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CAPÍTULO ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS

8 TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE


INDUÇÃO

8.1 TRANSITÓRIO ELÉTRICO DE PARTIDA

Vamos considerar o caso de um motor de indução com constante de tempo


mecânica muito maior que as constantes de tempo elétricas. O motor encontra-se em
repouso quando é subitamente alimentado por tensões senoidais balanceadas. Como
conseqüência da diferença entre as constantes de tempo, o transitório das correntes se
estingue antes que o motor comece a girar. Assim a análise será feita para velocidade
nula.

Seja:

vS1 = 2vSsen ( ωt ) (8.1)

vS2 = 2vSsen ( ωt − 120o ) (8.2)

vS3 = 2vSsen ( ωt + 120o ) (8.3)

Assim:

vSα = 3vS cos ( ωt ) (8.4)

vSβ = 3vSsen ( ωt ) (8.5)

Seja o modelo do motor em componentes simétricas instantâneas.

  i
  i
 
 R + L  p + j Ψ  mSR  p + j Ψ   i 
 vS+  S S
   
 =    S+  (8.6)
 0   m  p + j Ψ− j θ    i
i i i i

 SR   R R + LR  p + j Ψ− j θ   R + 
    
140 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

i
Como o motor encontra-se em repouso θ = 0. Colocando-se o referencial no
i
estator tem-se Ψ = 0.

Assim:

 vS+   R S + pLS pmSR   iS+ 


 0 =    (8.7)
   pmSR R R + pLR  i R + 

O modelo está representado pelo circuito a seguir.

RS (LS - mSR ) (LR - mSR ) RR

iS iR
+ +
vS mSR
+

Fig. 8.1 – Circuito eqüivalente para o motor de indução com operação balanceada.

Todos os parâmetros estão referidos ao primário.

Seja:

AS = LS - mSR (dispersão primária)

AR = LR - mSR (dispersão secundária)

como AS e AR são muito menores que mSR, a presença desta última indutância será

ignorada. Assim o circuito adquire a configuração representada na Fig. 8.2.

RS AS AR RR

iS
+
vS
+

Fig. 8.2 – Circuito eqüivalente para o motor de indução simplificado.

O modelo então passa a ser:

vS+ = ( R S + R R ) iS+ + p ( A S + A R ) iS+ (8.8)

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 141

Seja:

R = RS + R R (8.9)

A = AS + AR (8.10)

Assim:

vS+ = RiS+ + pAiS+ (8.11)

Aplicando-se a transformação de Laplace, obtém-se:

vS+ ( s ) 1
iS+ ( s ) = (8.12)
A  R
s + 
 A

vS+ =
1
(
vS + jvSβ
2 α
) (8.13)

3
vS+ = vS ( cos ( ωt ) + jsen ( ωt ) ) (8.14)
2

Assim:

3
vS+ = vS e jωt (8.15)
2

Assim:

3 vS
vS+ ( s ) = (8.16)
2 s − jω

Levando-se (8.16) em (8.12) obtém-se (8.17):

3 vS 1
iS+ ( s ) = (8.17)
( s − jω)  s + 
2 A R
 A

Aplicando-se a transformada inversa de Laplace obtém-se a expressão (8.18).

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142 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

3 1  jωt − RA t 
iS+ ( t ) = vS e −e  (8.18)
2 ( R + jωA )  

R + jωA = R 2 + ω2 A 2 e jφ0 (8.19)

onde

 ωA 
φ0 = tan −1   (8.20)
R

Assim:

3 vS  j( ωt −φ0 ) − RA t − jφ0 
iS+ ( t ) = e −e  (8.21)
2 R 2 + ω2 A 2  

Por outro lado:

iSd ( t ) = 2 Re iS+ ( t ) = Parte real iS+ ( t ) (8.22)

Assim:

vS  R
− t 
iSd ( t ) = 3  cos ( ωt − φ0 ) − e A
cos ( φ0 )  (8.23)
R 2 + ω2 A 2  

mas,

3
iSd = iS (8.24)
2 1

Assim:

2vS  R
− t 
iS1 ( t ) =  cos ( ωt − φ0 ) − e cos ( φ0 ) 
A
(8.25)
R +ω A 
2 2 2

A expressão (8.25) representa a corrente transitória na fase 1 do motor. Possui


uma componente cosenoidal e uma exponencial. A sua forma está representada na
Fig. 8.3.

