Alguns trechos são quase similares ao da obra original pois o resumo foi feito em cima do fichamento escrito para apresentação do seminário em sala de aula.
Castells é um sociólogo espanhol nascido em 1942, hoje tem 77 anos
Entre 1967 e 1979 lecionou na Universidade de Paris Em 1979 foi nomeado professor de Sociologia e Planejamento Regional na Universidade de Berkeley na Califórnia Em 2001 se tornou pesquisador na Universidade Aberta da Catalunha Em 2003 juntou-se a Universidade da Califórnia do Sul como professor de comunicação Foi o quarto cientista social mais citado do mundo entre 2000 e 2006 Atualmente vive entre Barcelona e Santa Mônica com sua esposa Na década de 70 foi influente no desenvolvimento da sociologia urbana Marxista Entre 1996 e 1998 publicou uma trilogia chamada “A era da informação”: Sociedade em Rede (1996); O poder da identidade (1997); O fim do milênio (1998) . A sociedade em rede – Castells Capítulo 1 – A revolução da tecnologia da informação Que revolução? Inicia o texto citando o paleontólogo Stephen J. Gould para trabalhar a ideia de que há um novo modelo de revolução emergente no século XX que se da através da tecnologia da informação. A tecnologia trabalhada pelo autor é a convergência entre microeletrônica, computação, telecomunicações/radiodifusão e optoeletrônica somada da engenharia genética. Castells afirma que a revolução tecnológica tem a mesma importância que a primeira rev. Industrial no séc. XVIII. Revoluções tecnológicas são caracterizadas por sua penetrabilidade na sociedade. A revolução que vivemos atualmente refere-se às tecnologias da informação, processamento e comunicação, onde o uso das novas tecnologias de telecomunicações vem nas 2 décadas passadas em 3 estágios: automação de tarefas; experiências de usos; reconfiguração das aplicações. Onde nos 2 primeiros foram aprendidos usando e o último fazendo, assim, os usuários e criadores podem se tornar a mesma coisa. “Os contextos culturais/institucionais e a ação social intencional interagem de forma decisiva com o novo sistema tecnológico” Em um primeiro momento, apenas as maiores potências tiveram acesso às tecnologias industriais, essas se difundiam lentamente, diferente das novas tecnologias da informação que se difundiram no globo entre 1970 e 1990. Mesmo assim há consideráveis partes do mundo e uma grande parte da população ainda desconectados desse novo sistema tecnológico. Castells ainda afirma que as áreas desconectadas são espacialmente descontínuas. Houve duas revoluções industriais, a primeira substitui as ferramentas manuais peças máquina e a segunda se destaca pelo desenvolvimento da eletricidade, do motor de combustão etc. Os desenvolvimentos dessa aventura tecnológica estavam ligados às ambições imperialistas e seus conflitos. A ascensão de alguns países no último século está diretamente ligada à superioridade tecnológica alcançada no decorrer das revoluções industriais onda as elites é que codificam as aplicações tecnológicas. Quanto mais próxima a relação entre os locais de inovação, produção e utilização das novas tecnologias, mais rápida a transformação das sociedades e maior o retorno positivo das condições sociais sobre as condições gerais para favorecer futuras inovações. (p.73) A reprodução das condições que favorecem a inovação tecnológica é tão cultural e institucional quanto econômica e tecnológica. Dessas condições, as descobertas tecnológicas conduziram as primeiras revoluções foram: Força motriz da primeira revolução industrial: máquina a vapor Força motriz da segunda revolução industrial: eletricidade O autor afirma que a energia necessária para produzir, distribuir a comunicar as duas revoluções industriais difundiram-se por todo o sistema econômico e permearam todo o tecido social. A sequência histórica da revolução da tecnologia da informação Em 1957 Jack Kilby cria o circuito integrado. Noyce passa a produzir entre 1959 e 1962 e os preços caem 85%, a produção então aumenta 20 vezes e 50% do produzido é destinado a usos militares. (em comparação ao algodão que demorou 70 anos para o preço cair 85% durante a rev. Industrial). Em 1971 a Intel (no vale do silício) desenvolve microprocessadores capazes de processar um computador