

CIBELE, atônita e triste, olha pra MIGUEL, que, com


lágrimas nos olhos, sai correndo para longe da quadra.

CIBELE
Miguel, onde você vai?

20 SALA DE GLEIDE. INTERIOR. NOITE.

MIGUEL, tristonho, sentado sozinho no sofá, assiste


novela na TV.

ANTÔNIO, suado, vestindo o uniforme de goleiro, entra e


senta-se ao lado de MIGUEL.

Fingindo estar atento à novela, MIGUEL não olha para


ANTÔNIO.

ANTÔNIO alterna o olhar entre MIGUEL e a TV, criando um


silêncio entre os dois.

ANTÔNIO
E aí? Ele matou o filho?

Surpreso com a pergunta, MIGUEL sorri.


32

MIGUEL
Não, na hora agá, Deus mandou um
anjo, que pediu para Abraão matar
um carneiro ao invés do filho.

ANTÔNIO
Que bom, né?

MIGUEL
Agora Abraão quer que Isaac case
com essa Rebeca aí, mas eu não
quero não. Ela é muito metida!

ANTÔNIO
Mas é bonita!

MIGUEL
Acho não! Isaac nem é muito a fim
dela. Foi Abraão que mandou
buscar essa quenga. Isaac não
tava nem aí!

ANTÔNIO acha graça.

ANTÔNIO
Amanhã vou te pegar na escola!

MIGUEL
Pra quê?

21 ESTÚDIO DE TATUAGEM. INTERIOR. DIA.

Usando a tatuagem do Esporte Clube Bahia do antebraço de


ANTÔNIO como modelo, o TATUADOR tatua uma igual no
antebraço de MIGUEL.

MIGUEL
Ai!

TATUADOR
Que foi?

MIGUEL
Dói muito!

TATUADOR
Quer que pare?

MIGUEL
Não, não. Vai em frente.
33

ANTÔNIO
Pelo tricolor, vale qualquer
sacrifício!

ANTÔNIO e MIGUEL observam a tatuagem que se forma.


Entreolham-se e sorriem.

22 JARDIM DE ALÁ. EXTERIOR. DIA.

Muito calor. VANDER, vestindo apenas uma sunga branca,


que contrasta com sua pele negra, é massageado por
GLEIDE. O óleo que GLEIDE passa mistura-se com a
transpiração de VANDER.

As mãos de GLEIDE se esforçam para vencer a rigidez dos


músculos de VANDER.

VANDER
Seu filho?

GLEIDE
É!

VANDER
Bonitos e parecidos!

GLEIDE sorri, lisonjeada.

MIGUEL olha com temor e fascinação.

VANDER retribui o olhar com um sorriso sedutor.

VANDER
Pode massagear mais forte! Eu
gosto forte!

MIGUEL, sem tirar os olhos de VANDER, enxuga o suor da


testa com a mão.

GLEIDE olha para MIGUEL com reprovação.

MIGUEL abaixa o olhar.

MIGUEL
Eu já vou indo, viu, mainha?

GLEIDE
Pode ir!

MIGUEL sai.
34

23 CALÇADÃO. EXTERIOR. DIA.

Sentado na mureta que separa o calçadão da praia, MIGUEL


observa o mar.

VANDER, de sunga branca e com a camiseta jogada no ombro,


anda em direção a MIGUEL.

MIGUEL avista VANDER vindo, mas finge que não o vê,


mantendo o olhar fixado no mar.

VANDER
Curtindo o visual?

MIGUEL olha com medo e vergonha.

MIGUEL
É!

VANDER sorri maliciosamente.

VANDER
É isso aí!

VANDER se afasta e segue.

MIGUEL olha para as costas de VANDER.

VANDER vira e pega MIGUEL olhando para ele. Sorri e acena


com a cabeça para que MIGUEL o siga.

MIGUEL desvia o olhar, mas volta a olhar quando percebe


que VANDER se afasta.

VANDER sai do calçadão e segue em direção a um banheiro


público próximo à praia, saindo do campo de visão de
MIGUEL.

MIGUEL levanta-se e percorre o caminho até chegar no


local onde estão os banheiros públicos.

MIGUEL vê VANDER na porta de um dos banheiros.

VANDER sorri para MIGUEL e entra no banheiro.

MIGUEL vai até o banheiro e entra.

A praia está vazia.

Fortes ondas encharcam a areia.


35

24 APARTAMENTO DE JULIETTE. INTERIOR. DIA.

Com vista para o Farol da Barra, a varanda da cobertura


do apartamento tem uma enorme banheira de hidromassagem,
onde bate bastante sol.

Sentados em lados opostos da hidromassagem, VANDER e


MIGUEL se banham.

MIGUEL está encantado com o lugar.

VANDER
Você é muito bonito, sabia?

MIGUEL
Obrigado!

VANDER
Muito parecido com a sua mãe, que
é linda também!

MIGUEL
Todo mundo acha a gente parecido,
menos ela!

VANDER
Mas é sim! Só é uma pena que você
tenha nascido homem.

MIGUEL sorri constrangido.

VANDER
Se fosse mulher, você seria linda
como a sua mãe.

MIGUEL
Que nada!

VANDER
Mais linda ainda, porque você é
jovem!

MIGUEL
Sabe o que deve ser bom de ser
mulher?

VANDER
O quê?
36

MIGUEL
As roupas. Elas usam cada uma
mais linda que a outra.

VANDER
Sem falar no vestido de
casamento.

MIGUEL
Tem uns lindos, né?

VANDER mergulha na banheira e vai sentar-se ao lado de


MIGUEL.

MIGUEL olha afetuosamente para VANDER.

VANDER acaricia os cabelos de MIGUEL.

JULIETTE, vestindo um roupão branco, entra sorrindo.

JULIETTE
Que tanto amor é esse? Assim eu
vou ficar com ciúme!

MIGUEL e VANDER acham graça do tom irônico de JULIETTE.

JULIETTE tira o roupão, exibindo as costas de um corpo


desnudo e perfeito.

MIGUEL fica impressionado com o corpo de JULIETTE, que


entra na banheira de hidromassagem.

VANDER
É maior que o meu, Miguel!

JULIETTE
Não exagere, Vander!

VANDER
Quer apostar?

JULIETTE
Você acha que é maior, Miguel?

MIGUEL dá um sorriso nervoso.

MIGUEL
Ah, não sei!
37

JULIETTE
Sabe sim, ha, ha, ha!

Sorrindo, MIGUEL mergulha na hidromassagem.

Sorrindo, JULIETTE e VANDER se entreolham, com


cumplicidade.

25 QUARTO DE GLEIDE. INTERIOR. DIA.

MIGUEL entra no quarto, carregando uma pilha de roupas


femininas recém-passadas. Guarda-as no armário da mãe e
observa um belo vestido curto e estampado.

Em frente ao espelho, MIGUEL veste o vestido e passa


batom.

MIGUEL
(imitando a voz de Gleide)
Como o senhor me disse que teve
uma semana estressante, eu
recomendo uma completa, mais
elaborada, de uma hora.

MIGUEL sorri diante da própria performance.

MIGUEL
(retomando a própria voz)
Que é isso, Vander? Não tá
parecido assim! Você só diz isso
para me agradar!

Pelo reflexo do espelho, MIGUEL percebe que está sendo


observado por ELISEU e leva um susto.

ELISEU sorri maliciosamente. Entra e se coloca, em frente


ao espelho, atrás de MIGUEL.

MIGUEL tenta tirar o vestido, mas ELISEU não deixa.

ELISEU
Calma, você fica tão linda assim!

ELISEU acaricia os cabelos de MIGUEL.

MIGUEL
Vá embora!

ELISEU
Embora porquê? Acabei de chegar!
38

MIGUEL
(choramingando)
Me deixe, Eliseu! Daqui a pouco,
minha mãe chega.

ELISEU
É verdade, então é melhor eu
deitar um pouco para descansar.

ELISEU tira os sapatos e a calça e deita na cama.

ELISEU
Sua mãe é muito exigente na cama.
Aposto que você também é!

MIGUEL vai em direção à porta para sair do quarto.

ELISEU
Peraí!

MIGUEL para sem olhar para ELISEU.

ELISEU
Fique mais um pouquinho. Sente
aqui comigo!

MIGUEL
Tenho que preparar o jantar.

ELISEU
(ameaçador)
Acho melhor não!

MIGUEL engole um seco.

ELISEU
Antônio pode chegar e te
encontrar vestido assim.

MIGUEL
Eu já ia tirar!

ELISEU
Ele sabe que você gosta de se
vestir assim?

MIGUEL não responde.

ELISEU
Melhor ele não ficar sabendo, né?

MIGUEL vai até a cama e se senta de costas para ELISEU.


39

ELISEU acaricia as costas de MIGUEL, expostas pelo decote


nas costas do vestido.

ELISEU
Tão lisinha e quente sua pele,
minha menina linda!

MIGUEL se mantém paralisado, enquanto ELISEU beija e


morde as suas costas.

GLEIDE entra no quarto e fica possessa com o que vê.

GLEIDE
O que é isso?

Contendo o choro, MIGUEL olha desesperado para GLEIDE.

ELISEU
Miguel tá com as costas cheias de
cravos. Venha ver só!

GLEIDE
Saia daqui, Eliseu!

ELISEU
(sorrindo cinicamente)
Senta aqui com a gente, querida!

GLEIDE
(gritando)
Saia já daqui!

Sem graça, ELISEU levanta, veste a calça e põe os


sapatos.

Os olhos de MIGUEL, mareados, encaram GLEIDE, que se


aproxima com determinação.

MIGUEL, olhando fixamente para GLEIDE, se deixa espancar


sem um gesto de defesa sequer.

GLEIDE joga MIGUEL no chão. Seu corpo encolhido de animal


indefeso recebe um chute e é abandonado.

26 QUARTO DE ANTÔNIO E MIGUEL. INTERIOR. NOITE.

MIGUEL está sentado com as pernas sobre a cama e as


costas apoiadas na cabeceira.

ANTÔNIO passa gelo sobre os hematomas no rosto e no corpo


de MIGUEL.
40

ANTÔNIO
Quem foi?

MIGUEL olha para frente, evitando o olhar de ANTÔNIO.

MIGUEL
Já falei... Não sei... Uns
moleques na rua... Não sei quem
são.

ANTÔNIO
Já falei para você não sair
assim!

MIGUEL olha para ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Quando precisar sair, me chama
que eu vou junto, tá?

MIGUEL
Antônio?

ANTÔNIO
O que foi?

MIGUEL
(chorando)
Você não vai poder estar sempre
do meu lado.

ANTÔNIO
(chorando)
Oh, Miguel... Por que não?

MIGUEL
Porque não, Antônio! Eu preciso
aprender a me defender sozinho,
entende?

ANTÔNIO
É que você é tão...

MIGUEL
Sou, né?

ANTÔNIO balança a cabeça afirmativamente.

ANTÔNIO
Deixa eu passar mais um pouco de
gelo nisso aqui.
41

MIGUEL
Passa!

ANTÔNIO passa gelo sobre as lágrimas de MIGUEL.

27 JARDIM DE ALÁ. EXTERIOR. DIA.

O dia está nublado no Jardim de Alá.

Sentada na maca, JULIETTE, de maiô, tem as costas


massacradas por GLEIDE.

JULIETTE
Sou uma espécie de caça-talentos,
me entende?

GLEIDE desce as alças do maiô de JULIETTE para melhor lhe


massagear os ombros.

JULIETTE
Esse Brasilzão tá cheio de gente
talentosa precisando ser
descoberta. Muitos desses
artistas que você vê aí na TV,
nos shows, quem descobriu fui eu!

GLEIDE
E você viaja o país todo?

JULIETTE
Sim, mas onde mais venho é aqui
na Bahia. Isso aqui é um celeiro
de artistas. É impressionante!

GLEIDE
É mesmo! Aqui o povo gosta muito
de música, dança, essas coisas.
Deve ser por isso!

JULIETTE
Sim, sim! Vocês são uns artistas
natos! Imagine só que dia desses
eu estava na praia, aqui
pertinho, e vi um menino, assim,
um menino, tipo uns quatorze
anos, dançando de um jeito que
você não acredita.
42

GLEIDE
Como assim?

JULIETTE
Tinha uma graça, uma
espontaneidade que artistas
profissionais lá de São Paulo nem
chegam perto!

GLEIDE
(desconfiada)
E você vai contratar?

JULIETTE
Querida, nem te conto. O moleque
sumiu. Nunca mais eu vi. Até já
andei perguntando, mas ninguém
sabe!

GLEIDE
Como que ele é?

JULIETTE
Moreno, lindo. Usava uma tatuagem
de time de futebol no braço.
Jeito de artista mesmo, sabe?

GLEIDE
Tem uns que são assim mesmo! E os
pais costumam deixar os filhos
irem assim pra São Paulo?

JULIETTE
Claro que sim! Quem não quer ver
o filho ficar famoso?

GLEIDE massageia o ombro de JULIETTE com força.

GLEIDE
Isso é! Tá bom assim?

JULIETTE
Tá ótimo! Você tem uma mão
maravilhosa para massagem.

GLEIDE
Obrigada!

JULIETTE
Além do mais, eu costumo deixar
um adiantamento do cachê com os
43

pais. Para eles se sentirem


seguros, sabe? Coisa assim de...
dois mil reais!

28 SALA DE GLEIDE. INTERIOR. DIA.

GLEIDE está deitada no sofá. Está nervosa. Aperta uma


bolinha de massagem com uma mão e fala ao telefone com a
outra.

GLEIDE
Resolvi dar uma guinada na vida.
Um novo momento, entende? Me
afastar de tudo que não me
trouxesse o bem. Descarrego
total.

GLEIDE sorri, enquanto escuta o que lhe dizem.

GLEIDE
Claro que deixo. Deixo sim! Vai
ser muito bom te reencontrar.

GLEIDE escuta um barulho de porta abrindo e olha


apreensiva.

GLEIDE
Ih, meu filho chegou.

29 QUARTO DE ANTÔNIO E MIGUEL. INTERIOR. DIA.

ANTÔNIO surpreende-se ao ver que o quarto está vazio.

ANTÔNIO senta-se na cama e, ao olhar para o criado-mudo,


percebe que a imagem de Santo Antônio sumiu. Segura a
imagem de São Miguel Arcanjo nas mãos.

ANTÔNIO
Miguel?

ANTÔNIO levanta, abre o armário e verifica que as gavetas


com as roupas de Miguel estão vazias.

30 SALA DE GLEIDE. INTERIOR. DIA.

ANTÔNIO olha nervoso para GLEIDE, agora sentada no sofá,


falando no telefone.

GLEIDE finge indiferença à presença de ANTÔNIO.


