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Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto

ARTIGO ORIGINAL

SCHEIDEGGER, Guilherme Marchiori [1], CALENZANI, Carla Lorencini [2]

SCHEIDEGGER, Guilherme Marchiori, CALENZANI, Carla Lorencini. Patologia, recuperação e


reparo das estruturas de concreto. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 04, Ed. 03, Vol. 05, pp. 68-92. Março de 2019. ISSN: 2448-0959.

Contents

RESUMO
INTRODUÇÃO
2. PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO
2.1 SINTOMAS, CAUSAS E ORIGEM DA PATOLOGIA
2.1.1 PRESENÇA DOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS NAS FASES DA CONSTRUÇÃO
2.1.2 FASE DE PROJETO
2.1.3 FASE DE CONSTRUÇÃO OU EXECUÇÃO
2.1.4 FASE DE UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO
3. PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO
3.1 DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DAS PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO
3.1.1 ALGUNS TIPOS DE INTERVENÇÃO
3.1.2 INSPEÇÃO DAS ESTRUTURAS
3.1.3 CONDUTA A SER SEGUIDA
4. FORMAS PATOLÓGICAS ENCONTRADAS COM MAIOR FREQUÊNCIA
4.1 ASPECTOS PARA REPARAR, RECUPERAR E REFORÇAR
4.1.1 REPARAÇÃO DE FENDAS, FISSURAS E TRINCAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO
4.1.2 REPAROS SUPERFICIAIS
4.1.3 REPAROS SEMI-PROFUNDOS E REPAROS PROFUNDOS
4.1.4 REFORÇO DAS ESTRUTURAS
4.1.5 RECUPERAÇÃO DAS ESTRUTURAS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS

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Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto

RESUMO

O presente trabalho com base em bibliografias consultadas, tem como objetivo analisar e
discutir sobre a presença de problemas patológicos nas estruturas de concreto que geram
transtornos tanto para o comprador como ao construtor, sendo inevitável também afetar na
parte econômica pois os custos de uma possível recuperação posterior ao término de uma
construção acabam sendo maiores do que se a obra tivesse sido realizada com boa
qualidade. A partir disso, relata-se também sobre a importância de se obter uma avaliação
de concretagem para a prevenção das falhas e consequentemente adoção de técnicas que
sejam adequadas para futuros reparos que possam ser encontrados na construção civil, que
geralmente são as trincas e rachaduras causadas pelas escolhas de materiais de má
qualidade ou até mesmo problemas ocasionados pelos fatores ambientais externos. As
conclusões obtidas ao decorrer do trabalho reforçam a importância de serem cumpridas as
normas de construção e consequentemente a boa qualidade e preservação das estruturas.

Palavras-Chave: Patologia, Avaliação, Qualidade, Concreto.

INTRODUÇÃO

O tema escolhido para a realização deste trabalho se deve a notáveis falhas que são visíveis
em obras, deficiências ou até mesmo despreparo de profissionais da área de construção civil,
bem como na identificação e soluções para os problemas patológicos. É importante ressaltar
que os problemas não são encontrados somente em estruturas já consideradas antigas. As
estruturas que são projetadas e construídas recentemente também podem apresentar estes
problemas, no entanto, espera-se que com a evolução dos conhecimentos e técnicas, seja
cada vez mais possível as detecções dessas patologias precocemente.

As construções exigem medidas preventivas para que os problemas patológicos não venham
se apresentar de forma prematura e também que não tenham um desenvolvimento
acelerado de forma que dificulte sua restauração. Relevantemente, a realização deste
trabalho visa à importância de se fazer um estudo sobre as patologias, a fim de ser útil como
auxílio para futuros leitores sobre esses problemas e propor alternativas de intervenção.

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Quais medidas preventivas devem ser adotadas para que os problemas patológicos não
venham ser apresentados de forma prematura na construção civil? As medidas preventivas
são essenciais para que os problemas não se apresentem tão cedo nas edificações. Por isso,
seguir corretamente as etapas de construção, elaborar os projetos conforme as normas
técnicas, ser justo na escolha de materiais de boa qualidade e contar com profissionais
qualificados, são medidas preventivas de extrema importância para evitar futuros
transtornos.

Este levantamento bibliográfico tem como objetivo geral apresentar e estudar alguns
conceitos sobre os problemas patológicos das estruturas de concreto, com objetivos
específicos de conceituar as manifestações patológicas que podem aparecer nas estruturas
sobre como é possível detectá-las e apresentar sobre como intervi-las a tempo de recuperá-
las.

A metodologia aplicada neste trabalho contou com pesquisas literárias e tecnológicas que
foram estudadas para que pudesse ter sido possível elaborar este levantamento que poderá
ser útil até mesmo para futuros trabalhos. A ação desenvolvida durante este projeto não
contou com gestos concretos nem estudos específicos sobre uma determinada construção,
no entanto, proporcionou um direcionamento sobre o tema abordado.

2. PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

Com o surgimento do concreto que rapidamente mostrou suas vantagens, a busca por utilizá-
lo cada vez mais aumentou. Porém, juntamente com isso também apareceram as
manifestações patológicas provenientes de má preparação, descuido, falta de conhecimento
na construção ou até mesmo por causas químicas ou externas.

