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Vol. 1 Nº 1 págs. 39-50.

2003
https://doi.org/10.25145/j.pasos.2003.01.004
www.pasosonline.org

Turismo e sustentabilidade na Amazônia: um novo conteúdo


territorial e a experiência no Município de Silves, Amazonas1

Davis Gruber Sansolo †


Universidade Anhembi-Morumbi

Resumo: O trabalho em questão procura evidenciar o papel do turismo como um conteúdo que revela as
novas formas de organização e apropriação do território amazônico. As diferentes formas de valorização
da natureza vêm determinando uma articulação de interesses entre atores sociais que representam
poderes representantes de escalas espaciais diversas como as populações locais, poder municipal e coo-
peração internacional. O turismo tem sido um meio que representa esses valores sobre a natureza. Valor
de conservação, valor de sobrevivência, valor de reserva, valor de mercado. O turismo nas cidades
amazônicas, ou o turismo representado pelos hotéis de selva, ou o turismo praticado nas unidades de
conservação e finalmente o turismo desenvolvido a partir das organizações comunitárias apoiadas pelas
Organizações não Governamentais, todas essas modalidades configuram-se como uma forma de valori-
zação e valoração da natureza amazônica, cada qual com seus interesses e motivações. Destacamos ainda
três experiências comunitárias de desenvolvimento do turismo, duas delas as informações foram geradas
a partir de questionários e a terceira de forma presencial.

Palavras chaves: Turismo; Desenvolvimento sustentável; Território; Natureza; Organização


comunitária, Educação ambiental; Ecoturismo

Abstract: This study tries to evidence the role of tourism as a content that reveals the new forms of
organization and appropriation of the amazon territory. The different forms of nature appraisement are
determining an articulation of interests among social actors that represent powers of diverse space scales,
such as local populations, municipal councils and international cooperation. The tourism has been a
media that represents those values on the nature. Conservation value, value of survival, reservation
value, market value. The tourism in the amazon cities, the tourism represented by the forest hotels, the
tourism practiced in the conservation units and finally the tourism developed from community organiza-
tions supported by the non Government Organizations, all are modalities configured as a valuation form
of the amazon nature, each one with their interests and motivations. We highlight three community ex-
periences of tourism, two of the researches were carried out starting from questionnaires and the third
with fielwork.

Keywords: Tourism; Sustainable development; Territory; Nature; Community organization; Environ-


mental education; Ecotourism


Doutor e mestre em Geografia Física pela Usp e Prof. do Programa de Mestrado em Hospitalidade. E-Mail:
dsansolo@usp.br

© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121


Davis Gruber Sansolo 40

Introdução Vetores de desenvolvimento e territó-


rio na Amazônia
O desenvolvimento do turismo no
mundo atual, chama a atenção pelo grande O projeto de modernização executado
poder de criação, recriação e organização de pelos governos militares marcou um pe-
territórios e a promoção da articulação en- ríodo de grandes transformações na
tre espaços no globo. Amazônia. O padrão espacial até então
Os investimentos de grandes corpora- desenvolvido baseou-se na relação rio-
ções internacionais relacionadas ao setor várzea-floresta estabelecido mesmo antes
turístico no Brasil têm sido vultosos, deco- da colonização européia e perdurado até
rrentes de políticas públicas que vêm meados da década de 60 (Gonçalves, 2001).
atraindo esses recursos para lugares que Com a implantação de eixos de integração
até pouco tempo caracterizavam-se por proposto pelo governo Militar em 1970, um
serem periferias da economia em seus Es- outro padrão espacial foi inaugurado: o da
tados e no Brasil. Lugares em que freqüen- estrada-terra-firme-subsolo (id. Ibid).
temente vivem populações com culturas Posteriormente esse padrão foi reforçado
tradicionais. Lugares não incorporados pelo pela implantação de pólos de
capital nacional e internacional, em função desenvolvimento baseados na agropecuária
de estarem localizados distantes do centro e na mineração além da implantação da
político e econômico, e, portanto, por serem Zona Franca de Manaus e finalmente a
fronteiras do desenvolvimento, como a ocupação das fronteiras por meio do Projeto
Amazônia, ou por serem periféricos aos Calha Norte em 1985 (Becker, 1997). Entre
centros políticos e econômicos. São lugares outros efeitos as mudanças promoveram
que até a década de 80 não possuíam a im- um rápido processo de urbanização,
portância política e econômica, que em levando contingentes oriundos da região
outros momentos da história já tiveram. nordeste, do sul do Brasil e do interior da
O objetivo desse trabalho é o de analisar floresta Amazônica, a morarem nas cidades
alguns projetos de desenvolvimento do tu- médias e principalmente nas capitais dos
rismo associado à conservação ambiental estados. Esse processo contribuiu para que
na Amazônia, que têm em comum a arti- essas cidades estejam entre as de maior
culação entre diversos segmentos políticos taxa de crescimento demográfico nos
como população local, Ong's, cooperação últimos 20 anos no Brasil. Contudo o
internacional e o governo em seus diversos investimento em infraestrutura não tem
níveis e, que por conseqüência re-incluem sido proporcional as taxas de urbanização.
esses espaços na dinâmica política e A dinâmica decorrente do processo de
econômica global como espaços de van- reorganização da Amazônia a partir da
guarda no debate sobre o desenvolvimento década de 70 desencadeou uma série de
sustentável. projetos de desenvolvimento econômico
A Região Amazônica pode ser conside- colocando a região em uma posição de
rada um território que já adquiriu vários destaque na produção industrial seja na
conteúdos em diversos momentos da histó- produção mineral ou de bens de consumo
ria política e econômica Brasileira, como (id). Por outro lado, esse processo
uma região periférica, dentro de um país desencadeou impactos sócio-ambientais
periférico, que por sua vez, está dentro de tanto nas áreas rurais quanto nas áreas
um continente periférico. Sua economia urbanizadas. Desflorestamento de áreas
caracteriza-se por uma economia de fron- imensas, queimadas, poluição de rios,
teiras de desenvolvimento e até pouco favelização das periferias urbanas e o
tempo baseava-se na exploração dos recur- conflito de terras, são alguns dos resultados
sos como se fossem inesgotáveis. promovidos pelo novo modelo de
organização do espaço.
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Os conflitos gerados pelo modelo de casos pesquisas científicas voltadas a busca


