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Maqueiro supera a Covid-19 após 10 dias de internação, mas tem a enteada morta pela

doença no Ceará

Francisco Ribeiro da Silva atua na maior unidade de urgência e emergência de Fortaleza há 16


anos, onde contraiu a doença. Dias após a cura, ele perdeu 'uma filha do coração' para o novo
coronavírus.

Por Theyse Viana, G1 CE

13/05/2020 10h54 Atualizado há 3 horas

Maqueiro ficou internado por 10 dias, mas conseguiu se recuperar da doença em Fortaleza —
Foto: Arquivo Pessoal

Maqueiro ficou internado por 10 dias, mas conseguiu se recuperar da doença em Fortaleza —
Foto: Arquivo Pessoal

Um maqueiro terceirizado do Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, conseguiu superar a
Covid-19, após 10 dias de internação, mas viu sua enteada de 32 anos morrer em decorrência
da doença. Francisco Ribeiro da Silva, 41 anos, lembra que chegou a ficar com apenas 25% do
pulmão funcionando no estágio mais avançado do coronavírus. A maior dor dele, no entanto,
foi ter perdido a "filho do coração", segundo relata.

O número de casos confirmados da doença no Ceará já passa de 18 mil. Até esta quarta-feira,
mais de 1,3 mil pessoas já morreram em decorrência da doença no estado.

O novo coronavírus seguiu o padrão no cearense: veio rápido e silencioso, mas tirou as
energias do maqueiro. O primeiro sintoma da Covid-19 foi a dor no corpo, seguida de “muita
tosse e muita falta de ar”, dois dias depois. Chegando ao Hospital São José de Doenças
Infecciosas (HSJ), em Fortaleza, a taxa de oxigênio do cearense foi medida em 60% e ele
precisou ficar internado, já que o normal varia entre 95% e 99%.

Por ser profissional da área da saúde, Ribeiro procurou o HSJ ao surgirem os primeiros
sintomas da virose, e recebeu atestado médico de 14 dias para afastamento do trabalho. Nas
48h seguintes, porém, a doença piorou consideravelmente – foi quando precisou ser
internado.
A equipe médica, então, receitou a ele uma “manobra” respiratória, a ser feita no leito, para
recuperar a oxigenação e evitar uma intubação.

“O exercício era ficar de barriga pra baixo, puxando e soltando o ar. No dia seguinte, a
saturação chegou a 97%. O médico disse que foi um milagre”, narra o maqueiro.

O tratamento seguiu à base de cloroquina associada ao antibiótico azitromicina, de acordo


com o protocolo estabelecido pela Sesa em abril. Ao quinto dia de internação, Ribeiro foi
transferido para um leito de Covid-19 no IJF – onde uma tomografia revelou que 75% dos
pulmões estavam comprometidos.

“Eu só tava com 25% de pulmão funcionando. Me arrepiei todinho quando soube. Se não
tivesse me tratado logo, nem sei. Se eu tirasse o oxigênio, começava a ficar sem ar. Era como
se tivesse afogado fora d’água. Tive que manter a calma: se você se aperrear, é pior”, diz.

Jovem não conseguiu se recuperar e morreu em decorrência do coronavírus em Fortaleza —


Foto: Arquivo Pessoal

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