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DIREITO CIVIL I

PROFESSOR: ADOLFO AMARO MENDES


QUARTA AULA (4ª) AULA (29-AGOSTO-2.005)

QUARTA (4ª) AULA (29-AGOSTO-2.005)


CONTÉUDO PROGRAMÁTICO:
Comoriência e momento da morte; ausência no código civil; registro civil de pessoas
naturais: Nascimentos, óbitos, emancipação, interdição e ausência.

TÉRMINO DA PERSONALIDADE
A personalidade civil do homem, termina com a morte real, presumida, civil e comoriência. Somente a
morte, mesmo que ficta, põe termo a personalidade.
Este assunto é do maior interesse, porque trata de determinar o momento em que se extinguiu a
personalidade, principalmente, quando duas ou mais pessoas falecem nas mesmas circunstâncias, ou
mesma ocasião, sem que se saiba quem morreu primeiro.
Chama-se este acontecimento de Comoriência art. 8º CCB, que trata da presunção de morte
simultânea, de duas ou mais pessoas nas mesmas circunstâncias.
A questão da comoriência interessa especialmente ao direito das sucessões. O domínio e a posse da
herança (princípio da saisine – art. 1.784 CCB), transmitem-se no exato momento em que se verifica
o óbito. Ex: Quando parentes sucessíveis sucumbem no mesmo acidente, a legislação orienta-se pelo
critério da simultaneidade. Neste caso, não se estabelecem relações jurídicas entre os sucumbentes e
beneficiar-se-ão os herdeiros de cada um, se existentes.

AUSÊNCIA - Juridicamente, considera-se ausente, todo aquele que desaparece do seu domicílio sem
deixar representante, art. 22 CCB.
Considera-se ausente, ainda, a pessoa de quem não se conhece o paradeiro.
A ausência, possui como traço característico, a incerteza da existência da pessoa desaparecida.
Há três períodos distintos a serem observados, em que a situação jurídica do desaparecido se modifica:

Ausência presumida - período inicial, a conveniência e a conservação do


patrimônio, sugerem a nomeação de um curador provisório para regê-lo. É a fase
preparatória;
PERÍODOS Ausência declarada momento em que se busca a declaração judicial da ausência e
a abertura da sucessão provisória, art. 26.
Morte presumida é quando o juiz declara judicialmente a morte presumida e abre
a sucessão definitiva, art. 37 e 38 CCB.

A sucessão provisória é em síntese, uma sucessão resolúvel.


Os bens conservam-se em seu patrimônio enquanto perdurar a situação de pendência, porém, a
titularidade passa para os herdeiros legítimos ou testamentários investidos na posse provisória. A prova
do óbito converte a posse provisória em definitiva.
A personalidade define-se por particularidades que em conjunto a individualizam.

DIREITOS “DA PERSONALIDADE” (arts 11 usque 21, CCB)


São direitos considerados essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana, disciplinados pelo Código
Civil, como direitos absolutos, art. 11 a 15 CCB.
Direitos de personalidade, são extra patrimoniais, intransferíveis, imprescritíveis, impenhoráveis,
vitalícios e necessários.
Por sua natureza, opõem-se contra todos (eficácia erga onmes), implicando o dever geral de
abstenção.
Não são suscetíveis de avaliação econômica, embora possam constituir-se como objeto de negócio
jurídico patrimonial, ou mesmo, objeto a indenização por lesão a qualquer deles.

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São direitos que nascem e extinguem-se com a pessoa.
De seu teor extra-patrimonial, decorre a impossibilidade de execução.
São impenhoráveis e imprescritíveis, não se extinguindo pelo não uso durante certo prazo.

a) direito à vida;
Direito à Integridade b) direito sobre o próprio
Física corpo.
c) direito ao cadáver; exigido pelos
sucessores.

a) direito à honra;
CLASSIFICAÇÃO b) direito à liberdade;
c) direito ao recato; proteção da vida
privada, vida íntima;
Dir. à Integridade Moral d) direito à imagem; preservação da
imagem;
e) direito ao nome;
f) direito à moral do autor; contra o deboche
público.

Os direitos de personalidade, são exercidos por meio ação, que deve ser requerida pelo próprio
ofendido, mediante indenização do dano moral, ou cominação de pena. Também podem ser
requeridos cumulativamente.