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 143

iS
1

Fig. 8.3 – Corrente transitória na fase 1 um do motor de indução.

Após o transitório a corrente é limitada somente pelas resistências do estator e


do rotor e pelas reatâncias de dispersão do motor.

A constante de tempo elétrica é muito pequena. Consideremos a título de


exemplo os seguintes valores:

R S + R R ≅ 2,0Ω
(8.26)
XA S + XA R ≅ 4,0Ω

Assim:

A S + A R = A = 10,6mH (8.27)

Assim:

A 10,6
τe = = = 5,3ms (8.28)
R 2,0

Supondo que o transitório elétrico esteja terminado após cinco constantes de


tempo, tem-se:

∆t = 5τe = 26,5ms (8.29)

Assim o transitório tem uma duração aproximada de dois ciclos da rede. É


muito rápido e na maioria das vezes é desconsiderado.

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144 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

8.2 CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO DO MOTOR DE INDUÇÃO

a) modelos básicos:

Vamos considerar um motor trifásico de indução alimentado pela rede e


acionando uma carga mecânica. Num determinado instante, quando t = 0, é
estabelecido um curto circuito trifásico nos seus terminais. Deseja-se expressar, em
função do tempo, a evolução das correntes nas fases.

O transitório elétrico de curto-circuito é muito rápido. Por isto, para efeito de


estudo, a velocidade do motor será considerada constante.

i 1 (t)

i 2 (t)
MOTOR
i 3 (t)

Fig. 8.4 – Representação de um curto-circuito trifásico em um motor de indução.

Seja o modelo sob a forma de componentes simétricas instantâneas, com


referencial preso no estator, de acordo com a expressão (8.30).

 
R S + pLS pmSR
 vS+     iS 
 0 =   +  (8.30)
   m  p − jn θ 
i
 i
 i
 SR   R R + LR  p − jn θ   R + 
    

Para facilitar a análise, a resistência do estator será inicialmente ignorada. Ela


influencia basicamente na forma de envoltória da corrente e o seu valor poderá ser
i
incluído no valor de RR. Seja n θ = ωm sendo ωm a velocidade do motor.

i
Durante o curto tem-se n θ = ωm . Assim o modelo adquire a forma de expressão
(8.31).

 
pLS pmSR
  
0  i 
0 =    S+  (8.31)
   m  p − jn θi   i
 i
 SR   R R + LR  p − jn θ   R + 
    

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 145

Tomando-se a transformada de Laplace, obtém-se a expressão (8.32).

0  sLSiS+ ( s ) − LSiS0+ smSR iR + ( s ) − mSR iR0+ 


0 =  mSR ( s − jωm ) iS+ ( s ) − mSR iS0+

R R i R + ( s ) + LR ( s − jωm ) iR + ( s ) − LR iR0+ 
(8.32)
  

Da expressão (8.32) obtém-se a expressão (8.33).

0  sLS smSR   iS+ ( s )   LS mSR   iS0+ 


0 = m ( s − jω ) R + L ( s − jω )  i ( s )  − m  
LR  iR0+ 
(8.33)
   SR m R R m   R+   SR

Seja:

φS0+ = LSiS0+ + mSR iR0+ (8.34)

φR0+ = mSR iS0+ + LR iR0+ (8.35)

O modelo adquire então a forma da expressão (8.36).

 φS0+   sLS smSR   iS+ ( s ) 


φ  = m s − jω  
R R + LR ( s − jωm )  iR + ( s ) 
(8.36)
 R0+   SR ( m)

Portanto:

 iS+ ( s )  
−1
sLS smSR   φS0+ 
 =    (8.37)
iR + ( s )  mSR ( s − jωm ) R R + LR ( s − jωm )  φR0+ 

Invertendo a matriz Z e isolando-se a corrente iS+ ( s ) , obtém-se a expressão

(8.38).

