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ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ENGENHARIA AMBIENTAL
HSA0108 - CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR

TRABALHO
TERMELÉTRICAS COM TURBINA A GÁS (ÓLEO DIESEL OU GÁS NATURAL)

Nomes: Danilo Fumagalli Marteleto nº USP: 6860011


Izabella de Camargo Aversa nº USP: 5911670
João Paulo Mendes Ferreira nº USP: 6447948
Livia Rodrigues Ignácio nº USP: 5911728
Lucas Daniel Lourenção Garcia nº USP: 6920741

Profº Dr. João V. de Assunção

São Paulo, 23 de Novembro de 2012.


Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
TERMELÉTRICAS COM TURBINA À GÁS (ÓLEO E GÁS NATURAL)

ÍNDICE

1. Introdução e Objetivos ................................................................................................... 3


1.1. Termelétricas com turbinas a gás ............................................................................................................3
1.2. Importância energética em termos de Brasil ...........................................................................................6
1.3. Fontes de emissão e os poluentes emitidos .............................................................................................9
2. Fatores e estimativa de emissão para uma usina termelétrica ...................................... 10
2.1 Estimativas de emissão ...........................................................................................................................10
2.2 Modelagem dos dados ............................................................................................................................12
3. Formas de prevenção e controle da poluição do ar ....................................................... 13
3.1. Óxido de Nitrogênio (NOx)...................................................................................................................13
3.2. Óxido de Enxofre (SOX) ..........................................................................................................................18
3.3. Material particulado ..............................................................................................................................20
3.4. Padrões de Qualidade do Ar ..................................................................................................................22
3.4.1. Padrões nacionais de qualidade do ar (Resolução CONAMA nº 003 de 28/06/90) 23
4. Impactos no ar ambiente............................................................................................... 24
5. Conclusão ...................................................................................................................... 27
6. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 27

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1. Introdução e Objetivos

1.1. Termelétricas com turbinas a gás


As usinas termelétricas podem ser classificadas por tipo de combustão (externa ou
interna):
 Combustão externa: o combustível não entra em contato com o fluido de
trabalho (termelétricas a vapor).
O combustível aquece o fluido de trabalho (água) em uma caldeira até gerar
vapor que, ao se expandir em uma turbina, produz trabalho mecânico.
 Combustão interna: a combustão se efetua sobre uma mistura de ar e
combustível (turbinas a gás, e máquinas térmicas a pistão como motores a
diesel).

Figura 1 – Ciclo Brayton aberto e simples de uma Turbina a Gás (notas de aula,
PEA2599)

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Os combustíveis das turbinas a gás podem ser basicamente de dois tipos:


 Gasosos: gás natural, gases de exaustão de processos e combustíveis sólidos
gaseificados (carvão, biomassa, etc.)
 Líquidos: gás liquefeito de petróleo (GLP), diesel, querosene e em alguns casos,
óleos combustíveis de baixo teor de enxofre.
As usinas termelétricas podem ser de dois tipos, convencional ou com ciclo combinado.
Ambos os tipos serão explicados a seguir.

Usina Termelétrica - Convencional

Definição
Uma usina termelétrica pode ser definida como um conjunto de obras e equipamentos
cuja finalidade é a geração de energia elétrica, através de um processo que consiste em três
etapas. Nas usinas térmicas convencionais, a primeira etapa consiste na queima de um
combustível fóssil, como carvão, óleo ou gás, transformando a água em vapor com o calor gerado
na caldeira. A segunda consiste na utilização deste vapor, em alta pressão, para girar a turbina,
que por sua vez, aciona o gerador elétrico. Na terceira etapa, o vapor é condensado, transferindo
o resíduo de sua energia térmica para um circuito independente de refrigeração, retornando a
água à caldeira, completando o ciclo.

Como Funciona
A potência mecânica obtida pela passagem do vapor através da turbina - fazendo com
que esta gire - e no gerador - que também gira acoplado mecanicamente à turbina - é que
transforma a potência mecânica em potência elétrica.
A energia assim gerada é levada através de cabos ou barras condutoras, dos terminais do
gerador até o transformador elevador, onde tem sua tensão elevada para adequada condução,
através de linhas de transmissão, até os centros de consumo. Então, através de transformadores
abaixadores, a energia tem sua tensão levada a níveis adequados para utilização pelos
consumidores.

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Usina Termelétrica - Ciclo Combinado

Definição
Uma usina termelétrica operando em ciclo combinado pode ser definida como um
conjunto de obras e equipamentos cuja finalidade é a geração de energia elétrica, através de um
processo que combina a operação de uma turbina à gás, movida pela queima de gás natural ou
óleo diesel, diretamente acoplada a um gerador.
Os gases de escape da turbina à gás, devido à temperatura, promovem a transformação
da água em vapor para o acionamento de uma turbina a vapor, nas mesmas condições descritas no
processo de operação de uma termelétrica convencional.
O funcionamento de uma usina termelétrica com ciclo combinado pode ser visualizado
na Figura .

