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CAPES
Apoio:
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA
CONSELHO EDITORIAL
Akiko Santos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ
Bernhard Fichtner
Universidade de Siegen - Alemanha
Claudia Maria Lima
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/UNESP/Presidente Prudente
Denise Silva Araújo
Pontifícia Universidade Católica Goiás de Goiás/ PUCGoiás
Gilberto Lacerda Santos
Universidade de Brasília/UnB
José Carlos Libâneo
Pontifícia Universidade Católica Goiás de Goiás/ PUCGoiás
Maria Amélia Santoro Franco
Universidade Católica de Santos/ UNISANTOS
Mirza Seabra Toschi
Universidade Estadual de Goiás - UEG e Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉ-
LICA
Sandra Valéria Limonta
Universidade Federal de Goiás/UFG
FICHA CATALOGRÁFICA
CDU: 371.3
SOBRE OS AUTORES
Joana Peixoto
joanagyn@yahoo.com.br
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de
Goiás (1982), especialização em Informática e Educação pela
Unicamp (1989), mestrado em Educação pela Universidade
Federal de Goiás (1991), DEA “Approches Plurielles en
Sciences de l’Éducation” (2002) e doutorado em Ciências da
Educação pela Universidade Paris 8 (2005). Atualmente é vice-
coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu
em Educação da PUC GOIÁS. Tem experiência em formação
de professores, com ênfase na área de Tecnologia e educação,
atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologia e
educação, informática e educação, mídia e educação, educação
a distância e na relação destes temas com a formação de
professores.
Marilza Montagnini
marilza_montagnini@hotmail.com
Coordenadora Pedagógica e professora da Unidade
Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas/
UnUCSEH da Universidade Estadual de Goiás/UEG.
Professora aposentada da Faculdade de Educação da
Universidade Federal de Goiás/UFG. Graduada em Pedagogia
pela Universidade Católica de Goiás - PUC e mestre em
Educação (Art Degree Master) State University of San Diego,
USA.
Nilda Alves
nildag.alves@gmail.com
Professora titular da UERJ (Universidade do Estado do Rio
de Janeiro) onde dirige o ‘Laboratório Educação e Imagem’
(www.lab-eduimagem.pro.br) e o GRPESQ ‘Currículos, redes
educativas e imagens’. Autora de livros e artigos. Organizadora
de coleções e séries de livros, nas editoras Cortez e DPetAlii.
Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira
professorricardoteixeira@gmail.com
Licenciado em Matemática e Pedagogia e Bacharel em
Administração. Pós-Graduado lato sensu em Administração
Escolar e em Educação Matemática; Mestrado e Doutorado
em Educação. Atualmente atua na área de Educação
Matemática, Educação Inclusiva e Tecnologias da Informação
e Comunicação - TICs. É professor nas Faculdades ALFA
nos cursos de graduação, MBA e especialização nas áreas
de Administração, Economia, Engenharia Civil, Pedagogia e
Psicologia. Na mesma instituição é professor do Programa de
Mestrado em Desenvolvimento Regional - MDR (Estatística
Aplicada).
Apresentação................................................................................09
Capítulo I
Escola, didática e interculturalidade: desafios atuais
Vera Maria Candau......................................................................13
Capítulo II
Crises e escolas: didáticas, práticas de ensino e currículos
Nilda Alves ..................................................................................35
Capítulo III
Escola para o conhecimento e aprendizagem ou escola
para o acolhimento: são compatíveis?
Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben........................63
Capítulo IV
Escola pública brasileira, um sonho frustrado: falharam as
escolas ou as políticas educacionais?
José Carlos Libaneo......................................................................83
Capítulo V
Tecnologias e práticas pedagógicas: as TIC como
instrumentos de mediação
Joana Peixoto..............................................................................107
Capítulo VI
CMDI – Comunicação mediada por dispositivo indutor:
elemento novo nos processos educativos
Mirza Seabra Toschi...................................................................125
Capítulo VII
Uma agenda para a didática hoje: atualizando possíveis
prioridades
Adélia Maria Nehme Simão e Koff..........................................147
Capítulo VIII
Contexto educacional complexo e diverso a partir de uma
análise interpretativa dos aspectos legais que subsidiam
propostas educativas inclusivas
Dulce Barros de Almeida
Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira......................................171
Capítulo IX
Formação pedagógica de professores universitários:
ressignificação da atuação docente
Marilza Montagnini
Marilza Vanessa Rosa Suanno.................................................193
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Muitas têm sido as leituras sobre a sociedade em que
vivemos. A dificuldade de caracterizá-la e analisá-la tem
levado muitos autores - cientistas sociais, filósofos, literatos,
jornalistas, etc. - a utilizar metáforas para expressar sua visão
desta realidade. “Aldeia Global” (McLuhan), “Sociedade em
Rede” (Castells), “Sociedade Líquida” (Bauman), “Choque de
Civilizações” (Huntington) são algumas delas.