reorganização territorial geraram uma de alternativas econômicas que garantam a
reação da sociedade civil em diversas conservação ambiental. Por diversas vezes
escalas. Demandas de desenvolvimento denunciam ou repercutem os descasos
mais recentes foram provocadas e segundo governamentais e da iniciativa privada,
Becker podem ser resumidos por dois relativos à degradação ambiental e
vetores sociais diferentes: industrial e denunciam a violência contra movimentos
tecnológico (VTI), e o tecno-ecológico (VTE) populares.
(ibid). Do ponto de vista governamental, a
O grupo tecno-industrial tem suas política territorial volta à cena das políticas
origens nas indústrias instaladas na Zona públicas na Amazônia, para atender ás
Franca de Manaus e na Indústria demandas do vetor tecno-ecológico, e vem
Mineradora influenciando a reorganização do território
Para atender às demandas do VTI às amazônico.
políticas públicas nas esferas federal, Uma das políticas territoriais a qual não
estadual e municipal se notablizam iremos comentar é a que inclui a
principalmente por meio de incentivos demarcação das terras indígenas.
fiscais ou por financiamento a projetos Segundo a Profa. Berta Becker “A
privados de grandes proporções. Dois Política Integrada para a Amazônia Legal
órgãos governamentais se destacam: a (PONIAL)”, O PNMA ( Política Nacional de
Sudam hora em evidência, e a Suframa que Meio Ambiente) e PPG7 ( Pilot Program to
além de atuar em Manaus ainda estabelece Conserve the Brazilian Rain Forest)
áreas de livre comércio em outros configuram-se como exemplos de políticas e
municípios da região Norte. programas de articulação envolvendo a
Existem também as demandas por vontade política nacional e a cooperação
aumento da disponibilidade de energia por internacional. Segundo a geógrafa, a
parte da indústria o que parece ser uma cooperação internacional é a face civil de
das prioridades governamentais. uma aliança, que inclui uma vertente
O vetor tecno-ecológico (VTE) tem origem militar que exerce o poder distribuído em
complexa, pois é resultante de lutas e regiões pelo mundo, e também abarca o
resistências locais de índios, caboclos, poderio econômico internacional que
seringueiros, posseiros por um lado, e por regionaliza o mundo em busca da
outro, pela luta global em defesa da acumulação flexível. Portanto, a cooperação
sobrevivência da humanidade e valorização internacional em nome da sustentabilidde
da natureza, estabelecendo-se assim uma (sem que se saiba exatamente o que
conexão entre as escalas do lugar e do significa), garante os interesses dos países
mundo. Um novo conteúdo para a região centrais, que no caso da Amazônia,
então é dado. Participam dessas demandas configura-se como um reserva de valor da
o chamado Grupo dos 7 que preocupados natureza.
com a degradação ambiental em termos Surge daí a convergência de interesses
globais, vem difundindo a proposta de um entre movimentos sociais e ambientalistas,
desenvolvimento alternativo ao modelo interesses do estado e interesses
consumista, originário de seus próprios internacionais.
países, baseado no baixo consumo O PNMA forneceu no início da década de
energético, e apoiado pela biodiversidade 90, com apoio financeiro do banco Mundial
(Becker op. cit). Participa também a Igreja forneceu suporte a criação de Unidades de
Católica, que tem tido um papel Conservação e a consolidação das já
fundamental na organização e politização existentes além de reforçar os órgãos
comunitária. As Ong's ambientalistas ambientais na Amazônia Legal. O modelo
nacionais e internacionais têm dado aos produzido tem apresentado diversos
povos da floresta, apoio a projetos problemas conforme relatório do WWF-
desenvolvidos, promovendo capacitação Brasil sobre as condições dos Parques
para conservação, manejo de recursos Nacionais (Barbosa & Laçava, 1999).
naturais, geração de renda e educação O PPG7 repassou recursos para a
ambiental além de apoiarem em alguns conservação da diversidade genética e
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contenção do desmatamento na Amazônia e principais problemas o de saneamento