44

GLEIDE
(no telefone)
Você passa aqui? Que horas?

ANTÔNIO
Cadê meu irmão?

GLEIDE
(no telefone)
Pera um pouquinho!

GLEIDE afasta o telefone do ouvido e olha para ANTÔNIO.

GLEIDE
(para Antônio)
A gente precisa conversar! Deixe
eu terminar aqui.

ANTÔNIO
Conversar o quê? Por que é que as
roupas dele não estão no armário?

Impaciente, GLEIDE faz um gesto com a mão, pedindo para


que ANTÔNIO espere.

Furioso, ANTÔNIO toma o telefone da mão de GLEIDE.

GLEIDE
Me dê meu telefone!

ANTÔNIO
O que você fez com meu irmão?

GLEIDE
(hesitante)
Miguel foi convidado para
participar de um show em São
Paulo. Só vendo a alegria dele!
Ficou sentido porque não deu
tempo de se despedir de você!

ANTÔNIO joga o telefone no chão, espatifando-o.

ANTÔNIO
Mentirosa! Me fale a verdade!
Cadê o Miguel?

GLEIDE se levanta.
45

GLEIDE
Olha aqui. Ele queria ir e eu
deixei e você... não tem nada com
isso!

MIGUEL segura GLEIDE pelos braços e a empurra no chão.


GLEIDE cai.

ANTÔNIO
Vá buscar meu irmão de volta
agora, se não quiser que eu acabe
com você!

Caída no chão, GLEIDE chora.

GLEIDE
Quer saber? Mandei aquela
bichinha para bem longe! Aquele
pervertido só serve para tomar os
homens dos outros!

ANTÔNIO
Não fale assim do meu irmão que
eu te arrebento a cara!

GLEIDE
São Paulo que é uma cidade cheia
de veado é que é lugar para ele.
Pare de se enganar, Antônio. Seu
irmão é uma bicha louca.

ANTÔNIO
Pare de falar isso do Miguel!

GLEIDE
Vamos viver nossas vidas em paz e
deixar ele ser feliz no meio da
bicharada. O que eu fiz foi o
melhor para todos nós! Pra mim,
pra você e pra ele!

Descontrolado, ANTÔNIO vai até a mesa, onde está a bolsa


de GLEIDE e a apanha.

GLEIDE
Largue minha bolsa!

ANTÔNIO mexe na bolsa e joga tudo no chão. Ofegante, pega


várias notas de cem reais que caem.

Com as notas na mão, ANTÔNIO olha para GLEIDE.


46

ANTÔNIO
Meu irmão é a única coisa de bom
que tenho na vida e eu... eu...
eu vou trazer ele de volta!

31 EMBARQUE DA RODOVIÁRIA DE SALVADOR. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO, com uma mochila nas costas aguarda ansioso que o


ônibus para São Paulo estacione na plataforma.

ANTÔNIO
(Over)
Tou mandando essa mensagem que é
pra você me esperar na rodoviária
de São Paulo. Tou pegando o
ônibus daqui a pouquinho pra ir
te buscar. Não sai daí não, viu?

O ônibus estaciona e ANTÔNIO entra.

32 ÔNIBUS INTERESTADUAL. INTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO está no assento ao lado da janela. Não há ninguém


ao seu lado. Passageiros nos outros bancos dormem.

ANTÔNIO pega o celular e olha desolado para a tela.

ANTÔNIO
(baixinho para o celular)
Responde minha mensagem,
Miguel... Tá sem crédito, é?
Dorme um pouquinho aí no banco da
rodoviária porque meu ônibus
ainda demora muito pra chegar...
Quer que eu cante, quer?

ANTÔNIO entoa uma canção de ninar.

33 ESTRADA. EXTERIOR. NOITE.

O ônibus atravessa a estrada ao som da canção de ninar


catada por Antônio.

ANTÔNIO
(cantando em over)
Dingling ling. Maria Pires?
Dingling ling. Que está fazendo?
Dingling ling. Fazendo papa.
Dingling ling. Para quem?
Dingling ling. Para João Mancô.
Dingling ling. Quem o mancou?
47

Dingling ling. Foi a pedra.


Dingling ling. Cadê a pedra?
Dingling ling. Tá no mato.
Dingling ling. Cadê o mato
Dingling ling. O fogo queimou.
Dingling ling. Cadê o fogo?
Dingling ling. A água apagou.
Dingling ling. Cadê a água?
Dingling ling. O boi bebeu...
Dingling ling. Cadê o boi?
Dingling ling. Foi buscar milho.
Dingling ling. Para quem?
Dingling ling. Para a galinha.
Dingling ling. Cadê a galinha?
Dingling ling. Tá pondo ovo.
Dingling ling. Cadê o ovo?
Dingling ling. Miguel comeu.
Dingling ling. Miguel comeu.
Dingling ling. Miguel comeu.

34 ÔNIBUS INTERESTADUAL. EXTERIOR. DIA.

Primeiros minutos da manhã em São Paulo. Uma fina camada


de umidade cobre as janelas embaçadas do ônibus.

Atrás de uma delas está ANTÔNIO. Ele limpa a umidade do


vidro com a mão, revelando um olhar de perplexidade.

As imagens da cidade se refletem sobre o vidro da janela.

35 SAGUÃO DA RODOVIÁRIA TIETÊ. INTERIOR DIA.

ANTÔNIO sai do ônibus e se depara com a multidão que


chega e parte.

Alguns são recebidos por quem espera. Alguns chegam só e


andam com determinação em direção à saída. Outros parecem
meio perdidos, como se procurassem alguém.

ANTÔNIO vaga pela rodoviária procurando Miguel. Observa


os rostos de quem está sentado nos bancos.

ANTÔNIO tira o celular do bolso e olha desolado.

Ao levantar o olhar, ANTÔNIO vê um MENINO, sete anos,


bastante parecido com Antônio criança.

O MENINO, paralisado entre pessoas que são mais altas que


48

passam com pressa e não o percebem, tem os olhos mareados


e um desespero infantil de quem se perdeu da mãe.

ANTÔNIO aproxima-se do MENINO.

Ao cruzar o olhar com o de ANTÔNIO, o rosto do MENINO


ganha uma doçura de quem percebe que encontrou ajuda.

ANTÔNIO agacha-se e sorri com uma cumplicidade


compartilhada pelo MENINO.

ANTÔNIO levanta o MENINO para o alto para que ele possa


avistar melhor as pessoas. O rosto dos dois compartilham
a mesma angústia.

ANTÔNIO gira em círculo para que o MENINO possa ver em


todas as direções.

O olhar do MENINO encontra alguém, acendendo-lhe um


sorriso e apontando o dedo na direção do olhar.

O sorriso do MENINO acende o de ANTÔNIO, que tenta achar


a mulher que o olhar do MENINO já encontrou.

A MÃE aproxima-se aliviada e com passos rápidos para


encontrar o MENINO.

ANTÔNIO entrega o MENINO à MÃE, que o olha com


agradecimento.

MÃE e MENINO, segurando a mão um do outro, partem e se


afastam.

O MENINO vira o rosto e sorri para ANTÔNIO.

ANTÔNIO segura o choro.

36 CHUVEIRO DO BANHEIRO DA RODOVIÁRIA TIETÊ. INTERIOR.DIA.

ANTÔNIO toma banho.

ANTÔNIO passa o sabonete sobre os cabelos encaracolados,


produzindo bastante espuma. Seus olhos se fecham diante
da espuma.

A espuma escorre e se dissolve, mas ANTÔNIO mantém os


olhos fechados, deixando a água escorrer sobre o seu
corpo.
49

37 PLATAFORMA DE ÔNIBUS URBANOS. EXTERIOR. DIA.

O ponto de ônibus está lotado nesse horário.

ANTÔNIO olha os letreiros dos ônibus, pede licença para


olhar o cartaz com o nomes das linhas que passam ali.

ANTÔNIO entra no ônibus que vai para a Praça da Sé.

38 ÔNIBUS. INTERIOR. DIA.

ANTÔNIO está sentado ao lado de MELISSA, loira, magrinha,


trinta anos, usando um uniforme de uma lojinha da
rodoviária.

ANTÔNIO observa os PASSAGEIROS do ônibus, que não lhe


retribuem o olhar.

ANTÔNIO se levanta, posicionando-se na frente do ônibus,


de costas para a catraca.

ANTÔNIO tira uma foto de Miguel da mochila. Os


PASSAGEIROS subitamente se aterrorizam.

ANTÔNIO
Bom dia a todos. Meu nome é
Antônio. Acabo de chegar de
Salvador e preciso de ajuda.

Os PASSAGEIROS se tranquilizam.

ANTÔNIO mostra a foto de Miguel.

ANTÔNIO
Esse menino da foto é Miguel, meu
irmão. Ele fugiu de Salvador e
veio para São Paulo.

Alguns PASSAGEIROS olham ANTÔNIO com comiseração.

ANTÔNIO
Tou mostrando a foto dele porque
achei que... talvez um de vocês
possa ter visto ele por aí.

Alguns PASSAGEIROS meneiam a cabeça negativamente.


ANTÔNIO tenta achar entre os rostos alguém que lhe chame.

MELISSA olha ANTÔNIO com doçura.


50

ANTÔNIO
Não, né? Obrigado mesmo assim!

MELISSA acena para ANTÔNIO, que vai sentar-se ao seu


lado.

MELISSA
Antônio, São Paulo é muito
grande!

ANTÔNIO
Eu sei!

MELISSA
Você já pensou em pedir ajuda. Na
rodoviária tem um posto policial.

ANTÔNIO
Não quero a polícia metida nisso.

MELISSA
Entendi. Como você sabe que ele
veio para São Paulo.

ANTÔNIO
Minha mãe... Ela me contou.

MELISSA
Sua mãe sabia que ele ia fugir?

ANTÔNIO
Mais ou menos isso!

MELISSA
Me mostra a foto dele de novo?

ANTÔNIO entrega a foto a MELISSA, que olha com atenção e


sorri.

MELISSA
Se o Miguel passar lá pela
rodoviária, eu falo que você anda
procurando ele, tá?

ANTÔNIO
Tá, brigado!

MELISSA
E, se você mudar de ideia, me
procura no café da rodoviária que
eu vou no posto policial com
51

você.

ANTÔNIO
Melhor não. Eu já tenho um plano!

MELISSA
Que bom!

MELISSA devolve a foto a ANTÔNIO, que a guarda na


mochila.

39 GRÁFICA. INTERIOR. DIA.

A máquina copiadora replica um cartaz com a foto de


Miguel e a frase: "MIGUEL - DESAPARECIDO - VOCÊ VIU MEU
IRMÃO? - (71) 987-325-413".

40 RUAS DO CENTRO DE SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE.

Ouve-se Otis Redding cantando “Try a little tenderness”.

Em um muro há um cartaz com a foto de Miguel impressa na


gráfica.

Entre ruas muito iluminada e cheias de gente, ANTÔNIO


cola cartazes com a foto de Miguel pelos muros e postes,
despertando a atenção dos que passam.

ANTÔNIO ouve atentamente as considerações de um SENHOR


IDOSO, que observa ele colar a foto.

ANTÔNIO anda pela rua olhando fixamente a tela do


celular.

Em uma rua com pouca luz, ANTÔNIO senta em frente a um


muro com a foto de Miguel e tem uma crise de choro.

41 PRAÇA DOM JOSÉ GASPAR. EXTERIOR. NOITE.

Os bares em volta da praça já fecharam, deixando-a


deserta.

ANTÔNIO, usando a mochila como travesseiro, dorme em um


banco da praça, segurando o celular.

Dois GUARDAS MUNICIPAIS se aproximam e um deles acorda


ANTÔNIO com a ponta de sua bota.
52

GUARDA1
Levanta!

ANTÔNIO acorda e levanta assustado.

GUARDA2
Averiguação!

ANTÔNIO
Han?

GUARDA1
O que tá fazendo aqui a essa
hora?

GUARDA2
Deve ser traficante. Abre a
mochila dele!

GUARDA1 pega a mochila diante de um ANTÔNIO assustado.

ANTÔNIO
Não tem nada aí não, seu guarda!

GUARDA1 entrega a mochila a GUARDA2, que a abre, tirando


as roupas de Antônio e jogando-as no chão. Tira uma
latinha com solução de cola caseira.

GUARDA2
O que é isso aqui?

ANTÔNIO
É cola!

GUARDA1
É traficante! Você tinha razão!

ANTÔNIO
Não, não. É para colar os
cartazes com a foto do meu irmão,
que tá sumido! Pode olhar aí
dentro!

GUARDA2 tira os cartazes com a foto de Miguel de dentro


da mochila e entrega a GUARDA1, que os observa.

GUARDA1
Emporcalhando a cidade, né,
meliante?

GUARDA1 joga fora os cartazes, que, com o vento, se


espalham pela praça.
53

A alguns metros dali, LUCAS, trinta anos, branco, vestido


de um modo informal e elegante, pega um cartaz e o lê.

Ao observar a abordagem dos GUARDAS, LUCAS aproxima-se.

LUCAS
Boa noite, senhores! Aconteceu
algo com o meu primo?

GUARDA1
Esse cara é seu primo?

LUCAS
É sim. Tou ajudando ele a
encontrar o primo que sumiu. É um
menino com problemas mentais.
Vive sumindo de casa!

ANTÔNIO se dá conta do jogo.

ANTÔNIO
Oi primo, tudo bom? Tava
explicando para o senhor guarda.

GUARDA1
Já entendi. Depois passem na
delegacia para fazer um B.O. do
sumiço do moleque.

LUCAS
Pode deixar, seu guarda.

ANTÔNIO e LUCAS se entreolham.

Os GUARDAS saem.

ANTÔNIO e LUCAS recolhem os cartazes espalhados pela


praça.

ANTÔNIO
(rindo e com sotaque bem baiano)
Rapaz, eu nem sabia que eu tinha
um primo em São Paulo.

LUCAS
(puxando o sotaque baiano)
Cê é baiano, rapaz?

ANTÔNIO mostra o braço com a tatuagem do BAHIA.


54

LUCAS
(gritando)
Bora Bahea Minha Porra!

ANTÔNIO sorri para LUCAS.

42 BANHEIRO DE LUCAS. INTERIOR. NOITE.

O banheiro é espaçoso. Cheio de espelhos e fotos branco e


preto de artistas do cinema americano.

ANTÔNIO toma banho.

LUCAS, segurando uma toalha preta, entra sem bater.

ANTÔNIO fica constrangido.

LUCAS
Pode usar essa aqui.

Com naturalidade, LUCAS pega um sabonete novo no armário


do banheiro e o tira da embalagem.