NACIONALIDADE

NACIONALIDADE - É o vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um


dos componentes da dimensão pessoal do Estado, na opinião de Pontes de Miranda.
Nacional, é o brasileiro nato ou naturalizado, aquele que se vincula pelo nascimento, ou naturalização,
cujo conjunto forma o povo.
Cidadão, é o nacional no gozo dos seus direitos políticos.

NATUREZA JURÍDICA - O direito de nacionalidade integra o direito público, ainda que venha
configurado entre as normas do direito civil.
Nacionalidade Primária; resulta de fato natural. Ex.: Nascimento.
Nacionalidade Secundária: resulta de fato voluntário, depois do nascimento. Ex.: Naturalização.

AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE - Primária: 1ª. pela origem sangüínea e a 2ª. pela origem
territorial.
Secundária: 1ª. Nat. ordinária - voluntária e a 2ª. Nat. extraord. - estudantes.

CIDADANIA - É o atributo político inerente, decorrente do direito de participar do governo.


É ainda, a qualidade daqueles que estão no gozo dos seus direitos políticos.
No direito brasileiro, só o indivíduo é titular de direitos.
Adquire-se a cidadania, mediante o alistamento eleitoral.
O eleitor é cidadão e titular da cidadania.
Cidadania, é o atributo jurídico-político que o nacional adquire no momento em que se torna eleitor,
Art. 12 da Constituição.

ESTRANGEIRO - Considera-se estrangeiro no Brasil, todo aquele que tenha nascido fora do
território nacional e que por qualquer forma prevista na Constituição, não adquira a nacionalidade.
Os estrangeiros residentes no país, gozam dos mesmos direitos e têm os mesmos deveres dos
brasileiros.

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1ª. Visto de entrada
Condições de entrada: 2ª. Visto de permanência
3ª. Visto de saída

ASILO POLÍTICO – É o recebimento de estrangeiro no território nacional, sem os requisitos de


entrada, para evitar punição em seu país de origem.
Importante: Asilo só é concedido a criminosos políticos, jamais a criminosos comuns.

EXTRADIÇÃO - É o ato pelo qual o Estado entrega um indivíduo acusado de delito e já condenado
como criminoso, à justiça de outro Estado, que o reclama e que é competente para puni-lo.

EXPULSÃO - É o modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional, por infração cometida
em outro e que o torna inconveniente.
É ainda, o modo de retirar o estrangeiro do território, por atividade nociva à ordem pública.

DEPORTAÇÃO - É o modo pelo qual o Estado devolve o estrangeiro ao exterior, que consiste na
saída compulsória do estrangeiro.
A deportação não decorre da prática de delitos e sim, do não cumprimento dos requisitos de entrada.

O nome, que identifica a pessoa, art. 16 CCB.


O estado, que identifica sua posição familiar,
INDIVIDUALIZAÇÃO social e civil, art. 3º e 4º CCB.
O domicílio, o lugar de sua atividade principal/ social, art. 70 CCB.

ESTADO DA PESSOA NATURAL/FÍSICA


Estado ou Status, é a noção técnica destinada a caracterizar a posição jurídica da pessoa no meio
social. É seu modo particular de existir, que pode ser encarado sob os aspectos individual ou físico,
familiar e político.
É a situação do indivíduo na sociedade política e na família.
É uma qualificação que encerra elementos de individualização da personalidade.

1º Estado Político – qualidade jurídica que advém da posição da pessoa: nacionais


- natos e naturalizados estrangeiros - pertencentes ao direito internacional privado;
2º Estado Familiar – Indica a sua situação na família: casado, solteiro, separado,
divorciado, cônjuge e parentesco consangüíneo e afim. No parentesco, o estado
difere segundo o grau e a distância entre as gerações;
São parentes consangüíneos: pai, mãe, filho, avô, netos, irmãos, tios, primos e
sobrinhos.
ESPÉCIES tios, primos e sobrinhos.
São parentes afins: sogro, genro, nora, cunhados, madrasta, padrasto, enteado,
enteada.
O estado familiar, civil e de parente, cria inúmeros direitos e deveres, dependendo
do grau e da fonte.
3º Estado Individual - é a condição física do indivíduo e sobre ele

a) a idade; pessoas maiores ou menores de 18 anos


atuam: b) o sexo; homens e mulheres
c) a saúde; sãos ou insanos

1º. Indivisibilidade; o estado é uno e indivisível, ninguém pode ter ao


mesmo tempo, estados opostos. Ex.: Estar solteiro e casado, maior
e menor ao mesmo tempo.
2º. Indisponibilidade; a proibição de dispor do estado não implica,
contudo, na impossibilidade de sua variação. Porque determinados
estados comportam mudança. Ex.: Casar, separar-se etc..
CARACTERÍSTICAS 3º. Imprescritibilidade; pelo decurso de tempo, ninguém perde ou
adquire o estado.

