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TENSÃO CAPILAR

De acordo com a Física, pode-se definir capilaridade como um processo onde a água,
em contato com o meio sólido, eleva-se e mantém-se elevada a uma certa altura em
relação à sua linha de pressão atmosférica. Esta ascensão da água se dá através de
“caminhos” de pequena dimensão ou “capilares” existentes em sua estrutura sólida.
Com isso, intui-se que a capilaridade é um mecanismo de tensão superficial nos
líquidos dado pela sua combinação de forças de adesão (atração da molécula de água
por uma superfície sólida) e coesão (atração entre si das moléculas da água).

Nos solos, é possível observar o mecanismo da capilaridade pela ascensão da água


presente nos poros de um solo saturado, além de sua linha freática. A altura alcançada
pela água que ascende pelos interstícios do solo varia de solo para solo a depender da
sua natureza. A figura abaixo ilustra a distribuição típica da umidade do solo
considerando-se o mecanismo da capilaridade

Os vazios do solo são tão pequenos que podem ser assumidos como tubos capilares
irregulares e interconectados. Dessa maneira, a altura de ascensão da água no solo
dado pelo mecanismo da capilaridade dependerá da grandeza dos vazios que, por sua
vez, dependerão do tamanho das partículas.

Então, pedregulhos vão possuir altura de ascensão por capilaridade com um alcance
de poucos centímetros. Enquanto que as areias possuem alcance da ordem de 1 a 2
metros acima da linha freática. No siltes, essa altura é da ordem de 3 a 4m e nas argilas
alcançam valores da ordem de dezenas de metros.
Em Mecânica dos Solos, o entendimento do mecanismo de capilaridade tem grande
importância para a compreensão da interação solo-água. Assim, diversas soluções de
engenharia advêm da interpretação do efeito da capilaridade nos solos como:

- Mecânica do Pavimento: no dimensionamento de fundação para pavimentos onde se


tem um constituído por um solo siltoso e o nível freático encontra-se pouco profundo,
a fim de se evitar que a água capilar venha a prejudicar a estabilidade do pavimento a
ser construído, tornam-se necessárias certas precauções, quer seja substituindo o
material siltoso por outro de menor grau de capilaridade, quer seja construindo sub-
bases e bases adequadas;

- Contração dos Solos: Verifica-se que a medida que a água evapora do solo, uma
pressão em todas as direções do interior do solo é produzida pelo efeito da
capilaridade. Esse estado, denominado de pressão capilar , explica a contração
(encolhimento) dos solos durante o processo da perda de umidade;

- Resistência ao Cisalhamento dos Solos Granulares: A coesão aparente das areias


podem ser explicadas pelo mecanismo da capilaridade da água nos solos. A tensão
superficial da água tende a aproximar as partículas do solo resultando no “aumento da
resistência ao cisalhamento”. De maneira geral, a coesão aparente refere-se às areias,
dada a sua capacidade de saturar e secar-se facilmente. Este efeito é também
significativo nas argilas onde os valores da coesão aparente podem atingir altos índices
o que permite, por exemplo, explicar a existência de taludes íngremes e condições
estáveis.

A Lei de Darcy – Coeficiente de Permeabilidade

O solo é constituído por partículas sólidas provenientes do processo de decomposição


e/ou deterioração das rochas (fase sólida) e de vazios, definidos pelas fases líquida e
gasosa. Sabe-se que a água (com bastante frequência) ocupa a maior parte dos vazios
dos solos e por vezes, a sua totalidade. Então, a água presente nos vazios do solo,
quando não em condição de equilíbrio hidrostático encontra-se em constante
movimento a depender , essencialmente da diferença de potencial hidráulico em que é
submetida. Então, iremos nominar o teor geotécnico percolação ao movimento da
água através de partículas sólidas do solo (similar ao termo escoamento da
hidrodinâmica). A maior ou menor facilidade de percolação da água através das
partículas sólidas do solo representa, na Mecânica dos Solos, a definição da
propriedade permeabilidade dos solos.
Pode-se definir permeabilidade como a propriedade de um solo em permitir a
percolação de água ou de outro fluido qualquer, através de seus vazios. Na eventual
existência de diferença de potencial hidrostático nos solos granulares, onde a água
presente nos poros encontra-se livre, a percolação dá-se mais facilmente. Em
contraposição, para os solos finos, a atuação da força de superfície dificulta a
percolação de água.

