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No estudo da geografia na escola, o aluno torna-se mais crítico e consciente do seu papel na
sociedade. Ele passa a questionar a maneira pela qual o espaço geográfico é utilizado em
favor de alguns em detrimento de muitos e passa a lutar por melhorias para si mesmo e para
os seus semelhantes.
Ao conduzir o aluno a conhecer e reflectir sobre seu meio físico, as interacções entre esse
meio e seus habitantes, as relações estabelecidas entre todos os sujeitos desse processo de
interacção e as consequências dessas relações e interacções, a disciplina de geografia ajuda na
construção de um indivíduo consciente de seu papel e sujeito de suas acções do mundo.
Não se pode deixar levar em conta que, a profunda estratificação social e a injusta
distribuição de rendas funcionam como um entrave para que uma parte considerável da
população possa fazer vale os seus direitas e interesses fundamentais.
Para isso, faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade de
formação a ser oferecida a todos os estudantes. O ensino de qualidade que a sociedade
demanda actualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o sistema educacional vir a
propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, económicas e
culturais da realidade, que considere os interesses e as motivações dos alguns e garanta as
aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autónomos, críticos e participativos,
capaz de actuar com competências, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.
Desde a construção dos primeiros computadores, na metade deste século, novas relações
entre conhecimento e trabalho começaram a ser delineadas. Um dos seus efeitos é a exigência
de um reequacionamento do papel da educação no mundo contemporâneo que coloca para a
escola um horizonte mais amplo e diversificado do que aquele que, até poucas décadas atrás,
orientava a concepção e construção dos projectos educacionais.
Não basta visar a capacitação dos estudantes para futuras habilitações em termos das
especializações tradicionais, mas antes trata-se de ter em vista a formação dos estudantes em
termos de sua capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em
função de novos saberes que se produzem e demandam um novo tipo de profissional,
preparado para poder lidar com novas tecnologias e linguagem, capaz de responder novos
ritmos e processos.
Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de ensino que favoreça não só o
descobrimento das potencialidades do trabalho individual, mas também, e sobretudo, do
trabalho colectivo. Isso implica o estimulo à autonomia do sujeito, desenvolvendo o
sentimento de segurança em relação as suas próprias capacidades, interagindo de modo
orgânico e integrado num trabalho de equipe e, portanto, sendo capaz de actuar e níveis em
níveis de interlocução mais complexas e diferenciados.
2.1. O impacto das relações e representações da prática social no processo de ensino e
aprendizagem
O conteúdo da geografia, neste contexto, é o material necessário para que o aluno construa o
seu conhecimento, aprenda a pensar. Aprenda a pensar e significa elaborar, a partir do senso
comum, do conhecimento produzido pela humanidade e do confronto com outros saberes (do
professor, de outros interlocutores), o seu conhecimento.
Este conhecimento, partindo dos conteúdos da geografia, significa uma consciência espacial
das coisas, dos fenómenos, das relações sociais que travam no mundo. (CALLAI, 2000).
Segundo Ricardo (2005), a noção de interdisciplinaridade é bem ampla, pois abarca desde
uma visão didáctico-pedagógica e relacional até uma abordagem epistemológica, inclusive
no campo cognitiva (RICARDO, 2005). Com isso, pode-se encontrar diferentes enfoques
para o conceito, interdisciplinaridade integradora, auxiliar, unificadora, heterogénea,
complementar, linear, estrutural, restritiva, instrumental, racional.
Tal situação exige uma análise mais atenta das diferentes concepções existentes. A seguir
destaca-se, a título de exemplo, concepções sobre o conceito de interdisciplinaridade:
A geografia escolar, por não ser uma disciplina independente, deve ser inserida nas diferentes
disciplinas escolares e, por isso mesmo, os mais diferentes temas tido como transversais
podem ser discutido de acordo com a necessidade social e a possibilidade e planeamento
escolar e, por conseguinte docente.
Segundo VLACH (1989), ensinar é, antes mais nada, o trabalho do aluno com o saber sob a
mediação do professor. O ensino de geografia possibilita ao aluno a compreensão da
realidade, entendendo que este é uma construção social sobre a natureza; uma construção
internamente diferenciada, não podendo essa diferenciação interna ser mascarada.