LUCAS abre a porta do box, passa o sabanete no peito de


ANTÔNIO.

O corpo de ANTÔNIO reage defensivamente e pega o sabonete


da mão de LUCAS.

ANTÔNIO
Obrigado!

LUCAS
Você deve estar com fome. Vou
preparar alguma coisa para a
gente comer.

LUCAS sai.

ANTÔNIO fica olhando para o sabonete, que é transparente.

43 SALA DE LUCAS. INTERIOR. NOITE.

A sala é ampla, mas com poucos objetos: uma poltrona, um


sofá, uma mesinha ao lado do sofá e uma estante cheia de
dvds organizados pela cor da lombada do dvd, criando um
assim um efeito de arco-íris.

LUCAS está sentado na poltrona, que fica em frente ao


sofá, segurando no colo uma camisa azul, vermelha e
branca, oficial do Esporte Clube Bahia. Come um
sanduíche. Do lado da poltrona, sobre o assoalho de
55

madeira, há um copo de suco.

Na mesinha ao lado do sofá, há também um sanduíche e um


suco exatamente iguais, ainda intactos.

ANTÔNIO, envergonhado, entra, usando a mesma camiseta com


que estava na praça.

LUCAS sorri e joga a camisa que segura no colo para


ANTÔNIO.

LUCAS
Põe essa daí, vai te trazer
sorte!

ANTÔNIO
Você também torce para o Bahia,
Lucas?

LUCAS
Mas é claro!

ANTÔNIO tira a camisa e coloca a do Bahia.

LUCAS
Me dá a sua. Vou colocar para
lavar!

ANTÔNIO joga a sua camiseta para LUCAS.

ANTÔNIO
O Miguel ia adorar ter uma dessas
assim. Oficial!

LUCAS
Quando você o encontrar, você dá
essa para ele.

ANTÔNIO se emociona e senta no sofá.

LUCAS olha para ANTÔNIO com compaixão e aponta o


sanduíche na mesinha do sofá.

LUCAS
Come aí!

ANTÔNIO segura a emoção, pega o sanduíche e come.

LUCAS põe o resto do seu sanduíche no chão e observa


ANTÔNIO comer.
56

LUCAS
Eu vou te ajudar a encontrar o
Miguel... Tenho uns contatos.

Enquanto mastiga, ANTÔNIO olha esperançoso para LUCAS.

LUCAS olha no relógio.

LUCAS
Tarde pacas! Vamos dormir!

ANTÔNIO termina de comer o sanduíche e olha assustado


para LUCAS.

LUCAS
Minha cama é grande! Cabe nós
dois!

ANTÔNIO
Não, eu durmo aqui no sofá mesmo!

LUCAS pega a camiseta de Antônio e a cheira.

LUCAS
Tem certeza?

ANTÔNIO
Tenho!

LUCAS levanta, tira a manta que cobre a poltrona e a


entrega para ANTÔNIO.

LUCAS
Pode ser que você sinta frio!

44 SALA DE LUCAS. INTERIOR. DIA. PRIMEIRAS HORAS DA MANHÃ.

Um sino de uma igreja próxima soa.

ANTÔNIO, enrolado na manta da poltrona, acorda.

ANTÔNIO olha em direção à varanda e vê que o dia está


bastante nublado.

45 COZINHA DE LUCAS. INTERIOR. DIA.

ANTÔNIO tira um copo de leite do micro-ondas e dissolve


café solúvel nele.

Enquanto bebe o café com leite, ANTÔNIO escreve um


bilhete.
57

46 AVENIDA PAULISTA. EXTERIOR. DIA.

ANTÔNIO entra em um ônibus.

47 ÔNIBUS. INTERIOR. DIA.

Em frente a catraca, ANTÔNIO, usando a camisa do Bahia,


mostra a foto de Miguel para os passageiros.

ANTÔNIO
(71) 987-325-413. Eu peço que
vocês anotem meu telefone e se
virem o Miguel por aí, por favor
me avisem. Ele é de menor e nunca
ficou longe de casa.

MARIA, oitenta anos, negra, sentada no banco dos idosos,


próximo à catraca, observa ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Além disso, eu tenho aqui comigo,
umas fitinhas que vieram
diretamente da Igreja do Bonfim.
Se vocês puderem me ajudar,
comprando uma, eu agradeço.
Poderei assim mandar fazer mais
cartazes para espalhar pela
cidade e vocês, depois de amarrar
a fitinha no pulso, terão três
desejos atendidos pelo Senhor do
Bonfim.

MARIA tira dez reais do bolso e levanta a mão, chamando


por ANTÔNIO.

ANTÔNIO pega o dinheiro e amarra a fitinha no pulso de


MARIA.

MARIA sorri e olha nos olhos de ANTÔNIO.

MARIA
Vou pedir para que você encontre
o Miguel.

ANTÔNIO sorri emocionado e acaricia o rosto de MARIA.

ANTÔNIO
Obrigado, minha linda. Que Oxalá
te proteja sempre, viu!
58

48 VARANDA DO APARTAMENTO DE LUCAS. INTERIOR. NOITE.

O relógio da igreja ao lado marca dez horas.

Encostado ao muro da varanda, ANTÔNIO observa as luzes da


cidade de São Paulo, segurando o celular, cuja tela se
interpõe entre a cidade e o seu olhar.

LUCAS entre e fica ao lado de ANTÔNIO, encostado ao muro


também.

LUCAS
Alguém ligou?

ANTÔNIO meneia a cabeça negativamente.

ANTÔNIO
Fico olhando todas essas luzes e
imaginando.

LUCAS
o quê?

ANTÔNIO
Que o Miguel deve estar em baixo
de uma delas. Só queria saber
qual.

LUCAS
São muitas, mas você vai
encontrá-lo.

ANTÔNIO
Tenho medo de que ele esteja
sofrendo.

LUCAS
Talvez não!

ANTÔNIO
É... Talvez não... Mas eu tou. Eu
podia ter evitado que ele viesse
para cá.

LUCAS
Não, não podia.

ANTÔNIO
Podia sim. Se eu tivesse
entendido Miguel melhor...
59

LUCAS
Como assim?

ANTÔNIO
O Miguel... Ele é assim... Como
você!

LUCAS
Gay?

ANTÔNIO
É... Gay!

LUCAS
Você agrediu ele por causa disso?

ANTÔNIO
(emocionado)
Não, não. Eu quero um bem danado
àquele moleque. É que eu nunca
deixei ele ser do jeito que ele
queria ser... Ficava sempre
negando, negando. Até que deu
nisso!

LUCAS
Olha, Antônio. Sabendo disso pode
até ficar mais fácil de encontrar
Miguel.

ANTÔNIO
É? Porquê?

LUCAS
Eu posso te levar para os lugares
em que os gays costumam ir.

ANTÔNIO
Mas não são muitos?

LUCAS
É. Tem alguns!

ANTÔNIO
Dizem que, em São Paulo, todo o
mundo é gay!

LUCAS dá uma gargalhada.


60

LUCAS
Quem te disse isso?

ANTÔNIO
Ontem, na rua, enquanto eu colava
os cartazes, eu vi um bocado!

LUCAS
Vou te levar a um lugar que tem
mais ainda. Quem sabe você não
encontra Miguel por lá, hein?

49 BOATE GAY DO CENTRO DE SÃO PAULO. INTERIOR. NOITE.

As paredes da boate são pintadas de preto, conferindo um


ar neutro e impessoal ao lugar. Está repleta de gente
dançando, beijando e bebendo. São pessoas de diferentes
idades, etnias e classes sociais. Quase todos são homens.
A pista ocupa quase todo o espaço, mas há um bar nos
fundos e um pequeno altar, onde fica o DJ.

LUCAS e ANTÔNIO entram.

ANTÔNIO
Nunca imaginei!

LUCAS
O quê?

ANTÔNIO
Tanto veado no mundo!

LUCAS dá uma gargalhada e se dirige ao bar. ANTÔNIO lhe


segue.

LUCAS tira uma cédula da carteira e entrega ao BARMAN.

LUCAS
Duas cervejas, por favor!

O BARMAN dá duas cervejas a LUCAS, que entrega uma a


ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Pior que, vendo assim, nem
parece!

LUCAS
Vamos dançar, vamos?
61

ANTÔNIO.
Agora não, daqui a pouco!

LUCAS vai para o centro da pista e começa a dançar. Logo


aproxima-se de TIAGO, um rapaz fisicamente parecido com
Antônio.

ANTÔNIO observa a pista. Ao perceber que LUCAS e TIAGO se


beijam, desvia o olhar.

CACÁ, 35 anos, baixinho, branco, encostado no bar,


observa ANTÔNIO.

CACÁ
Você não é ator?

ANTÔNIO se surpreende com a pergunta e sorri.

ANTÔNIO
Eu, ator? Eu não!

CACÁ olha ANTÔNIO de cima a baixo.

CACÁ
Engraçado. Achei que já tinha te
visto num teste de elenco.

ANTÔNIO
Não era eu, não!

CACÁ
Me confundi, mas você tem um
jeitão assim bacana para atuar,
sabia?

ANTÔNIO sorri lisonjeado.

CACÁ tira um cartão de visitas do bolso e entrega a


ANTÔNIO

CACÁ
Meu nome é Cacá Tocchetto. Me
liga que a gente marca um teste.

ANTÔNIO lê o que está escrito no cartão.

ANTÔNIO
Produtor de elenco, o que é que é
isso?
62

CACÁ
Bem, o produtor de elenco é o
responsável por escolher os
atores que vão participar das
novelas, dos filmes, peças de
teatro...

ANTÔNIO se mostra muito interessado.

ANTÔNIO
Espetáculos de dança também?

CACÁ
Também!

ANTÔNIO tira um cartaz com a foto de Miguel da mochila e


entrega a CACÁ.

ANTÔNIO
Miguel é meu irmão. Ele sumiu de
casa na semana passada.

CACÁ
Sumiu como?

ANTÔNIO
Ele é ligado nessas paradas de
dança, sabe? vai que ele aparece
nesses testes que você faz.

CACÁ olha para o cartaz com atenção.

CACÁ
A carinha dele não me é estranha.

ANTÔNIO
Não? Você acha que viu Miguel em
algum lugar?

CACÁ
(irônico)
Acho que sim!

ANTÔNIO
(apreensivo)
Onde?

CACÁ
Bem debaixo da minha cama! Vamos
lá em casa procurar?
63

ANTÔNIO se descontrola.

ANTÔNIO
Faça isso não, cara. Eu tou muito
nervoso procurando esse moleque.
Dia e noite.

CACÁ
(arrependido)
Desculpe... Eu tava brincando.
Não quis te ofender.

ANTÔNIO
(voltando a si)
Tudo bem, tudo bem!

CACÁ
Que idade ele tem?

ANTÔNIO
Quatorze!

CACÁ
E o que você tá fazendo aqui?

ANTÔNIO
O Lucas, aquele meu amigo ali,
falou que talvez ele estivesse
aqui.

ANTÔNIO vê LUCAS saindo da boate abraçado com TIAGO.

CACÁ
Escuta! Isso aqui é uma boate
gay. Não tem ninguém com catorze
anos aqui.

ANTÔNIO
Não, né?

CACÁ
Não, não tem. Deixe eu te dar uma
dica. Aqui perto tem uma praça, o
Largo do Arouche. A molecada
costuma se reunir lá.

ANTÔNIO
Tá bom. Eu vou lá agora. Quem
sabe, né?
64

CACÁ
Quem sabe?

ANTÔNIO sai.

CACÁ
(chamando)
Ei!

ANTÔNIO se vira e CACÁ lhe mostra o cartaz.

CACÁ
Vou guardar. Se ele aparecer em
alguma audição, eu te aviso, tá?

ANTÔNIO
Tá! Brigado, cara! Brigado mesmo!

50 LARGO DO AROUCHE. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO está sentado num banco perto das bancas de


flores, que, a esta hora, estão fechadas. Ouve-se o som
abafado das baladas ao redor e o caminhão da limpeza
urbana que passa lançando um jato d’água no asfalto.

ANTÔNIO observa as rodinhas de jovens reunidos embaixo


dos holofotes da praça. Conversam em voz alta, riem,
bebem. Um baseado passa de mão e mão. Meninos gays
estilosos fazem imitações exageradas de divas, vogueing.

DULCE, dezoito anos, branca, percebe o olhar de ANTÔNIO.


Ela usa roupas masculinas folgadas, cabelo raspado e
óculos de aro preto e largo. Mantém o olhar em ANTÔNIO
que, então ,disfarça e vira o rosto.

DULCE termina sua cerveja num gole. CÍNTIA, loira, alta,


dezesseis anos, amiga de DULCE, imita o gesto.

DULCE
Quer me dar?

CÍNTIA dá a latinha para DULCE, que a sacode, dá um


último gole, e então cruza a praça na direção de ANTÔNIO.
O movimento surpreende ANTÔNIO, que abaixa a cabeça.
DULCE faz um desvio e vai até uma lata de lixo ao lado do
banco de ANTÔNIO. Joga uma latinha no chão, amassa com o
pé, joga no lixo.
65

DULCE
Ou. que que foi?

DULCE joga a segunda latinha no chão. Amassa.

ANTÔNIO está surpreso. DULCE não olha para ele.

ANTÔNIO
... eu?

DULCE
É! eu te vi olhando.

ANTÔNIO
(envergonhado)
N’era nada não...

DULCE joga a latinha no lixo e encara ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Ó moça, você me desculpa, é que
eu achei que você fosse rapaz.

A pose ameaçadora de DULCE se desmonta. Ela dá risada. A


postura agora é relaxada, malandra.

DULCE
Ah de boa, acontece sempre.

DULCE faz que vai embora, vira o corpo devagar.

ANTÔNIO vira o rosto - fim de papo. Mas DULCE muda de


ideia.

DULCE
Ficou decepcionado, né. Posso
apresentar meu amigo ali se
quiser...

ANTÔNIO
Não, pelo contrário! Eu tava numa
festa lá... sei lá, parece que
faz anos que não vejo uma
mulher! ... quer dizer, não
que...

DULCE ri de novo.

DULCE
Saquei... É, por isso que eu por
exemplo gosto de tudo. Menino,
menina...
66

DULCE tira um maço do bolso da bermuda, oferece um


cigarro para ANTÔNIO, que não aceita.

DULCE pega um para si, acende e dá um trago.

Ficam em silêncio observando o grupo de amigos de DULCE


do outro lado. Além de CÍNTIA, que finge prestar atenção
na conversa do grupo, mas lança olhares o tempo todo para
DULCE, há QUATRO MENINOS entre 16 e 18 anos: dois mais
calados; os outros dois discutem em tom de brincadeira,
gesticulam, gargalham.

