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ÁREA: EDUCAÇÃO

Profª Graça Vilhena

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Planejamento da Ação
Didática

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PLANEJAMENTO
É notório o fato de o planejamento ser uma necessidade constante em
todas as áreas da atividade humana. Cada vez mais, a atitude de
planejar ganha importância e torna-se mais necessária, principalmente
nas sociedades complexas do ponto de vista organizacional. Hoje em
dia, fala-se muito do ato de planejar e de sua importância. Mas, afinal,
o que é planejamento? (HAYD, 2011).
Planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições
existentes, e prever as formas alternativas de ação para superar as
dificuldades ou alcançar os objetivos desejados. Portanto, o
planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e
previsão. Nesse sentido, planejar é uma atividade tipicamente
humana, e está presente na vida de todos os indivíduos, nos mais
variados momentos (HAYD, 2011).
1. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM PLANEJAMENTO (BRASIL, 2006).
Participação. Quanto mais pessoas estiverem envolvidas no
processo, maiores serão as chances do Planejamento ser bem
executado e de se encontrar saídas para as dificuldades;
Objetividade. Os planejamentos não devem ser nem muito longos
nem confusos, indo diretamente às questões centrais, falando
com as palavras certas o que se deseja alcançar;
Coerência. Refere-se à necessária lógica entre os vários elementos
que a compõem - objetivos, recursos, tempo (cronograma); a
avaliação é proposta visando a possibilitar a coleta de
informações objetivas acerca do que está sendo realizado e
alcançado;
Exequibilidade. O planejamento deve apresentar condições
possíveis para sua realização, motivo pelo qual deve estar de
acordo com a realidade para a qual se destina;
Flexibilidade. Quer dizer que o planejamento deve apresentar
facilidade e possibilidade de ser modificado para atender
situações não previstas, não podendo ser visto como uma
“camisa-de-força” que prende as pessoas envolvidas no próprio
processo de planejar;
Continuidade. Todas as atividades e ações previstas devem estar
integradas do começo ao fim, possibilitando a percepção clara
de uma sequência entre elas;
Contextualização. Como o planejamento ocorre em tempos e
espaços definidos, ele precisa estar adequado aos desafios e
demandas do contexto social em que está inserido;
Clareza. A linguagem utilizada na elaboração do Planejamento
deverá ser simples e clara, com indicações precisas para não
possibilitar dupla interpretação.
2. A DISTINÇÃO ENTRE PLANEJAMENTO E PLANO (ALVES,2011):
É importante esclarecer que do planejamento resultará o plano.
Plano é um documento utilizado para o registro de decisões do
tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que
fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a
discussão (planejamento) sobre fins e objetivos, culminando
com a definição dos mesmos, pois somente desse modo é que
se pode responder as questões indicadas acima. Segundo
Padilha (2001), o plano é a "apresentação sistematizada e
justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar."
Plano tem a conotação de produto do planejamento. Ele é na
verdade um guia com a função de orientar a prática, é a
formalização do processo de planejar.
3. TIPOS DE PLANEJAMENTO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO (ALVES, 2011; BRASIL, 2006)
Tipos Características
Planejamento Educacional – também denominado Planejamento do Sistema de Educação,
Planejamento “[...] é o de maior abrangência, correspondendo ao planejamento que é feito em nível
Educacional nacional, estadual ou municipal. Incorpora e reflete as grandes políticas educacionais.”
(VASCONCELLOS, 2000, p.95).
Planejamento Curricular – é o "[...] processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da
ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. Portanto,
Planejamento essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na
Curricular escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a
escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares."
(VASCONCELLOS, 1995, p. 56).
É o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexão e decisões sobre a
Planejamento sua organização, o funcionamento e a proposta pedagógica, ou seja, “é um processo de
Escolar racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar
e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 1992, p. 221).
É o “[...] processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no cotidiano de seu
Planejamento
trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constantes interações entre
de Ensino
professor e alunos e entre os próprios alunos” (PADILHA, 2001, p. 33).
Projeto - É também um documento, produto do
planejamento, porque nele são registradas as decisões mais
concretas de propostas que se deseja realizar. Traduz uma
tendência natural e intencional do ser humano, à medida que
este vive em função de projetos.