Faz-se necessário um repensar constante sobre o ensino de geografia, os quais precisam estar
contextualizados com o espaço escolar, e, consequentemente, levar em conta as
especificidades da cidade e do campo.
Acredita-se que a docência da geografia intra e extra salas de aulas, relacionada «s a estudos
teóricos baseados nas necessidades das comunidades, nos contextos da cidade e do campo,
construirão história de geografia real.
Não se trata de aplicar modelos pré-estabelecidos, mas possibilitar formas para que os
profissionais experimentem novas metodologias de ensino, que venham ao encontro das
necessidades concretas dos alunos, produzindo assim, saberes reais.
Acredita-se que, assim, a escola estará promovendo uma interacção entre os saberes
pedagógicos e sociais, considerados indispensáveis para o desempenho dos profissionais da
área de geografia.
O saber geográfico e o fazer pedagógico precisam estar em interrelação, para que a formação,
inicial e continuada, atende às reais necessidades do mundo, proporcionando reflexões e
acções acerca do espaço profissional e vivencial.
Pontuchka e tal (2007) afirmam que educar na transversalidade implica mudar a perspectiva
do currículo escolar, indo além da complementação das áreas disciplinares e chegando
mesmo a remover as bases da instituição escolar remanescente do século XIX. Os temas
transversais são também interpretados como pontes entre o conhecimento do senso comum e
o conhecimento académico, estabelecendo articulação entre ambos.
Porém, sabemos que a pratica da transversalidade, ainda não sendo utópica, trata-se de uma
prática ademais difícil de ser trabalhada. Muitos são as considerações que podemos tecer
sobre o porquê desta prática não se efectivar, mesmo tendo-se com clareza os ganhos
educacionais que podem se tido.
Podemos nos pegar comummente pensando o seguinte: - Estudamos uma determinada ciência
e diante da consciência que buscamos ter do mundo a partir destas ciências, tendemos a nos
encerrar em suas determinações epistemológicas. Segundo Claval (1999) afirma que, todo
facto geográfico é um facto cultural.
A transversalidade, nesse sentido, aparece como possibilidade de contacto – mesmo quer por
vezes indirecto, com outras disciplinas e, por conseguinte com outras ideologias e métodos
que podem somar à ciência geográfica na tentativa de uma geografia que compreenda a
totalidade-mundo à que Straforini (2005) se refere proporcionando uma geografia que ensina
o ser humano o sentido de geograficidade.
Fica claro que o esforço tem de ser conjunto. A geografia diante das necessidades certamente
tem sua importância, todavia antes a perspectiva de formação que o indivíduo tem de ter para
viver uma geograficidade capaz de fazê-lo perceber em suma o mundo.
Essa situação, desde origem dessa ciência, no século XIX, tem contribuído distanciamento
contextual das relação tempo/ espaço da dimensão do próximo e/ou longínquo, pelo sujeitos
na vida quotidiana.
Desta feita, no processo educativo não se permite espaço e tempo para acção reflexão-acção,
assegurando junto à maioria dos indivíduos, uma expressão mnemónica por excelência. A
tarefa da educação geográfica, na rede pública e privada de ensino, prescreve como eixo
central de desigual distribuição dos saberes.
O currículo, nessas áreas vem engendrando, constantemente, limites e fronteiras, bem como,
alheando a vida pulsante do processo ensino aprendizagem, senão da sociedade, de seu
sentido histórico-espacial e da afectividade, consequentemente, da efectivação dos valores da
cidadania.
Conhecer o papel de currículo geográfico disciplinar, bem como, os contornos que esse
adquire face às políticas educacionais pensadas por outrem para ávida dos sujeitos
contemporâneos é uma possibilidade para se transgredir toda uma serie de hábitos ancestrais.
É pensar a relação da acção dos sujeitos sobre o espaço contribuído até então e do qual são
indissociáveis.
O sentido da geografia escolar no conjunto das reflexões que dizem sobre a educação formal,
mostra-se em sua maioria, desvinculada da prática material dos homens e mulheres que
menos têm tido acesso a educação de qualidade ou pelo menos tem pedido permanecer nela.
Essa implicação, fortemente, na forma de pensar e construir o mundo, de tal forma que, no
processo ensino-aprendizagem, pouco s consegue dar visibilidade ao dialogo com os
diferentes saberes e territorialidades produzidas pelos alunos no movimento da educação no
país.