inovou a gestão desses fundos com a básico (esgoto, lixo e abastecimento) e
participação das ONG's como controladoras também propõe incentivos fiscais às
dos projetos. empresas de turismo (hotéis, restaurantes,
Segundo Becker (1997): etc.). O documento vai mais além, propõe
"A cooperação internacional constitui assim uma grande intervenção na orla e nos
um instrumento de pressão geopolítica, igarapés entre a Ponta Negra e o Encontro
visível na preferência dos recursos das Águas, por meio da retirada de favelas
oferecidos que privilegiam as UC's, e palafitas para implementação de mega-
pesquisa dirigida e os projetos projetos turísticos. Embora indique no
demonstrativos associados às ONG's. Mas início que a proposta de repensar deveria
constitui também instrumento de enfatizar um processo participativo,
construção de um modelo de inclusive ressaltando a importância de se
desenvolvimento sustentável". dinamizar e implementar o Plano Diretor
Municipal com base na participação dos
Turismo e território na Amazônia munícipes, em nenhum momento o
documento apresenta a opinião dos
O turismo na Amazônia configura-se como moradores ou de lideranças comunitárias,
um novo conteúdo de inserção do território não obstante apresentar a opinião de
amazônico, ao cenário econômico nacional e lideranças empresariais, e da universidade.
internacional, decorrentes dos dois vetores De fato, conforme Cruz (2000), as
de desenvolvimento tanto VTI quanto do políticas públicas de turismo como o
VTE. PRODETUR, trazem o benefício da
Por um lado, o turismo convencional implantação de infraestrutura básica, pois
vem incrementando os investimentos em mais do que uma política de turismo trata-
segmentos específicos como na construção se de uma política de urbanização para o
de hotéis voltados a recepção de turismo. Contudo, o que se percebe é que a
negociantes nas capitais e cidades médias. urbanização não favorece o acesso a toda a
A pesca esportiva também vem sendo um população, ocasionando portanto um
segmento que tem atraído turistas processo de seleção e exclusão social.
brasileiros e estrangeiros e, portanto, Muitas vezes há um processo de valorização
investimentos governamentais e privados urbana das áreas anteriormente
têm sido consideráveis no setor. Como depreciadas levando o morador a vender
exemplo podemos citar o Programa sua moradia e ocupar outras áreas menos
Nacional de Pesca Amadora2 e os diversos valorizadas.
anúncios sobre destinos e roteiros O turismo tem sido, também, uma das
veiculados sobre o assunto na Internet. alternativas escolhidas pelo vetor tecno-
Há também, turistas de maior poder ecológico como meio de viabilizar o
aquisitivo, sobretudo estrangeiros, que em atendimento às demandas geradas pelas
busca de contato com culturas exóticas diferentes instâncias políticas, desde a
viajam para destinos pouco convencionais. local, passando pela regional, nacional e
Um recente documento apresentado pela internacional. Contudo, pode-se distinguir
Câmara Municipal de Manaus (Manaus em modelos diversos de implementação de
Debate), expõe a opinião de políticos, empreendimentos turísticos que têm na
empresários e representantes das natureza sua base de valor.
Universidades sobre o futuro da Cidade de Investimentos vultosos estarão sendo
Manaus. O documento deixa explícita a destinados pelo governo federal através do
vontade política para o fortalecimento da Programa de Desenvolvimento do
atividade turística como uma alternativa Ecoturismo na Amazônia Legal (
econômica para o Município, que tem na PROECOTUR) articulado ao PMNT, e
Zona Franca sua maior base de envolve nove Estados.
sustentação. O Estado do Amazonas é tido como
O documento deixa clara a grande referência para o desenvolvimento do
preocupação do poder legislativo com os Proecotur. Até o momento já estão sendo
aspectos ambientais, apresentando como beneficiados 5 municípios com investimen-
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tos em infra-estrutura direcionada ao referentes a Mamirauá e a Curralinho


