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GEOGRAFIA

10
ENSINO
MÉDIO
GEOGRAFIA
José William Vesentini

AS POTÊNCIAS ASIÁTICAS
1 Rússia e CEI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Pode-se considerar a CEI herdeira da União Soviética? . . .4
Estrutura da CEI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
A construção do Império Russo. . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
A ocidentalização da Rússia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Do Império Russo à União Soviética . . . . . . . . . . . . . . .12
O fim da União Soviética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
Rússia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2 Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Aspectos físicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Demografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Desenvolvimento industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
3 China . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Meio físico e sua ocupação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Modernização da economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38
As etnias chinesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
Aumento das disparidades e dos impactos ambientais . .42
4 Índia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Aspectos físicos e ocupação humana . . . . . . . . . . . . . .49
Economia no sul da Ásia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50
GEOGRAFIA

Índia, a potência regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51


Castas indianas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54
Conflitos geopolíticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56
5 Tigres Asiáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Traços comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Diferenças entre os Tigres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66
2137869 (PR) Novos Tigres Asiáticos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68

As potências asiáticas 1
MÓDULO
As potências asiáticas

Vista noturna da cidade chinesa de Hong Kong,


um dos Tigres Asiáticos. Foto de 2010.
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
A imagem apresenta o panorama noturno de
uma das principais cidades da China, o 3o maior
país em extensão e com a maior população
mundial nos dias de hoje. A cidade, em muitos
aspectos ocidentalizada, é um dos mais dinâmi-
cos centros financeiros do mundo.
Será que a maioria da população chinesa vive em
cidades como essa atualmente? Por que há
aglomerados urbanos na China, assim como em
outros países, considerando-se o seu imenso
território?

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CAPÍTULO

1 Rússia e CEI

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.


Objetivos: Com a desagregação da União Soviética, em 1991, surgiram quinze países independentes: Rússia,
Armênia, Azerbaijão, Belarus, Casaquistão, Estônia, Geórgia, Letônia, Lituânia, Moldávia, Quirguízia,
c Compreender a Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Usbequistão. Com exceção das três nações bálticas (Estônia,
formação da CEI e a Letônia e Lituânia), os novos países, oriundos da dissolução desse imenso Estado, lutam para superar
sua crise. a herança da antiga superpotência e para eliminar as características deixadas pelas décadas de união
político-territorial e de planificação da economia.
c Refletir sobre a
Até hoje esses novos países são interdependentes, embora alguns, como Ucrânia e Geórgia, pro-
supremacia russa na
curem se afastar da Rússia. Doze países da ex-União Soviética constituíram a Comunidade de Estados
ex-União Soviética e na
Independentes (CEI), da qual a Geórgia se retirou em 2008 e, desde 1992, o Azerbaijão se declarou
CEI.
observador. Em 2010, data de assinatura da ratificação do tratado que instituiu a CEI, outros dois
c Analisar a diversidade países se recusaram a assinar – Ucrânia e Turcomenistão –, e continuam apenas como associados.
étnica e nacional na Podemos dizer que vem ocorrendo um progressivo esvaziamento da CEI, que atualmente possui oito
Rússia. países como membros plenos.

c Comparar os países
integrantes (e os que
PODE-SE CONSIDERAR A CEI HERDEIRA DA UNIÃO
saíram) da CEI. SOVIÉTICA?
A CEI pode ser considerada a herdeira da União Soviética apenas em parte, porque ela não é um
Estado-Nação, e sim uma organização econômica e política inspirada na União Europeia. Além disso,
algumas das ex-repúblicas da União Soviética se retiraram ou não aderiram à comunidade. Contudo,
existe na CEI, tal como existia na União Soviética, uma supremacia russa.

Comunidade de Estados Independentes (CEI)

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

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FONTE: Quid 2007. Paris: Robert Laffont, 2006. Adaptado.


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L. Balkhash soberanos em 1991 e que, junto com a Rússia,


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TÃ Independentes (CEI) em 21 de dezembro de 1991.
O QUIRGUÍZIA 0 620
Dusambe Capital
TAJIQUISTÃO km

4 As potências asiáticas
Logo após a dissolução da União Soviética, a maioria dos novos países independentes, que
durante quase todo o século XX viveram com moeda, governo central e forças armadas unificados,
percebeu ter profundas ligações econômicas e militares entre si, necessitando de acordos ou tratados
para resolver uma série de questões importantes. Por conta disso, em dezembro de 1991 nasceu a
CEI. A intenção original era criar uma federação no lugar do antigo regime soviético centralizada pelo
governo de Moscou, mas desde o início houve vários desentendimentos entre os principais países-
-membros (especialmente Rússia e Ucrânia).
O governo da Rússia, o maior, mais populoso e industrializado país da CEI, sempre desejou
recriar por outro meio a União Soviética. A Rússia advogava um sistema de defesa único e uma só
moeda para a CEI, o rublo russo. Mas outros países, principalmente Ucrânia, o segundo em popu-
lação e o terceiro em produção econômica, viam com desconfiança a aspiração e desejavam maior
autonomia, com moedas próprias e forças armadas separadas.
Até hoje a CEI encontra-se indefinida em alguns aspectos. Quase todos os países já criaram
moedas nacionais, mas o rublo russo ainda circula na maioria deles – e, mais recentemente, o euro.
Alguns países – Geórgia, Ucrânia, Azerbaijão e Moldávia – já declararam que seu objetivo não é
fortalecer a CEI, e sim ingressar futuramente na União Europeia.
Não é certo que a CEI vá sobreviver nas próximas décadas, pois as crises políticas e econômicas
que assolam alguns desses países desde os anos 1990 podem resultar em um maior esvaziamento
da organização.
No aspecto econômico, a Rússia estava se reerguendo até 2014, ocasião em que incentivou
movimentos separatistas na Ucrânia (inclusive enviando tropas de mercenários) e sofreu intenso boi-
cote de importantes países compradores de suas exportações – especialmente da União Europeia –,
e novamente ingressou numa crise econômica. Na verdade, o reerguimento da economia russa neste
século teve como base a superexploração de recursos naturais não renováveis – gás natural e petró-
leo. No plano político ela vive, desde 2000, sob o comando de Vladimir Putin, no poder desde então e
acusado de corrupção, autoritarismo e compra de votos – e mais recentemente de expansionismo –,
o que assusta os membros da CEI e as minorias étnicas do país.
P A HOBOCT /<HTTP://RIA.RU/>

Fala da estátua: “Mas eu sou apenas uma estátua!”. A charge,


publicada por um grupo de exilados que se denomina “Por
um regime democrático na Rússia”, ironiza a preocupação
do governo com qualquer personagem que possa disputar
e ganhar o poder. Nesse caso, os policiais estão prendendo
uma estátua de Pedro, o Grande, um czar do século XVII
extremamente popular, que modernizou o país e fundou a
cidade de São Petersburgo.

ESTRUTURA DA CEI
A CEI, na verdade, é um bloco indefinido, com países ligados apenas por sua localização
geográfica. Até a denominação para esse conjunto de países vem variando: no início falava-se em
ex-União Soviética, depois, em espaço pós-soviético e, ultimamente, em novos países independen-
GEOGRAFIA

tes. Em 1994, houve uma proposta, aparentemente bem-aceita, de transformar a CEI numa área de
livre-comércio, mas até hoje isso não foi efetivado e boa parte dos países não assinou o tratado.
A CEI é estruturalmente fraca: as relações entre os seus membros tendem a ser bilateriais
e, muitas vezes, mais competitivas que cooperativas. Ademais, muitos blocos ou associações
de países surgiram desde 1991 nessa região, e, em muitos casos, deixaram de existir após algum
tempo, o que representa certa instabilidade política e econômica na área. Os países localiza-
dos na Ásia central – Casaquistão, Tajiquistão, Turcomenistão, Usbequistão e Quirguízia –, por

As potências asiáticas 5
exemplo, formaram em 1994 a Organização para a Cooperação da Ásia Central, que, na década
seguinte, foi aparentemente extinta (ela sobrevive, mas com a saída de alguns membros após a
entrada da Rússia). Existe ainda a Organização do Tratado para a Segurança Coletiva, assinado
em 1992 e 1993 por Rússia, Casaquistão, Armênia, Quirguízia, Tajiquistão, Usbequistão e Belarus.
A Geórgia, a Ucrânia, o Azerbaijão e a Moldávia fundaram o grupo denominado Guam, que se
considera “não alinhado” e que é muito mais pró-ocidental. Os quatro países do Guam já decla-
raram que pretendem ingressar na Otan e na União Europeia.

POSZTOS/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
Tbilisi, na Geórgia, em 2015.

Novos países, antigos problemas


O Casaquistão, o Turcomenistão, o Usbequistão, o Azerbaijão, o Tajiquistão e a Quirguízia, países
vizinhos do Oriente Médio cuja população, em grande parte, segue a religião muçulmana, começa-
ram a se aproximar do mundo islâmico, especialmente do Irã e da Turquia. A crescente expansão do
islã na região poderá afastar algumas dessas nações dos demais países da CEI.
O entrelaçamento em um mosaico de nacionalidades e identidades históricas caracteriza os Es-
tados da CEI. Os primeiros anos de sua existência revelaram uma grande fragilidade: o maior problema
para a Rússia passou a ser a Chechênia, república separatista na qual já eclodiram várias guerras de
secessão. Na Crimeia, região da Ucrânia em que a maioria da população é russa, eclodiu uma revolta
contra o governo ucraniano, tendo ocorrido o mesmo na região de Dniester, na Moldávia. É pouco pro-
vável que os Estados independentes que compõem a CEI possam funcionar como Estados soberanos.
Qualquer tipo de definição mais restrita de interesses nacionais em torno da nacionalidade institucio-
nalmente dominante poderia provocar conflitos insolúveis na CEI. A interpenetração das economias, bem
como a infraestrutura compartilhada durante décadas, torna a desarticulação dos territórios desse espaço
pós-soviético muito dispendiosa, fazendo da cooperação um instrumento decisivo para o desenvolvi-
mento econômico. Isso é mais evidente com a globalização, que favorece a integração de países vizinhos.

Aspectos fisiográficos
A área abrangida pelos países da CEI é imensa, bem maior que o continente europeu: mais
de 22 milhões de quilômetros quadrados. Esse fato torna a comunidade praticamente autossufi-
ciente em recursos naturais: petróleo, gás natural, carvão, minérios de ferro, cobre, manganês, etc.
A imensa superfície territorial localiza-se nos continentes europeu (uma pequena parte da Rússia,
Ucrânia, Geórgia, Armênia, Belarus, Moldávia e Azerbaijão) e asiático (onde estão a maior parte da
Rússia e os outros cinco países). A CEI estende-se, portanto, por cerca de 10 mil quilômetros no sentido
leste-oeste, indo desde o mar Báltico, que banha trechos da Rússia e as fronteiras com a Finlândia, a Po-
lônia e outros países europeus, até o Extremo Oriente, na Ásia, onde estão o oceano Pacífico e as fron-
teiras da Rússia com a China e a Coreia do Norte. Do norte para o sul, as terras dos países associados
à CEI possuem menor extensão (4 500 km), indo desde o oceano Glacial Ártico até as fronteiras com
a China, a Mongólia, os países do Oriente Médio (Afeganistão, Irã, Turquia) e o mar Cáspio e o Negro.

6 As potências asiáticas
Os países da CEI
PIB em 2010
População em 2010 Renda per capita em
País Área (km2) Capital (em bilhões de Moeda nacional
(hab.) 2010 (em dólares)
dólares)

Rússia 17 075 400 Moscou 143 100 000 1 480 10 440 rublo

Ucrânia*** 603 700 Kiev 45 600 000 150 3 040 hryvna

Casaquistão 2 717 300 Astana 16 740 000 138 9 150 tenge

Armênia 29 800 Ierevan 3 270 000 9,5 3 050 dram

Azerbaijão* 86 600 Baku 9 115 000 52 5 750 manat

Belarus 207 600 Minsk 9 460 000 55 5 800 rublo bielo-russo

Geórgia** 69 700 Tbilisi 4 500 000 11,6 2 630 lari

Moldávia 33 700 Chisinau 3 600 000 5,8 1 650 leu

Quirguízia 198 500 Bishkek 5 500 000 4,6 850 som

Tajiquistão 143 100 Dusambe 7 800 000 5,6 820 somoni

Turcomenistão*** 488 100 Ashabad 5 110 000 20 3 970 manat

Usbequistão 447 400 Taskent 29 124 000 39 1 400 sum


* O Azerbaijão se afastou da CEI em 1992, declarando-se apenas membro observador.
** A Geórgia saiu da CEI em 2008. Desde 1999 ela é membro do Conselho da Europa, o que significa que almeja ingressar na União Europeia.
*** A Ucrânia e o Turcomenistão não assinaram a continuação do tratado em 2010 e ficaram apenas como membros observadores ou não oficiais do bloco.
FONTES: Enciclopédia Britânica on-line; World Development Indicators, 2012.

Ao mesmo tempo que a imensa dimensão territorial pode garantir aos países da CEI autos-
suficiência em recursos naturais, os invernos rigorosos sempre causaram grandes transtornos. O
solo e os rios se cobrem de gelo por sete ou oito meses em quase toda a porção leste da Sibéria
(parte oriental da Rússia), e por quatro a seis meses em metade do norte da Rússia.
Além de longos, os invernos registram baixíssimas temperaturas; no norte da Sibéria oriental,
os termômetros já chegaram a marcar −69 °C. Mas não é só isso. O clima também é seco. No Tur-
comenistão, principalmente entre o mar Cáspio e o mar de Aral, e nas proximidades do oceano
Glacial Ártico, algumas áreas chegam a se transformar em deserto.
Esses elementos dificultam a prática da agricultura, o que é agravado pelas chuvas, geralmente
insuficientes e distribuídas de forma irregular.
O inverno rigoroso em áreas imensas dessa região afeta também os meios de transporte, pois o
congelamento da superfície da água interrompe a navegação fluvial durante vários meses. No verão,
o rápido degelo em algumas áreas provoca sérias dificuldades para as ferrovias e rodovias, cuja cons-
trução exige materiais apropriados, que possam resistir ao intenso e constante desgaste causado pelo
congelamento e descongelamento anuais. Devido ao congelamento dos solos e rios e das áreas mon-
GEOGRAFIA
tanhosas, calcula-se que apenas 10% da superfície russa seja aproveitável para a agricultura. Ao mesmo
tempo, por volta de 20% das reservas florestais do mundo encontram-se na CEI, especialmente na tai-
ga, vegetação da sua parte oeste, na Sibéria. Somente a Amazônia, no norte da América do Sul, possui
área florestal maior, principalmente em termos de biomassa e biodiversidade, do que a taiga asiática.
A grande dimensão dos territórios, aliada às dificuldades causadas pelo clima, transformou
o setor de transportes num ponto problemático. Isso também levou, desde tempos remotos, a
maior concentração populacional no oeste e sudoeste da imensa região.

As potências asiáticas 7
CEI: grandes unidades de relevo
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FONTE: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. Adaptado.


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Altitudes (em metros)
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N U Mais de 4 000 400 a 1 000 Menos de 0 m
COMUNISMO POBEDY
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SHA 7 439 m 2 000 a 4 000 200 a 400
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CEI: densidades demográficas


Polo Mar de
Hab./km2 Cidades Norte
Tchukotsk
Mais de 100 (as estatísticas refletem
as áreas metropolitanas) OCEANO GLACIAL
50-100 ÁRTICO
Mais de 5 000 000

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2 000 000-5 000 000
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FONTE: NATIONAL Geographic Society. Geography of Russia, 2012. Adaptado.


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8 As potências asiáticas
As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utili-
dade deste “selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por
cores (Linguagens: laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemá-
CEI: uso da terra e recursos minerais tica: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está disponível no portal.
Mar de
Recursos Polo Tchukotsk
Carvão Bauxita Cobre Norte OCEANO GLACIAL
Petróleo Manganês Chumbo ÁRTICO

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Gás natural Tungstênio Zinco Mar da
Sibéria
Minério de ferro Platina Estanho

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FONTE: NATIONAL Geographic Society. Geography of Russia, 2012. Adaptado.


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Agricultura comercial Pastoreio nômade Manufatura e comércio (Mar do
0 600 Agricultura de subsistência Caça Pesca comercial Leste)
Pecuária Florestas Pouca ou nenhuma atividade
km

A região é rica em rios, embora muitos congelem no inverno, e também em lagos, muito utili-
zados para navegação e irrigação. O rio mais importante é o Volga, que nasce num lago ao sul de São
Petersburgo e corre para o sudeste, indo desaguar no mar Cáspio. Ele é chamado de Matushka Volga
(“mãe Volga”, em russo) e é vital para a navegação, o abastecimento urbano, a irrigação e a geração de
energia hidrelétrica. Dois terços do transporte de mercadorias na Rússia por navegação fluvial são feitos
nesse rio, que liga Moscou até o mar Cáspio e, através de canais, até o mar de Azov e o mar Negro.

PARA CONSTRUIR

1 (Cefet-CE) Entre os vários fatores que explicam a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI), NÃO ocorreu: a
m
Ene-2
C 9
a) facilidade da entrada de seus membros na União Europeia.
H-
b) integração da economia e das finanças, ou seja, forte interdependência entre as ex-repúblicas, inclusive a existência de moeda única.
c) existência de forças armadas unificadas.
d) arsenal nuclear espalhado por algumas ex-repúblicas.
e) dependência, entre elas, de matérias-primas para o funcionamento de suas indústrias.
2 (UFMG) Em relação à Comunidade de Estados Independentes (CEI), assinale a afirmativa INCORRETA. a
m
Ene-2 a) A CEI, criada com a finalidade de resolver as questões de fronteiras do antigo bloco soviético, transformou-se ao longo do tempo
C 9
H- e é hoje um organismo de integração econômica do tipo mercado comum.
b) Apenas três das antigas repúblicas soviéticas, as localizadas na região do Mar Báltico, recusaram-se a participar da Comunidade
GEOGRAFIA
de Estados Independentes.
c) As desigualdades existentes entre os participantes da CEI são grandes, tanto no que diz respeito à renda per capita quanto ao
nível de industrialização e valor do Produto Nacional Bruto (PNB).
d) Muitos dos países integrantes da CEI vêm enfrentando problemas econômicos graves, como o elevado déficit da balança co-
mercial e o crescimento negativo ou quase nulo da produção.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1

As potências asiáticas 9
A CONSTRUÇÃO DO IMPÉRIO RUSSO
O imenso espaço geográfico que a União Soviética ocupava – hoje ocupado pela Rússia, prin-
cipalmente – resultou de uma longa história de conquistas. Nos primeiros séculos da era cristã, uma
faixa de terra de oeste a leste dos montes Urais, coberta por uma vegetação descontínua chamada
estepe, foi ocupada por povos eslavos, ainda hoje predominantes no conjunto da população russa.
Os Urais constituem um importante elemento de delimitação desse território: a oeste, localiza-
-se a Rússia europeia e, a leste, a Rússia asiática. Rússia, aliás, era o nome dessa porção territorial, onde
existiam vários principados, sendo o de Moscou o mais importante deles.
Desde que a Rússia se estabeleceu, ela se caracterizou por intensas migrações de seus habitantes,
tanto em direção à Sibéria – para leste, na Ásia – como em direção ao mar Báltico – para oeste, na
Europa. Expedições de guerra para a conquista de novas terras marcaram a formação de seu território,
que, assim, foi se ampliando. Mas os principados russos (formados por eslavos) também sofreram,
ao longo de sua história, a invasão de outros povos, às vezes seguida de dominação, como a invasão
dos mongóis, no século XIII, e a dos tártaros, no século XIV.
No fim do século XV, Ivã III, do principado de Moscou, conseguiu unificar todos os principados
russos, pondo fim à dominação que outros povos ainda exerciam sobre alguns deles. Moscou, cida-
de fundada em 1147, tornou-se, então, a capital da Rússia, que havia se transformado num grande
império – o Império Russo.
Nos séculos XVI, XVII e XVIII, o expansionismo do Império Russo para leste e oeste foi intenso.
Ivã IV, o Terrível, que foi o primeiro a usar o título de czar da Rússia, conquistou a Sibéria em 1556. O
Alasca foi anexado à Rússia em 1732. O território, localizado no continente americano e separado do
asiático pelo estreito de Bering, foi vendido pela Rússia aos Estados Unidos em 1867.
No processo de construção do império, os russos, que são o principal ramo dos povos eslavos,
foram os mais numerosos entre as etnias ali existentes. A conquista de novas áreas, por sua vez, exigiu
constantes migrações dos eslavos.
Os povos dominados e submetidos pela força militar eram obrigados a aceitar a cultura dos
russos. Tal imposição cultural ficou conhecida como russificação das nacionalidades incorporadas
pela monarquia czarista.
A política de conquista e o povoamento de terras cada vez mais distantes explicam por que
até hoje a Rússia se caracteriza por uma grande variedade étnica, linguística e cultural. É por isso que
existem várias repúblicas dentro da Rússia formadas por povos que almejam a independência; é o
caso, por exemplo, da Chechênia.
Essas conquistas operadas pe-
los russos explicam por que os mi-
A expansão territorial do Império Russo litares sempre ocuparam uma posi-
ção social privilegiada na estrutura
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ul o

OCEANO GLACIAL ÁRTICO do império, até mesmo na época


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da União Soviética. Os oficiais do


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exército, por exemplo, eram todos


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russos. Nem mesmo os ucranianos
Murmansk e os bielo-russos, também de ori-
FONTE: Grand Atlas Historique. Paris: Larousse, 2004. Adaptado.

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São gem eslava, usufruíam desse direito,
Petersburgo Archangelsk Dikson
que determinava um elevado status
Vorkuta
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social. A posição privilegiada dos ofi-
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na

Moscou
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ao objetivo de preservar e manter o
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império sob o seu controle político-
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Krasnoiarsk que o exército, muitas vezes, acabava
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Vladivostok tomando as decisões mais importan-
tes. Mesmo na época da Guerra Fria,
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Mar de Aral ÁSIA CENTRAL


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o Exército Vermelho contava com
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Rios navegáveis Grandes portos de comércio
imensa maioria de oficiais russos, o
0 710
Grandes vias marítimas Canal que suscitava ressentimentos nas de-
km
mais etnias ou nacionalidades.

10 As potências asiáticas
A evolução histórica do Império Russo União Soviética: anexação de área e sua região de influência
1462 Pecenga
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Principado de Moscou

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Moscou Königsberg
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Vilnius

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(Alemanha POLÔNIA Brest
0 1 350
oriental)

FONTE: SIMIELLI, M.E. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. Adaptado.


km
FONTE: Grand Atlas Historique. Paris: Larousse, 2004. Adaptado.

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1800-1900
TCHECOSLOVÁQUIA
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0 1 350 ALBÂNIA
km URSS em 1938
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Área anexada
Evolução do Império Russo Áreas que pretendia Região de influência 0 240
conquistar até 1989 km

A OCIDENTALIZAÇÃO DA RÚSSIA
No fim do século XVII e começo do século XVIII, sob o governo de Pedro I, o Grande, o Império
Russo se desenvolveu bastante. Esse czar transferiu a capital da Rússia, antes situada em Moscou, para
São Petersburgo, na parte mais ocidental do país, iniciando a política de integração com a Europa.
Essa fase é chamada de ocidentalização da Rússia.
Em relação à economia, a principal modificação ocorrida durante o reinado de Pedro I foi a introdu-
ção de técnicas que inovaram a manufatura russa e criaram condições para que, na segunda metade do
século XIX, o país desenvolvesse sua própria industrialização, ainda que apoiada em capitais de diversos
países europeus. Pedro I modificou os costumes então vigentes, procurando imitar a Europa: combateu
GEOGRAFIA

barbas e cabelos compridos e as roupas asiáticas tradicionais, propagando o estilo europeu de trajar.
Proibiu a reclusão das mulheres, fundou escolas e academias, reorganizou a administração oficial e o
exército à moda europeia, com grande disciplina. Depois dele, a czarina Catarina II, que reinou no final
do século XVIII, prosseguiu a tarefa de ocidentalizar o Império Russo, protegendo as letras e as artes,
propagando a filosofia iluminista e fundando museus, hospitais e orfanatos. De origem germânica, ela
promoveu a vinda de imigrantes alemães para colonizarem áreas meridionais da Rússia, na Ucrânia. Tanto
ela como Pedro I foram monarcas modernizadores e, ao mesmo tempo, autoritários e centralizadores.

As potências asiáticas 11
KALABI YAU/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

EASY FOTOSTOCK/AGB PHOTO

São Petersburgo, Rússia, às margens do rio Neva, em 2010. Praça Vermelha em Moscou, Rússia, em 2011.

DO IMPÉRIO RUSSO À UNIÃO SOVIÉTICA


A partir da segunda metade do século XIX, a industrialização começou a provocar significativas
transformações na sociedade russa, principalmente na parte europeia. A principal mudança foi o
surgimento de um numeroso operariado, constituído de trabalhadores das fábricas localizadas em
São Petersburgo, Moscou e Donetsk, que usavam vários recursos naturais existentes na região, como
carvão, ferro, petróleo, etc. O regime político, contudo, continuava praticamente feudal e os czares
que exerciam o governo nada faziam para promover as mudanças reclamadas pela sociedade. De
um lado, os camponeses continuavam sob o feudalismo, pagando diversos e elevados impostos; de
outro, os operários reivindicavam melhores salários e condições de segurança e higiene nas fábricas.
No começo do século XX, em 1905, o governo russo entrou em guerra com o Japão pela pos-
se da Manchúria, provocando a revolta de milhares de pessoas, pois a Rússia já enfrentava sérios
problemas internos, como a diminuição da produção agrícola. As consequências dessa guerra, da
qual o Império Russo saiu derrotado, foram extremamente negativas para a população. Foi assim
que, em 1905, surgiram os sovietes (conselhos populares). Os sovietes representaram uma tentati-
va do povo de se autogovernar, de tomar decisões e realizar obras sem levar em conta o governo
autoritário dos czares.
Os sovietes foram uma experiência inspirada na Comuna de Paris de 1871, quando os habitan-
tes da capital francesa organizaram o governo de sua cidade sob a forma de conselhos populares.
Também na Idade Média europeia foram comuns as chamadas comunas, isto é, cidades que se
tornavam autônomas, que se autogovernavam.
Apesar de massacrados inicialmente, os sovietes voltaram à cena com a desastrosa participação
russa na Primeira Guerra Mundial. Os soldados russos eram vistos pelos ingleses e franceses, com a
complacência do governo czarista, como “buchas de canhão”, isto é, aqueles que eram enviados para
a linha de frente nas batalhas contra as tropas alemãs. Com isso, a Rússia foi o país que mais perdeu
vidas nesse conflito. O grande número de mortos entre os soldados, em geral filhos de camponeses,
que precisavam de mais braços para superar a falta de alimentos, favoreceu o ressurgimento dos
sovietes, que ganharam força a ponto de obrigar o czar Nicolau II a abdicar em fevereiro de 1917.

12 As potências asiáticas
Foi criado, então, um governo provisório chefiado por Aleksander Kerenski, cujas medidas (entre
Portal
elas a não retirada das tropas russas da guerra) foram consideradas insuficientes pela população. SESI
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Nessas condições, fortaleceu-se o Partido Bolchevique (que passaria a se chamar Partido Co-
munista em 1918). O Partido assumiu papel de destaque na deposição do frágil governo de Kerenski.
Acesse o portal e veja a galeria
O líder dos bolcheviques, Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como Lenin, apregoava medidas de imagens sobre a Revolução
extremamente populares: que todo poder deveria ser exercido pelos sovietes e que a Rússia de- Russa.
veria se retirar da guerra. Com isso, conseguiu o apoio popular que o levou ao poder, ao depor o
governo de Kerenski, em outubro de 1917. Todavia, uma vez no poder, Lenin procurou de todas as
formas esvaziar os sovietes, pois eles representavam uma forma de poder que competia com o seu
partido. Ele revigorou o exército e fortaleceu o Estado, enfraquecendo assim os sovietes e, conse-
quentemente, a participação popular. Ele também assinou com a Alemanha um tratado pelo qual
a Rússia se retirava da guerra. Outras medidas adotadas por ele e pelo Partido Bolchevique foram
a estatização das principais empresas e das terras rurais e o confisco das grandes propriedades da
antiga nobreza e da Igreja.
O Estado, então, se fortaleceu, e com ele o Partido Bolchevique. Os bolcheviques tomaram o
poder em nome dos sovietes e dos trabalhadores (operários e camponeses) em outubro de 1917,
mas, quando assumiram o poder, fizeram de tudo para destruir qualquer forma possível de com-
petição e oposição. Eles passaram a massacrar e exterminar os sovietes e controlar os sindicatos de
trabalhadores, que, pouco a pouco, tiveram suas liberdades restringidas e ficaram subordinados ao
Estado. É por isso que se utiliza o conceito de totalitarismo, que significa um controle quase total
da sociedade, da política, da economia, dos meios de comunicação, etc. por um partido político
único e que monopoliza o poder, reprimindo qualquer forma de oposição.
A extinção dos opositores ao regime comunista na Rússia não foi tranquila. Milhares de pes-
soas morreram em lutas, principalmente no massacre de operários e camponeses em 1921. A guerra
civil contra os militares czaristas e as guerras contra as potências capitalistas europeias, que por sua
vez cercaram a Rússia e ajudaram os combatentes czaristas, acabaram por favorecer os comunistas
na repressão às oposições. A “pátria em perigo” foi uma palavra de ordem utilizada pelos bolchevi-
ques para reforçar o seu exército e a sua polícia secreta e justificar os massacres cometidos. Como
se sabe, sempre que há um inimigo externo, a população tende a se unir e esquecer momentanea-
mente as diferenças internas. Isso foi bem aproveitado pelos bolcheviques para se manter no poder
e exterminar adversários políticos em nome da guerra contra o estrangeiro. Serviu, também, para
enviar às frentes de batalha os operários ou camponeses mais ativos na defesa dos sovietes ou na
oposição ao novo regime.
Assim, o Partido Comunista se firmou na Rússia, dando origem a uma burocracia – ou me-
lhor, a uma elite burocrática no poder – que passou a administrar os bens públicos de acordo com
planos econômicos elaborados e definidos por funcionários do Estado, a serviço do partido único.
Era a introdução da economia centralmente planificada. Essa elite burocrática, os membros privile-
giados do Partido Comunista, passou a controlar o poder político e o econômico – como também
o cultural, o científico, o literário e os meios de comunicação –, não permitindo a participação de
terceiros nas suas deliberações.
Ao longo desse período, que se prolongou até 1991, a sociedade soviética enfrentou profundas
crises, que causaram danos consideráveis à sua economia. Para termos uma ideia desses danos, basta
verificar que, em 1916, a Rússia era um dos seis países mais industrializados do mundo, ao lado de
Alemanha, Reino Unido, França, Estados Unidos e Japão. Em 1921, a produção industrial russa tinha
caído para menos de 20% do total registrado no início de 1917. Consequentemente, os 3 milhões
de operários existentes no país em 1916 caíram para menos de 1,5 milhão em apenas quatro anos.
GEOGRAFIA
Apesar desses problemas, o Partido Comunista se impôs como o grande vitorioso, pois derro-
tara todas as oposições que haviam surgido. Então, já na condição de partido único e responsável
pelo governo, decidiu, ao promulgar a primeira Constituição russa em 1922, que o nome do país
seria União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou simplesmente União Soviética. Mas
a transformação da Rússia em União Soviética não consistiu somente numa mudança de nome,
e sim numa anexação de novos territórios: a Armênia, a Geórgia e o Azerbaijão, incorporados em
1922, e, em 1940, as três nações bálticas (Lituânia, Letônia e Estônia).

As potências asiáticas 13
O FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA
Desde a implantação da economia planificada na União Soviética, em 1922, deu-se prioridade
ao setor de bens de produção. O desenvolvimento desse setor na União Soviética foi extraordiná-
rio, mas serviu basicamente aos interesses militares do Estado. Produziam-se equipamentos béli-
cos sofisticados, fabricados graças ao avanço na área da tecnologia militar, principalmente no setor
aeroespacial.
Mas o país pagou um preço alto para se tornar uma superpotência no campo militar. Desde
1930, o setor armamentista se desenvolveu às custas das outras atividades econômicas, já que se
apoderara de grande parte dos recursos financeiros e de parte considerável dos recursos naturais,
bem como dos melhores cérebros do país. Isso aconteceu de maneira tão acentuada que, desde pelo
menos os anos 1970, já era possível reconhecer a existência de duas economias na União Soviética: a
economia militar, que recebia os maiores recursos e procurava competir com os Estados Unidos em
condições de igualdade; e a economia civil, praticamente subdesenvolvida, que podia ser caracteri-
zada, resumidamente, pela insuficiência de produtos de consumo.

PETER TURNLEY/CORBIS/LATINSTOCK

Soviéticos em fila para comprar sapatos em Moscou, em 1987. As enormes filas e as prateleiras vazias fizeram parte do cotidiano da população na época da
planificação centralizada da economia.

A divisão da economia em militar e civil explica a baixa produtividade e a má qualidade da in-


dústria civil, particularmente no setor de bens de consumo. Isso porque, nessas indústrias, os salários
em geral sempre foram mais baixos, além de haver menos investimentos. Os trabalhadores no setor
militar, juntamente com os burocratas, desfrutavam de um padrão de vida melhor. Mas o controle
do Estado sobre eles era maior, mesmo no que diz respeito às relações familiares, pois o segredo de
todas as operações que envolviam o trabalhador era rigorosamente cobrado. Esse controle era maior
ainda sobre os cientistas, que não tinham o direito de trabalhar no setor civil da economia.

14 As potências asiáticas
A perestroika e a desagregação da União Soviética
Com o passar do tempo, a planificação da economia gerou uma crise: as taxas de crescimento
do setor agrícola e industrial foram negativas várias vezes e, desde 1971, a União Soviética estava
perdendo sua posição de grande potência econômica.
Com isso, o próprio Estado se viu forçado a procurar estratégias para sobreviver ou para manter o
país como a segunda grande potência mundial, posição já ameaçada nos anos 1980 pelo maior cresci-
mento econômico da Europa e do Japão. Assim, Mikhail Gorbachev, que assumiu o poder em 1985, pro-
pôs em 1986 a perestroika (do russo “reestruturação”). Tratava-se de um projeto geopolítico para o século
XXI, uma tentativa de modernizar o país e mantê-lo entre as grandes potências mundiais. A perestroika foi
acompanhada pela glasnost (do russo “transparência”), isto é, uma tentativa de dar mais transparência ao
governo soviético, de diminuir a centralização e o autoritarismo, de aproximar o governo da sociedade.
A baixa competitividade da economia civil soviética, aliada a seu atraso nos novos setores, como
informática, biotecnologia, telecomunicações, etc., foi alargando a distância em relação às economias
mais industrializadas do mundo. Para modernizar o país, o Estado soviético precisava gastar menos
em armamentos e colocar mais recursos na economia civil. Por isso, a perestroika foi uma política
interna de modernização econômica e, ao mesmo tempo, de combate ao centralismo excessivo e à
ineficiência da burocracia.
A perestroika procurou diminuir a centralização e a burocratização da economia e, com isso,
tentar acompanhar a revolução técnico-científica que ocorria nos países desenvolvidos. Mas o grande
problema que ela enfrentou, além de reações de grande parte da burocracia, foi a enorme diversidade
étnica da União Soviética.
A Constituição soviética proclamava a igualdade entre as etnias ou nações e permitia que as
crianças fossem alfabetizadas na língua de sua república de origem. No entanto, qualquer pessoa que
desejasse ter algum destaque na sociedade soviética precisaria saber russo. Os russos continuaram
com os mesmos privilégios do período czarista.
As reformas introduzidas pela perestroika, mesmo sem pretender, permitiram a eclosão de
conflitos entre as etnias. Um exemplo disso foi a disputa entre a Armênia – cristã – e o Azerbai-
jão – muçulmano –, que passaram, desde o fim dos anos 1980, a brigar pela posse do território de
Nagorno-Karabakh, localizado em terras do Azerbaijão. Na verdade, esse território, habitado por
armênios, foi entregue pelo governo soviético ao Azerbaijão em 1923, o que não foi contestado na
época, porque em 1915 a Turquia, num verdadeiro genocídio, havia exterminado por volta de dois
milhões de armênios. Logicamente, os armênios na época não queriam se indispor com o forte
governo de Moscou, mas esse exemplo mostra a insatisfação latente das etnias que compunham a
União Soviética, cada uma almejando a sua independência.
Isso acabou ocorrendo no fim de 1991, após um frustrado golpe militar da linha dura, que queria
acabar com a perestroika e fortalecer o centralismo. O que era essa linha dura? Era um dos três tipos
principais de oposição ou de pressões que o governo de Gorbachev enfrentava. De um lado, havia essa
linha dura ou corrente stalinista, representada pelas camadas burocráticas que se sentiam atingidas
pela abertura econômica e política. Alguns militares de alta patente e importantes membros do Par-
tido Comunista desejavam, no fundo, manter a situação vigente. Do lado oposto, havia os chamados
“progressistas”, que pressionavam o governo de Gorbachev a apressar as reformas liberalizantes ou
democráticas, a diminuir mais ainda a centralização do poder. E, por fim, existiam os interesses de parte
das diversas repúblicas que compunham a União Soviética – Armênia, Ucrânia, Geórgia, etc., além da
própria Rússia –, que reivindicavam maior autonomia ou, em alguns casos, até a independência.
O setor tido como o mais forte era a linha dura, pelo menos até o fim de 1991. Frequentemente,
falava-se na possibilidade de um golpe militar comandado por esse setor, o que realmente acabou
acontecendo. Muitos ministros do governo Gorbachev eram da linha dura e foram mantidos no
poder exatamente porque inspiravam temor e respeito. Especialmente por esse motivo, o ritmo de
GEOGRAFIA

abertura, até 1991, não foi muito intenso. Havia mais retórica e discursos liberalizantes do que mudan-
ças reais, profundas e irreversíveis. Pessoas identificadas com essa linha dura dominavam a maior parte
dos principais cargos políticos e militares no país, mesmo convivendo arduamente com a perestroika.
Naquele período, discutia-se um tratado da União que concedesse maior autonomia (mas não a
independência) às diversas repúblicas. Esse tratado objetivava manter a integridade do país, mas fazia
algumas concessões aos interesses das repúblicas. A tentativa de golpe militar, em agosto de 1991,
visava depor Gorbachev e criar uma junta que o substituísse para impedir a assinatura desse tratado.

