Você está na página 1de 14

Laminação a Quente

Conformação Mecânica – Relatório 3

Bianca Vieira Stragliotto;


Kíssia Carolina Bertoluci;
Leticia Winck;
Thayse Macedo .

___________________
21/09/2016

1
Sumário

1. Introdução........................................................................................................................................3

2. Metodologia.....................................................................................................................................5

2.1 Materiais..........................................................................................................................................5

2.2 Equipamentos..................................................................................................................................5

2.3 Procedimento Experimental..............................................................................................................6

3. Análise de resultados e discussões..................................................................................................8

4. Conclusões.....................................................................................................................................13

5. Referências....................................................................................................................................14

2
1. Introdução
Após a fabricação de lingotes na aciaria, o aço (em forma de blocos, placas ou tarugos) é
submetido a processos de conformação mecânica, como laminação. Esse processo tem como objetivo
principal transformar o lingote, que possui microestrutura bruta, em produtos semielaborados, com
microestrutura refinada. Isso se dá através de ciclos sucessivos de deformação plástica e recozimento
do material, e fornece produtos com dimensões finais ou quase finais. É um procedimento de alta
velocidade de operação que produz grandes volumes com controle dimensional dos produtos
acabados bastante preciso, sendo assim, um processo muito utilizado.

Na laminação, os lingotes passam entre dois rolos giratórios que operam com mesma
velocidade, mas em sentidos opostos, e que promovem a compressão do material, que têm sua
espessura diminuída e seu comprimento aumentado, conforme a figura 1. Neste processo, o aço é
submetido a altas tensões compressivas, resultante da ação dos rolos, e a tensões cisalhantes
superficiais, resultante do atrito entre os rolos e o metal.

Figura 1: Ilustração da mudança de seção durante a laminação. FONTE: BRESCIANI Filho,


Ettore.

3
O processo de laminação pode ser realizado a quente ou a frio. Considera-se como processo a
quente aquele em que a laminação é realizada em temperaturas acima da temperatura de
recristalização do material. Já a laminação a frio é realizada em temperaturas ambientes.

O objetivo do presente relatório é calcular o alargamento teórico de três barras do aço SAE
1020 laminadas a quente e comparar com os resultados experimentais, calcular o ângulo de agarre,
calcular o comprimento do ângulo de contato, calcular a força e a potência de laminação, bem como
verificar a constância de volume para as duas reduções.

4
2. Metodologia
2.1 Materiais
Os materiais utilizados foram três barras de aço SAE 1020 com a seguinte composição:

 0,20 %C
 0,45 %Mn

As dimensões das barras foram fornecidas:

 Comprimento l0= 300 mm


 Largura b0= 19 mm
 Altura h0= 19 mm

2.2 Equipamentos
Os equipamentos utilizados foram:

 Forno Sanchis, utilizado para aquecer as barras até uma temperatura de 1000°C.
 Laminadora DEMAG com as seguintes especificações:
 Diâmetro dos cilindros (lisos): 178,8 mm
 Comprimento da mesa dos cilindros (lisos): 200,0 mm
 Abertura máxima entre os cilindros (luz): 16,8 mm
 Rotação dos cilindros: 27,0 rpm ou 0,45 rps
 Velocidade periférica dos cilindros: 252,8 mm/s
 Material dos cilindros: aço

5
Figura 2: Forno Sanchis, modelo igual ao utilizado no experimento. Disponível em:
< http://www.sanchis.com.br/index.php/produtos/forno-para-laboratorio-34>

Figura 3: Laminadora DEMAG, utilizado no experimento.

2.3 Procedimento Experimental

O experimento iniciou-se com as três barras já aquecidas a uma temperatura em torno de


1100°C. Esse aquecimento foi feito no forno Sanchis por aproximadamente duas horas, figura 4.
Então, as barras foram passadas através dos rolos do laminador, uma de cada vez, conforme figura 5.

6
Figura 4: Barra de aço aquecida a 1000°C.

Figura 5: Barra de aço 1020 sendo inserida no laminador.

Após passarem pelos rolos, figura 6, as barras foram resfriadas em água a temperatura
ambiente por aproximadamente cinco minutos e então mediram-se as dimensões das barras. Devido
ao curto comprimento, há um empenamento acentuado das barras no final do processo.

7
Figura 6: Barra de aço após a passagem pelo laminador.

A partir das medições de dimensões, podemos realizar os cálculos propostos.

3. Análise de resultados e discussões


Para uma melhor representatividade das dimensões, foram realizadas três medições de altura e
largura e uma de comprimento, conforme tabela 1 abaixo.

Tabela 1: Medidas das dimensões das três amostras de barras, em milímetros.

b1 h1 l1 b2 h2 b3 h3

Amostra 1 21,52 15,08 350 21,56 15,14 21,58 15

Amostra 2 22,31 15,25 345 22,08 16,06 21,08 16,57

Amostra 3 21 14,94 345 21,29 15,14 21,15 15,08

A partir desses dados, calculou-se a altura e largura média, conforme tabela 2.

8
Tabela 2: Medida média das amostras, em milímetros.

b h l

Amostra 1 21,55 15,07 350

Amostra 2 21,82 15,96 345

Amostra 3 21,15 15,05 345

 Análise de Agarre

Para análise de agarre, se faz necessário conhecer o coeficiente de atrito, que é calculado pela
seguinte fórmula:

=1,05 – 0,0005

Com isso, tem-se que o coeficiente de atrito  é igual a 0,50.