Segundo Marcelli (2007), erros em projetos estruturais não são impossíveis de ocorrer, sendo
muito difícil que exista algum escritório que tenha calculado inúmeros projetos estruturais
sem que haja ocorrido um erro qualquer. Sendo assim, é importante que os erros cometidos
sejam notados imediatamente para que sejam avaliados e resolvidos, de forma que não
comprometa a obra e a condene.

Segundo Nazario e Zancan, patologia de acordo com os dicionários é:

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A parte da medicina que estuda as doenças. A palavra patologia tem origem grega
de “phatos” que significa sofrimento, doença, e de “logia” que é ciência, estudo.
Então, conforme os dicionários existentes podem-se definir a palavra patologia como
a ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza das doenças (NAZÁRIO E
ZANCAN, 2011, p. 01).

As patologias, portanto, são alterações causadas por doença no organismo, ocasionando a


deformação e degradação dos materiais físicos ou estruturais de uma edificação. São elas:
trincas, rachaduras, fissuras, manchas, descolamentos, deformações, rupturas, corrosões,
oxidações, entre outros. Além disso, também está relacionada a qualidade, visibilidade e
durabilidade dessas edificações.

A detecção precoce dos problemas patológicos são o ponto chave para que não haja um
comprometimento total da estrutura, uma vez que, o quanto antes for localizado, analisado e
tratado, tende a reduzir as possibilidades de condenação e também os custos para uma
eventual reparação.

É importante investigar cuidadosamente a patologia e suas possíveis causas, pois ao se


falhar no seu diagnóstico, a correção não será eficiente. Uma patologia pode se apresentar
como consequência de mais de uma deficiência. Assim, para que a medida corretiva seja
eficiente devem-se sanar todas as suas causas (ANDRADE & SILVA, 2005). Para diagnosticar
as patologias nas edificações é necessário conhecer suas formas de manifestação, ou seja,
os sintomas, bem como os processos de surgimento, os agentes causadores desses
processos e definir em qual etapa da vida da estrutura foi criada a predisposição a esses
agentes. Portanto, para que se alcance os resultados esperados do tratamento da patologia,
é importante que seja realizado um diagnóstico bem feito e completo sobre todas as
características visualizadas no problema, tais como, sintomas, origens, causas, e observação
da área onde se situa a obra afetada, pois, como já se foi citado, o meio externo também
pode ter influência.

2.1 SINTOMAS, CAUSAS E ORIGEM DA PATOLOGIA

Os problemas de patologia são revelados com manifestações geralmente bem características

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como sinais externos, sendo assim, quando analisadas torna-se possível distinguir sua
origem e causas de modo que se obtenha as prováveis consequências que as variações e
influências envolvidas poderão gerar. Olivari (2003), evidencia que as manifestações
patológicas podem ter diversas origens e resultarem de diferentes ações, podendo ser de
caráter físico, químico ou mecânico. Dentro da engenharia a patologia envolve a análise dos
sintomas evidenciados pelos defeitos que se manifestam nas estruturas, pesquisa sua origem
e as prováveis causas e mecanismos de ação dos agentes envolvidos (SOUZA; RIPPER, 1998).
Os sintomas que esses danos causam devem ser detectados e analisados para um pré
diagnóstico envolvendo muitas observações e estudos. As lesões encontradas no concreto
geralmente são: fissuras, eflorescências, manchas, corrosão, trincas e rachaduras.

Citado por Azevedo (2011), a construção de um empreendimento envolve diferentes tipos de


fases. O autor se refere a primeira fase como sendo a fase do projeto, a qual define os
procedimentos e passos a serem seguidos ao decorrer da construção. A próxima é a fase da
construção ou execução do projeto onde são denominadas as formas de execução e seleção
dos materiais para a elaboração e qualidade da estrutura. Finalizando com a terceira fase,
apresenta-se a fase de utilização e manutenção, ou seja, a conclusão e entrega da obra
realizada ao seu proprietário, tornando-o agente cuidador para que as estruturas sejam
mantidas em bom estado.

Portanto, as manifestações patológicas que podem ocorrer em um empreendimento sejam


elas em qualquer uma das fases citadas a cima, é cabível a um determinado responsável. Se
ocorridas na fase de realização do projeto, é cabível ao projetista. Ocorrentes por erros na
construção ou escolha de materiais, são direcionadas ao construtor ou engenheiro e por fim
se relacionadas a inadequação de utilização ou manutenção da obra, fica de
responsabilidade do proprietário/usuário.

Como é possível notar na figura 1 a seguir, os maiores números de casos de patologias


originam-se nas fases de projeto. A realização de um projeto bem elaborado é fundamental
para que todas as outras fases tenham um bom desenvolvimento. Estudos mostram que
essas falhas são geralmente mais graves que as relacionadas à qualidade dos materiais e
aos métodos construtivos. (HELENE, 2003).

FIGURA 1: Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção e uso das

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obras civis.

Fonte: (Adaptado de HELENE & FIGUEIREDO, (2003).

Perante isto, conclui-se que é de suma importância que os projetistas se atentem para que
seja obtido resultados mais satisfatórios em suas obras quando forem executadas para que
não apresentem problemas. Uma elaboração de qualidade evita futuros transtornos.