No entanto, qualquer que seja a leitura que façamos é
possível assumir a afirmação, já feita por diversos especialistas,
que vivemos não somente uma época de mudanças aceleradas,
mas uma mudança de época, querendo assinalar que a
contemporaneidade está configurada por processos profundos
e estruturais de mudança, tanto no que diz respeito ao âmbito
econômico, político, social, como cultural, isto é, simbólico,
representacional e das subjetividades pessoais e coletivas.
Neste contexto extremamente vivo e plural de distintas
buscas e intensas discussões, tanto no meio acadêmico como na
sociedade em geral, algumas questões podem ser identificadas
como ocupando uma posição de especial relevância,
sendo expressão de matrizes teóricas e politicossociais
diferenciadas. Nesta perspectiva, uma destas problemáticas
pode ser evidenciada pelo Relatório do Desenvolvimento
Humano (2004), do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - PNUD -, Liberdade Cultural num Mundo
Diversificado, que associa explicitamente, pela primeira vez
nos relatórios anuais publicados, as questões relativas ao
desenvolvimento às culturais:
14 Vera Maria Candau
partir dos anos 80, está hoje desafiada por questões que exigem
novos desenvolvimentos, buscas, preocupações e pesquisas.
3. É a partir do enfoque intercultural que apostamos na
construção deste processo de ressignificação da Didática.
Trata-se de um texto aberto que pretende unicamente
provocar questões e reflexões. Está ancorado nas pesquisas que
venho realizando, com o apoio do CNPq, através do GECEC
(Grupo de Estudos sobre Cotidiano, Educação e Culturas),
vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da
PUC-Rio.
E conclui:
É indispensável instrumentalizar didaticamente a escola para
trabalhar com a diversidade1. Nem a diversidade negada, nem a
diversidade isolada, nem a diversidade simplesmente tolerada.
Também não se trata da diversidade assumida como um mal
necessário ou celebrada como um bem em si mesmo, sem assumir
seu próprio dramatismo. Transformar a diversidade conhecida e
reconhecida em uma vantagem pedagógica: este me parece ser o grande
desafio do futuro (o grifo é nosso) (apud LERNER 2007, p.7).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retomo agora as teses que explicitei no início deste texto. A
escola para todos e todas, grande conquista da modernidade
ainda não plenamente assegurada, no momento atual está
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 31
NOTAS
1. A autora utiliza diferença e diversidade como sinônimos.
32 Vera Maria Candau
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRÉ, Marli. Tendências da pesquisa e do conhecimento
didático no início dos anos 2000. Anais XIV ENDIPE 2008.
CANDAU, Vera Maria e KOFF. Adélia M. N. S. Conversas
com... Sobre a Didática e a perspectiva multi/intercultural.
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CANDAU, Vera Maria e LEITE, Miriam S. Diálogos entre
diferença e educação; In: CANDAU, Vera Maria (org.)
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7Letras, 2006.
CANDAU, Vera Maria. Memórias, Diálogos e Buscas:
aprendendo e ensinando didática. Anais XIV ENDIPE, 2008.
___________________ Construir Ecossistemas Educativos.
Reinventar a Escola. In: CANDAU, Vera Maria (org.)
Reinventar a Escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010 (7. ed.) 2005.
FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento?
Dilemas da justiça na era pós-socialista. In: SOUZA, Jessé (org.)
Democracia hoje: novos desafios para a teoria democrática
contemporânea. Brasília: Editor Universidade de Brasília,
2001.
GATTI, Bernadete. A pesquisa e a Didática. Anais XIV ENDIPE
2008.
LERNER, Delia. Enseãr en la Diversidad. Conferencia
dictada en las Primeras Jornadas de Educación Intercultural
de la Provincia de Buenos Aires: Género, generaciones y
etnicidades en los mapas escolares contemporáneos. Dirección
de Modalidad de Educación Intercultural. La Plata, 28 de
junio de 2007. Texto publicado en Lectura y Vida. Revista
Latinoamericana de Lectura. Buenos Aires, v.26, n.4, dez.
2007.
LIBÂNEO, José Carlos. Produção de saberes na escola:
suspeitas e apostas. In: CANDAU, V. M. e outros (org.).
Didática, Currículo e Saberes Escolares, X ENDIPE, Rio de
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 33
ANEXO
CAPÍTULO II
CRISES E ESCOLAS
DIDÁTICAS, PRÁTICAS DE ENSINO E CURRÍCULOS *
Nilda Alves
cotidianas.