turismo. O Estado do Amazonas possui foram obtidas por meio de questionário
também Um Plano de Desenvolvimento do enviados e respondidos pela internet pelas
Turismo que engloba o PROECOTUR, responsáveis pelos programas de
preconiza a formação de Comitês de Ecoturismo de cada uma das respectivas
Turismo conforme está previsto no PMNT. áreas. Quanto a Silves, as informações são
A iniciativa privada nacional e resultantes de um trabalho de consultoria
internacional aproveitando-se da que fizemos para a WWF do Brasil.
valorização da natureza Amazônica
também vem investindo no turismo Curralinho - RO3
associado à natureza. Diversos hotéis de
selva já foram instalados e outros ainda A criação das reservas extrativistas tem
estão por serem construídos. origem na luta dos seringueiros liderados
Num raio de 300 km de Manaus já por Chico Mendes pela manutenção dos
existem pelo menos 21 meios de seringais com forma de sobrevivência.
hospedagem que exploram a natureza local Como conseqüência conquistaram a
como principal atrativo. Entre os 21 a institucionalização desse tipo de Unidade
maioria das atividades envolvem de Conservação no SNUC.
observação da fauna, pesca, caminhadas. No caso de Curralinho, a organização
Raras são os que propõem algum tipo de comunitária AGUAPÉ formada por
intercâmbio cultural. seringueiros e ribeirinhos mobilizou-se por
Segundo KNAFOU (1996) são três os meio de abaixo assinado reivindicando a
agentes de turistificação dos territórios, os criação da Resex.
turistas, os planejadores (entendidos aqui Associação dos Seringueiros do Vale do
como representantes do estado) e os Guaporé, Organização dos Seringueiros de
promotores e agentes de mercado. Na Rondônia e ECOPORÉ (ONG) são os
Amazônia encontramos esse novo agente de parceiros que conduzem a Resex de
turistificação: o turismo de base Curralinho e o projeto de Ecoturismo em
comunitária. Pedras Negras. Projeto esse apoiado pela
Na Amazônia, o turismo promovido WWF da Suíça.
pelas populações tradicionais vem se Segundo uma das coordenadoras do
caracterizando como um processo projeto há uma ênfase no planejamento
diferenciado, onde o turismo além de uma participativo, entretanto a execução das
fonte de renda alternativa, torna-se atividades planejadas nem sempre ocorre,
também uma oportunidade de sobretudo na época de coleta da castanha
aprofundamento das relações políticas O ecoturismo vem trazendo um aumento
internas dessas comunidades. de renda, em especial para as mulheres que
Freqüentemente encontramos projetos de alcançam uma diária entre 50 e 80 reais,
desenvolvimento do turismo associados a graças à capacitação para a prestação de
projetos de conservação ambiental, serviço aos turistas que em sua maioria são
decorrente de articulações políticas em provenientes da Europa e da região de
diversas escalas. Curralinho.
Para as populações locais, sobretudo as
residentes nas áreas rurais, nas margens Mamiraúa - AM
dos rios e em meio às florestas, o turismo
traz a possibilidade de complementação de O questionário que enviamos à
renda oriunda do extrativismo e da coordenação do projeto de ecoturismo de
agricultura de subsistência e favorece a Mamirauá foi respondido da seguinte
conservação dos recursos naturais que são maneira:
utilizados para a sobrevivência como, por A Reserva de Desenvolvimento
exemplo, a icteofauna e os bichos de casco. Sustentável Mamirauá (RDS) (não
Destacamos três projetos que possuem extrativista) foi originalmente proposta por
um profundo envolvimento comunitário: Dr. Márcio Ayres e o fotógrafo de natureza
Silves e Mamirauá no Amazonas, e Luiz Cláudio Marigo. O primatólogo
Curralinho em Rondônia. As informações realizava pesquisa para sua tese de
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doutoramento sobre o macaco Uacari da pousada é totalmente voltada para a


(endêmico da área) nesta área que hoje é a recepção de ecoturistas.
RDS Mamirauá e originariamente era uma Quanto origem dos visitantes,
Estação Ecológica. dependendo do ano – as principais
Primeiramente como Estação Ecológica, nacionalidades por ordem crescente são:
a Reserva foi decretada pelo governo
brasileiros, americanos, alemães, ingleses,
estadual em 1990. A população local
participou de forma consultiva durante a finlandeses.
criação da reserva. O ecoturismo gera recursos extras para
A organização local é baseada na os moradores locais, mas não é possível
comunidade (associação de moradores) que estimar ainda qual a participação na renda
por sua vez se organizam em setores total porque não temos dados de renda para
políticos – é um estilo de organização todas as comunidades envolvidas.
herdado do trabalho desenvolvido pela Os moradores recebem cursos de guias,
Igreja Católica cozinheiras e primeiros socorros e a grande
Todas as comunidades possuem maioria dos turistas avaliam os serviços
associação de moradores, algumas têm
como de alta qualidade.
associação de mulheres e outras também se
organizam por atividade produtiva Os problemas principais envolvem a
(pescadores, guias, etc). monitoração de impactos e divulgação do
As comunidades se reúnem produto, bem como implantação da infra-
internamente e entre si em reuniões de estrutura.
setores que geralmente são bimestrais (este
é principal fórum de decisões) Existem Silves
também assembléias anuais que discutem
principalmente assuntos referentes ao O Município de Silves localiza-se a 300
Plano de Manejo km de Manaus, em direção à foz do Rio
Não são extrativistas – os moradores Amazonas. Está assentado numa ilha no
locais são ribeirinhos ou caboclos, Rio Urubu, afluente do Amazonas. Próximo
descendentes de migrantes nordestinos que ao município de Itacoatiara, Silves está em
se deslocaram à região no começo deste uma região cujas características físicas são
século e de índios. decorrentes, sobretudo, do regime
O ecoturismo foi idealizado pela equipe hidrológico.
de pesquisadores que desenharam o Plano A Planície do Rio Amazonas,
de Manejo para funcionar como umas das "Constitui-se em uma unidade bem menor
alternativas econômicas para a população. do que se pensava há alguns anos atrás.
O ecoturismo conta com uma Pousada Esta planície apresenta cordões mais
Flutuante com 10 suítes dentro da Reserva, elevados margeando o leito do rio,
o transporte é feito em voadeiras (135 hp, formando os diques fluviais recobertos por
40 hp e 30 hp). florestas aluviais. Encontrando-se mais
A Pousada foi especificamente afastado os pântanos que representam
desenhada para criar um mínimo impacto extensos trechos mais baixos e planos onde
ambiental. Mas a implantação da infra- se observa maior permanência d'água de
estrutura não está completa. Ao que parece inundações com vegetação de gramíneas"
ainda estão tentando implantar um sistema (Ross, 1985).
de filtro de dejetos, o lixo é transportado São nesses diques que na época de
para a cidade de Tefé (área de várzea sem vazante concentra-se uma grande
possibilidade de permanecer no local). quantidade de peixes, as quais as
A população se beneficia da infra- comunidades ribeirinhas dependem para
estrutura básica apenas através do sua subsistência. Tambaquis, tucunarés,
aumento do transporte com aumento do pirarucus são algumas das espécies da
fluxo de voadeiras, mas a infra-estrutura icteofauna que ocorrem na região. A
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valorização dessas espécies atraiu a pesca dessa mesma modalidade é a participação