2.1.1 PRESENÇA DOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS NAS FASES DA CONSTRUÇÃO

Em cada fase que a obra passa é possível que se tenha a presença dos problemas
patológicos, de forma que se não detectados e resolvidos poderão evoluir no decorrer das
etapas e trazer maiores prejuízos futuros. Portanto, cada etapa possui um responsável para
que seja seguida a construção adequadamente e assim também cada falha detectada se
torna cabível ao profissional atuante da fase em questão.

As manifestações patológicas referentes às fases de planejamento, projeto, fabricação e


construção surgem no período inferior a dois anos, porém durante a utilização os problemas

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podem aparecer depois de muitos anos. Por isso, é muito importante identificar em qual
etapa surgiram os vícios construtivos, até mesmo para a atribuição de responsabilidades
civis. (MACHADO, 2002).

Qualquer edificação tem uma determinada vida útil que pode ser maior ou menor,
dependendo de vários fatores como, por exemplo, a qualidade dos materiais empregados na
construção, as condições a que as mesmas estão expostas e a existência de uma
manutenção periódica. Portanto, é importante que juntamente com essas observações para
manter a boa vitalidade da estrutura, seja reconhecido em cada fase o problema
rapidamente e qual foi o responsável por sua ocorrência.

2.1.2 FASE DE PROJETO

O projetista é responsável por elaborar detalhadamente a estrutura do projeto, de forma que


deixa explicitado todos os dados que serão necessários para que as futuras etapas de
construção do empreendimento tenham um alcance satisfatório. Para isso, o projetista
precisa conhecer e realizar uma avaliação sobre todas as condições que o empreendimento
está sujeito. De acordo com a norma ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR
(Norma Brasileira) 6118:2007, item 25.4 Manual de Uso, inspeção e manutenção diz:

Deve ser elaborado por profissional competente contratado pelo proprietário. Esse
manual deve conter todas as informações, dados e memórias do projeto, dos
materiais, produtos e da execução da estrutura. Esse manual deve especificar de
forma clara e objetiva os requisitos básicos de uso e manutenção preventiva que
assegurem a vida útil prevista e estar conforme com a ABNT NBR 5674 Manutenção
de Edificações.

SOUZA e RIPPER (1998), constataram que as falhas ocorridas durante as primeiras fases, são
as responsáveis por deixar o custo da obra mais oneroso e por causar maiores transtornos
relacionados à obra. Ou seja, em todas as construções civis, quanto mais precoce for
detectada uma falha, maiores serão as possibilidades de haver soluções para estes
problemas, a partir disso o custeio dessas soluções serão menores. Ainda segundo as
fundamentações de SOUZA e RIPPER, muitas falhas ocorrem devido:

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Elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da


combinação mais desfavorável das mesmas);

– Escolha infeliz do modelo analítico, deficiência no cálculo da estrutura ou avaliação


da resistência do solo, etc.);

– Falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como com os


demais projetos civis;

– Especificação inadequada de materiais;

– Detalhamento insuficiente ou errado;

– Detalhes construtivos inexequíveis;

– Falta de padronização das representações (convenções);

– Erros de dimensionamento. (SOUZA e RIPPER, 1998, P.24)

Falhas no estudo preliminar, falha de anteprojeto, falhas no projeto final de engenharia,


podem levar a escolha de elementos de projeto inadequados e na geração de problemas
alterando o desempenho, durabilidade e até mesmo a vida útil da edificação (PINA, 2013).
Evidentemente, que meios impróprios selecionados nos estudos de um projeto para
realização de uma construção, acarretarão consequências que irão comprometer o produto
final que obviamente é esperado que tenha uma boa qualidade e assim durabilidade.

2.1.3 FASE DE CONSTRUÇÃO OU EXECUÇÃO

Após a fase de realização do projeto, a qual é almejada que tenha sido concluída com
sucesso, segue-se para próxima etapa que é denominada construção ou execução, a partir
do planejamento da obra. Durante esta etapa de execução, os problemas na maioria das
vezes são relacionados à qualidade da mão de obra, a falta de treinamento e qualificação dos
operários (SILVEIRA et al., 2002).

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Trata-se de uma fase que necessita que haja controle principalmente de qualidade para
haver a não prorrogação dos problemas patológicos posteriormente, pois é de
responsabilidade dos profissionais fazer o controle dos materiais utilizados durante a
construção do projeto, bem como se atentar e fiscalizar se eles estão de acordo com o
especificado no projeto e se sua utilização está sendo feita de forma correta e gerando o
mínimo de perdas e insumos (CREMONINI, 1988).Sendo assim, o construtor deve ficar atento
a cada conclusão de etapas tendo a concepção de que erros atuais poderão gerar problemas
futuros.

2.1.4 FASE DE UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO

Não se pode acarretar o surgimento de todos os problemas patológicos à falta de


manutenção ou de condutas adequadas pelos usuários, o surgimento de problemas
patológicos se dá por uma combinação de erros em todas as fases de concepção da
edificação, da eficiência da estrutura, dos métodos construtivos, das condições de
agressividade do meio, porém há uma parcela de culpa dos usuários pela falta de
manutenção à edificação (CBIC, 2013). Nesta etapa de uso da construção devem ser
adotados cuidados para que a mesma não seja utilizada de forma inadequada, existindo um
conhecimento dos usuários desta edificação sobre as possibilidades e limitações da obra.