As potências asiáticas 15
Se fosse bem-sucedido, esse golpe poderia, talvez, reavivar a Guerra Fria e o papel de superpotência
socialista da União Soviética. Em todo caso, isso era praticamente um sonho impossível, tal era o
atraso soviético em relação aos novos setores de vanguarda: informática, robótica e microeletrônica.
O golpe militar fracassou porque ocorreu uma rápida e maciça reação do povo, que se opôs aos
tanques nas ruas de Moscou. Os golpistas não esperavam uma manifestação popular tão intensa, que
também foi acompanhada pela reação de políticos progressistas e de políticos ligados aos interesses
nacionais de suas repúblicas. Esse fato paralisou as tropas enviadas para controlar os edifícios públicos
depois que Gorbachev já estava preso. Houve um momento de indecisão: os soldados não sabiam
se obedeciam aos golpistas, entre os quais estava o próprio ministro do Exército, ou aos políticos das
diversas repúblicas (incluindo a Rússia) que se opunham ao golpe e contavam com o apoio popular.
Estes últimos acabaram vencendo e o resultado do golpe malogrado foi o contrário do que preten-
diam os golpistas: em vez de manter a integridade da União Soviética e impedir novas aberturas na
vida política, consolidando o poder nas mãos do Partido Comunista, o golpe acelerou a desagregação
do país, gerou novas aberturas e provocou o fim do próprio Partido Comunista da União Soviética.

ART ZAMUR/GAMMA/SIGLLA
Pessoas nas ruas de Moscou, em
agosto de 1991, opondo-se ao golpe
dado pela linha dura do Partido
Comunista para depor Gorbachev.
Observe como os populares fizeram
barricadas nas ruas, impedindo os
tanques de circular.

Após a rendição dos golpistas e a libertação de Gorbachev, percebeu-se que ele já não tinha
mais autoridade nem poder. O poder de fato estava com o governo da Rússia, em primeiro lugar,
e com os governos das demais repúblicas. Gorbachev teve importante papel histórico, mas deixou
o governo com pouca representatividade popular. O Partido Comunista da União Soviética saiu
arrasado com o fracasso do golpe: edifícios foram depredados, estátuas de Lenin e outros heróis
comunistas foram destruídas, membros eminentes perderam seus cargos e elementos de menor
prestígio se apressaram em repudiar suas antigas ideias e adotar novas posições.
Em setembro de 1991, as três repúblicas bálticas – Lituânia, Letônia e Estônia – conquistaram
sua independência, fato imediatamente reconhecido pela ONU e pela maioria dos países, inclusive
a Rússia. As demais doze repúblicas ficaram juntas durante algum tempo, depois se separaram. Em
seguida, ocorreu a criação da CEI nesse espaço pós-soviético, uma pretensa área de livre-comércio
que, como já vimos, até hoje tem uma situação relativamente indefinida.

16 As potências asiáticas
PARA CONSTRUIR

3 (Cesgranrio-RJ) a) Descentralização das atividades de planejamento eco-


Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que algo, de nômico.
fato, “deu errado” na União Soviética. Não havia nenhu- b) Controle do poder político por apenas dois partidos: o
ma semelhança entre o processo de emancipação socialis- Comunista e o Social-Democrata.
ta imaginado por Marx e aquilo que existiu naquele país. c) Adesão tardia das autoridades soviéticas ao mercado co-
ARBEX JR, José. Revolução em 3 tempos: mum dos países socialistas, o Comecon.
URSS, Alemanha, China. São Paulo: Moderna. d) Predomínio de uma estrutura de economia paralela de
Assinale, dentre as opções a seguir, aquela que expressa um mercado sobre os setores estatais.
fator que tenha contribuído decisivamente para a ex-URSS e) Ênfase na produção industrial militar e aeroespacial em
ter “dado errado”. e prejuízo de setores civis.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 2

RÚSSIA
A imensa Rússia, ou Federação Russa, destaca-se na CEI. O país tem o maior território do mundo,
com 17 075 400 km2. Possui cerca de 143 milhões de habitantes e é atualmente o oitavo país mais
populoso do globo. Sua densidade demográfica média, no entanto, é baixíssima: aproximadamente
8 habitantes por quilômetro quadrado. Além disso, a população tem ficado estagnada, na verdade
decrescendo devido à baixa taxa de natalidade (11 por mil), inferior ao índice de mortalidade (13 por
mil). As previsões demográficas para o país mostram que a população deve cair para 139 milhões em
2025 e chegar a apenas 127 milhões de habitantes em 2050. Também as condições socioeconômicas
foram melhores no passado, mas hoje são apenas razoáveis ou medianas: a renda per capita é de 10 440
dólares (um pouco menor que a do Brasil), a expectativa de vida é de 68 anos (já foi de 70 anos) e a taxa
de mortalidade infantil é de 9 por mil.
A Rússia herdou alguns dos grandes problemas da União Soviética. Ela precisa urgentemente cons-
truir sua identidade nacional, pois continua sendo um Estado multinacional, composto de inúmeras
etnias ou nacionalidades que, em muitos casos, pleiteiam sua independência. Existem hoje mais de
trinta repúblicas e regiões relativamente autônomas na Rússia, nas quais habitam minorias étnicas que
desejam reforçar suas próprias identidades.
Essas minorias nacionais ocupam cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados do território. Os
outros 12 milhões são habitados basicamente por russos. Existem grupos políticos importantes no
plano local ou regional que desenvolveram em diversas regiões desse território interesses próprios e
diferentes do conjunto do país. Assim, conflitos internos e os movimentos separatistas deverão ainda
ser um elemento frequente na Rússia nos próximos anos. Além disso, existem cerca de 25 milhões de
russos que vivem fora da Rússia (na Ucrânia, na Estônia, na Lituânia e em outros países) e que formam
minorias importantes (e atuantes) nesses territórios – constituindo uma possível fonte de problemas
da Rússia com os seus vizinhos.
Em 1994, iniciou-se uma guerra sangrenta na Chechênia, na qual morreram cerca de 40 mil pessoas
e dezenas de milhares fugiram ou continuam desaparecidas. A Chechênia é uma pequena república
(cerca de 15 mil km2 e 800 mil habitantes) situada na parte europeia da Rússia, entre a Geórgia e o mar
Cáspio, que se declarou independente em 1991 e foi invadida em 1994 pelas tropas russas. Essa foi a
primeira guerra da Chechênia, que teve continuidade em 1999-2000 – a segunda guerra –, quando
novamente o exército russo massacrou os revoltosos. A Rússia só mantém a Chechênia sob o seu GEOGRAFIA
controle à custa de uma violenta repressão militar, que provocou enorme destruição na região, cuja
economia necessitará de vários anos para se recuperar. Mesmo assim, permanece mais vivo que nunca o
sentimento da etnia chechena de separatismo, de futuramente constituir o seu próprio Estado nacional.
Organizações chechenas vêm realizando nos últimos anos vários atentados terroristas na Rússia. Mas, se
a independência da Chechênia se efetivar, algo por enquanto improvável, é certo que seria um exemplo
a ser seguido por outras repúblicas ou regiões autônomas. Daí a enorme repressão imposta pelos russos
aos chechenos. Mas talvez a desagregação da imensa Rússia seja só uma questão de tempo. Boa parte
dos especialistas duvida de que ela consiga manter unido o seu território até o fim do século XXI.

As potências asiáticas 17
Federação Russa: repúblicas e regiões autônomas
Mar de
Repúblicas Oblast autônomo (província) Tchukotsk
Oblasts (províncias) Distritos autônomos
Krais (territórios) Cidades federais OCEANO
GLACIAL ÁRTICO

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FONTE: World Reference Atlas. London: Dorling Kindersley, 2003. Adaptado.


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Mar de Mar de
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EUROPA Mar de
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ÁSIA CENTRAL
Mar Mar de Mar do
N Cáspio Leste
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(Mar do Japão)
ÁSIA ORIENTAL
0 700 Lago Balkhash

km

O problema russo mais imediato, todavia, é a fragilidade da sua economia. O desmanche da


economia planificada não foi total e ainda hoje existem problemas de burocratização, de empresas
estatais sem competitividade (que, no entanto, garantem empregos a muita gente e o governo não
consegue fechá-las) e de uma agricultura ineficiente (que já foi a maior do mundo até meados do
século XX). O PIB do país sofreu uma queda de mais de 30% de 1990 até 2000, tendo se recupera-
do após essa data. Portanto, houve um reerguimento econômico neste século, com a subida – e
a intensificação da extração na Rússia – dos preços do petróleo e do gás natural, mas esse tipo de
crescimento não é sustentável no longo prazo, na medida em que se baseia na superexploração e na
exportação de recursos naturais não renováveis.
Os elevados preços dos combustíveis fósseis têm permitido à Rússia ampliar as suas exportações
– de 114 bilhões de dólares em 2000 para 498 bilhões em 2011, tendo caído em 2014 para 492 bilhões
(sendo 60% do total exportação de combustíveis) e depois declinando mais ainda em 2015 devido
a um boicote internacional – num ritmo bem maior que as importações – 324 bilhões em 2014 –,
o que possibilita ao país o acúmulo de divisas, o pagamento de sua dívida externa e novos investi-
mentos com a compra de máquinas e tecnologia no exterior. Seus principais parceiros comerciais
hoje não são mais os países do espaço pós-soviético, da CEI, mas principalmente nações da Europa
ocidental (Alemanha, Países Baixos), a China e a Turquia. Também o turismo, uma importante fonte
de renda, se expandiu após o fim da União Soviética. Em 2011, o país recebeu mais de 22 milhões de
turistas estrangeiros; contudo, a partir de 2014, devido à crise com a Ucrânia, esse fluxo de turistas –
principalmente de europeus, norte-americanos e japoneses – diminuiu bastante.
A Rússia, com ajuda externa, construiu nos últimos anos uma imensa rede de gasodutos e
oleodutos que vão dos seus campos de exploração – na Sibéria, nos montes Urais e nas proximida-
des do mar Cáspio – até a Europa, para oeste, até a China, para leste, e até a Turquia, para o sul. Essa
rede torna o país dependente do fornecimento dessas fontes de energia para os países da Europa
ocidental (Alemanha, principalmente, além de França, entre outros), mas, em contrapartida, também
torna esses países recebedores dependentes energeticamente do fornecimento russo. Esse é mais um
motivo, além do estreitamento dos laços comerciais, que leva inúmeros analistas a especular sobre
uma possível entrada da Rússia na União Europeia no futuro, fato que certamente marcará o fim da
CEI. Essa entrada poderá ocorrer quando, e se, a Rússia tiver um governo democrático e não mais
preocupado em ressuscitar a União Soviética.

18 As potências asiáticas
Oleodutos e gasodutos da Rússia
Nadym
Mar de
Barents Varandey

Murmansk
Pechora
Krasnoleninskaya

FONTE: Disponível em: <www.eia.doe.gov/emeu/cabs/Russia/NaturalGas.html>.


Ukhta

RÚSSIA

Primorsk São Petersburgo


OCEANO
Kirishi
ATLÂNTICO
ESTÔNIA Jaroslavl
Mar do Ventspils LETÔNIA Samara
Norte Moscou
Butinge LITUÂNIA
CASAQUISTÃO
Kaliningrado
Rostock Gdansk (RUS)
BELARUS
ALEMANHA Tengiz
Leipzig POLÔNIA Atyrau
Praga
REP.
TCHECA ESLOVÁQUIA UCRÂNIA
ÁUSTRIA MOLDÁVIA Tikhoretsk Mar
HUNGRIA Odessa Novorossiysk Cáspio
Tuapse
Omišalj ROMÊNIA GEÓRGIA Tbilisi Baku
CROÁCIA
Supsa
Oleoduto Mar Negro

Acesso em: 25 jul. 2012.


AZERBAIJÃO
BULGÁRIA
Oleoduto proposto Istambul Samsun
Erzurum
Gasoduto
Ancara
Gasoduto previsto Ceyhan
N
TURQUIA
Dutos de domínio russo
0 560
Terminal petroleiro Mar Mediterrâneo km

PARA CONSTRUIR

4 (ESPM-SP) Em relação à crise político-territorial entre Ucrânia e Rússia, podemos afirmar que: d

Russo como língua nativa


ultimas-noticias/internacional.htm>. Acesso em: 5 ago. 2012.
FONTE: Disponível em: <http://noticias.bol.uol.com.br/

Kiev

Menos de 20% N
20-50%
0 155
50% ou mais
km

a) A Rússia é contrária à saída da Ucrânia da União Europeia. GEOGRAFIA


b) A porção ocidental da Ucrânia é majoritariamente russa e desejosa de ingressar na União Europeia.
c) A Rússia pretende instalar ogivas nucleares na Crimeia, e a Ucrânia é contra.
d) A porção leste da Ucrânia é área de atuação de separatistas russos.
e) As grandes jazidas de petróleo da parte ocidental da Ucrânia, onde reside a maioria da população russa, é o fator de tensão
maior.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 Para aprimorar: 3 e 4

As potências asiáticas 19
Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR

1 Com o fim da União Soviética, em 1991, surgiram quinze novos países independentes, e a maioria deles formou a CEI. Sobre esse
fato, responda:
a) Por que os países recém-formados constituíram a CEI?
b) Quais são as principais fragilidades da CEI?
c) Por que o projeto do governo russo de reconstruir o império através da CEI não deu certo?

2 Em relação à questão climática, qual é o grande problema enfrentado pelos países da CEI e como ele interfere na sua produção
agrícola?

3 Como se deu o desenvolvimento militar da União Soviética?

4 (Vunesp)
O tratado de adesão da Crimeia foi assinado no Kremlin dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um refe-
rendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rússia. O referendo foi condenado por Kiev, pela União Europeia
e pelos Estados Unidos, que o consideraram ilegítimo. Antes do anúncio do acordo, Putin fez um discurso ao Parla-
mento afirmando que o referendo foi feito de acordo com os procedimentos democráticos e com a lei internacional, e
que a Crimeia “sempre foi e sempre será parte da Rússia”.
Extraído de: <http://g1.globo.com>.
No início de 2014, a incorporação da Crimeia à Rússia reacendeu o debate sobre as lógicas de organização política do espaço geo-
gráfico na Nova Ordem Mundial. Durante a Velha Ordem Mundial, qual era a relação política e territorial entre a Rússia e a Ucrânia?
Explique por que a incorporação da Crimeia à Rússia difere da tendência de organização política do espaço geográfico mundial
após o estabelecimento da Nova Ordem Mundial.

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (PUCC-SP) Desde meados da década de 1980, a antiga União Soviética tem passado por profundas mudanças político-econômicas
m
Ene-2
que culminaram, em dezembro de 1991, com a formação da CEI (Comunidade de Estados Independentes). No entanto, essas
C 8
H- transformações não têm sido pacíficas; ao contrário, têm provocado intensos conflitos motivados, entre outros fatores:
m
Ene-3
C 5
a) pelas reações negativas dos antigos aliados da Europa Oriental, que viram, com o fim da URSS, a perda do mercado consumidor.
H-1 b) pelo forte centralismo das repúblicas bálticas, mais desenvolvidas e portanto hegemônicas sob o ponto de vista político.
c) pela grande diversidade étnica que cria impasses regionais na busca de autonomia política e na delimitação de fronteiras.
d) pela reação popular contra a admissão das novas repúblicas ao FMI e ao Banco Mundial, símbolos do capitalismo internacional,
antes tão combatido.
e) pelas profundas reformulações na velha Constituição, datada da década de 1920, por uma Assembleia Constituinte pouco
representativa.

2 (UEA-AM) Na década de 1970, a União Soviética começou a apresentar baixo dinamismo econômico e defasagem tecnológica em
relação aos países capitalistas. Neste cenário, em 1985, Mikhail Gorbachev iniciou reformas com o intuito de recolocar o país no
mesmo patamar dos concorrentes ocidentais, com medidas que promoveram:
a) a criação da Comunidade dos Estados Independentes e a promoção da democracia.
b) a implantação da ditadura do proletariado e a condenação dos líderes da resistência.
c) a reestruturação da economia soviética e a abertura política da nação.
d) a estatização dos meios de produção e a elaboração de planos quinquenais.
e) a implantação do autoritarismo militar e o fechamento do Parlamento.

3 (FGV-SP) Os impasses sobre a Ucrânia elevaram tensões entre a Rússia e o Ocidente a níveis sem precedentes desde a Guerra Fria.
As autoridades americanas e europeias alertaram para a possibilidade de a Rússia enfrentar sanções de amplo alcance em áreas
como energia, finanças, manufaturas e agronegócios.

20 As potências asiáticas
O papel mais importante da Rússia, na economia global, refere-se à produção e à exportação de:
a) bauxita e urânio.
b) cana-de-açúcar e soja.
c) produtos da agropecuária (trigo e carne).
d) petróleo e gás natural.
e) armamentos e produtos microeletrônicos.

4 (Uerj)
m
Ene-2
C 8
Rússia formaliza anexação da Crimeia
H-
A Rússia anexou formalmente a península da Crimeia a seu território, depois de um duro discurso do presidente Vla-
dimir Putin em meio a pesadas críticas aos EUA, à União Europeia e ao governo interino da Ucrânia. Nesse discurso que
antecedeu a assinatura da anexação da Crimeia, Putin destacou a questão como vital para os interesses russos. Segundo ele,
o Ocidente “cruzou uma linha vermelha” ao interferir na Ucrânia. “A Crimeia sempre foi e é parte inseparável da Rússia”,
declarou o presidente.
Disponível em: <http://estadao.com.br>.
Acesso em: 18 mar. 2014. Adaptado.
O evento abordado na reportagem está simultaneamente associado ao presente e ao passado dos povos envolvidos. Para explicar
essa ação russa em relação à Crimeia, são fundamentais os seguintes interesses do atual governo Putin:
a) superar o pan-eslavismo − reduzir a diversidade étnica.
b) estimular a economia − ampliar a produção energética.
c) combater a corrupção − reconstruir a geopolítica global.
d) reforçar o nacionalismo − consolidar a geoestratégia militar.

ANOTAÇÕES

GEOGRAFIA

As potências asiáticas 21
CAPÍTULO

2 Japão

Objetivos: ASPECTOS FÍSICOS


c Confrontar o meio O Japão é um país asiático localizado no Extremo Oriente. Ocupa um arquipélago no “círculo
físico japonês com o de fogo” do oceano Pacífico, área onde há o encontro de três placas tectônicas. Isso explica o seu
seu povoamento. relevo montanhoso e a existência de vários vulcões em atividade no país, bem como a frequente
ocorrência de terremotos e maremotos nas vizinhanças, os quais originam tsunamis. O terremoto
c Analisar o modelo mais violento ocorreu em 1923 e atingiu Tóquio, matando cerca de 140 mil pessoas. Em 2011 ocorreu
japonês de um maremoto no oceano Pacífico, a leste do Japão, ocasionando ondas gigantescas – o tsunami –
desenvolvimento e a que atingiram o litoral do país e provocaram enorme destruição e inundações, inclusive com um
sua crise. acidente na usina nuclear de Fukushima, que levou ao vazamento de gases tóxicos para a atmosfera.
Mais de 19 mil pessoas morreram ou desapareceram nessa catástrofe ambiental.
c Entender o atual Com uma área de aproximadamente 377 800 km2, o Japão é formado por cerca de quatro mil
dilema sobre a ilhas. As quatro maiores e mais importantes ilhas (Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kiushu) corres-
militarização no Japão. pondem a 97% do território japonês. Nesse espaço relativamente reduzido – pouco maior que o
estado de São Paulo – e com amplas extensões montanhosas (cerca de 80% da área total), vive uma
c Refletir sobre os
população de 127 milhões de habitantes (dados de 2010).
impasses econômicos
As atividades econômicas mais importantes estão concentradas nessas quatro ilhas. Visando
e geopolíticos do Japão
encurtar a distância entre elas, a engenharia japonesa construiu túneis e pontes para interligá-las. Um
no século XXI.
imenso túnel, com 54 km de extensão, liga Honshu a Hokkaido. Existe também uma importante rede
de ferrovias, com quase 28 mil quilômetros de extensão (algo bastante denso tendo-se em vista o
tamanho do país), inclusive em parte com trens de alta velocidade (conhecidos como shinkansen
ou trens-bala), que liga o território japonês praticamente de ponta a ponta.
Os climas do Japão vão do subtropical, no sul, ao temperado frio, no norte do arquipélago. Ele
se localiza na zona temperada, entre 33º e 45º de latitude norte, no extremo nordeste da imensa
região atingida pelo clima de monções. Sofre grande maritimidade, por ser um arquipélago, com a
predominância de massas de ar carregadas de umidade, fato que explica a sua elevada pluviosidade
média. As quatro estações do ano, como ocorre na zona temperada em geral, são bem definidas, com
dois períodos bem chuvosos antes e depois do verão. No inverno, o Japão sofre influência de uma das
massas de ar mais frias do mundo: a massa de ar da Sibéria. Em Asahikawa, Hokkaido (norte do Japão),
por exemplo, a temperatura já atingiu –41 °C, e a média térmica do mês mais frio (janeiro) é de 8,5 °C.
No verão, o território japonês sofre a influência de uma massa de ar bem quente, a do Pacífico norte,
ocorrendo temperaturas elevadas principalmente no centro e no sul do país. De forma resumida, po-
demos dizer que existem no Japão três tipos de climas: o temperado frio, ao norte, com longos meses
de inverno; o temperado oceânico, no centro, com altas pluviosidades; e o subtropical, no sul.
Quanto ao relevo do país, cerca de 80% do território é constituído por áreas montanhosas. Na
ilha de Honshu se encontram as maiores elevações, como o monte Fuji, com 3 778 metros de altitude.
Esse monte, na verdade um vulcão inativo que fica próximo a Tóquio, é um dos principais símbolos
do Japão e também uma importante atração turística.
A hidrografia, devido ao fato de o território japonês ser um arquipélago com ilhas de dimen-
sões não muito grandes, é escassa, com poucos e curtos rios, que são bastante aproveitados para a
irrigação, para o abastecimento urbano e, apesar de seu baixo potencial hidrelétrico, para a geração
de energia. O maior rio do Japão, o Shinano, tem apenas 367 quilômetros de extensão.
No território japonês, existem áreas de florestas de coníferas (a taiga) nas regiões montanhosas,
especialmente ao norte (ilha de Hokkaido); no centro e sul do país, existem florestas temperadas e
subtropicais também nas extensas áreas montanhosas. Como as áreas montanhosas cobrem grande
parte do país, o Japão é considerado bastante arborizado, e é um importador relevante de madeiras
para a construção e para a fabricação de papel.

22 As potências asiáticas
Japão: mapa físico Japão: mapa político
Ilha Sacalina Mar de Mar de
Okhotsk Okhotsk
Wakkanai as
Ilha ril
RÚSSIA
Estreito de La Pérouse Etorofu Ku S)
Ilha as Asahikawa as U
ril
CHINA Kushiro I lh (R
Kunashiri u Saporo
K S)
ASAHI as U
2 290 m Ilh (R Muroran
Ilha Hokkaido Hakodate

Fossa das Kurilas Aomori


Hachinoche
Mar do Leste Mar do Leste
10 542 m Morioka
COREIA (Mar do Japão) Akita
(Mar do Japão)
DO NORTE
Niigata
Sendai

Ilha Honshu Iwaki


COREIA Kanazawa

FONTE: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. Adaptado.


FUJI Fossa DO SUL Tóquio
Kioto Kawasaki
3 778 m do Japão Gifu
Hiroshima Yokohama
Kobe
Nagoia

FONTE: Quid 2007. Paris: Robert Laffont, 2006. Adaptado.


Kitakyushu Osaka
Wakayama
KUJU Fukuoka Kochi
10 374 m OCEANO
1 787 m Ilha Shikoku Matsuyama
Nagasaki Kumamoto PACÍFICO
Mar da Ilha Kiushu
China Miyasaki
Kagoshima
Oriental
Mar da
China
Oriental
yu OCEANO Altitudes (em metros)
uk u
Ry PACÍFICO
Pico ky
as yu Capital
Ilh
R
Profundidade Cidade muito importante
Ilha Okinawa as
Il h
Acima de 2 000 Ilha Okinawa Cidade importante
Naha
N De 1 000 a 2 000 N Outras cidades
De 200 a 400 Rodovia
0 260 0 215
Até 200 Ferrovia
km km

Embora a maior parte do território japonês apresente relevo montanhoso, sua cultura mais carac-
terística e tradicional é a de arroz (rizicultura), praticada nas planícies litorâneas. Mas há muito tempo o
país também se dedica à pesca, explorada simultaneamente por grandes e pequenas empresas, e possui
a maior frota de navios pesqueiros do mundo. Essa enorme indústria pesqueira (mais de 15% do total
mundial) vem ocasionando problemas diplomáticos para o país, pois os navios japoneses são acusados
de invadir o mar territorial de outros países e de contribuírem para a extinção de algumas espécies, como
certos tipos de baleias, muito apreciadas na culinária nipônica. Pequenos portos para pesca são encon-
trados em toda sua área costeira, principalmente no litoral do Pacífico, cujas águas são mais piscosas.
REUTERS/YURIKO NAKAO/LATINSTOCK

GEOGRAFIA

Guarda costeira japonesa transporta


ativista neozelandês contra a pesca de
baleias, em 2010.

As potências asiáticas 23
Por causa do Regulamento Internacional de 1977, que limitou a pesca a 200 milhas marítimas do
litoral de cada país, e em razão do grande consumo interno de peixe, o Japão desenvolveu a técnica
de reproduzir algumas espécies em reservatórios de água doce ou salgada. A piscicultura, ou cultivo
de peixes, vem se tornando cada vez mais comum no Japão e no mundo por causa da drástica
diminuição (e/ou do elevado valor) de algumas espécies de peixes, como o salmão, por exemplo.
Ao contrário do que acontece com as outras potências econômicas mundiais, o Japão não
apresenta importantes reservas minerais, o que o leva a importar praticamente todo o petróleo que
consome, além de 92% do ferro, 93% do manganês e 83% do cobre utilizados por suas indústrias.
O país é superindustrializado – conta com o terceiro parque industrial do mundo – e possui
grande desenvolvimento tecnológico, mas vem sofrendo com os elevados aumentos que ocorreram
nos preços do petróleo, seu principal produto de importação.

DEMOGRAFIA
GLOSSÁRIO

Ainu: Da mesma forma que muitos países da Europa e a Rússia, o Japão conhece um rápido envelhecimen-
grupo étnico que vive, principalmen- to de sua população, que quase não se renova. As taxas de natalidade, de apenas 8 por mil, são menores
te, em Hokkaido, nas ilhas Curilas e que as taxas de mortalidade (9 por mil), o que resulta num crescimento vegetativo negativo. Calcula-se que
Sacalina. Também existem ainus no o país terá 119 milhões de habitantes em 2025 e apenas 95 milhões em 2050. O crescimento demográfico
leste da Rússia, na Sibéria. Calcula-se
que existam 150 mil ainus no Japão.
do Japão nas últimas décadas só não foi negativo devido à entrada de imigrantes (em 2011 existiam cerca
de 2,2 milhões), oriundos principalmente das duas Coreias, China, Filipinas, Brasil e Peru.
Ryukyuan:
A expectativa de vida do japonês é das mais elevadas do mundo: 84 anos, em média. A popula-
grupo étnico minoritário no Japão,
ção é bastante homogênea do ponto de vista étnico, com 98,5% de japoneses ou yamatos e apenas
que vive na pequena ilha Ryukyu, lo-
calizada no extremo sul do arquipéla- 1,5% de outros grupos étnicos. Nestes estão incluídas as minorias aborígenes, como os ainus e os
go, perto de Taiwan. ryukyuans, além dos grupos étnicos estrangeiros que entraram como imigrantes. O povo japonês
professa um sincretismo religioso, adotando principalmente o xintoísmo e o budismo.

PARA CONSTRUIR

1 (UEPG-PR – Adaptada) Sobre o Japão e algumas de suas ca- representa apenas 13,5% de toda a população japonesa –
racterísticas, assinale o que for correto. calculada em cerca de 127 milhões de pessoas.
01 + 02 + 04 + 08 + 16 = 31. Extraído de: <www.bbc.co.uk/portuguese/
(01) O Japão é uma monarquia constitucional e é formado noticias/2009/05/090504_japaocriancaset_fp.shtml>.
por cerca de quatro mil ilhas, e as quatro maiores e prin- a) Procure explicar os fatores responsáveis pela atual dinâ-
cipais são Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu. mica demográfica japonesa, e quais são as consequências
(02) A atividade sísmica é muito intensa em toda a nação e futuras para a sociedade japonesa.
o seu ponto mais elevado do relevo é o monte Fuji, um
O Japão é um país desenvolvido, urbanizado, com elevada
vulcão inativo.
(04) O relevo do país é predominantemente montanhoso e expectativa de vida e taxa de natalidade muito baixa. As conse-
com picos que ultrapassam três mil metros de altitude. quências dessa dinâmica demográfica podem ser negativas,
(08) Quase 60% da eletricidade é gerada por usinas termelé- como o severo envelhecimento populacional, a redução da popu-
tricas e o restante provém de centrais nucleares, hidrelé- lação absoluta e do mercado consumidor interno e a escassez
tricas e geotérmicas.
de trabalhadores. Assim, o Japão precisa implantar políticas
(16) O Japão possui reservas minerais variadas que incluem
zinco, ouro, prata e cobre, mas algumas não são suficien- natalistas para equilibrar a demografia do país e evitar prejuízos
tes para suprir a demanda interna e o país importa maté- econômicos, sociais e geopolíticos.
rias-primas, sendo uma das nações mais industrializadas b) Esses fatores também podem ser usados para explicar a
do planeta. dinâmica demográfica de outros países do mundo? Em
caso positivo, o que existe em comum entre eles?
2 (FGV-RJ)
As características demográficas do Japão são similares à de outros
m
Ene-2 Um relatório divulgado pelo governo japonês mos-
C 8 países desenvolvidos do mundo, como Canadá, Austrália, Alemanha,
H- tra que o número de crianças e adolescentes com até 14
anos é estimado em 17,25 milhões, o número mais baixo entre outros. Estes países, tal como o Japão, apresentam IDH mui-
desde 1950. É o 28o ano de queda consecutiva. O grupo to elevado e bons padrões de educação e saúde.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1 a 3

24 As potências asiáticas
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
No início do século XIX, o Japão ainda apresentava uma estrutura feudal. A agricultura era a
principal atividade e, politicamente, o país se mantinha isolado, opondo-se a qualquer aproximação
com a civilização ocidental. Essa situação começou a mudar em 1868, quando o imperador Meiji
assumiu o trono e restabeleceu o poder imperial.
Desejando acompanhar o desenvolvimento tecnológico do mundo ocidental, o governo ja-
ponês começou a investir na implantação de estabelecimentos industriais em todos os setores nos
quais o capital privado não tinha condições de atuar. Posteriormente, algumas dessas indústrias foram
vendidas a baixo preço a empresários particulares.
A venda de algumas empresas estatais originou os zaibatsu, verdadeiros monopólios que tive-
ram um grande desenvolvimento entre as duas guerras mundiais, porque o governo japonês lhes
proporcionou vantagens e privilégios.
Ainda no fim do século XIX, as empresas de materiais bélicos já desfrutavam de certos bene-
fícios, pois o desenvolvimento da industrialização japonesa até a Segunda Guerra Mundial tinha
objetivos militaristas. Da mesma forma que a industrialização livrou o país de qualquer dominação
por parte de nações ocidentais, ela se constituiu numa estratégia de expansão da área territorial
japonesa para o Extremo Oriente.
Na sua fase imperialista ou expansionista, o Japão invadiu e dominou a Coreia em 1910, a
Manchúria (região ao norte da China) em 1931 e, ainda na década de 1930, outras províncias do
norte da China. Durante a Segunda Guerra Mundial, aliou-se à Alemanha e à Itália, formando o Eixo.
Em 1941, os japoneses atacaram navios dos Estados Unidos em Pearl Harbor, o que provocou a
entrada desse país na guerra. Em 1945, com as cidades de Hiroshima e Nagasaki arrasadas por duas
bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos, o Japão rendeu-se e teve o seu território ocupado
por tropas norte-americanas até 1952.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, o Japão e as economias de mercado mais importantes
da Europa ocidental estavam parcialmente destruídas. Os Estados Unidos tornavam-se a superpo-
tência do mundo capitalista e passavam a investir tanto na reconstrução da Europa ocidental como
na do Japão. Isso ocorreu porque, na época, os norte-americanos receavam o “avanço socialista”
na Europa e na Ásia.

CARL MYDANS/TIME LIFE PICTURES/GETTY IMAGES

GEOGRAFIA

Vista de Hiroshima em 1947, dois anos


depois de ter sido destruída pela bomba
atômica.

As potências asiáticas 25
Um dos resultados da intervenção dos Estados Unidos foi a desmilitarização japonesa; o objetivo
era impedir que o país voltasse a investir na indústria bélica. Os Estados Unidos exigiram que, na Cons-
tituição japonesa de 1947, o país renunciasse ao direito de ter um exército. Por conta disso, há apenas
forças armadas voltadas para o policiamento no Japão. Em 1991, quando a Guerra Fria terminou, o
Japão passou a investir cada vez mais em armamentos, ultrapassando 1% do produto nacional bruto,
fato que não ocorria desde a Segunda Guerra Mundial. Neste século, o governo japonês – receoso do
crescente poderio de seu tradicional adversário na região, a China – tem feito insistentes tentativas de
reformar a Constituição pacifista do país para ter um papel militar mais ativo no mundo, mas a oposição
de partidos políticos e da maioria do povo por enquanto tem impedido essa mudança.
Graças à ajuda técnica e financeira, a economia japonesa voltou a crescer rapidamente depois
de 1945. Para isso, foi de fundamental importância a manutenção da estrutura social tradicional, que
permitiu o constante pagamento de baixos salários, pelo menos até os anos 1970, para uma população
extremamente disciplinada e movida pela ideia de que o principal objetivo de seu trabalho era reerguer
o país.
Mas, a partir dos anos 1980, os níveis salariais e de consumo subiram bastante no Japão, que deixou
de ser somente uma economia voltada para atender ao mercado externo (para exportação) e passou
a ser, também, uma importante sociedade de consumo.
A política trabalhista no Japão se apoia, principalmente, nos seguintes aspectos:
As empresas recrutam os jovens para o trabalho assim que eles concluem seus cursos na universidade,
e, uma vez contratados, em geral permanecem na mesma empresa até se aposentar.
É comum os filhos terem emprego garantido na empresa em que o pai trabalha, alguns até mesmo
antes de nascer.
O aumento de salário depende do tempo de serviço na empresa e da qualificação para o trabalho,
fatos que levam os japoneses a não mudar de emprego e se especializar constantemente.
Cada empresa procura ter seu próprio sindicato, que inclui tanto os trabalhadores como seus diretores.
Em vez de acirrar os conflitos, lançando as empresas contra os trabalhadores (o que ocorreu muitas
vezes nos Estados Unidos e no Reino Unido, onde o governo incentivou as empresas a se transferir
de regiões nas quais os salários eram maiores para outras com nível salarial mais baixo), o “modelo
japonês” procura integrá-los com acordos que garantem a não eclosão de greves desde que os salários
acompanhem, no mínimo, os índices de inflação, que são baixos.
Cabe destacar, ainda, o papel estratégico do Estado no desenvolvimento industrial do Japão. Ao
contrário do que ocorre nos Estados Unidos, onde o governo procura intervir pouco na economia e
normalmente deixa a cargo de cada empresa fazer a sua política particular de investimentos ou pes-
quisas, no Japão o governo procura coordenar a política industrial de sua economia. O Estado japonês
investe pesadamente na educação pública de ótima qualidade (que garante mão de obra qualificada
para as empresas) e na pesquisa tecnológica, além de exercer um papel ativo na conquista de mercados
externos e na proteção à indústria nacional.
O Japão apresentou, de 1955 a 1990, um extraordinário crescimento da produção industrial, com
níveis acima dos obtidos pelo restante do mundo em geral. Nesse período, sua taxa de crescimento
anual foi de 7% até 11%. O Japão, na realidade, teve a economia que mais cresceu no mundo na segunda
metade do século XX, especialmente dos anos 1950 até o fim dos anos 1980. A partir daí, contudo, o
país ingressou numa fase de crise ou estagnação econômica, com crescimento extremamente baixo
ou, às vezes, até negativo.
Nos dias de hoje, as principais indústrias do Japão, que também abastecem o mercado externo,
são: automobilística (o país já foi o maior fabricante mundial de carros, ocupando em 2011 o terceiro
lugar, após China e Estados Unidos, com 8,4 milhões de automóveis fabricados), eletroeletrônica, de
computadores e acessórios, telecomunicações, cobre, ferro e aço. Outras indústrias importantes são:
petroquímica (para refinar o petróleo importado), farmacêutica, de biotecnologia, fabricação de navios
(estaleiros), aeroespacial, têxtil e alimentícia.

Espaço urbano-industrial
Como vimos, a concentração industrial do Japão ocorre, sobretudo, nas zonas litorâneas,
entre as baías de Tóquio, Isé e Osaka e o mar Interior (localizado entre o sudoeste da ilha de
Honshu e as ilhas de Shikoku e Kiushu). Ali se encontram as maiores e mais importantes indús-
trias de base e químicas, instaladas entre 1955 e 1973.