 RR  mSR
 L + ( s − jωm )  φS0+ − s L φR0+
iS+ ( s ) =  R  R
(8.38)
L  m 
2
s S R R +  LS − SR  ( s − jωm ) s
LR  LR 

2
' mSR
LS = LS − (8.39)
LR

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146 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

Assim:

 RR  mSR
 L + ( s − jωm )  φS0+ − s L φR0+
iS+ ( s ) =  R  R
(8.40)
L
s S R R + LS ( s − jωm ) s
'

LR

(b) correntes sem amortecimentos:

Para uma máquina ideal na qual não houvesse resistência, a energia inicial
acumulada no campo magnético não seria convertida em calor. Assim as correntes de
curto–circuito seriam senoidais, com valores de pico invariáveis ao longo do tempo.

Numa primeira etapa da análise, vamos determinar essas correntes.


Considerando RR = 0 na expressão (8.40), obtém-se a expressão (8.41).

mSR
( s − jωm ) φS −s φR
0+
LR 0+
iS+ ( s ) = (8.41)
LS ( s − jωm ) s
'

φS0+ mSR φR0+


iS+ ( s ) = − (8.42)
LS LR ( s − jωm )
' '
sLS

1  φS0+ mSR φR0+ 


iS+ ( s ) = ' 
−  (8.43)
LS  s LR ( s − jωm ) 

Aplicando-se a transformada inversa de Laplace obtém-se a expressão (8.44).

1  mSR 
iS+ ( t ) = φS0+ − φR0+ e jωm t  (8.44)
LS
'
 LR 

Para que a corrente iS+ ( t ) fique completamente conhecida, deve-se

estabelecer as expressões de φS0+ e φR 0+ .

(c) cálculo dos fluxos iniciais:

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 147

Vamos considerar o motor inicialmente em regime permanente. É representado


pelas expressões (8.45).

 vS0+   R S + jωSLS jωSmSR   iS0+ 


 0 =    (8.45)
   jmSR ( ωS − ωm ) R R + jLR ( ωS − ωm )  iR0+ 

ωR = ωS − ωm (8.46)

 vS0+   R S + jωSLS jωSmSR   iS0+ 


 0 =    (8.47)
   jmSR ωR R R + jLR ωR  iR0+ 

Da expressão (8.47) obtém-se as correntes iniciais representadas pelas


expressões (8.48) e (8.49).

( R R + jLR ωR ) vS
iS0+ = 0+
(8.48)
( R R + jLR ωR )( RS + jωSLS ) + ωSωR mSR 2

− jmSR ωR vS0+
i R 0+ = (8.49)
( R R + jL R ωR )( R S + jωSLS ) + ωSωR mSR 2

Levando-se as expressões (8.48) e (8.49) nas expressões (8.34) e (8.35),


obtém-se as expressões dos fluxos iniciais, representados por (8.50) e (8.51).

φS0+ =
(L (R
S R )
+ jLR ωR ) − jmSR ωR vS0+
2

(8.50)
( R R + jLR ωR )( RS + jωSLS ) + ωSωR mSR 2

φR0+ =
(m (R
SR R + jLR ωR ) − jLR mSR ωR ) vS0+
(8.51)
( R R + jLR ωR )( RS + jωSLS ) + ωSωR mSR 2

Resta-nos determinar as tensões iniciais. Tomando-se a expressão (8.15) tem-


se:

3 jωSt
vS+ = vSe (8.52)
2

Para t = 0, tem-se:

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148 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

3
vS+ = vS (8.53)
2

As expressões de fluxo inicial são muito complexas para serem levadas na


expressão (8.44). Porém algumas modificações podem ser feitas.

1) ωR ≅ 0

De fato, se o motor opera na região nominal, próximo da velocidade síncrona, a


pulsação rotórica é praticamente nula.

2) RS ≅ 0

Na região de escorregamento nominal a resistência do estator tem muito pouco


influência no comportamento do motor.

Com tais simplificações, os fluxos iniciais passam a ser representados pelas


expressões (8.54) e (8.55).

3 vS
φS0+ = (8.54)
2 jωS

3 mSR vS
φR0+ = (8.55)
2 jωSLS

Assim:

3 vS − j π2
φS0+ = e (8.56)
2 ωS

3 mSR vS − j π2
φR0+ = e (8.57)
2 ωSLS

Levando-se (8.56) e (8.57) em (8.44), obtém-se a expressão (8.58).