Toda obra depois de concluída possui um período de vida útil estimado baseado em análises
e observações sobre ela. Porém, muitas vezes antes mesmo do prazo atribuído a referente
obra estar próximo, a mesma já apresenta um quadro de desempenho abaixo do esperado
proveniente da falta de manutenção periódica que fazem com que manifestações iniciais de
patologia se evoluam gerando até mesmo uma insegurança estrutural para o proprietário.

3. PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

No capítulo anterior, foi-se abordado durante todo desenvolvimento sobre como é importante
a elaboração de um diagnóstico precoce. Além disso, é essencial que seja feito um
levantamento de subsídios que consiste em aglomerar todos os dados necessários para que
assim seja possível detectar de onde são provenientes os fenômenos que ocorrem. Este

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levantamento também conta com as informações sobre os danos e sobre todo o processo de
construção e utilização da obra. Trata-se do colhimento e junção de informações para
entender o problema e diagnosticá-lo. As informações são obtidas através de quatro formas:
vistoria no local, anamnese, exames complementares e pesquisa.

A realização da vistoria no local afetado é a primeira etapa para o levantamento, segundo DO


CARMO:

Através de um olhar profissional, faz-se uma determinação do nível de agravos a


estrutura em questão e se a mesma apresenta níveis de desempenho aceitáveis e
que não ponham em risco a segurança dos usuários. (DO CARMO, 2003, p. 10).

A vistoria do local é uma forma de avaliação por meio de visita técnica, na qual, registros
fotográficos e relatórios são a ferramenta para assim serem levantados os dados e
informações num primeiro momento para que consequentemente seja possível uma
compreensão do surgimento das manifestações. Parte considerável dos eventos que
demandam a realização de vistorias e perícias em edificações, decorre de manifestações
patológicas muitas vezes identificadas através da simples observação do quadro de
fissuração, o que facilita o diagnóstico dos problemas existentes (VITÓRIO, 2003). Outra
forma também de se obter as informações para compreender o problema é a anamnese, que
ainda seguindo com o pensamento de DO CARMO, é uma espécie de levantamento que
consiste em buscar o histórico da construção, dos profissionais envolvidos, usuários ou
proprietários, funcionando como uma prévia do que será encontrado no diagnóstico.

Os exames complementares também auxiliam para a formulação do diagnóstico do


problema, contribuindo com informações encontradas a partir de exames físicos, químicos e
até biológicos. É importante o conhecimento sobre as limitações e índices de erros que cada
exame pode apresentar para a análise dos resultados obtidos. Por fim, se ainda não for
possível elaborar um diagnóstico, deve- se recorrer a pesquisas seja elas bibliográficas ou
tecnológicas.

FIGURA 2: Fluxograma para resolução de patologias da construção civil.

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Fonte: (Lichtenstein, 1985).

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Este fluxograma propõe uma análise mais simplificada e assim facilita o alcance dos
objetivos sobre os problemas. Trata-se de uma metodologia baseada em divisões de etapas
sobre os processos básicos para a análise e estudo do caso. Para o entendimento sobre
determinado problema patológico, cada subsídio é obtido na vistoria do local, na anamnese
ou nos exames complementares e deve ser estudado e interpretado para dar o suporte
necessário para o quadro em que se encontra tal problema.

3.1 DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DAS PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

O diagnóstico é a fase mais importante do processo e cabe a ele definir o sucesso ou


fracasso do que será determinado. Sua formatação completa passa por diversas etapas, que
remetem a informações coletadas desde a primeira vistoria do local, a coleta de dados para
posterior formulação do diagnóstico. (SANTUCCI, 2015).

Quando equivocado, implicará em intervenções que não serão cabíveis a verdadeira


realidade além de dificultar as próximas análises e gerar um eventual gasto não necessário.
Para diagnosticar as patologias, deve-se detectar as manifestações assim como identificar no
processo de construção em que etapa elas se originaram e o que provocou o aparecimento
deste dano, permitindo assim que seja estabelecido notas quanto ao estado que a obra
apresenta, facilitando na tomada de decisões pelo tipo de intervenção e reparo que deve ser
aplicado na situação presente.

Segundo BROOMFILED (1997), antes de se avaliar a estrutura através de ensaios, deve ser
procedida primeiramente uma inspeção visual, que pode ser registrada através de
fotografias e mapeamento de fissuras. É importante que todos os dados levantados
anteriormente tenham ligação para que formem um único quadro patológico, assim, facilita o
encaixe das hipóteses levantadas pelo patologista do mesmo modo que auxilia na eliminação
daquelas que não apresentarem veracidade sobre o caso. Ainda assim, a incerteza poderá
persistir, visto que, existem enfermidades diferentes que podem ser tratadas com o mesmo
“remédio”, e vice-versa (LAPA, 2008). Portanto, trabalha-se em cima de incertezas onde há
apenas redução de dúvidas sobre o problema, pois na realidade o diagnóstico apresentará
sua eficácia quando a estrutura que receber o tratamento responder satisfatoriamente ao
próprio.

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Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são tarefas que devem ser
realizadas sistematicamente e periodicamente, de modo a que os resultados e as ações de
manutenções devem cumprir efetivamente a reabilitação da construção, sempre que for
necessária (GRANATO, 2002).