26 As potências asiáticas
A região de Tóquio, a mais industrializada, é responsável por um

SEAN PAVONE/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES


terço da produção total do Japão. Embora apresente todos os tipos de
atividade industrial, nela se sobressai a indústria mecânica. A região de
Osaka foi a primeira a se industrializar no país. Nela se destaca, também,
a indústria mecânica. Já a região de Nagoia apresenta uma industriali-
zação diversificada.
Essas três cidades – Tóquio, Osaka e Nagoia –, além de constituí-
rem os maiores centros industriais do país, são suas principais metrópo-
les. Tóquio, cuja área metropolitana concentra uma população superior
a 30 milhões de habitantes, é a capital política, econômica e cultural.
A intensa relação entre Tóquio e Osaka, fruto de um processo de in-
dustrialização com forte intervenção do Estado, acabou por centralizar
grande parte da atividade econômica naquela porção do território. Isso
levou ao surgimento de uma megalópole – Tokaido, no eixo Kioto-
-Osaka-Nagoia-Tóquio –, onde se dá a maior concentração urbana do
mundo contemporâneo. Em Tokaido vive mais de 60% da população
japonesa.

Aspecto de Tóquio em uma de suas áreas mais modernas, em 2013.

A megalópole japonesa

Iwaki

Utsunomya
Mar do Leste Kanazawa
(Mar do Japão)

FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007.


Tóquio
OCEANO
Nagoya Kawasaki PACÍFICO
Kyoto Yokohama
Kobe

Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006.


Okayama
Hiroshima
Osaka Hamamatsu

Wakayama População das


Kitakyushu Matsuyama cidades principais
Fukuoka Mais de 10 milhões
De 3 a 5 milhões
Nagasaki Kumamoto De 1 a 3 milhões

Densidade demográfica
N superior a 500 hab./km2
Ferrovia de alta velocidade
0 100
(Shinkansen)
km

Tokaido engloba várias planícies, inclusive a de Kanto, o que proporcionou uma grande concentração
populacional naquela área, desde o início da rizicultura. Durante mais de mil anos, Kioto foi a cidade mais
importante do Império Japonês e também sua capital. No século XV, atingiu um grande nível de cresci-
mento. Mas, no século XVII, Edo, atual Tóquio, tornou-se mais importante que Kioto e Osaka e, durante a
GEOGRAFIA

Era Meiji, foi a capital do Império. Apenas Nagoia não apresentou destaque especial até o início dessa era.
O desenvolvimento industrial do Japão, desde o início, concentrou-se na área ocupada por Tó-
quio, Nagoia e Osaka. A partir da década de 1970, Tóquio passou a sediar a maioria das grandes em-
presas do setor de tecnologia de ponta e seus laboratórios de pesquisa. Contudo, ali se concentram
também grandes problemas urbanos: poluição de vários tipos; congestionamentos e deficiências no
transporte; especulação imobiliária (preços de imóveis altíssimos, maiores que em qualquer outra
parte do mundo); infraestrutura incompleta, principalmente quanto ao abastecimento; etc.

As potências asiáticas 27
Um aspecto interessante, decorrente da própria limitação do território, é a atual arquitetura
japonesa. A construção de pôlderes e represas ampliou os terrenos para uso industrial-urbano nas
baías de Tóquio, Osaka e Nagoia. Mais recentemente, novas e avançadas tecnologias permitem a
construção de arranha-céus (o que antes não era possível dada a ocorrência de terremotos) e de
galerias subterrâneas que estendem a vida econômica abaixo da superfície das grandes cidades. Nas
metrópoles, há verdadeiras redes dessas galerias.

Esgotamento do “modelo japonês”


O “modelo japonês” de desenvolvimento, tão bem-sucedido dos anos 1950 até início dos anos
1990, parece ter se esgotado. O país precisa de reformas urgentes para ser novamente dinâmico. Basi-
camente, a economia japonesa deve voltar-se para o mercado interno e deixar de ser essencialmente
orientada para fora, para a exportação. Além disso, a subida dos preços das matérias-primas importadas
pelo país, a começar pelo petróleo, além de minérios, somada à valorização da moeda, o iene, tem
provocado dificuldades na balança comercial japonesa, que durante décadas foi superavitária.
De fato, o grande segredo do enorme desenvolvimento japonês foram as exportações, as maio-
res do mundo durante várias décadas, que inundaram o mercado mundial com automóveis, pro-
dutos eletrônicos, motocicletas, relógios, etc. O Japão, por exemplo, chegou a ter a maior indústria
automobilística do mundo nos anos 1980, e isso dispondo de bem menos da metade da população
– e do mercado consumidor – norte-americana. No entanto, a maior parte dessa produção era
exportada, notadamente para os Estados Unidos. De cada dez carros vendidos nesse país na década
de 1980, três eram japoneses. Isso chegou até a provocar a falência e o fechamento de centenas de
fábricas automobilísticas nos Estados Unidos, pois os veículos japoneses eram melhores, mais baratos
e econômicos. Esse quadro, porém, começou a mudar desde o fim dos anos 1980, por vários motivos.
Primeiro, os demais países industrializados começaram a copiar, adaptar e até aperfeiçoar cer-
tos métodos japoneses de produzir com maior qualidade e menor custo. Os automóveis norte-
-americanos hoje, por exemplo, têm a mesma qualidade e praticamente os mesmos preços que os
japoneses. Logo, houve um reerguimento da indústria desse país e uma perda relativa do mercado
para os carros japoneses. O mesmo ocorreu com outros produtos – especialmente os eletrônicos –,
que o Japão conseguia vender com alta qualidade e preços inigualáveis. As indústrias de outros países
se modernizaram, e hoje a vantagem japonesa praticamente não existe mais.
Segundo, surgiram competidores importantes para as exportações japonesas. Inicialmente, fo-
ram os chamados Tigres Asiáticos, que também passaram a exportar em grande quantidade produtos
bons e baratos. Eles não afetaram muito o comércio japonês até os anos 1980, pois exportavam pro-
dutos que o Japão estava deixando de lado, como tecidos, roupas, brinquedos, entre outros. A partir
daquela década, eles passaram a exportar também automóveis, motocicletas, computadores e seus
componentes, produtos eletrônicos (vídeos, DVDs, gravadores, secretárias eletrônicas, aparelhos de
fax, etc.) e outras mercadorias básicas para as exportações do Japão. A partir dos anos 1990, entrou
em cena outro competidor: a imensa China, com força de trabalho barata, disciplinada e com boa
qualificação, matérias-primas abundantes e preço baixo, que vem recebendo enormes investimentos
estrangeiros desde os anos 1980 e que passou a ser o maior exportador mundial de produtos eletrô-
nicos a baixos preços, e mais recentemente de automóveis, desbancando o Japão em vários setores
e até mesmo assumindo o papel de maior exportador para os Estados Unidos.
Enfim, a economia japonesa precisa depender menos do mercado externo, das exportações, e
voltar-se mais para o mercado interno. Mas a população japonesa não é tão grande quanto a norte-
-americana, a chinesa ou a europeia e, por isso, consome bem menos – em quantidade total – que
essas populações. Portanto, constitui um mercado consumidor bem menor que o dessas regiões do
globo. O japonês costuma poupar mais que o norte-americano ou o europeu; logo, gasta ou consome
menos, embora ainda consuma mais que o chinês médio. Se, por um lado, a poupança de uma parte
da renda das pessoas é positiva, pois aumenta os recursos no setor bancário, que pode emprestá-los
a juros baixos, favorecendo o crescimento econômico, por outro, o excesso de poupança é negativo,
pois limita o consumo e, consequentemente, a produção. E uma empresa só se expande se houver
consumidores dispostos a comprar seus produtos. O ideal é um equilíbrio, que não existe no Japão.
Com a diminuição das exportações para o resto do mundo, que foram o principal incentivo
do crescimento japonês, o desafio agora é expandir o consumo interno para vender no próprio país
aquela imensa produção que era, até o início dos anos 1990, em grande parte exportada.

28 As potências asiáticas
Um impasse atual
Para alcançar uma posição de grande potência político-militar, o governo japonês pretende
desenvolver a indústria armamentista. O impedimento, como vimos, partiu dos Estados Unidos,
que, após a Segunda Guerra Mundial, temia o rearmamento do país e suas consequências. Isso foi
benéfico, pois, proibido de investir na área bélica, que representa um gasto improdutivo, o Japão
usou seus recursos na modernização industrial, fato que ajuda a explicar o acelerado crescimento
econômico até o início dos anos 1990.
Nessas condições, os japoneses iniciaram com cautela uma política

REUTERS/ISSEI KATO/LATINSTOCK
de maiores gastos na área armamentista. A cautela se explica porque eles
sabem que esses gastos atrapalham a economia civil, enfraquecendo seu
ritmo de crescimento. Convém não esquecer que o Japão é mais depen-
dente de petróleo e outras matérias-primas que o resto do mundo indus-
trializado, pois seu território é pequeno e pobre em recursos naturais. Esse
fato é usado como argumento pelo governo japonês para investir em um
forte sistema de defesa, especialmente com a crescente militarização da
China, seu tradicional rival na Ásia. Mas as reações contrárias a esse cami-
nho são intensas na sociedade japonesa.
Atualmente, as despesas militares do Japão já são a quarta maior do
mundo, apesar de representarem apenas 1% do PIB nacional por ano. O
Japão tem disputas territoriais com Rússia, China, Taiwan e Coreia do Sul.
São disputas por ilhas minúsculas e quase desabitadas, mas que possuem
enorme potencial para a pesca, pois o mar ao redor de todas elas é muito
piscoso. Ademais, existe a possibilidade de haver riquezas, especialmente
petróleo, no fundo do mar.
Com a Rússia, o Japão tem a disputa pelas ilhas Kurilas do Sul, que
foram ocupadas pela União Soviética em 1945, no término da Segunda
Guerra Mundial. As Kurilas formam um arquipélago com 56 ilhas de ori-
gem vulcânica, situadas ao norte do Japão e a leste da Rússia. O Japão, na
verdade, reivindica apenas as quatro ilhas mais ao sul desse arquipélago, Fábrica japonesa emprega robôs ao lado
que estão mais próximas do país e que pertenciam a ele até 1945. Essas quatro ilhas, as Kurilas do Sul, de trabalhadores, em 2015.
são conhecidas no Japão como “territórios do norte”. Há anos o país tenta, sem sucesso, recuperar
a posse dessas ilhas diplomaticamente.
Com a Coreia do Sul, o Japão disputa algumas ilhas chamadas Dokdo pelos coreanos e
Takeshima pelos japoneses. Elas ficam mais próximas da Coreia e, na verdade, eram coreanas até
ser invadidas pelo Japão em 1905. Durante a Segunda Guerra Mundial, as tropas norte-americanas
ocuparam as ilhas e as devolveram para a Coreia em 1954, embora o Japão reivindicasse a sua posse.
Com Taiwan (e, indiretamente, com a China), o Japão disputa a soberania sobre algumas ilhas,
chamadas Senkaku pelos japoneses e Diaoyu pelos chineses. O Japão controla as ilhas, que ficam
entre os dois países (um pouco mais próximas de Taiwan) e que no passado eram ocupadas por
pescadores chineses. Taiwan reivindica a posse das ilhas, algo que também é do interesse da China,
já que, para ela, Taiwan um dia voltará a fazer parte do seu território.

PARA CONSTRUIR

3 (Uerj)
Para construir um novo Japão
Trabalhe muito, trabalhe muito,
GEOGRAFIA

Aumentemos nossa produção


Nós, à frente, sem repouso.
Como um cristal
Brilha a nossa indústria
Sinceridade e harmonia
Eis a Matsushita Eletric.
Hino da Matsushita Eletric.

As potências asiáticas 29
A leitura do hino anterior revela o grau de disciplina a que se submete o trabalhador no Japão. Esse grau de disciplina, aliado a outros
fatores geográficos e históricos, permitiu a recuperação da economia do país após a Segunda Guerra Mundial.
Um desses fatores de recuperação da economia do Japão, no período indicado, é: c
a) desestruturação dos grandes monopólios empresariais.
b) adoção de um modelo agrícola baseado na grande propriedade.
c) constituição de um mercado interno de alto poder aquisitivo.
d) manutenção dos gastos militares nos patamares anteriores à Segunda Guerra.
4 (Unirio-RJ) Mesmo contrariando algumas expectativas, o Japão cresceu, e seu poderio internacional é bastante grande. Sobre a
situação socioeconômica do Japão e seu processo de crescimento é INCORRETO afirmar que: e
a) o arranque industrial do Japão provocou um déficit na balança comercial dos EUA, que nos últimos anos importam muito mais
daquele país do que exportam para lá.
b) a construção de grandes complexos industriais-portuários no Japão está associada não só às características do seu espaço
natural, mas também à sua dependência da importação de matérias-primas e fontes de energia.
c) as intensas relações entre as três grandes metrópoles japonesas – Tóquio, Osaka e Nagoia – resultaram na maior concentração
urbana do mundo, formando uma verdadeira megalópole.
d) apesar das melhorias salariais e dos níveis de consumo alcançados nos últimos anos, o crescimento da indústria japonesa foi
impulsionado pela exploração da força de trabalho que, além de receber baixos salários, cumpria um elevado número de horas
de trabalho.
e) diferentemente do que ocorreu nos EUA, no Japão a intervenção do Estado na economia é praticamente nula, e cada empresa
faz a sua política particular de investimentos, pesquisa, etc.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 e 4 Para aprimorar: 4 a 6

Veja, no Guia do Professor, as


respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR

1 Observe o mapa a seguir.


m
Ene-2
C 6
H- Placas tectônicas
180° 120° O 60° O 0° 60° L 120° L 180° 90° N

PLACA EURO-ASIÁTICA 60° N

PLACA PLACA DA ANATÓLIA


NORTE-AMERICANA PLACA IRANIANA

FONTE: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Adaptado.


PLACA DO 30° N
CARIBE PLACA
DAS
PLACA PLACA HELÊNICA
FILIPINAS PLACA
DE COCOS DO PACÍFICO
PLACA ARÁBICA
PLACA 0°
DO PACÍFICO
PLACA PLACA AFRICANA
SUL-AMERICANA
PLACA
PLACA INDO-AUSTRALIANA
DE NAZCA
30° S

60° S

Área de choque de placas PLACA ANTÁRTICA


0 2 100
Área de separação de placas PROJEÇÃO DE ROBINSON
90° S
km

30 As potências asiáticas
a) Localize o Japão e explique por que esse país é o mais suscetível a terremotos, maremotos e ocorrência de tsunamis.
b) O Japão apresenta 80% do seu território com relevo montanhoso. Qual é a relação desse aspecto geomorfológico com as infor-
mações contidas no mapa?
2 Faça um comentário sobre a demografia japonesa.
3 Explique por que a desmilitarização imposta pelos Estados Unidos ao Japão no pós-Segunda Guerra Mundial foi fundamental para
que a economia nipônica evoluísse.

4 Quais são, na sua opinião, os principais problemas do Japão neste novo século?

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (UFPR)
m
Ene-6 O alto preço da terra eleva exponencialmente os custos de produção da agricultura japonesa, que só sobrevive à custa
C 7
H2
-
de vultosos subsídios. No Japão, os agricultores competem ferozmente com a indústria por cada palmo de terreno, e os in-
vestimentos em infraestrutura são onerados pelo alto custo das desapropriações.
MAGNOLI, D.; ARAÚJO, R. A nova geografia: estudos de geografia geral.
São Paulo: Moderna, 1991. p. 150. Adaptado.
Acerca disso, considere as seguintes afirmativas:
I. O relevo montanhoso, a condição insular do país e a elevada população japonesa são causas da escassez de terrenos mencionada.
II. As elevadas taxas de fecundidade próprias das zonas rurais fazem multiplicar a população em torno da megalópole de Tóquio,
contribuindo para a escassez de terrenos.
III. A política de subsídios agrícolas praticada pelo governo japonês tem custos indiretos bastante elevados, devido ao território
exíguo e muito povoado.
IV. A alta concentração fundiária do país é uma das causas do problema descrito, já que os latifúndios são pouco produtivos e
demandam grandes extensões de terra para a produção de alimentos.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) omente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

2 (Vunesp) Em junho de 2008, comemorou-se o centenário da imigração japonesa para o Brasil. Em 18 de junho de 1908, o navio
m
Ene-2
Kasato Maru aportou em Santos-SP, trazendo 781 japoneses, que compunham a primeira leva de imigrantes. Observe os gráficos.
C 8
H-

Brasil e Japão: dados demográficos em 1908 e 2008

338,0

Estatísticas do Século XX e Organização das Nações Unidas, 2008.


192,0 81,9
FONTE: Ministério do Interior e Comunicações do Japão; IBGE -
Esperança de vida ao nascer (em anos)

72,3
População (em milhões de pessoas)

Densidade populacional
(habitantes por km2)

128,0

GEOGRAFIA
44,0
34,0 44,0

48,0

23,4 22,0
2,9
1908 2008 1908 2008 1908 2008

As potências asiáticas 31
Utilizando seus conhecimentos, assinale a alternativa que indica causas que contribuíram para reforçar os acordos nipo-brasi-
leiros no início do século XX e a direção atual do fluxo migratório.
a) Elevada densidade populacional no Japão; menor população e escassez de mão de obra agrícola no Brasil; inversão do fluxo
com brasileiros, descendentes ou não de japoneses, emigrando para o Japão.
b) Acelerado processo de urbanização no Japão; menor população e escassez de mão de obra industrial no Brasil; manutenção do
fluxo, exclusivamente com japoneses altamente qualificados imigrando para o Brasil.
c) Cobrança de impostos elevados no Japão; abolição da escravatura no Brasil; interrupção total do fluxo migratório entre os dois países.
d) Política de privilégios para o primogênito no Japão; baixa esperança de vida e escassez de mão de obra industrial no Brasil;
inversão do fluxo, exclusivamente com descendentes de japoneses emigrando para o Japão.
e) População muito maior no Japão; densidade populacional elevada com grande expansão urbana no Brasil; aumento do fluxo
em mais do que o dobro, exclusivamente com brasileiros natos emigrando para o Japão.

3 (Vunesp) Com relação às características populacionais do Japão, é verdadeiro afirmar que apresenta:
a) alta taxa de natalidade, alta densidade demográfica e baixa expectativa de vida.
b) alta taxa de crescimento vegetativo, baixa densidade demográfica e predomínio de população rural.
c) baixa taxa de crescimento vegetativo, alta expectativa de vida e predomínio de população urbana.
d) grande fluxo emigratório, predomínio de população urbana e baixa densidade demográfica.
e) alta taxa de mortalidade, predomínio de população rural e alta expectativa de vida.

4 (UFPR)
Para acompanhar o desenvolvimento tecnológico ocidental, o Estado japonês investiu na instalação de fábricas nos
setores em que o capital privado não tinha condições de atuar. Mais tarde, algumas dessas indústrias foram vendidas a
baixo preço a empresários particulares. Surgiram assim os zaibatsu, verdadeiros monopólios privados que se desenvolve-
ram muito no período entreguerras devido às inúmeras vantagens e privilégios assegurados pelo Estado. De 1955 a 1973,
o crescimento industrial japonês foi maior que o dos Estados Unidos e o da Europa Ocidental, o que demonstra a eficá-
cia da participação do Estado na reorganização industrial ocorrida no Pós-Guerra.
VESENTINI, J. W.; VLACH, V. Geografia crítica.
18. ed. São Paulo: Ática, 1997. v. 3. p. 187-189.
Sobre a industrialização japonesa, é correto afirmar:
(01) Assim como nos Estados Unidos e na Europa, os estágios iniciais da industrialização japonesa foram possibilitados pela
disponibilidade de carvão e ferro, minérios que hoje estão esgotados no país devido à exploração intensiva.
(02) Os setores em que o Estado japonês teve de intervir mais intensamente para alavancar a industrialização foram aqueles
que compõem a chamada “indústria pesada”, principalmente siderurgia, construção naval e petroquímica.
(04) Graças à ação diligente do Estado e à importância simbólica da natureza na cultura nacional, o Japão logrou industrializar-se
sem comprometer a qualidade de vida com poluição sonora ou do ar.
(08) O trecho citado descreve com propriedade algumas características básicas do “modelo japonês” de desenvolvimento, mas
não leva em conta a profunda crise que esse modelo vem experimentando desde o início dos anos 1990, com estagnação
econômica e aumento do desemprego.
(16) Ao contrário de países como Estados Unidos e Inglaterra, cujas empresas industriais transferem fábricas para países subdesen-
volvidos a fim de tirar proveito dos baixos salários ali vigentes, o “modelo japonês” tem a virtude de manter a competitividade in-
dustrial mesmo pagando altos salários, sem a necessidade de transferir parte de sua produção para países menos desenvolvidos.

5 (UFMS) Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão passou por uma fase de crescimento econômico extraordinário, chegando a
apresentar taxas de crescimento médio de 14,6% no período de 1966-1970. No início dos anos 1990, a economia japonesa perdeu
fôlego, apresentando baixo crescimento em alguns anos e recessão em outros. O crescimento do PIB japonês, em 1993, foi de
menos 0,53% e, em 1998, de menos 2,5%.
Assinale a(s) proposição(ões) que indica(m) fatores que explicam o crescimento pós-guerra e o declínio na década de 1990.
(01) Crescimento, propiciado pelo fim da Segunda Guerra Mundial, das economias dos países vitoriosos, entre eles o Japão, que se
beneficiou da sua aproximação com os Aliados. A crise econômica japonesa está associada ao desprestígio de seus produtos
no mercado internacional.
(02) Participação do Estado, aliado aos grandes conglomerados empresariais na conquista de mercados externos. A população
japonesa nos anos 1990 do século XX, em função da crise financeira do país, diminuiu o consumo e passou a poupar, aumen-
tando exageradamente a taxa de poupança interna.

32 As potências asiáticas
(04) Utilização das Forças Armadas na conquista de mercados na Ásia. Ingerência dos EUA no sentido de barrar o crescimento da
economia japonesa, com a criação de grupos de países contrários à política industrial japonesa.
(08) Associação com países asiáticos, formando o Bloco Econômico da Ásia, o que facilitou a entrada dos produtos japoneses nos
mercados americado e europeu. A falta de matéria-prima para a manutenção do crescimento da indústria japonesa levou à
queda do crescimento e à migração de japoneses para países ocidentais nos anos 1990.
(16) Combinação eficiente de livre mercado com planejamento estatal. Estouro da bolha especulativa, construída nos anos 1970
e 1980, provocando a falência de empresas e bancos.

6 (Mack-SP) Nos últimos anos os novos centros industriais do Japão têm se instalado no interior do país, longe das tradicionais áreas portuá-
m
Ene-6
rio-industriais. Este deslocamento é explicado pela:
C 7
H-2 a) descoberta de importantes jazidas minerais na região.
b) necessidade de atender à demanda interna, concentrada no interior do país.
c) instalação de indústrias de alta tecnologia, menos dependentes de matérias-primas.
d) carência de mão de obra nas áreas litorâneas.
e) mudança do perfil exportador da economia japonesa, agora voltado para os mercados dos Tigres Asiáticos.

ANOTAÇÕES

GEOGRAFIA

As potências asiáticas 33
CAPÍTULO

3 China

Objetivos: O território da República Popular da China, com 9 571 300 km2, ocupa o terceiro lugar entre os
maiores do mundo. Mas o país se destaca realmente pela sua gigantesca população, a maior do globo,
c Compreender a com quase 1,35 bilhão de habitantes em 2010. Isso equivale a cerca de 20% da população mundial, o
crescente importância que quer dizer que, de cada cinco habitantes do nosso planeta, um é chinês. Todavia, o crescimento
econômica e demográfico chinês vem declinando nas últimas décadas e é, atualmente, de apenas 0,5% ao ano,
geopolítica da China no menor que o da vizinha Índia (1,3%) e bem inferior ao dos campeões mundiais de crescimento popula-
século XXI. cional, como Uganda, Burundi, Libéria e Níger, que crescem demograficamente a taxas de 3,0% ao ano.
c Analisar as causas do
acelerado crescimento
China: mapa político
econômico chinês.
RÚSSIA
c Detectar os problemas
socioambientais Heihe
CASAQUISTÃO Manzhouli Jiamusi
oriundos do modelo Altay
Karamay Harbin
chinês. MONGÓLIA Qiqihar
Urumchi Xilinhot
Shenyang Mar do Leste
c Refletir sobre Yining
Koria COREIA (Mar do Japão)
as crescentes Kashi Hami Datong Pequim Luda DO

FONTE: Quid 2007. Paris: Robert Laffont, 2006. Adaptado.


Ruoqiang NORTE JAPÃO
Baotou
desigualdades Hotan Tientsin COREIA
Yumen Yinchuan Tai-Yuan
regionais na China. Jinan DO SUL
Xining Luoyang Tsingtao
Lanzhou
Baoji Sian Chengzhou
Suzhou
Nanyang Nanquim
Xangai OCEANO
Chengdou Hangzhou Ningbo PACÍFICO
Lhasa Wuhan
NEPAL Chungking Wenzhou
Tró
p ico Nanchang
de BUTÃO Fuzhou
Cân
cer Hengyangsha
TAIWAN
Kunming Cantão
ÍNDIA
BANGLADESH Hong Kong
Macau N

VIETNÃ
MIANMAR 0 485
Golfo de
LAOS Haikou
Bengala FILIPINAS km

Assim, um dos mais sérios problemas chineses – a questão do crescimento populacional – pa-
rece estar já resolvido. O crescimento demográfico do país era acelerado. Com a redução das taxas
de mortalidade de 20‰, na década de 1940, para 6,5‰ na década de 1980, a população da China
dobrou em 35 anos.
Um rigoroso controle de natalidade surtiu efeito. De acordo com esse controle, as famílias
devem ter apenas um filho ou, no máximo, dois. Para se ter legalmente o segundo filho, é necessário
uma autorização especial do governo, que não a concede para as famílias mais pobres. Sem essa
autorização, há aplicação de penalidades rígidas ao casal que tiver um filho a mais.
Esse controle gerou e continua gerando um enorme número de abortos, principalmente quan-
do os pais descobrem, com exames pré-natais, que o feto é do sexo feminino. Há um grande número
de abandono de meninas, pois as famílias chinesas preferem ter um filho homem, que, teoricamente,
vai lhes garantir o sustento no futuro.
Por esse motivo, a desproporção entre pessoas dos dois gêneros se ampliou na China, onde há
mais homens do que mulheres.

34 As potências asiáticas
MEIO FÍSICO E SUA OCUPAÇÃO
A China possui o terceiro maior território do mundo, inferior apenas ao russo e ao canadense, a
maior linha de fronteira terrestre do mundo, com mais de 22 mil quilômetros de extensão e fazendo
divisa com 14 países, e uma grande variedade de paisagens naturais.
O relevo costuma ser dividido em três porções principais: o imenso maciço montanhoso do
Tibete e arredores, na parte sudoeste do país, nas fronteiras com Índia, Nepal, Butão e Mianmar; os
planaltos e as depressões em semicírculo ao redor desse maciço montanhoso, tanto na parte norte
como no sul do país; e as colinas e planícies aluviais e/ou marítimas, principalmente na parte leste,
nas proximidades com o mar do Japão e os mares da China oriental e da China meridional.

China: mapa físico

Altitudes Ventos frios e


(em metros) secos de inverno
4 800 Ventos quentes e
3 000 úmidos de verão Ri
o Am
1 800 Mo ur
1 200 nt
es
600 Al
tai

ai
gp
300

an
150
DEPRESSÃO

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DE JUNGGAR

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Picos

FONTE: Disponível em: <www.china-mike.com/wp-content/uploads/2011/01/


Wutai
3 058 m

physical-map-china-elevation.gif>. Acesso em: 24 fev. 2013. Adaptado.


Rio Ho
Godwin Austen (K2)
8 611 m
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Montanhas do Tibete PLANALTO ya
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Montes Tanggula
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Planaltos e depressões
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Rio Brahmaputra -Tsé-Kia Montes Dabie


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Trópico de Câncer te
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pico
d e Cân N
N
I. Hong Kong
cer

0 980 Mar da
Golfo de 0 335
I. Hainan China
km Bengala
km Meridional

A maioria da população chinesa concentra-se nessa área de planícies tanto no sul como, principal-
mente, no leste do território. Também os rios, que possuem enorme potencial hidrelétrico intensamente
explorado com a construção de gigantescas usinas, influem no povoamento. Pequim, por exemplo, é ba-
nhada pelo rio Amarelo (Hoang-Ho), e Nanquim e Xangai ficam, relativamente, próximas do delta do rio
Azul (Yang-Tse Kiang); Hong Kong e Macau, cidades vizinhas, ficam em lados opostos do delta do rio Sikiang.
Os climas variam do norte para o sul e de leste para oeste. No norte, predominam climas tempe-
rados mais frios, com invernos bem severos. Já no sul do país predominam os climas subtropicais, mais
chuvoso a leste e mais seco a oeste. No centro do território, há o clima temperado típico. Na parte oeste
GEOGRAFIA

do país, muito pouco povoada, existe um imenso deserto, o de Gobi, com cerca de 1,3 milhão de km2.
Por sinal, existe uma contínua expansão das áreas desérticas na China, devido às secas prolongadas e às
fortes tempestades de areia que vão ganhando terreno em razão, também, de práticas agrícolas inade-
quadas nas bordas do deserto. Desde 1970, existe a plantação de árvores para a contenção dessas bordas.
A luta contra um meio hostil – com baixos índices de chuva em boa parte do território – levou
os antigos chineses a construírem a maior rede de canais de irrigação da História. A China possui um
sistema de diques e canais que irriga enormes áreas.

As potências asiáticas 35
HU HONG KUN/XINHUA PRESS/CORBIS/LATINSTOCK
Agricultores plantando arroz na China,
em 2011. Apesar da grande industrialização e crescente urbanização, a população ainda é predominan-
temente rural: 55% do total em 2010, contra 70% em 1990. Como a população do país é imensa,
mesmo esses 45% que vivem no meio urbano provocam o surgimento de grandes cidades. Existem
na China, segundo dados de 2010, vinte e quatro aglomerados urbanos com mais de 3 milhões de
habitantes, sendo que cinco deles têm mais de 10 milhões.
Os maiores aglomerados urbanos são Xangai e Pequim, vindo a seguir Tianjin (11 milhões),
Guangzhou (11 milhões) e Shenzhen (10,4 milhões). Xangai, com mais de 17 milhões de habi-
tantes na região metropolitana, é a cidade mais importante do país, por causa de suas atividades
industriais, financeiras e comerciais. Pequim – a capital – tem cerca de 12 milhões de moradores
em sua região metropolitana. Ao sul do país, ao redor do curso inferior, principalmente do delta
do rio Sikiang, nos últimos anos se formou aquela que já é a segunda maior região superurbaniza-
da – ou megalópole – do mundo, atrás apenas da japonesa: uma região com cidades interligadas
(inclusive com trens e, às vezes, linhas de metrô) que abriga por volta de 60 milhões de pessoas e
inclui as cidades de Hong Kong, Macau, Cantão, Guanzhou, Wuzhou, Foshan, Shantou e outras.
PAOLO COSTA/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
XU XIAOLIN/CORBIS/LATINSTOCK

Vista de Pequim, China, em 2014. Vista de Xangai, China, em 2013.

A distribuição da população pelo território está muito relacionada não apenas ao meio físico,
mas principalmente às atividades econômicas. A parte leste, banhada pelo oceano Pacífico, com
as terras mais férteis e maior produção agrícola, há séculos ou milênios concentra a maior parte da
população; já a parte oeste, desértica, possui baixa densidade demográfica. Esse fato está se acen-
tuando desde os anos 1980 com o maior desenvolvimento econômico, principalmente industrial,
do leste e do sul da China, das faixas litorâneas que crescem e atraem grande quantidade de mão
de obra do interior.

36 As potências asiáticas
China: população

RÚSSIA

CASAQUISTÃO
23

MONGÓLIA

22
Mar do Leste
(Mar do Japão)
65 21 COREIA

<www.china-food-security.org/data/maps/pop/pop_1_h.htm>. Acesso em: 6 ago. 2015.


15 DO

FONTE: Instituto Internacional para Análises de Sistemas Aplicados. Disponível em:


NORTE JAPÃO
11
12
COREIA
13
DO SUL
14
62
63 37 OCEANO
64 PACÍFICO

61 41 32
54
31
ÍNDIA 34 11 Pequim 42 Hubei
42 12 Tianjin 43 Hunan
51 13 Hebei 44 Guangdong
NEPAL 33 14 Shanxi 45 Guangxi
55
Tró
pico 15 Mongólia interior 46 Hainan
de C 43 36 21 Liaoning 51 Sichuan
ânce
r 52 22 Jilin 52 Guizhou
35 23 Heilonjiang 53 Yunnan
População por km2 70 31 Xangai 54 Xizang
44 32 Jaingsu 55 Chengquing
800 ou mais
53 45 33 Zhejiang 61 Saanxi
400-800 34 Anhui 62 Gansu
200-400 VIETNÃ N 35 Fujan 63 Quinghai
MIANMAR
50-200 Golfo de 36 Jiangxi 64 Ningxia
Bengala LAOS 0 355 37 Shandong 65 Xinjiang
Menos de 50 46
km
41 Henan 70 Taiwan

PARA CONSTRUIR

1 (PUC-RJ) O crescimento da população mundial vem sendo, Reportagem 2


m
Ene-2
há muito tempo, objeto de preocupação de especialistas. O governo de Xangai, China, está orientando casais
C 8
H- formados por homens e mulheres que são filhos únicos a
Leia atentamente as reportagens e observe o gráfico a seguir.
terem dois filhos [...] É a primeira vez em décadas que
Reportagem 1 autoridades estimulam o nascimento de bebês, desde que
A primeira coisa que Shi Youxun, cinco anos, faz ao a política do filho único foi implantada, no fim dos anos
chegar em casa do jardim de infância é ligar o computador 1970 [...] Dados divulgados pela agência estatal [...] indi-
[...] Ele escolhe entre dezenas de programas que o ensinam cam que as famílias com apenas um filho representam
sobre ciência, testam seus conhecimentos de matemática 97% do total da cidade de 19 milhões de habitantes.
Jornal do Brasil, 24 jul. 2009.
[...] “Nós queremos que ele aprenda duas ou três línguas
e, no futuro, iniciaremos o menino na música e na arte.”, China: taxa média de crescimento demográfico (%)
revela seu avô [...] com quem o menino fica para que os 3
2,5
pais possam trabalhar. Com seus quatro avós e dois pais
GEOGRAFIA
2
para cuidar dele [...] Shi Youxun é o membro do que ficou
1,5
conhecido como família “uma boca, seis-bolsos”, um re- 1
sultado da política do filho único iniciada 24 anos atrás. 0,5
O primeiro grupo de filhos únicos, especialmente os me- 0
ninos, ficou conhecido como “pequenos imperadores” por 60 65 70 75 80 85 90 95 00 05 10
-19 0-19 5-19 0-19 5-19 0-19 5-19 0-19 5-20 0-20 5-20
causa da atenção e dos luxos despejados sobre ele. 55 6 6 7 7 8 8 9 9 0 0
19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20
China Daily, 5 nov. 2003. Disponível em: <http://esa.un.org/unup>.

As potências asiáticas 37
Contando atualmente com cerca de 1,3 bilhão de habitantes, b) Apresente duas preocupações econômicas do governo
a China se revela como um interessante exemplo das ten- chinês para a mudança na política populacional apresen-
dências demográficas mundiais. tada na reportagem 2.
a) Com referência à reportagem 1 e aos dados apresentados A redução das taxas de crescimento populacional chinês reporta
no gráfico, justifique a adoção da política do filho único, para uma tendência mundial, a transição demográfica quando o
na China, no fim da década de 1970. país aumenta seus adultos e idosos. A retomada de dois filhos
Em 1978, o governo chinês colocou em prática uma política de por casal indica um planejamento estratégico para a manuten-
controle de natalidade denominada política do filho único, com ção de estoques populacionais suficientes para atender possí-
o objetivo principal de controlar as taxas de crescimento popula- veis demandas estratégicas do país, como prováveis problemas
cional, como forma de diminuir gastos públicos com saúde, de escassez de mão de obra.
educação, transportes e serviços básicos.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 Para aprimorar: 1 e 2

MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA
A economia chinesa já é a mais industrializada do mundo, tendo ocorrido desde os anos 1980
uma industrialização acelerada que ainda está em curso. O setor que mais cresce é o industrial,
que representava cerca de 30% do PIB do país até os anos 1970 e hoje representa 47%. Grande
parte da industrialização chinesa foi feita pela vinda de empresas estrangeiras em busca de mão de
obra e impostos baratos. Os investimentos do poder público em infraestrutura (rodovias, ferrovias,
portos e aeroportos, eletrificação, expansão das redes de telefonia, etc.) e na qualificação da força
de trabalho (educação) contribuíram muito para a vinda de fábricas ao país.
Mais de 70% da força de trabalho chinesa estava empregada na agricultura até os anos 1970;
em 2010, a proporção já tinha declinado para 39%. Em contrapartida, o setor secundário ou in-
dustrial já ocupava 28% da força de trabalho em 2010; devido à urbanização e à modernização, o
setor terciário vem empregando uma proporção crescente de pessoas: 12% nos anos 1970 e 33%
em 2010.
Mas, por causa do seu imenso território e da enorme população que precisa ser alimentada,
o setor primário ainda é importantíssimo para o país. A China se destaca na pecuária, principal-
mente de aves e suínos (é o principal produtor do mundo e o item é base alimentar do país). Na
agricultura, os principais produtos cultivados são: arroz, milho, trigo, algodão, batata, soja, chá,
sorgo, tabaco e cana-de-açúcar. Em face de sua imensa população, a China é o maior consumidor
mundial de produtos agrícolas e um grande importador de soja, carnes, café, açúcar, milho, etc.
É o quinto maior produtor mundial de petróleo, mas devido ao seu elevado consumo é, atual-
mente, o maior importador, tendo suplantado os Estados Unidos. O país possui grandes reservas
de carvão mineral, mercúrio, ferro, tungstênio, manganês, urânio e zinco. A China importa petróleo
principalmente do Oriente Médio (já é o maior comprador da região) e da Rússia, sendo que há
um imenso oleoduto ligando áreas produtoras deste país até o território chinês.
A industrialização cresceu pouco entre 1949 e 1975, quando o governo adotou uma econo-
mia planificada e passou a implantar pequenos núcleos industriais em vários pontos da China.
A verdadeira industrialização (e modernização) do país ocorreu somente a partir do fim dos anos
1970, quando a China deixou de lado a planificação da economia e se abriu para o capitalismo.
A insuficiência dos meios de transporte dificultou a difusão da atividade industrial pelo ter-
ritório chinês. Apesar de as ferrovias terem sido ampliadas de 20 mil quilômetros, em 1950, para
mais de 90 mil quilômetros, em 2010 (dos quais quase 2 mil quilômetros já são de trens de alta
velocidade), ainda são insuficientes para as necessidades de transporte de cargas do imenso país. A
navegação fluvial também é importante para a China, apesar dos problemas periódicos causados
pelo congelamento de alguns rios em determinadas épocas do ano e pelas catastróficas enchentes
em outras. As rodovias vêm se expandindo, o que também amplia a sua indústria automobilís-
tica e o uso de automóveis, caminhões e ônibus como meios de transporte. Em 2010, o país já

38 As potências asiáticas
tinha cerca de 3,8 milhões de quilômetros de rodovias, sendo que 53% desse total eram pavimen-
tadas. Nas cidades chinesas, ainda é enorme o número de bicicletas, mas o uso de automóveis se
expandiu, acarretando frequentes congestionamentos nas metrópoles. Quinze cidades chinesas já
tinham linhas de metrô em 2010, e em outras dezesseis elas estavam sendo construídas ou plane-
jadas. As maiores linhas de metrô nesse ano eram as de Xangai (432 quilômetros de extensão) e de
Pequim (366 quilômetros). A título de comparação, podemos lembrar que a maior linha de metrô
do Brasil, da cidade de São Paulo, que começou a ser construída muito antes das chinesas, tinha, em
2010, apenas 155 quilômetros.