em um único chip. O autor nos apresenta em números (mícrons, megabytes e mega-hertz) os avanços no século XX. O primeiro computador foi criado em 1943 (2ª GM) para decifrar e já em 1946 foi criado o primeiro computador para uso geral, o ENIAC (calculadora e integrador numérico eletrônico), peça que outrora pesou 30 toneladas. Em 1951 é desenvolvida uma versão para uso comercial e em 1964 a IBM (patrocinada pelos militares) começa a dominar esse tipo de indústria se tornando superior a qualquer outra do período. Em 1975, Ed Roberts cria o primeiro computador de primeira escala com microprocessador de uso comercial, o Altair, esse foi base para o Apple 1 e 2, em 76 se cria a Aplle com um capital inicial de 91 mil dólares, seis anos depois já havia vendido 583 milhões de dólares em computadores. Em 81 a IBM cria os computadores pessoais (PC) que logo foram clonados pelos asiáticos e difundidos pelo mundo, mesmo com a superioridade das máquinas Apple. Em 1984 é lançado o primeiro Macintosh, onde os computadores deveriam ter interface de fácil utilização. Também baseado no Altair, em meados dos anos 70, Bill Gates e Paul Allen adaptam um software de sistema operacional que ganha o mercado dos microcomputadores, nasce aí a Microsoft. Além de tudo isso, desde a transição dos anos 80 pra 90 os computadores são concebidos para funcionar em rede e isso vem ganhando cada vez mais espaço em dias atuais. Nos anos 70 surge uma proposta revolucionária de integrar as redes com fio de cobre, nos anos 90 isso é adaptado para a fibra ótica que teria uma capacidade bem maior mesmo sendo uma tecnologia mais cara. Para comparar, em 56 os cabos telefônicos transatlânticos eram capazes de transportar 50 circuitos de voz compactada enquanto em 95 era possível com a fibra ótica transportar 85 mil, essa é a base da internet. Os primeiros computadores em rede, ARPANET, entraram em funcionamento em 1º de setembro de 1969 e conectava 4 universidades norte americanas. Em 1983 a ARPANET é direcionada apenas aos fins científicos e é criada a MILNET para aplicações militares. Em 1980, em colaboração com a IBM, surge a BITNET para fins acadêmicos não científicos e a CSNET para fins científicos. No decorrer dessa década surge a ARPA-INTERNET que viria a se tornar a INTERNET. A ARPANET, rede responsável por manter a INTERNET, se torna obsoleta e é substituída pela NSFNET (National Science Fundation) mas durou apenas 5 anos entre 1990 e 1995, quando a pressão da privatização toma seu espaço. Dada a necessidade de aumento de velocidade na transmissão de dados, era necessário criar um protocolo de rede que permitisse que os computadores se comunicarem. A LAN (local) foi criada nesse intuito, entretanto funcionava de forma local. Posteriormente surge o TCP e o IP, protocolos padrões de comunicação nos computadores dos anos 80. Posteriormente surge o x.25 e com algumas adaptações o TCP/IP se tornou comunicável com o x.25. Com a conexão entre computadores, o desenvolvimento da internet passa a originar invenções inesperadas dos usuários, sendo uma das características essenciais da internet. Os MODEMS, capazes de realizar o meio termo da conexão entre os computadores e a rede telefônica foi criado em 1978. Foi só nos anos 90 que a teia mundial passa a organizar sítios na internet através do WWW (world wide web). Essa teia trabalha em uma linguagem de hipertexto chamada HTML criada pela equipe CERN em genebra. O CERN distribuiu o software WWW gratuitamente e nesse período grandes centros de pesquisa científica passam a hospedar sítios na rede. Em 1995 começaram a surgir linguagens novas como o JAVA e posteriormente o JINI (1999) que facilitavam o sistema de processamento de dados. Em 1997 isso permite que a telefonia móvel consiga enviar e receber bits (Kb e Mb). No fim do milénio já era possível enviar 100gb por segundo em comparação os 5gb em 1993. Tecnologias da vida. Em 1953, Francis Crick e James Watson, descobrem a hélice dupla do DNA o que permitiu a aplicação de uma série de conhecimentos que vinham se acumulando. Stanley Cohen e Herbert Boyer descobrem o método da clonagem em 73. Em 75 o primeiro gene de mamífero é isolado de uma hemoglobina de um coelho e em 77 o gene humano é