comercial. O que antes era a garantia de intensa das comunidades ribeirinhas.
sobrevivência para as comunidades Nossos turistas conhecem como vive o
ribeirinhas começou a se tornar escasso. ribeirinho, como ele pesca, planta, faz a
Com a ameaça da fome e a ajuda da farinha, faz o peixe para comer e fazem os
Igreja Católica, no final da década de 80, as passeios dentro da floresta e na cidade
comunidades locais se organizaram em També, deixando divisas no comércio"
torno de uma ONG, a ASPAC (Associação (Almeida Grana apud Tamaio & Carreira,
de Silves pela preservação Ambiental e 2000).
Cultural). Em uma manobra política muito Em nosso entender, o principal
bem organizada, a ASPAC, durante o diferencial dessa modalidade de turismo é o
período de eleições Municipais, conseguiu fato de ter sido opção dos próprios
junto à Câmara de vereadores que se ribeirinhos, essa alternativa econômica.
proibisse a pesca comercial e se criasse um Esse diferencial tem atraído nos últimos
manejo da pesca artesanal por meio de três anos aproximadamente 600 turistas,
proteção dos lagos (diques aluviais e em sua maioria estrangeiros, em busca do
meandros abandonados). Os lagos foram turismo responsável. Uma modalidade
classificados, segundo conhecimento dos cujos princípios são a associação entre a
moradores sobre áreas de reprodução. conservação ambiental, valorização das
Sendo assim, foram criados três tipos de culturas locais e a participação das próprias
classe para os lagos: de proteção, onde a comunidades.
pesca é proibida, de manejo onde é A administração do hotel, hoje sob
permitida com restrições e lagos de pesca encargo da ASPAC, passou para uma
onde é permitida livremente (Tamaio & cooperativa que se formou a partir da
Carreira, 2000). Associação, visto que o desafio agora é a
Para que houvesse uma real melhoria da qualidade regularização da
implementação dessas medidas, havia a prestação dos serviços.
necessidade de ampla divulgação. Sendo A segunda fase da CARAVANA
assim, foi desenvolvido ao longo do ano de MERGULHÃO envolveu a discussão sobre
1989 pela ASPAC e a WWF uma ação turismo e conservação ambiental com as
participativa com 8 comunidades de comunidades, por meio das escolas, agentes
pescadores. Um programa de educação de educação ambiental e monitores de
ambiental comunitária denominado ecoturismo.
CARAVANA MERGULHÃO, que valorizou
e mobilizou a participação e debate sobre a Oficina de Educação Ambiental e
importância do respeito às normas da Ecoturismo
legislação municipal sobre conservação da
pesca. Durante três dias de oficina em outubro
Paralelamente ao trabalho de Educação de 2000, contamos com a presença de 40
Ambiental e conservação dos recursos pessoas, de oito comunidades.
pesqueiros, a ASPAC, com apoio do WWF- Desenvolvemos uma estratégia de trabalho
Brasil , optou pelo desenvolvimento do que pudesse ter como premissa básica a
turismo como alternativa econômica para promoção de um diálogo horizontal e
as comunidades ribeirinhas. Foi construída participativo. Sendo assim utilizamos como
uma Pousada (Aldeia dos Lagos) onde há base metodológica a Oficina do Futuro (São
uma participação intensa das comunidades Paulo & Cogito/Ecoar, 1997). Utilizamos
ribeirinhas tanto na prestação de serviços técnicas que pudessem motivar a
de hospedagem como nas atividades de participação de todos independentemente
lazer do turista. do nível de escolaridade. Além da Oficina
"A diferença entre o nosso hotel e os outros do Futuro, utilizamos também as bases
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técnicas do Metaplan, com cartões para para as comunidades. Quanto à vegetação