Para Maturana (1997), partindo de seus estudos em biologia,
este modo de agir vai muito além de ‘uma coisa qualquer de
todo dia’ pois funda a nossa própria humanidade. Diz este
autor:
frequentemente nos dizem que precisamos controlar nossas
emoções e nos comportar de maneira racional, principalmente
quando somos crianças ou mulheres13. Quem nos fala assim quer
que nos comportemos de acordo com alguma norma de sua
escolha. Vivemos numa cultura que opõe emoção e razão como
se se tratassem de dimensões antagônicas do espaço psíquico.
Falamos como se o emocional negasse o racional e dizemos que
é o racional que define o Humano. Ao mesmo tempo sabemos
que, quando negamos nossas emoções, nenhum raciocínio pode
apagar o sofrimento que geramos em nós mesmos ou nos outros.
Finalmente, quando temos alguma desavença, ainda no calor da
raiva, também dizemos que devemos resolver nossas diferenças
conversando e, de fato, se conseguimos conversar, as emoções
mudam e a desavença ou se esvai ou se transforma, com ou sem
briga, numa discordância respeitável.
histórias’ por sua vez. Re-cita esses gestos táticos. Para dizer o
que dizem, não há outro discurso senão eles. Alguém pergunta:
mas o que “querem” dizer? Então se responde: vou contá-
los de novo. Se alguém lhe perguntasse qual era o sentido de
uma sonata, Beethoven, segundo se conta, a tocava de novo. O
mesmo acontece com a recitação da tradição oral, assim como a
analisa J. Goody: uma maneira de repetir séries e combinações
de operações formais, com uma arte de “fazê-las concordar” com
as circunstâncias e com o público16 (CERTEAU, 1994, p.155)
À GUISA DE CONCLUSÃO
Trazendo à baila minhas posições atuais e indicando por
onde venho pensando as escolas - com seus praticantes - e as
crises postas em nossa contemporaneidade, quis indicar que
já estamos no caminho de superar as crises – sabendo que
outras surgirão. A Educação é campo de luta e os elementos
possíveis para a articulação de forças nesse campo estão aí.
Será preciso: compreendê-los; fazer opções de lado; discutir
58 Nilda Alves
NOTAS
*Texto desenvolvido a partir de pesquisas financiadas pelo CNPQ, pela
FAPERJ e pela UERJ. Algumas dessas pesquisas são: “Memórias de
professoras sobre televisão: o cotidiano escolar e a televisão na reprodução,
transmissão e criação de valores”(1999/2003), “O uso da tecnologia, de
imagens e de sons por professoras de jovens e adultos e a tessitura de
conhecimentos (valores) no cotidiano: a ética e a estética que nos fazem
professoras”(2003/2006) e “Artefatos tecnológicos relacionados à imagem e
ao som na expressão da cultura de afro-brasileiros e seu ‘uso’ em processos
curriculares de formação de professoras na Educação Superior – o caso do
curso de Pedagogia da Uerj/campus Maracanã” (2006-2009).
2. A referência é HUEBNER, Dwayne. Entrevista, gravada em 3718
Seminary Rd, Alexandria, VA22304, Washington, EUA.
3. Huebner fala aqui dos Estados Unidos e do papel exercido pelas
universidades neste país. No Brasil, em tempos atuais, isto tem se
processado, de modo crescente, em políticas estaduais e municipais que
vêm incorporando trabalhos e ações curriculares e pedagógicas de ongs,
dizendo, como em um recente caso, “não trabalho com universidades;
seu pessoal quer pensar muito e não age rápido”. Nesse sentido, o trecho
sublinhado a seguir, na citação, entre nós poderia ser escrito assim: “os
professores das escolas têm problemas; não têm tempo para resolvê-los
e gestores da educação e pessoas de ongs por eles chamadas entendem
que sabem como resolvê-los – muitas vezes sem nunca ter lecionado ou
dirigido escolas - através de técnicas genéricas, distribuindo artefatos
tecnológicas limitados e tentando estabelecer sistemas de competição
como os de empresas.”
4. Esta forma de escrever estes termos – bem como outros que aparecem
neste projeto – tem a ver com a necessidade epistemológica das pesquisas nos/
dos/com os cotidianos de mostrar, permanentemente, os limites dos modos
de pensar que herdamos da Modernidade (em especial, a dicotomia de
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 59
132)
15. Historiador francês que trabalha com a civilização grega.
16. Cf Goody, Jack, Mémoires et apprentissage dans les sociétés avec ou sans
écriture: la transmission du Bagre, em L’Homme, t. 17, 1977, p. 29-52. (nota
de CERTEAU)
17. Isto aparece bem no livro que publica a última pesquisa conduzida por
Bourdieu: ver A miséria do mundo (BOURDIEU, 1997).
REFERÊNCIAS
ALVES, Nilda. Redes Educativas ‘dentrofora’ das escolas,
exemplificadas pela formação de professores. In: SANTOS,
Lucíola, DALBEN, Ângela e LEAL, Júlio Diniz Leiva (Orgs.).
Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente:
Currículo, Ensino de Educação Física, Ensino de Geografia, Ensino
de História, Escola, Família e Comunidade. 66 ed. Belo Horizonte/
MG: Autêntica, 2010, v. 1, p. 49-66.
AUGÉ, Marc. ¿Por qué vivimos? Por una antropología de los fins.
Barcelona, Espanha: Gedisa, 2004.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 1998.
BORGES, Jorge Luiz. Prólogo. In BORGES, Jorge Luiz e
FERRARI, Osvaldo. Sobre a filosofia e outros diálogos. S. Paulo:
Hedra, 2009.
BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes,
1997.
CARVALHO, Janete Magalhães. O cotidiano escolar como
comunidade de afetos. Brasília/Petropólis/RJ: CNPq/DPetAlii,
2009.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano – artes de fazer.
Petrópolis/RJ: Vozes, 1994.
CERTEAU, Michel de et alli. A invenção do cotidiano – 2. Morar,
cozinhar. Petrópolis: Vozes, 1997.
COUTINHO, Eduardo. O cinema documentário e a escuta
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 61
REFERÊNCIAS
COSTA, Alda C.V.B.R. Ausência ( negação) da avaliação
escolar e a perda do desejo de aprender: um estudo sobre a
Escola Plural. IN: DALBEN, Ângela I.L.F. (org.) Singular ou
Plural: eis a escola em questão. Belo Horizonte: GAME/FaE/
UFMG, 2000 p.111-116
CURY, Carlos Roberto Jamil et all. Medo à liberdade e
compromisso democrático: LDB e plano nacional da educação.
São Paulo: Editora do Brasil. 1997.
DALBEN, Ângela I.L.F. Avaliação escolar: adesão a valores
e princípios educativos.Belo Horizonte, Presença Pedagógica,
v.6,p.36-45, 2001
DALBEN, Ângela I.L.F. Autonomia Docente e as Políticas
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 81
sem uma revisão séria das formas de gestão das escolas. São
medidas aparentemente progressistas, de falso pionerismo, e
até revestidas de argumentos psicológicos humanistas, mas
não vão fundo na solução dos problemas da escola brasileira.
As formas de gestão da escola é outra área problemática.
Há uma idéia corrente no meio educacional tanto no âmbito
das políticas oficiais quanto em segmentos de educadores
chamados progressistas, de que democratizar a escola é
democratizar as práticas de gestão. Dizem que estabelecendo
relações democráticas e participativas se renova a escola
e, com isso, há melhora no desempenho dos alunos. Não
critico o princípio da participação mas o fetichismo das
formas participativas, porque tal como são apregoadas, elas
transformam a gestão democrática em fim quando, de fato, é
meio para se atingir objetivos de aprendizagem. Elas visam
organizar a escola de modo a favorecer o trabalho docente e,
com isso, favorecer a aprendizagem dos alunos. São de pouca
valia inovações como gestão democrática, eleições para diretor,
introdução de modernos equipamentos, e outras novidades, se
os alunos continuam apresentando baixo rendimento escolar
e aprendizagens não consolidadas.
O fosso entre as políticas educacionais e o funcionamento
interno das escolas está associado a uma outra constatação
que é a separação, na investigação educacional em nosso país,
entre a análise externa e a analise interna dos problemas da
educação. Em outro texto (LIBÂNEO, 2006), foi abordada
essa separação, em que a análise externa parte de um olhar
mais global, abordando aspectos sociais, econômicos,
culturais, institucionais das políticas educacionais, das
diretrizes curriculares, da legislação, da gestão dos sistemas
de ensino; pode-se dizer que analisa as questões da educação
de fora para dentro, enquanto que a análise interna aborda
os objetivos, conteúdos as metodologias de ensino, as ações
organizativas e curriculares, a avaliação das aprendizagens,
isto é, refere-se ao funcionamento interno da escola, claro,
sem perder de vista os contextos. É claro que os dois tipos
de análise não podem se separar, as dimensões macro e
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. http://portal.mec.gov.br/seed/index.php
GATTI, Bernadete A. e NUNES, Marina M. R. (orgs). Formação
de professores para o ensino fundamental: estudo de
currículos das licenciaturas em pedagogia, língua portuguesa,
matemática e ciências biológicas. São Paulo: Fundação Carlos
Chagas/DPE, 2009.
LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa – O neo-
liberalismo em ataque ao ensino público. Londrina: Editora
Planta, 2004.
LIBÂNEO, José Carlos. Sistema de ensino, escola, sala de aula:
onde se produz a qualidade das aprendizagens? In: Lopes
Alice C. e Macedo, Elizabeth (orgs.). Políticas de currículo em
múltiplos contextos. São Paulo, Cortez, 2006.