Programa - Conjunto de um ou mais projetos de determinados


órgãos ou áreas, com um período de tempo definido.
Dentro da categoria plano, devemos, ainda, dar uma atenção
especial ao plano global da instituição: o PPP - Projeto Político-
Pedagógico que é também um produto do planejamento. A
sua construção deve envolver e articular todos os que
participam da realidade escolar: corpo docente, discente e
comunidade. Segundo Vasconcellos (1995, p.143), "[...] é um
instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar
os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma
refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é
essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que
possibilita re-significar a ação de todos os agentes da
instituição." (ALVES, 2011)
4 . A FUNÇÃO DO PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES
DIDÁTICAS (HAYDT, 2011):
Por que e para que planejamos? Em resposta a estas
perguntas, podemos afirmar que o trabalho planejado,
em qualquer setor da atividade humana, contribui para:
- atingir os objetivos desejados;
- superar dificuldades;
- controlar a improvisação.
Da mesma forma, o planejamento didático é uma atividade importante e
necessária porque tem como função:
a) Prever as dificuldades que podem surgir durante a ação docente, para
poder superá-las com economia de tempo.
b) Evitar a repetição rotineira e mecânica de cursos e aulas.
c) Adequar o trabalho didático aos recursos disponíveis e às reais
condições dos alunos.
d) Adequar os conteúdos, as atividades e os procedimentos de avaliação
aos objetivos propostos.
e) Garantir a distribuição adequada do trabalho em relação ao tempo
disponível.
Como podemos ver, o processo de planejamento permite ao
professor organizar antecipadamente a ação didática,
contribuindo para a melhoria tanto do trabalho docente
como discente.
II - PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
O planejamento educacional deve ser realizado pelas
esferas federal, estadual e municipal, considerando
diversas variáveis, como as sociais, políticas, culturais,
filosóficas, econômicas, legais, ecológicas, demográficas,
tecnológicas etc., com o intuito de buscar sintonia com os
objetivos mais amplos da política educacional. Por isso,
esse planejamento deve ser definido tomando como
referência a relação educação e sociedade (BRASIL, 2006).
Na formulação do planejamento educacional, devem ser
observados vários elementos tais como: as políticas
educacionais e seus resultados em um determinado
período de tempo; o contexto social mundial, nacional,
regional e local; indicadores de matrícula, evasão,
aprovação/repetência; recursos materiais e humanos dos
sistemas escolares. A compreensão das relações existentes
entre a formulação de políticas públicas para a educação e
o planejamento educacional é de fundamental importância
para todos aqueles que atuam na escola (BRASIL, 2006).
O Planejamento Educacional é o mais amplo, geral e
abrangente. Tem a duração de 10 anos e prevê a
estruturação e o funcionamento da totalidade do
sistema educacional. Determina as diretrizes da política
nacional de educação (ALVES,2011).
Segundo Sant'anna (1986 citado por ALVES 2011) o
Planejamento Educacional "é um processo contínuo que se
preocupa com o para onde ir e quais as maneiras
adequadas para chegar lá, tendo em vista a situação
presente e possibilidades futuras, para que o
desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades
do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo."
Segundo Coaracy (1972 citado por ALVES 2011), os objetivos do
Planejamento Educacional são:
1. relacionar o desenvolvimento do sistema educacional com o
desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país,
em geral, e de cada comunidade, em particular;
2. estabelecer as condições necessárias para o aperfeiçoamento
dos fatores que influem diretamente sobre a eficiência do
sistema educacional (estrutura, administração, financiamento,
pessoal, conteúdo, procedimentos e instrumentos);
3. alcançar maior coerência interna na determinação dos
objetivos e nos meios mais adequados para atingi-los;
4. conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do
sistema.
O PNE - Plano Nacional de Educação é o resultado do Planejamento
Educacional da União. Este Plano determina diretrizes, metas e
estratégias para a política educacional dos próximos dez anos. O
primeiro grupo são metas estruturantes para a garantia do direito a
educação básica com qualidade, e que assim promovam a garantia do
acesso, à universalização do ensino obrigatório, e à ampliação das
oportunidades educacionais. Um segundo grupo de metas diz respeito
especificamente à redução das desigualdades e à valorização da
diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade. O terceiro
bloco de metas trata da valorização dos profissionais da educação,
considerada estratégica para que as metas anteriores sejam atingidas,
e o quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior (BRASIL,
MEC/PNE).