3 vS  − j π2 mSR j ωm t − 2  
2  π

iS+ ( t ) = e − e  (8.58)
2 ωSLS'  LSLR 

Por outro lado, a partir da expressão (8.22) obtem-se:

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 149

(
iSd ( t ) = 2 Re iS+ ( t ) ) (8.59)

Assim:

2
vS mSR
iSd ( t ) = − 3 sen ( ωm t ) (8.60)
ωSLS LSLR
'

Da expressão (8.24) tem-se:

2
iS1 = iS (8.61)
3 d

Assim:

2
vS mSR
iS1 ( t ) = − 2 sen ( ωm t ) (8.62)
XS LSLR
'

onde:

iS1 ( t ) ⇒ corrente na fase 1 do motor.

' '
X S = ωS LS ⇒ reatância transitória.

'
LS ⇒ indutância transitória.

A partir da expressão (8.62) pode-se estabelecer duas conclusões


importantes:

(a) a freqüência da corrente de curto-circuito é proporcional à velocidade do motor.

(b) o pico da corrente de curto circuito é limitado pela reatância transitória do motor.

Para se conhecer completamente a corrente de curto-circuito, deve-se


determinar a lei de decrescimento com o tempo. A expressão (8.62) estabelece a
corrente que existiria sem as resistências.

(d) cálculo da corrente de curto-circuito com amortecimento:

Vamos considerar a expressão (8.63), na qual está incluída a resistência


do rotor do motor.

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150 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

 RR  mSR
 L + ( s − jωm )  φS0+ − s L φR0+
iS+ ( s ) =  R  R
(8.63)
LS
R R + LS ( s − jωm ) s
'
s
LR

O denominador pode ser reescrito segundo a expressão (8.64):

' R L 
∆ = sLS  s − jωm + R S'  (8.64)
 LR LS 

Seja:

'
L L
ζ = S R
'
(8.65)
LS R R

Assim:

'  1 
∆ = sLS  s −  jωm − '   (8.66)
  ζ 

onde ζ ' é definido como a constante de tempo de curto-circuito do motor.

Levando-se a expressão (8.66) na expressão (8.63) obtém-se a expressão


(8.67).

 RR  mSR
 L + ( s − jωm )  φS0+ − s L φR0+
iS+ ( s ) =  R  R
(8.67)
'  1 
sLS  s −  jωm − '  
  ζ 

Os fluxos iniciais já foram estabelecidos e estão representados pelas


expressões (8.68) e (8.69).

3 vS − j π2
φS0+ = e (8.68)
2 ωS

3 mSR vS − j π2
φR0+ = e (8.69)
2 ωSLS

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 151

Levando-se as expressões (8.68) e (8.69) na expressão (8.67), obtém-se a


expressão .

 mSR 2  RR
s 1 −  − jωm +
iS+ ( s ) =
3 vS − j π2
e  LR LS  LR
(8.70)
2 ωSLS'   1 
s  s −  jωm − '  
  ζ 

Como:

2
mSR
=1 (8.71)
LR LS

Assim:

RR
−j
π
− jωm
3 vSe 2
LR
iS+ ( s ) = (8.72)
2 XS'   1 
s  s −  jωm − '  
  ζ 

Seja:

RR
− jωm
LR A B
= + (8.73)
  1  s  1
s  s −  jωm − '   s −  jωm − ' 
  ζ   ζ

Assim:

RR RR
− jωm − jωm
LR LR
A= = (8.74)
1 LS R R
− jωm − jωm
ζ '
LS LR
'

RR
− jωm
LR
B= = −A (8.75)
1
jωm − '
ζ

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152 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

Levando-se as expressões (8.74) e (8.75) na expressão (8.76) obtém-se a


expressão .

RR  
−j
π
− jωm  
3 vSe 2
LR 1 − 1
iS+ ( s ) =  (8.77)
2 XS' LS R R s  1 
− jωm  s −  jωm − ζ'  
LS LR
'
  

mas,

RR
− jωm
LR
≅1 (8.78)
LS R R
− jωm
LS LR
'

Assim:

π
 
−j  
3 vSe 2
1 − 1
iS+ ( s ) =  (8.79)
2 XS' s  1 
 s −  jωm − ζ'  
  

Aplicando-se a transformação inversa de Laplace obtém-se a expressão .