Após ser decretado o diagnóstico e antes de ser definido qual a conduta a ser tomada para a
determinada situação, segundo Lapa (2008), o especialista da área deve levantar a hipótese
sobre a evolução futura do problema, o qual é denominado prognóstico. Esta etapa auxilia na
escolha de qual tratamento selecionar para a busca da solução do problema. Essas
metodologias podem ser, erradicar a enfermidade, impedir ou controlar sua evolução, não
intervir, estimar o tempo de vida da estrutura, limitar sua utilização ou indicar sua demolição.

3.1.1 ALGUNS TIPOS DE INTERVENÇÃO

De acordo com nível e a gravidade em que os danos submetem as estruturas pode-se


apresentar um breve resumo sobre os tipos de atuações. As que devem ser efetuadas de
forma rápida sobre danos que causam riscos graves para uma estrutura é denominada
atuação de urgência, a qual é caracterizada por ser uma atuação provisória de modo que
proteja os usuários até que se obtenha um diagnóstico do problema. As atuações de
prevenção e/ou proteção são aquelas que tem função de dar proteção aos componentes
estruturais para que a degradação não tenha evolução.

Outro tipo de intervenção são as atuações de reparação das estruturas que são aplicadas
quando a degradação conseguiu afetá-las, sugerindo assim uma reparação na área afetada
para que seja possível recuperar os elementos estruturais, sendo assim, é necessário que se
obtenha um diagnóstico preciso sobre as partes que sofreram a degradação.

As atuações de reforço são aquelas que são requisitadas quando são encontrados e já
diagnosticados os erros em um projeto, assim, deve-se buscar novos sistemas de reforço que
sejam então adequados. Por fim, a substituição da estrutura, então, elimina-se fisicamente o
componente estrutural substituindo-o por outro elemento novo (HELENE, 2003). O caso de
substituição é executado quando as utilizações dos reforços já não são mais viáveis e,
portanto, não há mais o que se fazer, a não ser trocar por uma estrutura nova.

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3.1.2 INSPEÇÃO DAS ESTRUTURAS

Inspeção é uma atividade técnica especializada que abrange a coleta de elementos, de


projeto e de construção, o exame minucioso da construção, a elaboração de relatórios, a
avaliação do estado da obra e as recomendações, que podem ser de nova vistoria, de obras
de manutenção, de recuperação, de reforço ou de reabilitação da estrutura (HELENE, 2007).
São importantes a análise e o estudo de um processo patológico, pois, devem permitir ao
analista rigorosamente a determinação da origem, do mecanismo e dos danos subsequentes,
tornando possível que se possa ter uma conclusão sobre as técnicas de recomendações mais
eficazes para o quadro encontrado.

A inspeção trata-se de um elemento indispensável na metodologia para uma manutenção


preventiva, e pode ser executada uma Inspeção Preliminar e Inspeção Detalhada.

De acordo com Wilke (2012), é importante frisar que a inspeção das estruturas é uma parte
importante, mas apenas uma parte da manutenção das edificações. As inspeções,
programadas ou não, auxiliam na identificação dos problemas, porém, após, deve-se intervir
no elemento danificado.

A figura 3 apresenta um fluxograma simplificado do passo a passo de uma inspeção técnica.

FIGURA 3: Fluxograma que representa o passo a passo das inspeções técnicas de uma
edificação.

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Fonte: Adaptado de GRANATO (2002).

Numa visão mais completa, também deve‐se trabalhar no sentido de prevenir o


aparecimento e a evolução de uma manifestação patológica (MEHTA & MONTEIRO, 2008). Os

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indícios de irregularidades tanto do sistema como o de durabilidade devem ser avaliados


para não comprometer as estruturas, pois são estes os contribuintes para as manifestações
dos problemas.

A fase de inspeção preliminar tem como objetivo determinar através da análise visual
juntamente com o histórico da edificação, se a estrutura apresenta necessidade de ter uma
intervenção imediatamente. Estima-se nessa inspeção as consequências possíveis que os
danos podem trazer e, caso seja necessário, as medidas de emergência que poderão ser
tomadas para tal estrutura. Baseando-se nas informações obtidas deste processo, também é
possível seguir para um estudo a fundo e mais detalhado.

A etapa de inspeção detalhada deve ser executada por profissionais e consiste na definição
da causa da manifestação patológica encontrada em uma determinada estrutura de
concreto. Isto será possível através da realização de ensaios de campo e de laboratório para
que seja alcançado um diagnóstico coerente e sendo assim, efetuar intervenções precisas.

3.1.3 CONDUTA A SER SEGUIDA

A fase de elaboração das intervenções possíveis e a escolha daquela que será seguida para
aplicar vem após a definição do diagnóstico e prognóstico. São elas: corrigir pequenos danos
(reparo), devolver à estrutura o desempenho original perdido (recuperação), ou aumentar tal
desempenho (reforço). O objetivo da conduta é recomendar o que deve ser executado.

Após obter uma conduta a ser seguida que define principalmente os materiais que serão
utilizados para os reparos, é indispensável o armazenamento dos dados obtidos durante
todas as etapas do processo de resolução das manifestações, sejam eles, relatórios
fotográficos, procedimentos utilizados, soluções adotadas, pois as informações obtidas são as
principais ferramentas que o profissional pode utilizar para a resolução das patologias na
construção.

