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CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS- PORTUGUÊS

CARMEM REGINA ARAUJO MOTA

Atividade de portfólio

OS GÊNEROS DO DISCURSO: o que apontam Marcuschi (2000, 2003),


Bakhtin (1979) e Rojo (2002)"

BREJO SANTO - CE

2017
Para falarmos sobre gênero acadêmico-científico baseada na semântica
linguística, ou seja, na descrição de um sentido dentro do linguístico, vamos
definir o que é gênero. Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
qualquer natureza, literários ou não. Quando se aprende a falar e a escrever já
se faz através de gêneros. Para Marcuschi (2001, p.25-26).

A fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins


comunicativos na modalidade oral, sem a necessidade de uma
tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano.
Caracteriza-se pelo uso da língua em sua forma de sons
sistematicamente articulados e significativos, expressivos de outra
ordem, tal como a gestualidade, os movimentos do corpo, a mímica.
A escrita seria o modo de produção textual-discursiva para fins
comunicativos com certas especificidades materiais e se
caracterizaria por sua constituição gráfica, embora envolva recursos
de ordem pictórica e outros. Trata-se de uma modalidade de uso da
língua complementar à fala Marcuschi (2001, p.25-26).

Os gêneros textuais são os textos que circulam na sociedade e que


desempenham diferentes papéis comunicativos, ou seja, são tipos
relativamente estáveis de enunciados produzidos pelas mais diversas esferas
da atividade humana, podendo se dizer então que os textos são produtos da
atividade de linguagem em funcionamento permanente nas formações sociais.

Segundo Marcuschi (2003, p.01) “todo gênero tem um suporte, mas a


distinção entre ambos nem sempre é simples e a identificação do suporte exige
cuidado”. O suporte, realmente, é importante, porém não significa que ele
determine o gênero, mas que o gênero exige um suporte especial, embora em
alguns casos o suporte determine a distinção que o gênero recebe. O mesmo
autor aponta desde o telefone, que funciona como canal, passando pela
Internet (um serviço), ao para-choque de caminhão (suporte de um gênero),
porém com uma certa cautela, pois é uma abordagem que exige uma definição
mais criteriosa. É o que ele (2003, p.07) o faz: “Suporte de um gênero é uns
lócus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente
de fixação do gênero materializado como texto”.

No entanto o suporte deve ser algo real, ou no caso da internet, ter uma
realidade virtual, tendo como exemplo um livro, folder, jornal, televisão, rádio,
cinema, um e-mail que transformou o gênero ‘carta’ para uma dimensão
tecnológica, pois veicula se através de meios eletrônicos, dentre outros.

Vale ressaltar que em virtude de uma grande variedade de textos, o


suporte é muito importante, embora que o suporte não determine o gênero,
mas ele o fixa e o expõe de várias formas, seja através de uma simples
embalagem que leva um rotulo a bula de remédio e assim sucessivamente.

Com base Rojo (2000) faz um levantamento a respeito dos trabalhos


que surgiram a partir de 1995 até 2000, os quais deram uma atenção muito
significativa às Teorias de Gênero de Textos e, ou do Discurso. Rojo (2000, p.
02) Divide esses trabalhos “em duas vertentes meteoricamente diferentes
denominando-as teoria dos gêneros do discurso ou discursivos e teoria de
gêneros de texto ou textuais”.

Essas teorias continuam afirmando a autora, “encontravam-se


enraizadas em diferentes releituras da herança bakhtiniana”, sendo a Teoria
dos Gêneros do Discurso centrada no estudo das situações de produção dos
enunciados ou textos e em seus aspectos sócios-históricos e a Teoria dos
Gêneros de Textos, centrava-se na descrição da materialidade textual.
Enquanto essa teoria trabalha com noções oriundas a Linguística Textual,
aquela tendia a selecionar aspectos da materialidade linguística determinada
pelos parâmetros da situação enunciativa. Sobre o enunciado, diz o mesmo
autor que “só podemos estudar a linguagem através do enunciado, porque as
palavras saem da boca dos outros e nós as reestruturamos".

Para Bakhtin (1992, p.277), todas as esferas da atividade humana estão


sempre relacionadas com a utilização da língua. Esse uso da língua se efetua
em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam
dos integrantes de uma ou outra esfera da atividade humana. Desse modo, o
gênero do discurso deve ser estudado como função. Assim, tentar classificá-lo
enquanto função, visto que a linguagem é uma prática social interacionista
ligada às práticas sociais e culturais entre os usuários de uma língua, é quase
impossível. “Quando se aprende a falar, os enunciados já vêm inseridos em
algum gênero”. Aprende-se com um modelo. Cada modelo carrega sua marca
que aponta para um determinado gênero. O tipo textual define-se pela natureza
de sua composição.

O trabalho com gêneros e tipos textuais faz compreendermos as


características estruturais de um texto e também as condições sociais que
levam ao funcionamento e ao bom êxito de seu uso, por outro lado não
podemos esquecer que a criatividade é uma ferramenta que deve ser levada
em consideração. Podemos concluir então que de uma forma geral gêneros
são todas as formas de se comunicar.

De acordo com Bakhtin (1997), os gêneros são tipos relativamente


estáveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da atividade
humana. Por essa relatividade a que se refere o autor, pode-se entender que o
gênero permite certa flexibilidade quanto à sua composição, favorecendo uma
categorização no próprio gênero, isto é, a criação de um subgênero. Por tanto
os gêneros textuais referem-se às diferentes formas de expressão textual. No
estudo da Literatura, temos, por exemplo, contos, prosa, etc. Bronckart (1999)
diz “Conhecer um gênero de texto também é conhecer suas condições de uso,
sua pertinência, sua eficácia, ou de forma mais geral, sua adequação em
relação às características desse contexto social. ” (BRONCKART, 1999, p. 48).

Portanto gêneros, são diretamente ligados às práticas sociais. Os


gêneros textuais referem-se às diferentes formas de expressão textual. No
estudo da Literatura, temos, por exemplo, contos, prosa, etc. Os gêneros
textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma
língua. Alguns exemplos de gêneros textuais são carta, bilhete, aula,
conferência, e-mail.
REFERÊNCIAS

MEDEIROS, Maria Assunção Silva. 2006. OS GÊNEROS DO DISCURSO: o


que apontam Marcuschi (2000, 2003), Bakhtin (1979) e Rojo (2002). UFRN-
ceres: XXI jornada nacional de estudos linguísticos.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. 1979. Estética da criação verbal. 2. ed. 1997.


São Paulo: Martins Fontes.

BRONCKART, Jean-Paul. 1999. Atividades de linguagem, textos e


discursos. Por um interacionismo sócio discursivo. São Paulo: Editora da
PUC-SP, EDUC.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. 2000. Os gêneros textuais: o que são e como


se faz. Recife, UFPE, (inédito). __________. A questão do suporte dos
gêneros textuais. Versão provisória. 2003.

ROJO, Roxane. 2000. Gêneros do discurso e gêneros textuais: questões


teóricas e aplicadas. LAEL/PUC-SP.

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