π
3 vSe 2
−j
  jωm − '  t 
 1

iS+ ( t ) = 1 − e ζ   (8.80)
2 XS'  
 

3 vS  − j π2 j ωm − 2  t − ζ' t 
 π 1

iS+ ( t ) = e − e e  (8.81)
2 XS'  

como:

iSd ( t ) = 2 Re iS+ ( t ) { } (8.82)

obtém-se:

1
− 't
v
iSd ( t ) = 3 S ' sen ( ωm t ) e ζ (8.83)
XS

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 153

Portanto a corrente na fase 1 do motor é representada pela expressão (8.84).

1
v − 't
iS1 ( t ) = 2 S ' e ζ sen ( ωm t ) (8.84)
XS

A forma da corrente está representada na Fig. 8.5.

2 Vs
Xs

2 i s (0)
1 0


ωs


ωm

Fig. 8.5 – Formato da corrente de curto-circuito na fase um.

Vamos fazer um comentário adicional sobre a constante de tempo de curto-


circuito.

'
LS LR
ζ' = (8.85)
LS R R

LR
ζR = (8.86)
RR

onde ζR é definida como constante de tempo de circuito aberto.

Assim:

'
L
ζ = ζR S
'
(8.87)
LS

Durante o curto-circuito o motor pode ser representado pelo circuito equivalente


mostrado na Fig. 8.6.

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154 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

RR LS

iS
1
vS
1

Fig. 8.6 – Circuito equivalente para o motor para análise de curto-circuito.

A tensão vs' 1 tem um valor de pico igual a 2vs .

Como LS ≅ LR quando os parâmetros estão referidos ao estator, pode-se

afirmar que:

'
L
ζ = S
'
(8.88)
RR

(e) comentários sobre a reatância transitória:

A indutância transitória é definida pela expressão (8.89).

2
mSR
L'S = LS − (8.89)
LR

mas:

LS = A S + amSR (8.90)

A R + amSR
LR = (8.91)
a2

onde:

a⇒ relação de transformação entre os enrolamentos do estator e do rotor.

AS ⇒ indutância de dispersão do estator.

AR ⇒ indutância de dispersão do rotor referido ao estator.

Assim:

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 155

2
a 2 mSR
L'S = A S + amSR − (8.92)
A R + amSR

Multiplicando-se convenientemente os termos por ωS, obtém-se:

2 2
a 2ωS mSR
ωSL'S = ωSA S + aωSmSR − (8.93)
ωSA R + ωSamSR

Assim:

2
xm
XS' = xS + x m − (8.94)
xR + xm

Portanto a reatância transitória pode ser facilmente determinada, a partir dos


ensaios a vazio e de rotor bloqueado.

Convém observar que XS' é relativamente baixa. Tomemos os seguintes valores

numéricos como exemplos:

xS = 1Ω

xR = 1Ω

xm = 100Ω

Assim:

XS' =1Ω

8.3 TENSÃO RESIDUAL

Há certos tipos de cargas, como por exemplos bombas de refrigeração de


centrais térmicas, que não podem ser paralisadas mesmo por tempo muito curto. Essas
cargas em geral, são acionadas por motores trifásicos de indução.

Nesses casos, dispõe-se de duas fontes de alimentação. Quando a fonte


principal falha, o motor automaticamente passa a ser alimentado por uma fonte de
emergência.

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156 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

Quando a fonte principal é interrompida, existe fluxo magnético no motor. Estes


fluxos geram tensões nos enrolamentos do estator, enquanto ele permanece aberto.
Essas tensões são conhecidas com o nome de tensões residuais.

Se a fonte auxiliar for conectada imediatamente após a falha da fonte principal


e se as tensões da fonte e as tensões residuais estiverem com defasamento
inadequado, podem ser produzidos transitórios de correntes e de torques capazes de
danificar o motor. Uma solução possível para resolver esse tipo de problema,
consistem em instalar relés controlados por tensão. Somente quando as tensões
residuais atingirem valores iguais a 25% da tensão de alimentação, a fonte auxiliar é
conectada ao motor.

Neste item será obtida uma expressão aproximada, analiticamente, para


representar as tensões residuais geradas pelo motor.