III - PLANEJAMENTO ESCOLAR
Mais um ano se inicia! Um bom Planejamento Escolar feito na
primeira semana do ano letivo, certamente, evitará problemas
futuros. Esse é o objetivo da Semana Pedagógica: reunir gestores,
orientadores, supervisores, coordenadores e corpo docente para
planejarem os próximos 200 dias letivos. É o momento de integrar
os professores que estão chegando, colocando-os em contato com
o jeito de trabalhar do grupo, e, claro, mostrar os dados da escola
para todos os docentes, além de apresentar as informações sobre
as turmas para as quais cada um vai lecionar (ALVES, 2011).
Veja o que é importante planejar, discutir, elaborar e definir
nessa primeira semana do ano (ALVES, 2011):
1. as diretrizes quanto à organização e à administração da escola,
2. normas gerais de funcionamento da escola,
3. atividades coletivas do corpo docente,
4. o calendário escolar,
5. o período de avaliações,
6. o conselho de classe,
7. as atividades extraclasse,
8. o sistema de acompanhamento e aconselhamento dos alunos
e o trabalho com os pais,
9. as metas da escola e os passos que precisam ser dados,
durante o ano, para atingi-las,
10. os projetos realizados no ano anterior,
11. os novos projetos que serão desenvolvidos durante o ano,
12. os temas transversais que serão trabalhados e distribuí-los
nos meses,
13. revisar o PPP.
IV - PLANEJAMENTO CURRICULAR
O Planejamento Curricular tem por objetivo orientar o
trabalho do professor na prática pedagógica da sala de aula.
Segundo Coll (2004), definir o currículo a ser desenvolvido
em um ano letivo é uma das tarefas mais complexas da
prática educativa e de todo o corpo pedagógico das
instituições (ALVES, 2011).
De acordo com Sacristán (2000 citado por ALVES 2011),
“[...] planejar o currículo para seu desenvolvimento em
práticas pedagógicas concretas não só exige ordenar seus
componentes para serem aprendidos pelos alunos, mas
também prever as próprias condições do ensino no
contexto escolar ou fora dele. A função mais imediata que
os professores devem realizar é a de planejar ou prever a
prática do ensino.”
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados por equipes de
especialistas ligadas ao Ministério da Educação (MEC), têm por objetivo
estabelecer uma referência curricular e apoiar a revisão e/ou a
elaboração da proposta curricular dos Estados ou das escolas integrantes
dos sistemas de ensino. Os PCNs são, portanto, uma proposta do MEC
para a eficiência da educação escolar brasileira. São referências a todas
as escolas do país para que elas garantam aos estudantes uma educação
básica de qualidade. Seu objetivo é garantir que crianças e jovens
tenham acesso aos conhecimentos necessários para a integração na
sociedade moderna como cidadãos conscientes, responsáveis e
participantes. Todavia, a escola não deve simplesmente executar o que é
determinado nos PCNs, mas sim, interpretar e operacionalizar essas
determinações, adaptando-as de acordo com os objetivos que quer
alcançar, coerentes com a clientela e de forma que a aprendizagem seja
favorecida (ALVES, 2011).
Portanto, o planejamento curricular segundo Turra et al. (1995 citado por
ALVES 2011),
“[...] deve ser funcional. Deve promover não só a aprendizagem de
conteúdo e habilidades específicas, mas também fornecer condições
favoráveis à aplicação e integração desses conhecimentos. Isto é viável
através da proposição de situações que favoreçam o desenvolvimento das
capacidades do aluno para solucionar problemas, muitos dos quais
comuns no seu dia-a-dia. A previsão global e sistemática de toda ação a
ser desencadeada pela escola, em consonância com os objetivos
educacionais, tendo por foco o aluno, constitui o planejamento curricular.
Portanto, este nível de planejamento é relativo à escola. Através dele são
estabelecidas as linhas-mestras que norteiam todo o trabalho[...].
V - PLANEJAMENTO DE ENSINO
O Planejamento de Ensino é a especificação do planejamento
curricular. É desenvolvido, basicamente, a partir da ação do
professor e compete a ele definir os objetivos a serem
alcançados, desde seu programa de trabalho até eventuais e
necessárias mudanças de rumo; o conteúdo da matéria, as
estratégias de ensino e de avaliação e agir de forma a obter um
retorno de seus alunos no sentido de redirecionar sua matéria
(Alves, 2011).
