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FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II

RELATÓRIO DE EXPERIMENTO EM LABORATÓRIO


TEMA: DILATAÇÃO TÉRMICA DOS SÓLIDOS

Nome do Professor
Paulo Roberto Magnago, Universidade Federal de Santa Maria
Nome do Aluno
Ricardo Pavão Madureira, Universidade Federal de Santa Maria

Resumo. A dilatação térmica dos sólidos é um 3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS


tema da Física presente em nosso dia a dia: na
abertura de um vidro de conservas com a tampa 3.1 O sólido cristalino
emperrada, mergulhando-a na água aquecida;
na instalação de juntas de dilatação nas placas Nos metais, exemplos de sólidos cristalinos,
de concreto dos pisos de calçadas, pontes e encontramos os átomos dispostos segundo
viadutos; no trincamento de um copo de vidro figuras geométricas bem definidas. Esses
com café recém preparado, deixado sobre o átomos, distribuídos ordenadamente, dão
tampo de mármore da pia; no ranger do portão origem a uma estrutura denominada rede
de aço nos dias de verão; na conveniência da cristalina, unida mediante forças elétricas, que
instalação subterrânea dos tanques de
funcionam como se existissem pequenas molas
combustíveis; na variação da catenária dos
cabos elétricos aéreos. Para o profissional de
unindo um átomo a outro (Figura 1). Esses
engenharia civil, esse conhecimento é essencial átomos estão em constante vibração em torno
na elaboração de seus projetos e no tratamento de uma posição média de equilíbrio.
das patologias das construções. (MÁXIMO, 2010).
Se fornecermos energia térmica a um
Palavras-chave: Dilatação térmica. Coeficiente sólido metálico, a velocidade de oscilação das
de dilatação. partículas que o constitui aumenta e a rede
como um todo passa a ocupar um volume
1 INTRODUÇÃO maior. Assim todo o corpo sofre uma
dilatação.
Segundo a Teoria Cinética, a temperatura de Nos sólidos não cristalinos, chamados de
um corpo está relacionada com a velocidade amorfos, tal como o vidro, não podemos mais
média das partículas que o constituem e esta aplicar o conceito de redes cristalinas. Todavia,
velocidade aumenta com o fornecimento de o fenômeno é semelhante.
energia térmica para o corpo e diminui quando a
energia térmica é retirada. Figura 1 - O aumento da temperatura do
Na maioria dos casos, os corpos aumentam corpo o faz vibrar com maior intensidade e
de tamanho se aquecidos e diminuem quando amplitude, expandindo o seu volume
são resfriados.
Para entender esse fenômeno, há a
necessidade do estudo do balanço entre energia
cinética e a energia de interação das partículas
do corpo.

2 OBJETIVO

Com o presente trabalho, o autor teve como


objetivo estudar a variação das dimensões de
um corpo com a temperatura.
Fonte: (HEWITT, 2011).

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3.2 Dilatação volumétrica A dilatação superficial segue a mesma


lógica da dilatação volumétrica. Neste caso,
A dilatação ou a contração de um sólido temos uma superfície S0 , que sofre uma
ocorre sempre nas três dimensões. variação ΔS, que depende do tamanho inicial,
Um corpo de volume inicial V0 , ao receber da variação de temperatura e das
energia térmica, sofre uma variação ΔV desse características particulares do material.
volume, proporcional ao próprio volume inicial, Assim:
pois quanto maior o volume inicial maior é o
número de partículas do corpo que precisam de ΔS = β.S0 .ΔT (3)
mais espaço. Além disso, essa variação também
é proporcional à variação de temperatura Onde:
imposta ao corpo, considerando que, quanto β = coeficiente de dilatação superficial do
maior a temperatura, maior é o grau de agitação material constituinte do corpo, em ºC -1
e maior será o espaço ocupado pelas partículas.
Cada material possui características 3.4 Dilatação linear
próprias, que dependem tanto da intensidade
das forças de coesão entre seus constituintes, Dizemos que ocorre dilatação linear quando
quanto de suas massas e disposições uma das dimensões do corpo é muito maior
geométricas. Tal particularidade é definida a que as outras duas ou quando buscamos
partir de uma grandeza experimental chamada avaliar apenas uma dimensão do corpo. É
coeficiente de dilatação volumétrica do material calculada da seguinte forma:
que constitui o corpo, γ , em ºC -1. Desse modo:
ΔL = α.L0 .ΔT (4)
ΔV = γ.V0 .ΔT (1)
Onde:
ΔT = Tf - Ti (2)
α = coeficiente de dilatação linear do material
Onde: constituinte do corpo, em ºC -1
Tf = temperatura final do corpo, em ºC
Figura 3 - Dilatação linear resultante do
Ti = temperatura inicial do corpo, em ºC aumento da temperatura

Figura 2 - Usando o aquecimento para


desemperrar um conjunto metálico

Fonte: (Sala de Física, 2018).