China: fontes de energia e indústria

RÚSSIA
Daking

CASAQUISTÃO
Harbin
DZUNGARIA Ú RIA
NCH
MONGÓLIA MA

FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006.
Fushun
Shenyang
Urumchi Benxi
QUIRGUÍZIA
COREIA
Pequim
DO NORTE Energia
Baotou Luda Jazida de carvão
Tientsin COREIA Petróleo
Taiyuan
TSALDAM DO SUL Oleoduto

Ri o H u a Jinan Tsingtao Minérios

o)
Lanzhou ar Manganês,

el
ang-Tsé g-Ho (Am tungstênio,
Rio Y
n

-Ki
an antimônio,
g Chengzhou
(A estanho,
zu Sian
l) Nanquim chumbo,
SICHUAN -Tsé-Kiang (A z u l ) Xangai bauxita,
TIBE ng
TE Ya Wuhan cobre,
NE Lhasa
o

mercúrio,
Ri

N
PA zinco
L Chengdou
0 310 Ferro
Chungking
km Changsha U Urânio
Etapas de industrialização U
C âncer
Regiões e cidades industriais anteriores a 1949 U TAIWAN Trópico de
Kunming Cantão
Shantou
Regiões e cidades industriais criadas durante
o 1o plano quinquenal (1953-1957) U Hong Kong
Indústrias criadas a partir do 2o plano quinquenal Macau
VIETNÃ OCEANO
Novas regiões industriais formadas nas décadas PACÍFICO
de 1980 e 1990, a partir da abertura para o
capitalismo LAOS Ilha Hainan

PARA CONSTRUIR

2 Observe a tabela a seguir e, depois, responda às questões.


PIB em 2010 (em bilhões de dólares) 5 926
Alguns dados sobre a China
Renda per capita em 1978 (em dólares) 230
GEOGRAFIA

Área (km )
2
9 571 300
Renda per capita em 2010 (em dólares) 4 428
População em 1978 (em milhões) 952,2
Valor total das exportações em 1978 (em bilhões de dólares) 10,3
População em 2010 (em milhões) 1 347,3
Valor total das exportações em 2010 (em bilhões de dólares) 1 898,0
PIB em 1978 (em bilhões de dólares) 219 FONTE: WORLD BANK, World Development Report,
1980 e 2010; CIA, The World Factbook, 2012.

As potências asiáticas 39
a) O que mais chama a atenção nas mudanças ocorridas na c) A rápida expansão econômica da China começou de den-
China nos 32 anos abordados: o aumento populacional tro, do mercado interno, ou de fora, integrando-se mais
ou o crescimento econômico? Por quê? no mercado internacional? Explique.
Sem dúvida, o crescimento econômico do país, que aumentou Até o fim do século passado, a China tinha uma economia
muito por causa da economia de mercado na China, que tem planificada centralizada, o que dificultava a abertura para o
um setor privado em rápido crescimento e que desempenha um mercado global. Em meados de 1970, a economia se abriu para
papel fundamental na economia global. o exterior e se expandiu, crescendo cada vez mais, com um PIB
já próximo aos 6 trilhões de dólares, o segundo do mundo.
A tabela mostra bem que o crescimento da economia está
b) Houve aumento na renda per capita da China nesse período? relacionado ao aumento nas exportações.
Sim. O crescimento econômico diminuiu a pobreza no país e
abriu as portas para a expansão econômica.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 2 Para aprimorar: 3 a 5

AS ETNIAS CHINESAS


Até hoje a China enfrenta problemas de diferenças étnicas. Em suas províncias, vivem povos que
há milênios são adversários. Na principal região do país – as planícies orientais –, vive o povo chinês
(ou han), que abrange cerca de 92% da população total. Esse povo possui uma língua comum, que, no
entanto, apresenta diferenças regionais de fala. A etnia han é a única que se considera verdadeiramente
chinesa (nem existe a palavra chinês no seu idioma principal, o mandarim, apenas a palavra han). As
demais são vistas por ela como não chinesas e, às vezes, até mesmo como empecilhos ao nacionalismo
han. Essa população, em geral, é budista, confucionista e taoista. O confucionismo e o taoismo são
considerados religiões e ao mesmo tempo são filosofias com ensinamentos morais; eles não se preo-
cupam com a hipotética vida após a morte e sim com a vida aqui na Terra, com as regras para se viver
em sociedade. E o budismo veio complementar essas filosofias, uma vez que oferece uma possibilidade
de vida após a morte, algo que agradou muito aos chineses que, conforme afirmam, praticam o confu-
cionismo e o taoismo, mas torcem para que o budismo esteja certo na existência de vidas posteriores.
Nas demais províncias vive a maioria dos outros povos, que perfazem no total cerca de 55 grupos
étnicos. Os principais são: manchus, mongóis, tibetanos, turcomanos ou de origem e idioma turcos
(quirguizes, huis, uigures e cazaques), tais e coreanos. As minorias étnicas falam idiomas diferentes do
chinês. É preciso lembrar que, por causa da enorme população do país, quando se fala em minoria na
China pode-se ter um grupo expressivo, com milhões de pessoas. Os turcomanos, por exemplo, que
vêm se expandindo na parte noroeste do país, já somam cerca de 30 milhões de pessoas.
GLOSSÁRIO

Budista: Outra ideia é de várias vidas do Taoista:


relativo ao budismo, doutrina karma (a “alma”) de uma pessoa, relativo ao taoismo, doutrina fun-
ou religião criada na Índia por até que ela finalmente atinja o seu dada por Lao-tse no século V a.C.
Siddhartha Gautama, o Buda, no nirvana. que enfatiza a palavra tao, que
século VI a.C. Da Índia, o budismo Confucionista: significa “o caminho ou processo
do Universo, a ordem da nature-
se espalhou por vários países, in- relativo ao confucionismo, doutri-
za”. O mundo é visto como um
clusive pela China, onde adquiriu na criada por Confúcio, no sécu-
processo dinâmico e cíclico, com
outros significados, sendo prati- lo V a.C., que prega uma série de oposições entre lados contrários
cado de maneira diferente. Uma regras ou virtudes para as pessoas que se complementam: o yin e o
ideia fundamental do budismo é que valorizam bastante a expe- yang, ou seja, o feminino e o mas-
o “despertar” ou nirvana, o fim do riência (e os mais idosos), a edu- culino, o complexo e o simples, o
ciclo de sofrimento de um ser ou cação (a aprendizagem) e a comu- receptivo e o expansivo, o repou-
karma. nidade, especialmente o Estado. so e o movimento, etc.

40 As potências asiáticas
China: principais grupos étnicos

RÚSSIA

CASAQUISTÃO

FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006.
MONGÓLIA

COREIA DO
NORTE

COREIA
DO SUL
PAQUISTÃO

CHINA

OCEANO
PACÍFICO
NE
PA
L
ÍNDIA
BUTÃO
Han
r
Cânce
Mongóis TAIWAN Trópico de
Tibetanos
BANGLADESH
Turcos
Minorias étnicas
(tais, montanheses e outros) N
VIETNÃ
Coreanos MIANMAR
0 315
Zhuang LAOS
km

PARA CONSTRUIR

3 O Tibete é um território situado em região montanhosa, a sudoeste da China, que foi ocupado por este país em 1959. Durante os
m
Ene-3
Jogos Olímpicos, realizados em Pequim em 2008, ocorreram manifestações a favor da independência do Tibete, que possui um
C 5
H-1 povo com idioma e cultura diferentes dos chineses. Uma característica essencial da cultura tibetana é a religião budista lamalista,
chefiada por Dalai Lama, líder espiritual (e político até 1959) dessa nação. Leia um trecho de uma entrevista com ele:
Pergunta: A independência é um objetivo realista para o Tibete?
Dalai Lama: O atual Tibete, com sua incomparável herança cultural estreitamente associada à espiritualidade budis-
ta, está enfrentando a ameaça de extinção. Intencionalmente ou não, algum tipo de genocídio cultural está acontecendo
[isto é, um etnocídio]. O tempo está se esgotando. Acredito que minha responsabilidade seja salvar o raro patrimônio
cultural do Tibete. A melhor maneira de salvar esta nação e seu patrimônio é através do diálogo com o governo chinês.
Assim, o que eu peço é uma genuína autonomia, não a independência. É certo que historicamente o Tibete foi uma nação
independente. No entanto, o mundo está sempre mudando e hoje o Tibete é um país circunscrito e materialmente atra-
GEOGRAFIA

sado. Assim, para desenvolver o Tibete materialmente, seria mais vantajoso que nos uníssemos a um país maior.
P: Se a independência não é uma solução prática hoje, qual é a melhor alternativa para o povo do Tibete?
DL: Acredito que seja uma verdadeira autonomia. No campo educacional, precisamos trabalhar pela preservação da
cultura tibetana. No campo econômico, precisamos desenvolver a indústria, utilizando o vasto manancial mineral do Tibe-
te. É essencial que os tibetanos tenham completa responsabilidade, que tomem conta do meio ambiente, conservando as
reservas e cuidando dos interesses dos trabalhadores tibetanos, nômades e agricultores. Os chineses mostram uma preocu-
pação constante em tirar proveito o mais rápido possível, sem se importarem com os efeitos sobre o meio ambiente.

As potências asiáticas 41
Infelizmente, eles apenas têm a intenção de fazer dinheiro rapidamente, sem levar em conta se aquela indústria beneficia
ou não os tibetanos da região. Portanto, é importante que a responsabilidade pelo desenvolvimento do Tibete seja condu-
zida pelos próprios tibetanos. É preciso que haja verdadeira autonomia para a proteção do meio ambiente, da economia e
da cultura tibetana. Em outros setores, como relações exteriores e defesa, talvez não possamos enfrentar toda responsabi-
lidade. O budismo tornou-se tão central para os tibetanos que nos últimos dois séculos nós tivemos uma espécie de des-
militarização geral. Não vimos nos preocupando com guerras e não mantivemos defesas efetivas em nossas fronteiras. Na
prática, portanto, é mais fácil que deixemos o governo chinês assumir tais responsabilidades. Assim, esta é minha principal
proposta. Acho que é muito prática e realista e abrange as coisas básicas que consideramos importantes.
Disponível em: <www.dalailama.org.br/ensinamentos/
expansionismo.php>. Acesso em: 7 ago. 2012.
a) O que significa genocídio cultural ou etnocídio? Como isso está ocorrendo no Tibete?
Etnocídio é uma forma de genocídio (matança), porém, não físico, e sim cultural. É o extermínio progressivo da cultura de
um povo. Isso vem ocorrendo com o domínio político e cultural da China sobre o Tibete, que vai minando os valores culturais
seculares do povo tibetano.

b) Qual é a proposta do Dalai Lama para o Tibete?


Uma autonomia dentro da China. Ele não fala mais em independência porque percebeu que isso é inviável nos dias de hoje, tal o
poderio da China. Ele então apregoa uma relativa autonomia, mesmo com o Tibete fazendo parte do Estado chinês.

c) Qual é sua opinião sobre o Tibete?


Resposta pessoal.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 6

AUMENTO DAS DISPARIDADES E DOS IMPACTOS


AMBIENTAIS
O intenso crescimento econômico chinês, apesar de ter contribuído para uma sensível queda
na pobreza e na fome no país, ocasionou o aumento das desigualdades sociais e territoriais. Os mais
ricos ficaram mais ricos e os mais pobres – mesmo tendo melhores condições de vida pelo enorme
aumento da renda média e pelos investimentos em educação, saúde, eletrificação, etc. – ficaram,
proporcionalmente, mais pobres.

China: distribuição social da renda

Participação dos 10% mais ricos na renda nacional em 1990 24,5%


Participação dos 10% mais ricos na renda nacional em 2010 32,0%
Participação dos 60% mais pobres na renda nacional em 1990 33,8%
Participação dos 60% mais pobres na renda nacional em 2010 29,8%

FONTE: Elaborado com dados do WORLD BANK, World Development Indicators, 1994 e 2012.

42 As potências asiáticas
Também os desequilíbrios regionais se acentuaram no país. O intenso crescimento econômico
não foi generalizado por todo o território. Ele se concentra nas partes sudeste e leste do país, a porção
litorânea. É ali que existem as ZPEs (Zonas de Proteção às Exportações), áreas com economias de
mercado ou capitalistas e que efetivamente vêm crescendo graças a grandes investimentos de capi-
tais estrangeiros (norte-americano, japonês, europeu e árabe) e incentivos às exportações. São regiões
em que os salários e as condições de vida são melhores que no restante do país, apesar de baixos em
termos internacionais, o que atrai grande número de chineses das demais áreas. As regiões na parte
central e oeste da China permanecem semiestagnadas, com economias socialistas e agrícolas sem
grande abertura para o mercado. A disparidade entre as duas Chinas, a pobre a oeste e no centro, e
a rica a leste, aumenta a cada ano.
As migrações do interior da China para as zonas litorâneas mais ricas têm sido, em parte, con-
troladas pelo governo do país, que procura evitar as imensas aglomerações urbanas e seus problemas
(inclusive sindicatos e movimentos sociais, que poderiam questionar o regime). É comum a presença
de soldados vigiando as estradas que levam às regiões litorâneas. O governo socialista chinês expe-
rimenta a abertura econômica para o capitalismo, mas procura limitar o processo a uma parte do
país, tentando realizar uma transição controlada e sem conflitos.
O meio ambiente vem sendo constantemente degradado com a acelerada industrialização. A
poluição do ar tornou-se imensa nas metrópoles – mais de 75% da oferta energética do país vem de
usinas termelétricas movidas a carvão (fonte de energia altamente poluente) e a multiplicação de
veículos contribuiu para o aumento da poluição, elevando a China ao patamar de maior emissor de
gases do efeito estufa na atmosfera.

China: desigualdades regionais

Área com renda per capita superior a 9 mil dólares em 2010


Área com renda per capita entre 6 500 e 9 mil dólares
Área com renda per capita entre 4 mil e 6 500 dólares

FONTE: ZHANG, Qinghua; ZOU, Heng-fu. Regional Inequality in Contemporary China. Peking University Press, 2011. Adaptado.
Área com renda per capita inferior 4 mil dólares

CASAQUISTÃO

MONGÓLIA
COREIA
DO NORTE

COREIA
DO SUL

Mar
Amarelo

GEOGRAFIA
NEPAL
ÍNDIA BUTÃO
TAIWAN
r
de Cânce
Trópico
Mar da
China
VIETNÃ Meridional N
MIANMAR
Golfo de LAOS 0 380
Bengala km

As potências asiáticas 43
GILLES SABRIE/THE NEW YORK TIMES/LATINSTOCK
Pedestre usando máscara contra a
poluição do ar em Pequim, em 2012.
Outro impacto ambiental negativo desse crescimento econômico é a poluição e a escassez da
água potável. Estudos de 2012 concluíram que por volta de 40% dos rios chineses, que servem para
abastecer as cidades, estão seriamente poluídos. Existe ainda o avanço da desertificação, que aumenta
em cerca de 2 mil quilômetros quadrados a cada ano.
Por fim, existe a perda de biodiversidade com a construção de gigantescas hidrelétricas, estradas
e novas cidades, ou expansão das antigas, que destroem ecossistemas e provocam a progressiva extin-
ção de várias espécies de seres vivos, como a tartaruga yunnan, considerada uma iguaria na culinária
chinesa, ou os pandas, que hoje são encontrados apenas em áreas protegidas.

PARA CONSTRUIR

4 (Uerj) Em razão de seu destaque em termos de crescimento econômico nas últimas décadas, cogita-se a possibilidade de a China
m
Ene-6
se tornar uma nova potência mundial, vindo a ocupar a atual posição dos Estados Unidos. Contudo, esse crescimento agravou
C 8
H-2 desigualdades e problemas que podem dificultar a trajetória do gigante asiático.
Identifique duas importantes desigualdades espaciais na distribuição da riqueza na China e dois problemas ambientais, em esca-
la nacional, que precisam ser resolvidos para que o seu futuro desempenho não se comprometa.
As desigualdades espaciais são: áreas urbanas muito mais ricas do que as áreas rurais; nível de renda e desempenho econômico bastante
elevados na porção leste do país (litoral) em relação à porção oeste (interior); Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) e cidades e áreas cujas
economias estão liberadas aos investimentos estrangeiros há vários anos, com índice de riqueza bem superior ao das demais áreas urbanas. Os
problemas ambientais são: avanço da desertificação, poluição dos rios por efluentes industriais, desflorestamento pela necessidade de
biomassa, poluição do ar nas áreas urbanas originando as chuvas ácidas, déficit hídrico em muitas regiões da China, seja pelo clima seco, seja
pela grande densidade populacional, alagamento de grandes áreas para construção de hidrelétricas, como a de Três Gargantas, erosão e
esgotamento dos solos em função da utilização muito antiga e intensiva para a agricultura, esgotamento das fontes de energia do país frente à
crescente demanda provocada pelo crescimento econômico chinês e esgotamento das matérias-primas do país frente à crescente demanda
provocada pelo crescimento econômico chinês.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 Para aprimorar: 7 e 8

44 As potências asiáticas
Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR

1 O rigoroso controle de natalidade chinês suscita controvérsias. Explique como funciona e dê a sua opinião sobre ele.

2 Por que a economia chinesa passou a crescer em um ritmo acelerado a partir dos anos 1980?

3 A recente expansão econômica chinesa tem beneficiado todas as regiões do país e toda a população? Justifique.

4 Leia o texto a seguir e responda às questões propostas:


m
Ene-6 Impulsionada por anos de crescimento econômico acelerado, a China é agora o maior consumidor de energia do mun-
C 8
H-2 do, removendo os Estados Unidos do posto que ocupou por mais de um século. As informações são da Agência Internacio-
nal de Energia (IEA, na sigla em inglês). A agência, sediada em Paris, afirmou que a China devorou um total de 2 252 milhões
de toneladas equivalentes de petróleo no ano passado [2009], ou cerca de 4% a mais que os EUA, que queimou 2 170 mi-
lhões de toneladas de óleo equivalente.
A métrica de petróleo equivalente representa todas as formas de consumo de energia, incluindo petróleo bruto, energia
nuclear, carvão, gás natural, e de fontes renováveis, como a energia hidráulica e outras. Para se ter uma ideia da rapidez com
que o país asiático superou a maior potência econômica mundial em demanda energética, o consumo total na China era
apenas metade do americano há 10 anos.
A procura voraz da China por energia ajuda a explicar por que o país que recebe a maior parte de sua eletricidade a partir
do carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, também passou os EUA como maior emissor mundial de dióxido de
carbono e outros gases do efeito estufa.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/
meio-ambiente-e-energia/noticias/the-wall-street-journal-china-
ultrapassa-eua-consumo-energia-579642>. Acesso em: ago. 2012.
a) Explique as causas do alto consumo de energia pelos chineses.
b) Esse imenso consumo de energia, especialmente oriunda do carvão mineral, acarreta prejuízos ao meio ambiente? Justifique
sua resposta.

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (Fuvest-SP) Considere as afirmativas, o mapa, o gráfico e a imagem das casas semissoterradas, na China, para responder à questão.
m
Ene-2
IMAGO SPORTFOTO/KEYSTONE BRASIL

C 6
H-

m
Ene-6 Tempestades de areia
C 6
H-2
Visibilidade
> 10 km Áreas não
1-10 km afetadas
0,5-1 km Linha do
litoral
< 0,5 km
MONGÓLIA

Precipitação atmosférica na
FONTE: Science & Vie. Climat 2009.

região de Pequim
Média nos períodos (mm)

Deserto de Gobi
500
GEOGRAFIA
480
Pequim
460 CHINA
440 OCEANO
N PACÍFICO
420
0 220
400
km
7 2 91 08
-19 -19 -20
70 81 99
19 19 19

As potências asiáticas 45
I. Tempestades de areia que têm atingido Pequim nos últimos anos relacionam-se a ventos que sopram do deserto de Gobi em
direção a essa cidade.
II. A baixa pressão atmosférica predominante sobre o deserto de Gobi é responsável pela formação de ventos fortes nessa região.
III. A diminuição de índices de precipitação atmosférica na região de Pequim e o avanço de terras cobertas por areia são indícios
de um processo de desertificação.
IV. A grande região desértica asiática, da qual faz parte o deserto de Gobi, liga-se à macrorregião formada pelos desertos do Saara
e da Arábia.
Está correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

2 (Cefet-RJ) A China apresenta uma população em torno de 1,35 bilhão de habitantes, segundo último censo. No mes-
mo levantamento, foi constatado que houve um aumento do número de idosos e a redução da quantidade de mulheres.
Em relação às mudanças da população chinesa, é correto afirmar que:
a) O acelerado crescimento vegetativo resulta de uma estratégia do governo para manter a evolução econômica através da dis-
ponibilidade de uma mão de obra barata.
b) O número de mulheres sofreu diminuição devido ao aborto induzido de meninas, o que está relacionado à questão cultural, já
que são os filhos homens responsáveis pelos pais na velhice.
c) O envelhecimento populacional da China é preocupante, o que tem levado o governo a criar medidas para promover a reno-
vação da população adulta, como o incentivo à imigração.
d) O predomínio da população rural explica o maior percentual de homens na estrutura populacional, já que as atividades econô-
micas do setor são consideradas como as mais pesadas.
3 (Enem)
Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar investimentos nos países africanos. Outro ponto interessante
é a venda e compra de grandes somas de áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países instáveis e com governos
ainda não consolidados, teme-se que algumas nações da África tornem-se literalmente protetorados.
BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África: neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global?
Disponível em: <http://opiniaoenoticia.com.br>. Acesso em: 29 abr. 2010. Adaptado.
A presença econômica da China em vastas áreas do globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto, como é possível carac-
terizar a relação econômica da China com o continente africano?
a) Pela presença de órgãos econômicos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que res-
tringem os investimentos chineses, uma vez que estes não se preocupam com a preservação do meio ambiente.
b) Pela ação de ONGs (Organizações Não Governamentais) que limitam os investimentos estatais chineses, uma vez que estes se
mostram desinteressados em relação aos problemas sociais africanos.
c) Pela aliança com os capitais e investimentos diretos realizados pelos países ocidentais, promovendo o crescimento econômico
de algumas regiões desse continente.
d) Pela presença cada vez maior de investimentos diretos, o que pode representar uma ameaça à soberania dos países africanos
ou manipulação das ações destes governos em favor dos grandes projetos.
e) Pela presença de um número cada vez maior de diplomatas, o que pode levar à formação de um Mercado Comum Sino-
-Africano, ameaçando os interesses ocidentais.
4 (UPE) A China é um país comandado por um partido único, o Partido Comunista, porém vem assumindo um perfil de desenvolvi-
m mento típico de sistema capitalista e desempenhando um estratégico papel na economia mundial. Com relação a esse assunto,
Ene-2
C 8
H- analise as proposições a seguir:
1. Nas últimas décadas, o conjunto de reformas desencadeadas na China transformou esse país numa das grandes potências
mundiais com um modelo de crescimento que executa políticas estratégicas nacionais de industrialização ajustadas ao movi-
mento de expansão da economia global.
2. As Zonas de Proteção às Exportações, áreas com economia mais voltada para o socialismo, ainda são áreas de pouco desenvol-
vimento na China. São regiões agrícolas localizadas na porção Nordeste e habitadas por população de maioria tibetana.
3. O estabelecimento de Zonas Econômicas Especiais na China, inicialmente nas zonas litorâneas, permitiu a abertura para os in-
vestimentos de capitais estrangeiros, elevando a produção global desse país mediante uma política efetiva de incentivos fiscais.
4. As migrações em massa de camponeses das zonas litorâneas, na porção leste, para os centros urbanos do interior da China, onde se
concentram as indústrias têxtil, de calçados e de brinquedos, revelam as disparidades sociais e regionais ainda presentes nesse país.

46 As potências asiáticas
Estão corretas:
a) 1 e 2.
b) 3 e 4.
c) 1 e 3.
d) 2 e 4.
e) 1, 2, 3 e 4.

5 (Unicamp-SP)
Graças ao tamanho continental e à imensa população do país, as políticas implementadas pelo governo permitiram à
China combinar as vantagens da industrialização voltada para a exportação, induzida em grande parte pelo investimento
estrangeiro, com as vantagens de uma economia nacional centrada em si mesma e protegida informalmente pelo idioma,
pelos costumes, pelas instituições e pelas redes, aos quais os estrangeiros só tinham acesso por intermediários locais. Uma
boa ilustração dessa combinação são as imensas ZPEs que o governo da China ergueu do nada e que hoje abrigam dois
terços do total mundial de trabalhadores em zonas desse tipo.
ARRIGHI, Giovanni, Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos
do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008, p. 362. Adaptado.

a) Indique duas ações políticas do governo chinês que produziram as condições internas para a ascensão econômica do país.
b) Aponte as estratégias geopolíticas utilizadas pela China para a obtenção de recursos naturais em distintas partes do mundo,
que possibilitam a manutenção do atual modelo de produção industrial em larga escala no país.

6 (Mack-SP) Observe o mapa.


m
Ene-3
C 5
H-1
China: desigualdades regionais

0 440

km

O país representado no mapa é a China. A área em destaque corresponde: GEOGRAFIA


a) ao Tibete, que apresenta movimentos separatistas, os quais preocupam as autoridades chinesas.
b) à China de noroeste, que possui uma população majoritariamente islâmica e que não se identifica etnicamente com a popula-
ção da China, de maioria han.
c) às planícies orientais, regiões prejudicadas pela política demográfica de controle de natalidade, que se diferenciam pelo menor
nível de industrialização do país.
d) à Mongólia Interior, área de climas muito úmidos e quentes, que favorecem o cultivo de gêneros como o trigo e a soja.
e) à Manchúria, região de climas temperados, solos férteis, produção de trigo e importantes jazidas de carvão.

As potências asiáticas 47
7 (UFPR) Observe a tabela abaixo:
m
Ene-6
C 6 Crescimento do PIB
H-2 Países selecionados População (2011) PIB (2011) Índice de Gini (2011) IDH (2011)
(2012)
Brasil 194 milhões US$ 2,5 trilhões 0,539 1,5% 0,718 (alto)
China 1,34 bilhão US$ 7,32 trilhões 0,474* 7,8% 0,687 (médio)
EUA 313,8 milhões US$ 15,09 trilhões 0,450 2,2% 0,910 (muito alto)
*Dado para 2012.
FONTES: Revista Época, n. 756, 12 nov. 2012; Income inequality: Delta blues. The Economist, 23 jan. 2013; UNDP. Human development report 2011.
Com base na tabela e nos conhecimentos de Geografia, assinale a alternativa correta.
a) O índice de Gini revela que a tradição liberal dos EUA se reflete em uma desigualdade de renda mais elevada que a dos outros
países selecionados.
b) A grande população da China torna difícil para esse país alcançar um IDH elevado devido aos custos dos sistemas de saúde e
de educação.
c) Os EUA possuem o maior PIB em virtude do volume de suas exportações de alta tecnologia e das remessas de lucros de empre-
sas multinacionais desse país para suas sedes.
d) Embora possua o segundo maior PIB, o elevado contingente populacional da China implica uma renda per capita baixa, refleti-
da no seu nível de desenvolvimento humano.
e) A comparação entre Brasil e China mostra que o crescimento do PIB não tem efeito sobre o IDH porque esse índice é calculado
com base nas estatísticas de saúde e de educação.

8 (Fuvest-SP) Leia o mapa.

Principais problemas ambientais da China

RÚSSIA RÚSSIA

MONGÓLIA

COREIA
Pequim DO NORTE
elo)

JAPÃO
COREIA
ar

m
o(
A DO SUL
- H
oa n g
oH
Ri

(Azul) Xangai
ang FONTE: Journal of Environment, 2003 e 2004.
NEPAL Ki
é-

g -T s OCEANO
Yan
BUTÃO Rio PACÍFICO
ÍNDIA

A Risco de assoreamento
B Avanço da desertificação
e degradação de solos
Hong Kong
C N
VIETNÃ
D Desmatamento e risco de
LAOS 0 365
inundação
km

a) Indique a legenda correta para o problema ambiental representado em C.


b) Desenvolva uma análise que relacione características básicas da atual economia da China ao problema ambiental representado em C.

48 As potências asiáticas
CAPÍTULO

4 Índia

Objetivos: ASPECTOS FÍSICOS E OCUPAÇÃO HUMANA


c Entender a posição da O sul da Ásia também é chamado de Subcontinente Indiano, uma vez que a Índia é o grande
Índia como potência país da região. Além disso, há séculos a região toda, incluindo o Afeganistão, era conhecida pelos eu-
regional no sul da Ásia. ropeus como “as Índias”. A área inclui o conjunto regional que vai do Paquistão, a oeste, até Mianmar
(ex-Birmânia), a leste, abrangendo Índia, Sri Lanka, Maldivas, Nepal, Butão e Bangladesh. O Sri Lanka
c Comparar os principais e as Maldivas são insulares. O sul da Ásia se limita a oeste com o Oriente Médio (sudoeste da Ásia),
indicadores dos países ao norte com o Extremo Oriente e a sudeste com o Sudeste Asiático.
da região. O Subcontinente Indiano, que tem a forma de um triângulo, é atravessado pelo trópico de Cân-
cer praticamente no meio de seu território, e ocupa um enorme planalto, o planalto do Decã, e uma
c Analisar o recente
crescimento acelerado
enorme planície que fica no centro-norte – a planície Indo-Gangética –, onde encontramos algumas
da Índia.
das maiores densidades demográficas de todo o mundo. Nessa planície, que vai desde o Paquistão, a
oeste, até Bangladesh, a leste, cortando a parte centro-norte da Índia, localizam-se as principais cidades
c Refletir sobre o do subcontinente: Calcutá e Nova Delhi (Índia), Dacca (Bangladesh) e Karachi (Paquistão), que fica
sistema de castas. no delta do rio Indo. Já as duas imensas metrópoles indianas ficam nas proximidades do rio Ganges.
Essa planície é formada por terras baixas e férteis escavadas por dois rios, o Ganges e o Indo.
c Compreender os Ambos nascem na cordilheira do Himalaia, ao norte da Índia, mas o Ganges corre para leste, para o
problemas geopolíticos
golfo de Bengala, e o Indo corre para oeste, para o mar Arábico. Por sinal, o nome Índia provém do
da Índia.
rio Indo. Ao norte, na cordilheira do Himalaia, encontram-se picos com altitudes superiores a 6 000 m;
o planalto do Decã localiza-se no centro do território em direção ao oceano Índico.
Por isso, o relevo dessa região é montanhoso ao norte. Existe ali um prolongamento da cordilheira
do Himalaia, que apresenta as maiores altitudes da superfície terrestre. Países como o Nepal e o Butão,
situados no norte desse conjunto, são quase totalmente montanhosos. Já para o sul, as altitudes são
menores, com a alternância entre planaltos e planícies. Ali, destaca-se a planície Indo-Gangética, cons-
tituída pelas bacias dos rios Indo e
FONTE: India Metereological Department.
Disponível em: <http://www.imd.gov.in/>.
Acesso em: 3 abr. 2013.

Temperatura Precipitação
(°C) (mm) Ganges, os mais importantes des-
50 500 sa região, além das planícies litorâ-
neas que ocupam faixas de terras a
leste, ao sul e a oeste da península.
40 400 O clima do sul da Ásia, assim
como o do Sudeste Asiático, é o
mais úmido do globo, com chuvas
30 300
abundantes no verão e um forte
calor tropical. É o chamado cli-
ma tropical monçônico, ou clima
monçônico, resultado dos ventos
20 200
de monções, que mudam de sen-
tido durante o ano.
GEOGRAFIA
Como observamos pelo climograma dessa No verão, esses ventos vão do
cidade indiana situada no golfo de Bengala,
em pleno clima tropical monçônico, as
10 100 oceano Índico para o sul e sudeste
temperaturas são mais ou menos constantes da Ásia, onde a pressão atmosférica
durante todo o ano, mas as chuvas se está baixa. No inverno, eles sopram
acentuam enormemente nos meses de em sentido contrário, saindo da Ásia
0 0
monções, de maio a novembro. O índice jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.
anual de pluviosidade dessa localidade, por causa das elevadas pressões at-
Temperatura Chuva mosféricas que aí prevalecem.
superior a 3 000 mm/ano, é bastante elevado.

As potências asiáticas 49
As monções de verão, que se dirigem ao continente asiático, são muito úmidas, provocando
chuvas abundantes. Não é por acaso que na Índia foram registrados os maiores índices mundiais de
pluviosidade.

PARA CONSTRUIR

1 (PUC-PR) Em fevereiro de 2004, o jornal Folha de S.Paulo, na sua versão on-line, ao tratar de um abalo sísmico ocorrido no subcon-
tinente indiano, fez a seguinte abordagem:
O violento terremoto que ocorreu hoje a noroeste da Índia é uma nova manifestação de um fenômeno que teve início
há 40 milhões de anos, o lento avanço da Índia em direção ao continente asiático, que ‘enrugou’ a crosta terrestre, dando
origem ao maciço do Himalaia.
A Índia, que um dia esteve separada da Ásia, entrou em colisão com o continente, empurrando e deformando a crosta
terrestre numa extensão do Himalaia até a Sibéria e do mar de Aral até o Pacífico.
Deste modo, o subcontinente age como uma escavadora, que entra constantemente no continente asiático à velocidade
de vários centímetros por ano. O principal resultado desse fenômeno de compressão foi o nascimento dos únicos picos do
mundo que superam os 8 000 metros de altitude.
A esse respeito, julgue as afirmativas a seguir.
I. A violência do terremoto ocorrido se explica pela atuação das monções de verão nessa porção meridional da Ásia.
II. A formação do Himalaia se explica pela tectônica de placas, em que o planeta como um todo tende a retomar permanente-
mente um estado de equilíbrio de compensação de pressões, isto é, isostático.
III. Do ponto de vista da escala geológica de tempo, o processo de formação do Himalaia é um fato recente, que se insere na Era
Cenozoica.
IV. Embora a Ásia possua o ponto culminante do planeta, o pico Everest (8.848 m), a Antártida é o continente de maior altitude
média, fato que também contribui para as baixas temperaturas locais.
Assinale, considerando as FALSAS: d
a) apenas III e IV.
b) todas.
c) apenas II e IV.
d) apenas I e II.
e) apenas I e III.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 Para aprimorar: 1

ECONOMIA NO SUL DA ÁSIA


A economia dos países do sul da Ásia em geral baseia-se na agricultura, com exceção da Índia,
que possui uma atividade industrial bastante expressiva para um país do Sul. Os principais produtos
cultivados são: chá, algodão, trigo, juta, arroz, tabaco, milho e cana-de-açúcar.
Existem algumas áreas com enormes monoculturas, voltadas para a exportação. São as plantations,
cultivadas desde a época em que os ingleses colonizaram a região. O chá, assim como o tabaco e o
algodão, é um produto típico para o mercado externo.
Nessa região asiática também ocorre um dos grandes problemas dos países subdesenvolvidos: o
uso dos melhores solos para cultivos de exportação, deixando os piores para a produção de alimentos
necessários à população. Índia, Bangladesh e Paquistão, países com enormes populações, apresentam
problemas de insuficiência alimentar em larga escala.
Todos os países da região, uma das mais pobres do mundo, com exceção parcial para Mal-
divas – um minúsculo país, na verdade um arquipélago, com uma pequena população (apenas
318 mil habitantes) que vive basicamente do turismo e da pesca –, apresentam baixíssima renda
per capita; o valor da produção econômica (PIB) da Índia, principalmente, não é dos mais baixos,
mas, quando dividido pela imensa população, resulta numa baixa renda média. Veja a tabela a
seguir sobre esse assunto.

50 As potências asiáticas
Os países do sul da Ásia

Área População (em milhões de PIB em 2010 Renda per capita


País
(em km2) habitantes) (em bilhões de dólares) em 2010 (em dólares)
Índia 3 287 782 1 210,2 1 728,0 1 420
Paquistão 881 912 179,9 176,9 1 020
Bangladesh 143 998 143,3 100,3 680
Nepal 147 181 26,6 15,7 530
Butão 38 394 0,700 1,5 2 090
Mianmar 676 578 47,3 71,7 1 200
Sri Lanka 65 610 20,8 49,6 2 375
Maldivas 300 0,318 1,9 6 040
FONTE: Tabela elaborada com dados do WORLD BANK, World Report Indicators 2012, e da Enciclopédia Britânica on-line.

ÍNDIA, A POTÊNCIA REGIONAL


Antes da dominação colonial europeia, a Índia era uma das regiões mais ricas do mundo. Nos
séculos XIX e XX, ela passou a ser considerada um país pobre e subdesenvolvido. A partir dos anos
1990, contudo, após uma série de reformas, a economia indiana passou a registrar um bom desem-
penho. Observe a tabela abaixo e, depois, compare-a com a tabela presente no capítulo anterior,
sobre a China.