clonado. Abre-se, portanto, uma disputa comercial dentro desse espaço além das discussões com jornalistas e ativistas sociais que afirmavam estar aberta a capacidade de manipulação da vida. Essa tecnologia passa a ser usada na medicina e posteriormente na agroindústria. Uma de suas funções era emitir substâncias alteradas geneticamente capazes de limpar a poluição (muitas vezes emitida pela mesma empresa). Entretanto, as discussões éticas acerca de genética retardam essa revolução da biotecnologia na década de 80. Em 88 é clonado o primeiro mamífero, um rato, em Harvard. Pela primeira vez o humano “tomou os direitos autorais da vida das mãos de Deus e da Natureza”. Em 89 foi descoberto o gene responsável pela fibrose cística e assim surge a terapia genética. Em 97 clonam uma ovelha com DNA de um animal adulto, Dolly. Posteriormente em 98 clonam 22 camundongos sendo 7 clones de clones e em 98 na Portland State University conseguiram clonar macacos adultos. Para Castells é ínfima a possibilidade de clonagem humana e mesmo os animais clonados não teriam muita utilidade pois caso um agente letal atingisse uma, todo o rebanho seria levado juntos. Mas se abre uma porta, a clonagem de órgãos humanos. A proposta de clonagem de órgãos humanos não estaria ligada a ideia do transplante e sim a induzir a capacidade auto-regeneradora em seres humanos. É a partir de 1990 que o governo dos EUA investe em um programa coordenado por James Watson para mapear, identificar e catalogar entre 60 mil e 80 mil genes da espécie humana. Essa discussão possui o lado científico através da biotecnologia e por outro lado uma discussão entre cientistas, juristas e estudiosos de ética que questiona as consequências desse tipo de pesquisa (talvez uma vertente mais ética dessa discussão). Em 1995 85% de todos os genes humanos já haviam sido mapeados por supercomputadores, era a passos largos que caminhava o Projeto Genoma Humano. Mais a frente surge a Celera Genomics de Venter, empresa que competia com o Projeto Genoma Humano para concluir a sequência genética no ano 2000. Entretanto, mesmo mapeando essa sequência ainda estamos longe de descobrir a função de cada fragmento genético, estão na casa das centenas de milhares. O Projeto Genoma Humano foi mantido por verbas públicas para evitar a propriedade privada dos conhecimentos genéticos. Quando a terapia genética começar a produzir resultados, será possível detectar os defeitos genéticos ainda a tempo de eliminar uma doença tanto dos espermatozoides como dos óvulos humanos. O contexto social e a dinâmica da transformação tecnológica. Castells começa esse tópico questionando por qual razão todas essas descobertas da tecnologia da informação estavam concentradas em poucos locais e com ênfase nos EUA. Além disso se questiona acerca das consequências disso para a relação tecnologia x sociedade. Alguns fatores são apontados, mas não são as simples respostas para essa pergunta, por exemplo, havia uma crise econômica causada pela crise do petróleo e o desenvolvimento tecnológico foi uma resposta para superar as contradições internas; outra razão seria a manutenção da superioridade militar sobre os inimigos soviéticos; etc. Apesar das relações históricas, o desenvolvimento da tecnologia da informação vem do conjunto de distintas invenções no campo da computação, a soma dos softwares com os microcomputadores, com a internet e assim por diante. O primeiro microprocessador foi feito sob encomenda para calculadoras, esse conhecimento provem de ideias estudadas no vale do silício, entretanto, não havia uma necessidade preestabelecida que determinou esse avanço tecnológico. Mais a frente, Castells narra um pouco da história do vale do silício. A conclusão que dá para a história do desenvolvimento tecnológico no Vale é que as inovações eram descobertas a partir do processo de tentativa e erro, ou seja, aprendia-se fazendo (p.103 parágrafo inteiro importante). Com o desenvolvimento do Vale, em determinado momento passa a se desenvolver algo para além da tecnologia, artistas, projetistas gráficos e desenvolvedores de softwares passam fazer parte das empresas que ali estavam, o Vale também se tornara um dos mais dinâmicos centros de multimidia do mundo. A pergunta é, essa