O Planejamento de Ensino não pode ser visto como uma atividade
estanque. Deve prever:
1. objetivos específicos estabelecidos a partir dos objetivos
educacionais;
2. conhecimentos a serem aprendidos pelos alunos no sentido
determinado pelos objetivos;
3. procedimentos e recursos de ensino que estimulam, orientam e
promovem as atividades de aprendizagem;
4. procedimentos de avaliação que possibilitem a verificação, a
qualificação e a apreciação qualitativa dos objetivos propostos,
cumprindo pelo menos a função pedagógico-didática, de
diagnóstico e de controle no processo educacional.
Existem três tipos de planejamento didático ou de ensino,
que relacionamos a seguir, de acordo com seu nível de
especificidade crescente:
a) planejamento de curso;
b) planejamento de unidade didática;
c) planejamento de aula.
a) Planejamento de Curso (HAYDT, 2011):
Planejamento de curso é a previsão dos conhecimentos a
serem desenvolvidos e das atividades a serem realizadas
em uma determinada classe, durante um certo período de
tempo, geralmente durante o ano ou semestre letivos.
O resultado desse processo é o plano de curso, que é a
previsão do trabalho docente e discente para o ano ou o
semestre letivo. O plano de curso é um desdobramento do
plano curricular.
Em geral, o planejamento de curso segue a seguinte sistemática:
1. Levantar dados sobre as condições dos alunos, fazendo uma
sondagem inicial.
2. Propor objetivos gerais e definir os objetivos específicos a
serem atingidos durante o período letivo estipulado.
3. Indicar os conteúdos a serem desenvolvidos durante o período.
4. Estabelecer as atividades e procedimentos de ensino e
aprendizagem adequados aos objetivos e conteúdos propostos.
5. Selecionar e indicar os recursos a serem utilizados.
6. Escolher e determinar as formas de avaliação mais coerentes
com os objetivos definidos e os conteúdos a serem
desenvolvidos.
b) Planejamento de unidade (HAYDT, 2011):
Segundo Claudino Piletti em seu livro Didática Geral, o professor,
ao planejar a unidade de ensino, deve estabelecer três etapas:
1. Apresentação - Nesta fase, o professor vai procurar identificar
e estimular os interesses dos alunos, tentando aproveitar seus
conhecimentos anteriores e relacioná-los ao tema da unidade.
Dentre as atividades desta etapa podemos relacionar: pré-teste
para sondagem das experiências e conhecimentos anteriores dos
alunos; diálogo com a classe; aula expositiva para introduzir o
tema, comunicando aos alunos os objetivos da unidade;
apresentação de material ilustrativo para introdução do assunto
(cartazes, jornais, revistas etc.).
2. Desenvolvimento - Nesta fase, o professor organiza e apresenta
situações de ensino-aprendizagem que estimulem a participação
ativa dos alunos, tendo em vista atingir os objetivos específicos
propostos (conhecimentos, habilidades e atitudes). Entre as
atividades realizadas nesta etapa podemos indicar: solução de
problemas, projetos, estudo de textos, estudo dirigido, pesquisa,
experimentação, trabalho em grupo.
3. Integração - Nesta fase, os alunos farão uma síntese dos
conhecimentos trabalhados durante o desenvolvimento da
unidade. Para a realização dessa síntese, são sugeridas as
seguintes atividades: elaboração de relatórios orais ou escritos
que sintetizem os aspectos mais importantes da unidade;
organização de resumos e de quadros sinóticos.
c) Planejamento de aula (HAYDT, 2011):
No planejamento de aula, o professor especifica e operacionaliza os
procedimentos diários para a concretização dos planos de curso e de
unidade.
Ao planejar uma aula o professor:
- prevê os objetivos imediatos a serem alcançados (conhecimentos,
habilidades, atitudes);
- especifica os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados
durante a aula;
- define os procedimentos de ensino e organiza as atividades de
aprendizagem de seus alunos (individuais e em grupo);
- indica os recursos (cartazes, mapas, jornais, livros, objetos variados) que
vão ser usados durante a aula para despertar o interesse, facilitar a
compreensão e estimular a participação dos alunos;
- estabelece como será feita a avaliação das atividades.