O ângulo de agarre pode ser calculado através da fórmula:

h 0−h 1
cos ¿ 1−
2R

Que nos fornece como ângulo de agarre para amostra 1 de 12,03°, para amostra 2 de 10,58° e
para amostra 3 de 12,07°.

Para existir agarre, a tangente do ângulo deve ser menor que o coeficiente de atrito. Nesse
caso, as tangentes dos ângulos são iguais a 0,213, 0,187 e 0,214 indicando que existe agarre para as
três amostras.

 Cálculo do alargamento

O alargamento de um material pode ser calculado com o uso de diversas teorias, mas segundo
o método de Siebel, tem-se:

∆h
∆ b=C . ld .
h0

ld =√ R . Δh

Onde C=0,35 para aço construção a 1000°C.

9
Os valores de arco de contato calculados são: ld1=18,74, ld2= 16,49, ld3=18,79.

Então, pode-se chegar aos seguintes valores para o alargamento:

∆b1 = 1,357mm

∆b2 = 0,923mm

∆b3 = 1,367mm

A diferença entre os valores de alargamento pode estar relacionada ao empenamento das


barras, que não foi medido.

Esse alargamento pode ser medido também, de uma forma bastante simplificada, como a
variação de largura da seção transversal do material laminado:

Δ b=b 1−b 0

Para tal, temos que:

Δb₁ = 2,55 mm

Δb₂ = 2,82 mm

Δb3 = 2,15 mm

 Cálculo da força de laminação


Para calcular a força utilizaremos o método de Ekelund:

F= Ad . Kω

Ad =ld . bm

∆b
b m=
2

η=0,10 .(14−0,01 .T )

Δh
φ̇=
2. ν .
R
h ₀+ h ₁

kf =( 14−0,01 .T ) . ( 1,4+ %C+%Mn+0,3 . %Cr ) . 10

10
1,6 . μ . √ R . Δh−1,2. Δh
[
K w = 1+
h ₀+ h₁ ]
. [kf + η . φ]

Sabendo que a temperatura de laminação é de 1100°C, ν = 252,8 mm/s e que o µ=0,50,


utilizando os valores médios de %C e %Mn, e realizando os cálculos, tem-se:

Kf=61,5 N/mm2

φ 1=3,11 s-1 φ 2 =2,67 s-1 φ 3=3,12 s-1

η=0,3 N/mm2

Kw1=81,27 N/mm2; Kw2= 79,30 N/mm2; Kw3=81,31 N/mm2

Ad 1=379,95 mm2; Ad 2=336,56 mm2; Ad 3=377,21 mm2

Com isso, chegamos aos seguintes valores de força de laminação:

F1= 30,88 kN

F2= 26,69 kN

F3= 30,67 kN

 Cálculo da potência de laminação


A potência de laminação pode ser calculada pela fórmula:

Md .n
P=
974

M d =F . ld

Utilizando os respectivos valores de F₁, F₂ e F3 do cálculo anterior e sabendo que a


velocidade de rotação dos cilindros é de 27,0 rpm, encontramos que:

P₁ = 16,04 kW

P₂ = 12,20 kW

P3 = 18,97 kW

11
Resumindo, os valores obtidos na prática foram:

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

Alargamento calculado 1,36 mm 0,92 mm 1,37 mm

Alargamento medido 2,55 mm 2,82 mm 2,15 mm

Força laminação 30,88 kN 26,69 kN 30,67 kN

Potência da laminação 16,04 kW 12,20 kW 18,97 kW

12
4. Conclusões
O alargamento na laminação a quente depende de vários fatores que atuam simultaneamente
no processo e que, por vezes, acabam se sobrepondo. Por isso, o alargamento final é uma soma de
todas as influências, o que impossibilita cálculos precisos.
Dentre os fatores que influenciam o alargamento, podemos citar: a redução em altura (quanto
maior a redução em altura, maior é o alargamento); diâmetro dos cilindros (grandes diâmetros
possibilitam maiores alargamentos); velocidade de laminação (aumento da velocidade diminui o
alargamento); temperatura (aumento da temperatura diminui o alargamento).
No experimento, notou-se que o alargamento medido foi semelhante ao calculado pelo método
de Siebel, principalmente para as amostras 2 e 3. A diferença apresentada pela amostra 1 pode ser
resultado do empeno da amostra, devido ao contato com o ar frio por mais tempo que as outras
amostras.
A amostra 2 foi a que apresentou menor alargamento e também menor redução em altura,
comprovando a relação direta entre alargamento e redução em altura.

13
5. Referências
SCHAEFFER, Lírio. Conformação Mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 1985.

SCHAEFFER, Lírio. Manufatura por Conformação Mecânica. Imprensa Livre, 2016.

Slides aulas teóricas da disciplina de conformação mecânica – CEFET 2009/2. Disponível em:
ftp://ftp.cefetes.br/cursos/EngenhariaMetalurgica/Marcelolucas/Disciplinas/Conformacao/Apres_Lam
inacao.pdf

Slides aulas teóricas da disciplina de conformação mecânica – UFRGS 2016/1. Disponível em:
file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Laminacao_apresentacaoResumida.pdf

SCHAEFFER, L.; MILANEZ, A. Alargamento em Laminação a Quente. Disponível em:


http://www.ufrgs.br/ldtm/publicacoes/05%2001.pdf

14

Você também pode gostar