A escolha de uma alternativa de intervenção e formulação de um plano de ação adequado é


viável se houver disponibilidade de recursos tecnológicos e financeiros para sua execução,
sempre deve ser levada em consideração a engenharia financeira da terapêutica adotada,
procurando a melhor relação custo/benefício aplicada à patologia (DO CARMO, 2003).

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4. FORMAS PATOLÓGICAS ENCONTRADAS COM MAIOR FREQUÊNCIA

É possível encontrar diversas deficiências e formas patológicas no concreto, até mesmo bem
visíveis no dia-a-dia. Algumas mais comuns como as abordadas no quadro a seguir são fáceis
de serem reconhecidas e servem como alerta para iniciar uma atitude que não deixe o
problema se alastrar. Conforme mostra a Tabela 1, que detalha as principais manifestações
patológicas.

TABELA 1:Infiltração, manchas, bolor ou mofo, eflorescência.

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Fonte: (Shirakawa, 1995).

É possível notar que os problemas mais comuns ocorrentes no concreto, são as


eflorescências, infiltrações, bolor ou mofo e manchas. Normalmente, esses problemas
patológicos aparecem de forma característica, e notadas precocemente poderão ser
reparadas.

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As formas patológicas surgem na maior parte das edificações, porém, em algumas com
maior intensidade do que em outras, e podem se apresentar de diferentes meios. Estes
problemas podem se manifestar deforma mais simples, e isto facilita a identificação e reparo,
ou ainda, podem se manifestar de forma complexa, requerendo uma análise individualizada
e mais detalhada.

4.1 ASPECTOS PARA REPARAR, RECUPERAR E REFORÇAR

As intervenções necessárias para restituir o desempenho da estrutura devem ser aplicadas


quando a própria se apresenta de forma insatisfatória, devem-se expor alternativas para que
seja possível reparar, recuperar, reforçar, ou ainda, no caso mais extremo, decretar a
falência da estrutura e demolir. Antes de qualquer intervenção em uma estrutura afetada é
essencial determinar qual a melhor estratégia a ser utilizada no caso estudado. O tipo da
intervenção vai depender de como a manifestação patológica está apresentada. Para haver
uma correta seleção da alternativa de intervenção conforme o nível dos agravos e a
disponibilidade de materiais na região onde está inserida a edificação deve haver a análise
do tipo de terapia a ser adotada (MOREIRA, 2006).

Para um projeto de recuperação deve-se levar em conta uma avaliação das condições da
estrutura, as soluções cabíveis para a situação em que ela se encontra e proteções
adicionais. Algumas deficiências apresentadas podem ser de pouca importância, portanto,
não afetam o restante da estrutura. Por isso, a reparação neste caso pode ser realizada de
forma imediata, sem necessidade de se esperar resultados de análises e pesquisas. No
entanto, outros defeitos são de grande importância e exigirão um estudo completo da
estrutura.

Os parâmetros sociais, econômicos, ambientais e dentre outros, são pontos que devem ser
considerados pois podem influenciar na tomada de decisões quanto a urgência de reparar ou
reforçar a obra. Como é possível que se tenha uma diversidade de danos e de possibilidades
de ocorrência, isso acaba por dificultar a elaboração de normas de recuperação e de reforço
que devem ser aplicadas. No entanto, a ocorrência de monitoramento das estruturas
recuperadas é uma grande possibilidade, a partir dos resultados que são importantes para
ser estabelecido pontos mesmo que mínimos de desenvolvimento para novos reforços.

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Para iniciar o procedimento da recuperação ou reforço da estrutura é necessário


anteriormente que seja realizado um trabalho extensivo de investigação sobre tudo o que diz
respeito a obra, seus projetos iniciais, plantas, memórias de cálculo, especificações de
materiais, dentre outros documentos. Detectada a existência desses documentos, a revisão e
conferência destes poderão ser ocorridas durante vistoria local. Por outro lado, se não
encontrados deverá ser providenciado um levantamento detalhado da estrutura. Durante a
inspeção na obra deve-se ter a segurança pessoal do profissional, que geralmente são
equipamentos de segurança como roupas especiais, máscaras, botas, etc.

Alguns dos instrumentos utilizados numa inspeção são a régua e metro, giz-estaca, fio de
prumo, lupa, binóculo, lanterna, máquina fotográfica, filmadora, fissurômetro, extensômetro,
martelo de geólogo, furadeira elétrica de impacto, pacômetro, esclerômetro, cavalete,
equipamento individual de proteção, dentre outros, (CARMONA FILHO, 2000). Algumas das
técnicas e ensaios mais frequentes no diagnóstico de uma estrutura deteriorada são a
determinação da espessura carbonatada, a dosagem de cloretos e sulfatos, a determinação
da massa específica, permeabilidade e resistência mecânica do concreto, a radiografia-x,
gamagrafia e a realização de prova de carga. É de fundamental importância conhecer as
causas que motivaram os danos.