DULCE balança a cabeça, achando graça dos amigos.

ANTÔNIO
Sua turma ali... Figuras!

DULCE
São mesmo, mas cansa, viu? Os
dois palhaços ali, moro com eles
e ainda mais outros três que são
pior ainda... dá trabalho!

ANTÔNIO
É tipo, tipo por aqui que vocês
moram?

DULCE
Mais ou menos. Na luz, sabe?

ANTÔNIO
Sei não. quer dizer... sei mas
não sei.

DULCE
Cê não é daqui não, né?

ANTÔNIO
Não, de Salvador.

DULCE
Massa! nunca fui... faz tempo que
você tá em São Paulo?

ANTÔNIO
Nada! cheguei faz nem dois dias.

DULCE
E aí, tá gostando?
67

ANTÔNIO
... é grande, né?

DULCE
É, mas não sei, - com o tempo a
gente começa a fazer ficar
pequeno. Essa coisa de fazer rolê
sempre na mesma região, com os
mesmos cara... Já que é tudo
longe, né? tipo... eu cresci lá
na zona norte, sabe? Santana.
casa da minha mãe ainda é lá. mas
agora que eu tô pelo centro é
tipo - mudei de cidade.

ANTÔNIO
É muito diferente, Zona Norte?

DULCE
Tipo a cara das coisas? Até que
não. Tem uns lugares que tem mais
verde, isso tem. ... É mais
assim, as pessoas. Santana é meio
interior... Santana é cidade da
minha mãe, aqui é minha.

DULCE oferece de novo um cigarro para ANTÔNIO, que dessa


vez aceita. Ela acende o cigarro para ele. ANTÔNIO dá um
trago, olha para cima, o topo dos prédios ao redor.

ANTÔNIO
Minha mãe jamais podia morar
aqui. ela gosta demais de mar.

DULCE
É? Ela é de Salvador também?

ANTÔNIO
Não, do interior da Bahia, mas
foi cedo pra capital fugida dos
pais. Minha vó ficou doidinha...

DULCE
Sei. E agora é a vez de sua mãe
ficar doidinha por você estar
aqui em São Paulo.
68

ANTÔNIO
Ih! nada, tá não!... também se
tiver...

ANTÔNIO faz gesto de que está pouco se lixando.

DULCE
Minha mãe liga todo santo dia pra
saber se eu fui pra faculdade.

ANTÔNIO
E você vai?

DULCE dá de ombros, faz uma careta entediada.

DULCE
É lá em Interlagos...

DULCE dá a última tragada no cigarro, joga a bituca no


chão.

DULCE
É osso, mãe é assim. Fica
preocupada. Enche o saco, mas é
carência. Elas sentem falta,
fazer o quê?

ANTÔNIO
Isso que você falou pra mim era
mais minha avó. Mainha só veio
depois. Eu já era grandinho.
Mesmo depois, ela nunca ligou
muito, não. Meu irmão... Meu
irmão mais novo, Miguel, também
só fui conhecer depois. Um dia,
mainha apareceu lá em casa de
minha avó. Achei que vinha me
buscar, mas queria era deixar
Miguel com minha avó.

DULCE
E deixou?

ANTÔNIO sorri.

ANTÔNIO
Não que minha avó não aceitou!
(risos) Daí minha mãe disse que
então ia voltar com nós dois
69

juntos pra Salvador. Ia me botar


pra trabalhar ... E o Miguel - o
Miguel que era bebê ela disse que
ia jogar no mar!

DULCE
Caralho!

DULCE está impressionada - o jeito moleque malandro se


desfaz por uns segundos. Então ela dá um sorriso de lado,
retomando a pose.

DULCE
Mas não jogou, né?

ANTÔNIO
Jogou não! Mas...

CÍNTIA
(off, gritando de longe)
Dulce!

DULCE
(alto para Cintia)
Oi!

CÍNTIA, do outro lado do largo, faz gesto para que DULCE


venha ao encontro do grupo.

CÍNTIA
(alto)
Tamo indo!

AMIGO #1
(alto)
Vem, Dulcinha!

ANTÔNIO
Vai lá.

DULCE hesita um pouco.

DULCE
(alto para os amigos)
Tô indo!

Antônio sorri para DULCE.


70

DULCE
(para Antônio)
Cê... qual é teu nome mesmo?

ANTÔNIO
Antônio.

DULCE
Antônio. Cê tá sozinho?

ANTÔNIO
É... Tava com um amigo lá na
boate, mas...

DULCE
Então, a gente vai tomar uma
saideira aqui perto, não quer
vir?

ANTÔNIO
Obrigado, moça, mas...

DULCE
É Dulce.

ANTÔNIO
Dulce. então, acho melhor esperar
aqui, tô dormindo no sofá do
cara, sabe como é...

DULCE
É aqui do lado, tem nada não,
mano!

ANTÔNIO
Então, valeu mesmo, mas...

CÍNTIA
(off, alto)
Dul-ce!!!

DULCE
Tô indo, porra!

CÍNTIA olha para ela apreensiva.

O grupo já está indo embora.

AMIGO#1 puxa CÍNTIA pelo braço.


71

AMIGO#1
Vamo, gata, ela sabe ir sozinha.
(alto para Dulce) Dulcinha, olha
lá, vê se não faz besteira, hein!

DULCE dá de ombros, irritada, faz um gesto para AMIGO#1


ficar quieto. CÍNTIA ainda a olha, agora com raiva, então
se deixa levar embora, dando as costas para DULCE.

DULCE
(para Antônio)
Vou lá, senão... Mulher é bom,
mas tem dessas...

ANTÔNIO
Tá beleza, vai lá.

DULCE
Certeza que não quer ir? os caras
são massa.

ANTÔNIO
Tenho. obrigado pelo papo, Dulce.

DULCE
De nada, Antônio. Boa sorte aqui
em São Paulo.

DULCE dá um tapinha no ombro de ANTÔNIO e sai andando sem


pressa em direção aos amigos, que agora já estão quase
virando a esquina.

ANTÔNIO a observa, sorrindo. Então de repente tem um


estalo, abre a mochila e se levanta do banco num salto.

ANTÔNIO
Dulce! Dulce!

DULCE se vira.

ANTÔNIO dá uma corridinha ao encontro dela.

ANTÔNIO
(tirando um papel do bolso)
Desculpa te atrasar aí, é que...
72

DULCE
Tá de boa!

ANTÔNIO
Sabe... é que sabe meu irmão que
tava te falando?

DULCE
Sei. Miguel, né?

ANTÔNIO abre um sorriso, surpreso que DULCE tenha


lembrado o nome do irmão.

ANTÔNIO
É, é! Miguel, meu irmão. Olha!

ANTÔNIO desdobra o papel que tirou do bolso e mostra


para DULCE o cartaz com a foto de Miguel.

ANTÔNIO
Mainha não jogou ele no mar não,
mas deixou trazerem ele pra São
Paulo, sozinho. Eu tou aqui atrás
dele. Eu pensei... Eu tava
olhando, aquela hora eu tava
olhando porque... ele é... tipo
seus amigos, sabe? Eu... Eu tô
assim...desesperado! Olha aqui a
foto, será que você não viu ele
por aí?

DULCE
Poxa, Antônio...

DULCE pega o cartaz e o leva bem perto do rosto.

DULCE
Eu não... peraí que tá difícil
de...

ANTÔNIO
A impressão não tá boa, não, era
caro de fazer...

DULCE
Não é isso, não, peraí...

DULCE vai para um ponto mais iluminado, debaixo de um dos


holofotes do largo. ANTÔNIO a segue e observa, aflito,
73

enquanto DULCE inspeciona a foto atentamente.

DULCE
Olha, Antônio, eu...

ANTÔNIO
(apontando para a foto)
Tá vendo aqui, ó? O cabelo tá um
pouco diferente, mais comprido um
pouco, mas é assim bem
enroladinho, e essa camiseta aí
ele sempre usa, mas não sei se
trouxe, e aí na foto ainda não
tinha, mas ele tem uma tatuagem
assim, ó, é igual a...

DULCE
Calma. olha. eu não sei... eu não
quero falar e daí...

ANTÔNIO
O quê?

DULCE
... e daí não ser, mas eu.. eu
acho que já vi um menino bem
parecido lá no Genet.

ANTÔNIO
O Miguel?!

DULCE
Eu não sei! eu não sei se é ele,
mas é bem parecido, acho que
trombei ele umas duas vezes...
que horas são agora?

ANTÔNIO, estabanado, tira o celular do bolso e vê a hora.

ANTÔNIO
Quatro e dezessete.

DULCE
Acho que tá aberto ainda, o
Genet. Você quer que eu te leve
lá?
74

51 CLUBE GENET. INTERIOR. NOITE.

Localizado num velho porão do Centro de São Paulo, o


Genet é um clube deliberadamente inspirado no bar do
filme "Querelle", de Rainer Werner Fassbinder. Suas
paredes vermelhas são cheias de espelhos e os ambientes
separados por vidros jateados. A luz amarela proveniente
de diversas luminárias em formato de castiçais confere
uma atmosfera alaranjada ao lugar e um tom de pele
amarelado às pessoas que o frequentam.

De um lado, há um bar mal iluminado e de outro um pequeno


palco com um pianista e um telão no fundo exibindo
clássicos do cinema mudo.

O clube é frequentado por toda a sorte de pessoas:


artistas, modernos, gays, lésbicas, drags e travestis
dos mais variados estilos, conferindo uma atmosfera
peculiar ao lugar.

Os frequentadores agem de uma maneira afetada, com gestos


largos e olhares de soslaio, como se estivessem atuando.

Na pista de dança, entre alguns casais, JULIETTE e VANDER


se destacam dançando com leveza e elegância.

ANTÔNIO entra conduzido por DULCE, passam por JULIETTE e


VANDER, mas ANTÔNIO não os reconhece.

Vestindo preto, sobe ao palco, BRIGITTE, loura, sexy,


cerca de sessenta anos,descendente de alemães.

BRIGITTE canta "Das Lied von der Unzulänglichkeit des


menschlichen Strebens" (Balada da inutilidade do esforço
humano), de Brecht e Weill.

ANTÔNIO, ansioso, olha para todos os lados, procurando


identificar o rosto de Miguel. A naturalidade dos seus
gestos e do seu caminhar destoa da lógica do lugar.

DULCE aponta para um JOVEM, que está de costas para eles,


conversando com outros jovens. ANTÔNIO chega mais perto
do JOVEM. Então vira-se para DULCE com um olhar
decepcionado.

52 RUAS DO CENTRO DE SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO e DULCE andam de mãos dadas pela calçada de uma


avenida. A esta hora algumas lojas começam a abrir.

Eles viram a esquina para uma rua menor. Andam em


75

silêncio. ANTÔNIO aponta para a esquina do lado oposto.

ANTÔNIO
É virando ali.

ANTÔNIO e DULCE atravessam a rua e seguem em silêncio


pela calçada.

Quando chegam quase na esquina, na frente de um muro todo


pichado de uma casa abandonada, ANTÔNIO para.

ANTÔNIO observa um cartaz adulterado com a foto de


Miguel. Alguém desenhara cílios enormes, sombra no olho,
peitos, cabelos compridos e uma bocona vermelha feita com
batom, conferindo a Miguel uma aparência explicitamente
feminina.

ANTÔNIO tem os olhos marejados. DULCE põe a mão no ombro


dele, consolando-o.

DULCE vai até o muro e arranca o cartaz adulterado. Tira


do bolso da bermuda um papel dobrado - o cartaz com a
foto de Miguel que ANTÔNIO lhe mostrara mais cedo. Tenta
prendê-lo no muro. A cola usada para prender o cartaz
adulterado está quase seca. O novo cartaz fica colado de
maneira pouco confiável.

ANTÔNIO lhe agradece com um beijo na bochecha.

ANTÔNIO se afasta, dobrando a esquina.

DULCE fica parada junto ao cartaz, as pontas já começando


a se soltar novamente.

53 RUAS DO CENTRO DE SÃO PAULO. EXTERIOR. DIA.

Final de tarde. ANTÔNIO vaga pela rua, olhando o celular,


decepcionado por não encontrar mensagem alguma.

ANTÔNIO para na entrada de um boteco, observa o movimento


e entra.

54 BOTECO DO OLIVEIRA. INTERIOR. DIA.

É um boteco bem simples, um balcão, atrás do qual está


OLIVEIRA, moreno, bigode, cinquenta anos, bonachão.

Do outro lado do balcão, há bancos altos e três mesas de


plástico. Somente uma delas está ocupada por DOIS HOMENS
JOVENS.

ANTÔNIO senta em um dos bancos do balcão.


76

ANTÔNIO
Boa tarde, O senhor pode me dá um
copo de água?

OLIVEIRA enche um copo e o coloca sobre o balcão.

ANTÔNIO
Obrigado!

ANTÔNIO bebe a água.

ANTÔNIO
Quanto é a coxinha, hein?

OLIVEIRA
Três e cinquenta!

ANTÔNIO tira umas moedas da mochila e as conta.

ANTÔNIO
E o quibe?

OLIVEIRA
Três e cinquenta também!

ANTÔNIO
Ah!

OLIVEIRA
Quanto você tem aí?

ANTÔNIO
Três e dez!

OLIVEIRA
Me dá aqui, tou precisando de
moeda!

ANTÔNIO entrega as moedas a OLIVEIRA, que vai guardá-las


na caixa registradora.

OLIVEIRA
Quibe ou coxinha?

ANTÔNIO se mostra indeciso.

OLIVEIRA põe um quibe e uma coxinha no prato e os entrega


a ANTÔNIO.

ANTÔNIO sorri agradecido e come o quibe e tira o


carregador de celular da mochila.
77

ANTÔNIO
O senhor tem uma tomada aí?

OLIVEIRA sorri da cara de pau de ANTÔNIO.

OLIVEIRA
Essa daqui eu tou usando. Me dá
aí que vou botar na da cozinha.

ANTÔNIO entrega o celular e o carregador para OLIVEIRA,


que sai.

ANTÔNIO põe catchup no quibe, termina de comê-lo e começa


a comer a coxinha.

STAN, trinta e cinco anos, alto, branco, olhos claros,


com jeito de gringo, entra no bar, observa os DOIS HOMENS
JOVENS na mesa e se senta na mesa vizinha.

ANTÔNIO levanta a vai até STAN, agindo como se fosse um


garçom.

ANTÔNIO
(com sotaque baiano)
A beer?

STAN
Yes. A beer, please!

ANTÔNIO vai até o refrigerador e pega uma cerveja.

ANTÔNIO pega o copo em que tomou água no balcão e serve a


cerveja a STAN.

OLIVEIRA volta da cozinha e observa a desenvoltura de


ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Anything to eat, sir?