LIBÂNEO, José C. O campo teórico-investigativo da pedagogia,
a pós-graduação em educação e a pesquisa pedagógica. In:
Educativa (Rev.Dep. de Educ. PUC-Goiás), v. 11, n. 1, 2008.
LIBÂNEO, José C. O dualismo perverso da escola pública
brasileira: escola do conhecimento x escola do acolhimento
106 José Carlos Libâneo
Joana Peixoto
INTRODUÇÃO
A análise da disseminação das tecnologias de informação e
de comunicação2 (TIC), do ponto de vista de seu papel social
reconfigurador (Castells, 2007) e da consequente instalação
das bases para a consideração de novas formas de construir e
de compartilhar conhecimento, leva-nos a uma reavaliação do
conceito de instrumento e ao reconhecimento da necessidade
de entender os efeitos da utilização de instrumentos em
atividades pedagógicas.
Esta posição conduz à questão dos efeitos experimentados
pelos sujeitos quando os instrumentos derivados de novas
tecnologias são introduzidos nas relações pedagógicas.
Por esta razão, propomo-nos a seguinte questão: Como a
relação de mediação, que se coloca em prática por meio de
transações socioeducativas, pode ser redefinida sob o efeito
das potencialidades propostas pelas TIC?
Este artigo visa, então, tratar da apropriação dos instrumentos
(TIC) pelos professores para uma melhor compreensão dos
processos pelos quais o uso de instrumentos influencia as
ações ou atividades dos usuários. Nele discutimos a mediação
como conceito fundado na abordagem histórico-cultural,
examinando a educação e a tecnologia do ponto de vista da
cultura. Trata-se de valorizar a indissociabilidade do signo e
do instrumento na relação ou na atividade mediada. Desse
modo, pretendemos contribuir para uma reflexão que não
estabeleça antagonismo entre a dimensão cultural e a técnica
e que não perca de vista a relação dialética entre os sujeitos
sociais e os objetos técnicos.
108 Joana Peixoto
ESQUEMAS DE UTILIZAÇÃO
Os esquemas ligados à utilização de um artefato podem
ter dois status, segundo sua orientação: esquemas de uso e
esquemas de ação instrumentada. Os esquemas de uso são
orientados para a gestão das características e das propriedades
particulares do artefato. Eles dizem respeito, então, às
interações com o artefato, correspondendo ao nível de análise
das abordagens centradas na interação homem-máquina, por
exemplo, a mudança de marcha em um carro (RABARDEL,
1995a, p. 92).
Os esquemas de ação instrumentada incorporam os esquemas
de uso e são constitutivos do que Vigotski denomina de “atos
instrumentais”, para os quais há a recomposição da atividade
que passa a ser dirigida para o fim principal do sujeito, por
exemplo, quando um motorista realiza uma ultrapassagem
de outro veículo. Tal operação compreende: a análise da
situação para determinar o momento oportuno de realizar
a ultrapassagem, a indicação da intenção de ultrapassar, a
mudança de marcha, se for necessária, e a modificação da
trajetória do veículo, entre outras ações (RABARDEL, 1995a,
p. 92).
114 Joana Peixoto
NOTAS
1. Este artigo apresenta estudos teóricos básicos para uma pesquisa que
visa verificar em que medida os cursos superiores a distância adotam
os procedimentos didático-pedagógicos de apoio ao desenvolvimento
da autonomia de seus alunos: PEIXOTO, J; CARVALHO, R. M. A. A
autonomia do aluno no ensino superior a distância. Projeto de pesquisa.
Goiânia: PUC GOIÁS, 2009.
2. Podemos considerar como tecnologias de informação e de comunicação
a convergência da informática, da eletrônica e das telecomunicações em
tecnologias que permitem veicular informação em suas diversas formas,
tais como: textos, imagens sons e vídeos.
3. Comprovam-na as duas afirmações a seguir:
122 Joana Peixoto
REFERÊNCIAS
BRUNO, S.; MUNOZ, G. Education and interactivism: Levels
of interaction influencing learning processes. New Ideas in
Psychology, v. 28, n. 3, p. 365-379, dez. 2010.
CASTELLS, M. A sociedade em Rede. A era da informação:
economia, sociedade e cultura. 10 ed. São Paulo: Paz e Terra,
2007. v. 1.
RABARDEL, P. Les hommes et les Technologies. Une
approche cognitive des instruments contemporains. Paris:
Armand Colin, 1995a. Partes 1 e 2. Disponível em: <http://
ergoserv.univ-paris8.fr/site/groupes/modele/articles/
public/art372105503765426783.pdf>. Acesso em: 14 mar.
2011.
______. Les hommes et les Technologies. Une approche
cognitive des instruments contemporains. Paris: Armand
Colin, 1995b. Troisième partie. Disponível em: <http://
ergoserv.psy.univ-paris8.fr/Site/default.asp?Act_group=1>.
Acesso em: 14 mar. 2011.