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O estado civil da pessoa regula-se por preceitos de ordem pública que interessam a toda sociedade,
não podendo ser mudado por vontade do indivíduo, daí sua indivisibilidade (casado e solteiro, maior
e menor, brasileiro e estrangeiro), indisponibilidade (não pode ser objeto de comércio; renunciar a
ser filho, mas não acarreta a impossibilidade de sua mutação) e imprescritibilidade (por ser
elemento da personalidade, não podendo desaparecer pelo decurso de prazo: nasce com a pessoa e
com ele desaparece).

AÇÕES DE ESTADO
Chamam-se de ações de estado, cuja finalidade é criar, modificar, ou desconstituir um estado, ou seja,
criar uma nova situação jurídica. Trata-se de ações especiais, também conhecidas como "prejudiciais".
Ex.: Emancipação. O novo estado resulta de sentença judicial.
Em geral, são ações personalíssimas, intransferíveis e imprescritíveis. Constitutivas e possuem
autoridade absoluta.

Personalidade e Capacidade

A personalidade jurídica ou civil é o conjunto de faculdades e de direitos em estado de


potencialidade, que dão ao ser humano a aptidão para ter direitos e obrigações.
CAPACIDADE: é a medida jurídica da personalidade.
Aa que todos possuem é a capacidade de direitos (de aquisição ou de gozo ou de direito),
adquirida com o nascimento com vida, o que se constata pela respiração; nascendo com vida, a sua
existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua concepção;
A capacidade de fato (de exercício do direito), nem todos possuem, que é a aptidão para
exercer, por si só, os atos da vida civil.

INCAPACIDADE (é a daquele que somente tem a capacidade de direito, a capacidade é


limitada; aquele que tem a capacidade de direito e a de fato, tem capacidade plena).

- ABSOLUTA – acarreta a proibição total do exercício, por si só, do direito; o ato somente
poderá ser praticado pelo representante legal (representação - o incapaz não participa do ato, que é
praticado somente por seu representante; somente este assina o ato) do absolutamente incapaz, sob
pena de nulidade.

- os menores de 16 anos (menores impúberes)


- os loucos de todo o gênero
- os surdos-mudos que não puderem exprimir a sua vontade
- os ausentes, declarados tais por ato do juiz

- RELATIVA – permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido
(assistência - reconhece-se ao incapaz certo discernimento e, portanto, ele é quem pratica o ato, mas
não sozinho, e sim acompanhado, isto é, assistido por seu representante; ambos assinam o ato), sob
pena de anulabilidade; certos atos, porém, pode praticar sem a assistência de seu representante legal,
como ser testemunha (CC, art. 228, I), aceitar mandato(art. 666, CC), fazer testamento(art. 1860,
Parágrafo único, CC), exercer empregos públicos, casar, ser eleitor, celebrar contrato de trabalho etc.

- os maiores de 16 anos e menores de 18 anos (menores púberes)


- os pródigos – é a pessoa que dissipa o seu patrimônio, desvairadamente; pode ser
submetido à curatela, se tiver cônjuge, ascendente ou descendente; ele pode praticar ,
validamente e por si só, os atos da vida civil que não envolvam o seu patrimônio.
- os silvícolas (CC/16)– são os habitantes das selvas, não integrados à civilização.

CAPACIDADE DE DIREITO OU GOZO (art. 1º, CC).