Portanto, planejamento de aula "é a sequência de tudo o que vai ser
desenvolvido em um dia letivo. (...). É a sistematização de todas as
atividades que se desenvolvem no período de tempo em que o
professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino-
aprendizagem" (PILETTI, Didática Geral, p. 72.)
Além disso, o plano de aula deve estar adaptado às reais condições
dos alunos: suas possibilidades, necessidades e interesses.
Ao elaborar o seu plano de aula, o professor deve levar em conta as
características dos alunos e partir dos conhecimentos que eles já
possuem. Por isso, é importante que o professor faça uma sondagem
do que os alunos já sabem sobre os conhecimentos a serem
desenvolvidos.
Objetivos (HAYDT, 2011):
A definição dos objetivos educacionais direciona as atividades
do educador, auxiliando-o na escolha dos meios mais adequados
para realizar o seu trabalho.
Os objetivos educacionais podem ser formulados em dois níveis:
objetivos gerais e objetivos específicos.
Os objetivos específicos consistem na operacionalização dos
objetivos gerais. Por isso, fornecem uma orientação concreta
para o estabelecimento das atividades de ensino- aprendizagem
e para a avaliação.
Seleção de conteúdos (HAYDT, 2011):
Em relação aos conteúdos, servem de base para a aquisição de
informações, conceitos, princípios e para o desenvolvimento de
hábitos, habilidades e atitudes. E através dos conteúdos curriculares
que alcançamos os objetivos estabelecidos para o processo
educacional.
A seleção dos conteúdos programáticos deve basear-se nos seguintes
critérios: validade, utilidade, significação, adequação ao nível de
desenvolvimento do aluno, flexibilidade e adequação ao tempo
disponível. Além disso, deve ser dada ao aluno a possibilidade de
elaboração pessoal do conteúdo transmitido, permitindo-lhe
comparar, organizar, aplicar e avaliar informações, conceitos e
princípios, num processo constante de reconstrução do conhecimento.
A organização dos conteúdos se constitui em duas formas de
ordenação:
a) vertical - é a organização sequencial dos conteúdos ao longo de
várias séries:
b) horizontal - é o relacionamento dos conteúdos dentro de uma
mesma série.
A organização dos conteúdos deve orientar-se por três critérios:
continuidade, sequência e integração. Deve, também, pautar-se em
dois princípios básicos: o lógico e o psicológico.
Métodos e Técnicas (HAYDT, 2011):
Os procedimentos de ensino devem, portanto, contribuir para
que o aluno mobilize seus esquemas operatórios de pensamento
e participe ativamente das experiências de aprendizagem,
observando, lendo, escrevendo, experimentando, propondo
hipóteses, solucionando problemas, comparando, classificando,
ordenando, analisando, sintetizando etc.
Por sua vez, o termo método vem do grego (méthodos = caminho
para chegar a um fim) e se refere a um caminho para atingir um
fim. Walter Garcia define método como sendo uma sequência de
operações com vistas a determinado resultado esperado".
Logo, método de ensino é um procedimento didático caracterizado
por certas fases e operações para alcançar um objetivo previsto.
Quanto à palavra técnica, Piletti a define como sendo "a
operacionalização do método". Atualmente, é empregado também o
termo estratégia de ensino, para designar os procedimentos e
recursos didáticos a serem utilizados para atingir os objetivos
desejados e previstos.
Os métodos e técnicas não são neutros, pois estão baseados em
pressupostos teóricos implícitos. Além do mais, sua escolha e aplicação
dependem dos objetivos estabelecidos. Por isso, ao escolher um
procedimento de ensino, o professor deve considerar, como critérios de
seleção, os seguintes aspectos básicos:
a) adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem;
b) a natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a
efetivar-se;
c) as características dos alunos, como, por exemplo, sua faixa etária, o
nível de desenvolvimento mental, o grau de interesse, suas expectativas
de aprendizagem;
d) as condições físicas e o tempo disponíveis.