Dado o surgimento de inúmeros casos de patologia em estruturas de concreto armado,


aliado à preocupação com o controle de qualidade das estruturas recentes e a manutenção
de estruturas em geral, as técnicas de ensaios de avaliação de estruturas acabadas, têm se
desenvolvido intensamente nas duas últimas décadas, com o objetivo de prevenir e corrigir
tais vícios da engenharia (EISINGER & LIMA, 2000).

4.1.1 REPARAÇÃO DE FENDAS, FISSURAS E TRINCAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

De acordo com a sua estabilidade, as fissuras são analisadas e classificadas. Elas podem
estar estabilizadas e passivas quando o que as provocou foi eliminado, portanto esta não se
movimenta. Uma fissura é ativa quando a causa que a provocou continua existindo, portanto,
tem movimento.

Os procedimentos para fazer o reparo em fissuras nas estruturas em concreto são: Limpar a

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fissura com jato de ar e assim sua espessura irá aumentar para posteriormente ser tratada.
Em seguida aplica-se o material epóxi sobre a superfície como selante; injeta-se resina epóxi
nos orifícios na parte inferior até que o material transborde pela parte superior e por fim,
fecham-se os orifícios.

De acordo com o tipo de fenda, ativas ou não ativas, são realizadas duas formas de
procedimento. Para as fendas ativas: limpa-se a fenda, aumentando seu tamanho com jato
de ar, preparando-a para ser selada e em seguida aplica-se um selante com betume elástico
à base de poliuretano. Já para as fendas não ativas, o procedimento é o mesmo do anterior,
porém o selante utilizado se faz com argamassa de cimento.

4.1.2 REPAROS SUPERFICIAIS

Os reparos rasos ou superficiais são aqueles de profundidade inferior a 2,0 cm, não
ultrapassando a espessura do cobrimento da armadura (SOUZA & RIPPER, 1998). Podem ser
localizados ou generalizados. São exemplos característicos o enchimento de falhas,
regularização de lajes, reconstituição de quinas quebradas, erosões ou desgaste, dentre
outros. Estes exigem um conhecimento prévio dos materiais, da localização da obra, sua
estrutura, ferramentas e equipamentos de preparação da superfície e de aplicação dos
materiais.

4.1.3 REPAROS SEMI-PROFUNDOS E REPAROS PROFUNDOS

Os reparos semi-profundos são aqueles com profundidade entre 2,0 e 5,0 cm, normalmente
atingindo a armadura (SOUZA & RIPPER, 1998). Normalmente requer a montagem de formas
com cachimbos e verificação da necessidade de escoramentos. A reconstituição da seção
pode ser feita com graute de base mineral com retração compensada e alta resistência
mecânica, com cura úmida.

Os reparos profundos são aqueles que atingem profundidades superiores a 5,0 cm. Conforme
PIANCASTELLI (1998) os reparos profundos são aqueles que apresentam aberturas para
retirada do concreto deteriorado ou contaminado, com profundidade 1,5 vezes maior que a
maior das duas outras dimensões.

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4.1.4 REFORÇO DAS ESTRUTURAS

Faz-se presente o reforço em uma estrutura quando existe a necessidade de aumentar a sua
capacidade resistente ou para corrigir possíveis falhas que fazem supor que a capacidade de
carga prevista inicialmente diminuiu (VALENZUELA SAAVEDRA, M.A., 2010).

Para que as soluções sejam eficazes é necessário que haja um estudo aprofundado referente
a toda a aplicação da alternativa escolhida, bem como dos materiais a serem utilizados.
Sendo assim, é importante que para essa seleção tenha-se argumentações que ofertem um
embasamento sobre a opção escolhida, que aborde principalmente fatores econômicos,
ambientais, técnicos, dentre outros.

Para que aconteça uma seleção adequada da alternativa de intervenção, é crucial que sejam
analisados os agravos e a disponibilidade de materiais na região onde está inserida a
construção para assim haver a execução da terapia correta.

O reforço das estruturas com concreto é utilizado tendo em vista suas vantagens econômicas
e a facilidade de execução. Todavia, como desvantagem encontra-se a interferência
arquitetônica e o tempo necessário para que a estrutura possa ser colocada em serviço. O
concreto no reforço pode resultar na adoção de espessuras menores, tornando possível que
não se precise aplicar alterações mais significativas nas dimensões originais dos elementos
reforçados. Para que o reparo alcance resultados satisfatórios ele depende da boa aderência
do concreto novo aplicado sobre o velho e da capacidade de transferência de tensões entre
os mesmos.

4.1.5 RECUPERAÇÃO DAS ESTRUTURAS

Recuperar uma estrutura de concreto é devolvê-la às suas condições originais, esclarecendo


que antes de qualquer recuperação, devem ser identificadas e sanadas as causas que
ocasionaram os problemas patológicos na estrutura. Se por ventura isso não for realizado,
podem ocorrer danos em outros locais da estrutura, além das já existentes.

Segundo Andrade (1992), para dar início a recuperação das estruturas de concreto, deve-se

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preparar a superfície que é uma das fases mais críticas do trabalho, pois, sem preparar
adequadamente o substrato os resultados dos reparos podem não ter sucesso. A superfície
que receberá o tratamento seguirá com as etapas do procedimento que são elas:

Polimento: Esta técnica é utilizada para reduzir a aspereza da superfície do concreto,


tornando-a novamente lisa e isenta de partículas soltas, utilizando-se de equipamentos
mecânicos, como lixadeiras portáteis ou máquinas de polir pesadas utilizadas quando a área
a ser recuperada é muito extensa (SOUZA, 2006).