Alguns dados sobre a Índia

População em 1978 (em milhões) 642


População em 2010 (em milhões) 1 210,2
PIB em 1978 (em bilhões de dólares) 115
PIB em 2010 (em bilhões de dólares) 1 728,0
Renda per capita em 1978 (em dólares) 180
Renda per capita em 2010 (em dólares) 1 420
Exportações totais em 1978 (em bilhões de dólares) 6,6
Exportações totais em 2011 (em bilhões de dólares) 303
Crescimento econômico de 1991 a 2011 (média anual) 6,1%
FONTE: Tabela elaborada com dados do WORLD BANK, World Development
Report 1980 e 2012, e da CIA, The World Factbook, 2012.

A Índia cresceu em termos populacionais a um ritmo bem maior que a China, mas sua econo-
mia, embora também tenha se expandido bastante – 6,1% ao ano, em média, durante duas décadas,
GEOGRAFIA
um dos maiores índices do mundo nesse período –, apresentou desempenho menor que a chinesa.
Sua renda per capita é bastante inferior à chinesa; e suas exportações, apesar de terem aumentado
substancialmente, são semelhantes às do Brasil e muito distantes das da China, maior exportador
mundial. A Índia exporta, nos dias atuais, principalmente produtos manufaturados: derivados de pe-
tróleo (além de ter uma produção interna, ela importa óleo bruto e o refina, vendendo os derivados),
automóveis, máquinas, ferro e aço, produtos químicos e farmacêuticos, tapetes, algodão e roupas,
diamantes e joias, móveis, etc.

As potências asiáticas 51
As reformas econômica e política colocadas em prática em 1991 resultaram num grande dinamis-
mo para a economia indiana. Entre essas reformas pode-se destacar: a abertura comercial (havia muitas
restrições às importações e exportações, que foram em grande parte eliminadas); incentivos para os in-
vestimentos estrangeiros no país; privatização de empresas estatais que monopolizavam certos mercados
e passaram a ter várias empresas concorrentes; drástica diminuição da burocracia para abrir negócios,
exportar, conceder empréstimos, etc. Os resultados não tardaram: nos anos 1970, a média anual de cresci-
mento econômico do país era de 1,3% (menor até que o crescimento demográfico), mas, a partir dos anos
1990, saltou para cerca de 6,1%. Também os investimentos em educação, apesar do ainda elevado índice de
analfabetismo, surtiram resultados: a Índia hoje tem um terço dos engenheiros voltados para a informática
(produção de softwares) do mundo; é um centro mundial em call centers e na indústria cinematográfica;
o setor bancário, com o advento dos “bancos populares” (que emprestam com baixos juros para pessoas
pobres), se expandiu e virou referência para o resto do mundo. Houve, ainda, uma grande expansão da
classe média no país, que hoje já abrange cerca de 300 milhões de pessoas e tornou a Índia um dos mais
importantes mercados consumidores do mundo, passando a consumir – logo, a ajudar no aumento na
produção – desde automóveis até telefones celulares, além de imóveis, computadores, televisores, etc.
Em 2000, por exemplo, o mercado consumidor indiano era o 12o do mundo, atrás de Estados
Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, China, Itália, Canadá, México, Brasil e Espanha; mas,
em 2011, ele já ocupava o sexto lugar, depois de Estados Unidos, Japão, China, Alemanha e França,
tendo ultrapassado os outros cinco países.
Segundo alguns autores, se esse crescimento continuar, a Índia será uma das três maiores eco-
nomias em 2050, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
O desempenho da economia indiana, porém, ainda não melhorou substancialmente as condi-
ções de vida da maioria da população. A população vivendo abaixo da linha internacional da pobreza,
com menos de 1,25 dólar ao dia, declinou de 18% do total em 1985 para 7,5% em 2010, mas, mesmo
assim, o número absoluto é imenso: 90 milhões de pessoas. A expectativa de vida subiu de 58 anos,
em 1985, para 64,7 anos em 2010, porém continua relativamente baixa em termos internacionais.
A taxa de mortalidade infantil, de 48 por mil (era de 91 por mil em 1985), ainda é bem elevada; e o
índice de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade é alto: 14,6% da população total, sendo
bem maior entre as mulheres do que entre os homens (o índice de analfabetismo no passado, nos
anos 1980, era de 70% da população total). O pior índice de subdesenvolvimento na Índia é o de
pessoas com fome ou subnutridas: quase 19% da população total em 2010, ou 225 milhões de seres
humanos. Trata-se do maior número absoluto em todo o mundo, ou seja, não é a maior proporção
de pessoas com fome ou subnutridas: em vários países da África, ou mesmo nos vizinhos Paquistão
e Bangladesh, a porcentagem varia de 25% a mais de 50% da população total.
A precariedade das condições de vida da população do país asiático se agrava ainda mais quan-
do levamos em conta as profundas diferenças étnico-religiosas, econômicas e políticas entre as várias
regiões indianas. Sua organização política é um complicador importante: a Índia é uma república
federal, formada por 25 estados e sete territórios, em que o governo central, mais conhecido como
Centro, se impõe aos estados federais, pois eles dependem financeiramente do Centro. Os Estados-
-membros, por sua vez, disputam entre si benefícios do Centro; por exemplo, incentivos para a
industrialização. Em alguns deles, porém, a disputa maior decorre dos recentes problemas ligados ao
abastecimento de água para a irrigação, vital para a atividade agrícola em algumas regiões do país.
Quanto às desigualdades sociais, elas evidentemente existem, mas não são tão elevadas como
no Brasil e na América Latina em geral e, segundo estatísticas recentes, vêm diminuindo nas últimas
décadas. Veja o quadro abaixo.

Índia: distribuição social da renda

1980 2010

Proporção da renda nacional dos 60% mais pobres 30,1% 37,7%


Proporção da renda nacional dos 30% intermediários 36,3% 34,0%
Proporção da renda nacional dos 10% mais ricos 33,6% 28,3%
FONTE: WORLD BANK. World Development Indicators, 1985 e 2012.

52 As potências asiáticas
Bangalore, um tecnopolo da Índia
A cidade de Bangalore e sua região circundante, com pouco mais de 5 milhões de habitantes em 2012, é o mais importante parque
tecnológico da Índia. Tradicional fabricante de seda, Bangalore, situada numa região planáltica a 950 m de altitude no centro-sul do país,
com clima tropical de altitude considerado extremamente aprazível em relação ao calor e à umidade elevados da maior parte da Índia,
desde os anos 1990 virou uma região industrial de tecnologia de ponta. É chamada de Vale do Silício da Índia. Nela há milhares de em-
presas de biotecnologia ou que produzem softwares, telefones celulares e outros aparelhos eletrônicos, aviões e helicópteros, automóveis
e motocicletas, além de vários outros produtos. Também existem boas universidades e institutos de pesquisas científicas e tecnológicas.
Outra atividade econômica importante em Bangalore são os inúmeros call centers internacionais, que atendem aos consumidores
de várias partes do mundo (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, etc.) para centenas de empresas multina-
cionais que instalaram ali seus departamentos de atendimento aos clientes devido à excelente rede de telefonia com fibra óptica e os
baixos custos das ligações e da mão de obra. Os salários são baixos em termos internacionais, embora na Índia sejam vistos como de
classe média, e a função de atendente ou telefonista seja considerada de elevado prestígio e intensamente disputada: cada empresa de
call center recebe todas as semanas milhares de currículos de pessoas com curso médio completo ou superior e fluência em inglês se
candidatando aos cargos. Os selecionados para as vagas passam por meses de treinamento intensivo a respeito de como atender aos
clientes e, principalmente, como falar utilizando vários sotaques do inglês (o britânico, o australiano, o norte-americano, inclusive com
as diferenças entre as várias regiões do país, etc.), para que as pessoas que telefonam para os números 0800 sintam que estão conver-
sando com alguém que está ali na mesma cidade que elas, quando na verdade estão falando com atendentes que estão em outro país,
a milhares de quilômetros de distância.

Crescimento do PIB na Índia por regiões (2005-2010)

AFEGANISTÃO
Jammu e
Caxemira
CHINA
Himachal
Pradesh
Punjab
PAQUISTÃO Uttarakhand
Haryana
Arunachal Pradesh
NEPAL Sikkim
BUTÃO
Rajasthan Uttar Pradesh Assam Nagaland
Bihar Meghalaya
BANGLADESH Manipur
FONTE: GeoCurrents. Disponível em: <http://geocurrents.info/wp-content/uploads/2013/04/

Gujarat Jharkhand Tripura


Trópico de Mizoram
Câncer Madhya Pradesh Bengala
Ocidental
Chhattisgarh MIANMAR
Indian-states-by-GDP-growth-2005-2010-Map.png>. Acesso em: 5 ago. 2015.

Odisha
Golfo de
Mar Bengala
Maharashtra
Arábico

Andhra Pradesh

Goa
Mais alto: Sikkim – 22,5%
Karnataka Acima de 13%
Como se observa no mapa, algumas regiões do
GEOGRAFIA
12-12,9%
país crescem a um ritmo bem maior que outras. As
11-11,9%
Tamil Nadu que mais se destacam são os estados de Gujarat
10-10,9%
e Maharashtra, na parte oeste, onde há a maior
Kerala 9-9,9%
metrópole indiana, Mombai; os estados no extremo
8-8,9% norte, nas bordas do Himalaia e fronteira com a
N 7-7,9% China, Jammu e Kashmir (Caxemira), e Himachal,
OCEANO Abaixo de 7%
0 245
onde se destacam as cidades de Jammu e Simla; e
ÍNDICO
Mais baixo: Jharkhand – 4,8% alguns estados no extremo nordeste do país, entre
km
Bangladesh e Mianmar.

As potências asiáticas 53
PARA CONSTRUIR

2 (Fuvest-SP) O significativo crescimento econômico da Índia, nos últimos anos,


apoiou-se em vantagens competitivas, como a existência de: b
A economia da Índia tem crescido em torno de 8% ao a) diversas zonas de livre-comércio distribuídas pelo territó-
ano, taxa que, se mantida, poderá dobrar a riqueza do país rio nacional.
em uma década. Empresas indianas estão superando suas b) expressiva mão de obra qualificada e não qualificada.
rivais ocidentais. Profissionais indianos estão voltando do c) extenso e moderno parque industrial de bens de capital
estrangeiro para seu país, vendo uma grande chance de su- no noroeste do país.
cesso empresarial. d) importantes “cinturões” agrícolas, com intenso uso de tec-
Beckett et al., 2007.
nologia, produtores de commodities.
Disponível em: <www.wsj-asia.com/pdf>. e) plena autonomia energética propiciada por hidrelétricas
Acesso em: jun. 2011. Adaptado. de grande porte.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 2 Para aprimorar: 2 a 4

CASTAS INDIANAS
Não podemos compreender as enormes desigualdades da população indiana se não estudar-
mos o sistema de castas. Longe de serem causadas apenas por fatores político-econômicos, como
ocorre na imensa maioria dos países, essas desigualdades na Índia são geradas principalmente pelo
nascimento e pelas tradições.
O sistema de castas é uma das principais características da sociedade indiana e de alguns paí-
ses vizinhos no sul da Ásia, nos quais predomina a religião hinduísta. É difícil para nós, ocidentais,
entender o sistema de castas porque vivemos em sociedades baseadas em valores individualistas e
igualitários, em que teoricamente todos nascem iguais do ponto de vista de direitos e deveres. Numa
sociedade de castas, ao contrário, os valores mais importantes são os da hierarquia, em que o grupo
(a família, a casta) é mais importante que o indivíduo. As castas não são classes nem etnias; também
não se definem pela riqueza ou pelas propriedades, tampouco pela cor da pele das pessoas. Elas são
complexas – e o seu significado varia de região para região dentro da Índia – e caracterizam-se por
GLOSSÁRIO

Endógeno: vários fatores: pureza e impureza, superioridade e inferioridade cultural ou religiosa, profissão original
relativo a algo que se origina e desen-
ou habitual, casamentos endógenos, hábitos alimentares e de vestimenta, etc.
volve dentro de um sistema. O termo Na verdade, podemos estratificar – isto é, dividir por estratos, camadas ou classes – a população
foi emprestado da geologia pela an- indiana de duas maneiras principais. Uma seria por faixas de rendas: a classe baixa, a média e a alta ou
tropologia: casamentos endógenos, mais rica. Isso é o que vemos no quadro da página 52. E a outra, mais tradicional, por valores culturais:
no caso, significam casamentos rea-
lizados entre membros de uma mes-
o sistema de castas. Não existe uma coincidência total (apenas parcial) entre essas duas estratificações
ma família ou grupo. da sociedade indiana. Ou seja, nem sempre as castas inferiores são os mais pobres, tampouco as
castas consideradas superiores são sempre as de pessoas mais ricas, apesar de no geral isso ocorrer.

GNOMEANDI/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Família indiana em Rajastão, o maior estado


da Índia em área. Foto de 2013.

54 As potências asiáticas
Nos dois extremos do sistema de castas, temos os brâmanes, originalmente sacerdotes, conside-
rados superiores ou mais puros; e os intocáveis, ou párias, servidores considerados impuros e inferiores,
que, no meio rural, moram em casebres separados das aldeias, não podem usar a mesma água ou poço
que os demais, não podem se banhar no rio Ganges, considerado sagrado, etc. No entanto, existem
vários grupos diferentes de brâmanes e de intocáveis e um número incalculável de outras castas ou
subcastas, ao redor de milhares. Além disso, alguns membros dos intocáveis, ou párias, ficaram ricos,
embora se trate de uma minoria. E alguns membros dos brâmanes são pobres, às vezes até monges
que vivem pedindo esmolas. Mas isso não impede que um brâmane se sinta superior e jamais admita
que uma filha sua se case com um intocável.
As castas, portanto, são grupos de pessoas ou, melhor, de famílias que se diferenciam rigidamen-
te pelo nascimento, pela suposta pureza de origem. A origem familiar da pessoa e a localização da
família são importantíssimas no sistema de castas. As raízes desse sistema encontram-se na formação
milenar desses povos. As inúmeras invasões e a dominação dessa região por povos diversos, em vá-
rios momentos de sua longa história, criaram um tipo de sociedade que assumiu a forma de castas.
Um primeiro critério de separação das castas é a pureza e a impureza. O que é isso? Não tem
nada a ver com a higiene, e sim com o seu significado na religião hinduísta. Algumas atividades são
mais puras que as outras, assim como alguns objetos, alimentos, acontecimentos, etc. Exemplificando:
o alimento cru é considerado mais puro que o cozido; uma mulher menstruada não deve cozinhar,
pois se o fizer vai tornar impuro o alimento que preparou; a comida vegetariana é pura e a carne
vermelha, impura; algumas águas, como as do rio Ganges, têm virtudes purificadoras, etc.
Para estabelecer a maior ou menor pureza de uma casta, existem vários critérios. Por exemplo,
os membros de uma casta declaram: “Somos vegetarianos, o que nos coloca acima das castas x, y e
z, que têm uma alimentação carnívora; mas autorizamos um novo casamento para as viúvas, o que
nos coloca abaixo das castas a, b e c, que o proíbem”; e assim sucessivamente.
Outro critério para classificação das castas é o casamento dentro do grupo, a endogamia.
O casamento é importantíssimo na vida social hindu. É a cerimônia familiar de maior prestígio,
que reúne o maior número de pessoas. É também a mais dispendiosa: o casamento da filha é a
principal fonte de endividamento do camponês indiano por causa das enormes exigências (dar
um valioso dote para o noivo ou a sua família, pagar toda a festa, etc.). As castas procuram se
preservar com casamentos endogâmicos – isto é, dentro da própria casta – e, principalmente,
evitando misturas ou contatos com as outras castas, sobretudo as consideradas inferiores.
Existe também uma certa relação entre casta e profissão, embora não uma identidade pura e
simples. Originalmente, talvez elas se identificassem, mas com o tempo passou-se a exercer atividades
diferentes daquelas tradicionais da casta. Contudo, ainda hoje é comum a identificação de algumas
castas com profissões em certas regiões da Índia. Os nomes de determinadas castas coincidem com
os nomes de algumas profissões, embora essa não seja uma regra geral, pois há nomes de castas que
provêm de uma área ou região, de etnias ou tribos, de seitas, etc.
Apesar de ter sido abolido pela Constituição (de 1950) e ter sofrido alguns abalos com a oci-
dentalização e a industrialização (que acarretou urbanização, que como vimos ainda é pequena) do
país, o sistema de castas se mantém vivo na cultura do povo indiano, principalmente no meio rural
e nas pequenas cidades. Essa forma de dominação social criou uma forte tradição, que se misturou
com as religiões e ficou arraigada no modo de pensar das pessoas.
A religião hinduísta, predominante no país, reforça e legitima esse sistema. Outras religiões – como
o budismo e o islamismo –, que foram contrárias a esse sistema, acabaram se adaptando a ele. Por isso
mesmo, ele se mantém ao longo do tempo. A modernização e a urbanização da Índia, apesar de terem
se expandido, ainda são insuficientes para acabar com a tradição, que continua a vigorar em grande
parte do meio rural e até das pequenas e médias cidades, onde a vida ainda segue o ritmo tradicional
GEOGRAFIA
e marcado pela religiosidade.
Muitas medidas adotadas para enfraquecer esse sistema – tais como a permissão para os
intocáveis frequentarem os templos religiosos, banharem-se no rio Ganges e matricular seus
filhos nas escolas – sofreram ou ainda sofrem reações violentas em algumas regiões mais tra-
dicionalistas. O sul do país é bem mais tradicionalista que o norte, onde, em algumas regiões,
especialmente no Punjab, o bramanismo e a intocabilidade (a existência de castas puras e im-
puras) são já quase inexistentes.

As potências asiáticas 55
CONFLITOS GEOPOLÍTICOS
A Índia possui vários problemas geopolíticos. Um deles é a disputa territorial com o Paquistão.
Outro é com a China. Há também conflitos religiosos dentro do próprio país. Um grave problema
no sul da Ásia é a rivalidade entre os hinduístas e os muçulmanos na Índia, o que desencadeia um
conflito com o Paquistão. Estima-se que os muçulmanos representem cerca de 11% da população
indiana. Assim, a oposição entre os hindus e os muçulmanos se acirra no país e provoca repercussões
importantes dentro e fora das fronteiras indianas.
Desde 1998, a Índia e o Paquistão vivem um estado de conflitos latentes, com combates na
região da Caxemira, localizada na zona fronteiriça ao norte da Índia, na cordilheira do Himalaia, e
objeto de acirrada disputa entre esses dois países e a China.
A Caxemira – ou região de Jammu e Caxemira, como é conhecida na Índia – tem uma popu-
lação predominantemente muçulmana (70%) e dois terços de seu território estão sob o controle da
Índia, cujo governo o considera parte integrante do território nacional.
Para complicar ainda mais a situação, a China ocupou parte desse território, um trecho a nordes-
te, aproveitando-se da rivalidade entre os dois países e de sua força militar superior. Assim, a Caxemira
é o único estado indiano com maioria muçulmana. Veja o mapa ao fim da página.
O governo do Paquistão, por sua vez, exige a realização de um plebiscito na Caxemira, organi-
zado pela ONU, para que a população escolha o Estado ao qual gostaria de se unir. A Índia rejeita
essa proposta e acusa o governo paquistanês de armar e treinar guerrilheiros muçulmanos favoráveis
ao separatismo dessa região.
Além do movimento separatista da região da Caxemira, a Índia tem sido palco de violentos
conflitos desencadeados pelas reivindicações separatistas dos siques, uma minoria étnico-religiosa
que vive no Punjab, rica província situada no norte do país. A religião sique, para alguns, é uma seita
do hinduísmo, de onde se originou e com o qual mantém algumas divindades comuns; para outros,
é uma religião diferente do hinduísmo. Mas a etnia ou povo sique tem características culturais pró-
prias, inclusive o idioma.
Há séculos os siques são famosos pela sua combatividade. Trata-se de uma etnia que originou
inúmeros guerreiros, militares, guerrilheiros, etc., que combateram ferozmente os ingleses e hoje com-
batem os hinduístas. Muitos guarda-costas de autoridades indianas foram ou são siques; foram esses
guarda-costas que assassinaram a primeira-ministra Indira Gandhi, em 1984, após ela ter ordenado
a invasão de um templo sique sagrado nesse mesmo ano. Os indianos não aceitam a autonomia
do Punjab reivindicada pelos siques porque a província é uma das mais ricas da Índia e numerosos
grupos hindus também vivem nela.
A fragmentação ocorrida na Ásia meridional, que deu origem a vários países independentes,
foi consequência dos conflitos entre as classes dominantes dos diferentes grupos étnicos, cada qual
com o próprio idioma e a própria religião. A convivência de culturas diferentes nessa porção do

Problemas na fronteira do norte da Índia


Estados que tiveram conflitos
armados com a Índia por

FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007.


reivindicações territoriais
Jammu e
Islamabad Caxemira Estados que tiveram litígios
com a Índia por repartição
CHINA
de águas territoriais
Estados aliados da Índia com
Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006.
PAQUISTÃO
forte relação de dependência
SIKIM
Nova Délhi NEPAL Estado que ingressou na
Arunashal
BUTÃO
Pradesh União Indiana em 1975
Territórios indianos
Trópic
o de C reivindicados pela China
âncer
ÍNDIA Dacca Territórios conquistados pela
BANGLADESH China e reivindicados pela Índia
Linha de cessar-fogo no fim
N MIANMAR da guerra indo-paquistanesa
Golfo de em 1949
Bengala
0 375 Litígios de fronteira por outros
km motivos

56 As potências asiáticas
continente asiático tem sido conflituosa, ocasionando com frequência lutas violentas e um grande
número de mortes. Além dos conflitos étnico-territoriais que ocorrem na Índia, existem atualmente
graves problemas étnicos no Paquistão e no Sri Lanka.
As minorias étnico-religiosas que vivem no Paquistão são objeto de discriminação dos mu-
çulmanos, maioria da população. Especialmente os urdus, povo de origem indiana, têm protes-
tado contra a discriminação de que são vítimas em relação a empregos, vagas nas universidades,
cargos políticos, etc. Desde a década de 1970, violentos choques entre urdus e muçulmanos vêm
ocorrendo no Paquistão.

PARA CONSTRUIR

3 (UEPB) O grande crescimento da Índia desde os anos de 1990 coloca este país como um dos quatro gigantes emergentes, ao lado
de Rússia, China e Brasil. O prognóstico econômico é de que a Índia atinja em meados deste século a terceira posição na economia
mundial. Este fato se deve: d
a) ao extraordinário crescimento de sua indústria cinematográfica, que hoje já ultrapassa a produção de Hollywood, sua grande
concorrente.
b) ao crescimento de sua população, que é hoje a segunda do mundo, com alto poder de consumo.
c) à eliminação da sociedade de castas, que marcou a milenar história do país e impedia as pessoas de castas inferiores de ascen-
der econômica e socialmente.
d) aos avanços alcançados pela sua indústria nos setores farmacêutico, de fibras ópticas, de satélites e informática.
e) à resolução do conflito com o Paquistão pela Caxemira, o qual obrigava a Índia a desviar imensos recursos para a produção de
armamentos, inclusive nucleares.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 5 e 6

Veja, no Guia do Professor, as


respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA

d) a localização da China em baixas latitudes é um dos moti-


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR vos da ocorrência de clima tropical no país.
e) as maiores áreas de clima desértico da Ásia encontram-se
1 Cite um aspecto positivo e um aspecto negativo ocasionados situadas a leste.
pelo regime das monções.
2 (Unifesp) Observe o mapa da Taxa de Fecundidade da
2 Quais são os setores da economia indiana que se destacam? m Índia (2003).
Ene-2
C 6
H-
3 Por que Paquistão e Índia vivem em constante estado de AFEGANISTÃO

pré-guerra? CHINA

PAQUISTÃO

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
FONTE: Atlas géopolitique et culturel, 2005. Adaptado.

NEPAL
BUTÃO

1 (UEL-PR) Em relação aos tipos de clima encontrados no conti- Trópico de


BANGLADESH
Câncer
nente asiático, é correto afirmar que:
MIANMAR
a) a disposição do relevo no sentido norte-sul facilita a pe-
GEOGRAFIA
Golfo de
Mar Bengala
netração das massas de ar polares até as proximidades do Arábico

litoral índico. Taxa de fecundidade


Sem dados
b) a presença de correntes marítimas quentes e frias no lito-
De 1,8 a 2,2
ral da Índia torna a região muito chuvosa. N De 3 a 3,5
c) o fato de a Ásia estender-se desde a região polar até a re- De 4 a 4,6
gião equatorial permite o aparecimento de climas muito 0 445
Mais de 5
km
diversificados.

As potências asiáticas 57
a) Descreva a distribuição geográfica da Taxa de Fecundida- social é muito grande, e cerca de 81% da população vive
de na Índia. em condições de extrema pobreza.
b) Qual relação pode ser estabelecida entre a Taxa de (04) O país dispõe de um parque fabril diversificado, cujas
Fecundidade e a inserção do setor de serviços da Índia maiores concentrações localizam-se na região nordeste,
na economia mundial? Cite ao menos um exemplo e com destaque para as indústrias siderúrgicas e petro-
comente. químicas; na região sul, Bangarole concentra as indús-
trias de alta tecnologia.
3 (UEL-PR) No cenário mundial contemporâneo, Índia e China
(08) A principal região agrícola do país situa-se no sul, no pla-
se destacam pelo dinamismo de suas economias e por seu
nalto do Decã, destacando-se a produção de algodão
elevado contingente demográfico.
e de cana-de-açúcar. Esse espaço concentra 70% dos
Com base nos conhecimentos sobre esses países, considere pequenos proprietários, que vivem em melhores condi-
as afirmativas a seguir. ções que os agricultores do restante do país.
I. Tanto na Índia como na China, a agricultura ocupa um (16) A Índia participa do Brics, grupo que reúne outros paí-
número reduzido de trabalhadores em função da meca- ses (Brasil, Rússia, China e África do Sul), e é o país que
nização, sendo o seu principal cultivo a soja, que apresen- mais tem contribuído para o crescimento da população
ta elevada produtividade para garantir o abastecimento mundial, mas o que possui a pior renda per capita, ape-
interno e as exportações. sar do fortalecimento da classe média (cerca de 15% da
II. Nesses dois países, a questão religiosa está na base de população).
movimentos separatistas que ameaçam a integridade ter-
ritorial e a estabilidade política. 5 (Ceeteps-SP) Leia o texto a seguir e complete as lacunas com
III. A ausência de grandes jazidas de petróleo e a presença de m
Ene-3
as palavras adequadas:
C 5
importantes jazidas de carvão mineral são aspectos mar- H-1
Índia: um mundo de diversidades, contrastes e conflitos
cantes do setor energético desses dois países. A Índia é um dos países com maior diversidade étni-
IV. Após a ruptura colonial em meados do século XX, Ín- co-cultural. Com uma população atual em torno de 1,1 bi-
dia e China seguiram caminhos semelhantes em seus lhão de habitantes, o país tem 18 línguas oficiais e mais de
respectivos processos de industrialização, priorizando 1600 dialetos. Dentre essas línguas, encontra-se o
a indústria de base e colocando em segundo plano o (I) , como herança direta da dominação impe-
setor de bens de consumo.
rialista sofrida pelo país.
Assinale a alternativa correta.
Quanto à religião, as principais são o (II) ,
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
que abarca 81% da população total, o islamismo (com
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
12%), além do cristianismo (6%), do sikhismo (2,2%) e
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
do budismo (0,7%), entre outras.
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. Essa diversidade, porém, é fonte de numerosos con-
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. flitos étnico-religiosos e econômicos, principalmente
entre hindus e muçulmanos no interior do país, mas
4 (UEM-PR) A Índia é considerada um país emergente, com in-
também externamente, com o vizinho Paquistão, de
m
Ene-2
fluência regional, e apresenta projeção no mercado mundial.
C 8
H- A partir da década de 1990, o governo indiano elaborou pro-
maioria muçulmana, na disputa pela região conhecida
jetos para impulsionar e incentivar a exportação de produtos como (III) .
de TI (Tecnologia da Informação). Foram criados parques tec- Uma das marcas desta cultura milenar é o arcaico sis-
nológicos e atualmente, a produção de software e hardware tema de (IV) , abolido pela Constituição Federal
e de serviços de informática tem sido de grande relevância em 1950, mas que ainda persiste, dividindo a sociedade
para o país. Sobre a Índia, é correto afirmar que: em grupos rigidamente diferenciados e realimentando uma
(01) O crescimento da indústria de TI acabou por incenti- grande desigualdade social.
var a terceirização dos serviços, processo denominado As lacunas do texto são corretamente preenchidas com:
Offshore out sourcing. Muitas empresas, principalmente
a) I – Francês; II – Hinduísmo; III – Tibete; IV – Estamentos.
norte-americanas, mantêm na Índia os centros de aten-
b) I – Francês; II – Protestantismo; III – Ganges; IV – Trocas.
dimento ao cliente (call centers) de software.
(02) Como país emergente de expressivo crescimento eco- c) I – Chinês; II – Hinduísmo; III – Nova Delhi; IV – Classes.
nômico e potência nuclear, a Índia ganhou importância d) I – Inglês; II – Xintoísmo; III – Assam; IV – Castas.
no contexto internacional. No entanto, a desigualdade e) I – Inglês; II – Hinduísmo; III – Caxemira; IV – Castas.

58 As potências asiáticas
6 (UERN) Observe o mapa a seguir.
m
Ene-3
C 5
H-1
A Caxemira dividida

AFEGANISTÃO

Caxemira

FONTE: VESENTINI, J. William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2010. p. 423.
CHINA
Punjab
Nova
PAQUISTÃO Délhi

NEPAL TAIWAN
BUTÃO
Trópico
de Cân
cer
BANGLADESH HONG
Mar Calcutá KONG
Arábico ÍNDIA
MIANMAR
Mumbai
(ex-Bombaim) Golfo de As fronteiras disputadas
Bengala
Sob administração chinesa,
Goa Sob controle reivindicada pela Índia
do Paquistão
Madras
Caxemira

Sob controle
Linha de da Índia
SRI
controle
LANKA
N (criada em 1948)
N
OCEANO
ÍNDICO
0 165
0 410
km
km

Há uma grande quantidade de conflitos étnico-nacionalistas na Ásia. O continente abriga cerca de 60% da população mundial e
milhares de etnias. Sobre o conflito étnico na Caxemira, é correto afirmar que o(a):
a) tensão entre hindus e muçulmanos iniciou-se com o fim da Segunda Guerra Mundial.
b) região da Caxemira situa-se entre China, Índia e Paquistão. É uma área árida e montanhosa.
c) região é estratégica e o seu controle significa o controle das águas do curso médio do rio Indo.
d) controle da região tem preocupado o mundo, pois a Caxemira é grande produtora de petróleo e xisto betuminoso.

ANOTAÇÕES

GEOGRAFIA

As potências asiáticas 59
CAPÍTULO

5 Tigres Asiáticos

Objetivos: Neste capítulo, vamos estudar os chamados Tigres Asiáticos, países – ou cidades, caso de
Hong Kong – que há algumas décadas eram considerados como mais atrasados do que Argen-
c Compreender as tina, México e Brasil, e hoje são praticamente economias desenvolvidas. Mostraremos que, ao
semelhanças e as
contrário do que pensam vários autores, a extensão de um território, a baixa quantidade de
diferenças entre os
recursos naturais e o clima tropical não são obstáculos ao desenvolvimento, e que a ênfase na
Tigres Asiáticos.
educação de qualidade e generalizada é fundamental para o desenvolvimento econômico e social
c Analisar o modelo de de qualquer nação.
crescimento adotado Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong (cidade reincorporada à China em 1997), os cha-
pelos Tigres Asiáticos mados Tigres Asiáticos, são praticamente economias do Norte ou desenvolvidas. Podemos também
e as transformações incluir nesse grupo a Malásia, apesar de estar num patamar ligeiramente inferior àqueles quatro Tigres.
recentes. Até há pouco tempo, eles eram considerados países pobres, bem mais atrasados que a África do Sul,
o Brasil, o México ou a Argentina. Mas isso mudou dos anos 1970 em diante.
c Refletir sobre a
relação entre clima e
desenvolvimento. A renda per capita em países selecionados (em dólares)

c Comparar os Renda per capita Renda per capita Renda per capita
País
problemas geopolíticos em 1960 em 1980 em 2010
de Taiwan, Coreia do
Coreia do Sul 155 1 690 23 749
Sul e Hong Kong.
Taiwan 242 2 363 18 750

Cingapura 428 4 550 43 867

Malásia 299 1 812 15 384

Hong Kong 429 5 695 31 758

Argentina 1 271 7 478 9 120

Brasil 312 1 372 10 700


FONTE: Tabela elaborada com dados do WORLD BANK, World Development Report, 1965 e 2012;
e da CIA, The World Factbook, 2012.

Até por volta dos anos 1970, o Brasil e a Argentina tinham rendas médias maiores e cresci-
mento econômico maior que os Tigres Asiáticos. De lá para cá, muita coisa mudou: atualmente,
esses países asiáticos possuem rendas per capita e padrões de vida superiores. São países que
investiram na educação de qualidade, na tecnologia e na política industrial a longo prazo e, hoje,
ao contrário dos anos 1960, são considerados praticamente economias desenvolvidas. Observe a
tabela acima.
Como se percebe, os Tigres Asiáticos tiveram um desempenho superior ao do Brasil e,
principalmente, ao da Argentina, país que em 1950 era tido como desenvolvido e hoje tem uma
renda média nominal (isto é, sem considerar o poder de compra; e também sem considerar a
distribuição social da renda) inferior até mesmo à brasileira. Mas, inclusive no aspecto social, os
Tigres Asiáticos têm uma situação melhor que aos países latino-americanos em geral. Analise
o quadro a seguir:

60 As potências asiáticas
Dados de países selecionados
Participação dos 10% mais Participação dos 40% mais População vivendo com
País Índice de Gini*
ricos na renda nacional pobres na renda nacional menos de 2 dólares ao dia
Hong Kong 34,9% 14,9% 43,4 0%
Taiwan n/d** n/d n/d 0%
Coreia do Sul 22,5% 21,5% 31,6 0%
Cingapura 32,8% 14,4% 42,5 0%
Malásia 34,7% 13,2% 46,2 2,3%
Brasil 42,9% 10,0% 54,7 10,8%
México 37,2% 13,3% 47,7 5,2%
* O índice de Gini é uma medida de desigualdades que vai de 0 (situação hipotética na qual a renda é exatamente igual para todos) a 100 (situação hipotética na qual uma só pessoa
concentra toda a renda). Em resumo, quanto maior for esse índice, maior será a concentração na distribuição social da renda, e vice-versa.
** n/d significa não disponível. Esses dados não estão disponíveis para Taiwan porque o país não é um membro da ONU e o Banco Mundial (World Bank) pertence a essa organização
internacional. Mas se sabe, por outras fontes, que a distribuição social da renda em Taiwan não é muito concentrada, sendo provavelmente mais parecida com a da Coreia do Sul.
FONTE: WORLD BANK, World Development Report, 2012.

TRAÇOS COMUNS
Um ponto a esclarecer a respeito dos Tigres Asiáticos é que, ao contrário do que dizem alguns,

GLOSSÁRIO
eles não formam nenhum bloco ou mercado regional. São apenas países – ou cidade, no caso de Asean:
Hong Kong – que foram agrupados em razão de seu dinamismo e de sua localização no sudeste Associação das Nações do Sudeste
e no leste da Ásia. Mas eles não são parceiros privilegiados uns dos outros (pelo contrário, os seus Asiático. Com sede em Jacarta, na In-
principais parceiros comerciais são Estados Unidos, China e Japão) e sequer participam em conjunto donésia, essa organização tem como
de algum mercado regional, com exceção de Malásia e Cingapura, que são membros da Asean; a objetivo acelerar o crescimento eco-
nômico e fomentar a paz e a estabi-
bem da verdade, esses cinco países participam da Apec, mas a organização não é um bloco de Tigres
lidade regionais. Os membros plenos
Asiáticos – que inclusive não são os seus membros principais – e sim um acordo comercial entre um e fundadores do bloco são Indonésia,
grande número de países banhados pelo oceano Pacífico. Filipinas, Malásia, Cingapura, Tailân-
Esses quatro países mais a cidade de Hong Kong apresentam uma economia moderna com dia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e
elevada industrialização, inclusive com setores de ponta (informática, por exemplo), além das rendas Camboja.
per capita relativamente elevadas e distribuição social de renda não muito concentrada, com a parcial Apec:
exceção da Malásia. Apresentam ainda elevadas expectativas de vida – a mais baixa, na Malásia, é de Cooperação Econômica para a Ásia e
74,5 anos, superior à do Brasil (73,6 anos); e a maior desse grupo, em Hong Kong, é de 82,5 anos –, o Pacífico, um mercado regional cons-
baixos índices de analfabetismo e de mortalidade infantil e praticamente nenhum registro de po- tituído por mais de 20 países, todos
banhados pelo oceano Pacífico: Es-
pulação vivendo abaixo da linha internacional da pobreza. Apesar disso, muitos autores consideram tados Unidos, México, Canadá, Chile,
prematuro incluir esses países no conjunto geoeconômico do Norte, pois eles não possuem institui- Japão, Austrália, Cingapura, Coreia do
ções democráticas que lhes deem estabilidade ou – em especial a Malásia – o tradicional padrão de Sul, China e outros. O objetivo da Apec
vida bem mais elevado que caracteriza os países desenvolvidos. é promover a cooperação e facilitar o
Até há pouco tempo, os Tigres eram Estados governados por ditaduras; além disso, ao contrário comércio entre os países-membros.
de alguns países europeus onde isso também ocorreu (Portugal, Espanha e Grécia), não pertencem
a um sólido bloco econômico e político, como a União Europeia. Assim, os Tigres dependem muito
do mercado externo – fundamental para suas exportações –, enquanto os países mais pobres da
Europa não têm essa “fraqueza” e contam com uma vizinhança muito mais próspera e estável, apesar
de a crise europeia de 2011-2012 ter posto em questão se a participação na União Europeia é uma
GEOGRAFIA

garantia efetiva contra o empobrecimento.