É a partir dos objetivos propostos para o ensino (o que se
pretende atingir com a instrução), da natureza do conteúdo a
ser desenvolvido (o que se pretende que os alunos assimilem),
das características dos alunos (como são nossos alunos), das
condições físicas e do tempo disponível, que se escolhem os
procedimentos de ensino e se organizam as experiências de
aprendizagem mais adequadas. Ou seja, é a partir desses
aspectos que se estabelece o como ensinar, isto é, que se
definem as formas de intervenção na sala de aula para ajudar o
aluno no processo de reconstrução do conhecimento.
Sequência Didática
Texto extraído de “SEQUÊNCIA DIDÁTICA - BRINCANDO EM SALA DE
AULA: USO DE JOGOS COOPERATIVOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS”,
autoria de: Cristianni Antunes Leal - Orientadora: Giselle Rôças -
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.
“O que é sequência didática? Conjunto de atividades, estratégias e
intervenções planejadas etapa por etapa pelo docente para que o
entendimento do conteúdo ou tema proposto seja alcançado pelos
discentes (KOBASHIGAWA et al., 2008). Lembra um plano de aula,
entretanto é mais amplo que este por abordar várias estratégias de
ensino e aprendizagem e por ser uma sequência de vários dias.
Objetivos em usar a sequência didática
• Conduzir os discentes a uma reflexão e apreensão acerca do
ensino proposto na sequência didática.
• Almejar que estes conhecimentos adquiridos sejam levados à
vida dos estudantes e não somente no momento da aula ou da
avaliação.
Algumas etapas da sequência didática:
Apresenta algumas etapas parecidas com um plano de aula. Entretanto, o
professor discutirá um determinado tema durante algumas semanas, no
sentido de aprofundá-lo, possibilitando se apropriar dos conceitos
envolvidos.
Uma sequência didática é flexível e composta por: tema, objetivo,
justificativa, conteúdo, ano de escolaridade, tempo estimado para aula,
número de aulas necessárias, material necessário, desenvolvimento,
avaliação e outros que surjam. Um bom planejamento supõe uma
definição clara de objetivos a serem almejados e alcançados. O
desenvolvimento da sequência didática é abarcado por inúmeras etapas,
considerando a discussão coletiva, motivação, exibições de vídeos, aulas
expositivas, obter referenciais históricos, e outros.”
Multimídia Educativa
Texto extraído do Artigo “Recursos Multimídia no Processo de Ensino-
Aprendizagem: Mocinho ou Vilão?”. IV Encontro de Ensino e Pesquisa em
Administração e Contabilidade. Brasília-DF, 2013. KLEIN, Luciana;
OLIVEIRA, André Junior de; ALMEIDA, Lauro Brito de; SCHERER, Luciano
Márcio.
“Multimídia é o conjunto dos mais variados meios de comunicação (meios
digitais, tais como texto, gráfico, imagem, áudio, animação, vídeo) que
visam transmitir de alguma forma as informações. (Schnotz e Bannert,
2003; Akkoyunlu e Yilmaz, 2005; Montazemi, 2006; Rose e Fernlund,
2009). Nas escolas, a utilização de fotos, rádio, televisão, softwares
educativos e sites da Internet estão sendo utilizados como meios
tecnológicos por alunos e professores para fins educativos (LEE et al,2006).
Para Prieto et al. (2005) as atividades digitais multimídia, na sua
maioria, possuem grande apelo visual, acabam encantando pelo layout
com cores vibrantes, som e movimento e fascinando alunos e
professores que se impressionam com a interface colorida, o áudio e os
vídeos. A importância dos sistemas de multimídia aumentou com a
socialização da internet.
O objetivo principal na utilização do recurso multimídia é para ilustrar
um discurso, promover a associação de ideias na exposição de um
assunto e tornar o tempo menos cansativo para alunos e ouvintes em
geral. Esses sistemas devem ser utilizados como um elemento acessório
na preparação e apresentação das aulas, um recurso didático para expor
e ordenar os assuntos, dentre outras finalidades específicas da exposição
de conteúdos (AGCA, 2006).
A utilização de recursos multimídia tem sido vista, inclusive pelo
Ministério da Educação, como meio para facilitar a exposição dos
conteúdos e também no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto
é necessária uma análise dos dispositivos utilizados, pois mesmo levando
em consideração o potencial destes recursos, tão a gosto de professores
e outros profissionais, o uso de qualquer tecnologia apenas torna-se
pedagogicamente interessante quando é levado em consideração que
seu uso está sujeito à boa ou má utilização (ROCKLIN, 1997).