3.5 Relação entre os coeficientes de dilatação


Fonte: (Desconhecida).
Normalmente, conhecemos somente o
3.3 Dilatação superficial coeficiente de dilatação linear constituinte do
corpo. Os outros coeficientes surgirão a partir
Dizemos que a dilatação é superficial da relação:
quando uma dimensão é desprezível em α = β = γ (5)
relação às outras. 1 2 3

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4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL A chapa aquecedora elétrica foi ligada e


aguardamos cerca de 20 min até que o vapor
4.1 Montagem do dispositivo de água confinado no balão de vidro atingisse
a temperatura de 97,5º C, segundo o seu
A atividade foi conduzida no Laboratório termômetro.
(sala 1303, CCNE). Iniciada às 10h00, as Até aquele momento, a mangueira do
práticas foram concluídas às 11h00, no dia vaporizador não havia sido conectada à haste
08/11/2018, com os alunos organizados em metálica, considerando que, se assim tivesse
um único grupo de trabalho. acontecido, haveria prematuramente a
condensação de água no interior da haste de
Figura 4 - Esquema do dilatômetro linear teste, obstruindo a passagem de vapor de
água, o que comprometeria o equilíbrio
térmico do conjunto.
Foram medidos o comprimento da haste
de teste, L0 , e o raio, r, do eixo do transferidor
graduado em graus, onde se apoiava a haste.
Nesse instante, utilizando luvas para evitar
queimaduras no operador, a mangueira foi
acoplada à haste ao mesmo tempo que se
confirmou a posição zero da agulha do
transferidor e a temperatura ambiente.

Figura 5 - Dilatômetro linear montado

Fonte: (UFSM, GEF, adaptado, 2018).

Segundo a montagem que aparece na


Figura 4, o dilatômetro linear era constituído
de: chapa aquecedora elétrica; balão de vidro
com saída lateral, contendo água pura;
termômetro (álcool) acoplado ao balão;
mangueira do vaporizador; haste metálica
(oca) de teste; suporte da haste de teste;
transferidor com ponteiro e eixo de apoio;
termômetro para medir a temperatura
ambiente; trena.

4.2 O experimento

Inicialmente, o dilatômetro linear


encontrava-se à temperatura ambiente de 25º C,
Fonte: (WERNER, 2018).
com a mangueira do vaporizador
desconectada da haste de teste.
À medida que a haste absorvia calor, o
Escolhida a haste amarela, ela foi fixada
ponteiro do transferidor avançava, até que,
no suporte, deixando somente uma das
por cerca de 5 min, o ponteiro permaneceu
extremidades livre, que foi a apoiada no eixo
inerte, o que indicou o equilíbrio térmico do
do transferidor.
dispositivo e o ângulo foi anotado.

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Figura 6 - Transferidor do dilatômetro encontra-se:

Δθ = π.ẟ (7)
180

Figura 7 - Declinação da agulha do


transferidor em consequência da dilatação da
haste metálica de teste

Fonte: (WERNER, 2018).

A haste amarela foi substituída pela


prateada e, com a mesma sequência de
procedimentos e cuidados, o experimento foi Fonte: Autor.
repetido e os dados reunidos para análise e
conclusões. Combinando as Eq. 6 e 7:
5 DADOS, ANÁLISE E RESULTADOS ΔL = π.ẟ.r (8)
180
Não houve tratamento estatístico para os
valores medidos, pois considerou-se que
Combinando as Eq. 2, 4 e 8, e isolando α,
resultaram da percepção de vários operadores
obtemos:
no grupo de trabalho, que concordaram com
cada medição.
α = Δ (9)
Na extremidade livre da haste de teste, o
L0 .(Tf - Ti )
ponteiro gira solidário a um eixo de raio r,
segundo a ação tangencial da haste ao se dilatar
Combinando as Eq. 8 e 9, obtemos:
(ou contrair).
A dilatação da haste, ΔL, em contato
α = π.ẟ.r (10)
periférico tangencial, sem escorregamento,
180.L0 .ΔT
com o eixo de raio r, tem valor:

ΔL = Δθ.r (6) Onde:

Com base nas Figuras 6 e 7, e considerando: α = coef. de dilatação linear da haste, em º C -1

ẟ = ângulo central, em graus (º) ẟ = ângulo verificado com o transferidor, em º

Δθ = arco que corresponde ao ângulo ẟ, em r = raio do eixo do transferidor, em cm


rad
L0 = comprimento inicial da haste, em cm
r = raio do eixo do transferidor, em cm
Tf = temperatura final da haste, em º C
360º ≈ 2π rad
Ti = temperatura inicial da haste, em º C
ẟ ≈ Δθ

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Para a determinação do coeficiente de Tabela 2 - Substâncias com características


dilatação linear de cada haste, em ambos os físicas que as habilitaram como candidatas na
experimentos obtivemos: constituição das hastes testadas

