ITAÚNA - MG
2018
UNIDADE PARCEIRA DO INSTITUTO COTEMAR
MARIA AUGUSTA CARNEIRO
ITAÚNA -MG
2018
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RESUMO
Este artigo propõe-se a analisar duas áreas do saber: psicanálise e educação, tentando aproximar
dois campos que olham o mesmo fenômeno de maneiras distintas, levando em consideração o
inconsciente de cada sujeito e colocar em pauta as contribuições da psicanálise para a educação,.
Delineando, inicialmentea Psicanálise em diálogo com a Educação, e mostrando que o ato de
educar não se limita a uma transmissão de informações e conteúdos, mas implica diretamente o
professor e o aluno como sujeitos na construção do conhecimento. Portanto, ensinar não consiste
em “aplicar cegamente uma teoria e nem a conformar-se com um modelo. É, antes de mais nada,
resolver problemas, tomar decisões, agir em situações de incerteza e, muitas vezes, de emergência.
Sem, para tanto, afundar no pragmatismo absoluto e em ações pontuais” (Pereira, 1998, p. 170). É
desejável que o educador seja ao menos familiarizado com as práticas psicanalíticas para, assim,
entender melhor o desenvolvimento de seus alunos, sendo o desenvolvimento infantil parte
fundamental da constituição da personalidade do indivíduo, trazendo a figura do brincar lúdico em
cena, questão que contribui em alto grau para esse processo, para a formação e educação.
1INTRODUÇÃO
A psicanálise, como parte do estudo do psiquismo, se apresentano cenário
brasileiro, em meados da Revolução Industrial, com o objetivo de auxiliar a
comunidade escolar para um melhor entendimento do comportamento humano,
principalmente o infantil, bem como contribuir para a resolução das limitações e
problemas escolares vivenciadas pelas crianças e pelos sujeitos escolares. Esses
objetivos buscavam atender a nova filosofia educacional vigente da época,
recomendado pela Nova Escola:”Esta nova política educacional partia do princípio
de que a escola deveria atuar como um instrumento para a edificação da sociedade
por meio da valorização das qualidades pessoais de cada indivíduo” (ABRÃO, 1999,
p.127).
Pensar numa educação para o sujeito, é diferente de pensar em uma
educação para todos. Segundo Mrech (2005):
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trabalho bem complexo e quase impossível, onde o educador tenta exercer seu
poder pela fala, a partir de um discurso consciente, previamente estabelecido,
esperando efeitos previsíveis (KUPFER, 1989, 1999, 2013; MRECH, 2005).
No entanto, sob a ótica do inconsciente que as palavras fogem ao
interlocutor. A palavra não dá conta do todo, do real que foge às articulações
simbólicas da fala (KUPFER, 1989).
O inconsciente prevalece no discurso feito por Kupfer (1989),e seus efeitos
são incalculáveis, em se tratando tanto do sujeito emissor, que não tem o controle
sobre os caminhos de seu discurso, como de seu receptor, que estará também
passível a processos inconscientes.
4RELAÇÕES PROFESSOR-ALUNO
- Ser considerado comofigura de autoridade; aquele que tem poder para resolver os
conflitos, administrar a justiça e dar segurança perante os problemas mais
ameaçadores.
No entanto, a relação entre professor e aluno, tropeça não somentenos
sentimentos e expectativas excessivas do aluno, mas também pelas ações do
professor: a sua transferência do saber, as suas aspirações, os seus medos, e
outros problemas de que o próprio professor não esta consciente, e o impede de
estabelecer uma boa conexão com o aluno.
Sendo assim, para que a relação professor-aluno possa fluir da melhor
maneira possível, é preciso que o professor desperte sua própria competência para
lidar consigo mesmo. Não podem retirar-se da Psicanálise princípios pedagógico-
didáticos universais.
A Psicanálise, não lhe dará formulas prontas para o ato de ensinar, ela“não
pode ajudar os professores a ensinar melhor aquilo que eles têm consciência de
ensinar, a alcançar os fins oficiais do ensino, os objetivos claramente defendidos.
Mas ela é sensível ao que se passa do outro lado, do lado do inconsciente, ao modo
como, sem o saber e sem o querer, o professor perpetua - mal - uma função social
muito antiga. Aí, a análise pode reconhecer, sob uma forma degradada e decaída,
algo que é do seu domínio, que tem a ver com o inconsciente, mesmo se perdeu o
seu verdadeiro valor e já não cumpre, senão mal, a sua função” (MANNONI, 1970,
p. 219).
Portanto, ao analisar as técnicas psicanalíticas de transferência no âmbito
educacional é importanteentender a verdadeira relação professor-aluno, bem como
c compreender que ela não é um simplesmente um processo de interação
obrigatória para o processo de ensino/aprendizagem, e sim a realidade psíquica
dos personagens envolvidos nesse cenário.
A partir daí, percebemos a complexidade e importância de um olhar analítico
sob a relação professor-aluno e do ato pedagógico, ganha e do novo formato
quepassa a ser construídos a partir das incertezas e do inesperado, deixando de
lado os modelos pré-estabelecidos, prevendo e prescrevendo os passos da relação
e atos pedagógicos.
Contudo, podemos perceber a paixão que emana dessa relação,
identificações que resistem ao tempo, marcam a vida dos alunos de modo a
influenciar até mesmo suas escolhas pessoais e profissionais.
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5CONSIDERAÇÕES FINAIS
realidades e papeis que não lhes condiz, deixando de se apropriar com excelência
daquilo que lhes cabe e, automaticamente, tirando outros de seus lugares,
comprometendo a fluência sistêmica da vida e desperdiçando tempo e energia,
construindo inclusive, doenças que se arrastam por gerações pedagogia
psicanalítica, no sentido da criação de uma ciência da educação, de uma “didática
analítica”, por assim dizer.
Diante desse novo cenário, podemos afirmar que as contribuições que a
psicanálise pode deu ao campo educacional foram os desvelamentos do que se
passa no campo pedagógico, principalmente, à implicação do inconsciente na
educação.
Portanto, ao analisar os efeitos exercidos pela psicanálise sobre à educação ,
e a conexão professor-aluno enquanto uma categoria inconsciente, atemporal e
presente, tanto na criança como no adulto, surge o entendimento dessa conexão
como uma prática que busca a formação integral do professor que detenha
conhecimento teórico de psicanálise e experiências pessoais que permitam
aproximá-lo de suas vivências inconscientes, de suas experiências infantis. Em
conjunto, estes elementos favorecem uma melhor compreensão do aluno por parte
do professor, que passa a atuar como um mediador no processo ensino-
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
MILLOT, Catherine. Freud antipedagogo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.