É necessário o cuidado para que a mesma esteja alicerçada em critérios
claramente definidos que atendam os objetivos educacionais de ensino. Não
se pode esquecer que o valor pedagógico pela utilização de um recurso em
geral, depende da forma como a tecnologia é usada. Nesse sentido, Creed
(1997) argumenta que “[...] a tecnologia digital pode melhorar a
aprendizagem dos alunos, mas apenas se a utilização dos recursos interagirem
com os níveis de aprendizagem requeridos por alunos e demais interessados”.
A utilização a tecnologia sem a preocupação com melhoria dos níveis de
aprendizagem é inócua. Os achados do estudo de Voss (2004) sugerem que os
professores tendem a se concentrarem na ferramenta didática ignorando os
alunos. A consequência perversa – para o autor - é que os alunos não prestam
atenção à aula e o recurso tecnológico deixa de ser instrumento de apoio na
mediação do ensino. Portanto, continua o autor, na aula a tecnologia assume
o papel central na transmissão do conhecimento com a função de explicar aos
alunos, em vez do professor fazê-lo.”
Avaliação (HAYDT, 2011):
Em termos gerais, a avaliação é um processo de coleta e análise de dados,
tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos. No
âmbito escolar, a avaliação se realiza em vários níveis: do processo ensino-
aprendizagem, do currículo, do funcionamento da escola como um todo.
A avaliação da aprendizagem do aluno está diretamente ligada à avaliação
do próprio trabalho docente. Ao avaliar o que o aluno conseguiu aprender,
o professor está avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar. Assim, a
avaliação dos avanços e dificuldades dos alunos na aprendizagem fornece
ao professor indicações de como deve encaminhar e reorientar a sua
prática pedagógica, visando aperfeiçoá-la. É por isso que se diz que a
avaliação contribui para a melhoria da qualidade da aprendizagem e do
ensino.
A partir do que foi exposto acima, podemos tirar algumas
conclusões sobre os pressupostos e princípios da avaliação:
a) A avaliação é um processo contínuo e sistemático. Faz
parte de um sistema mais amplo, que é o processo ensino-
aprendizagem, nele se integrando. Por isso, ela não tem um
fim em si mesma, é sempre um meio, um recurso, e como tal
deve ser usada. Não pode ser esporádica ou improvisada.
Deve ser constante e planejada, ocorrendo normalmente ao
longo de todo o processo, para reorientá-lo e aperfeiçoá-lo.
b) A avaliação é funcional, porque se realiza em função dos
objetivos previstos. Os objetivos são o elemento norteador da
avaliação. Por isso, avaliar o aproveitamento do aluno consiste
em verificar se ele está alcançando os objetivos estabelecidos.
c) A avaliação é orientadora, porque indica os avanços e
dificuldades do aluno, ajudando-o a progredir na
aprendizagem, orientando-o no sentido de atingir os objetivos
propostos. Numa perspectiva orientadora, a avaliação também
ajuda o professor a replanejar seu trabalho, pondo em prática
procedimentos alternativos, quando se fizerem necessários.
d) A avaliação é integral, pois considera o aluno como um ser
total e integrado e não de forma compartimentada. Assim, ela
deve analisar e julgar todas as dimensões do comportamento,
incidindo sobre os elementos cognitivos e também sobre o
aspecto afetivo e o domínio psicomotor. Em decorrência, o
professor deve coletar uma ampla variedade de dados, que vai
além da rotineira prova escrita. Para conseguir esses dados,
deve usar todos os recursos disponíveis de avaliação.

Esses princípios norteadores da avaliação da aprendizagem são


decorrentes de uma concepção pedagógica, que por sua vez é
consequência de uma postura filosófica.
VI - PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (ALVES, 2011)
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), em 1996, toda escola precisa ter um Projeto Político-Pedagógico,
o PPP. Esse documento deve explicitar as características que gestores,
professores, funcionários, pais e alunos pretendem construir na
unidade e qual a formação querem para quem ali estuda. Elaborar um
plano pode ajudar a equipe escolar e a comunidade a enxergar como
transformar sua realidade cotidiana em algo melhor. Se for bem
planejado, o documento pode gerar mudanças no modo de agir de
todos os atores envolvidos no processo educacional e na comunidade.