RABARDEL P., SAMURÇAY R., De l’apprentissage par les
artefacts à l’apprentissage médiatisé par les instruments.
In: BARBIER, J.M. & DURAND, M. Sujets, Activités,
Environnements: Approches transverses. Paris: PUF, 2006. p.
31-60.
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 123
RESUMO
O conceito de CMDI é apresentado a partir dos termos que
o compõem. Em seguida, analisam-se o conceito de dupla
mediação e como os dispositivos tecnológicos provocam
modificações nos processos de ensinar e aprender e na relação
que se estabelece com o conhecimento. O texto ocupa-se
também em refletir sobre as tecnologias móveis, em especial
o celular, e da potencialidade que oferecem de tornar a escola
um espaço híbrido, que relaciona o real com o virtual, o espaço
físico restrito com a infinitude do digital. Conclui-se com uma
reflexão sobre a relação professor, estudante, conhecimento,
num mundo que é complexo, no qual convivem o real e o
virtual e no qual o conhecimento se produz e se dissemina de
forma também complexa, fazendo, ainda, observações sobre a
escola nesse novo tempo e se ela pode se constituir como um
espaço híbrido.
INTRODUÇÃO
Quem de nós não tem histórias para contar sobre a
dificuldade, há cerca de vinte anos, de se comunicar com
a família, trabalho ou namorados? A comunicação móvel
permitida pelos celulares atualmente chega a apagar das
126 Mirza Seabra Toschi
tanta que muitos alunos entendem que ela pode ser continuada
na sala de aula, mesmo durante as explanações do professor.
A “mão coça” para dar um ‘toque’ ao colega, à namorada,
aos pais. Ou seja, esta forma nova de comunicação já entrou
nas escolas e nas salas de aula. Basta ver no Youtube (www.
youtube.com.br) os inúmeros vídeos sobre a presença desses
aparelhos em tais ambientes.
Não se vive sem comunicação. A comunicação é tão
importante na vida humana, como é o ar que respiramos. Não
vivemos sem ar, mas não temos consciência permanente da
sua importância, de que o oxigênio é vital para nossa vida. Só
sentimos falta dele quando ele nos falta. O mesmo ocorre com
a comunicação. Não do ponto de vista biológico e individual,
como é o ato de respirar. Mas somos seres sociais que somos,
a comunicação impõe-se como ato fundamental no processo
social. Somos comunicativos por natureza e por necessidade.
Neste texto farei uma reflexão sobre essa temática das
tecnologias móveis e dos desdobramentos que podem ter na
vida das escolas. A Comunicação Mediada por Dispositivo
Indutor (CMDI) é ponto central nesta reflexão, tanto na vida
social quanto, em especial, na escola.
Iniciarei trabalhando cada um dos termos que compõem
o conceito, quais sejam: comunicação, mediação, dispositivo,
indutor, como também o sentido que assumem quando se
juntam no conceito proposto.
Em seguida, abordo a formação de espaços híbridos, devido
às tecnologias móveis, e das possibilidades de a escola tornar-
se um desses espaços. Concluindo, trabalho, mesmo que
brevemente, a relação professor/aluno/conhecimento em um
mundo complexo, no qual o real e o virtual convivem cada
dia mais.
MC
MD
NOTAS
1. Há de se discutir também a diferença entre informação e conhecimento.
Enquanto a informação é o dado sem análise, o conhecimento é a informação
teorizada, analisada, compartilhada.
2. SMS são as iniciais de Short Message Service, um serviço de transmissão
de mensagens curtas de/para telefones móveis, fax e endereços IP. Cada
mensagem não pode conter mais que 160 caracteres e não admitem imagens.
É popularmente conhecida como torpedo. Uma vez enviada, a mensagem
é recebida por um centro SMSC (Short Message Service Center), que, então,
a retransmite ao dispositivo móvel de destino. Se o destino estiver fora da
área ou desligado a mensagem é armazenada até que possa ser enviada.
Disponível em: (http://www.babooforum.com.br/forum/index.php?/
topic/131986-glossario-de-termos-de-celular/). Acesso em 05.04.2011.
3. GSM - Global System for Mobile communications. É o mais popular
padrão para redes de telefonia celular no mundo, com mais de 82% do
mercado em 212 países, atendendo 2 bilhões de pessoas. No Brasil é
usado por todas as principais operadoras de telefonia celular: TIM, Vivo,
Claro, Oi e Brasil Telecom. Disponível em: (http://tecnologia.uol.com.br/
ultnot/2007/12/13/ult4213u231.jhtm). Acesso em 05.04.2011.
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 145
REFERÊNCIAS
ALVES, Gilberto Luiz. A produção da escola pública
contemporânea. 3. ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados,
2005.