Figura 2 – Processos de funcionamento de uma usina termelétrica de ciclo combinado (FURNAS)

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Turbina a gás
A expansão dos gases resultantes da queima do combustível (óleo diesel ou gás natural)
aciona a turbina a gás, que está diretamente acoplada ao gerador e, desta forma, a potência
mecânica é transformada em potência elétrica.

Turbina a vapor
O funcionamento é exatamente igual ao descrito para usina termelétrica convencional,
porém a transformação da água em vapor é feita com o reaproveitamento do calor dos gases de
escape da turbina a gás, na caldeira de recuperação de calor.

Vantagens
Além das já descritas na seção relativa à usina termelétrica convencional, deve ser
ressaltado o rendimento térmico do ciclo combinado, que proporciona a produção de energia
elétrica com custos reduzidos.

Cada turbina é equipada com uma chaminé de bypass e um defletor (damper) fixo para o
gás de exaustão

1.2. Importância energética em termos de Brasil

Através da Figura é possível perceber a importância das termelétricas como um todo na


matriz energética brasileira representando 26,61% (ANEEL, 2012) e que servem de
complementariedade energética nos períodos de seca quando as hidrelétricas não produzem tanto
quanto no período úmido. Pela Figura 4 mostra a tendência crescente que as termelétricas tiveram
nos últimos 12 anos.
Com isto, vale ressaltar a importância de se terem os devidos controles nas emissões
atmosféricas provenientes das termelétricas que são agravantes da poluição atmosférica.

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1,54 1,21
1,59 6,49
7,23
5,69

10,56
65,69

Hidro Gás Petróleo Biomassa


Nuclear Carvão Mineral Eólica Importação

Figura 3- Matriz de Energia Elétrica do Brasil (%) (ANEEL, 2012)

Apesar das usinas termoelétricas não serem a principal fonte energética brasileira, até 2010 o
Brasil possuia em operação 1384 usinas, das quais 70% usam predominantemente combustíveis
fósseis (70%), com destaque para o óleo diesel, adotado em 829 das 1384 usinas em operação,
seguido pelo gás natural (6,7% do total de UTEs em operação). Um terço das unidades, no
entanto, adota a biomassa, mas essa quebra só acontece em função das 315 usinas que adotam o
bagaço de cana.

Os números da ANEEL também mostram que o gás natural, embora não seja o combustível
predominante em termos de quantidade de usinas, é o mais significativo na listagem das dez
maiores usinas brasileiras em capacidade. Oito delas adotam esse combustível, sendo a Petrobras
a dona de quatro das maiores entre as dez.

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70000 100
90
60000
80
50000 70
60
40000
(MW)

(%)
50
30000
40

20000 30
20
10000
10
0 0
1/2000

1/2001

1/2004

1/2005

1/2006

1/2010

1/2011
1/2002

1/2003

1/2007

1/2008

1/2009
nuclear térmica emergencial eólica hidrelétrica %EAR %hidro

Figura 4 – Histórico de operação do SIN (ZAMBON, 2012)

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1.3. Fontes de emissão e os poluentes emitidos

O problema ambiental mais acentuado nas instalações a gás natural é o de emissão de


óxidos de nitrogênio, conhecidos por "NOx". Uma turbina a gás tem níveis maiores de NOx do
que caldeiras a óleo ou carvão em decorrência da relação entre o ar e o combustível, muito maior
na queima do gás.
Os últimos desenvolvimentos técnicos prevêm a utilização de queimadores com injeção
de água ou vapor na zona de combustão das turbinas, o que além de reduzir o NOx, ainda eleva a
capacidade produtiva de máquina por aumento do fluxo de massa através da turbina. A ideia
popular de que turbinas a gás produzem alto nível de ruído - impressão que vem das turbinas de
avião - não é verdadeira. Em usinas com ciclo combinado bem projetadas a poluição sonora não
excede a de usinas equivalentes operando a vapor, e situa-se facilmente nas exigências legais.
Uma vantagem deste tipo de termelétrica é o de ocupar espaços reduzidos em relação às demais.
Também na altura das chaminés as usinas de ciclo combinado trazem vantagens sobre
térmicas a carvão ou óleo. Como o gás é basicamente isento de enxofre e cinzas, a chaminé de
concreto com 250m de altura, típica de grandes usinas, pode ser substituída por duas peças de 75
m, em aço. A não existência de grandes áreas de estocagem de carvão ou parque de tanques de
óleo é ainda um ponto a favor das usinas a gás natural.
Segundo Carvalho e Lacava (2003), o grande desafio tecnológico é conciliar a emissão
de CO e hidrocarbonetos com emissão de NOx, pois os parâmetros que influenciam a emissão
dos três poluentes atuam de forma divergente. A Figura apresenta o comportamento qualitativo
típico das emissões de NOx, CO e hidrocarbonetos não queimados (UHC – Urburned
Hydrocarbons) em turbinas a gás.
Para o presente trabalho serão considerados como gases de emissão em usinas
termelétricas com turbinas a gás, cujo combustível seja o gás natural e óleo diesel: os óxidos de
nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), óxido nitroso (N2O), dióxidos de carbono (CO2),
monóxidos de carbono (CO) e material particulado.