STAN
No, thanks. Just a beer!

ANTÔNIO, orgulhoso de si mesmo, sorri para OLIVEIRA.

55 RECEPÇÃO DO CENTRO DE ACOLHIMENTO. INTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO está sentado de frente a uma ASSISTENTE SOCIAL.


Entre eles há uma mesa de escritório.

ANTÔNIO não consegue olhar diretamente para a ASSISTENTE


SOCIAL. Desvia constantemente o olhar para a superfície
78

da mesa e mexendo nos objetos sobre ela.

ANTÔNIO
Ela pediu que eu fosse embora.
Que não queria um ... veado...
morando na casa dela. Foi isso!

ASSISTENTE SOCIAL
(off)
Ela sempre soube da sua
orientação sexual?

ANTÔNIO
Orientação sexual?

ASSISTENTE SOCIAL
(off)
É...Se você se sentia atração
física por outros homens.

ANTÔNIO
Sim. Ela nunca falou nada, mas
acho que ela sabe desde que eu
nasci. Tanto que queria me dar
para minha avô me criar, mas a
minha avô não quis.

ANTÔNIO sorri embaraçado.

ANTÔNIO
Ela falou até que me jogaria no
mar, mas não teve coragem.

ASSISTENTE SOCIAL
E por que só agora ela te
expulsou de casa?

ANTÔNIO
Acho que foi por ciúme do
namorado dela, que dá em cima de
mim.

ASSISTENTE SOCIAL
Você tentou procurar sua mãe
depois da briga?

ANTÔNIO
Ela tá em Salvador.
79

ASSISTENTE SOCIAL
E por que ela foi para lá?

ANTÔNIO
Não foi ela que foi prá lá. Eu
que vim pra cá.

ASSISTENTE SOCIAL
Veio sozinho pra São Paulo?

ANTÔNIO
Eu tinha uma chance de emprego,
mas acabou não dando certo.

ASSISTENTE SOCIAL
Nós vamos te ajudar a procurar
outro.

ANTÔNIO
Obrigado. Posso te pedir mais uma
coisa

ASSISTENTE SOCIAL
Claro!

ANTÔNIO
Eu sei que aqui vocês tem uns
quartos especiais.

ASSISTENTE SOCIAL
Para a comunidade LGBTT. Você
preferia ficar em um deles?

ANTÔNIO
Sim, eu vou me sentir mais
seguro.

56 QUARTO LGBTT DO CENTRO DE ACOLHIMENTO. INTERIOR. NOITE.

A luz está acesa. No quarto há cerca de vinte beliches


organizados paralelamente, com lençóis de listras
coloridas. Na parede dos fundos, há um armário com várias
portas trancadas com cadeado e na parede da frente, uma
janela aberta que dá para a rua.

Há uma diversidade de pessoas: a maioria são travestis e


transexuais, mas há também gays velhos, jovens, negros,
brancos.

ANTÔNIO passeia entre os beliches, mostrando a foto de


Miguel. Os abrigados parecem interessados e comovidos,
80

mas ninguém reconhece Miguel.

57 QUARTO LGBTT DO CENTRO DE ACOLHIMENTO. INTERIOR. NOITE.

A luz está apagada. Deitado na cama de cima de um


beliche, ANTÔNIO não consegue dormir.

ANTÔNIO levanta e caminha entre os beliches, observando


os que dormem. O silêncio é quebrado por um ou outro que
eventualmente ronca.

Um TRAVESTI JOVEM, deitado na parte de baixo de um dos


beliches, olha ANTÔNIO passar.

ANTÔNIO sorri e lhe acena com a mão. O TRAVESTI JOVEM lhe


sorri de volta.

ANTÔNIO caminha até a janela e passa a observar a rua e o


céu.

GASPAR, sessenta anos, aparentando mais idade, branco,


baixinho, vestindo um pijama muitos números acima do seu,
aproxima-se e se apóia no parapeito da janela.

GASPAR
A gente vem para cá para dormir e
depois não consegue.

ANTÔNIO
Muita coisa na cabeça. Não deixa
espaço para o sono entrar.

GASPAR
Eu quase nunca consigo dormir
nesse lugar. Prefiro até dormir
na rua.

ANTÔNIO
E por que é que vem então?

GASPAR
Sei lá! Às vezes acho que é por
medo de ficar lá fora. Às vezes
acho que é porque aqui a gente
tem alguém pra conversar. Como
você chama?

ANTÔNIO
Miguel, meu nome é Miguel. E o
seu?
81

GASPAR
Gaspar.

ANTÔNIO
Gaspar?

GASPAR
Nome de fantasma, né?

ANTÔNIO acha graça.

ANTÔNIO
Gasparzinho!

GASPAR
O fantasma camarada! Às vezes
acho que já morri e esqueceram de
me avisar.

ANTÔNIO
Oxe, por que esse pensamento?

GASPAR
É que as pessoas passam pela
nossa vida vão sumindo, vão
morrendo. E a gente some e morre
com elas também... E aí nem se dá
conta de que se está morto.

ANTÔNIO
Deixe eu ver!

ANTÔNIO toca o ombro de GASPAR.

ANTÔNIO
Tá morto não! Tá vivinho, ó?

GASPAR percebe a tatuagem no antebraço de ANTÔNIO.

GASPAR
Essa tatuagem é do quê?

ANTÔNIO
É do Bahia, meu time do coração!

GASPAR acha graça.

GASPAR
No meu tempo, veado não gostava
de futebol não.
82

ANTÔNIO
Eu gosto muito. Meu irmão também!

GASPAR segura o braço de ANTÔNIO e fica observando a


tatuagem. Depois, passa a mão sobre a palma de ANTÔNIO e
observa as linhas da mão.

ANTÔNIO
Você sabe ler mão?

GASPAR
Um pouco!

ANTÔNIO
E o que é que diz aí?

GASPAR
Diz que você é persistente e que
não desiste de nada!

ANTÔNIO
Desisto mesmo não!

GASPAR
Foi um cigano que me ensinou a
ler mão. Era tão lindo. Um olhar
assim, sabe? Um dia ele me disse
que eu iria morrer em noite sem
estrela.

ANTÔNIO olha para o céu.

ANTÔNIO
Então não vai ser hoje!

GASPAR olha para o céu.

GASPAR
É. Tem uma ali, ó?

ANTÔNIO
E outra lá atrás!

GASPAR
Melhor ainda. Assim garante!

ANTÔNIO
Pena que uma tá tão longe da
outra! Parece até que sou eu e
meu irmão.
83

GASPAR
Onde ele tá?

ANTÔNIO
Em Salvador, mas já deve ter
chegado aqui e está me
procurando!

GASPAR
Tá nada! Eu também tinha essa
certeza quando vim pra São Paulo.
De que vinham me buscar e me
levar de volta pra casa. Mas
depois vi que não era certeza...
Era só vontade.

Os olhos de ANTÔNIO ficam mareados.

ANTÔNIO
O Antônio é diferente. Você
precisa ver como ele é? Ele gosta
muito de mim. Muito mesmo! Não
vai me deixar sozinho aqui. Ele
vai me encontrar. Vai sim!

58 CINEMA DO CENTRO DE SÃO PAULO. INTERIOR. DIA.

A sala é razoavelmente grande. Cerca de um quinto dos


lugares estão ocupados. A entrada da sala é pela frente,
próximo à tela.

Na tela, em que passa "O que se move", de Caetano


Gotardo, Cida Moreira canta a dor da morte do filho.

ANTÔNIO entra e, iluminado pela proximidade da tela, olha


maravilhado para o canto que ouve.

CAROL, travesti, 20 anos, sem maquiagem, vestida com uma


jeans e camiseta está sentada no fundo.

Quando a música termina, ANTÔNIO se vira em direção ao


fundo da sala e vaia até CAROL, que lhe acena.

ANTÔNIO senta ao lado de CAROL.

CAROL
Antônio?

ANTÔNIO
Sim, sou eu.
84

CAROL
Desculpe ter marcado com você
aqui, mas é que não quero que me
vejam.

ANTÔNIO
Tudo bem. Só me diz onde que o
Miguel está e eu vou atrás.

CAROL
Ele não tá mais em São Paulo.

ANTÔNIO
Como assim? Tá onde?

CAROL
Ele fugiu com o namorado da
Juliette?

ANTÔNIO
Juliette? Que Juliette?

CAROL
Juliette foi quem trouxe o Miguel
pra cá, mas ele e o Vander se
apaixonaram e tiveram que fugir.

ANTÔNIO
Que história é essa? Miguel é um
menino.

CAROL
Olha, o que ele é eu não sei, mas
o que eu sei é eles fugiram pra
que a Juliette não acabasse com
os dois. Miguel tava correndo
muito risco. Muito mesmo!

ANTÔNIO
Para onde foram?

CAROL
Voltaram pra Salvador!

ANTÔNIO
Pra Salvador? E porque o Miguel
não me avisou?

CAROL
Isso eu já não sei, mas se você
quiser encontrar o Miguel, é
85

melhor você voltar.

ANTÔNIO
Eu mando recado pro celular dele
todos os dias e ele nunca
responde.

CAROL
Não vai responder mesmo, porque a
Juliette tomou o celular dele
quando chegou. Você tem dinheiro
pra voltar?

ANTÔNIO
Eu arrumo. Volto ainda hoje!

59 SAGUÃO DA RODOVIÁRIA TIETÊ. INTERIOR DIA.

ANTÔNIO, com uma mochila nas costas, e DULCE, caminham


pelo saguão das bilheterias.

DULCE
Você não acha melhor ligar pra
sua mãe ou pra algum amigo dele
lá de Salvador? Alguém com que
ele pudesse ter falado quando
voltou?

ANTÔNIO
Miguel não tem amigos. E minha
mãe ele não quer ver nem pintada
de azul, vermelho e branco.

DULCE
Você tá sendo precipitado!

ANTÔNIO
Precipitado? O Miguel tá correndo
perigo andando com aquele filha
da puta.

DULCE
Você quer que eu vá com você?

ANTÔNIO
Tá louca, Dulce? Assim que eu
chegar te mando uma mensagem e aí
a gente vê o que faz!
86

DULCE
Tá certo! Mas antes manda uma
mensagem pra Miguel dizendo que
você tá voltando!

ANTÔNIO tira o celular do bolso e começa a enviar


mensagem. Repensa e para.

ANTÔNIO
Peraí. Não adianta mandar
mensagem. A Juliette pegou o
celular do Miguel. Por isso ele
nunca me respondeu.

DULCE
Eu sei, mas manda mesmo assim!

ANTÔNIO
Pra quê?

DULCE
Manda!

ANTÔNIO
Mas se o celular estiver com a
Juliette, ela vai ficar sabendo
que o Miguel tá em Salvador.

DULCE
Então fala só que você desistiu
de procurar por ele e vai voltar
pra Salvador.

Olhando intrigado para DULCE, ANTÔNIO pega seu celular e


digita uma mensagem.

ANTÔNIO
Pronto, mandei!

DULCE
Espera um pouco pra ver se ele
responde.

ANTÔNIO
O celular tá com Juliete. Claro
que ela não vai...

O celular emite um sinal de chegada de mensagem e ANTÔNIO


lê a mensagem.
87

ANTÔNIO
Ele respondei... Peraí... Tá
falando que tá sim em Salvador e
para eu avisar quando chegar para
nos vermos.

DULCE
Responde que você chega na quarta
de manhã.

ANTÔNIO
Mas eu nem comprei a passagem.
Nem sei que horas o ônibus chega
em Salvador.

DULCE
Responde, Antônio!

ANTÔNIO olha desolado para DULCE.

ANTÔNIO
Você acha que...

DULCE
Acho!

ANTÔNIO
Mas ele poderia ter comprado
outro celular.

DULCE
Poderia, mas agora você vai
responder que chega na quarta e a
gente vai voltar pra casa.

ANTÔNIO chora e abraça DULCE.

ANTÔNIO
E se ele estiver em Salvador...

60 TERREIRO DE CANDOMBLÉ. INTERIOR. NOITE.

MÃE LUISA, negra, cerca de 70 anos, joga os búzios para


ANTÔNIO, que veste branco e azul.

ANTÔNIO está apreensivo diante do silêncio de MÃE LUISA.

MÃE LUISA
Vocês estão perto um do outro.
Seu caminho vai cruzar com o
dele, mas nem você nem ele estão
88

prontos ainda, meu filho.

ANTÔNIO
E como eu faço pra ficar pronto,
Mãe? Não aguento mais ficar longe
de meu irmão.

MÃE LUISA
Tenha paciência, Antônio. Você é
filho de Ogum e Ele vai mandar a
lua iluminar os caminhos que te
levam a Miguel. Qual o Santo de
seu irmão?

ANTÔNIO
Não sei!

MÃE LUISA joga os búzios novamente e sorri para ANTÔNIO.

ANTÔNIO
Pede pra Ogum me ajudar Mãe,
pede!

MÃE LUISA olha com ternura para ANTÔNIO.

61 TERREIRO DE CANDOMBLÉ. EXTERIOR. NOITE.

A varanda do terreiro é cercada de muitas plantas,


iluminadas pela luz da lua cheia.

O céu não tem nuvens, mas um vento forte sopra.

ANTÔNIO está de pé, com os olhos fechados.

MÃE LUIZA se aproxima e dá um banho de folhas em ANTÔNIO.

62 BOTECO DE OLIVEIRA. INTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO agora usa uma barba rala e um brinco na orelha.


Trabalha como garçom no boteco de Oliveira, agora bem
mais cheio.

ANTÔNIO não para de servir bebidas e petiscos nas mesas,


sempre mantendo o bom humor.

OLIVEIRA observa orgulhoso o sucesso do boteco.

DULCE aparece na porta.

ANTÔNIO faz um sinal para que DULCE aguarde um pouco.

DULCE aponta o relógio, indicando que estão atrasados.


89

Outro GARÇOM chega para render o turno de ANTÔNIO.

ANTÔNIO tira o avental que usa e o atira para OLIVEIRA,


que o segura e sorri.

A noite está linda. Tem lua cheia e até algumas parcas


estrelas no céu.

63 CLUBE GENET. INTERIOR. NOITE.

No palco, COSETTE MISERABLE, negro, vinte e dois anos,


barba e bigode, usando um vestido estampado e com
babados, canta "Melodia Sentimental" com uma voz
masculina grave e gestos exagerados de diva.

COSETTE MISERABLE
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm o espaço profundo

64 LARGO DO AROUCHE. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO e DULCE andam pelo largo.

COSETTE MISERABLE
(over)
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor.

DULCE tem pressa, mas ANTÔNIO para para observar a lua


que se apresenta sobre o largo.