Mas quando pode se dizer que começa a capacidade de direito ou personalidade civil do
homem? Tal questão faz sentido pois, quando se inicia a personalidade, o homem se torna sujeito de
direitos. Pelo nosso Código Civil, a personalidade natural começa do nascimento com vida, reservando
ao nascituro uma expectativa de direito.
Basta que tenha vivido por um instante sequer e o ente humano adquire personalidade, sendo
considerado juridicamente uma pessoa.
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CAPACIDADE DE FATO.
A capacidade de direito ou personalidade exprime a faculdade ou possibilidade de ter direitos,
mas o poder de exercê-los depende da capacidade de fato.
Esclarecemos melhor ao dizer que as pessoas podem ter a capacidade de direito sem que, por
isso, tenham a capacidade de fato. Por exemplo, o recém nascido e o louco têm a capacidade de direito
(personalidade civil) mas não detêm a capacidade de fato pois não podem exercer por si os direitos de
que são titulares.
Resumindo: a capacidade de fato ou exercício é a aptidão da pessoa para exercer por si
mesma os atos da vida civil, os direitos de que é titular. Essa aptidão para o exercício dos direitos
requer certas qualidades da pessoa, sem o que ela não terá a capacidade de fato. Daí resulta a
incapacidade das pessoas, que pode ser absoluta ou relativa.

CAPACIDADE PROFISSIONAL
É a capacidade especial para prática de atos do direito privado, regulados pelo direito do
trabalho, em que o indivíduo é considerado plenamente capaz antes da maioridade e apto para o
exercício dos direitos trabalhistas (CF, art. 6º, XXXIII- Trabalho Noturno, Insalubre e perigoso= + de
18 anos; proibição de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de Aprendiz= + de
14 anos).

Absolutamente incapazes.
A incapacidade absoluta priva a pessoa de exercer por si mesma qualquer ato da vida civil. De
acordo com o artigo 3º “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Relativamente incapazes.
Tais incapazes intervêm por si mesmos nos atos da vida civil em que são interessados, mas
assistidos por outrem que lhes completa a manifestação da vontade para que ela seja eficaz.
Enumeremos os casos de incapacidade relativa de acordo com o nosso Código Civil:
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Nosso Código Civil não define o que seja Pródigo. Pode-se considerar pródigo aquele que gasta
desordenadamente e destrói a sua fortuna. Eles são relativamente incapazes, dependendo o caso de
constatação judicial, quando então o juiz nomeará um curador a esse incapaz, que só o será
relativamente a certos atos.
No CC/1916, os últimos relativamente incapazes a que se referia o código eram os silvícolas.
A palavra silvícola indica os habitantes das selvas, que aí nasceram e se criaram, ficando
alheios à civilização social. Quando os silvícolas são adaptados à civilização cessa-se essa
incapacidade. Enquanto ela durar eles serão assistidos por um curador.
O preso e o falido não são incluídos expressamente no artigo como pessoas incapazes. Todavia,
sofrem restrições no exercício de certos atos, embora não lhes seja nomeado um curador. As restrições
que lhes são impostas decorrem da situação jurídico-penal e financeira em que temporariamente se
encontram. Assim, o preso ficará sujeito às restrições previstas. O falido, desde a decretação da

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falência, perde o direito de administrar e de dispor de seus bens, assim como de praticar quaisquer atos
que tenham direta ou indiretamente implicação com a massa falida.
Nos casos da incapacidade, que pode ser relativa ou absoluta, devemos fazer algumas
comparações para entendermos melhor. Os incapazes absolutos são representados e os incapazes
relativos são assistidos. Na incapacidade absoluta os atos praticados são nulos e já na incapacidade
relativa os atos são anuláveis.
Diz a lei que no caso de falecimento ou ausência dos pais, ou ainda, decaindo os pais do pátrio
poder se nomeia um tutor. Já no caso de pessoas maiores de idade estão sujeitos à curatela os ébrios
habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os pródigos.
Os pais são os tutores natos dos filhos, representando enquanto impúberes e assistindo se
púberes.
Na verdade, a tutela, a curatela e o pátrio poder são os modos que dispõe nosso Código para
suprir a incapacidade das pessoas. Os menores são representados ou assistidos por seus pais e, na falta
destes, por seus tutores; os demais incapazes serão representados ou assistidos por seus curadores.

EMANCIPAÇÃO
A incapacidade cessa, em primeiro lugar, quando cessar a sua causa (loucura, menoridade ou
maioridade etc.) e, em segundo lugar, pela emancipação, que pode ser de três espécies:

voluntária (é a concedida por ambos os pais, se o menor tiver 16 anos


cumpridos; se divergirem entre si, a divergência deverá ser dirimida pelo juiz; tal
espécie de emancipação só não produz, segundo a jurisprudência, o efeito de isentar os
pais da obrigação de indenizar as vítimas dos atos ilícitos praticados pelo menor
emancipado, para evitar emancipações maliciosas);
judicial (é a concedida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelado que já
completou 16 anos) e;
legal (é a decorrente de determinados fatos previstos na lei, como o casamento,
o exercício de emprego público efetivo, a colação de grau em curso superior e o
estabelecimento com economia própria, civil ou comercial).