expressão e síntese de idéias que pudessem algumas espécies foram destacadas como a
ser visualizadas e discutidas. castanheira, o cajueiro e sobretudo a mata
Em todo o processo, cada passo foi sendo de igapó em geral. Algumas espécies de
previamente explicado sendo esclarecido os aves, como marreco e patos selvagens,
foram citados. Com relação às construções
objetivos de cada etapa e de cada técnica
foi dado destaque à organização espacial
utilizada. Esse procedimento teve como das comunidades. Tradicionalmente, essas
objetivo uma possível reprodução do possuem uma espécie de centro onde está a
processo ou das técnicas nas comunidades escola (quando existente), um posto de
pelos representantes das comunidades e saúde (quando existente), uma igreja e um
pelos professores. salão comunitário. As habitações em geral
Estiveram representadas na oficina as estão esparças ao longo dos rios e os
seguintes comunidades: cultivos muitas vezes distantes das casas,
• Do Lago Canaçari a comunidade Santa sendo necessário o uso de barco para chegar
Fé a eles. Algumas vezes, os cultivos são feitos
• Do Rebujão a comunidade Santa Maria nos fundos das casas.
• Comunidade do Quauí Há um processo que vem modificando
• Comunidade Santa Luzia essa organização. A prefeitura vem
• Comunidade São João e do lago de construindo casas de madeira, todas
preservação próximas umas das outras e próximas ao
• Do Sanapani a comunidades Santa Luzia "centro" da comunidade. Segundo relato de
• Do Sanapani a comunidade São moradores, esse processo vem
Raimundo desorganizando a vida das famílias.
• Do Rio Arebá a Comunidade Cristo rei Alguns mapas foram elaborados, com
• Moradores do Centro da Cidade destaque ao mapa do Lago de Conservação.
Iniciamos a Oficina com uma dinâmica
de apresentação onde duplas se “Muro das Lamentações”
entrevistaram e posteriormente uma
Solicitamos que cada participante
apresentou o outro ao grupo. A dinâmica pegasse três cartões, refletissem e
atendeu ao objetivo fazendo com que todos escrevessem sobre três principais
participassem e "quebrando o gelo" do problemas da sua comunidade e fixassem
início. Algumas pessoas apresentaram no quadro formando um conjunto de
extrema timidez. observações sobre os problemas de cada
comunidade. A atividade foi compreendida.
Mapeamento participativo Os principais problemas que
apareceram foram:
Foram formados 8 grupos com um • Desunião, falta de organização e de
número variado de pessoas em cada grupo. formação das lideranças comunitárias
O critério de agrupamento foi o de • Saúde: falta de posto, de médicos e de
pertencer ou conhecer as comunidades. agentes de saúde
Foram feitos inicialmente esboços em papel • Escola: falta de material adequado a
branco que serviram para a discussão inter- educação ambiental, obrigatoriedade do
grupo. Posteriormente, foram elaborados conteúdo dirigido, falta de apoio da
mapas, croquis e desenhos de cada direção, falta de formação continuada dos
comunidade em cartolina utilizando-se professores
lápis de cor, de cera e hidrocor. A atividade • Falta de recursos para a educação
possibilitou aos grupos, por meio de uma ambiental, as instituições financiadoras
representação dos seus lugares, um debate de projetos não disponibilizam recursos
sobre as características de cada lugar. para a educação ambiental ou quando
Foram destacadas espécies de peixes disponibilizam os recursos são escassos
como o pirarucu, o peixe-boi e o tucunaré. • As autoridades não apóiam a educação
Ganhou destaque também o tracajá como ambiental, mesmo ela sendo já
uma espécie de quelônio de grande valor institucionalizada
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• Falta de lazer aos jovens, o que vem os por exemplo separação entre homens e
levando ao alcoolismo e a outras drogas mulheres, todos deveriam se deslocar no
Ao final solicitamos que analisassem o espaço delimitado pela canoa sem sair de
dia e foi relatado como de muito bom dentro, onde se imaginava fora da canoa
proveito. havia jacarés, piranhas e a “cobra grande”4
Houveram alguns relatos que vale o , portanto, deveriam ajudar um ao outro,
destque: para se deslocarem pela canoa.
"Valeu muito pois aprendi sobre outras Iniciamos a construção dos sonhos, a
comunidades e poderei ensinar o que participação foi intensa. Foi produzido
aprendi na escola." (Prof. de 1o. grau). material de grande interesse para a
Um dos representantes fez questão de educação ambiental. Solicitamos ao grupo
relatar a luta pela conservação fazendo um de cada comunidade que produzisse
histórico desde o início da mobilização das desenhos, descrevendo os sonhos para a sua
comunidades. comunidade. Utilizaram cartolinas, lápis de
Houve uma indignação geral sobre a cera, hidrocor, guache e lápis de cor.
questão do lazer, pois há um projeto que Posteriormente, foi solicitado que se
financia em torno de R$ 60,00 por mês para apresentasse o resultado ao grande grupo,
jovens para que possam passear ou cada sonho e o significado de cada desenho.
desfrutar de algumas atividades de lazer. O Alguns desenhos representaram o desejo
que vem sendo constatado é que vários da volta ao passado, da recuperação
jovens que recebem esses recursos não ambiental nas áreas urbanas e em especial
necessitam, e os que realmente precisam nas áreas naturais. Um sonho interessante
não têm acesso. e bem objetivo foi de uma comunidade que
Um outro destaque é a preocupação com apresentou o desejo de normatização do uso
o tracajá, à tarde chegou uma denúncia de de rede para que se desse oportunidade aos
que 5 tocas de tracajá tinham sido mexidas peixes de chegarem aos lagos. Uma outra
e retirado os ovos, no lago de conservação. representação interessante foi dos jovens
Por outro lado, alguns relatos foram que vivem no centro. Apresentaram a
animadores. Segundo alguns associados da cidade de Silves desenvolvida com
ASPAC, que trabalham nas conservações equipamentos sociais modernos, como
dos lagos, vem sendo constatado que o universidades, parques de diversão, praia
número de espécies e quantidade de peixes movimentada, tudo isso associado ao
vem aumentando ano a ano. Entretanto, ambiente conservado.
nas comunidades não há proteção, o que
vem desencadeando o desaparecimento de Começamos a traçar alguns objetivos
espécies como o pirarucu e o tucunaré.
Uma outra preocupação evidenciada é a Solicitamos que cada grupo
pressão exercida sobre a floresta. Quando o estabelecesse três objetivos prioritários que
recurso do peixe escasseia, muitos voltam- pudessem ser alcançados a partir da
se para a derrubada da mata ou para o uso representação dos sonhos. Dois grandes
do recurso da madeira e dos frutos. objetivos foram destacados, a melhoria da
O dia foi finalizado com uma visita ao lago comunicação entre as comunidades e o
de conservação. apoio as escolas.
Tirou-se então uma proposta para se
“Sonhos” organizar uma comissão de comunicação,
com o primeiro objetivo de se elaborar um
Iniciamos o dia seguinte com a dinâmica projeto de jornal.
da canoa, que foi muito bem aceita e houve
uma grande participação. Promoveu-se o Dinâmica da Roda
bom humor, a integração e a descontração
do grupo. Duas rodas girando uma dentro da
Tratou-se de uma atividade onde todos outra, aonde a pessoa de dentro, ao escutar
ficam em fila imaginando como se uma palavra deveria falar tudo o que viesse
estivessem todos em uma canoa. Ao nosso a cabeça para a pessoa em frente da roda
comando, segundo um determinado critério, de fora.
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A atividade objetivou um pequeno turismo promovido pelo prefeito que é