Os Tigres Asiáticos são internacionalmente conhecidos por essa denominação por causa da
grande prosperidade econômica – sobretudo industrial – que eles alcançaram nas últimas décadas,
principalmente de 1970 até os anos 1990, quando conheceram algumas das mais elevadas taxas de
crescimento do mundo. Esse crescimento, ao contrário do que diziam alguns, veio acompanhado
por melhorias sociais, principalmente na educação, na saúde e até mesmo, em menor proporção, no
poder de compra da população em geral.

As potências asiáticas 61
A força de trabalho disciplinada, qualificada (os sistemas educacionais são de ótima qualidade e
acessíveis a praticamente toda a população desses países) e inicialmente barata foi um grande incen-
tivo para o crescimento dessas economias. Mas também outros fatores tiveram a sua importância: os
incentivos ao capital estrangeiro; a localização estratégica no oceano Pacífico, a meio caminho entre a
Europa (ou o Oriente Médio) e o leste asiático; o enorme esforço governamental para promover a in-
dustrialização, realizando bons projetos de curto, médio e longo prazo, e gastando de forma eficiente
o seu orçamento, com uma drástica diminuição da corrupção e do desperdício de recursos públicos.
Ao contrário de países em que o papel do Estado no desenvolvimento sempre foi mínimo, como
nos Estados Unidos, nos Tigres Asiáticos – e também no Japão e, mais recentemente, na China – esse
papel foi decisivo. O Estado foi e continua sendo o coordenador e principal planejador da estratégia
industrial e tecnológica, da abertura de mercados no exterior junto com incentivos à exportação, dos
investimentos em educação e infraestrutura (meios de transportes, telefonia, eletrificação, internet
de alta velocidade, etc.), do combate à corrupção e ao desperdício de recursos, etc.
O crescimento econômico dos Tigres teve como base a internacionalização, a preocupação
com o mercado exterior. Suas exportações de bens industrializados – no início tecidos, roupas, brin-
quedos, bugigangas eletrônicas, etc., e depois, nos anos 1980, aparelhos de videocassete, relógios a
pilha, bicicletas, gravadores, aparelhos de televisão em cores, automóveis e até microcomputadores
e navios – vêm se multiplicando a cada ano, sendo absorvidas em todo o mundo, em especial pelo
mercado consumidor do Japão, da América do Norte e da Europa. Mas, nos últimos anos, eles vêm
procurando diversificar os seus mercados compradores, estabelecendo comércio crescente com
China, Índia e outras economias emergentes. Veja o mapa e a tabela a seguir.

Os cinco Tigres

Perfil/país Coreia Taiwan Hong Malásia Cingapura

FONTE (tabela): Elaborada com dados de: WORLD BANK, World Development Report, 2012; CIA, The Factbook, 2012. FONTE (mapa):
do Sul Kong

PIB em 2010
(em bilhões de dólares) 1 120 467 224 238 209

Exportações em 2011 JAPÃO


556,5 325,1 427,9 212,7 409,2 COREIA
(em bilhões de dólares)
DO NORTE
Proporção de
industrializados no 89% 81,6% 77% 67% 75% COREIA
total das exportações DO SUL
Área: 99 484 km2
Proporção de produtos
com tecnologia Pop.: 48,6 milhões
avançada em relação 28,7% 32% 16,5% 44,5% 49,9%
às exportações

CHINA Área: 35 981 km2


Pop.: 23,3 milhões
NEPAL
TAIWAN
BUTÃO
Trópico
de Câncer BANGLADESH Área: 1 067 km2
HONG
KONG Pop.: 7,1 milhões
MIANMAR

WORLD BANK, 2008; CIA, World Factbook, 2008. Adaptado.


ÍNDIA LAOS
Golfo de OCEANO
Bengala TAILÂNDIA FILIPINAS PACÍFICO
al

VIETNÃ
n
dio

CAMBOJA
eri
a M
hin
C
da

SRI BRUNEI
ar

LANKA
M

MALÁSIA Área: 329 847 km2


Pop.: 28,4 milhões
Área: 618 km2 CINGAPURA

N
Pop.: 5,2 milhões
A
S I
N É
0 545 OCEANO I N D O
ÍNDICO
km AUSTRÁLIA

62 As potências asiáticas
A Coreia do Sul, com 99 484 km2 e quase 49 milhões de habitantes, é o Tigre mais populoso e
o segundo em dimensão territorial (depois da Malásia). Cingapura, uma cidade-estado com apenas
618 km2 e 5,2 milhões de habitantes, é o menor e menos povoado dos Tigres; é também um local
de elevada renda per capita e qualidade de vida em geral. Formosa ou Taiwan (ou ainda China Na-
cionalista), com 35 981 km2 e 23,3 milhões de habitantes, fica numa posição intermediária. Já a área
ou cidade de Hong Kong, com apenas 1 067 km2 e pouco mais de 7 milhões de habitantes, tem
uma posição original, uma vez que não é um Estado independente, mas sim uma região especial
da China. Hong Kong tem uma renda per capita e uma qualidade de vida em geral muito maiores
que o restante da China. É uma cidade moderna e ocidentalizada, com vida econômica própria e
independente de Pequim. Nas negociações com o Reino Unido para a devolução de Hong Kong, a
China se comprometeu a não interferir nessa cidade durante pelo menos 50 anos, ou seja, até 2047.
A China não pretendeu simplesmente anexar Hong Kong ao seu sistema de governo e à sua
economia – o que poderia provocar a fuga de capital e um retrocesso econômico –, mas sim dar-lhe
certa autonomia, principalmente com relação à sua política econômica. O governo chinês organizou
um Conselho Administrativo nessa área, com a participação de representantes locais e autoridades
chinesas, para que a mudança administrativa não causasse descontentamento na população e muito
menos fuga de capital. Afinal, grande parte da economia de Hong Kong é dependente da confiança
dos investidores internacionais. A economia da própria China poderia ser prejudicada com uma
drástica intervenção em Hong Kong, pois ela vem crescendo a ritmo acelerado graças à confiança
dos investidores internacionais na estabilidade política e econômica do país; além disso, ela depende
das importações dos demais países, principalmente dos Estados Unidos.
A Coreia do Sul também en-

AGE FOTOSTOCK AGB PHOTO


frenta um problema na sua política
externa. Ela se separou da Coreia do
Norte em 1954, mas muitos corea-
nos ainda sonham em reunificar as
duas Coreias. Caso isso se concretize
– e as chances são razoáveis – terá
origem uma nova potência no leste
asiático, pois a Coreia do Sul é um
país moderno e industrializado e a
Coreia do Norte, apesar de atrasada
econômica e socialmente, inclusi-
ve no sistema educacional, tem ar-
mamentos atômicos. Diante dessa
perspectiva, o governo sul-coreano
preocupou-se em promover um rá-
pido crescimento industrial. Assim,
quando a Coreia do Sul tiver de ce-
der às pressões para a reunificação,
terá um poderio econômico bem
maior que a porção norte da Coreia,
o que atualmente já é inegável. Com
isso, a Coreia do Sul espera ter vanta-
gens nos acordos para essa eventual
Seul, na Coreia do Sul, em 2013.
união por meios diplomáticos. Numa rápida comparação entre as duas Coreias, observamos que a
Coreia do Sul é mais populosa (48,6 milhões de habitantes, contra 23,9 da Coreia do Norte) e possui
GEOGRAFIA
uma economia bem mais poderosa (mais de 1 trilhão de dólares de PIB, contra apenas 40 bilhões
da Coreia do Norte). A renda per capita dos sul-coreanos (23 750 dólares) é bem superior à dos
norte-coreanos (1 800 dólares). Mas os gastos militares da Coreia do Norte são proporcionalmente
maiores que os da Coreia do Sul: 22% do PIB contra apenas 3%. A Coreia do Norte já fez testes com
suas primeiras bombas atômicas – e procura desenvolver um sistema de mísseis para transportá-las
a milhares de quilômetros de distância –, ao contrário da Coreia do Sul, que nunca se aventurou na
busca de armamentos nucleares.

As potências asiáticas 63
Tensão entre as Coreias

Dezembro de 2012 Forças 2006, 2009 e 2013


Lançamento bem- norte-coreanas Kilchiu: 3 testes nucleares
-sucedido de um 1 160 000
foguete pela
Coreia do Norte
(saindo de Sohae
e passando sobre
Okinawa) Março de 2013
Manobras militares entre
Seul e Washington,
envolvendo a ameaça por
COREIA Pyongyang de ataque
DO NORTE nuclear preventivo aos
Pequim Estados Unidos
Pyongyang

Março de 2010 Seul Tóquio


Mar do Japão
Baengnyeong: (Mar do Leste)
a embarcação COREIA
sul-coreana DO SUL
Chenoan é JAPÃO
atacada por
um submarino
norte-coreano

Forças japonesas
Forças sul-coreanas 230 300

FONTE: Disponível em: <http://lci.tf1.fr/monde/asie>. Acesso em: 6 out. 2015.


687 000

CHINA
Forças americanas
na Coreia do Sul
25 000
Forças chinesas Okinawa no Japão
2 285 000 56 000

OCEANO
PACÍFICO
TAIWAN
N

0 180

km

Taiwan também enfrenta uma delicada questão geopolítica. A vizinha China não aceita até hoje
a independência do país. A ilha de Formosa, que já fez parte da China, proclamou sua autonomia em
1949, sob o nome de República da China Nacionalista. Nessa ocasião, as tropas de Chang Kai-chek,
que chefiava o governo da China, foram derrotadas pelas forças comunistas de Mao Tsé-tung, que
chegaram ao poder. Com a derrota, Chang Kai-chek e seu exército acabaram se refugiando nessa ilha
situada a leste da China, formando ali um novo governo e proclamando a sua independência. Uma
certa tensão entre os dois países dura até hoje. A situação ficou mais difícil para Formosa quando a
China saiu de seu isolamento e abriu-se para o capitalismo internacional, por volta de 1976.
Considerando a importância da China, os Estados Unidos, que até então estiveram do lado
de Formosa, resolveram restabelecer relações diplomáticas com os chineses. Formosa teve de se
retirar da ONU com o ingresso da China na organização internacional, em 1972, pois os chineses
não aceitam a independência de Taiwan e não ingressariam na ONU junto com o Estado vizinho.

64 As potências asiáticas
Taiwan solicitou várias vezes o seu reingresso na ONU – embora não o seu antigo posto no Conselho
de Segurança, algo completamente descartado –, mas por firme oposição da China a Assembleia-
-Geral da ONU sempre rejeitou esse pedido.
Nos últimos anos, a China já propôs várias vezes que representantes das duas partes se reunis-
sem, visando chegar a um acordo para a reunificação da ilha com a nação chinesa. O governo de
Taiwan, contudo, sempre recusou a proposta, alegando incompatibilidade de sua economia capita-
lista com o socialismo chinês. No entanto, a atual política de abertura da China para o capitalismo
enfraqueceu esse argumento, o que coloca em dúvida o futuro de Formosa como nação separada da
China. Entretanto, pesquisas de opinião pública realizadas nos últimos anos em Taiwan mostraram
que a maioria da população não se considera mais chinesa e não quer voltar a fazer parte da China.
Aliás, o governo de Taiwan – que, até 1991, era uma ditadura de partido único, mas desde então
passou a ser uma democracia com vários partidos e eleições periódicas – já convocou um plebiscito,
no qual a maioria da população votou a favor do sim, ou seja, da independência do país em relação
à China. Mas existe uma importante minoria da população – e alguns partidos políticos – favorável
à reunificação com a China.

Cingapura: uma economia desenvolvida num clima equatorial


Apesar de ter sido uma tese mais frequente no passado, pelo menos até meados do século XX, ainda existem aqueles que
acreditam que o clima determina o desenvolvimento de uma sociedade. Afirma-se que os países desenvolvidos estão na zona
temperada e os subdesenvolvidos, em regiões com climas mais quentes, tropicais ou equatoriais. Deixando-se de lado os inúmeros
países subdesenvolvidos na zona temperada, como também os desenvolvidos que têm parte de seus territórios (mas não a totali-
dade) na zona intertropical, como a Austrália, o exemplo de Cingapura é o mais eloquente para desmentir essa tese. Esse pequeno
Estado nacional, com uma economia moderna e elevado padrão de vida – maior do que em muitos países tidos como desenvol-
vidos e situados na zona temperada – está localizado exatamente na linha do Equador, com um clima equatorial quente e úmido.
O Estado nacional de Cingapura ocupa uma pequena ilha – a ilha de Cingapura – no sul da península da Malásia, ponto estratégico
no oceano Pacífico, na saída do estreito de Malaca, a leste da maior ilha da Indonésia. O território do país conta ainda com dezenas de
minúsculas ilhas situadas a sul e leste da ilha principal. Fica praticamente na linha do Equador (apenas 1o de latitude norte) e seu relevo
é baixo e plano, sendo que o ponto mais elevado do território tem somente 165 m de altitude.
Depois de ter sido por séculos um pequeno sultanato ligado à Malásia, no século XIX Cingapura foi ocupada pelos britânicos, que
impuseram ao sultão um tratado para tornar a ilha – devido à sua localização geográfica privilegiada e boas condições portuárias – um
entreposto para o comércio do Reino Unido com as Índias e com o leste asiático. Assim, a vida econômica do país, girando ao redor
do porto, era controlada pelos britânicos, apesar de oficialmente o Estado ser independente. Mas, durante a Segunda Guerra Mundial,
Cingapura foi tomada pelos japoneses, juntamente com a Malásia, que expulsaram os ingleses. Com a derrota japonesa na guerra,
Cingapura voltou ao domínio britânico até 1963, ocasião em que o país se uniu à Federação da Malásia, numa experiência malsucedida
que só durou dois anos.
Em 1965, Cingapura obteve de fato a sua independência, a sua soberania, sob a forma de uma República parlamentarista. O novo
Estado nacional, nos anos 1960, era pobre, com uma população de apenas 1,6 milhão de pessoas, pouquíssimas indústrias e uma renda
per capita de pouco mais de 400 dólares por ano. Para piorar, devido à sua exígua dimensão – somente 618 km2, a maior parte ocupada
pela cidade e pelas instalações portuárias –, Cingapura nem podia sonhar em ter uma agricultura desenvolvida. Até hoje o país importa
gêneros alimentícios e, em parcas parcelas de terras (praticamente não existe meio rural em Cingapura), produz um pouco de legumes
e verduras, banana-da-terra e orquídeas; também a pesca e a criação de peixes cresceram bastante a partir dos anos 1980.
Portanto, o país tinha de se industrializar para não depender apenas da situação de entreposto comercial. Duas medidas implemen-
tadas pelo novo Estado independente foram fundamentais: enorme incentivo à industrialização e atração de investimentos estrangeiros e
radical reforma no sistema escolar. Em poucos anos, a frequência nas escolas passou de 30% para cerca de 100% das crianças e adolescentes,
e com o tempo 70% das pessoas que terminavam o Ensino Médio passaram a também fazer o Ensino Superior. A atividade industrial,
GEOGRAFIA
que representava apenas 13% do PIB em 1965, passou para mais de 33% dessa produção econômica total. Naquela época – anos 1960
e 1970 –, ao contrário de hoje, quase ninguém procurava atrair investimentos estrangeiros (as grandes exceções eram exatamente os
Tigres Asiáticos), pois se acreditava que o desenvolvimento deveria ser “para dentro”, como se dizia, ou seja, baseado no mercado interno
e em empresas nacionais (estatais ou privadas). Poucos também imaginavam que as grandes empresas dos países desenvolvidos – prin-
cipalmente, na época, estadunidenses e europeias – montariam fábricas em países do Sul. Mas a estratégia deu certo e hoje Cingapura
conta com milhares de fábricas, inclusive grandes marcas multinacionais. O país exporta principalmente bens industrializados: máquinas
e equipamentos, produtos químicos e farmacêuticos, eletrônicos, bens de consumo duráveis, navios, derivados de petróleo (o óleo é

As potências asiáticas 65
importado e o país o refina), etc. Outra medida importante para o sucesso econômico foi o combate à corrupção, que era notória no
país até os anos 1960. Inúmeros funcionários públicos e empresários, inclusive estrangeiros, foram presos e sentenciados a duras penas,
dando exemplo para os demais; passou a haver maior exigência na admissão de novos funcionários públicos, que agora têm de ter ética,
competência e curso superior; houve ainda uma elevação nos níveis salariais do funcionalismo, inclusive no ensino e na saúde, algo que
também contribuiu muito para atrair pessoas capacitadas e compromissadas com o serviço público.
Em 2012, Cingapura tinha o quarto maior poder de compra (renda per capita PPP, ou seja, em paridade de poder de compra in-
ternacional) do mundo, na frente de Reino Unido (sua antiga metrópole), França, Bélgica, Espanha, Itália e outros países desenvolvidos.
Tem também um IDH considerado muito alto, acima de Reino Unido, Grécia, Hungria, Polônia, Portugal, Argentina, Cuba, Brasil, México,
Uruguai e dezenas de outros países que nos anos 1960 estavam muito à frente desse pequeno país asiático. O clima equatorial ou tropical,
portanto, não é nenhum obstáculo intransponível para uma nação se tornar desenvolvida.

DIFERENÇAS ENTRE OS TIGRES


Os Tigres Asiáticos não são iguais; eles possuem algumas diferenças econômicas impor-
tantes. Hong Kong e Cingapura têm um forte setor financeiro (bancos) e uma enorme impor-
tância comercial-portuária; Cingapura tem ainda uma importante indústria de beneficiamento
de petróleo. Ela importa petróleo do Oriente Médio, o refina e exporta os derivados. Coreia
do Sul, Taiwan e Malásia têm economias diversificadas, embora baseadas essencialmente no
setor industrial.
A Malásia destaca-se nas indústrias eletrônicas, de borrachas e óleos, e os Estados Unidos
– e mais recentemente a China – são seus parceiros comerciais mais importantes. Taiwan e
Coreia do Sul, com indústrias variadas – de automóveis a eletrodomésticos, de navios a com-
putadores – têm modelos econômicos bem diferentes: enquanto em Formosa predominam as
pequenas e médias empresas, especializadas em um ou dois produtos, na Coreia do Sul há um
amplo predomínio das grandes empresas em forma de conglomerados, ou seja, que produzem
dezenas de bens diferentes. São os chamados chaebol, isto é, enormes conglomerados ou “polvos
econômicos”, empresas que se ramificam por toda a economia e controlam grande parte da
produção do país.
Kuala Lumpur, na Malásia, em 2014.
Aliás, algumas dessas grandes empresas
coreanas tornaram-se, nos anos 1970 e 1980,
TK KURIKAWA/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

importantes multinacionais com enormes taxas


de crescimento: Samsung, Hyundai, Daewoo,
Lucky-Goldstar (LG) e Sunkiong (SK). Essas cinco
empresas, que constam da lista das maiores mul-
tinacionais do mundo e sempre foram ajudadas
pelo governo, controlam juntas quase 50% da
economia da Coreia do Sul. O governo sul-corea-
no, desde 1998, vem promovendo uma intensa
campanha para reformar os chaebol. Isso porque
o país passou por uma crise de 1997 a 1999 e um
dos motivos foi a concentração de grande parte
da economia e das exportações sul-coreanas nas
mãos dessas cinco empresas de grande porte,
que, acostumadas com ajudas e facilidades go-
vernamentais, são muito burocratizadas, têm ati-
vidades muito diversas e funcionários e gastos em
excesso, etc. Como uma das principais medidas
para superar a crise, o governo sul-coreano exigiu
a reestruturação e a modernização desses conglo-
merados, com diminuição de atividades e frag-
mentação ou subdivisões. Assim, parece que a era
dos chaebol está chegando ao fim na Coreia do
Sul, que procura desconcentrar a sua economia.

66 As potências asiáticas
A Malásia, por sua vez, é um país que muitos não consideram um verdadeiro Tigre Asiático.
Na verdade, seus indicadores socioeconômicos estão abaixo dos outros quatro Tigres. Todavia, a sua
situação econômica e social é bem superior aos dos demais países do sudeste e do leste asiático,
com exceção do Japão, da China e dos demais Tigres. A economia malaia, que era pobre, conheceu
um rápido crescimento nos anos 1970 e 1980, em grande parte impulsionado por investimentos
estrangeiros, especialmente norte-americanos. Além da mão de obra relativamente barata e discipli-
nada, a Malásia oferece boas garantias aos capitais estrangeiros e tem uma boa posição geográfica
(ao lado da próspera Cingapura, importante rota de navegação internacional). É a maior produtora
de estanho e borracha natural do mundo, possui inúmeras indústrias siderúrgicas, petroquímicas,
eletrônicas e outras. A queda dos preços do petróleo e derivados, nos anos 1990, e a diminuição dos
investimentos externos (que passaram a ir para outras áreas: China, América Latina, Leste europeu,
Roteiro de Estudos
etc.) fizeram muitos duvidarem do dinamismo da economia malaia. Mas houve uma recuperação
nos anos 2000, quando os preços do petróleo subiram novamente – e bastante – e os investimentos Acesse o Material Comple-
estrangeiros voltaram ao país, que vem conhecendo nesta nova década elevadas taxas de crescimen- mentar disponível no Portal e
to anuais da economia. aprofunde-se no assunto.

PARA CONSTRUIR

1 Leia o texto a seguir. exportar, sua força é proporcional à demanda externa. Ofe-
Após ver o seu modelo de crescimento inspirado pelo recem incentivos fiscais a multinacionais, mas ainda dei-
Japão declinar, os Tigres Asiáticos se engatam à locomoti- xam de apostar no consumo doméstico. Outro ponto em
va chinesa para trilhar um novo caminho, agora sustenta- comum está na prioridade à educação como meio de au-
do pelo comércio com outros grandes mercados emergen- mentar a produtividade, fato sempre destacado em estudos
tes. Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan se e fóruns internacionais.
descolaram dos japoneses, que enfrentam anos de estag- Correio Braziliense, 23 maio 2011. Adaptado.
nação, para se atrelar à segunda maior economia do mun- Agora, responda às questões:
do. Esse grupo de nações apresenta ultimamente expansão a) Quem são os Tigres Asiáticos? Em quem eles se inspi-
média de 4% ao ano, menos da metade das taxas da China ravam e como era o seu modelo de crescimento até há
e da Índia, mas ainda assim superiores à média mundial. alguns anos?
A volta aos espetaculares índices de expansão registrados Os Tigres Asiáticos são: Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura, Hong
no fim do século passado depende das exportações, pre- Kong e Malásia. Eles se inspiravam no Japão e produziam para
judicadas após a crise global [a crise imobiliária dos Esta- exportar para os países desenvolvidos.
dos Unidos em 2008 e a crise da zona do Euro em 2010-
2012, que diminuíram as importações desses países b) Em quem eles agora estão se inspirando e que mudanças
desenvolvidos]. promoveram no seu modelo de crescimento?
Agora eles se inspiram na China e procuram estreitar
Além de se beneficiar das crescentes trocas comerciais
seus laços comerciais com as economias emergentes,
com a China, os Tigres começaram a repetir seu comporta-
como a chinesa e a indiana.
mento controverso na arena mundial [isto é, uma moeda
subvalorizada, exportações a baixos preços (diminuindo os c) Explique o que significa a frase “aproveitar a ascensão dos
custos de produção), uma atitude agressiva na conquista de novos consumidores”.
mercados, etc.]. Os Tigres ampliaram as trocas comerciais São os novos consumidores por causa da ascensão das classes
com a China e a Índia, além de outros mercados emergen- médias na China, na Índia e em outros países, inclusive o Brasil.
tes. O objetivo é manter a atividade das fábricas em nível
elevado e aproveitar a ascensão dos novos consumidores.
d) O que quer dizer dar prioridade à educação como forma
Guiados hoje pelo farol chinês, esses territórios e paí-
GEOGRAFIA
de aumentar a produtividade?
ses tentam ampliar presença no comércio global com ven-
A educação qualifica a mão de obra e com isso aumenta a sua
da crescente de artigos industrializados baratos e de alta
produtividade, ou seja, com o mesmo número de trabalhadores,
tecnologia. Com mão de obra qualificada e barata, exce-
e com a mesma quantidade e qualidade das máquinas, é possível
lente infraestrutura logística de portos e capacidade de
produzir quase todo tipo de artigo industrializado para produzir muito mais com trabalhadores qualificados.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1 a 3

As potências asiáticas 67
NOVOS TIGRES ASIÁTICOS?
A partir dos anos 1990, alguns autores passaram a falar em Novos Tigres Asiáticos para se referir
a certos países do Sudeste Asiático que passaram a se industrializar rapidamente e exportar produtos
manufaturados: Filipinas, Indonésia, Tailândia e Vietnã. São Estados que procuraram imitar o exemplo
bem-sucedido dos Tigres e, de fato, conheceram maior crescimento econômico, embora as condições
de vida de suas populações sejam ainda ruins e típicas de países subdesenvolvidos. Veja o quadro a
seguir sobre eles.

Os novos Tigres Asiáticos

País Tailândia Filipinas Indonésia Vietnã

Área (em km2) 513 115 299 764 1 904 570 331 051

População em 2010
65,5 92,3 237,6 87,8
(em milhões de habitantes)
PIB em 2010
345,6 224,7 846,8 123,9
(em bilhões de dólares)
Renda per capita em 2010
5 000 2 400 3 500 1 450
(em dólares)
Exportações em 2011
228,8 48,1 208,0 96,8
(em bilhões de dólares)
Taxa anual de crescimento
4,9% 4,8% 5,2% 7,2%
econômico de 2000 a 2010
FONTE: WORLD BANK, World Development Indicators, 2012.

Como podemos observar, esses pretensos Novos Tigres cresceram na primeira década do
século XXI mais que a média mundial, porém, bem menos que os campeões de crescimento, como
a China ou a Índia, por exemplo. O maior crescimento ocorreu no Vietnã, justamente o país mais
pobre desse grupo, que recebeu volumosos investimentos estrangeiros e hoje exporta em grande
quantidade calçados (tênis), roupas e outros bens manufaturados, geralmente de grifes interna-
cionais. A Indonésia exporta principalmente petróleo e gás natural; a Tailândia exporta têxteis,
calçados e automóveis; as Filipinas exportam petróleo, coco, frutas e alimentos processados. Este
último país, além de ter um crescimento mais modesto que os demais, ainda exporta pouco e em
geral matérias-primas.

PARA CONSTRUIR

2 (Mack-SP) Leia as afirmativas sobre os países asiáticos assinalados I e II no mapa.


I. Sua economia é controlada por grandes conglomerados que fabricam pratica- I
mente de tudo, desde aço e navios até produtos eletrônicos e automóveis, além
de atuar no setor financeiro e no comércio.
II. O país cada vez mais consolida-se como um grande entreposto comercial e
grande centro financeiro internacional; além disso, procura investir em indús- Trópic
o de Cânce
r
OCEANO
trias de alto valor agregado, como a naval, a de máquinas e equipamentos, etc. PACÍFICO
Golfo de
I e II referem-se, respectivamente, a: c Bengala

N
a) Japão e Coreia do Sul. d) Japão e Taiwan.
II
b) Hong Kong e Tailândia. e) Cingapura e Tailândia. 0 1 470
OCEANO
ÍNDICO
c) Coreia do Sul e Cingapura. km

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 4 a 6

68 As potências asiáticas
Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA

( ) Hong Kong, colônia britânica localizada em território


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR
chinês, valeu-se de seu superpovoamento para criar in-
dústrias com base em mão de obra facilmente disponí-
1 Por que, segundo a maioria dos autores, os Tigres Asiáticos
vel e barata, e de sua localização costeira, para efetuar a
ainda não podem ser incluídos no conjunto dos países do
distribuição dos bens produzidos.
Norte? Faça um comentário pessoal sobre essa questão.
( ) Localizada na ponta da Península Mongólica, a ilha de Cin-
2 Em relação ao desenvolvimento socioeconômico, estabeleça gapura especializou-se no setor quaternário da economia.
uma comparação entre os Tigres Asiáticos, a Índia e a China.
3 (Fuvest-SP) Sobre o modelo de industrialização implemen-
3 Quais são os países asiáticos chamados de Novos Tigres? tado em países do Sudeste Asiático, como Coreia do Sul e
Você concorda com essa avaliação? Taiwan e o adotado em países da América Latina, como a Ar-
gentina, o Brasil e o México, pode-se afirmar que:
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR a) nos países do Sudeste Asiático, a participação de capital
estrangeiro impediu o desenvolvimento de tecnologia
1 (UFMT) Sobre os países denominados Tigres Asiáticos, julgue local, ao passo que, nos países latinoamericanos, ela pro-
os itens a seguir e escreva nos parênteses V se é verdadeiro moveu esse desenvolvimento.
ou F se é falso. b) nos dois casos, não houve participação do Estado na cria-
cão de infraestrutura necessária à industrializacão.
( ) O setor portuário e os bancos constituem a base da eco- c) nos países do Sudeste Asiático, a organização dos traba-
nomia de Hong Kong. lhadores, em sindicatos livres, encareceu o produto final,
( ) Cingapura é um dos maiores refinadores mundiais de pe- ao passo que, nos países latinoamericanos, a ausência
tróleo, que vem do Oriente Médio e que depois de refina- dessa organização tornou os produtos mais competitivos.
do é exportado para outros países da Ásia e para a África. d) nos dois casos, houve importante participação de capital
( ) Coreia do Sul e Taiwan possuem economias mais diver- japonês, responsável pelo desenvolvimento tecnológico
sificadas e fabricam desde brinquedos eletrônicos até nessas regiões.
microcomputadores. e) nos países do Sudeste Asiático, a produção industrial vi-
sou à exportação, ao passo que, nos países latinoamerica-
2 (UnB-DF) Até cerca de vinte anos atrás, o Japão dominava, de nos, a produção objetivou o mercado interno.
forma soberana, a geografia industrial do sudeste da Ásia. To-
davia, nas duas últimas décadas, surgiram competidores, em 4 (UFU-MG) A partir da década de 1970, quatro países asiáticos
escala ainda reduzida, à sua hegemonia econômica: Coreia do surpreenderam o mundo com uma expressiva industrializa-
Sul, Formosa (Taiwan), Hong Kong e Cingapura. Esses Estados ção. Devido às características desse processo e à localização
de Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan, estes fo-
possuem vantagens de cunho geográfico que os auxiliaram a
ram denominados Tigres Asiáticos. Recentemente, esses
ocupar posições econômicas privilegiadas.
quatro países expandiram sua economia para países vizinhos
Julgue os itens a seguir, relativos a esses Estados, como V (ver- do Sudeste Asiático, agora denominados de Novos Tigres
dadeiro) ou F (falso). Asiáticos. Sobre a economia desses países, analise as afirmati-
( ) A Coreia do Sul, situada em uma península que faceia o vas a seguir.
Japão e que é possuidora de grandes centros industriais I. Nos novos Tigres, devido à mão de obra extremamente
(fabricando desde automóveis a pianos, computado- qualificada e barata, foram instaladas indústrias de produ-
res e calculadoras), e a Coreia do Norte (produtora de tos de informática, microeletrônica, hardware e software.
equipamentos pesados) teriam, juntas, melhores condi- II. Além dos investimentos dos quatro Tigres Asiáticos, os
ções de competir com o Japão, graças à diversificação Novos Tigres passaram a fazer parte das redes de negó-
cios de empresas dos Estados Unidos, do Japão e de ou-
GEOGRAFIA
da produção e à facilidade de escoamento desta para o
tros países desenvolvidos.
mercado internacional.
III. Para produzir mercadorias sob encomenda, criadas e pla-
( ) Formosa, um gigante industrial localizado em uma ilha, nejadas em outros lugares do mundo, surgiram milhares
produz bens que necessitam de importações maciças de pequenas empresas em cada um desses novos países.
de matérias-primas de origem chinesa e que são dis- IV. As reformas políticas, sociais e econômicas implantadas e
tribuídos ao mercado internacional por intermédio da o aumento do mercado interno de consumo fortaleceram
frota mercante da China. o desenvolvimento dos novos Tigres.

As potências asiáticas 69
Marque a alternativa que apresenta somente afirmativas 6 (PUCC-SP)
corretas.
Caríssimos carros importados pertencentes a uma minoria
a) II e III. c) II e IV. privilegiada continuam circulando pelas ruas, onde apare-
b) I e II. d) I, II e III. cem lado a lado edifícios modernos e envidraçados e pré-
5 (UTFPR) Apesar da importância econômica dos Tigres Asiá- dios residenciais deteriorados. A feérica iluminação das lojas
ticos, o sudeste da Ásia ainda registra grande população ru- comerciais continua a atrair consumidores dos mais varia-
ral e baixos índices de desenvolvimento humano. Os Novos dos produtos eletroeletrônicos. Aparentemente, a popu-
Tigres Asiáticos, no entanto, tentam mudar essa realidade. lação não demonstra grandes preocupações com a NOVA
SITUAÇÃO político-econômica. Tudo parece estar igual aos
Assinale a única alternativa que explica corretamente esse últimos quase 100 anos de ocupação europeia. As mudan-
processo econômico em curso na região. ças mais substantivas só virão no futuro...
a) Investem na produção de maquinofaturas para exportação. O texto refere-se à realidade atual de um dos Tigres Asiáticos:
b) A tecnologia da indústria é fornecida pelos Estados locais. a) Taiwan.
c) O motor da economia na região é a agricultura de b) Hong Kong.
exportação. c) Cingapura.
d) A base desse processo é a exploração de petróleo e ferro. d) Coreia do Sul.
e) O crescimento econômico deve-se à emergência da Índia. e) Tailândia.

ANOTAÇÕES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros
HAESBAERT, Rogério. China, entre o Oriente e o Ocidente. São Paulo: Ática, 2005.
KAMDAR, Mira. Planeta Índia: ascensão de uma nova potência global. São Paulo: Agir, 2009.
NAISBITT, Doris; John. China megatendências. Rio de Janeiro: Quality Mark, 2011.
PECEQUILO, Cristina S. (Org.). A Rússia: desafios presentes e futuros. São Paulo: Juruá, 2011.
TIKU, Pran. O brilho dos emergentes. São Paulo: Elsevier, 2006.
TREVISAN, Cláudia. China, o renascimento do império. Rio de Janeiro: Planeta do Brasil, 2006.

Sites
<http://chinadataonline.org/>
Portal com mapas, gráficos e dados estatísticos sobre a China. Em inglês.
<www.apec.org>
Site da Apec (Cooperação Econômica para a Ásia e o Pacífico), em que há informações em inglês sobre o bloco
e seus países-membros (Japão, China, Coreia do Sul, Cingapura e vários outros).
<www.censusindia.gov.in/2011-common/VitalStatistics.html>
Portal do governo indiano com dados variados sobre o censo realizado em 2011.
<www.stats.gov.cn/english/>
Portal em inglês com informações e estatísticas sobre a China.
<www.guiademidia.com.br/jornais/asia.htm>
Portal que permite o acesso a inúmeros jornais de vários países da Ásia.
<www.diplomatique.org.br>
Site do jornal francês Le Monde Diplomatique em português, com boas reportagens sobre o mundo atual, inclu-
sive o sul da Ásia.

70 As potências asiáticas
MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

F11PHOTO/SHUTTRSTOCK/GLOW IMAGES
B

EQ ROY/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
(A) Nova Iorque, nos Estados Unidos. (B) Pequim, na China. Ambas as fotos são de 2015.

Segundo dados do Banco Mundial, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, com um PIB de 7 318 499 269 769 dólares em
2011, conheceu um crescimento médio de 10,5% ao ano de 2007 a 2011. Por sua vez, a economia norte-americana, a maior do globo,
com um PIB de 15 094 000 000 000 de dólares em 2011, conheceu um crescimento médio anual de apenas 1,3% nesse mesmo período.
Na hipótese (embora improvável) de a China e os Estados Unidos continuarem a crescer nessas mesmas taxas pelos anos vindouros,
em que ano a economia chinesa vai ultrapassar a norte-americana? c
a) 2018. Peça aos alunos que utilizem calculadora M 5 C(1 1 i)n n ? log 1,105 . log 2,062 1 n ? log 1,013
CHINA
b) 2019. para resolver este exercício. MCHINA 5 7 318 499 269 769(1 1 0,105)n 0,043n . 0,314 1 0,005n
c) 2020. Destaque que, como sabemos o valor do MCHINA 5 7 318 499 269 769(1,105)n 0,038n . 0,314
PIB do ano de 2011, é porque esse ano já n . 8,263
d) 2021. “fechou”; ou seja, a análise do ano de 2011
MCHINA . MEUA Ou seja, após aproximadamente 8 anos a
e) 2022. foi feita no ano seguinte, em 2012. 7 318 499 269 769(1,105)n . China vai ultrapassar os EUA (2020).
Sendo n o tempo, em anos, transcorrido a
15 094 000 000 000(1,013)n
partir de 2012, temos:
MEUA 5 C(1 1 i)n 1,105n . 2,062 ? 1,013n
MEUA 5 15 094 000 000 000(1 1 0,013)n log 1,105n . log 2,062 ? 1,013n
MEUA 5 15 094 000 000 000(1,013)n log 1,105n . log 2,062 1 log 1,013n

71
QUADRO DE IDEIAS
Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
As potências asiáticas Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Edição de Arte: Kleber de Messas
Rússia Japão China Índia Tigres Asiáticos Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
Cartografia: Eric Fuzii, Robson Rosendo da Rocha
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
Projeto Sistema SESI de Ensino
Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
Botelho e Valdete Reis
Revisão: Juliana Souza
Diagramação: lab 212
Capa: lab 212
Ilustração de capa: Macrovector/ Sentavio/ Golden
Sikorka/ Shutterstock
Consultores:
Coordenação: Dr. João Filocre
Geografia: Msc. Rita Elizabeth Durso Pereira da Silva
SESI DN
Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
dos Santos

União CEI Novos Tigres Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.
Avenida das Nações Unidas, 7221
Soviética Asiáticos Pinheiros – São Paulo – SP
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© SOMOS Sistema de Ensino S.A.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vesentini, José William


Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de
1 a 12 : geografia : professor /José William Vesentini.
-- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2017.