Lembrando que a emancipação é a aquisição da capacidade de fato antes da idade legal. Ela
tem caráter irrevogável, ou seja, a pessoa que se emancipou pelo casamento não deixa de ser
emancipado ao enviuvar-se.

CAPACIDADE E O SERVIÇO MILITAR


Existe ainda um caso especial de aquisição da capacidade. Trata-se do menor que houver
completado 18 anos para ser alistado e sorteado para o serviço militar. É o que diz o art. 73 da lei
4.375, de 17/08/64: “Para efeito do serviço militar, cessará a incapacidade civil do menor, na data
em que completar 17 anos”.

TÉRMINO / FIM, DA PESSOA NATURAL


EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL: extingue-se nos casos de:

a) morte real (CC, art. 6º, 1ª parte);


b) presumida (art. 6º, 2ª parte, 22 e 39, CPC, arts. 1.161 a 1.169); CC); a sua prova faz-se
pelo atestado de óbito ou pela justificação, em caso de catástrofe e não-encontro do corpo;
a declaração de ausência (morte presumida) somente produz efeitos patrimoniais,
permitindo a abertura da sucessão provisória e, depois, a definitiva; o ausente não é
declarado morto, nem sua mulher fica viúva (diferentemente do que ocorre com a
justificação, cuja sentença produz o mesmo efeito do atestado de óbito, permitindo o seu
registro); não há transferência de bens entre comorientes; se morrem em acidente casal sem
descendente e ascendente, sem se saber qual morreu primeiro, um não herda do outro; os
colaterais da mulher ficarão com a meação dela, enquanto os colaterais do marido ficarão
com a meação dele; mas se houvesse prova de que um faleceu pouco antes do outro, o que
viveu um pouco mais herdaria a meação do outro e, por sua morte, a transmitiria aos seus
colaterais;
c) Morte Civil: (CCom, art. 157; CC, art. 1.816)

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d) Morte Simultânea ou Comoriência: (CC, art. 8º) Por fim há o caso de ocorrer a
comoriência: Pode acontecer que venham a morrer na mesma ocasião duas ou mais pessoas,
havendo entre elas relações de direito cujos efeitos pedem que se verifique qual delas
morreu em primeiro lugar. É o que se chama comoriência. Nosso código estabelece que,
nesse caso, não podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-se-á que morreram todos simultaneamente, conforme dispõe o art.8º do NCC.

Evidentemente que ocorre quando a pessoa falece, ou seja, com a morte desaparece a
personalidade humana. A morte pode ser real ou presumida pela lei, quando a ausência da pessoa se
prolonga por um certo lapso de tempo, sem que dela haja notícias. (vide arts. 7º e 1.167, II CPC ).

REGISTRO CIVIL - NASCIMENTOS E ÓBITOS


Lei 6.015 de 31/12/1973
Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido na Lei
6.015/73
São os seguintes os tipos de registro:

I - o registro civil de pessoas naturais;


II - o registro civil de pessoas jurídicas;
III - o registro de títulos e documentos;
IV - o registro de imóveis.

Os demais registros regem-se por leis próprias.

Os registros serão assim procedidos:

I - (o registro civil de pessoas naturais), nos ofícios privativos, ou nos Cartórios de


Registro de Nascimentos, Casamentos e Óbitos;
II - (o registro civil de pessoas jurídicas e o registro de títulos e documentos) nos
ofícios privativos, ou nos Cartórios de Registro de Títulos e Documentos;
III - (o registro de imóveis), nos ofícios privativos, ou nos Cartórios de Registro de
Imóveis.