ANTÔNIO pede para que DULCE observe. Ela olha rapidamente


para a lua e o apressa.

ANTÔNIO mantém o passo lento e DULCE desiste de apressá-


lo.

ANTÔNIO para os PEDESTRES e lhes aponta a lua.


90

Os PEDESTRES param e olham para o céu sorrindo.

65 CLUBE GENET. INTERIOR. NOITE.

COSETTE MISERABLE
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir seu amor é sonhar.

O clube está bem cheio. DULCE, ANTÔNIO e os demais


ocupantes aplaudem, mas COSETTE MISERABLE, olha para os
lados indiferente aos aplausos, como se tivesse cantado
só para si. Sai do palco.

BRIGITTE sobe ao palco.

BRIGITTE
(em um tom solene)
Esta foi Cosette Miserable, jovem
estrela revelada aqui no Clube
Genet, cantando Melodia
Sentimental, de Heitor Villa
Lobos. E agora vocês vão escutar
a voz do belo Antônio, jovem
rapaz que mescla gestos rudes e
delicados, o que lhe confere um
charme muito peculiar. Ele
cantará uma canção típica de sua
longínqua região. Antônio, por
favor...

ANTÔNIO está envergonhado.

DULCE lhe dá um copo de cachaça,que ANTÔNIO bebe de um


único gole.

ANTÔNIO sobe ao palco. Olha para DULCE, que lhe sorri.

O telão atrás do palco exibe as imagens de "O Funk de


Yemanjá", vídeo gravado por Miguel na laje.

ANTÔNIO
Esse menino aí do vídeo é o meu
irmão... O nome dele é Miguel...
Faz tempo que a gente não se
vê... Se vocês virem ele por aí,
avisem que Antônio tá sentindo
muita falta dele.

O piano começa a tocar as primeiras notas de uma versão


91

acústica de Beija-flor, clássico do carnaval baiano.

ANTÔNIO
Como é doce o beijo quando vem da
sua boca
Da uma vontade de levar você
comigo
Eu fui embora, meu amor chorou
Eu fui embora, meu amor chorou
Eu fui embora, meu amor chorou
Eu fui embora, meu amor chorou
Vou voltar
Eu vou nas asas de um passarinho
Eu vou nos beijos de um beija-
flor.
Eu vou nas asas de um passarinho
Eu vou nos beijos de um beija-
flor.

Os ocupantes não prestam muita atenção na apresentação de


ANTÔNIO.

Pela porta de entrada no fundo do clube, MIGUEL,


travestido, entra irreconhecível. Tem uma maquiagem
pesada e veste um short e uma blusinha apertados,
revelando a silhueta feminina do seu corpo.

Por alguns instantes, MIGUEL conversa animadamente com


CAROL, travesti também, e não percebe a presença de
ANTÔNIO no palco.

ANTÔNIO não reconhece MIGUEL e continua a cantar.

ANTÔNIO
No tic tic tac do meu coração,
renascerá
No tic tic tac do meu coração,
renascerá
Timbalada é semente de um novo
dia
Nordeste sofrimento povo lutador
Entre mares e montanhas com você
eu vou.

MIGUEL vê ANTÔNIO cantando e seus olhos lacrimejam,


borrando a maquiagem.

Mesmo de longe, ANTÔNIO cruza o olhar com os olhos


mareados de MIGUEL.

ANTÔNIO para de cantar e só fala os versos da música.


92

ANTÔNIO
Amor, é só me chamar que eu vou
Só me chamar
Me chama que eu vou.

ANTÔNIO desce do palco e vai na direção de MIGUEL.

DULCE percebe que algo estranho aconteceu.

MIGUEL sai correndo pela porta de entrada e ANTÔNIO vai


atrás.

66 RUAS DO CENTRO DE SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO corre por muitas ruas sem direção definida. Sua


sensação de desespero e angústia cresce gradualmente.

67 ESQUINA DA AMARAL GURGEL. EXTERIOR. NOITE.

Ao dobrar a esquina, ANTÔNIO vê MIGUEL fazer ponto na


outra esquina, onde há um motel.

Junto a MIGUEL, está CAROL e mais três travestis, SULA,


CRISTAL e GREICE. Todas bem jovens.

Abalado com o que vê, ANTÔNIO abaixa a cabeça e fica


parado.

Um carro aparece e estaciona em frente ao motel.

ANTÔNIO ergue a cabeça e observa.

SULA aproxima-se do carro, conversa com o MOTORISTA e


entra no carro.

Um outro carro passa devagar, mas não para.

ANTÔNIO atravessa a rua em direção a MIGUEL.

MIGUEL procura demonstrar uma falsa calma quando percebe


que ANTÔNIO se aproxima.

A chegada de ANTÔNIO faz com que MIGUEL, envergonhado,


desvie o olhar.

ANTÔNIO
Oi.

MIGUEL engole um seco e continua a não encarar ANTÔNIO.


93

MIGUEL
Oi.

ANTÔNIO
Vamos ali no bar da esquina
conversar um pouco. Não quero
atrapalhar o trabalho das
meninas.

MIGUEL
Eu também tou trabalhando.ANTÔNIO
Miguel, faz cinco meses que eu
não passo um dia sem te procurar.

MIGUEL vira o rosto e encara ANTÔNIO.

MIGUEL
Olha bem! Você tá vendo algum
Miguel aqui?

ANTÔNIO e MIGUEL se encaram com a respiração contida.

Com uma mão, ANTÔNIO segura o pulso de MIGUEL. Com a


outra, acaricia seu antebraço, afastando as pulseiras e
revelando a tatuagem do E. C. Bahia. A posição em que se
encontra revela a tatuagem idêntica no antebraço de
ANTÔNIO.

ANTÔNIO chora.

ANTÔNIO
Bora, Bahia! Bora comigo!

CAROL se aproxima e, delicadamente retira a mão de


ANTÔNIO do pulso de um MIGUEL atordoado.

CAROL leva MIGUEL para dentro do motel.

CRISTAL e GREICE se aproximam de ANTÔNIO.

CRISTAL
Acho melhor você ir!

ANTÔNIO
Desculpa, eu não queria
atrapalhar vocês

CRISTAL
Faz mal não! Mas agora vá, tá
bom?

ANTÔNIO se afasta. GREICE e CRISTAL se entreolham


94

emocionadas.RUAS DO CENTRO DE SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE.

ANTÔNIO anda trôpego.

ANTÔNIO se senta na calçada e observa a água que escorre


pela sarjeta.

Ouve-se Antony and the Johnsons cantarem, “You are my


sister".

O som dos saltos de MIGUEL prenunciam a sua chegada.

MIGUEL senta ao lado de ANTÔNIO e também passa a


observar a água que escorre na sarjeta.

Por estarem com os olhares voltados para a água, ANTÔNIO


e MIGUEL não se olham.

MIGUEL
Faz cinco meses que você chegou?

ANTÔNIO
Faz! Cheguei um dia depois de
você.

MIGUEL olha para ANTÔNIO.

MIGUEL
Você ficou bonito com essa barba
e esse brinco. Moderno!

ANTÔNIO tira do bolso um cartaz dobrado com a foto de


Miguel e lhe entrega.

MIGUEL olha a foto do cartaz e toca com delicadeza o


rosto de ANTÔNIO.

ANTÔNIO observa os dedos com as unhas pintadas de MIGUEL


dobrando o cartaz até que se transforme em um barquinho
de papel.

ANTÔNIO
Você tem dormido direito?

MIGUEL
Só de dia. De noite é muito
escuro e não tem quem cante para
que eu possa dormir.

ANTÔNIO olha para o rosto de MIGUEL e sorri.

MIGUEL deita a cabeça no colo de ANTÔNIO.


95

ANTÔNIO acaricia os cabelos de MIGUEL.

MIGUEL põe o barquinho de papel que fez com o cartaz


sobre a água.

O barquinho navega pela água que corre na sarjeta.


Currículo do diretor e roteirista: Eduardo Mattos

Eduardo Mattos nasceu em Salvador. Mudou-se para Sao Paulo em 1992, onde graduou-
se em Letras (FFLCH-USP) e em Audiovisual (ECA-USP).
Dirigiu e roteirizou oito curtas desde 2002. Cadarço (ficcao, 17 min, 2017), Chapô (ficcao,
23 min, 2012), Pimenta (ficcao, 12 min, 2010), Suspeito (ficcao, 18 min, 2009), Cigano (ficcao, 16
min, 2008) participaram e foram premiados em festivais como Mostra Internacional de Sao Paulo,
Mix Brasil, Tiradentes e Gramado.
Atualmente é professor do curso de Formacao Livre em Roteiro na Academia Internacional
de Cinema (AIC – SP) e desenvolve dois projetos de longa-metragem com suporte do FSA, a
comédia Melhor que seja ela e o drama Delicadeza.

Principais projetos como diretor e roteirista:

- Melhor que seja ela (Longa-metragem, ficcao).


Em fase captacao. Desenvolvido com recursos da Chamada Prodav 5/2013. Participou do 5º
Laboratório Novas Histórias - SESC/SENAC 2015.

- Cadarco (Curta-metragem, ficcao, 17 min, 2017).


Ainda inédito.

- Chapô (Curta-metragem, ficcao, 23 min, 2012).


Premios: Melhor filme e melhor ator – Close; Melhor interpretacao - Mix Brasil.
Exibicao em diversos festivais nacionais e internacionais como: Tiradentes, Recifest, Oslo Skeive
Filmer Film Festival, entre outros.
https://vimeo.com/68459648

- Pimenta (Curta-metragem, ficcao, 12 min, 2010).


Exibicao em diversos festivais e ganhador dos premios: Itamaraty e Aquisicao Canal Brasil –
Mostra Internacional de Cinema / Premio de Publico – Jornada Internacional de Cinema da Bahia /
Melhor filme, categoria Futuro – Cine Festival Inconfidentes / Premio Curta Como Quiser
https://vimeo.com/113452258

- Suspeito (Curta-metragem, ficcao, 18 min, 2009).


Exibido em diversos festivais nacionais e internacionais. Ganhador do premio de melhor ator em
curta no Festival de Taquary
https://vimeo.com/113445864

- Cigano (Curta-metragem, ficcao, 16 min, 2008).


Exibido em diversos festivais nacionais e ganhador do premio de Melhor Ator na Jornada
Internacional de Cinema da Bahia.
https://vimeo.com/113445865

Principais projetos como roteirista:

- Xavier (Curta-metragem, ficcao, 13 min, 2016). Direcao de Ricky Mastro.


Segue carreira em festivais internacionais desde janeiro de 2016, com destaque para a
participacao nos festivais BFI Flare (Londres, Inglaterra), Frameline (San Francisco, EUA) e Mix
Milano (Milao, Itália). Estreou em setembro em festivais nacionais, sendo exibido em Festivais
como o Curta-SE, Festicini Sumaré e Curta Santos.

- Teca na TV (Programa infantil da TV Futura: 2007-2009) – Co-roteirista com Eduardo Valente,


Juliana Rojas, Marco Dutra, Caetano Gotardo, Maria Clara Escobar e Joao Cândido Zacharias.
Alguns episódios:
https://www.youtube.com/watch?
v=G7Q0ZlbMH2A&list=PLs3b4TTJEz6wOt6NyUTUQWaHhDsy4JZMM
https://www.youtube.com/watch?v=dW3N1MnyWBY
https://www.youtube.com/watch?v=xrwvtew8rwY

- O satélite (curta-metragem, ficcao, 2007). Direcao de Bruno Mancuso.


Festivais: Mostra do Audiovisual Paulista, Festival Brasileiro de Cinema Universitário,
CineEsquemaNovo - Festival de Cinema de Porto Alegre, entre outros.
http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_satelite
Currículo da Proponente: Cigano Filmes

Produtora independente de audiovisual baseada em São Paulo, a Cigano Filmes tem como
objetivo criar histórias que possam entreter e, ao mesmo tempo, provocar o espectador, o que se
reflete em seus últimos trabalhos: Cadarço (Eduardo Mattos, 2017), Xavier (Ricky Mastro, 2016) e
Bá (Leandro Tadashi, 2015), exibidos e premiados em diversos festivais.
Desde sua criação em 2011, tem obtido sucesso no desenvolvimento de conteúdos de
variados gêneros, tendo sido contemplada por três anos consecutivos na Chamada Prodav 5 do
FSA, trabalhando com os longa-metragens Melhor que seja ela (comédia, de Eduardo Mattos),
Acalanto (suspense, de Leandro Tadashi) e Delicadeza (drama, de Eduardo Mattos).
Em 2016, produziu e distribuiu o documentário São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Steffen, com a
5ª melhor relação de público/sala do ano para filmes brasileiros em 2016. O filme foi exibido em
mais de 10 cidades do país em suas 20 semanas em cartaz.
Em 2017, estreia Cinema Diversidade, série documental sobre cinema LGBT em 10
episódios, no canal Prime Box Brazil.

Principais projetos:

- Cinema Diversidade, de Lufe Steffen (série para TV, documentário, 10 episódios de 24 minutos)
Projeto para o Canal Prime Box Brazil, com recursos da Chamada Pública Prodav 02/2013.
Estreia prevista para o fim de 2017.

- São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Steffen (longa-metragem, documentário, 101 min, 2016)
Lançamento comercial em São Paulo em maio/2016. Em cartaz por 20 semanas, com exibições
em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Belo Horizonte entre os
meses de julho e setembro de 2016. Licenciado para o Canal Brasil e Net NOW.
www.facebook.com/saopauloemhifi

- Cadarço, de Eduardo Mattos (curta-metragem, ficção, aprox. 15 min, 2017). Em fase de pré-
produção. Filmagens previstas para dezembro de 2016.
www.facebook.com/curtacadarco

- Xavier, de Ricky Mastro (curta-metragem, ficção, 13 min, 2016)


Segue carreira em festivais desde janeiro de 2016, com participação em mais de 50 festivais, com
destaque para BFI Flare (Londres, Inglaterra), Frameline (San Francisco, EUA) e Mix Milano
(Milão, Itália), Curta Cinema, Forainbow, Curta-SE, Festicini Sumaré e Curta Santos.
www.curtaxavier.com.br

- Bá (curta-metragem, ficção, 14 min, 2015)


Prêmios: Melhor Curta-Metragem pelo Júri Popular - Festival de Cinema de Gramado, 2015;
Melhor Curta Internacional e Prêmio Paoa - Competição Internacional de Curta-metragens -
Festival Internacional de Cine de Vina del Mar (Chile, 2015); Prêmio do Público – Festin Lisboa,
2016; Melhor Direção, Direção de Arte, Ator, Atriz - 9º Festival Cinema com Farinha (Patos, PB,
Brasil). Ainda em exibição, já participou de mais de 60 festivais ao redor do mundo desde sua
estreia 2015. Licenciado para a TV Rá Tim Bum.
www.facebook.com/curtaba

- Chapô (Curta-metragem, ficção, 23 min, 2012).