1. Geografia (Ensino médio) I. Título.

16-08164 CDD-910.712

Índice para catálogo sistemático:


1. Geografia : Ensino médio 910.712
2016
ISBN 978 85 08 18288 6 (AL)
ISBN 978 85 08 18289 3 (PR)
3ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
GEOGRAFIA
GUIA DO PROFESSOR

JOSÉ WILLIAM VESENTINI


Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São
Paulo (USP).
Doutor em Ciências Humanas, área de Geografia Humana, pela
Universidade de São Paulo (USP).
Livre-docente em Geografia Política pela Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
Professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP),
onde leciona nos cursos de graduação e pós-graduação. Com
doze anos de experiência docente no Ensino Fundamental e no
Ensino Médio.
GEOGRAFIA

MÓDULO
As potências asiáticas (14 aulas)

As potências asiáticas
As competências e habilidades do Enem estão indicadas em
questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique
MÓDULO aos alunos que a utilidade deste “selo” é indicar o número da(s)
competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja
As potências asiáticas área de conhecimento está diferenciada por cores (Linguagens:
laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Ma-
temática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência
do Enem está disponível no portal.
Plano de aulas sugerido
Carga semanal de aulas: 2 SESI
Número total de aulas do módulo: 14 Educação
www.sesieducacao.com.br

Na abertura deste módulo, trabalhe


Competências Habilidades com os alunos o objeto educacional
cc Caracterizar a Rússia e a cc Conhecer os países digital China: desenvolvimento eco-
Comunidade dos Estados integrantes da CEI. nômico e demografia.
Independentes (CEI). cc Perceber o papel hegemônico
cc Compreender a atuação do da Rússia entre os países da CEI.
Japão no cenário mundial nos cc Analisar a situação da Rússia 1. RÚSSIA E CEI
dias atuais. desde o colapso da URSS até
cc Entender a ascensão da os dias de hoje. Objeto do conhecimento
China como grande potência cc Conhecer os aspectos físicos e
Rússia e Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
econômica nas últimas demográficos do Japão.
décadas. cc Caracterizar a economia Objeto específico
cc Analisar o crescimento japonesa, sobretudo as Tratar da formação da Comunidade dos Estados Independentes no
econômico da Índia nos atividades industriais início da década de 1990; reconhecer o protagonismo da Rússia na
últimos anos e a sua elevação empreendidas no país. CEI; compreender a ascensão da Rússia como império; entender
como potência regional. cc Compreender o declínio o processo da formação da União Soviética, bem como o seu
cc Conhecer os Tigres Asiáticos. econômico do Japão, declínio; caracterizar a Rússia na atualidade.
relacionando-o, dentre
outros fatores, à ascensão da
economia chinesa. AULA 1 Páginas: 4 a 9
cc Versar sobre os aspectos físicos

e demográficos da China. Pode-se considerar a CEI herdeira da União


cc Reconhecer a China como Soviética?; estrutura da CEI
uma das principais potências
econômicas mundiais na
Objetivos
atualidade. Analisar o processo de formação da CEI após a derrocada da União
cc Entender os conflitos étnicos Soviética.
no território chinês. Perceber a hegemonia da Rússia não só na ex-URSS, mas na CEI
cc Apresentar os principais
atualmente.
aspectos físicos e demográficos
Identificar os países que compõem a CEI, bem como aqueles que
da Índia e do sul da Ásia.
cc Compreender o crescimento não aderiram ao grupo após a fragmentação da União Soviética.
econômico da Índia no Estratégias
presente.
cc Analisar os conflitos A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) foi criada no
geopolíticos que ocorrem na início da década de 1990, logo após a derrocada da União das Repú-
Índia. blicas Socialistas Soviéticas. A Rússia ainda exerce certa hegemonia
cc Entender as estratégias sobre as demais nações na CEI, embora a China venha ganhando ter-
adotadas pelos Tigres Asiáticos reno na Ásia central e, na parte oeste, países como a Ucrânia venham
que proporcionaram o se afastando cada vez mais da Rússia.
crescimento econômico e o
elevado padrão de vida de
suas populações. Para conhecer um pouco mais sobre os desdobramentos do
cc Comparar os Tigres Asiáticos colapso da União Soviética e da situação atual da Ucrânia, uma
e os chamados Novos Tigres de suas ex-repúblicas, leia o Texto 1 da seção de textos comple-
Asiáticos. mentares deste Guia.

2 GUIA DO PROFESSOR
Com o auxílio de um mapa-múndi político, incentive os alunos Estratégias
a identificar quais foram os países que integravam a União Sovié- Foi durante o governo do czar Pedro I, entre o fim do século
tica e que, a partir da criação da CEI no início da década de 1990, XVII e início do século XVIII, que a Rússia se ocidentalizou. Além
voltaram a ter sua autonomia política, antes vinculada ao poder de empreender transformações econômicas e sociais no vasto ter-
centralizador de Moscou. Destaque que os países bálticos (Letônia, ritório, o soberano russo transferiu a capital de Moscou para São
Estônia e Lituânia) obtiveram a sua independência logo após o des- Petersburgo, cidade que recebeu esse nome para homenagear seus
membramento da União Soviética e, por quererem desvincular-se feitos como monarca. São Petersburgo, mais próxima do Ocidente,
do poder de Moscou, optaram pela não adesão à CEI, voltando-se foi planejada para ser uma capital imponente, desenvolvida arqui-
ao Ocidente. Cite à turma que, atualmente, os três países fazem par- tetônica e culturalmente.
te da União Europeia. Entre os anos de 1914 e 1924, a cidade passou a ser conhecida
Realize com os alunos a leitura e a interpretação da tabela “Os como Petrogrado; durante a vigência do regime socialista no país, ou
países da CEI” (página 7). Chame atenção para a discrepância dos seja, de 1924 a 1991, foi denominada Leningrado, em homenagem a
dados da tabela para que a turma compreenda que o processo de um dos principais líderes da Revolução Russa, Vladimir Ilitch Illianov,
desintegração da União Soviética foi complexo e resultou em reali- mais conhecido como Lenin; com a derrocada da União Soviética,
dades econômicas e sociais desiguais. Evidência disso são os dados da voltou a ser chamada São Petersburgo. Em 1918, deixou de ser a capi-
Rússia, que destoa dos demais integrantes da CEI não só em extensão tal da Rússia e, atualmente, é a segunda maior cidade do país e abriga
territorial, mas também em população absoluta, valor do PIB e renda um importante porto às margens do mar Báltico.
per capita. Peça aos alunos que elenquem os países possivelmente No que se refere à vida da maioria da população soviética durante
considerados subdesenvolvidos no presente, de acordo com as in- o regime socialista, cite as condições difíceis que a sociedade civil
formações fornecidas pela tabela em questão. enfrentou, como o racionamento de alimentos e outros itens básicos.
Um tema que poderá também ser discutido com a turma é o dos Explique que os investimentos soviéticos foram destinados, sobretu-
países que integravam a União Soviética que têm se aproximado do, à indústria bélica durante a chamada corrida armamentista, no
do mundo islâmico. Isso acontece em decorrência de a maioria da contexto da Guerra Fria. Além dela, o regime socialista destinou gran-
população desses países seguir a religião muçulmana e por estarem de parte de seus recursos a pesquisas relacionadas ao conhecimento
geograficamente próximos ao Oriente Médio. A ausência de identifi- e à exploração do espaço, na chamada corrida espacial.
cação religiosa e cultural é um dos fatores que tem distanciado países Em 1957, concorrendo com os norte-americanos, a União Soviética
como Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Quirguízia, entre foi pioneira no lançamento do primeiro satélite artificial no espaço,
outros, do grupo da CEI e da influência da Rússia, que ainda busca o Sputnik; em 1959, por meio do projeto Luna, obteve as primeiras
consolidar sua hegemonia no grupo, mesmo passados mais de vinte imagens da superfície da Lua. No mês de abril de 1961, o astronauta
anos do fim da URSS. (ou cosmonauta) soviético Iuri Gagarin foi o primeiro ser humano
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as a orbitar o planeta, quando proferiu a célebre frase “A Terra é azul”.
atividades 1 e 2 do “Para construir” (página 9). Durante a Guerra Fria, a disputa pela hegemonia dos Estados Unidos
com a União Soviética não se restringiu somente aos continentes do
Tarefa para casa mundo, mas também esteve voltada ao espaço.
Solicite à turma que faça em casa as atividades 1 e 2 do “Para pra- Fale da perestroika (reestruturação) e da glasnost (transparência) e
ticar” e a atividade 1 do “Para aprimorar” (página 20). da tentativa de Gorbachev, nos anos 1980, de modernizar, por meio
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões desses projetos, a União Soviética. Trate da resistência dos membros
juntamente com toda a classe. conservadores do Partido Comunista, a chamada “linha dura” dos
dirigentes e da sua tentativa de um golpe frustrado, que objetivava
manter o regime socialista e burocrático na nação.
AULA 2 Páginas: 10 a 17 Durante a década de 1980, o avanço dos países europeus e do Ja-
pão como novas potências no cenário econômico mundial também
A construção do Império Russo; a contribuiu para a derrocada da União Soviética.
ocidentalização da Rússia; do Império Russo Solicite aos alunos a realização de uma pesquisa sobre a situação
à União Soviética; o fim da União Soviética dos países ou das repúblicas que compuseram a União Soviética no
presente como, por exemplo, a Chechênia. Incentive-os também a
Objetivos compor um quadro dos países que integravam a União Soviética e
que atualmente fazem parte ou almejam integrar a União Europeia.
Compreender a ascensão da Rússia como império na Europa e na Ásia.
GEOGRAFIA
A Chechênia, na atualidade, é uma região ou província da Rússia,
Perceber a expansão territorial do Império Russo ao longo da his- embora haja grupos separatistas chechenos que ainda lutam por uma
tória e a forma que ela se deu. república totalmente autônoma.
Analisar o processo de ocidentalização da Rússia empreendido por O Caderno 10 de História também trata da crise do Império Russo
Pedro I, o Grande. durante o governo do czar Nicolau II e da Revolução Russa; caso
Compreender a implantação do regime socialista na Rússia e nos considere oportuno, realize atividades interdisciplinares junto ao pro-
países adjacentes e o colapso da União das Repúblicas Socialistas fessor de História para versar, de forma mais aprofundada, sobre as
Soviéticas no início da década de 1990. transformações da Rússia ao longo do século XX.

As potências asiáticas 3
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a Por fim, promova com os alunos a leitura do mapa “Oleodutos e
atividade 3 do “Para construir” (página 17). gasodutos da Rússia” (página 19) para destacar a importância dos
recursos naturais não renováveis para a economia do país, como o
Tarefa para casa petróleo e o gás natural. A nação eslava é extremamente dependente
Solicite à turma que faça em casa a atividade 3 do “Para praticar” e de ambos para obter lucros por meio de exportações, destinadas, so-
a atividade 2 do “Para aprimorar” (página 20). bretudo, a países da Europa Ocidental; além disso, o gás serve como
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões “arma estratégica” nas negociações russas com a Ucrânia e com os
juntamente com toda a classe. países europeus: nos conflitos geopolíticos atuais em que as exigên-
cias russas não são atendidas, o governo deixa de fornecer o com-
AULA 3 bustível aos países do Oeste. Destaque a fragilidade da economia do
Páginas: 17 a 19
país nesse aspecto, já que petróleo e gás natural são recursos naturais
não renováveis que, depois de intensa exploração, deixarão de existir.
Rússia
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
Objetivos atividade 4 do “Para construir” (página 19).
Caracterizar a divisão política atual da Rússia.
Tarefa para casa
Analisar a economia do país no século XXI.
Compreender as dificuldades políticas e sociais enfrentadas pela Solicite à turma que faça em casa a atividade 4 do “Para praticar”
Rússia desde o desmembramento da URSS. (página 20) e as atividades 3 e 4 do “Para aprimorar” (páginas 20 e 21).
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões
Estratégias juntamente com toda a classe.
O maior país do mundo em extensão territorial, terra de grandes
nomes da literatura universal, como Fiódor Dostoievski e Liev Tolstói; 2. JAPÃO
da música, como Tchaikovsky; da dança; das artes plásticas, enfim,
vem buscando, desde o colapso da URSS, consolidar novamente a Objeto do conhecimento
sua identidade nacional. Japão.
Solicite aos alunos que analisem o mapa “Federação Russa: repúbli- Objeto específico
cas e regiões autônomas” (página 18), a fim de que notem a diferença Apontar os aspectos físicos e demográficos do Japão; analisar
da sua divisão política atual em relação à estabelecida no Brasil. Nosso o desenvolvimento industrial japonês ao longo do século XX,
país é uma república federativa, ao passo que a Rússia é constituída sobretudo após a Segunda Guerra Mundial; tratar dos interesses
de repúblicas (que têm seus estatutos próprios, assim como têm o expansionistas do Japão na atualidade.
direito de estabelecer suas próprias línguas oficiais), distritos autôno-
mos, territórios e regiões autônomas que apresentam certa indepen-
dência ao governo central de Moscou. AULA 4 Páginas: 22 a 24
No que concerne aos aspectos demográficos da população rus-
sa, retome com os alunos os conceitos de população absoluta e
Aspectos físicos; demografia
população relativa (também denominada densidade demográfi-
ca), a fim de destacar que, apesar de a Rússia possuir a oitava maior Objetivos
população mundial nos dias de hoje, sua densidade demográfica é Apresentar os aspectos físicos do Japão, relacionando-os à forma
muito baixa, em função de seu imenso território; ressalte para a tur- que se deu o povoamento no território.
ma que o país possui a maior extensão territorial do mundo, seguido
por Canadá, China, Estados Unidos e Brasil. A taxa de natalidade na Estratégias
Rússia é baixa e em torno de 54% da população do país é constituída Ainda que apresente um território pouco extenso, o Japão é um
de mulheres. país populoso, já que sua população é estimada em 127 milhões de
Em 2013 e 2014, o país ocupava a 10a posição no ranking das maio- habitantes, segundo o Banco Mundial. Ao mesmo tempo, é bastante
res economias do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional povoado, pois em muitas cidades de seu arquipélago, como Tóquio,
(FMI). Em 2015, a projeção apontou a Rússia na 14a posição devido a Yokohama, Kyoto e Hiroshima, a densidade demográfica chega a ser
uma crise ocasionada pela queda dos preços internacionais do petró- superior a 500 habitantes/km2.
leo e do gás natural (que representam mais de 60% das exportações O país apresenta relevo montanhoso, e suas montanhas ocupam
russas) e pelo boicote de países ocidentais devido à anexação pela uma área considerável do território insular japonês; daí as principais e
Rússia da península da Crimeia, que faz ou fazia parte do território maiores cidades japonesas situarem-se nas planícies próximas ao litoral.
da Ucrânia. Retome com os alunos a participação da Rússia no grupo Estabeleça uma comparação das dimensões do arquipélago japo-
conhecido como Brics e sua relevância como parceira comercial do nês e da Rússia, o maior país em extensão do mundo, para que os
Brasil no presente; muitas das exportações de commodities brasileiras alunos percebam as diferenças territoriais. O principal rio do Japão, o
são destinadas ao mercado russo. Shinano, possui 367 quilômetros de extensão; o Volga, por sua vez,

4 GUIA DO PROFESSOR
que percorre os territórios da Rússia, tem 3 530 quilômetros. A Rús- AULA 5 Páginas: 25 a 30
sia é o 8o país mais populoso do mundo; o Japão, a despeito de seu
território, possui a 10a maior população mundial. Desenvolvimento industrial
O país, considerado deficiente em determinados recursos natu-
rais, é um grande importador de madeiras para a fabricação de pa- Objetivos
pel e para a construção civil, devido à sua preocupação de preservar Compreender as origens do desenvolvimento industrial japonês.
suas áreas florestais. Comparar a política econômica japonesa com a política econômi-
Relacione a localização do Japão na área denominada “Círculo ca praticada por outros países.
de fogo do oceano Pacífico”, lugar de encontro de três placas tec- Elencar as principais indústrias do Japão na atualidade.
tônicas, com a elevada ocorrência de terremotos, maremotos e Tratar dos interesses expansionistas do Japão nos dias de hoje.
tsunamis. Mencione a situação atual da província de Fukushima,
onde ocorreu um grave acidente nuclear em março de 2011, após Estratégias
o maremoto que atingiu a sua usina de geração de energia. O Após o término da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945,
desastre foi considerado o mais grave acidente nuclear desde o os japoneses receberam amplo investimento dos Estados Unidos
que ocorreu em Chernobyl (Ucrânia) no ano de 1986. O tsunami para reconstruir o país, assim como ocorreu nos países da Europa
que atingiu o Japão deixou mais de 18 mil mortos e desapareci- Ocidental, por meio do Plano Marshall, de 1947.
dos, devastou o nordeste do país e ocasionou o grave acidente No caso do Japão, o governo norte-americano forneceu assistência
na central nuclear. política, bem como concedeu créditos vultosos para a reconstrução
do país, com o objetivo não só de democratizá-lo, mas também de
Incentive os alunos a realizarem uma pesquisa, em grupos e em
evitar o ressurgimento do militarismo e do antiamericanismo e, so-
diferentes fontes, como jornais impressos, revistas e sites, a respei-
bretudo, de conter o avanço do comunismo no Japão, considerando-
to de Fukushima: como está a usina no presente? A população -se o contexto da Guerra Fria.
dos arredores retomou suas atividades? Muitas áreas continuam Entre 1960 e 1970, o crescimento da Alemanha (no caso, da Repú-
desabitadas? As estradas, as casas, os estabelecimentos comerciais blica Federal da Alemanha, capitalista e um dos países beneficiados
já foram totalmente reconstruídos? Quais foram as precauções e pelo Plano Marshall) entrou num ritmo de 5% ao ano, ao passo que
medidas tomadas pelo governo japonês quanto à contenção da o Japão registrava 17% ao ano, por meio da exportação de produtos
contaminação de material nuclear? inovadores e, ao mesmo tempo, baratos. No período em questão, o
Destaque aos alunos que a produção de energia nuclear no Japão, PIB japonês também superou o alemão.
assim como em outros países do mundo, é voltada para fins pací- Estabeleça a comparação entre a política econômica japonesa –
ficos, destinada ao fornecimento de energia elétrica à população e cujo governo exerce intervenção na industrialização do país – e a dos
às indústrias, em função de o seu território ser pobre em recursos Estados Unidos, tradicionalmente mais liberal, que procura envolver
hídricos; além disso, o território não é abundante em recursos não a menor intervenção possível do governo.
Incentive a turma a realizar a leitura do mapa “A megalópole japo-
renováveis como o carvão, matéria-prima indispensável para pro-
nesa” (página 27), a fim de que perceba o quanto é elevada a densi-
dução de eletricidade gerada em usinas termelétricas.
dade demográfica nas principais cidades japonesas, localizadas próxi-
O governo japonês defende a retomada da produção de energia mas ao litoral e, geralmente, bastante industrializadas. Reflita com ela
nuclear para estimular novamente o crescimento econômico do sobre a importância do meio de transporte público rápido, moderno
Japão, enquanto a maioria da população japonesa, que teme que e eficiente, os shinkansen (também conhecidos como trens-bala), que
um novo desastre como o de 2011 possa ocorrer em seu territó- realizam a integração de tais cidades, numa sociedade que tem como
rio, rejeita o plano. característica a disciplina para o trabalho.
Enumere e explique, também, os problemas existentes nos grandes
Para conhecer um pouco mais sobre a situação da usina nu- centros urbanos japoneses, em decorrência da elevada densidade de-
clear de Fukushima e arredores, leia o Texto 2 da seção de textos mográfica que apresentam.
complementares deste Guia. Explique para os alunos que, além de países como Coreia do Sul
e China (que, ao contrário do Japão, dispõe de matérias-primas em
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as abundância no seu território) copiarem o sistema de produção ja-
atividades 1 e 2 do “Para construir” (página 24). ponês, a concorrência a partir da ascensão de indústrias em outros
países tem contribuído para o declínio da industrialização japonesa
GEOGRAFIA

Tarefa para casa e de suas exportações nos últimos anos.


Outro fator que poderá ser citado para explicar a crise industrial do
Solicite à turma que faça em casa as atividades 1 e 2 do “Para Japão é o ingresso da China na Organização Mundial do Comércio
praticar” (páginas 30 e 31) e as atividades 1 a 3 do “Para aprimo- (OMC), em 2001, fato que produziu grande aumento nas suas expor-
rar” (páginas 31 e 32). tações. No ano de 2010, a China ultrapassou a economia japonesa no
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões cenário mundial; assim, Estados Unidos continuam como a principal
juntamente com toda a classe. economia mundial, seguidos pela China, Japão e Alemanha.

As potências asiáticas 5
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as De acordo com o Censo de 2010, a população da China está mais
atividades 3 e 4 do “Para construir” (páginas 29 e 30). velha, mais urbana e com maior número de indivíduos do gênero
masculino. Segundo o levantamento, ocorreu um crescimento po-
Tarefa para casa pulacional de 5,8% em 10 anos, quase metade do índice registrado
Solicite à turma que faça em casa as atividades 3 e 4 do “Para praticar” na década anterior. No país, a população idosa cresceu consideravel-
(página 31) e as atividades 4 a 6 do “Para aprimorar” (páginas 32 e 33). mente e representa, na atualidade, 13,26% do total. Assim, a popula-
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões ção economicamente ativa (PEA) chinesa, que é a parcela da popu-
juntamente com toda a classe. lação responsável também pelo sustento do sistema previdenciário,
tem diminuído, dado que preocupa as autoridades.
Ainda no que diz respeito à população, há um aumento na despro-
3. CHINA porção entre o número de mulheres e homens chineses: para cada
100 mulheres, há 118,06 homens. Dessa forma, caso haja a continui-
Objeto do conhecimento dade desse desequilíbrio, em duas décadas cerca de 15% dos homens
China. jovens não terão com quem se casar.
Objeto específico Explique para a turma que as características populacionais da Chi-
Apontar os aspectos físicos e demográficos da China; versar na do presente são, em parte, reflexo da chamada política do filho
sobre o crescimento econômico do país nas últimas décadas; único, numa sociedade que privilegiou, por anos, o nascimento de
conhecer as etnias presentes no território chinês e os conflitos filhos homens. Nela, os casais têm o direito de conceber apenas um
étnicos; perceber o aumento das disparidades sociais no presente; descendente e é prática comum abortar o feto quando se descobre
identificar os problemas ambientais no país. que é do sexo feminino.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
atividade 1 do “Para construir” (páginas 36 e 37).
AULA 6 Páginas: 33 a 37
Tarefa para casa
Meio físico e sua ocupação Solicite à turma que faça em casa a atividade 1 do “Para praticar”
Objetivos (página 44) e as atividades 1 e 2 do “Para aprimorar” (páginas 44 e 45).
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões
Caracterizar os principais aspectos da população chinesa: popula-
juntamente com toda a classe.
ção absoluta na atualidade, crescimento demográfico e controle
das taxas de natalidade por meio de políticas governamentais.
AULA 7 Páginas: 37 e 38
Apresentar os aspectos físicos do território da China e relacioná-los
à concentração populacional em determinada região do país. Modernização da economia
Perceber que, a despeito da maioria da população chinesa ainda
viver no meio rural, há grandes aglomerados urbanos, em decor- Objetivos
rência de a China possuir a maior população mundial. Caracterizar o crescimento econômico da China empreendido nas
Estratégias últimas décadas.
Perceber que, embora seja governado por um partido único, nota-
O deserto de Gobi, “lugar sem água” na língua mongol e um dos damente de características socialistas, o país adota uma economia
dez maiores desertos do planeta, está localizado a oeste no território de mercado.
da China. É uma área onde há predomínio de vazio populacional,
devido à dificuldade de estabelecimento de grupos humanos, por ser Estratégias
um ambiente inóspito para o desenvolvimento de muitas atividades Em 1949, um golpe de estado, liderado por Mao Tsé-Tung, fundou
econômicas, como a agricultura. Dessa forma, a presença do deserto a República Popular da China, que estabeleceu o regime político co-
é um dos fatores que influenciam a concentração demográfica que munista que dura até os dias de hoje no país. Mencione aos alunos
ocorre nas cidades do leste do país. a adoção da economia planificada na China até meados da década
Peça aos alunos que analisem os mapas “China: mapa físico” (pági- de 1970, nos mesmos moldes daquela instituída na União Soviética.
na 34) e “China: população” (página 36) a fim de que compreendam O processo de abertura econômica e comercial no país ocorreu so-
a relação entre as condições físicas e econômicas e a concentração mente a partir de 1979, com Deng Xiaoping, chefe do Comitê Central
populacional; no caso, no extremo leste do país, onde estão localiza- do Partido Comunista e sucessor de Mao Tsé-tung. Há, desde então,
das as terras mais férteis para a prática da agricultura e, nas últimas o chamado “socialismo de mercado” chinês: liberalização econômica
décadas, onde há a concentração das atividades industriais e os prin- da China, sem democracia.
cipais portos para o escoamento de sua produção. Na década de 1950, logo após a Revolução Chinesa, o comércio
Ressalte a diferença da densidade demográfica das áreas próximas mundial chinês restringia-se a pouco mais de 30 países; a partir da
ao litoral (leste do território) e das áreas do oeste da China, onde está gestão de Xiaoping, ocorreu uma abertura econômica gradual e, no
localizado o deserto de Gobi. início dos anos 2000, a China comerciava com 228 países e regiões.

6 GUIA DO PROFESSOR
Caso considere oportuno, leia com os alunos o tópico “Moder- Estratégias
nização da economia” (páginas 37 e 38) para que eles percebam a Para discutir questões étnicas, esta aula poderá tratar do conflito
diferença da força de trabalho no país. Num período de quarenta que envolve a China e os líderes e a população do Tibete.
anos, a maioria que outrora estava concentrada na zona rural migrou O poder político chinês exerce influência no território tibetano
para o setor secundário; além disso, destaque que, em função do desde o século XIII; contudo, a dinastia chinesa Qing entrou em
crescimento dos centros urbanos, a China passou a contar com um declínio em 1912 e o 13o Dalai Lama (líder político e religioso dos
crescimento bastante significativo de trabalhadores no setor terciário. tibetanos) conseguiu retornar ao país de origem e declarar a indepen-
Por ter sediado os Jogos Olímpicos de 2008, na capital Pequim, dência do Tibete. China, Estados Unidos e Reino Unido, contudo, não
muitos investimentos que já vinham sendo realizados aumentaram, reconheceram a emancipação política desse grupo étnico na época.
como nos setores de infraestrutura, transporte público, moderniza- Um ano após a Revolução Chinesa, que ocorreu em 1949 e fundou
ção de aeroportos para aumentar a capacidade de recebimento de a República Popular da China (baseada num governo de partido úni-
turistas, etc. co e comunista), o governo de Mao Tsé-tung decidiu reincorporar o
No presente, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. As Tibete ao seu território, invadindo-o com suas tropas.
principais commodities brasileiras exportadas para os chineses são os No ano de 1951, líderes do Tibete aceitaram, de maneira arbitrá-
minérios, o petróleo e os grãos (principalmente a soja). ria, o chamado “Acordo de 17 pontos para a libertação pacífica do
A China é o quinto maior produtor de petróleo mundial na atuali- Tibete”, que garantia a autonomia política e religiosa de seu povo,
dade; não obstante, o país não é integrante da Organização dos Países desde que houvesse o consentimento para o estabelecimento de
Exportadores de Petróleo (OPEP), que atualmente conta com doze bases militares e civis chinesas em Lhasa, sua capital.
países membros. No fim da década de 1950, os tibetanos afirmaram que os chineses
Solicite aos alunos a realização de uma pesquisa, por meio de haviam desrespeitado o acordo estabelecido e, com isso, organizaram
livros, revistas impressas ou sites, para que enumerem as principais o primeiro levante contra as forças militares da China. O governo co-
empresas estrangeiras ou multinacionais em funcionamento na munista de Mao respondeu com violência; consequentemente, além
China que, no período de sua implantação, buscavam, sobretudo, de mortos e feridos, cerca de 80 mil tibetanos fugiram para a Índia,
mão de obra e impostos baratos. Cite, por exemplo, que a cada dez onde pediram asilo. Em 1959, o Dalai Lama deixou a capital tibetana
brinquedos comercializados no mundo nos dias de hoje sete são e, desde então, vive exiliado na Índia, assim como outros tibetanos
fabricados na China. em vários países do mundo.
Incentive a turma a analisar o mapa “China: fontes de energia e Durante o período da Revolução Cultural, promovida pelo mesmo
líder chinês, as práticas religiosas tibetanas foram proibidas e muitos
indústria” (página 38). Aponte as cidades que se tornaram indus-
de seus templos sagrados foram destruídos.
trializadas por meio dos chamados planos quinquenais (similares
O Tibete foi declarado região autônoma em 1965 e, nas décadas se-
aos adotados na União Soviética a partir do governo de Josef Stalin),
guintes, o governo da China passou a fazer investimentos no territó-
e as cidades que se transformaram em polos industriais a partir da
rio, modernizando alguns setores e urbanizando a região, em benefí-
abertura econômica. Explique também a relação da abundância de cio de muitos indivíduos da etnia han, que migraram para o território.
matérias-primas para a consolidação do parque industrial chinês, Durante o governo de Deng Xiaoping, sucessor de Mao, ocorreu
embora, nos últimos anos, devido à intensa atividade no setor, o país a retomada de diálogos com o Dalai Lama. Em 1989, o líder tibetano
venha importando determinadas commodities, inclusive oriundas do recebeu o Nobel da Paz por pregar o pacifismo na questão que en-
Brasil, para dar prosseguimento ao seu crescimento econômico. volve a China e o Tibete.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a No ano subsequente, a China interrompeu relações com o Tibete e,
atividade 2 do “Para construir” (páginas 38 e 39). em 1995, seu governo prendeu o menino tibetano Gedhun Choekyi
Nyima, então com seis anos de idade, considerado o Panchen Lama,
Tarefa para casa a segunda figura mais importante do budismo tibetano. O garoto
Solicite à turma que faça em casa a atividade 2 do “Para praticar” foi o mais jovem preso político do mundo e nunca mais foi visto; o
(página 44) e as atividades 3 a 5 do “Para aprimorar” (páginas 45 e 46). Dalai Lama, por sua vez, segue, em pleno século XXI, na tentativa de
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões uma solução pacífica para a obtenção da independência ou mesmo
juntamente com toda a classe. da autonomia de seu território.
Durante os Jogos Olímpicos sediados em Pequim, em 2008, novas
AULA 8 Páginas: 39 a 41 manifestações pró-Tibete ocorreram e muitos de seus manifestantes
GEOGRAFIA
foram violentamente reprimidos pela polícia chinesa.
As etnias chinesas O governo da China desconsidera até hoje a possibilidade de con-
cessão para a independência do Tibete, temendo que as demais mi-
Objetivos norias étnicas da China também reivindiquem autonomia em seus
Apresentar os principais grupos étnicos que vivem na China. respectivos territórios.
Caracterizar o conflito étnico entre chineses e tibetanos, vigente Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
até os dias atuais. atividade 3 do “Para construir” (páginas 40 e 41).

As potências asiáticas 7
Tarefa para casa Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
Solicite à turma que faça em casa a atividade 3 do “Para praticar” atividade 4 do “Para construir” (página 43).
(página 44) e a atividade 6 do “Para aprimorar” (página 46).
Tarefa para casa
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões
juntamente com toda a classe. Solicite à turma que faça em casa a atividade 4 do “Para praticar”
(página 44) e as atividades 7 e 8 do “Para aprimorar” (página 47).
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões
AULA 9 Páginas: 41 a 43 juntamente com toda a classe.
Aumento das disparidades e dos impactos
ambientais 4. ÍNDIA
Objetivos Objeto do conhecimento
Índia e sul da Ásia.
Perceber o crescimento das disparidades sociais na China, relacio-
nado ao crescimento econômico do país nas últimas décadas. Objeto específico
Discutir os impactos ambientais que o país vem sofrendo em de- Apontar os aspectos físicos e demográficos da Índia e do sul da
corrência de sua industrialização. Ásia; compreender o processo do crescimento econômico da
Índia; entender o sistema de castas presente na cultura indiana;
Estratégias analisar os conflitos geopolíticos na Índia.

Concomitantemente ao rápido crescimento econômico na China


das últimas décadas, veio o aumento das disparidades sociais. O país, AULA 10 Páginas: 49 e 50
após três décadas de crescimento bastante acelerado, apresenta na
atualidade uma disparidade significativa entre ricos e pobres, calcu- Aspectos físicos e ocupação humana
lada em 0,55, baseada no índice de Gini.
A China é considerada um dos países mais desiguais do mundo, Objetivos
assim como o Brasil, que apresenta o mesmo valor do índice supra- Apresentar as principais características físicas da Índia e da região
citado e onde há um abismo social que separa os mais ricos dos mais sul da Ásia.
pobres.
Retome que o coeficiente de Gini varia de 0 a 1 (ou 0 a 100, depen- Estratégias
dendo da fonte) e, quanto mais próximo do zero, menor é a desigual- A Índia é o segundo maior país em população do mundo, com
dade de distribuição de renda entre a população de um país. Quanto mais de 1,2 bilhão de habitantes, divididos em inúmeras castas, que
mais próximo de 1 (ou 100), maior é a desigualdade de distribuição professam em torno de sete diferentes religiões e onde há cerca de
de renda e riqueza. vinte línguas oficiais. Estima-se que, em menos de duas décadas, a
Na atualidade, o índice de Gini medido na China é superior ao do população absoluta da Índia poderá superar a da China.
principal país capitalista, os Estados Unidos, que é de 0,45. O índice País com um território de proporções continentais, a Índia conquis-
estar acima de 0,5 significa que o país apresenta desigualdade “se- tou sua independência política há poucas décadas, no ano de 1947,
vera”. Os dados são de um estudo divulgado pela Universidade de após o término da Segunda Guerra Mundial, quando a Inglaterra, que
Michigan (EUA) em abril de 2014, que contrasta com as estatísticas estabeleceu o domínio em seu território em meados do século XIX,
divulgadas pelo governo chinês, mais otimistas. encontrava-se enfraquecida.
Uma pesquisa de opinião realizada em 2012 revelou que, para os Em seguida à sua emancipação, a disputa interna entre hinduístas
chineses, o principal problema que o país tem enfrentado nos últimos e muçulmanos, que constituem as duas principais religiões entre o
anos não é a corrupção e tampouco o desemprego, mas a desigual- povo indiano, levou à criação de dois Estados: Índia e Paquistão. Ain-
dade social. Em muitos casos, a própria política governamental da da hoje, ambos os países reivindicam o território da Caxemira, loca-
China desencadeou esse problema, ao promover o favorecimento lizado na fronteira entre eles. Destaque para os alunos também que,
dos habitantes das áreas urbanas em detrimento daqueles que vivem em razão dos conflitos por territórios, outro país surgiu: Bangladesh.
na zona rural. A mesma Índia que conquistou sua independência em 1947 por
Peça aos alunos que analisem o mapa “China: desigualdades regio- meio de um movimento pacifista liderado por Mahatma Gandhi é
nais” (página 42), a fim de que depreendam que, na maior parte do atualmente uma potência nuclear e conta com o 3o maior exército
território chinês, a população do país tem renda per capita inferior do planeta.
a 4 mil dólares. Em relação aos aspectos físicos do subcontinente indiano, realize
No que se refere aos impactos ambientais que a China vem apre- com a turma a leitura do climograma de uma cidade do país situada
sentando, incentive os alunos a pesquisarem notícias recentes sobre no golfo de Bengala, que apresenta as temperaturas e as precipita-
o tema; a seguir, proponha uma apresentação na classe do que foi ções ao longo do ano e caracteriza o clima tropical monçônico. Nele,
obtido, promovendo uma discussão dos pontos mais interessantes. podemos perceber que as temperaturas médias são elevadas durante