Consideremos o modelo do motor de indução sob a forma de componentes


simétricas instantâneas, representado pela expressão (8.95). O referencial será
colocado no estator.

 
R S + pLS pmSR
 vS+     iS 
 0 =   +  (8.95)
   m  p − jn θ 
i
 i
 i
 SR   R R + LR  p − jn θ   R + 
    

Durante o transitório a corrente do estator iS+ é nula. Assim o modelo passa a

ser representado pelas expressões (8.96) e (8.97). A velocidade ωm será considerada


constante.

vS+ = pmSR iR + (8.96)

0 = R R iR + + pLR iR + − jωm LR iR + (8.97)

Para se conhecer a tensão do estator em função do tempo, deve-se conhecer a


corrente do rotor, que é obtida a partir da solução da equação (8.97).

Aplicando-se a transformada de Laplace na expressão (8.97) obtém-se a


expressão (8.98).

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 157

0 = R R iR + ( s ) + sLR i R + ( s ) − jωm LR iR + ( s ) − LR iR0+ (8.98)

Assim:

i R0+
iR+ ( s ) = (8.99)
R 
s +  R − jωm 
 LR 

Passando para o domínio tempo, obtém-se a expressão .

R 
− R − jωm  t
iR + ( t ) = iR0+ e  LR 
(8.100)

Para se conhecer a tensão do estator, a expressão (8.96) é levada na


expressão (8.100) resultando na expressão (8.101).

d − jωm  t 
 RR 
−
vS+ = mSR  iR0+ e  R  
L
(8.101)
dt  
 

Assim:

R
 R  − Rt
LR
vS+ = mSR  jωm − R i
 R0+ e e jωm t (8.102)
 LR 

O valor inicial da corrente do rotor, definido pela expressão (8.49) é


representado pela expressão (8.103).

− jmSR ωR vS0+
i R 0+ = (8.103)
( R R + jL R ωR )( R S + jωSLS ) + ωSωR mSR 2

3
vS0+ = vS (8.104)
2

Assim:

3 − jmSR ωR vS
i R 0+ = (8.105)
2 ( R R + jL R ωR )( R S + jωS LS ) + ωSωR mSR 2

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158 CAPÍTULO 8. ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUNS TRANSITÓRIOS ELÉTRICOS DO MOTOR DE INDUÇÃO

Vamos tomar:

ωR ≅ 0 e RS ≅ 0

Assim:

3 mSR ωR vS
i R 0+ = - (8.106)
2 R R ωS LS

Levando-se a expressão (8.106) na expressão (8.102) obtém-se a expressão


(8.107).

R
3 vS mSR ωR  R R  − LRR t jωm t
2
vS+ ( t ) =  − jωm e e (8.107)
2 ωSLS R R  LR 

ou

2 R
3 vS mSR ωR − Rt
vS+ ( t ) = ( R R − jωm LR ) e LR e jωmt (8.108)
2 ωSLS R R LR

LR
ζR = ⇒ constante de tempo de circuito aberto.
RR

2 2 2
R R − jωm LR = R R + ωm LR e− jθR (8.109)

ω L 
θR = tg −1  m R  (8.110)
 RR 

Assim:

2 t
3 vS mSR ωR
{ }

vS+ ( t ) = R R + ωm LR e ζR e ( m R )
2 2 2 j ω t −θ
(8.111)
2 ωSLS R R LR

Por outro lado,

2
mSR
≈1 (8.112)
LR LS

Assim:

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TEORIA FUNDAMENTAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 159

( )
t
3 ωR −
vS+ ( t ) = vS 1 + ωm 2ζ R 2 e ζR
cos ( ωm t − θR ) (8.113)
2 ωS

Em geral, a constante ζR é importante e a hipótese de que a velocidade do


motor se mantém invariável não é válida.

Se o motor inicialmente gira a vazio tem-se ωm ≅ ωS, sendo ωS a velocidade


síncrona.

Se o motor estivesse girando com velocidade síncrona, acionada por uma


máquina auxiliar, ωR seria nula, não havendo correntes rotóricas e consequentemente
não existiria correntes rotóricas e consequentemente não existiria tensão residual.

O estudo rigoroso de tensão residual não pode ignorar a equação mecânica e


só é possível através de simulação.

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