Principais aplicações do conhecimento da permeabilidade dos solos na Engenharia


Geotécnica. Pode-se destacar:

- Cálculo do Volume de Água: estimativa do volume de água a ser bombeado em


serviços de rebaixamento de lençol freático bem como no volume de água que se
infiltra em uma escavação;

- Análise de Recalque: previsibilidade da magnitude da taxa de recalque (velocidade de


recalque) dado que, em geral, este ocorre pela expulsão da água dos vazios dos solos
(velocidade de percolação da água pelo solo);

- Análise de Estabilidade: a estabilidade dos solos é função de sua tensão efetiva que ,
por sua vez, tem dependência da variação de pressão neutra do solo (num mesmo
ponto possui a mesma intensidade em qualquer direção) que depende das tensões
provocadas pela percolação da água

- Estrutura de Contenção: o dimensionamento, operação e monitoramento de


estruturas de contenção como, por exemplo, barragens feitas com solo dá-se, em
geral, pela aplicação dos conceitos de força de percolação da água pelo maciço
terroso.

O termo “água subterrânea” é entendido como a água abaixo da linha freática do solo
e cujo fluxo ocorre em regime laminar (Lei de Darcy) baseada em fatores geométricos
do solo e demais variáveis que influenciam a vazão da água através dos meios porosos.
Por essa lei, temos que a velocidade de fluxo de água através dos meios porosos é
diretamente proporcional ao gradiente hidráulico existente. Desta, temos que o
gradiente hidráulico (i) de um solo definido através da diferença de carga hidráulica
entre dois pontos do solo pela distância existente entre estes, dado pela seguinte
expressão:

i = (h1 – h2) / (L1 – L2) = Δh / L = grandeza adimensional

Lei de Darcy – fluxo de água subterrânea, regime de escoamento laminar (nº Reynolds
< 2000), solo saturado e com fluxo em regime permanente, a velocidade de percolação
(v) é definido por:

V = k x i (cm/s)
Sendo:

V – velocidade de percolação da água em meio poroso;

K – constante denominada coeficiente de Darcy;

i – gradiente hidráulico.

Q=vxA

Q = (k x i) x A

Q = (k x Δh / L) x A

K = Q / (i x A) – medido em cm/s

Sendo:

Q - vazão de percolação da água em meio poroso;

K – constante denominada coeficiente de permeabilidade de Darcy

i – gradiente hidráulico

A – área do permeâmetro
Determinação do Coeficiente de Permeabilidade

Cada solo possui um valor específico que determina sua maior ou menor
permissibilidade de percolação da água de seus poros, mensurável através do seu
coeficiente de permeabilidade. Para isso, temos os métodos diretos e indiretos para
determiná-lo.

Fatores que influenciam na permeabilidade dos solos

O coeficiente de permeabilidade dos solos, conforme premissas relacionadas à


validade da Lei de Darcy, é dependente das propriedades físicas dos solos e do fluido
em fluxo de percolação.

- Influência do estado do solo: como sabido, a permeabilidade dos solos sofre grande
influência de seu estado, representado pelas propriedades índices porosidade e índice
de vazios. Assim, quanto mais fofo for um solo, ou seja, quanto maior for a dimensão
de seus poros, maior será o seu índice de vazios e, por consequência, maior será o seu
coeficiente de permeabilidade;

- Influência da distribuição granulométrica e tamanho dos grãos do solo: é de


conhecimento que os solos que apresentam distribuição granulométrica uniforme
tendem a maiores valores de coeficiente de permeabilidade;

- Influência da composição mineralógica: solos formados de rochas de argilominerais


(caulinitas, ilitas e montmorilonias e etc) possuem baixa permeabilidade;

- Influência do grau de saturação do solo: sabe-se que, pela baixa velocidade de


percolação da água no solo em geral, o fluxo do fluido não consegue remover bolhas
de ar presentes nos vazios de solos não saturados. Estes bolsões de ar acabam por
oferecer barreiras a percolação do fluido afetando a permeabilidade do solo. O
coeficiente de permeabilidade de um solo saturado é maior do que este apresentaria,
caso estivesse em uma condição de não saturação;

- Influência da estrutura do solo: a permeabilidade depende não só da quantidade de


vazios do solo, mas também da disposição relativa dos grãos. Em geral, solos residuais
apresentam maiores coeficientes de permeabilidade em virtude dos macroporos de
sua estrutura. Já os solos sedimentares, dada a sua natureza de formação, em geral
apresentam maiores valores de coeficiente de permeabilidade na direção horizontal
do que na vertical;

- Influência da viscosidade do fluido: o peso específico e a viscosidade são duas


propriedades do fluido que exercem influência significativa. Estas propriedades variam
em função da temperatura, mas que a viscosidade é bem mais afetada.

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