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Figura 5 – Comportamento qualitativo entre as emissões de NOx, CO e UHC em turbinas a gás.

2. Fatores e estimativa de emissão para uma usina termelétrica

2.1 Estimativas de emissão

Os Fatores de Emissão expressam a emissão em função de um parâmetro da fonte, como


por exemplo, kg/t de combustível, kg/t de produto. Pode ser chamado também de Emissão
Específica.
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA) tem uma publicação sobre fatores
de emissão, tanto para fontes estacionárias como para fontes móveis (Compilation of Air
Polluttant Emission Factors – AP 42), utilizada para os cálculos de estimativa de emissão
realizados no presente trabalho.
Esta publicação tem sido aceita pelos órgãos ambientais para previsão da emissão de
determinadas fontes, na ausência de dados nacionais confiáveis. Os fatores de emissão, em geral,
representam valores médios de emissão para uma determinada fonte de poluição do ar, sendo
muito úteis, por exemplo, no inventário de emissões de determinada região e na previsão da
emissão de determinada fonte.
A avaliação dos fatores de emissão é feita em relação à qualidade e a capacidade. A
avaliação da qualidade se relaciona com a confiabilidade dos dados básicos de emissão que serão

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usados para desenvolver o fator, e a avaliação da capacidade está relacionada com a permanência
como fator de emissão médio anual nacional para aquela atividade da fonte.
A estimativa de emissão (E) pode ser calculada por:
E = Fator de Emissão x Atividade (Potência) da Fonte

De acordo com a AP 42, temos os seguintes fatores de emissão para turbinas à gás:

Tabela 1 – Fatores de emissão definidos por gás natural e óleo diesel


Fatores de emissão (lb/MMBtu)
Turbinas à gás movidas a: Gás Natural Óleo Diesel
NOx 3,2 E-01 8,8 E-01
CO 8,2 E-02 3,3 E-03
CO2 110 157
N2O 0,003 ND
Chumbo ND 1,4 E-05
SO2 0,94S 1,01S
Metano 8,6 E-03 ND
VOC 2,1 E-03 4,1 E-04
TOC 1,1 E-02 4,0 E-03
PM 6,6 E-03 1,2 E-02

Para a estimativa em questão serão consideradas as seguintes premissas:

- Potência da usina termelétrica: 50 MW;


- 1 lb = 0,4536 kg e 1 kWh = 3,412 Btu;
- %S = 2,5;

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Resultando nas seguintes estimativas de emissões:

Tabela 2 – Emissão diária de gases por Turbinas movidas a Gás Natural e a Óleo Diesel
Emissão diária (kg/dia)
Turbinas movidas a Gás Turbinas movidas a Óleo
Gases emitidos
Natural Diesel
NOx 0,001376 0,003784
CO 0,000353 1,42E-05
CO2 0,472941 0,675016
N2O 1,29E-05 ND
Chumbo ND 6,02E-08
SO2 0,010104 0,010856
Metano 3,7E-05 ND
VOC 9,03E-06 1,76E-06
TOC 4,73E-05 1,72E-05
PM 2,84E-05 5,16E-05

2.2 Modelagem dos dados

Para realizar a modelagem dos dados das emissões foi utilizado o programa SCREEN3
da US.EPA, considerando as seguintes premissas:
- Chaminé: 30 metros de altura;
- Diâmetro: 1,2 metros;
- Termoelétrica localizada afastada da cidade (área rural) e sem edificações ao redor
(chaminé livre);
- Vazão de saída dos gases: 10 m³/s à 130oC;
- Temperatura ambiente: 25oC;
- Transformação das concentrações de kg/dia para g/s;

Foram obtidos os seguintes resultados:

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Tabela 3 – Máxima concentração do gases após uma hora de emissão


Máxima concentração em uma hora (μg/m³)
Turbinas à gás movidas a: Gás Natural Óleo Diesel
NOx 1,518 4,178
CO 0,3897 0,01568
CO2 522,2 745,3
N2O 0,01425 ND
Chumbo ND 0,0006645
SO2 11,16 11,99
Metano 0,04085 ND
VOC 0,009967 0,001942
TOC 0,05223 0,01899
PM 0,03136 0,05697

3. Formas de prevenção e controle da poluição do ar

Nas centrais termelétricas do Brasil, geralmente, utilizam-se principalmente


precipitadores eletrostáticos. No entanto, existem vários outros métodos de controle em estudo,
visando o desenvolvimento de novos equipamentos eficientes com preços mais acessíveis.
É possível segregar os métodos de controle da poluição do ar causada pelas usinas
termelétricas conforme os gases poluentes gerados por suas atividades. Dessa forma, abaixo foi
feita apresentação dos métodos para controle da emissão de gases oriundos das atividades de
usinas termelétricas, a saber: óxido de nitrogênio (NOx), óxido de enxofre (SOx) e material
particulado.