DO NASCIMENTO
Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro no lugar em que
tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, que será
ampliado até 3 (três) meses para os lugares distantes mais de 30 (trinta) quilômetros da sede do
cartório. (art. 15, Lei 6.015/73-Redação dada ao "caput" pela Lei nº 9.053, de 25.05.1995 - DOU
26.05.1995)
ÍNDIOS
Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento. Este poderá
ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios.
Os menores de 21 (vinte e um) anos e maiores de 18 (dezoito) anos poderão, pessoalmente e
isentos de multa, requerer o registro de seu nascimento.
São obrigados a fazer a declaração do nascimento:
1º) o pai;
2º) em falta ou impedimento do pai, a mãe, sendo neste caso o prazo para declaração
prorrogado por 45 (quarenta e cinco) dias;
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior e achando-se
presente;
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior, os administradores
de hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem assistido o parto;
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe;
6º) finalmente, as pessoas (Vetado) encarregadas da guarda do menor.

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NASCITURO OU NATIMORTO
No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não
obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito.
No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os
dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas.
O assento do nascimento deverá conter:

1º) o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la, ou
aproximada;
2º) o sexo do registrando;
3º) o fato de ser gêmeo, quando assim tiver acontecido;
4º) o nome e o prenome, que forem postos à criança;
5º) a declaração de que nasceu morta, ou morreu no ato ou logo depois do parto;
6º) a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome que existirem ou tiverem
existido;
7º) os nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e cartório onde se
casaram, a idade da genitora, do registrando em anos completos, na ocasião do parto, e o
domicílio ou a residência do casal;
8º) os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos;
9º) os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas testemunhas do assento,
quando se tratar de parto ocorrido sem assistência médica em residência ou fora de
unidade hospitalar ou casa de saúde.

Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará adiante do prenome
escolhido o nome do pai, e, na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a condição de
ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato.
NOME QUE EXPONHA AO RIDÍCULO
Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus
portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o
caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do juiz competente.
ALTERAÇÃO DE NOME
O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou
por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se
a alteração que será publicada pela imprensa.
Qualquer alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência
do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-
se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa.
PRENOME
O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos
notórios. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça
decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz
competente, ouvido o Ministério Público.
CRIANÇA “ABANDONADA”
Tratando-se de exposto, o registro será feito de acordo com as declarações que os
estabelecimentos de caridade, as autoridades ou os particulares comunicarem ao oficial competente,
apresentando ao oficial, salvo motivo de força maior comprovada, o exposto e os objetos a que se
refere o parágrafo único deste artigo.
Declarar-se-á o dia, mês e ano, lugar em que foi exposto, a hora em que foi encontrado e a sua
idade aparente. Nesse caso, o envoltório, roupas e quaisquer outros objetos e sinais que trouxer a
criança e que possam a todo o tempo fazê-la reconhecer, serão numerados, alistados e fechados em
caixa lacrada e selada, com o seguinte rótulo: "Pertence ao exposto tal, assento de fls... do livro..." e
remetidos imediatamente, com uma guia em duplicata, ao juiz, para serem recolhidos a lugar seguro.
Recebida e arquivada a duplicata com o competente recibo do depósito, far-se-á à margem do assento a
correspondente anotação.
O registro do nascimento do menor abandonado, sob jurisdição do Juiz de Menores, poderá
fazer-se por iniciativa deste, à vista dos elementos de que dispuser e com observância, no que for
aplicável, do que preceitua o artigo anterior.

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GÊMEOS
No caso de gêmeos, será declarada no assento especial de cada um a ordem de nascimento. Os
gêmeos que tiverem o prenome igual deverão ser inscritos com duplo prenome ou nome completo
diverso, de modo que possam distinguir-se.
Também serão obrigados a duplo prenome, ou a nome completo diverso, os irmãos a que se
pretender dar o mesmo prenome.
NASCIMENTO EM NAVIOS
Os assentos de nascimentos em navio brasileiro mercante ou de guerra serão lavrados, logo que
o fato se verificar, pelo modo estabelecido na legislação de marinha, devendo, porém, observar-se as
disposições da presente Lei.
No primeiro porto a que se chegar, o comandante depositará imediatamente, na capitania do
porto, ou em sua falta, na estação fiscal, ou ainda, no consulado, em se tratando de porto estrangeiro,
duas cópias autenticadas dos assentos, referidos no artigo anterior, uma das quais será remetida, por
intermédio do Ministério da Justiça, ao oficial do registro, para o registro, no lugar de residência dos
pais ou, se não for possível descobri-lo, no 1º Ofício do Distrito Federal. Uma terceira cópia será
entregue pelo comandante ao interessado que, após conferência na capitania do porto, por ela poderá,
também, promover o registro no cartório competente.
Os nascimentos ocorridos a bordo de quaisquer aeronaves, ou de navio estrangeiro, poderão ser
dados a registro pelos pais brasileiros no cartório ou consulado do local de desembarque.
Pode ser tomado assento de nascimento do filho de militar ou assemelhado em livro criado pela
administração militar mediante declaração feita pelo interessado ou remetida pelo comandante de
unidade, quando em campanha. Esse assento será publicado em boletim da unidade e, logo que
possível, trasladado por cópia autenticada, ex officio ou a requerimento do interessado, para o cartório
de registro civil a que competir ou para o do 1º Ofício do Distrito Federal, quando não puder ser
conhecida a residência do pai.
A providência de que trata este artigo será extensiva ao assento de nascimento de filho de civil,
quando, em conseqüência de operações de guerra, não funcionarem os cartórios locais.