Prêmios: Melhor filme e melhor ator – Close; Melhor interpretação - Mix Brasil.
Exibição em diversos festivais nacionais e internacionais como: Tiradentes, Recifest, Oslo Skeive
Filmer Film Festival, entre outros.

Clipping de atividades da proponente:

São Paulo em Hi-Fi:


http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/05/1773544-filme-e-livros-resgatam-memoria-das-
boates-mais-extravagantes-do-pais.shtml

Metrópolis: https://www.youtube.com/watch?v=rIKusk9Yb7g

http://filmesdochico.uol.com.br/top-100-os-melhores-filmes-lgbt-de-todos-os-tempos/

http://entretenimento.r7.com/blogs/alvaro-leme/sao-paulo-em-hi-fi-um-filme-imperdivel-para-quem-
ama-a-noite-paulistana-20160526/

Xavier:
http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,no-curta-xavier-pai-percebe-a-atracao-de-seu-filho-
por-garotos-mais-velhos,1705469

https://www.opopular.com.br/editorias/magazine/purpurinas-cinematogr%C3%A1ficas-1.1102182?
usarChave=true

https://www.opopular.com.br/editorias/magazine/purpurinas-cinematogr%C3%A1ficas-1.1102182?
usarChave=true

Bá:
http://hmg.revista.cultura.gov.br/item/filme-cultura-n-62/

http://www.mvtimes.com/2016/03/09/saudade-news-brazilian-community-noticias-de-e-para-
comunidade-brasileira/

https://www.youtube.com/watch?v=msCZMMEoAJw&feature=youtu.be
Copia do orcamento aprovado pela Agencia Nacional de Cinema – ANCINE

Segue orçamento detalhado.


DELICADEZA
julho/ 2017

ORÇAMENTO ANALÍTICO
SEMANAS
qtde qtde Valor
Itens Descrição dos Itens unidade Sub-Total Total
unid/s item unitário
1 Desenvolvimento de Projeto 0,00
1.1 Desenvolvimento (etapa concluída) 1 verba 1 ,00 0,00
2 Pré-Produção 581.000,00
2.1 Equipe 425.850,00
2.1.1 Produtor 8 semana 1 5.400,00 43.200,00
2.1.2 Produtor Executivo 8 semana 1 5.400,00 43.200,00
2.1.3 Assistente de Produtor Executivo 8 semana 1 2.700,00 21.600,00
2.1.4 Assistente de Produtor Executivo (base) 8 semana 1 1.400,00 11.200,00
2.1.5 Diretor de Produção 8 semana 1 5.000,00 40.000,00
2.1.6 1º Assistente de Produção 6 semana 1 2.750,00 16.500,00
2.1.7 Coordenador de Produção Salvador 3 semana 1 3.200,00 9.600,00
2.1.8 Produtor de Locação – São Paulo 1 verba 1 10.000,00 10.000,00
2.1.9 Produtor de Locação – Salvador 1 verba 1 10.000,00 10.000,00
2.1.10 Plateau 1 semana 1 3.400,00 3.400,00
2.1.11 Estagiário de Produção SP 5 semana 1 900,00 4.500,00
2.1.12 Estagiário de Produção Salvador 1 semana 1 900,00 900,00
2.1.13 Controller 4 semana 1 2.800,00 11.200,00
2.1.14 Diretor 8 semana 1 5.400,00 43.200,00
2.1.15 1º Assistente de Direção 5 semana 1 3.400,00 17.000,00
2.1.16 2º Assistente de Direção 1 semana 1 1.800,00 1.800,00
2.1.17 Continuísta 1 semana 1 3.200,00 3.200,00
2.1.18 Produtor de Elenco 1 verba 1 12.000,00 12.000,00
2.1.19 Produtor de figuração 1 verba 1 6.000,00 6.000,00
2.1.20 Diretor de Arte 5 semana 1 5.000,00 25.000,00
2.1.21 Assistente de Arte 5 semana 1 3.200,00 16.000,00
2.1.22 Produtor de Arte 5 semana 1 3.200,00 16.000,00
2.1.23 Assistente de Produção de Arte e Objetos 4 semana 1 2.000,00 8.000,00
2.1.24 Produtor de Objetos 5 semana 1 2.700,00 13.500,00
2.1.25 Estagiário de Arte 4 semana 1 900,00 3.600,00
2.1.26 Estagiário de Arte 4 semana 1 900,00 3.600,00
2.1.27 Contra-regra 0,5 semana 1 2.000,00 1.000,00
2.1.28 Figurinista 1,5 semana 1 4.600,00 6.900,00
2.1.29 Maquiador 0,5 semana 1 3.000,00 1.500,00
2.1.30 Diretor de Fotografia 1 semana 1 5.000,00 5.000,00
2.1.31 1º Assistente de Câmera 1 semana 1 3.200,00 3.200,00
2.1.32 2º Assistente de Câmera 0,5 semana 1 2.000,00 1.000,00
2.1.33 Logger 0,5 semana 1 2.000,00 1.000,00
2.1.34 Operador de Video Assist 0,5 semana 1 1.300,00 650,00
2.1.35 Eletricista 1 semana 1 3.200,00 3.200,00
2.1.36 Maquinista 1 semana 1 3.200,00 3.200,00
2.1.37 Técnico de Som Direto 1 semana 1 5.000,00 5.000,00
2.2 Elenco Principal (ensaios) 23.000,00
2.2.1 Antonio 1 cachê 1 8.000,00 8.000,00
2.2.2 Miguel 1 cachê 1 5.000,00 5.000,00
2.2.3 Gleide 1 cachê 1 2.000,00 2.000,00
2.2.4 Dulce 1 cachê 1 2.000,00 2.000,00
2.2.5 Juliette 1 cachê 1 2.000,00 2.000,00
2.2.6 Lucas 1 cachê 1 2.000,00 2.000,00
2.2.7 Eliseu 1 cachê 1 2.000,00 2.000,00
2.3 Alimentação 8.400,00
2.3.1 Alimentação 1 refeição 240 35,00 8.400,00
2.4 Hospedagem 63.360,00
2.4.1 Hospedagem Elenco 10 diária 1 200,00 2.000,00
2.4.2 Hospedagem Equipe (Salvador: prep + pré ) 15 diária 15 150,00 33.750,00
2.4.3 Hospedagem Equipe (Salvador – pré) 6 diária 4 180,00 4.320,00
2.4.4 Per Diem (Elenco – São Paulo) 10 diária 1 70,00 700,00
2.4.5 Per Diem (Elenco – Salvador) 4 diária 3 70,00 840,00
2.4.6 Per Diem Equipe (Salvador) 115 diária 1 50,00 5.750,00
2.4.7 Per Diem (Folga) 20 diária 10 80,00 16.000,00
2.5 Passagens Aéreas 3.900,00
2.5.1 Passagens aéreas SP/Salvador 6 trecho 1 650,00 3.900,00
2.6 Transporte 23.900,00
2.6.1 Aluguel de van de produção 2 semana 1 1.400,00 2.800,00
2.6.2 Aluguel de carro de produção de locação 1 verba 1 1.200,00 1.200,00
2.6.3 Aluguel de van de equipe 1 semana 1 1.400,00 1.400,00
2.6.4 Aluguel de carro de elenco 1 verba 1 3.000,00 3.000,00
2.6.5 Aluguel de van de arte 3 semana 1 1.400,00 4.200,00
2.6.6 Aluguel de van de figurino 1 semana 1 1.400,00 1.400,00
2.6.7 Aluguel de caminhão extra 1 verba 1 2.100,00 2.100,00
2.6.8 Combustível 3 verba 1 1.500,00 4.500,00
2.6.9 Estacionamentos 3 semana 1 300,00 900,00
2.6.10 Táxi 8 semana 1 300,00 2.400,00
2.7 Despesas de Produção 32.590,00
2.7.1 Base de Produção 2 meses 1 3.600,00 7.200,00
2.7.2 Água, Luz, Internet Base de Produção 2 meses 1 1.000,00 2.000,00
2.7.3 Telefone Base de Produção 1,5 meses 1 1.000,00 1.500,00
2.7.4 Aluguel de sala para testes de elenco 1 verba 1 1.200,00 1.200,00
2.7.5 Aluguel de câmera (elenco - testes/ensaios) 1 verba 1 1.200,00 1.200,00
2.7.6 Aluguel de sala (elenco - ensaios) 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
2.7.7 Pet cash (imprevistos) 1 verba 1 1.490,00 1.490,00
2.7.8 Celular de produção 1 verba 1 2.500,00 2.500,00
2.7.9 Caixa de Produção 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
2.7.10 Material de consumo (produção) 1 verba 1 2.000,00 2.000,00
2.7.11 Serviços de terceiros (produção) 1 verba 1 5.000,00 5.000,00
2.7.12 Mensageiro 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
2.7.13 Correios 5 semana 1 100,00 500,00
2.7.14 Cópias e reproduções 6 semana 1 300,00 1.800,00
2.7.15 Seguro equipe e elenco 1 seguro 550 4,00 2.200,00
3 Produção e Filmagem 2.013.000,00
3.1 Equipe 782.600,00
3.1.1 Produtor 6 semana 1 5.400,00 32.400,00
3.1.2 Produtor Executivo 6 semana 1 5.400,00 32.400,00
3.1.3 Assistente de Produtor Executivo 6 semana 1 2.700,00 16.200,00
3.1.4 Diretor de Produção 6 semana 1 5.000,00 30.000,00
3.1.5 1º Assistente de Produção 6 semana 1 2.750,00 16.500,00
3.1.6 2º Assistente de Produção 6 semana 1 1.250,00 7.500,00
3.1.7 Coordenador de Produção Salvador 3 semana 1 3.200,00 9.600,00
3.1.8 Plateau 6 semana 1 3.400,00 20.400,00
3.1.9 Ass. De Plateau 6 semana 1 1.700,00 10.200,00
3.1.10 Boy de Set 6 semana 2 1.100,00 13.200,00
3.1.11 Coordenador de Transporte 6 semana 1 1.400,00 8.400,00
3.1.12 Estagiário de Produção 6 semana 1 900,00 5.400,00
3.1.13 Controller 6 semana 1 2.800,00 16.800,00
3.1.14 Diretor 6 semana 1 5.400,00 32.400,00
3.1.15 1º Assistente de Direção 6 semana 1 3.400,00 20.400,00
3.1.16 2º Assistente de Direção 6 semana 1 1.800,00 10.800,00
3.1.17 3º Assistente de Direção 6 semana 1 1.400,00 8.400,00
3.1.18 Continuísta 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
2.500,00
3.1.19 Assistente de Produtor de Elenco e figuração 6 semana 1 15.000,00
3.1.20 Diretor de Arte 6 semana 1 5.000,00 30.000,00
3.1.21 Assistente de Arte 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.22 Produtor de Arte 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.23 Assistente de Produção de Arte e Objetos 6 semana 1 2.000,00 12.000,00
3.1.24 Produtor de Objetos 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.25 Estagiário de Arte 6 semana 2 900,00 10.800,00
3.1.26 Contra-regra 6 semana 1 2.000,00 12.000,00
3.1.27 Figurinista 6 semana 1 4.600,00 27.600,00
3.1.28 Camareira 6 semana 1 1.400,00 8.400,00
3.1.29 Maquiador 6 semana 1 3.000,00 18.000,00
3.1.30 Assistente de Maquiagem e Cabelo 4 semana 1 1.400,00 5.600,00
3.1.31 Diretor de Fotografia 6 semana 1 5.000,00 30.000,00
3.1.32 1º Assistente de Câmera 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.33 2º Assistente de Câmera 6 semana 1 2.000,00 12.000,00
3.1.34 Logger 6 semana 1 2.000,00 12.000,00
3.1.35 Operador de Video Assist 6 semana 1 1.500,00 9.000,00
3.1.36 Eletricista 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.37 1º Assistente de Eletricista 6 semana 1 2.000,00 12.000,00
3.1.38 2º Assistente de Eletricista 6 semana 2 1.500,00 18.000,00
3.1.39 Maquinista 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.40 1º Assistente de Maquinista 6 semana 1 2.200,00 13.200,00
3.1.41 2º Assistente de Maquinista 6 semana 1 1.500,00 9.000,00
3.1.42 3º Assistente de Maquinária e elétrica 6 semana 1 900,00 5.400,00
3.1.43 Geradorista 2 semana 1 2.000,00 4.000,00
3.1.44 Técnico de Som Direto 6 semana 1 5.000,00 30.000,00
3.1.45 Microfonista 6 semana 1 3.200,00 19.200,00
3.1.46 Assistente de Som Direto 6 semana 1 2.000,00 12.000,00
3.1.47 Fotógrafo Still 1 cachê 1 15.000,00 15.000,00
3.1.48 Making Of 1 cachê 1 5.000,00 5.000,00
3.1.49 Segurança / CET 1 verba 1 12.000,00 12.000,00
3.2 Elenco Principal 87.000,00
3.2.1 Antonio 6 semana 1 7.000,00 42.000,00
3.2.2 Miguel 3 semana 1 5.000,00 15.000,00
3.2.3 Gleide 3 diaria 1 5.000,00 15.000,00
3.2.4 Dulce 1 semana 1 7.000,00 7.000,00
3.2.5 Juliette 1 semana 1 8.000,00 8.000,00
3.2.6 Eliseu 1 diaria 1 4.000,00 4.000,00
3.3 Elenco Coadjuvante 38.000,00
3.3.1 Lucas 3 diárias 1 2.000,00 6.000,00
3.3.2 Vander 5 diárias 1 2.000,00 10.000,00
3.3.3 Oliveira 1 diárias 1 2.000,00 2.000,00
3.3.4 Cibele 2 diárias 1 2.000,00 4.000,00
3.3.5 Carol 3 diárias 1 2.000,00 6.000,00
3.3.6 Cosette Miserable 1 diárias 1 2.000,00 2.000,00
3.3.7 Assistente Social 1 diárias 1 2.000,00 2.000,00
3.3.8 Professora Elisa 1 diárias 1 2.000,00 2.000,00
3.3.9 Cacá (boate gay) 1 diárias 1 2.000,00 2.000,00
3.3.10 Gaspar 1 cache 1 2.000,00 2.000,00
3.4 Elenco Secundário 25.000,00
3.4.1 Pequenos papéis – Salvador 1 verba 10 1.000,00 10.000,00
3.4.2 Pequenos papéis – São Paulo 1 verba 15 1.000,00 15.000,00
3.5 Figuração 32.500,00
3.5.1 Figuração especial 1 verba 15 500,00 7.500,00
3.5.2 Figuração 1 verba 1 25.000,00 25.000,00
3.6 Cenografia 167.500,00
3.6.1 verba de produção de arte 1 verba 1 115.000,00 115.000,00
3.6.2 verba de objetos de cena 1 verba 1 45.000,00 45.000,00
3.6.3 Material de consumo – arte 1 verba 1 2.500,00 2.500,00
3.6.4 Locação de veículos de cena 1 verba 1 5.000,00 5.000,00
3.7 Figurino 45.000,00
3.7.1 verba de figurino 1 verba 1 42.000,00 42.000,00
3.7.2 Material de consumo - figurinos 1 verba 1 3.000,00 3.000,00
3.8 Maquiagem e efeitos especiais 6.000,00
3.8.1 Serviços de terceiros – cabelo 1 verba 1 4.000,00 4.000,00
3.8.2 Material de consumo - maquiagem 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
3.8.3 Material para efeitos especiais 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
3.9 Equipamento 209.700,00
3.9.1 Aluguel de equipamento de câmera 1 verba 1 55.000,00 55.000,00
3.9.2 Magliner 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
3.9.3 Dolly + nivelador 1 verba 1 10.000,00 10.000,00
3.9.4 Aluguel de Material de Iluminação 1 verba 1 60.000,00 60.000,00
3.9.5 Aluguel de Material de Maquinária 1 verba 1 50.000,00 50.000,00
3.9.6 Aluguel de Gerador 2 semana 1 4.000,00 8.000,00
3.9.7 Aluguel de Equipamento de Som 6 semana 1 3.500,00 21.000,00
3.9.8 Material para câmera 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
3.9.9 Material para elétrica e maquinária 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
3.9.10 Material para som 1 verba 1 1.200,00 1.200,00
3.10 Material Sensível 20.000,00
3.10.1 HDs 1 verba 1 18.000,00 18.000,00
3.10.2 para video-assist 1 verba 1 2.000,00 2.000,00
3.11 Alimentação 106.800,00
3.11.1 Alimentação - filmagem (equipe) 60 refeição 30 50,00 90.000,00
3.11.2 Alimentação - filmagem (elenco) 1 refeição 96 50,00 4.800,00
3.11.3 Alimentação - filmagem (figuração) 300 refeição 1 25,00 7.500,00
3.11.4 Alimentação - filmagem (lanches/ água) 30 diária 1 100,00 3.000,00
3.11.5 Alimentação - desprodução 60 refeição 1 25,00 1.500,00
3.12 Transporte 148.800,00
3.12.1 Aluguel de van de produção 6 semana 1 1.700,00 10.200,00
3.12.2 Aluguel de van de platô 6 semana 1 1.700,00 10.200,00
3.12.3 Aluguel de van de equipe 6 semana 2 1.700,00 20.400,00
3.12.4 Aluguel de van de elenco 6 semana 1 1.600,00 9.600,00
3.12.5 Aluguel de van de arte 6 semana 1 1.700,00 10.200,00
3.12.6 Aluguel de van de figurino 6 semana 1 1.600,00 9.600,00
3.12.7 Aluguel de van de câmera 5 semana 1 1.800,00 9.000,00
3.12.8 Aluguel de van de som 6 semana 1 1.800,00 10.800,00
3.12.9 Aluguel de caminhão de elétrica 6,5 semana 1 2.200,00 14.300,00
3.12.10 Aluguel de caminhão extra (arte ) 1 verba 1 3.000,00 3.000,00
3.12.11 Carro de produção executiva 1 verba 1 3.000,00 3.000,00
3.12.12 Combustível 15 verba 6 300,00 27.000,00
3.12.13 Combustível Gerador 1 verba 1 5.000,00 5.000,00
3.12.14 Estacionamentos 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
3.12.15 Táxi 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
3.12.16 deslocamentos terrestres 1 verba 1 4.000,00 4.000,00
3.13 Passagens Aéreas (trecho) 60.000,00
3.13.1 Passagens aéreas SP/Salvador 50 verba 1 600,00 30.000,00
3.13.2 Passagens aéreas Salvador/São Paulo 50 verba 1 600,00 30.000,00
3.14 Hospedagem 103.700,00
3.14.1 Hospedagem Elenco 15 diária 4 220,00 13.200,00
3.14.2 Hospedagem Equipe 40 pessoas 16 100,00 64.000,00
3.14.3 Per Diem Elenco 1 refeições 50 50,00 2.500,00
3.14.4 Per Diem Equipe 40 pessoas 15 30,00 18.000,00
3.14.5 Per Diem Equipe (Folga) 40 pessoas 3 50,00 6.000,00
3.15 Despesas de Produção 178.400,00
3.15.1 Base de produção 2 mês 1 3.600,00 7.200,00
3.15.2 Água, Luz, Internet Base de Produção 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
3.15.3 Telefone Base de Produção 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
3.15.4 Aluguel de locações 1 verba 1 85.000,00 85.000,00
3.15.5 Aluguel de bases de apoio (filmagem) 30 diária 1 500,00 15.000,00
3.15.6 Licenças 1 verba 1 2.000,00 2.000,00
3.15.7 Locação de rádios (comunicação) 30 diária 15 12,00 5.400,00
3.15.8 Celular de produção 6 semana 2 300,00 3.600,00
3.15.9 Locação de banheiros químicos 1 verba 1 2.500,00 2.500,00
3.15.10 Locação de mesas e cadeiras 30 diária 1 230,00 6.900,00
3.15.11 Caixa de Produção 30 diária 1 270,00 8.100,00
3.15.12 Material de consumo (produção) 1 verba 1 3.400,00 3.400,00
3.15.13 Serviços de terceiros (produção) 1 verba 1 5.000,00 5.000,00
3.15.14 Mensageiro 6 semana 1 300,00 1.800,00
3.15.15 Correios 6 semana 1 150,00 900,00
3.15.16 Cópias e reproduções 6 semana 1 200,00 1.200,00
3.15.17 Pet Cash 30 diária 1 400,00 12.000,00
3.15.18 Seguro (Erros & Omissões) 1 seguro 1 2.000,00 2.000,00
3.15.19 Seguros de equipe 48 seguro 50 4,00 9.600,00
3.15.20 Seguros de elenco 30 seguro 40 4,00 4.800,00
4 Pós-Produção 611.000,00
4.1 Equipe 255.000,00
4.1.1 Produtor 6 meses 1 9.000,00 54.000,00
4.1.2 Ass. Produção executiva 6 meses 1 3.500,00 21.000,00
4.1.3 Coordenador de Pós -produção 6 meses 1 5.000,00 30.000,00
4.1.4 Controller 6 meses 1 3.000,00 18.000,00
4.1.5 Diretor 6 meses 1 9.000,00 54.000,00
4.1.6 Montador 1 verba 1 50.000,00 50.000,00
4.1.7 Assistente de montagem 1 verba 1 25.000,00 25.000,00
4.1.9 Diretor de Fotografia 1 verba 1 3.000,00 3.000,00
4.2 Material sensível 11.000,00
4.2.1 Fitas para finalização 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
4.2.2 HD externos de trabalho 4 unidade 1 2.000,00 8.000,00
4.2.3 HD – DCP 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
4.3 Laboratório de imagem 78.500,00
4.3.1 Finalização de imagem 1 verba 1 65.000,00 65.000,00
4.3.3 Cópia final- DCP 1 verba 1 8.000,00 8.000,00 ###
4.3.4 Back ups e outros formatos 1 verba 1 4.000,00 4.000,00
4.3.5 Cópias contrapartida 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
4.4 Estúdio de som / efeitos sonoros 80.000,00
4.4.1 Edição de som 1 verba 1 40.000,00 40.000,00
4.4.2 Mixagem 1 verba 1 40.000,00 40.000,00 ###
4.5 Edição de imagens / som 12.000,00
4.5.1 Aluguel de ilha de edição 1 verba 1 12.000,00 12.000,00 ###
4.6 Letreiros/créditos 5.000,00
4.6.1 Títulos e letreiros 1 verba 1 5.000,00 5.000,00 ###
4.7 Efeitos de imagem / som 3.500,00
4.7.1 Dublagem 1 verba 1 3.500,00 3.500,00 ###
4.8 Música original 30.000,00
4.8.1 Composição e produção 1 verba 1 30.000,00 30.000,00 ###
4.9 Direitos autorais de obra musical 130.000,00
4.9.1 Direitos autorais de obra musical 1 verba 1 130.000,00 130.000,00 ###
4.10 Despesas de pós-produção 6.000,00
4.10.1 Cópias e reproduções 1 verba 1 1.000,00 1.000,00
4.10.2 Correios 14 semana 1 100,00 1.400,00
4.10.3 Mensageiro/motoboy 14 semana 1 150,00 2.100,00
4.10.4 Material de consumo (pós-produção) 1 verba 1 1.500,00 1.500,00
4.11 Acessibilidade 15.300,00
4.11.1 legendagem descritiva 1 verba 90 30,00 2.700,00
4.11.2 audiodescrição 1 verba 90 60,00 5.400,00
4.11.3 Libras 1 verba 90 80,00 7.200,00
5 Promocão 235.000,00
5.1 Assessoria de imprensa 60.000,00
5.1.1 Assessoria de imprensa 1 verba 1 60.000,00 60.000,00
5.2 Ações na internet 26.000,00
5.2.1 Criação de site e página do projeto 1 verba 1 6.000,00 6.000,00
5.2.2 Web contents 1 verba 1 10.000,00 10.000,00
5.2.3 Impulsiomamento de posts 1 verba 1 10.000,00 10.000,00
5.3 Eventos de divulgação 92.000,00
5.3.1 Exibições e debates 1 verba 1 90.000,00 90.000,00
5.3.2 Cabines de imprensa 1 verba 1 2.000,00 2.000,00
5.4 Produção de cartazes 12.000,00
5.4.1 Criação e produção gráfica 1 cachê 1 8.000,00 8.000,00
5.4.2 Impressões 1 verba 1 4.000,00 4.000,00
5.5 Filmes promocionais 15.000,00
5.5.1 Edição trailer e making of 1 verba 1 8.000,00 8.000,00
5.5.2 Finalização trailer e making of 1 verba 1 3.000,00 3.000,00
5.5.3 Cópias trailer 1 verba 1 4.000,00 4.000,00
5.6 VPF 30.000,00
5.6.1 Virtual Print Fee - VPF) 10 unidade 1 3.000,00 30.000,00
6 Despesas Administrativas 90.000,00
6.1 Advogado 54.800,00
6.1.1 Despesas legais 1 verba 1 54.800,00 54.800,00
6.2 Contador 25.200,00
6.2.1 Contador 18 mês 1 1.400,00 25.200,00
6.3 Telefone 8.000,00
6.3.1 Telefone Fixo e Celular 1 verba 1 8.000,00 8.000,00
6.4 Contingência 2.000,00
6.4.1 Contingência 1 verba 1,00 2.000,00 2.000,00
7 Tributos e Taxas 30.000,00
7.1 Encargos Sociais 25.000,00
7.1.1 Encargos Sociais 1 estimativa 1 25.000,00 25.000,00
7.2 Taxas bancárias 5.000,00
7.2.1 Taxas bancárias 1 estimativa 1 5.000,00 5.000,00
8 Total de Produção 3.560.000,00
9 Gerenciamento (até 10% do somatório dos itens 1 a 7) 340.000,00
10 Agenciamento e colocação 100.000,00
10.1 Agenciamento (até 10% da soma do art 1º-A e Lei n. 8.313/91) 100.000,00
10.2 Colocação (até 10% do art. 1º) 0,00
11 Total Geral 4.000.000,00
Relacao de todos os investimentos oriundos de recursos orcamentarios publicos e de leis
de renuncia fiscal do projeto, quando houver.