SOUZA & RIPPER (1998) sugerem que no caso de limpeza de superfície com jatos de água
fria, o trabalho deve ser feito no sentido descendente com movimentos circulares, mantendo-
se a pressão do compressor constante. As técnicas de lavagem e limpeza da superfície do
concreto devem ser feitas pois como a estrutura fica exposta em ambientes que podem ser
agressivos, deve ser feita a limpeza das estruturas de forma que retire a impregnação de
substâncias ou poluentes. Existem diversas técnicas de limpeza da superfície do concreto,
porém deve-se tomar cuidado quanto ao uso de soluções ácidas com relação à armadura do
concreto.

As principais normas técnicas de limpeza da superfície do concreto são:

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Saturação: Atua para aumentar a aderência do material de recuperação. Conforme Souza e


Ripper (1998), a saturação dura em média 12 horas. Deve-se deixar a superfície a ser
recuperada apenas úmida.
Corte: Neste processo, remove-se todo e qualquer material nocivo às armaduras, promovendo
um corte, pelo menos 2 cm ou o diâmetro da barra, de profundidade de forma que toda
armadura estará imersa em meio alcalino. Depois de realizado o corte, a superfície do
concreto deve passar por uma sequência de limpeza, que são: jateamento de areia,
jateamento de ar comprimido e jateamento de água. No momento do corte devem-se
remover completamente os agentes nocivos à estrutura. Existem ainda situações em que se
necessita o escoramento da estrutura onde está sendo realizado o corte, fatores esses que
acabam por encarecer e demandar maior tempo de intervenção (CÁNOVAS, 1988).
Demolição: A demolição geralmente é projetada em função do porte e tipo da estrutura a
demolir. Podem ser usados martelos demolidores, explosivos, agentes demolidores
expansivos e etc. Dependendo da grandeza dos danos ou riscos, é julgada demolição total ou
parcial.

CONCLUSÃO

O presente estudo abordou sobre patologia, recuperação e reparo das estruturas de


concreto, tema este escolhido pelo fato de ser encontrado no cotidiano e muitas vezes as
pessoas não terem a completa informação principalmente do causador desse problema e de
como agir, sendo assim, poderá ser utilizado para complementar os conhecimentos já
obtidos sobre o assunto. Ao decorrer do trabalho, inicialmente pela introdução, que de forma
simplificada teve o objetivo de apresentar sobre o conteúdo que estaria presente no decorrer
do trabalho, como alguns conceitos sobre os problemas patológicos das estruturas de
concreto, como é possível detectá-las e apresentar sobre como intervi-las a tempo de
recuperá-las.

O primeiro capítulo apresentou sobre os conceitos de patologias, seus sintomas, suas causas,
origens e fases nas construções em que elas podem ser encontradas. É de fundamental
importância compreender mais a fundo sobre o problema que se encontra e também
distinguir em que etapa ele pode ter sido originado para que então seja atribuída a
responsabilidade ao indivíduo.

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Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto

No capítulo seguinte, o levantamento de subsídios está presente assim como os tipos de


diagnóstico e prognóstico, que são importantes como também a inspeção e o tipo de
intervenção adequada. Diagnosticar a patologia precocemente é uma das maneiras de
aumentar as chances de recuperar a estrutura, portanto, a supervisão é sua aliada no
processo de recuperar ou reforçá-la. Intervir de forma correta e aplicando uma boa conduta a
ser seguida, garante também o sucesso do procedimento.

Já no terceiro capítulo referiu-se brevemente de início sobre as formas patológicas que são
encontradas com mais frequência e que geralmente são bem notáveis. Alguns tipos de
reparos, recuperação e reforços que podem ser executados para salvar a estrutura afetada
também foram relatados nesta última parte de desenvolvimento do trabalho.

Por fim, cabe salientar, que mesmo que ocorrendo melhorias nas técnicas construtivas e seja
utilizado materiais de construção com maior qualidade, ainda poderá ser observado
edificações apresentando patologias, porém, uma inspeção e manutenção constante
assegura a sua durabilidade. A importância em se elaborar pesquisas assim, é que ajuda
para que se possa atingir qualidade nas edificações, uma vez que as patologias das
construções estão ligadas a qualidade. E seria bem viável também que fossem promovidas
apresentações sobre casos encontrados em utilidades públicas principalmente, para que as
pessoas obtivessem essas informações de forma mais direta e rápida, assim, adquirindo
conhecimento sobre este problema e se atentar em suas construções.

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Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto

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[1]
Engenheiro Civil pela Faculdade Pitágoras de Guarapari, Pós-graduando em Engenharia de
Segurança do Trabalho pela UCAM, Pós-graduando em Ciências Ambientais e Análise
Ambiental pela FAVENI, Engenheiro Civil.

[2]
Bióloga pela Centro Universitário São Camilo, Especialização (MBA) em Gestão Ambiental
pela UNOPAR, Especialização (MBA) em Ensino das Ciências Biológicas pela FETREMIS,
Bióloga.

Enviado: Outubro, 2018.

Aprovado: Março, 2019.

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