relaxamento antes do almoço. proprietário de um hotel, uma espécie de
Ao debatermos sobre os objetivos ecoresort em Silves.
estabelecidos foram encaminhadas duas Indicaram que a proposta da ASPAC
propostas: promove a geração de renda e remuneração
• A produção de um Jornal da ASPAC de mão de obra local, enquanto o hotel do
• A realização de um Evento de Educação prefeito concentra renda, tendo em vista
Ambiental nas Escolas que os turistas que ali se hospedam só se
interessam pelo cenário e portanto o
Educação Ambiental e Ecoturismo registro fotográfico e tudo que consomem
compram no próprio hotel do prefeito que
No dia seguinte reunimo-nos e por sua vez se abastece em Manaus. Por
retomamos o caminho percorrido durante outro lado, a Aldeia dos Lagos se abastece
os dias anteriores para avaliarmos as em Silves ou na região próxima. Um dos
técnicas e a metodologia utilizada. participantes indicou que o turismo
promovido pela ASPAC não vem
Ao retomarmos os encaminhamentos "enricando" as pessoas, mas o dinheiro que
traçados no dia anterior, ou seja a recebem com a visita às comunidades, pela
elaboração do jornal e o evento de Educação contratação de cozinheiras, guias locais,
Ambiental nas escolas, um dos acaba por ser uma fonte de renda extra o
representantes das ASPAC indicou que que faz com que o ribeirinho deixe de
poderia haver a contribuição da Associação explorar outros recursos para comprar bens
com verbas do orçamento pra a elaboração para atender suas necessidades.
do jornal. Eles esperam que o turismo se
Foram solicitados exemplares da desenvolva, mas têm a clareza que devem
Agenda 21 do Pedaço, produzida pelo tomar cuidado, pois, assim como dinheiro e
Instituto Ecoar para a Cidadania. troca de informações, o turismo também
Indicou-se que se buscasse apoio pode trazer problemas como a poluição e a
financeiro da WWF para ambos prostituição (assim foi colocado por eles).
encaminhamentos, tanto a produção do Por outro lado, o turismo pode trazer
jornal quanto para organização do evento algum desenvolvimento e benefícios aos
de Educação Ambiental nas escolas. jovens, os afastando das drogas e do
Os representantes das comunidades que alcoolismo (segundo colocado por alguns
se interessaram em participar de ambas participantes).
atividades propostas assinaram uma lista O grupo insistiu em discutir a relação
se comprometendo a participar da comissão entre o turismo e a conservação e, portanto,
organizadora de ambos os a necessidade de se desenvolver um
encaminhamentos ou simplesmente ser um trabalho que integre o turismo à educação
divulgador das atividades em suas ambiental.
comunidades.
Posteriormente, iniciamos uma Avaliação
atividade para debater sobre o turismo em
Silves. Solicitamos que os grupos se Os professores indicaram que
formassem aleatoriamente, diferente dos pretendem ampliar a Educação Ambiental
dias anteriores, para que se pudesse agora nas escolas, mesmo tendo que burlar o
discutir o a questão não por comunidades, planejamento oficial. Uma das professoras
mas para a regiào como um todo. destacou as técnicas utilizadas, sobretudo o
Solicitamos que representassem por uso de cartolinas e desenhos o que facilitou
meio de desenho em cartolinas, o que é o a exposição de idéias e os debates e sendo
turismo hoje em Silves? assim irá utilizar em sala de aula.
Formaram-se 6 grupos. O resultado foi A avaliação dos outros participantes foi
surpreendente. positiva e indicaram que houve a
Em diversos trabalhos destacaram-se as compreensão da proposta e ampliaram o
diferenças entre o turismo que é conhecimento que já possuíam.
desenvolvido por iniciativa da ASPAC e o Segundo nossa avaliação:
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• Conseguimos a mobilização e integração com maior precisão sobre os objetivos de


