Este livro não pretende trazer uma visão ontológica sobre o currículo, tendo em vista que segundo o autor as definições nos revelam o que determinada teoria compreende sobre o currículo e não revelam a sua suposta essência. O currículo portanto, será abordado através de uma panorama histórico das teorias do currículo. Etimologia da palavra currículo vem do latim curriculum, que significa “pista de corrida”. Compreensão sobre o currículo nas teorias. Teorias Conceitos Questão Norteadora Teorias Ênfase nos conceitos pedagógicos de O que ensinar? Tradicionais: ensino, aprendizagem, avaliação, Como ensinar? metodologia, didática, organização, planejamento, eficiência e objetivos. Teorias Ênfase nos conceitos de ideologia, poder, Por que esse Críticas: reprodução cultural e social, classe social, conhecimento e capitalismo relações sociais de produção, não outro? conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto e resistência. Teoria Pós- Ênfase nos conceitos de identidade, Por que privilegiar críticas: alteridade, diferença, subjetividade, um determinado significação e discurso, saber-poder, tipo de representação, cultura, gênero, raça, subjetividade ou etnia, sexualidade, multiculturalismo. identidade e não outra? Os estudos sobre currículo como campo especializado nascem nos Estados Unidos na década de 1918 com o livro The curriculum de Bobbit que lançou as bases da teoria tradicional. Bobbitt e Tyler buscavam igualar o sistema educacional ao sistema industrial, dessa forma o currículo era estruturado nas idéias de organização, desenvolvimento e eficiência. John Dewey se preocupava com a construção da democracia e enfatizava que no currículo deveria ser considerado os interesses das crianças e jovens. Tendências Currículo Formação Finalidade da Humana Educação Conservadora Estruturado com: Técnica Proporcionar a objetivos, resultados qualificação esperados, métodos, e exigida na formas de mensuração. profissão . Progressista Deveria considerar os Expressiva Defesa de uma interesses e livre expressão escola pública, do pensamento das obrigatória e crianças e dos jovens. laica. Clássico Centrado no ensino das Idealista Proporcionar Humanista matérias clássicas, obras familiaridade literárias e artísticas das com a arte e a heranças clássicas grega e literatura latina, domínio das clássica línguas. A crítica ao modelo tradicional inicia com Althusser enfatizando a escola enquanto propagadora da ideologia dominante através das disciplinas e conteúdos de seu currículo. Bowles e Gintis defendiam que a incorporação da ideologia capitalista, ocorria através da vivência das relações sociais da escola, das atitudes necessárias para a qualificação enquanto trabalhador capitalista. Para Bourdieu e Parsseron a reprodução social ocorre por meio da cultura, pela transmissão da cultura dominante como única, desprezando os costumes e valores das classes dominadas. Autores Ideologia Capitalista Escola Louis As disciplinas e A escola garante a disseminação da Althusser conteúdos do ideologia e da força de trabalho currículo escolar. através “dos mecanismos seletivos” Bowles e Correspondência Há escolas destinadas a formação dos Gintis das relações trabalhadores obedientes para os sociais da escola e cargos de produção. E escola das relações destinada a formação dos líderes sociais do local de para cargos de chefia. trabalho. Bourdieu e Cultura O currículo da escola está baseado na Parsseron dominante cultura dominante: ele se expressa na linguagem dominante, ele é transmitido através do código cultural dominante. O autor se propõe neste livro a delinear os estudos sobre currículo desde a sua origem até os dias atuais, navegando desde as teorias tradicionais, que compreendiam que “teorizar” o currículo resumia- se em discutir as melhores e mais eficientes formas de organizá-lo, passando pelas teorias críticas que questionavam aquilo que de fato deveria ser pensado no currículo – os interesses e as relações de poder que privilegiam determinados conhecimentos sobre outros e chegando a teoria atual pós-crítica que colabora no sentido de pensar o currículo enquanto conexão entre identidade e poder , tendo em vista que forma aquilo que somos: nossa identidade, nossa subjetividade.