3.1. Óxido de Nitrogênio (NOx)

Os métodos pré-combustão para controle da emissão de óxido de nitrogênio são


fundamentados nos seguintes segmentos:
- Redução da temperatura máxima da combustão;
- Redução do teor de oxigênio na zona primária da chama realizando-se a combustão em várias
etapas.

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Dentre os principais métodos de remoção de NOX, destacam-se os descritos a seguir.


Injeção de água e/ou vapor: A injeção de água e/ou vapor é feito no interior da câmara de
combustão da turbina a gás, reduzindo assim a emissão de NOX e aumentando a potência. Para
isso é necessária uma fonte de água altamente pura ou uma caldeira no caso do vapor.
Fundamenta-se na diminuição da temperatura e concentração de oxigênio no núcleo da chama, e
pode também alcançar eficiências de 80%. No entanto, apresenta algumas consequências, tais
como diminuição da eficiência termodinâmica, aumento da instabilidade da chama, extinção da
chama dependendo da quantidade de água injetada e aumento das emissões de CO dependendo
da quantidade de água.

Combustão por etapas: este método consiste da introdução, na zona da combustão primária, de
uma quantidade de ar menor que a tecnicamente necessária (definida pelo coeficiente de excesso
de ar). Na realidade na fornalha não se observa combustão incompleta, já que o ar restante é
injetado por bocais localizados acima dos queimadores se observando, então, uma zona de
combustão secundária, o que explica o nome que recebe o método de controle das emissões de
NOX. Como consequência, se observa a diminuição da temperatura máxima da chama, assim
como a diminuição da concentração de oxigênio nesta região. A complementação da combustão
na segunda etapa acontece à temperatura menor que a primeira etapa e, por isso, praticamente,
não há formação de NOX (LORA, 2002).

Recirculação dos gases (FGR): uma parte do gás é reinjetado na zona primária de combustão.
Este método reduz a concentração de oxigênio na zona da combustão primária, reduzindo assim a
emissão de NOX. Pode alcançar de 40 a 60% de eficiência.

DLN (Dry Low-NOX Burners): o princípio desta tecnologia é diluir a mistura de combustível em
quantidade suficiente de ar antes do início do processo de combustão. Essa mistura reduzirá a
temperatura da chama, diminuindo assim a quantidade de NOX formado. A pré-mistura com
baixo excesso de ar (queima pobre) diminui a temperatura da chama e aumenta o tempo de
residência no combustor. Uma dificuldade é obter uma pré-mistura homogênea antes do
queimador. Uma melhoria seria um queimador piloto para uma maior potência, aumentando a
estabilidade do sistema, a faixa de operação do sistema e modular a taxa de ar/combustível de
maneira diferenciada.

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Conversão de combustível: consiste simplesmente em substituir o combustível (óleo, carvão) por


gás natural, reduzindo assim a emissão de NOX. Pode alcançar 40% de eficiência.
LNB (queimadores com baixa emissão de NOX): Fundamenta-se na diminuição da concentração
de oxigênio na seção inicial da chama, onde acontece a ignição e combustão dos voláteis. Nos
queimadores com baixa emissão de NOX a sequência de uma região rica em combustível e uma
pobre é obtida por meios aerodinâmicos, diferentemente da combustão por etapas, onde se utiliza
a injeção de combustível e de ar por locais diferentes da fornalha. Em essência, o queimador com
baixa emissão de NOX, permite organizar a combustão por etapas no volume da fornalha
localizado frente a boca do queimador (LORA, 2002).

Outros métodos pré-combustão e respectivas eficiências são (Cooper et. al, 1986):
Combustão com baixo excesso de ar (LEA), 10 – 20%: limita a quantidade de nitrogênio na
combustão. O excesso de ar deve estar presente para assegurar um bom uso do combustível e
prevenir a formação de fumaça.

Introdução de ar sobre a chama (OFA), 20 – 30%: baseia-se no controle da relação


ar/combustível. Demonstram efetivas reduções de NOx nas caldeiras. Reduz a temperatura de
pico na combustão, reduz o tempo de residência do gás na zona de alta temperatura e promove
uma relação ar/combustível rica na zona primária da chama.

Requeima do gás (combustão conjunta de gás natural e carvão mineral, figura 2.5), 50 – 60%: A
caldeira é modificada onde a queima (requeima) do combustível (gás natural, carvão ou óleo) é
injetado na região superior da fornalha para converter o NOX formado na zona primária de
combustão em nitrogênio molecular e água. O processo de combustão é completo quando sobre a
zona da requeima é injetado ar fresco para completar a oxidação diminuindo os hidrocarbonetos e
CO (monóxidos de carbono).

Os métodos pós-combustão para controle da emissão de óxido de nitrogênio são


descritos a seguir.