do grupo cada ator social em relação à conservação
• Houve a compreensão pelo grupo sobre ambiental e a partir daí a busca de pontos
as técnicas utilizadas e o significado da comuns em busca do estabelecimento de
Agenda 21 de cada lugar parcerias, expondo-se os limites de
• Foi possível incrementar tanto o conteúdo concessões, as metas e os objetivos comuns.
quanto a metodologia de Educação A valorização da natureza na Amazônia
Ambiental nas escolas possui diversas faces políticas. A
• Foram gerados indicativos para a possibilidade de articulação entre
continuidade do trabalho de Educação conservação, benefícios sociais e a
Ambiental tanto com as comunidades viabilidade econômica se revelam,
quanto com as escolas sobretudo nos territórios onde existem
• As técnicas utilizadas foram bem aceitas projetos comunitários; entretanto, a
e adequadas a promoção da participação essência da sustentabilidade pode ser
individual e em grupo alcançada em outros recortes territoriais
• Faltou um melhor registro constante das como nas unidades de conservação, em
atividades como gravação de vídeo para assentamentos rurais e nas cidades.
posterior avaliação mais precisa. “Na medida que um dos princípios do novo
• Algumas questões ficaram em aberto paradigma é a valorização da diversidade,
como a continuidade, constância e metas não há um modelo único a ser adotado, mas
finais a serem alcançadas; sim caminhos múltiplos a serem tentados, o
• Alguns fatos podem ser mais bem que configura o desenvolvimento
enfocados e com maior objetividade: sustentável como um processo e não um
melhoria da conservação dos lagos; um estado em si” Becker, (1997).
programa para proteção ou manejo dos
tracajás; melhoria da comunicação entre Bibliografia
eles e entre as instituições de apoio como a
WWF; falta de recursos específicos para Barbosa, Ana Cláudia & Lacava, Ulisses
Educação Ambiental; integração entre (texto final)
Educação Ambiental e Ecoturismo; 1999 “Áreas Protegidas ou Espaços
enfocar o problema da produção de búfalos Ameaçados?” Relatório do WWF sobre
incompatível com a conservação dos lagos. o grau de implementação e
• Pudemos perceber que há uma nítida
Vulnerabilidade das Unidades de
compreensão que o trabalho de
conservação vem tendo efeitos positivos, Conservação Federais Brasileiras de
pois conseguem perceber o aumento de Uso Indireto-Brasília, World Wild
peixes nos lagos de preservação. Found do Brasil. (Mimeo)
Becker, Berta
Considerações Finais 1997 “Novos rumos da política regional: por
um desenvolvimento sustentável da
Em todos os três projetos há parcerias e fronteira amazônica” In Becker, K.
apoio de ONG's e precedentes de Bertha & Miranda, Mariana. A
organização comunitária. Há, também, o Geografia Política do Desenvo-
apoio a cooperação internacional e em
lvimento Sustentável. (pp. 421:444).
alguns casos apoio governamental seja por
meio do IBAMA, Universidades Públicas e Rio de Janeiro: UFRJ.
parceria com prefeituras. Cruz, Rita de Cássia
O que pretendemos com essa exposição 2000 Política de Turismo e território. São
foi contribuir com a discussão sobre o Paulo: Contexto.
significado do desenvolvimento do turismo Gonçalves, Carlos Walter Porto
sustentável, sobre os modelos de turismo 1989 Os Descaminhos do Meio Ambiente.
que queremos para o Brasil, e em especial São Paulo: Contexto.
para a Amazônia. 2001 Amazônia, Amazônias. São Paulo:
Compreendemos que o desafio da Contexto.
sustentabilidade envolve o esclarecimento Guimarães, Roberto Pereira
1997 “Desenvolvimento Sustentável: da
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retórica à formulação de políticas


públicas”. In Becker, K. Bertha & NOTAS
Miranda, Mariana. A Geografia
Política do Desenvolvimento 1
Trabalho Apresentado durante o V Encontro nacional
Sustentável. (pp. 13:46). Rio de de turismo com Base Local em Brasília, 2001.
2
Janeiro: UFRJ. Ver em www.ibama.gov.br
3
Kanfou, Remy Informações relatadas pela Profa. Carol Dória da
1996 “Turismo e território: Por uma UFRO, por meio de questionário.
4
abordagem científica do Turismo”. In Trata-se de um posível mito regional sobre a
Rodrigues, Adyr A. B. (Org.). Turismo existência de uma cobre gigante que reside no
e Geografia. São Paulo: Hucitec. lago Canaçary.
Ross, Jurandyr L. Sanches
1985 “Relevo Brasileiro uma nova proposta
de classificação”. Revista do
Departamento de Geografia, 4: 25:40.
São Paulo: Departamento de
Geografia, FFLCH, USP.
São Paulo (Município) & Consórcio
Cogito/ECOAR
1997 Agenda 21 do Pedaço. São Paulo:
Secretaria Municipal do Verde e do
Meio Ambiente.
Tamaio, Irineu & Carreira, Denise (Coord.)
2000 Caminhos e Aprendizagens: Educação
Ambiental, Conservação e
Desenvolvimento. Brasília: WWF-
Brasil.

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