Assim, pela escola, se impõe obstáculos e renitências as manifestações de conteúdos de
cunho sociocultural, democráticos e afectivos, em prol da desigualdade do saber, de
competências e dos futuros papeis de cada um na sociedade.
Como aborda Bourdieu e Passeron, a violência simbólica ocorre quando uma determinada
classe social impõe significações e ao impô-las como legitimas dissimula as relações de força
e de poder que estão na base de suas forças, esta impõe e inculca um arbítrio cultural de
forma também arbitrária ( via inculcação e imposição).e
A trajectória curricular da geografia escolar rebela, no interior de seus textos, uma visão
meramente vinculada à transmissão de um determinado contexto social, económico, cultural
e político. Essa perspectiva vem se imaginação dos sujeito no processo educativo.
Neste sentido, as contribuições da nova geografia na percepção evidenciam pesquisas que
relatam o quotidiano ao abordar estudos sobre as subjectividades, o imaginário e o capo
simbólico. Esses campos teóricos inserem-se numa perspectiva cultural e analisam novos
caminhos para sem pensar o tempo e o espaço vivido no que concerne à linguagem, ao
imaginário, ao simbólico, as relações entre o saber e o poder, a subjectividade orientando a
geografia escolar para uma perspectiva social, cultural e do quotidiano, sensibilizando para a
volta do sujeito como centro das análises.
Contudo, essas construções sociais do currículo, o seu planeamento e propostas nem sempre
se prolongam para a escola. Essa evidência nos mostra que a acção do professor e dos alunos,
nessas áreas pode se direccionar para além da selecção de conteúdos e metodologias que o
orientam, de forma a tornarem-se genciadores de um conhecimento, autónomos, criativos,
pluralista e propositivo na realidade da escola e da cidade.
Para um efectivo exercício da participação há que se fornecer caminhos para que a pessoa
possa escolher aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as
circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva o desenvolvimento de
conceitos geográficos, quais sejam:
Isso ajuda aos sujeitos educativos a tomar consciência de si mesmos, dos outros e da
sociedade nas mais diversas relações que se possam estabelecer na sociedade.
Assim, sem pretendermos levar questão teóricas mais profundas, espera-se que, de alguma
forma, as reflexões e sugestões apresentadas sejam úteis aos futuros professores que desejam
ensinar geografia para seus alunos caracterizarem melhor a realidade e, portanto, tornem se
mais conscientes e participativos do espaço em que vivem.
O ensino da geografia nos coloca uma considerável responsabilidade: a formação dos futuros
cidadãos. Assim, acredita-se que os problemas de ensinar essa disciplina são muito complexo
e delicado aliado a diversidade físico-naturais e socioeconómicas espaciais.
A geografia se faz na prática, não serve para aprender coisas que devem ser aprendidas.
Curiosamente ocorre um paradoxo: os geógrafos dizem deve-se fazer isto, como se fosse eles
quem decidissem.
Ou seja, algumas vezes eles julgam, talvez inconscientemente, que são os chefes de Estado,
imaginam que basta a ciência para compreender os fenómenos e automaticamente todo
mundo vai aplicar as conclusões e todos vão estar de acordo com elas. Essa relação entre
geografia e a acção é algo secular. E a expressão fundamental dela é o mapa.
O mapa é uma representação de uma porção do espaço terrestre, que era um imperativo em
outro tempo. Hoje temos as fotos aéreas, a teledetecção e outros aparatos que fazem tudo
praticamente sozinhos, graça a avanços técnicos, científicos e ecológicas.
Mas é lógico que o ensino de geografia não consiste somente na leitura de mapas. Por que se
ensina ao cidadãos? Quanto mais consciência tiverem os cidadãos da geografia, mais fácil
será a existência de formas automáticas e pessoais de comportamento.
A população deve tomar contacto e conhecer os projectos de seus políticos, de seus locais de
moradias. Pois bem: se quisermos expressar qual é a função da geografia, eu definiria como o
saber pensar o espaço. E saber pensar o espaço, ou ter um raciocínio geográfico, não é
sonhar com as estrelas e sim pensar o espaço com uma visão política, saber pensar o espaço
com vista a nele actuar mas eficazmente.