Redução Catalítica Seletiva (SCR): Tecnologia baseada no fato de que o NOX pode ser
convertido em água e nitrogênio, através da adição de amônia na presença de um catalisador.
Alcançam 90% de eficiência. O custo médio de remoção de NOX para uma caldeira com
capacidade de 1000 MMBtu, utilizando carvão como combustível será de U$ 1682/ton de NOX

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removido. Os problemas associados a SCR são, por exemplo, dependência da temperatura (315 a
400°C), emissão de amônia (emissão por não reação ou vazamentos), combustível com enxofre
(formação de sais de amônio), disposição final do catalisador (materiais típicos de SCR contêm
metais pesados com óxidos de vanádio e/ou titânio).

Redução não catalítica seletiva (SNCR): Redução do NOX até N2 por injeção de amônia ou uréia
sem a utilização de catalisadores, reduzindo assim o NOX à água e nitrogênio. Sua utilização
depende da temperatura dos reagentes, mistura do regente no gás, tempo de residência do
reagente, relação reagente para NOx, e a quantidade de enxofre no combustível podendo causar
formações de sais de amônio. Pode alcançar eficiências de 75%. Mas sua eficiência típica é de
40-50%. Quando utilizado em conjunto com LNB possui 65% de eficiência. Um exemplo de
custo de investimento de um SNCR para uma caldeira de capacidade 2374 MMBtu/h com 40%
de remoção de NOX, será de U$ 950/MMBtu.

Sistema SCONOxTM: controle da emissão de CO e NOX oxidando-os e absorvendo NO2 na


superfície do catalisador.

As tabelas abaixo apresentam diferentes métodos de controle de NOX, relacionando


alguns custos.
Tabela 3 – Métodos de controle da emissão de NOx

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Abaixo é apresentada tabela-resumo dos métodos de prevenção e controle da emissão de


NOx por centrais termelétricas.
Tabela 4 – Métodos de prevenção e controle da emissão de NOx por centrais termelétricas

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3.2. Óxido de Enxofre (SOX)

Os métodos de controle de SOX consistem, principalmente, nos dessulfurizadores de


gases. Os principais tipos de dessulfurizadores de gás são descritos abaixo.

Dessulfurizadores de gases seco (Dry flue gas desulfurization): envolve pulverizações com uma
mistura (seca) altamente atomizada um reagente alcalino (cal fraco – CaO e Ca(OH)) dentro do
fluxo de gás quente para absorver SO2. A alta temperatura evapora-se a água e um coletor remove
os restos de pó com SO2 absorvido. Este equipamento é posicionado antes do coletor de cinzas.
São mais utilizados em caldeiras industriais pequenas e possui custos de investimentos e
manutenção baixos. Possui alta taxa de reciclagem dos produtos utilizados e reduz o consumo de
energia. Não requer pré-coletor e também pode utilizar reagentes com baixa reatividade,
alcançando eficiências de 90 a 95%.

Dessulfurizadores de gases úmidos (Wet flue gas desulfurization): a mistura de um líquido


alcalino (calcário CaSO4.2H2O), é introduzido no fluxo do gás. Resulta em perdas de geração. O
lavador que utiliza calcário é amplamente usado em caldeiras a carvão, e são sistemas
regenerados para absorver os produtos e recuperar os reagentes. Antigamente era produzido para
a venda de gesso, enxofre e ácido sulfúrico. Os resíduos devem ser tratados e depositados
conforme o regulamento dos resíduos de lixo. Pode alcançar até 98% de eficiência utilizando
diversos tipos de combustível.

Dessulfurizadores de gases semi-secos (Semi-Dry flue gas desulfurization): introduz-se no


fluxo do gás uma mistura fraca de reagentes alcalinos (cal). Ideal para unidades de pequeno porte
e para grandes centrais operando em períodos curtos. Consome baixas quantidades de água e
energia. Não há perdas de água minimizando o impacto ambiental.

Dessulfurizadores de gases “Seawater” (Seawater flue gas dessulfurization): o fluxo de gás


passa por um ventilador auxiliar onde o pó será coletado. A temperatura do fluxo de gás é
reduzida num trocador de calor antes de entrar no absorvedor. No absorvedor, o SOX é
transferido do gás para a água do mar. Após isto o gás limpo é reaquecido antes de retornar ao
sistema, e a água do mar com SOX é tratada para eliminar os íons-sulfatos antes de ser
descartado. Pode alcançar eficiências de até 99%.

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Dessulfurizadores de gases que utilizam amônia (Ammonia flue gas desulfurization): o fluxo
de gás é tratado em torres absorvedoras que diluem o sulfato de amônio e água. O ar é injetado no
tanque absorvedor para formar uma solução de ((NH4)2SO4). A solução é enviada para um
processo de secagem e cristalização produzindo assim um fertilizante. O fluxo de gás é levado
para um precipitador eletrostático úmido para remover algumas impurezas que são formadas no
absorvedor. Pode atingir uma eficiência de 98%.

Combustível com baixo teor de enxofre (Low-sulfur fuel): a emissão é reduzida pela utilização
de um combustível, no caso óleo e carvão contendo baixos teores de enxofre em sua composição
química. Pode se utilizar uma mistura de combustível com altos e baixos teores de enxofre. Esta
prática é efetiva quando se encontra uma combinação específica dos combustíveis, tendo assim
uma conversão na combustão acima de 95%, e o restante de enxofre não convertido vira cinzas.