capacidade de inovação de padrão social, cultural, espacial poderia ser estendida pro resto do mundo? A resposta que o autor da é: as forjas da era da informação são a concentração de conhecimentos científicos/tecnológicos, instituições, empresas e mão-de-obra qualificada, dessa forma não é necessário reproduzir padrão cultural, espacial, institucional e industrial do vale para criar um espaço de inovações desse tipo. Então, para compreender o paradigma tecnológico, não adianta apenas incluir os processos sociais além da economia, a base material da sociedade da informação é a tecnologia e ela deve servir de guia para compreender esse novo paradigma: 1º No novo paradigma a informação é a matéria prima. Atenção: não são apenas informações agindo sobre a tecnologia, mas agora a tecnologia agindo sobre a informação. 2º as novas tecnologias têm uma grande penetrabilidade pois como agora fazem parte integral de nossas vidas, todos os processos de nossa existência individual e coletiva são moldados pelos novos meios tecnológicos. 3º característica do paradigma é a lógica de redes em qualquer relação, utilizando as novas tecnologias da informação. 4º o paradigma da tecnologia da informação é baseado na flexibilidade. A capacidade de reconfiguração, fluidez organizacional, uma sociedade caracterizada por uma constante mudança. 5º característica é a crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado, onde as tecnologias antigas ficam indistinguíveis em separado. A convergência da tecnologia cria uma revolução entre a biologia e a microeletrônica e então só se torna possível avançar em aspectos dos genes humanos com a ampliação constante da tecnologia. Surge então na década de 90 um círculo intelectual que tem o objetivo de compreender o surgimento de estruturas auto organizadas que criam complexidade a partir da simplicidade e da ordem a partir do caos. O pensamento da complexidade deve ser trabalhado enquanto um método para entender a metateoria unificada para compreender o caráter auto-organizador da natureza e da sociedade. Há a teoria de Prigogine sobre as estruturas dissipadoras e demonstra que a dinâmica não-linear da auto-organização dos ciclos químicos nos permitiu compreender o surgimento espontâneo de ordem como uma das características essenciais da vida. Capra afirma que as pesquisas de vanguarda em áreas diferentes, os sistemas econômicos globais, a neurociência, os estudos sobre a origem da vida, as teorias das redes químicas, são todas perspectivas de uma dinâmica não-linear. Dessa forma o paradigma da tecnologia da informação não compõe um sistema fechado, mas sim a abertura de uma rede de acessos múltiplos. Capítulo 5 – A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas Em 700 a.c. surge na Grécia o alfabeto que contribui para o desenvolvimento da filosofia e da ciência como a conhecemos atualmente. Mesmo assim, a difusão da comunicação escrita so se dá com a difusão da imprensa e a fabricação do papel. A cultura dos sons e visual foi relegado pelo discurso escrito, entretanto, teve sua reviravolta histórica a partir do século XX com a chegada do cinema e do rádio além da televisão. Hoje há uma integração de vários modos de comunicação em uma rede integrativa. É atualmente que vemos a integração de textos, imagens e sons em um mesmo sistema. Vivemos a criação de um novo sistema tecnológico que abarcará as atividades dominantes e os principais seguimentos da população de todo o planeta. Se não analisarmos as transformações culturais sob o novo sistema eletrônico de comunicação, a avaliação global da sociedade da informação será totalmente falha. Para Castells está surgindo uma nova cultura, um novo sistema mediado por interesses sociais, políticas governamentais e estratégias de negócios, a cultura da virtualidade real. O surgimento da cultura dos meios de comunicação de massa Outros meios de comunicação não desapareceram para a difusão da televisão constituir uma nova galáxia da comunicação (termo de McLuhan), mas esses meios foram reorganizados e reestruturados em um sistema ligado as telas das televisões. O rádio não some mas se reestrutura ganhando penetrabilidade e flexibilidade, jornais e revistas passam a procurar temáticas