BARBERO, Jesús Martín. América Latina e os anos recentes:
o estudo da recepção em comunicação social. In: SOUZA,
Mauro Wilton de. Sujeito, o lado oculto do receptor. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
d’ÁVILA, Cristina. Mediação cognitiva e mediação didática:
do desejo à sedução do aprender. Salvador: UFBA, 2001. (tese
– cap.2).
KLEIN, Otavio José. A gênese do conceito de dispositivo e sua
utilização nos estudos midiáticos. Estudos em Comunicação
nº 1, 215-231 Abril de 2007. Disponível em: <www.ec.ubi.
pt/.../klein-otavio-genese-do-conceito-de-dispositivo.pdf>
Capturado em: 26 de março de 2011.
MAFFEI, Fabiana Agostini. Educação: Qualquer coisa me
ligue! – o uso do celular. Sem data. Disponível em: <www.
projetos.unijui.edu.br/.../fabiana_comput.htm> Capturado
em: 26 de março de 2011.
MONTARDO, Sandra Portella. Comunicação como forma
social: proposta de interseção entre a comunicação e a
Cibercultura. Disponível em: www.intercom.org.br/papers/
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PELLANDA, Eduardo Campos. Convergência de mídias
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pensamento. Intercom - XXVI Congresso Anual em Ciência
da Comunicação, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de
2003. Disponível em: <galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/
146 Mirza Seabra Toschi
A TÍTULO DE CONCLUSÃO
Sei que corro o risco de ser acusada de prescritiva
quando escolhi encaminhar minhas reflexões nas direções
aqui apontadas. Não tive e não tenho essa intenção. Seria
contraditório em relação às colocações que fiz nesse espaço.
Todavia, a ideia de propor uma agenda pode sugerir isso,
mas lembro que ressaltei que, se por um lado, essa é a agenda
sobre a qual estou me debruçando, por outro lado, entendo
que existem inúmeras possibilidades e/ou opções para se
construir uma agenda, principalmente quando o tema envolve
refletir acerca da Didática que desejamos construir hoje para
dar conta da escola na contemporaneidade com todos os
seus limites e possibilidades. Na verdade, minha intenção foi
mesmo a de partilhar com vocês por onde estou caminhando,
acreditando que mesmo na pluralidade há algo em comum
que nos reúne: o desejo, o firme propósito de construir uma
outra educação escolar que possa responder com maior
propriedade os desafios de nosso tempo.
E reitero: é uma agenda aberta não só à discussão, mas
também a novas contribuições. Mas ao propor incluir nela
a disposição para reinventar a escola, o compromisso com a
construção de uma Didática Crítica e Intercultural, a superação
das dificuldades para lidar com as diferenças culturais na
educação escolar e o empenho, no sentido de ressignificar
os projetos/programas de formação e aperfeiçoamento de
professores/as, preciso esclarecer que tudo isso está marcado
pelas minhas utopias – toda a reflexão pedagógica exige uma
reflexão utópica (Candau, 2000). Lembro que meu desejo é
mesmo provocar novos debates, mas confesso que é também
encontrar novos parceiros e parceiras que queiram entrar nesse
barco, me animando a seguir em frete com essas reflexões-
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 167
NOTAS
1. Estou adotando nesse trabalho a ideia de que “hoje em dia cultura
faz parte do vocabulário básico das ciências humanas e sociais. O seu
emprego distingue-se em relação ao senso comum no sentido de que esse
dá às noções de homem culto e inculto. Assim como todos os homens em
princípio interagem socialmente, participam sempre de um conjunto de
crenças, valores, visões de mundo, redes de significado que definem a
própria natureza humana. Por outro lado, cultura é um conceito que só
existe a partir da constatação da diferença entre nós e os outros” (Velho,
1994, p. 63. In: Candau, 2009, p. 48).
2. Vale lembrar que a perspectiva crítica ganha ênfase na América Latina,
especialmente no Brasil, a partir da década de 80, suscitando um fecundo
movimento “gerador de ideias e práticas orientadas à elaboração de políticas
públicas de educação e à renovação de práticas pedagógicas nas escolas
e no âmbito dos movimentos sociais e populares, orientadas à afirmação
da democracia e da cidadania em nossas sociedades” (CANDAU, 2003, p.
59).
3. Cabe sublinhar que reconheço que não há uma só concepção da
perspectiva Intercultural. Porém, tais concepções não se constituem
objetos de nossas reflexões no âmbito desse trabalho, tendo em vista os
seus objetivos já explicitados.
4. Trata-se do Grupo de Estudos sobre Cotidiano, Educação e Cultura(s),
coordenado pela professora Vera Maria Candau, do Departamento de
Educação da PUC-Rio, desde 1996.3
5. Ressalto que várias pesquisas do GECEC têm apontado nessa direção. A
leitura de vários textos, que dela são fruto, pode, inclusive, confirmar esse
posicionamento.
REFERÊNCIAS
CANDAU, Vera Maria (org.) A Didática em Questão.