Spray Dryers Absorbers (SDA): podem ser secos ou semi-secos. Os SDA’s ficam posicionados
antes dos coletores de material particulados. Uma mistura atomizada ou aquosa de CaSO3/CaSO4
é lançada contra o gás quente dentro da torre de absorção. Em contato com o gás o SO2 é
absorvido pelo CaSO3/CaSO4. Depois as cinzas serão coletadas. A diferença entre este e os
dessulfurizadores de gases seco (dry flue gas desulfurization) está no reagente usado (EPA)

Injeção a seco: consiste na adição de reagentes secos [(Ca(OH)2 e Na2(CO3)] no fluxo de gases.
Este reagente pode ser injetado dentro da zona de combustão. A reação produz particulados que
serão posteriormente coletados.
A tabela abaixo apresenta os métodos de dessulfurização dos gases e suas eficiências
utilizando carvão.
Tabela 5 - Métodos de dessulfurização dos gases

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O método mais utilizado hoje é a dessulfurização por calcário devido à alta eficiência.
Nos últimos anos observa-se a tendência de redução do custo do processo de dessulfurização
úmida. No Brasil, nas usinas a carvão geralmente não se utilizam dessulfurizadores (FGD), sendo
que o controle das emissões de SOX é realizado mediante o controle do teor de enxofre no
combustível.

3.3. Material particulado

Os equipamentos mais utilizados para separar particulados serão apresentados a seguir.


Como base para a seleção de um equipamento para uma aplicação específica devem ser
considerados os seguintes parâmetros: custo do investimento, eficiência, consumo de energia
natureza físico-química dos particulados e periculosidade (explosões). A tabela abaixo apresenta
alguns dados para seleção dos equipamentos para remoção de particulados.

Tabela 6 – Equipamentos para remoção de Material Particulado

A seguir são apresentadas algumas propriedades particulares de cada equipamento.

Separadores ciclônicos: podem ser instalados separadamente, em série ou em grupos


(multiciclones). Parte do princípio da ação da força centrífuga sobre as partículas em movimento
num fluxo rotativo. Podem se classificar em: ciclones com fluxo axial, ciclones com entrada
tangencial e fluxo em retorno e ciclones de entrada axial e fluxo em retorno. Sua eficiência é

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maior para partículas menores que 5 microns. (LORA, 2002). Vantagens: Baixo custo; Operação
a altas temperaturas; Baixo custo de manutenção (sem partes móveis). Desvantagens: Baixa
eficiência para partículas menores de 5-10 microns; Alto custo de operação (queda de pressão).

Separadores úmidos (lavadores de gás ou scrubbers): consistem na lavagem do gás com água,
onde na maioria das vezes ela é nebulizada formando pequenas gotas. A eficiência do lavador
depende do tamanho e distribuição das partículas, pressão do gás e na vazão e grau de
nebulização da água que faz a limpeza dos gases (relação ar/água), podem chegar de 95 a 99%
para partículas menores. Podem ser classificados em três grandes grupos: torres de nebulização,
instalações de leito empacotado e lavadores venturi. Controla também a emissão de SO2 na
queima do carvão. Vantagens: Resfriamento dos gases; Variada eficiência de remoção; Podem
tratar particulados inflamáveis e explosivos; Absorção e remoção de particulados no mesmo
equipamento; Neutralização de gases e particulados corrosivos. Desvantagens: Corrosão;
Poluição secundária (um efluente líquido a tratar); Contaminação das partículas (não recicláveis).

Precipitadores eletrostáticos (ESP): aplicável a vários tipos de tecnologias de combustão,


principalmente utilizando carvão. Consiste na utilização de forças elétricas que movimentam as
partículas no fluxo do gás levando-as até eletrodos coletores, garantindo assim uma alta
eficiência podendo chegar a 99,5%. Os parâmetros de operação que influenciam o ESP são
resistividade das cinzas, tamanho e distribuição das partículas. Os tipos de precipitadores mais
difundidos são os seguintes: de placa e arame, de placas planas e, úmido (LORA, 2002).
Vantagens: Alta eficiência; Separação de materiais secos e úmidos; Pode utilizar grandes
volumes de gases com uma pequena queda de pressão; Ampla faixa de temperatura de operação;
Baixo custo de operação. Desvantagens: Alto custo de investimento; Não controla emissões de
gases; Pouca flexibilidade; É afetado pela resistividade das cinzas; Ocupa um espaço grande.

Filtros manga: consiste em uma filtragem do gás “sujo” através de tecidos, onde após algum
tempo forma-se uma camada de particulados permanente no tecido chamado “cake” que constitui
o meio filtrante, com isso podem chegar a 99,9% de eficiência (LORA, 2002). Os parâmetros que
afetam o filtro manga são: relação ar-tecido, pressão de operação, sequência e intervalo entre
limpezas, método de limpeza e, ainda a seleção do pano devendo levar em consideração a
temperatura de operação do pano e as características do gás. Vantagens: Alta eficiência; Pode
separar uma grande variedade de particulados; Projeto modular; Baixa queda de pressão.