com enfoque nos interesses de sua audiência. Castells se questiona acerca da razão da televisão ter se tornado esse modo predominante de comunicação, essa pergunta é sanada pela hipótese de W. Russell Neuman, que afirma que é fruto da consequência do instinto básico de uma plateia preguiçosa. As pessoas são atraídas pelo caminho mais fácil de acessar. Já Herbert Simon e Anthony Downs enfatizam os custos psicológicos da obtenção de informação por essa via, Castells afirma que não deve ser razão ligada a natureza humana e sim as condições de vida dia após dia depois de um trabalho árduo e a falta de envolvimento pessoal/cultural. A TV representou em determinado momento o fim de uma linguagem puramente pela ordem do alfabeto fonético, agora nos dava imagem, mas não uma imagem estática, uma fotografia, mas um delineamento ininterrupto de imagens. Para McLuhan o fato da TV possuir originalmente uma baixa qualidade, aumenta o envolvimento com o telespectador no ato de assistir que passa a preencher esse espaço. Alguns anos após a difusão da TV, ela se torna o epicentro cultural de nossas sociedades e a modalidade de comunicação que nos traz é fundamentalmente novo, estimulando os sentidos facilitando a comunicação sem esforço psicológico. Nos anos 80 a TV americana passava 3600 imagens por minuto. Em média uma família mantinha a TV ligada 7 horas por dia e o tempo real em que se assistia era estimado em 4h30 por dia. Em comparação aos franceses, utilizavam a TV em média 3h diárias. McLuhan enquadra a mídia tecnológica como produto básico. O rádio e a televisão se tornaram o ambiente audiovisual com o qual interagimos constante e automaticamente. Nos EUA, segundo Draper, o cidadão comum está exposto a uma média de 1600 mensagens publicitárias por dia e responde apenas a cerca de 12 delas. McGuire conclui que não há provas sólidas sobre o impacto dos anúncios, esse setor estaria gastando US$50bi por ano. Para Croteau e Haynes há 3 maneiras fundamentais em que o telespectador age ativamente: 1º por meio da interpretação individual dos produtos da mídia 2º por meio da interpretação coletiva da mídia 3º por meio da ação política Para Humberto Eco, a mensagem tem regras de interpretação diferentes diante das circunstâncias socioculturais. A emissora dominante organiza as imagens para a ideologia dominante e os demais completam com significados “aberrantes” de acordo com seus próprios códigos culturais. Para o autor não há, portanto, uma Cultura de Massa. Castells diz que as mensagens enviadas devem interagir com seus receptores, dessa forma deve ser uma mídia de massa pois se refere a um sistema tecnológico e não a uma forma de cultura, a cultura de massa. Vivemos em um ambiente de mídia e a maior parte de nossos estímulos simbólicos vem dos meios de comunicação. A televisão tem um impacto social binário: Estar ou não estar. Desde que a mensagem esteja na televisão ela pode ser modificada e transformada ou até subvertida. Se uma sociedade é organizada em torno da grande mídia, as mensagens fora da mídia passam a depender das redes interpessoais e então desaparecem do inconsciente coletivo. A nova mídia e a diversificação da audiência de massa Nos anos 80 as novas tecnologias midiáticas transformaram o mundo, jornais editados a distância, criação do walkman que da oportunidade de construir sua parede de sons contra o mundo exterior, o rádio cada vez mais tem estações específicas. O vídeo k7 aparece como alternativa à programação televisiva, etc. O que há de importante para nós é que a TV passou a ter cada vez mais canais, foram difundidos pela fibra ótica e pela digitalização. Além da difusão direta por satélite. Nos EUA, nos anos 80, a TV passou de 62 canais para 330. A UNESCO apresentou o dado de que em 1992 haviam mais de 1bi de Televisores no mundo, 35% na Europa, 32% na Ásia, 20% na América do norte, 8% na américa latina, 4% no oriente médio e 1% na África). Há então uma transição de uma distribuição em massa para uma distribuição segmentada, com emissoras cada vez mais focada em informações especializadas. Dessa forma, a mídia dando possibilidades para atender o publico alvo, podemos dizer que nesse novo sistema a mensagem o meio. Um dos acontecimentos é a ampliação