DO ÓBITO
Nenhum sepultamento será feito sem certidão do oficial de registro do lugar do falecimento,
extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou,
em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
Antes de proceder ao assento de óbito de criança de menos de 1 (um) ano, o oficial verificará se
houve registro de nascimento, que, em caso de falta, será previamente feito.
CREMAÇÃO DO CADÁVER
A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser
incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por dois
médicos ou por um médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade
judiciária.
São obrigados a fazer declaração de óbitos:
1º) o chefe de família, a respeito de sua mulher, filhos, hóspedes, agregados e fâmulos;
2º) a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas indicadas no número
antecedente;
3º) o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a respeito dos irmãos, e demais pessoas de
casa, indicadas no nº 1; o parente mais próximo maior e presente;
4º) o administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento público ou particular, a
respeito dos que nele faleceram, salvo se estiver presente algum parente em grau acima
indicado;
5º) na falta de pessoa competente, nos termos dos números anteriores, a que tiver assistido aos
últimos momentos do finado, o médico, o sacerdote ou vizinho que do falecimento tiver notícia;
6º) a autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas.
Parágrafo único. A declaração poderá ser feita por meio de preposto, autorizando-o o declarante
em escrito de que constem os elementos necessários ao assento de óbito.

O assento de óbito deverá conter:


1º) a hora, se possível, dia, mês e ano do falecimento;
2º) o lugar do falecimento, com indicação precisa;
3º) o prenome, nome, sexo, idade, cor, estado civil, profissão, naturalidade, domicílio e
residência do morto;

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4º) se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo quando desquitado; se viúvo, o do
cônjuge pré-defunto; e o cartório de casamento em ambos os casos;
5º) os nomes, prenomes, profissão, naturalidade e residência dos pais;
6º) se faleceu com testamento conhecido;
7º) se deixou filhos, nome e idade de cada um;
8º) se a morte foi natural ou violenta e a causa conhecida, com o nome dos atestantes;
9º) o lugar do sepultamento;
10) se deixou bens e herdeiros menores ou interditos;
11) se era eleitor;
12) Remessa de informações ao INSS e a Receita Federal

DA EMANCIPAÇÃO, INTERDIÇÃO E AUSÊNCIA


No Cartório do 1º Ofício ou da 1ª subdivisão judiciária de cada comarca serão registrados, em
livro especial, as sentenças de emancipação, bem como os atos dos pais que a concederem, em relação
aos menores nela domiciliados.
O registro será feito mediante trasladação da sentença oferecida em certidão ou do instrumento,
limitando-se, se for de escritura pública, às referências da data, livro, folha e ofício em que for lavrada
sem dependência, em qualquer dos casos, da presença de testemunhas, mas com a assinatura do
apresentante. Dele sempre constarão:
1º) data do registro e da emancipação;
2º) nome, prenome, idade, filiação, profissão, naturalidade e residência do emancipado;
data e cartório em que foi registrado o seu nascimento;
3º) nome, profissão, naturalidade e residência dos pais ou do tutor.

Quando o juiz conceder emancipação, deverá comunicá-la, de ofício, ao oficial de registro, se


não constar dos autos haver sido efetuado este dentro de 8 (oito) dias e antes do registro, a
emancipação, em qualquer caso, não produzirá efeito.
As interdições (Tutela e Curatela) serão registradas no mesmo cartório e no mesmo livro
O registro das sentenças declaratórias de ausência, que nomearem curador, será feito no cartório do
domicílio anterior do ausente.

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