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Desvantagens: Ocupa uma área considerável; Danos às mangas por alta temperatura e gases
corrosivos; Perigo de fogo e explosão; As mangas não operam em condições úmidas.
3.4. Padrões de Qualidade do Ar

Os Padrões de Qualidade do Ar estabelecidos por Lei também podem ser considerados


mecanismos de prevenção e controle da poluição do ar causada por usinas termelétricas. Se as
concentrações de poluentes forem controladas e mantidas em conformidade com os Padrões, tem-
se mecanismo eficiente de controle da poluição e detecção de possíveis alternativas para
eventuais desconformidades.
Os Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que, se
ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população, sendo entendidos como níveis máximos
toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em meta de curto e médio
prazo. Os Padrões Secundários de Qualidade do Ar correspondem às concentrações de poluentes
atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população,
assim como o mínimo dano à fauna, flora, materiais e ao meio ambiente em geral. São, portanto,
níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo. Os
padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 003 de 28/06/90 são apresentados na figura
abaixo.

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Tabela 7 - Padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 003/90

3.4.1. Padrões nacionais de qualidade do ar (Resolução CONAMA nº 003 de 28/06/90)

A mesma Resolução CONAMA estabelece os intervalos de critério para os episódios


agudos de poluição do ar, com níveis de ATENÇÃO, ALERTA e EMERGÊNCIA. Os Estados
da União ficam responsáveis, segundo a resolução, pelo monitoramento da qualidade do ar e pela
implementação das medidas cabíveis em cada caso, de acordo com as legislações federal,
estaduais e municipais.

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Tabela 8 - Critérios para eventos agudos de poluição atmosférica estabelecidos pela


Resolução CONAMA 003/90

4. Impactos no ar ambiente

A principal preocupação em relação à geração de energia elétrica a partir de termelétricas


é o elevado impacto socioambiental dos seus processos. Os impactos decorrentes dessa fonte
energética são inúmeros, desde a extração do carvão, ocasionando impactos ambientais e
socioeconômicos na área de mineração até a queima do mesmo nas usinas, com a emissão intensa
de gás carbônico e outros poluentes.
Podemos dizer que os impactos mais importantes de uma central termelétrica (CTE)
referem-se às emissões de poluentes gasosos na atmosfera e ao uso da água de resfriamento para
a condensação do vapor. Outros efeitos a considerar são os despejos de águas oleosas e
contaminadas com demais reagentes químicos, o ruído, as emissões eletromagnéticas e cinzas.
A combustão de combustíveis fósseis utilizados nas termelétricas gera diferentes tipos de
poluentes os quais causam ou agravam diversos tipos de impactos, como impactos sobre a biota e
problemas globais como a chuva ácida e o efeito estufa. Como já mencionado anteriormente
nesse trabalho, os principais poluentes gerados pela termeletricidade são: NOx, SOx, Material
Particulado, CO e CO2.
Os efeitos e impactos decorrentes da emissão desses componentes são descritos a seguir:

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Óxidos de Nitrogênio (NOx)


Em termos de poluição atmosférica, destacam-se as emissões de óxidos de nitrogênio
(NOx), com destaque para o dióxido de nitrogênio (NO2) e o óxido nitroso (N2O), formados pela
combinação do nitrogênio com oxigênio. O NO2 é um dos principais componentes do chamado
smog, com efeitos negativos sobre a vegetação e a saúde humana, principalmente quando
combinado com outros gases, como o dióxido de enxofre (SO2). O N2O é um dos gases
causadores do chamado efeito estufa e também contribui para a redução da camada de ozônio
(CASA, 2001).
De modo geral, os óxidos de nitrogênio são gerados por todos os tipos de termelétrica e
correspondem ao produto mais acentuado durante queima do gás natural em turbinas a gás. Esses
gases são tóxicos e sofrem reações químicas e fotoquímicas na atmosfera promovendo a
formação do ozônio troposférico e outros compostos que contribuem para a formação de chuva
ácida e do efeito estufa. Referente à saúde, podem causar danos ao sistema respiratório tornando
o ser humano vulnerável à infecções das vias respiratórias e dos pulmões.

Óxido de Enxofre (SOx)


A emissão de SOx depende da quantidade de enxofre contido no combustível, sendo
produzido durante a combustão, principalmente nas centrais termelétricas movidas a óleo e
carvão. Esses compostos podem causar lesões do aparelho muco-ciliar, uma defesa importante do
organismo, provocando traqueobronquite crônica e predisposição a injeções respiratórias, como
por exemplo, broncopneumonias.