da concorrência entre emissoras de televisão, assim a audiência fica cada vez mais segmentada. Em contrapartida é nesse momento em que a televisão se tornou mais comercializada. Sobre isso: Embora os meios de comunicação realmente tenham se interconectado em todo o globo, e os programas e mensagens circulem na rede global, não estamos vivendo em uma aldeia global, mas em domicílios sob medida, globalmente produzidos e localmente distribuídos. A lógica da galáxia de McLuhan é a de que mesmo que as pessoas tivessem matéria prima para construir sua imagem do universo, esse era um mundo de comunicação de mão única e não de interação. Só quando a mídia foi desviada ao uso dos computadores a audiência pode se manifestar. Comunicação mediada por computadores, controle institucional, redes sociais e comunidades virtuais. Minitel x Internet (ARPANET) Minitel é um sistema organizado que conecta computadores no território francês. A Minitel fez sucesso por duas razões, o governo estaria empenhado nessa nova tecnologia e era simples e acessível para a população. Esse sistema era um sucesso comparado a outros pelo mundo. O governo tinha interesse em difundir, então ao invés de uma lista telefônica, concedeu um terminal minitel gratuito para cada casa. O minitel supria muitas necessidades de serviços online mas explode quando abre linhas de bate papo onda a maior parte se especializou em temáticas eróticas. A constelação da internet Dados na página 423 Castells afirma que não é exagero pensar na ideia de 1 bilhão de servidores e 2 bilhões de usuários na internet em 2010. Dados de hoje: usuários: 4bi, em 2019; 2bi em 2010. Fonte explicitada na tabela abaixo: História do WWW está presente na página na 439. O início da CMC (comunicação global mediada por computadores) -internet nos moldes que conhecemos - começou nos EUA com pós graduandos e docentes das universidades, após isso em universidades de Madri, Barcelona, na Russia, etc. O CMC chega no sistema universitário em escala global e posteriormente isso chega as instituições e empresas. Em 90 o predomínio da Microsoft levou um baque devido a distribuição gratuita do software Linux. Nesse sistema os próprios usuários podiam descobrir novos usos e aperfeiçoar o software. A cultura dos usuários nessa época moldou a rede em duas direções, devido as duas subcorrentes utópicas persentes, as comunais e as libertárias. Dessa era vem muitos esforços pra regular, privatizar e comercializar a internet, mas as redes de CMC se mantiveram com característica de penetrabilidade, descentralização multifacetada e flexibilidade. A sociedade interativa Castells começa a prever o isolamento pessoal causado pela internet ao perceber que a criação de comunidades virtuais gera o fim dos laços sociais com a sociedade e com o mundo “real”. E também prevê, narrando a experiencia de Howard Rheingold que grupos virtuais passarão a se encontrar em reuniões, festas amistosas, etc. Ainda afirma que o grau de sociabilidade que ocorre nessas redes são as consequências culturais dessa nova forma de sociabilidade. William Mitchell dizia que uma nova forma de vida estava sendo composta, ou seja, os usuários criavam identidades online adaptadas nesse novo ambiente tecnológico. Mesmo assim isso gerava uma sensação de comunidade mesmo que efêmera. Alguns críticos sociais como Mark Slouka condena a desumanização das relações sociais que a vida online trouxe. Para Wellman as comunidades virtuais não se opõem as comunidades físicas, afinal, são formas diferentes de comunidades, leis e dinâmicas específicas, que interagem com outras formas de comunidade. Nas redes também se formam ninchos, como o SeniorNet para idosos ou o caso da Systers, rede de cientistas da computação do sexo feminino. A internet então é tanto especializada/funcional como ampla/solitária. A rede é apropriada para conter laços fracos e múltiplos, inclusive entre desconhecidos e de forma igualitária de interação. -> nessa perspectiva a internet está contribuindo para expansão dos vínculos sociais numa sociedade em que parece estar passando por uma rápida individualização. Ainda, as comunidades virtuais são mais fortes do que os observadores em geral acreditam. As comunidades virtuais são