Petrópolis, Vozes, 1984.
_________________. A Didática hoje: uma agenda de trabalho.
168 DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA
RESUMO
Este trabalho é resultado de estudos realizados acerca de
legislações brasileiras, a partir da Constituição Federal de
1988 – CF/88, no que diz respeito aos aspectos educacionais
voltados, especificamente, às pessoas com deficiência e suas
múltiplas relações com a complexidade educacional que
envolve diretamente a escola, o ensino e a didática. Apresenta
as pesquisas de Almeida (2003) e Teixeira (2010) como
os principais marcos teóricos os quais consideram que os
instrumentos legais devem ter como prioridade a valorização
do Ser, em toda sua diversidade e complexidade. Nesses
termos, entendem que a escola para “todos”, sem distinção, se
fundamenta como necessária com o compromisso de educar
para a liberdade e para o desenvolvimento da capacidade
individual e coletiva. Discute a questão polêmica sobre o
papel do especialista em deficiência, muitas vezes entendido
como opositor ao trabalho do professor da sala comum, não
especializado, no âmbito educacional. Apresenta discussões
específicas sobre pessoas com deficiência e expõe que, nos
últimos 20 anos, embora haja contradições e incoerências
em diversos textos legais, não se pode negar os avanços e
conquistas, a partir da luta organizada das próprias pessoas
com deficiência pelo respeito aos direitos humanos no que
concerne à diversidade e especificidade. Analisa o Decreto nº
6.571/08, oriundo da Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva promulgada em 2008, o
172 Dulce Barros de Almeida & Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira
INTRODUZINDO O TEMA
O presente estudo propõe apresentar e analisar variados
instrumentos legais, a partir da CF/88, que abordam questões
pertinentes à educação inclusiva e suas múltiplas relações
com a questão da deficiência e, em consequência, com a escola
brasileira. Além de apresentar as diferentes interpretações,
busca-se analisar, à luz de alguns teóricos, a eficiência de tais
referendos oficiais.
Como abertura de apresentação dos preceitos legais que
contemplam a questão da inclusão sob o olhar da deficiência,
vale apresentar os objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil constante no art. 3º da Constituição
Federal de 1988 – CF/88:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir
o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
E complementa:
os alunos com deficiência, especialmente os que estão em idade
de cursar o Ensino Fundamental, devem obrigatoriamente ser
matriculados e frequentar com regularidade as turmas de sua
faixa etária, nas escolas comuns e ter assegurado, em horário
oposto aos das aulas, o atendimento educacional especializado
complementar (MANTOAN, 2005, p.14).
NOTAS
1. LIBRAS é a sigla de Língua Brasileira de Sinais, uma língua gestual
utilizada por muitos surdos, geralmente escolarizados e institucionalizados.
Considerada pela comunidade surda como sua primeira língua.
2. Convenção de Guatemala, ratificada pelo Brasil e vigente na forma do
Decreto nº 3.956/01.
3. Referência ao Estado que participou da Convenção Interamericana
para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência (Decreto nº 3.956 /01).
4. De acordo com o parágrafo primeiro, do art. 24, entende-se por educação
especial, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais
especiais, entre eles o portador de deficiência.
5. O artigo 9 apresenta o seguinte texto “Fica instituído, no âmbito do
FNDE, o Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, com o objetivo de
prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas
do ensino fundamental das redes estaduais, municipais e do Distrito
Federal e às escolas de educação especial qualificadas como entidades
filantrópicas ou por elas mantidas, observado o disposto no art. 11 desta
Medida Provisória”.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Dulce Barros de. Contextualizando a Educação
Inclusiva no Brasil e no Programa de Pós-Graduação em Educação
da FE/UFG. In: Publicação Oficial - Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial. (Org.). Ensaios Pedagógicos
- Educação Inclusiva: direito à diversidade. 1 ed. Brasília:
Gráfica e Editora Ideal LTDA, 2006a, v. 1, p. 41-45.
ALMEIDA, Dulce Barros de. Da Educação Especial à Educação
Inclusiva? A proposta de “inclusão escolar” da rede estadual
190 Dulce Barros de Almeida & Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira
NOTA
1. Texto apresentado em janeiro de 2011 na Reunião de Congregação e
Semana de Planejamento da UnUCSEH/UEG e no IV EDIPE – Encontro
de Didática e Práticas de Ensino em maio/2011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Maria Isabel (Org.). Pedagogia Universitária. São
Paulo: EDUSP, 2009.
ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. A teoria e a prática
de processos de formação continuada do docente universitário.
In: PIMENTA, Selma Garrido e ALMEIDA, Maria Isabel (Org.).
Pedagogia Universitária. São Paulo: EDUSP, 2009.
DIDÁTICA E ESCOLA EM UMA SOCIEDADE COMPLEXA 207