Material Particulado
Considera-se como material particulado qualquer substância que existe como líquido ou
sólido na atmosfera e tem dimensões microscópicas ou submicroscópicas (exceto a água pura),
porém maiores que as dimensões moleculares (LORA, 2000).
A emissão de particulados de diâmetro menores que 2,5 microns, além de causar efeitos
ambientais negativos, causa também vários danos à saúde, pois são partículas inaláveis que
podem chegar a profundidade dos pulmões, provocando sérios efeitos como: agravamento de
asmas, tosses, dificuldade de respirar, bronquites até a morte prematura em crianças devido a
exposição por longos períodos.
Outros impactos decorrentes da emissão de material particulado são a redução de
visibilidade, quando em altas concentrações, a participação na formação da chuva ácida, com
consequente redução ou esgotamento de nutrientes do solo e danos a monumentos e estátuas.

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Monóxido de Carbono (CO)


O monóxido de carbono é principalmente produto da combustão do carvão e dos
derivados do petróleo. Esse composto é tóxico e prejudicial à oxigenação dos tecidos,
configurando-se como um asfixiante sistêmico.

Dióxido de Carbono (CO2)


O dióxido de carbono resulta da queima completa do Carbono, presente na composição do
combustível. Este composto apesar de ser componente natural do ar, é considerado o principal
gás de Efeito Estufa.

Apesar da queima de gás natural apresentar vantagens ambientais como reduzida emissão
de material particulado e óxidos de enxofre, quando comparado ao petróleo e ao carvão mineral,
seu aproveitamento energético também produz impactos indesejáveis ao meio ambiente. Um dos
maiores problemas do uso desse composto como matéria prima para a geração de energia é a
necessidade de um sistema de resfriamento, cujo fluido refrigerante é normalmente a água.
Nesse caso, mais de 90% do uso de água de uma central termelétrica podem ser
destinados ao sistema de resfriamento. Embora existam tecnologias de redução da quantidade de
água necessária e de mitigação de impactos, em função do volume de água captada, das perdas
por evaporação e do despejo de efluentes, o uso de gás natural tem sido uma fonte de problemas
ambientais (BAJAY;WALTER; FERREIRA, 2000).
Segundo a referida fonte, a demanda média de água de uma central termelétrica operando
em ciclo a vapor simples é da ordem de 94 m³ por MWh. No caso de ciclos combinados, o valor é
de aproximadamente 40 m³ por MWh. Porém esses índices podem variar substancialmente, de
acordo com a configuração adotada.
Durante o funcionamento de termelétricas também são geradas cinzas e fuligem. Em
geral, Para minimizar os efeitos contaminantes da combustão sobre as redondezas, a central
dispõe de uma chaminé de grande altura (algumas chegam a 300 m) e de alguns precipitadores
que retêm as cinzas e outros resíduos voláteis da combustão. Assim, as cinzas são recuperadas e
podem ser aproveitadas em processos de metalurgia e no campo da construção, onde são
misturadas com o cimento.

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5. Conclusão

As centrais termelétricas são grandes fontes geradoras de gases tóxicos, responsáveis pelo
agravamento do efeito estufa e ocorrência de chuvas ácidas e, portanto, prejudiciais à saúde e ao
meio ambiente. No entanto, apesar da principal fonte energética brasileira ser hidroelétrica, ainda
há em operação diversas usinas termelétricas e algumas em processo de licenciamento ambiental.

Ressalta-se, portanto, a necessidade de estudos aprofundados para estimar as quantidades


de gases emitidos e a partir de então a proposição de medidas de controle e prevenção da
poluição, visando sempre respeitar a legislação vigente.

6. Referências Bibliográficas

ANEEL (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA). MATRIZ DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL. DISPONÍVEL EM:
<WWW.ANEEL.GOV.BR>. ACESSO EM: 15 MAIO 2012.

FURNAS. <HTTP://WWW.FURNAS.COM.BR/HOTSITES/SISTEMAFURNAS/USINA_TERM_FUNCIONA.ASP>. ACESSADO


EM 26/10/2012.

BEN. Balanço Energético Nacional. 2012.

LORA, E. S. “Prevenção e controle da poluição nos setores energético, industrial e de


transporte”. Editora Interciência, Rio de Janeiro. 2002.

COOPER, C. D., ALLEY, F. C. “Air Pollution Control A Design Approach”, Waveland Press, Inc.
Illinois, EUA. 1986.

US.EPA. http://www.epa.gov/. Acessado em 20/11/2012.

SALOMON, K. R. Avaliação quantitativa do impacto ambiental das emissões gasosas e do uso


da água de resfriamento em instalações de geração termelétrica, MG. 2003. Dissertação
(Mestrado em engenharia da energia) – Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2003.

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CEPEMAR; PETRÓLEO BRASILEIRO S/A. EIA - Estudo de Impacto Ambiental da termelétrica de


três lagoas – Relatório Técnico. 2001

Revista Grandes Construções. Disponível em:


<http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewMateria
&id=343>. Acesso em: 15 de novembro de 2012

ZAMBON, R. C. “Histórico SIN 2012.xlsx”. 2012. (Arquivo com planilha preparada para a
apresentação no congresso ASCE/EWRI de 2012).

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