comunidades reais? Sim e não. São porém não são físicas e apresentam regras distintas de funcionamento. A rede favorece uma comunicação desinibida dando espaço para minorias e pessoas de status inferiores. A maioria das atividades de uso da rede se dão no trabalho ou atividades ligadas a ele. Há como na rede distinguir hobbie, trabalho e casa? Apesar de não haver pesquisas suficientes para responder, Penny Gurstein apresenta dados preliminares que dizem que os usuários de computadores em casa se queixam da falta de distinção entre família, trabalho e lazer. Alizia Montgomery analisa que pessoas que usam internet em trabalho em geral interagem online com pessoas que vêem pessoalmente. Nancy Baym ainda, através de pesquisa etnográfica, analisa a relação das interações e o teor das conversas online e afirma que muitos usuários criam um ego online compatível com sua própria identidade. Nesse momento se ampliava o uso de bancos na internet, compras online, universidades buscando o ensino on-line, comunicação via correio eletrônico, ampliação de empregos ligado ao sexo, etc. A política passa a usar esse espaço, inclusive na difusão de e-mails. Grupos fundamentalistas cristãos e a milícia norte americana, os zapatistas no mexico são pioneiros do uso dessa tecnologia política. A cidade digital de Amsterdã foi criada em 90 com intermédio de ex lideres do movimento sem terra e do governo municipal para ampliar as redes de comunicação no debate popular local auto organizado e publico. Ativistas de Seattle criaram redes comunitárias para fornecer informações e discutir o controle democrático sobre questões ambientais e política local, além das mobilizações internacionais nas causas feministas, direitos humanos, preservação ambiental e democracia política. Castells analisa o impacto que a rede traz em nossa cultura, a máscara usada em e-mails em anonimato e o fato das pessoas se sentirem mais a vontade fazendo isso do que conversando pessoalmente. A grande fusão: a multimídia como ambiente simbólico Nos anos 90 se começa uma corrida para acompanhar o desenvolvimento das novas mídias, entretanto, Castells afirma que quem lidera essa corrida são as empresas e não os governos. Só nos EUA o investimento foi de US$400bi, valor comparável ao gasto em petróleo, automóveis, borracha ou estradas na primeira metade do século XX. As empresas estão se adaptando a nova realidade, empresas telefônicas, videogames, fabricantes de computadores. Algumas previsões de ampliação e melhoria na difusão da multimídia falharam devido as limitações nos componentes e servidores da época, assim, um sistema de multimídia multinacional ainda seria desenvolvido, ainda não se sabia quando e sob quais condições em cada país além de qual significado cultural terá. Castells afirma que o advento das novas tecnologias estaria pondo fim a separação e a distinção entre mídia audiovisual e mídia impressa, cultura popular e erudita, entretenimento e informação, etc. Há um padrão cultural sendo mantido tanto nos EUA quanto na Ásia sob as características: 1º diferenciação social e cultural muito difundida, levando a segmentação do usuário. A formação de comunidades virtuais é a expressão dessa diferenciação. 2º crescente estratificação social entre os usuários. O acesso as novas redes é limitado aqueles que possuem os aparelhos que a captam e reproduzem e esses aparelhos em determinado momento serão incorporados ao sistema educacional e cultural. 3º a comunicação online se direciona para a integração de um padrão cognitivo comum. (principalmente relativo aos desenhos utilizados) 4º É mais fácil termos acesso agora a todas as expressões culturais no novo universo digital, construindo assim um grande ambiente simbólico onde o virtual é tão real quanto o real.
A cultura da virtualidade real
Castells mostra que não há diferenciação explicitada entre o real e o virtual, portanto há influências de um para outro. Está caracterizado então um novo tipo de comunicação que utiliza múltiplas faces dela mesma e abrange diversas expressões culturais. Esse novo sistema envolve transformações no espaço e no tempo, o tempo se torna algo mais fluido já que as mensagens agora podem englobar tanto o passado como presente e futuro.