L0 = 74,8 cm Substância Coef. de Dilatação Linear, α (º C -1)


Alumínio 2,29 . 10 -5
Tf = 97,5 º C
Bronze 1,75 . 10 -5
Ti = 25 º C Estanho 2,14 . 10 -5
Latão 1,89 . 10 -5
ΔT = 72,5 º C Níquel 1,34 . 10 -5
Platina 8,90 . 10 -5
Esses valores aplicados na Equação 10
retornaram os valores de αamarela e αprateada , e Fonte: Autor.
proporcionaram o preenchimento da Tabela 1:
Finalmente, diante dos valores dos
α amarela = 3,1416.(32).0,15 coeficientes de dilatação linear obtidos com o
180.74,8.72,5 experimento, foram apontadas as substâncias
constituíntes das hastes:
α amarela = 1,55 . 10 -5 º C -1 (11)
haste amarela: bronze
α prateada = 3,1416.(43,5).0,15
180.74,8.72,5 haste prateada: alumínio
α prateada = 2,10 . 10 -5 º C -1 (12) O cálculo do erro relativo do experimento,
considerando os dados calculados nas posições
Tabela 1 - Coeficientes de dilatação linear 11 e 12, e Tabela 2, nos levou a:
encontrados para as hastes testadas
Er , haste bronze = (1,75 - 1,55).10 -5 = 11,43 %
L0 ΔT Δθ ΔL 1,75 . 10 -5
Haste α (º C -1)
(cm) (ºC) (rad) (cm)
Amarela 74,8 72,5 1,36 0,0838 1,55 . 10 -5 Er , haste alumínio = (2,29 - 2,10).10 -5 = 8,30 %
Prateada 74,8 72,5 1,72 0,1139 2,10 . 10 -5 2,29 . 10 -5

Fonte: Autor. 6 CONCLUSÃO

Inicialmente, baseado na Tabela de Coef. A partir da revisão teórica, verificou-se que


de Expansão Linear de Sólidos, a 20º C, nas hastes de teste os átomos estão dispostos
divulgada pelo Instituto NCB em sua homepage segundo figuras geométricas bem definidas, em
(disponível em: <http://www.newtoncbraga. redes cristalinas, unidos mediante forças
com.br/index.php/almanaque/374-coeficientes- elétricas, que funcionam como se existissem
deexpansao-linear-de-solidos.html>), foram pequenas molas unindo um átomo a outro.
selecionadas 17 (dezessete) substâncias como Esses átomos estão em constante vibração em
possíveis candidatas a serem as constituíntes torno de uma posição média de equilíbrio.
das hastes deste experimento. Ao fornecermos energia térmica às hastes de
Mais tarde, considerando-se brilho, cor, teste, a velocidade média de oscilação das
densidade, maleabilidade e resistência à partículas que as constituem aumentou e a rede
corrosão apresentados ou não pelas hastes, como um todo passou a ocupar um volume
aquelas candidatas foram reduzidas aos maior. Assim, ambas as hastes sofreram uma
metais ou ligas metálicas da Tabela 2. dilatação, mais evidente em seus comprimentos.

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As hastes de teste, com comprimentos MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz.


iniciais L0 , ao receberem energia térmica, Curso de Física - Coleção Curso de física. V.
sofreram variações ΔL desses comprimentos, 2. São Paulo: Scipione, 2010.
proporcionais ao próprio comprimento inicial,
pois quanto maior o comprimento inicial, maior TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física para
é o número de partículas da haste que precisam Cientistas e Engenheiros. vol. 1. 5. ed. Rio de
de mais espaço. Além disso, essas variações Janeiro: LTC, 2006.
também foram proporcionais à variação de
temperatura imposta às hastes, considerando
que, quanto maior a temperatura, maior o grau
de agitação e maior foi o espaço final ocupado
pelas partículas.
Cada material possuia características
próprias, que dependiam tanto da intensidade
das forças de coesão entre seus constituintes,
quanto de suas massas e disposições
geométricas. Tal particularidade era definida a
partir do coeficiente de dilatação linear do
material que constituia cada haste.
Diante dos valores calculados dos
coeficientes de dilatação linear no
experimento, verificamos que a haste amarela
era constituída de bronze e a prateada, de
alumínio.
Finalmente, o cálculo do erro relativo do
experimento, considerando os calculados no
experimento e os obtidos no Instituto NCB, nos
levou a:

Er , haste bronze = 11,43 %

Er , haste alumínio = 8,30 %

Este aluno considera que todos os


objetivos do experimento foram alcançados.

7 REFERÊNCIAS

BAUER, Wolfgang; WESTFALL, Gary D.;


DIAS, Helio. Física para universitários.
Relatividade, Ondas e Calor. 3. ed. MC
Graw Hill, 2012.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert;


WALKER, Jearl. Fundamentos de física.
vol. 2. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2009.

HEWITT, Paul, G. Física Conceitual. 9. ed.


Bookman. RG. 2002.

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