Delicadeza foi contemplado na Chamada Pública Prodav 5/2014 do FSA de desenvolvimento de


projetos, com recursos no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Historico da empresa proponente com detalhamento de projetos realizados com recurso do


ProAC e do Programa de Fomento ao Cinema Paulista. Informar: nome do projeto
aprovado, Edital, ano, valor e status atual do projeto.

A) Projeto “São Paulo em Hi-Fi”, longa-metragem, documentário.


Edital: Programa de Fomento ao Cinema Paulista 2014.
Valor recebido: R$ 110.000,00 (cento de dez mil reais).
Status do projeto: Lançamento comercial em São Paulo em maio/2016. Em cartaz por 20
semanas, com exibições em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e
Belo Horizonte entre os meses de julho e setembro de 2016.
Licenciado atualmente para o Canal Brasil e Net NOW.
www.facebook.com/saopauloemhifi

B) Projeto: “Xavier”, curta-metragem, ficção.


Edital Proac Nº 30/2014: “Concurso de apoio a projetos de promoção das manifestações culturais
com temática LGBT no estado de São Paulo”.
Valor recebido: R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
Status do projeto: finalizado, seguindo carreira em festivais desde sua estréia em janeiro de 2016.
Já participou de mais de 50 festivais nacionais e internacionais.
Premiado nos festivais: Festicine Sumaré – Melhor Curta; Curta Santos – Melhor Curta, Melhor
Roteiro; 10° For Rainbow – Fortaleza – Melhor Curta; Festival de Cinema Caruaru – Melhor
Roteiro; 6o FESTCINE MARACANAÚ – Melhor Fotografia; Festival Internacional de Cinema de
Fronteira – Bagé– Melhor atuação; 5° Festival de Curtas Brasilia – Melhor Roteiro, 11º Festival
Aruanda – Menção Honrosa e Long Beach Q Fest – USA - Best director – jury award

C) Projeto: “Bá”, curta-metragem, ficção.


Edital Prêmio Estímulo de Curta-metragem 2013
Valor recebido: R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
Status do projeto: finalizado, seguindo carreira em festivais desde sua estréia em janeiro de 2015.
Já participou de mais de 60 festivais nacionais e internacionais.
Prêmios recebidos: Melhor Curta-Metragem pelo Júri Popular - Festival de Cinema de Gramado,
2015; Melhor Curta Internacional e Prêmio Paoa - Competição Internacional de Curta-metragens -
Festival Internacional de Cine de Vina del Mar (Chile, 2015); Prêmio do Público – Festin Lisboa,
2016; Melhor Direção, Direção de Arte, Ator, Atriz - 9º Festival Cinema com Farinha (Patos, PB,
Brasil); 2º Lugar pelo Júri Infantil e Prêmio Rá Tim Bum no Festival ComKids - Prix Jeunesse
Iberoamericano.
Licenciado para a TV Rá Tim Bum.

Você também pode gostar