Quando todos enxergam de forma clara qual é o foco de trabalho da
instituição e participam do processo de construção do PPP, o resultado
é uma verdadeira parceria que contribuirá, positivamente, em todo o
processo ensino-aprendizagem.
O processo de elaboração e implantação do projeto político-
pedagógico é complexo e alguns aspectos básicos devem estar
presentes na elaboração do mesmo. Antes de mais nada, é
preciso que todos conheçam bem a realidade da comunidade
em que se inserem para, em seguida, estabelecer o plano de
intenções - um pano de fundo para o desenvolvimento da
proposta. Na prática, a comunidade escolar deve começar
respondendo à seguinte questão: por que e para que existe esse
espaço educativo? Uma vez que isso esteja claro para todos, é
preciso olhar para os outros três braços do projeto. São eles:
1. A proposta curricular - Estabelecer o que e como se ensina,
as formas de avaliação da aprendizagem, a organização do
tempo e o uso do espaço na escola, entre outros pontos.
2. A formação dos professores - A maneira como a equipe vai
se organizar para cumprir as necessidades originadas pelas
intenções educativas.
3. A gestão administrativa - Que tem como função principal
viabilizar o que for necessário para que os demais pontos
funcionem dentro da construção da "escola que se quer".
Assim, é importante que o projeto preveja aspectos relativos
aos valores que se deseja instituir na escola, ao currículo e à
organização, relacionando o que se propõe na teoria com a
forma de fazê-lo na prática - sem esquecer, é claro, de prever
os prazos para tal. Além disso, um mecanismo de avaliação
de processos tem de ser criado, revendo as estratégias
estabelecidas para uma eventual re-elaboração de metas e
ideais. Indo além, o projeto tem como desafio transformar o
papel da escola na comunidade.
A elaboração do projeto pedagógico deve ser pautada em
estratégias que dêem voz a todos os atores da comunidade
escolar: funcionários, pais, professores e alunos. Essa
mobilização é tarefa, por excelência, do diretor. Mas não
existe uma única forma de orientar esse processo. Ele
pode se dar no âmbito do Conselho Escolar, em que os
diferentes segmentos da comunidade estão
representados, e também pode ser conduzido de outras
maneiras - como a participação individual, grupal ou
plenária.
A finalização do documento também pode ocorrer de forma
democrática - mas é fundamental que um grupo especialista nas
questões pedagógicas se responsabilize pela redação final para
oferecer um padrão de qualidade às propostas. É importante
garantir que o projeto tenha objetivos pontuais e estabeleça
metas permanentes para médio e longo prazos
Importante: O PPP não deve ser confundido com o
Planejamento Escolar. Embora os dois contenham características
semelhantes, há diferença na duração: o Planejamento Escolar é
um plano de ações a curto prazo (para o ano letivo), enquanto
que o PPP estabelece metas para um período de 3 a 5 anos.
REFERÊNCIAS
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politico-pedagogico. Acesso em: 02/11/2016.
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Universidade de Brasília, 2006. 100p - (Profuncionário - Curso técnico de formação para os funcionários da educação).
unidade 4 – política, planejamento e legislação educacional: conceitos e relações.
______________________________ Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/SASE), PNE. Disponível
em:.portal.mec.gov.br/pne. Acesso em 03/11/2016.
HAYDT. Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo : Ática, 2011.
KLEIN, Luciana; OLIVEIRA, André Junior de; ALMEIDA, Lauro Brito de; SCHERER, Luciano Márcio. Recursos Multimídia no
Processo de Ensino-Aprendizagem: Mocinho ou Vilão?. IV Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade.
Brasília-DF, 2013.
LEAL, Cristianni Antunes. Sequência Didática - Brincando em sala de aula: Uso de jogos cooperativos no ensino de ciências.
Orientadora: Giselle Rôças. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências – PROPEC- Mestrado Profi ssional em Ensino de Ciências. Campus Nilópolis.
Disponível em: www.ifrj.edu.br/webfm_send/5416. Acesso em: 03/11/2016.
NOVA ESCOLA. Planejamento. Edição Especial. São Paulo: Editora Abril, nº 24, Janeiro, 2009.
VASCONCELLOS. Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico –
elementos metodológicos para elaboração e realização. 7ª ed.- São Paulo: Libertad, 2000.
_______________. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
FIM

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