8 GUIA DO PROFESSOR
quase todo o ano e há a ocorrência de chuvas constantes em, pelo Leia com os alunos no tópico “Índia, a potência regional” (página
menos, oito meses. 51) os dados relativos à população do país, como taxa de mortalida-
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a de infantil, expectativa de vida e taxa de analfabetismo, comparando-
atividade 1 do “Para construir” (página 50). -os, em seguida, aos de países desenvolvidos, como os da Europa
setentrional, Canadá, Austrália, etc. Ainda que tais índices tenham
Tarefa para casa melhorado nas últimas décadas, atrelados ao crescimento econômico
Solicite à turma que faça em casa a atividade 1 do “Para praticar” e indiano, eles ainda estão muito aquém daqueles apresentados pelos
a atividade 1 do “Para aprimorar” (página 57). países mais ricos do mundo. Atente também para o número de pes-
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões soas com fome ou subnutridas na Índia, em pleno século XXI, que é
juntamente com toda a classe. maior que a população absoluta do Brasil.
Por fim, leia o boxe “Bangalore, um tecnopolo da Índia” (pági-
AULA 11 Páginas: 50 a 54
na 53) e, se considerar oportuno, assista com os alunos ao filme
Outsourced (EUA, 2007, 103 min). Traduzido no Brasil sob o título
Economia no sul da Ásia; Índia, a potência “Despachado para a Índia”, trata da questão da transferência de
regional call centers dos Estados Unidos para a Índia. Todd Anderson, o
personagem principal, é enviado ao país para treinar os funcioná-
Objetivos rios terceirizados. Lá, ele precisa tratar da cultura norte-americana,
Apresentar os principais aspectos econômicos no sul da Ásia. bem como buscar atenuar o sotaque dos atendentes da empresa,
Perceber o crescimento econômico da Índia e sua ascensão como para que eles possam falar com clientes estadunidenses. Estabele-
potência regional no presente. ça relações entre o texto do boxe e o filme, e incentive a turma a
opinar sobre ambos.
Estratégias Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
A economia dos países do sul da Ásia é baseada em plantations atividade 2 do “Para construir” (página 54).
desde o período em que o território foi ocupado por colonizadores Tarefa para casa
ingleses. A exceção é a Índia, que, no ano de 2013, foi considerada a
Solicite à turma que faça em casa a atividade 2 do “Para praticar”
8a economia mundial; em 2014, tornou-se a 9a no ranking; o Brasil,
(página 57) e as atividades 2 a 4 do “Para aprimorar” (páginas 57 e 58).
no mesmo período, foi a 7a maior economia. Em 2015, entretanto,
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões
a Índia ultrapassou nosso país, na condição de 7a maior economia
juntamente com toda a classe.
do planeta.
Peça aos alunos que realizem a leitura da tabela “Os países do sul da
AULA 12 Páginas: 54 a 57
Ásia” (página 51), que contém dados relativos à população absoluta
(destaque que a Índia é o 2o maior país em população do mundo)
Castas indianas; conflitos geopolíticos
e ao baixo PIB da maioria desses países. Relacione esse último dado
com a economia fortemente baseada em plantations, ou seja, no Objetivos
predomínio de produção agrícola em grandes propriedades de terra Discutir o sistema de castas da Índia.
monocultoras e voltadas à exportação. Analise também a renda per Versar sobre os conflitos geopolíticos da Índia.
capita da população presente na tabela.
Destaque as rendas per capita de Bangladesh e Butão, que são ex- Estratégias
tremamente baixas; cite aos alunos que muitos produtos industria- Um dos principais conflitos geopolíticos em que a Índia está envol-
lizados e comercializados pelo mundo são oriundos de Bangladesh vida ocorre na área fronteiriça entre o país e o Paquistão, onde está
e não são raras as notícias que denunciam, na atualidade, condições localizado o território da Caxemira, reivindicado por ambos desde
precárias de trabalho e baixos salários oferecidos no país em questão. meados do século XX. Entre os anos de 1947 e 1948, ocorreu a pri-
Destaque para os alunos que, se o crescimento indiano prosseguir meira guerra entre os países pela sua disputa; em 1965 e em 1971,
no ritmo que vem apresentando nos últimos anos, a Índia poderá novos conflitos eclodiram. A criação de uma linha de controle se
tornar-se a 3a maior economia mundial em pouco tempo (as pro- deu no ano seguinte, por meio de negociações de paz; o cessar-fogo,
jeções são para 2050), atrás apenas dos Estados Unidos, incontesta- contudo, foi estabelecido somente em 2003.
GEOGRAFIA
velmente a maior economia do planeta, e da China, que superou a A Caxemira é considerada, atualmente, uma das áreas mais mili-
economia japonesa em 2010. tarizadas na atualidade; a Índia controla dois terços de sua área e o
Ressalte que a Índia possui na atualidade mais de 600 milhões de Paquistão, o restante. No território, vivem cerca de 12 milhões de
pessoas com menos de 25 anos de idade, um número significativo habitantes, de maioria muçulmana. A intensa militarização da região
que representa a força de trabalho no país; na China, ao contrário, sua ao longo de décadas chegou, inclusive, a anular a economia local.
população idosa tem crescido nos últimos anos; consequentemente, No que se refere ao sistema de castas da Índia, incentive os alunos
a PEA diminuiu. a pesquisarem em diferentes fontes, como jornais impressos, livros

As potências asiáticas 9
ou em sites, notícias relativas ao tema; a seguir, promova uma apre- que essa questão é muito discutida no Brasil, embora não tenha sido
sentação na classe do que foi obtido, incentivando um debate dos concretizada de fato; assim como os resultados, como a democrati-
pontos mais interessantes. A Constituição indiana de 1950 aboliu zação plena da educação, não foram atingidos.
todas as formas de discriminação, sobretudo a chamada “intoca- A Coreia do Sul é um país onde há indústrias de ponta, como as
bilidade”. Segundo a Carta Magna da Índia, a “intocabilidade” não automobilísticas, as de eletrodomésticos e as de telefonia, que cons-
tem valor legal, embora ainda esteja presente, com frequência, no tituem marcas competitivas no mercado mundial até os dias de hoje.
cotidiano do país. Realize a leitura, junto aos alunos, da tabela “Dados de países sele-
cionados” (página 61). No ano de 2012, o Brasil possuía parcela ex-
pressiva de sua população vivendo com menos de 2 dólares ao dia,
Para conhecer um pouco mais sobre o sistema de castas
na Índia e a permanência da discriminação social no país no enquanto alguns dos Tigres Asiáticos nem mesmo apresentavam essa
século XXI, leia o Texto 3 da seção de textos complementares situação. Peça para a turma comparar os demais dados do Brasil em
deste Guia. relação às nações que integram os Tigres Asiáticos.
Conforme vimos, o índice de Gini do Brasil, de 55 ou 0,55 (se considera-
do de 0 a 1), demonstra que o país apresenta uma desigualdade “severa”.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a Leia com os alunos o tópico “Traços comuns” (página 61), em que
atividade 3 do “Para construir” (página 57). dados populacionais dos Tigres Asiáticos, como expectativa de vida,
Tarefa para casa índices de analfabetismo, mortalidade infantil, pobreza, enfim, são
elencados e comparados aos do Brasil. Não obstante, os Tigres Asiá-
Solicite à turma que faça em casa a atividade 3 do “Para praticar” ticos foram, até recentemente, Estados ditatoriais.
(página 57) e as atividades 5 e 6 do “Para aprimorar” (páginas 58 e 59).
Ressalte o papel do Estado, que foi fundamental para o crescimento
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões
econômico dos Tigres Asiáticos; um dos caminhos para atingir tal obje-
juntamente com toda a classe.
tivo foi o combate à corrupção, que o Brasil ainda não conseguiu realizar.
Ainda assim, a economia dos Tigres Asiáticos, por um lado, pode
5. TIGRES ASIÁTICOS ser considerada frágil, pois depende muito do mercado externo.
Quando ocorre uma crise econômica em países que importam seus
Objeto do conhecimento produtos, suas economias consequentemente são prejudicadas.
Tigres Asiáticos.
Incentive a turma a realizar, também, a leitura do mapa “Os cinco
Objeto específico Tigres” (página 62), que apresenta os diferentes dados relativos à eco-
Perceber semelhanças e diferenças entre os Tigres Asiáticos; nomia nos anos de 2010 e 2011.
conhecer o modelo econômico adotado por esse grupo de países; Se considerar oportuno, discuta a questão da separação das duas
informar-se sobre os chamados “Novos Tigres Asiáticos”. Coreias no conflito que ocorreu no início da década de 1950, em pleno
contexto da Guerra Fria: a Coreia do Sul, de sistema capitalista, sofreu
AULA 13 influência dos Estados Unidos; a Coreia do Norte, de sistema socialista,
Páginas: 60 a 67
desenvolve armamentos nucleares no presente, e sofre sanções das
Traços comuns; diferenças entre os Tigres principais potências mundiais, lideradas pelo governo norte-americano.
Peça aos alunos que realizem uma pesquisa sobre a situação atual
Objetivos de ambos os países, na questão do avanço ou da invasão de fronteiras
Apresentar as semelhanças e as diferenças dos países denominados realizada pelo exército da Coreia do Norte e se há, de fato, dados que
Tigres Asiáticos. demonstrem a possibilidade da unificação. Qual é a expectativa das
Compreender o modelo de crescimento econômico adotado por famílias coreanas que vivem separadas desde a divisão do território
esses países. em duas Coreias distintas?
Conhecer os problemas geopolíticos de Taiwan, Coreia do Sul e Por fim, leia com os alunos o boxe que trata de Cingapura (pági-
Hong Kong. nas 65 e 66), um país pequeno em extensão territorial, que importa
Estratégias praticamente todos os gêneros alimentícios necessários à população,
mas que, ainda assim, é bastante industrializado e cuja população
Apresente a tabela “A renda per capita em países selecionados (em dó- dispõe de elevado padrão de vida. Mais uma vez, tal situação se con-
lares)” (página 60) para que os alunos percebam a evolução da renda dos cretizou em grande medida graças à valorização do ensino; além dis-
Tigres Asiáticos ao longo de 50 anos, bem como a disparidade dos valores so, o combate à corrupção foi outro elemento imprescindível para o
entre os países integrantes e nações como o Brasil, por exemplo, consi- desenvolvimento do país. É um exemplo, portanto, que contraria as
derado um dos mais desenvolvidos da América Latina na atualidade. antigas teorias deterministas, que postulavam a influência do clima
Destaque a importância do investimento em educação de qualida- no desenvolvimento das nações.
de adotado por esses países e a cidade de Hong Kong, que se tornou Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
acessível à maioria da população. Faça com que os alunos percebam atividade 1 do “Para construir” (página 67).

10 GUIA DO PROFESSOR
Tarefa para casa plicar por si só as origens dos conflitos que ameaçam fragmentar
Solicite à turma que faça em casa as atividades 1 e 2 do “Para pra- o país. Resta voltar nossos olhos à história desse povo para en-
tendermos um pouco melhor as raízes dessa conjuntura. 
ticar” e as atividades 1 a 3 do “Para aprimorar” (página 69).
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões De dominador a dominado
juntamente com toda a classe. As origens da Ucrânia estão diretamente ligadas ao nascimento
de outro importante ator: a Rússia. Por volta do século IX, ances-
AULA 14
trais comuns aos dois povos fundaram a chamada Rus Kievana,
Página: 68
união de principados sob a liderança da atual capital ucraniana,
Novos Tigres Asiáticos? Kiev, e que entre os séculos X e XI se converteria numa das orga-
nizações políticas mais importantes da Europa medieval. Desse
Objetivos passado partilhado restam hoje importantes características cul-
Identificar os países que, recentemente, têm sido denominados turais que aproximam os povos, como as semelhanças linguísti-
“Novos Tigres Asiáticos”. cas e a predominância do cristianismo ortodoxo.
Comparar os dados econômicos e sociais dos novos Tigres Asiáti- A decadência da Rus se tornaria latente a partir do século XII,
graças a disputas políticas internas e a invasões sucessivas de
cos e dos Tigres Asiáticos.
vizinhos, sobretudo os de origem turca. Contudo, seria a invasão
Estratégias mongol da primeira metade do século XIII que colocaria um fim
ao domínio kievano. A partir de então, a região passou a ser
Apesar de apresentarem taxas significativas de crescimento econô-
objeto de disputa e ocupação por diversos povos, a exemplo de
mico nos últimos anos (embora ainda nada comparáveis às taxas de
mongóis, turcos, poloneses, lituanos, russos e austríacos. Desde
crescimento de países como China e Índia), os "Novos Tigres Asiáti-
o fim do século XVIII, os territórios da atual Ucrânia encontra-
cos" enfrentam problemas sociais e más condições de vida: existem vam-se divididos entre o Império Austro-Húngaro, na zona mais
inúmeras empresas multinacionais que optam por instalar suas fá- ocidental, e o Império Russo, mais ao sul e a leste. Já aqui é
bricas nesses países devido aos baixos salários de seus empregados, à possível traçar um paralelo entre a influência que cada região
precariedade das leis trabalhistas e das condições de trabalho – que sofreu e a atual configuração geográfica e política. 
são, muitas vezes, insalubres para os operários. Esse cenário seria novamente modificado pelos eventos que
Realize a leitura da tabela “Os novos Tigres Asiáticos” (página 68), marcaram as primeiras décadas do século XX. A Revolução Rus-
e incentive os alunos a compararem a renda per capita apresentada sa de 1917 derrubaria o Império Russo, enquanto o fim da Pri-
por esses países e a dos Tigres Asiáticos, que é superior. Pergunte a meira Guerra Mundial, em 1918, traria o esfacelamento do Im-
eles se a expressão “Novos Tigres Asiáticos”, após a análise desses pério Austro-Húngaro. Como resultado, surgiriam vários Estados
dados, é admissível. ucranianos que não teriam vida longa. Um novo conflito, dessa
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a vez entre poloneses e russos, provocaria uma reconfiguração do
atividade 2 do “Para construir” (página 68). território ucraniano a partir do início dos anos 1920: a parte
ocidental seria incorporada aos domínios poloneses, enquanto as
Tarefa para casa regiões mais a leste formariam a República Socialista Soviética da
Ucrânia (RSSU), que em 1922 passaria a integrar a União das
Solicite à turma que faça em casa a atividade 3 do “Para praticar” Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Entre as décadas de
(página 69) e as atividades 4 a 6 do “Para aprimorar” (páginas 69 e 70). 1920 e 1940, a RSSU passaria pelas rápidas e dolorosas transfor-
Se achar oportuno, no início da próxima aula corrija as questões mações proporcionadas pelas políticas de coletivização agrícola
juntamente com toda a classe. forçada e industrialização soviéticas, que, a despeito do progres-
so econômico, trouxeram enormes perdas humanas. 
Mas a Ucrânia só se veria nos contornos próximos aos atuais
TEXTOS COMPLEMENTARES
após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando a grande maio-
Texto 1 ria dos territórios, incluindo as regiões mais ocidentais, seria re-
unida sob os domínios da RSSU. Vale lembrar, contudo, que a
O limite do império Crimeia, hoje palco de disputa entre russos e ucranianos, ficara
Conheça as raízes e os desdobramentos da crise na Ucrânia, simbó- desde a queda do regime czarista sob o domínio russo, integran-
lica fronteira entre Rússia e Europa, Oriente e Ocidente do a RSSF. Tal situação só viria a mudar na década de 1950,
Desde o fim de 2013, quando tiveram início os protestos con- quando o líder do Partido Comunista da Ucrânia, Nikita Kru- GEOGRAFIA
tra o governo do então presidente Viktor Yanukovich, a Ucrânia chev, assumiu a liderança da União Soviética após a morte de
tem figurado nas manchetes dos principais veículos de comuni- Josef Stalin e, protagonizando uma aproximação, cedeu o con-
cação mundiais e provocado temor de muitos quanto aos desdo- trole da Crimeia aos ucranianos. 
bramentos de sua crise, especialmente a tensão crescente entre a No período, o país não só se industrializou como se converteu
Rússia e as principais potências ocidentais. A negativa do ex- no principal celeiro agrícola da URSS. Politicamente, contudo, os
-mandatário em aderir à União Europeia pode ter servido de ucranianos viam sua autonomia seriamente prejudicada pelo cen-
motivação para os manifestantes que tomaram as ruas da capital tralismo exagerado de Moscou e sua cultura ameaçada pelas po-
e de outras importantes cidades, mas esse fato está longe de ex- líticas de caráter “russificante”. 

As potências asiáticas 11
Queda soviética e nova Ucrânia tão de segurança: o ingresso de Kiev na UE e sua aproximação com
A Ucrânia atual nasce da dissolução da União Soviética, no fim o Ocidente significariam riscos à sua fronteira. 
de 1991. O país é um dos signatários do tratado que criou a Nas recentes disputas, os russos têm usado arma estratégica
para fazer prevalecer seus interesses, e ela não está no poderoso
Comunidade de Estados Independentes (CEI), o que na prática
arsenal bélico, mas no subsolo: o gás. Os europeus e em boa
decretou o esfacelamento da superpotência socialista antes mes-
medida a própria Ucrânia são dependentes do gás vendido pela
mo da renúncia formal de seu último líder, Mikhail Gorbachev.
Rússia, que em momentos de crise coloca essa carta na mesa para
Ao longo dos anos 1990, o país enfrentou uma dura trajetória na
direcionar negociações. Isso explica boa parte da passividade dos
transição da economia socialista planificada para uma de merca-
europeus nos desdobramentos da crise: qualquer enfrentamento
do. A liberalização dos preços, as privatizações e a reforma mo-
direto com os russos pode significar corte de abastecimento e
netária foram algumas políticas adotadas, seguindo os passos das
inverno consideravelmente mais frio para as populações. 
demais ex-repúblicas soviéticas. As reformas foram acompanha-
A disputa pelo controle da Crimeia tem dominado discussões
das de uma piora brusca nos indicadores econômicos, como o
recentes sobre a crise e merece atenção especial. [...] essa região
PIB, que amargaria redução de 24% em 1994, e o desemprego,
permaneceu por muitos anos sob o domínio direto dos russos. A
virtualmente inexistente no período anterior.  etnia russa é maioria ali e sua língua, tida como oficial, mais fa-
Já no início dos anos 2000, a economia ucraniana finalmente lada que o próprio ucraniano. Mesmo com o fim da URSS, a
daria sinais de recuperação. E, com a redução desses problemas, Federação Russa manteve sob seu comando duas importantes
questões políticas e sociais ganharam centralidade. A população bases militares na área, onde concentra uma de suas mais impor-
do país revelou-se dividida política e geograficamente: as regiões tantes frotas navais, a do mar Negro. Nesse sentido, são inques-
mais ao sul e a leste, historicamente sob forte influência da Rús- tionáveis os interesses russos na região – como também o são os
sia, mantêm laços estreitos com Moscou, concentrando inclusive da Ucrânia, que, como qualquer nação no mundo, não quer ver
porcentuais significativos de russos étnicos. Ao mesmo tempo, as parte de seu território se separar e, o que é ainda pior, integrar
regiões mais a oeste revelam proximidade com o Ocidente. Essa um vizinho. Nesse debate, os tão maleáveis princípios da sobe-
ruptura se expressa no sistema partidário local, polarizado por rania e da autodeterminação dos povos têm sido proclamados
duas coalizões: uma de tendência mais pró-Rússia, liderada pelo pelos dois lados para legitimar suas posições, esquecendo que há
Partido das Regiões, de forte base nas áreas orientais, e outra mais pouco tempo esses mesmos conceitos foram utilizados contra si
voltada à aproximação com a Europa, liderada pelo partido próprios em disputas e conflitos semelhantes. 
União de Todos os Ucranianos “Pátria”, cujo apoio maior se dá É fundamental mencionar, por fim, que, embora polarizada, a
na região ocidental.  atual configuração política da Ucrânia não pode ser caracterizada
A disputa marca as políticas interna e externa da Ucrânia nos por dois lados homogêneos. Ao lado dos apoiadores do ex-pre-
últimos 15 anos, e uma série de fatores ajuda a explicar a posição sidente deposto Viktor Yanukovich, figuram muitos ucranianos
titubeante dos governos ucranianos. A Rússia, recuperada da cri- que consideram positiva uma maior aproximação com o vizinho
se dos anos 1990, busca resgatar espaço no cenário internacional eslavo ou que simplesmente são contrários à integração europeia.
e tem como objetivo primaz de política externa a hegemonia Já entre os manifestantes que derrubaram o governo estão não
sobre os países que formam a CEI. Enquanto parte da população apenas partidários da coalizão pró-europeia, mas grupos nacio-
se vê ligada aos russos, outra parcela refuta qualquer alinhamen- nalistas xenófobos e de tendência fascista, que, embora contrários
to com Moscou, por considerar que uma aliança representaria o ao antigo governante, não demonstram qualquer interesse em ver
fim da autonomia, como no período soviético. Para esse grupo, seu país ingressando no bloco europeu. De todo modo, o resgate
o ingresso na União Europeia representa a saída da esfera de in- histórico ajuda a compreender um pouco melhor o cenário polí-
fluência russa.  tico ucraniano e as raízes de sua crise atual.
Não custa lembrar que os acontecimentos recentes não são ALBUQUERQUE, César. O limite do império. Abril. 2014. Disponível em:
completamente inéditos. Em 2004, a chamada Revolução Laran- <www.cartanaescola.com.br/single/show/323>. Acesso em: 11 ago. 2015.
ja não permitiu que o mesmo Viktor Yanukovich assumisse a Texto 2
Presidência ucraniana, após ser virtualmente eleito em um pro- Primeiro reator da central de Fukushima é religado, quatro
cesso que recebeu duras críticas da comunidade internacional e anos após acidente
que foi considerado fraudado pela Justiça do país. Na ocasião, o O primeiro reator nuclear foi reativado no Japão, mais de qua-
líder da coalizão pró-europeia, Viktor Yushchenko, assumiu o tro anos depois do acidente na central de Fukushima, que sus-
comando e, ao contrário do que assistimos nos últimos meses, os pendeu a atividade em todas as centrais do país desde setembro
protestos foram pacíficos e nenhuma gota de sangue foi derrama- de 2013.
da. O candidato da coalizão pró-Rússia, Viktor Yanukovich, seria “O reator número 1 da central de Sendai – a 1 mil quilômetros
eleito em 2010, dessa vez sem mais questionamentos quanto à a sudoeste de Tóquio – foi religado às 10h30 locais (22h30 de
validade do processo eleitoral.  ontem em Brasília), disse à AFP um porta-voz da empresa
A Europa e a Rússia acenam para a Ucrânia com interesses se- Kyushu Electric Power.
melhantes: ambas desejam ampliar mercados, sobretudo para pro- Na sexta-feira (14), o reator deve começar a gerar eletricidade,
dutos industrializados, ao mesmo tempo em que são compradores que será explorada comercialmente a partir de setembro, segun-
da gigante produção agrícola ucraniana. Os dois lados também do a companhia.
oferecem recursos para ajudar a cambaleante economia local, que A reativação de Sendai, no sudoeste do país, ocorre depois que
tem sofrido desde a crise de 2008. Para os russos, contudo, a ma- o governo japonês defendeu a necessidade de retomar a produ-
nutenção ucraniana em sua esfera de influência é vista como ques- ção de energia nuclear para estimular o crescimento econômico,

12 GUIA DO PROFESSOR
apesar de a maioria da população do país rejeitar a medida por pavimentar e eliminar corpos humanos e de animais. Dados do
receio de que se repita um desastre como o de Fukushima, em censo de 2011 revelam que cerca de 800 mil dalits trabalhavam
2011. esvaziando manualmente latrinas, embora se estime que essa ta-
Hoje mesmo, cerca de 200 pessoas concentraram-se em frente refa poderia afetar 1,3 milhão de pessoas.
à central de Sendai, no extremo sul da ilha de Kyushu, e protes- Apesar da promulgação da Lei de (Proibição) do Emprego de
taram contra a reativação do reator 1, informou a estação pública Limpadores de Latrina e Construção de Latrinas Secas, de 1993,
do Japão NHK. Em Tóquio, grupos de pessoas também se mani- que pune e impõe multas para quem empregar limpador manual,
festaram contra a decisão em frente ao parlamento. centenas de milhares de dalits continuam retirando excrementos
O tremor de magnitude 9 na escala Richter e consequente tsu- humanos das latrinas secas, limpando os esgotos, esfregando fos-
nami, que devastaram o nordeste do Japão em 11 de março de sas sépticas e abrindo drenagens, tudo com as próprias mãos.
2011, deixaram mais de 18 mil mortos e desaparecidos e causa- Além disso, várias dependências estatais continuam a empregar
ram, na central de Fukushima Daiichi, o pior acidente nuclear dalits para essas tarefas, e a maioria deles é de mulheres.
desde Chernobil, na Ucrânia, em 1986. Beena J. Pallical, membro da Campanha Nacional para os Direi-
As emissões e os derramamentos resultantes do acidente fize- tos Humanos dos Dalits, que reúne várias organizações de dalits,
ram com que milhares de pessoas que viviam próximas à central disse à IPS que mesmo no século XXI a comunidade continua
se mudassem e afetaram gravemente a agricultura, a pecuária e a sendo a mais vulnerável, marginalizada e maltratada do país.
pesca locais. Desde o quinto plano quinquenal (1974-1975), destinaram-se
O desmantelamento da central de Fukushima Daiichi é um pro- fundos a serviços e benefícios para as castas relegadas. Programas
cesso complexo que vai levar no total entre três e quatro décadas. como o Subplano Tribal para Tribos Desfavorecidas e o Subplano
AGÊNCIA BRASIL. Primeiro reator da central de Fukushima é religado, quatro anos
para Castas Desfavorecidas foram criados para destinar uma par-
após acidente. 11 ago. 2015. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/ te de fundos do orçamento anual para cada setor da população
internacional/noticia/2015-08/primeiro-reator-da-central-de-fukushima-e-religado- necessitado. Atualmente, as castas marginalizadas representam
quatro-anos-apos>. Acesso em: 11 ago. 2015. Adaptado. 16,2% da população e as tribos desfavorecidas, 8,2%.
Texto 3 O ativista dalit Paul Divakar disse que os orçamentos federal e
estadual mostram que a não utilização e o desvio de fundos des-
Índia continua marcada pelo “apartheid de castas”
tinados à melhoria das castas e tribos marginalizadas é uma prá-
A celebração do 122o aniversário de Bhimrao Ramji Ambedkar
tica rotineira.
(1891-1956), arquiteto da Constituição da Índia e defensor dos mais “Claramente mostra que o desenvolvimento econômico do se-
oprimidos, pôs em destaque em abril a patente discriminação que con- tor não é uma prioridade do governo. Os dalits continuam atra-
tinuam a sofrer as comunidades sem casta e as castas inferiores, que sados porque não são implantadas as políticas e por falta de de-
representam 16% dos 1,2 bilhão de habitantes deste país. senvolvimento com fins específicos, o que deveria ser punido
O Direito à Igualdade, consagrado na Constituição de 1950, pelo artigo 4 da Lei de Castas e Tribos Desfavorecidas, de 1989”,
garante que nenhum cidadão seja discriminado por sua religião, disse Divakar à IPS.
raça, casta, por seu sexo ou lugar de nascimento. A Lei de Castas Segundo o Gabinete Nacional de Registo Criminal, um dalit
e Tribos (Prevenção de Atrocidades), de 1989, estabelece penas sofre uma ação delitiva de uma pessoa de uma casta superior a
de prisão, de seis meses até um ano, para quem a infringir. cada 16 minutos. Todos os dias, mais de quatro mulheres das
Apesar da proteção legal, a Índia continua marcada pelo que castas inferiores sofrem uma violação, e 13 dalits são assassinadas
o ex-primeiro-ministro Manmohan Singh descreveu como ou sequestradas por semana.
“apartheid de castas”, um complexo sistema de estratos sociais As meninas e mulheres dalits continuam sendo exploradas
profundamente arraigados na cultura indiana. Milhões de dalits, como “escravas do templo”, também chamadas “joginis” ou “de-
considerados intocáveis no sistema de castas, sofrem de forma vadasis”, uma prática que tem vários séculos, segundo a qual as
permanente a discriminação, constantemente reforçada pelo meninas dalits, inclusive a partir dos cinco anos, nasceram para
Estado e por entidades privadas. servir a Deus e são obrigadas a servir uma divindade especifica.
Presas ao templo, são obrigadas a passar a infância trabalhando
Um estudo feito no ano passado pelo Conselho Nacional de
e quando são adultas são obrigadas a se prostituir, apesar de a
Investigação Econômica Aplicada (NCAER) revelou que um em
prática ser proibida desde 1989. Annamma (nome fictício), uma
cada quatro entrevistados, de diferentes grupos religiosos, reco-
jogini de 27 anos de um templo do Estado de Tamil Nadu, recor-
nheceu ter praticado a intocabilidade. Lamentavelmente, a prá- dou como os homens (incluídos os sacerdotes) a violaram duran-
tica se manifesta de várias maneiras. te cinco anos antes de conseguir fugir no mês passado. “Era como
Em algumas aldeias, os estudantes das castas superiores ne- se não fosse humana. Os homens entravam e saíam do meu quar-
gam-se a comer alimentos preparados pelos dalits, um grupo que to à noite com se eu não tivesse direito sobre meu corpo, só eles.
inclui várias comunidades marginalizadas. Um estudo detalhado, Destruiram-me completamente”, relatou à IPS. GEOGRAFIA
feito por Sarva Shiksha Abhiyan, um programa estatal para con- Em sânscrito, a palavra dalit significa “suprimida, sufocada ou
seguir a educação primária universal, concluiu que existem três feita em pedaços”. Sessenta e sete anos depois da independência
tipos de discriminação, dos professores, dos colegas e de todo o da Índia, milhões de pessoas ainda estão física, emocional e eco-
sistema educativo. nomicamente destruídas por um sistema e uma sociedade que se
O sistema de castas, considerado uma característica dominan- nega a tratá-las como iguais.
te da religião hindu e praticamente visto como uma divisão divi- LAL, Neeta. Índia continua marcada pelo “apartheid de castas”. 9 maio 2015.
Disponível em: <www.esquerda.net/artigo/india-continua-marcada-pelo-
na do trabalho, dá aos dalits as tarefas mais servis, entre as quais apartheid-de-castas/36921>. Acesso em: 12 ago. 2015.
a recolha de lixo, a remoção de excrementos humanos, varrer,

As potências asiáticas 13
RESPOSTAS

meio dos blocos e acordos multilaterais e, portanto, a incorpora-


CAPÍTULO 1 – RÚSSIA E CEI
ção da Crimeia à Rússia difere dessa tendência, haja vista a belige-
PARA PRATICAR – página 20 rância na ocupação de territórios ser característica da Guerra Fria.
1. a) Porque, em sua maioria, os novos países independentes da ex-
PARA APRIMORAR – páginas 20 e 21
-União Soviética, que durante quase todo o século viveram em
comum, com moeda, governo central e forças armadas unifica- 1. c. 3. d.
dos, perceberam que tinham profundas ligações econômicas e 2. c. 4. d.
militares, que precisavam de acordos ou tratados para resolver
uma série de questões importantes e que havia a necessidade
de oficializar laços econômicos uns com os outros para poder CAPÍTULO 2 – JAPÃO
continuar funcionando.
b) Os países que formam a CEI têm objetivos muito diferentes e PARA PRATICAR – páginas 30 e 31
alguns deles possuem economias muito frágeis. Por isso, even- 1. a) O território japonês está localizado numa área de encontro de
tuais crises econômicas e políticas, como as que assolaram placas tectônicas, ocupando um arquipélago no “círculo de
alguns desses países desde os anos 1990, inclusive a Rússia, fogo” do oceano Pacífico, região com grande número de terre-
podem resultar num esvaziamento dessa organização. A cor- motos e maremotos, ocorrência de tsunamis e grande atividade
rupção e a proliferação de máfias, que passaram a controlar vulcânica.
alguns setores clandestinos da economia, são também fragili- b) O território japonês encontra-se em área de encontro de placas
dades para o bloco. Além disso, existem em alguns países um tectônicas. Uma das características dessas áreas é a formação
temor e uma aversão em relação à Rússia, considerada um país de montanhas por dobramentos e soerguimentos. Por isso, o
imperialista na região. relevo japonês é predominantemente montanhoso.
c) A Rússia advogava um sistema de defesa único e uma só moe- 2. Resposta pessoal. Mas não se pode esquecer do envelhecimento e
da para a CEI, o rublo russo. Mas outros países, principalmente do encolhimento da população japonesa.
a Ucrânia, o segundo em população e o terceiro em produção
3. Com a desmilitarização, o Estado japonês utilizou o dinheiro que
econômica, viam com desconfiança essa aspiração da Rússia e
gastaria com a indústria bélica em investimentos em indústrias de
desejavam maior autonomia, com suas moedas próprias e até
base e químicas e, posteriormente, no desenvolvimento de pes-
mesmo suas forças armadas nacionais. Hoje quase todos têm
quisas em ciência e tecnologia.
suas forças armadas próprias e suas moedas nacionais.
4. Resposta pessoal.
2. Os invernos rigorosos sempre causaram grandes transtornos.
Além de longos, eles registram baixíssimas temperaturas. O clima PARA APRIMORAR – páginas 31 a 33
também é seco, principalmente entre o mar Cáspio e o mar de
1. d. 3. c. 5. 02 + 16 = 18
Aral e nas proximidades do oceano Glacial Ártico. Esses elementos
dificultam a prática da agricultura, o que é agravado pelas chuvas, 2. a. 4. 02 + 08 = 10 6. c.
geralmente insuficientes e irregularmente distribuídas.
3. A primeira fase do desenvolvimento militar soviético começou CAPÍTULO 3 – CHINA
com as guerras contra os czaristas e as potências europeias que
os apoiavam: foi criado o chamado Exército Vermelho, sucessor PARA PRATICAR – página 44
do antes poderoso Exército czarista, humilhado durante a Primeira
Guerra Mundial. Com a invasão alemã na Segunda Guerra Mun- 1. O controle de natalidade na China é rígido, e as famílias podem ter
dial, a militarização prosseguiu. Finalmente, a terceira e principal apenas um filho, sob a pena de prisão dos pais (o segundo só é
etapa do desenvolvimento militar soviético foi a Guerra Fria, após permitido a quem tem um certo nível de rendimentos).
1945, quando a União Soviética competiu com os Estados Unidos 2. Existiram vários motivos: abertura para o exterior (para investimen-
pela hegemonia mundial, o que incentivou o Estado soviético a tos estrangeiros e para o comércio internacional), impostos baixos
promover um notável crescimento dos gastos militares.
em termos internacionais (em média, apenas 17%), volumosos in-
4. Durante a velha ordem mundial, ou seja, no período compreen- vestimentos na infraestrutura (estradas, portos, eletrificação, telefo-
dido entre 1945 e a década de 1990, em que ocorria polaridade nia) e mão de obra barata e disciplinada, e com uma boa escolari-
capitalismo 3 socialismo, a Ucrânia era uma das repúblicas que dade média, que vem se ampliando.
compunham a URSS. Na década de 1990, com a dissolução da 3. Não, a expansão econômica chinesa beneficiou principalmente as
URSS, a Ucrânia se torna independente e, embora a Crimeia seja regiões próximas ao litoral, mais abertas ao capitalismo. Nas pro-
um território pertencente à Ucrânia, a Rússia o utiliza como base víncias ao centro e no interior do país, a economia é mais atrasada
naval. A Nova Ordem Mundial, estabelecida a partir da década de e a população tem condições de vida piores que nas províncias
1990, caracteriza-se pelo processo de integração econômica por próximas ao litoral.

14 GUIA DO PROFESSOR
4. a) O elevado consumo de energia é consequência do enorme com maioria muçulmana. O governo do Paquistão, que possui
crescimento industrial (a China se tornou o país mais indus- uma população de maioria muçulmana, exige a realização de
trializado do mundo), numa expansão do uso de veículos um plebiscito na Caxemira, organizado pela ONU, para que a
automotivos (para transporte de carga e passageiros) e numa população escolha o Estado ao qual gostaria de se unir. A Índia
crescente urbanização. rejeita essa proposta e acusa o governo paquistanês de armar
b) Sim, acarreta. Os alunos devem refletir que o uso de combus- e treinar guerrilheiros muçulmanos favoráveis ao separatismo
tíveis fósseis polui a atmosfera e contribui para o agravamento dessa região.
de problemas ambientais locais (enorme poluição atmosférica
nas cidades, alta mortalidade dos trabalhadores nas minas de PARA APRIMORAR – páginas 57 a 59
carvão) e globais, como o aumento do efeito estufa.
1. c.
PARA APRIMORAR – páginas 44 a 47 2. a) As taxas baixas e médias localizam-se ao sul da Índia. As taxas
1. d. 2. b. 3. d. 4. c. médias e altas, além das áreas sem dados disponíveis, ficam ao
norte do subcontinente indiano.
5. a) O governo chinês empreendeu notáveis reformas desde a re- b) As menores taxas de fecundidade na Índia, na porção sul,
volução de 1949. Pode-se destacar, no período do governo de implicam em sociedades mais cosmopolitas, com melhores
Deng Xiaoping, a política de controle de natalidade e a criação acesso e desempenho nos estudos, fazendo da Índia um dos
de Z.P.Es., responsáveis por uma abertura controlada ao capital países com maior inserção em prestação de serviços na eco-
estrangeiro. Na última década, destacam-se as políticas de re- nomia globalizada. Como exemplos, podemos citar os servi-
distribuição de renda.
ços de telemarketing e indústrias produtoras de software, entre
b) A China vem atuando de forma agressiva no processo de ex-
as principais no mundo, em Bangalore.
portação de capitais a partir de suas grandes estatais instaladas
em países pobres; nesses países, as empresas chinesas exercem
3. e. 5. e.
a cada dia maior influência política, como no caso da República 4. 01 + 02 + 04 + 16 = 23. 6. c.
Democrática do Congo, que teve sua dívida externa paga pelos
chineses em troca de petróleo. CAPÍTULO 5 – TIGRES ASIÁTICOS
6. e. 7. d.
8. a) Uma legenda possível é “Problemas ambientais derivados da PARA PRATICAR – página 69
concentração urbano-industrial”. 1. Porque, para esses autores, os Tigres Asiáticos ainda não possuem
b) As áreas indicadas com a legenda C correspondem, na atuali- instituições democráticas sólidas e permanentes, que lhes deem
dade, às regiões de maior dinamismo econômico, de concen-
estabilidade, nem participam de um importante mercado, como
tração urbano-industrial e de maior atração populacional do
é o caso da União Europeia.
território chinês, onde encontramos um intenso processo de
degradação ambiental, devido ao uso intensivo de recursos 2. Assim como a Índia e a China, os Tigres Asiáticos passaram por
naturais de maneira predatória e à elevada geração de resíduos intenso processo de industrialização, inclusive anterior à China.
resultantes do intenso processo de consumo e produção. Porém, o fator que mais os diferencia daqueles dois países é que
seus índices de qualidade de vida da população são maiores, fruto
de pesados investimentos a curto, médio e longo prazos em edu-
CAPÍTULO 4 – ÍNDIA
cação e nas elevações salariais que ocorreram a partir dos anos
1990. Os Tigres Asiáticos, ao contrário da China e da Índia, apre-
PARA PRATICAR – página 57 sentam elevadas rendas per capita, distribuição social de renda
1. Um aspecto positivo é que o clima favorece a prática da agricultura. não muito concentrada (como é a chinesa atualmente), elevada
Um aspecto negativo são as enchentes causadas pelas chuvas abun- expectativa de vida e baixos índices de analfabetismo e de morta-
dantes que assolam a região durante as monções de verão. lidade infantil.
2. Principalmente call centers, produção de softwares, automóveis, 3. Resposta pessoal. Mas, sem dúvida, é prematuro comparar esses
bancos populares e indústria cinematográfica. Novos Tigres – Tailândia, Filipinas, Indonésia e Vietnã – com os Ti-
gres Asiáticos.
3. A Índia e o Paquistão disputam a região da Caxemira, localizada
na zona fronteiriça ao norte da Índia, na cordilheira do Hima-
laia. A Caxemira tem uma população predominantemente mu- PARA APRIMORAR – páginas 69 e 70
çulmana (70%), e dois terços do seu território estão sob o con-
1. V – V – V 3. e. 5. a.
trole da Índia, cujo governo a considera parte integrante do
território nacional. Assim, a Caxemira é o único Estado indiano 2. V – F – V – F 4. a. 6. b.
GEOGRAFIA

As respostas encontram-se também no portal, em Resoluções e Gabaritos.

As potências asiáticas 15
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16 GUIA DO PROFESSOR
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