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ESTRUTURA DOS SOLOS

Simplificadamente a estrutura do solo é a forma como estão arranjadas suas partículas,


formando a sua estrutura (constitui a propriedade que mantém a sustentação do solo, ou seja,
seu esqueleto).

Principais características que influenciam a estrutura do solo:

1) Tipo de Mineral do Solo (Composição Mineralógica);


2) Tamanho das partículas do solo (Granulometria);
3) Arranjo Físico das Partículas;
4) Estado do Solo (proporção entre as três fases: sólida, líquida e gasosa);
5) Ligação química entre os elementos das três fases (ênfase às forças existentes entre as
partículas).

Principais Tipos de Estruturas nos Solos:

1) Granular Simples – característica das areias e pedregulhos. Predomínio da gravidade


no arranjo das partículas que se apoiam umas sobre as outras. Essa estrutura pode ser
mais densa ou mais fofa (definido pelo grau de compacidade). Seu comportamento
mecânico ou hidráulico é definido pela compacidade e orientação das partículas.

2) Alveolar – comum nos Siltes mais finos e em algumas areias quando na formação de
um solo sedimentar um grão cai sobre o sedimento já formado. Em função da atração
molecular (coesão) sobre o seu peso, este permanecerá na posição do primeiro
contato formando geometria de arco com grande quantidade de vazios.

3) Floculenta – só possível em solos com partículas todas muito pequenas e essas ao se


sedimentarem formam arcos que por sua vez formam outros. Nesse caso, uma função
importantesão as ações elétricas que se desenvolvem entre as partículas que são
influenciadas pela natureza dos íons no processo de sedimentação.

4) Esqueleto – solos com grãos finos e mais grassos que se arranja de maneira a formar
um esqueleto cujos interstícios são parcialmente ocupados por estrutura de grãos
mais finos (ex: complexas estrtururas das argilas marinhas).

Estrutura de Solos Granulares:

- Como a força da gravidade é a que atua no processo de sedimentação dos solos granulares
(peso dos grãos), o comportamento mecânico desses solos grossos fica determinado
fundamentalmente pela condição de compacidade que se encontra, mensurado pelo conceito
de compacidade relativa.
Estrutura dos Solos Finos:

Assim como os solos granulares, a forma das partículas e a sua distribuição granulométrica tem
grande influência na estrutura final dos solos finos e com isso no seu comportamento
mecânico. Pode-se dizer que em se tratando de solos finos a situação é mais complexa pois
dessa vez há a interferência de outros fatores como as forças de superfície entre as partículas
e a sua concentração de íons, no líquido em que a sedimentação ocorreu.

“Estrutura de solo é a expressão utilizada para esboçar o arranjo das partículas no interior da
massa do solo, que depende de forma geral da granulometria, da forma e da composição
mineralógica dos seus grãos constituintes”

Numa simples observação da estrutura dos solos finos, verifica-se que as argilas possuem
grandes volumes de espaços vazios. Dessa forma, em razão dessa porosidade estes solos
possuem boa compressibilidade(capacidade do solo de diminuir seus vazios quando
submetidos a tensão externa). Exemplo: construção de aterro sobre solo argilosos – novas
camadas reduzem o volume de vazios e a consequente expulsão d´água. Como as partículas
sólidas do solo são incompressíveis, haverá a redução dos poros com a expulsão da água. Para
esse fenômeno na Mecânica dos Solos dá-se o nome de adensamento.

Amolgamento das Argilas:

O comportamento mecânico dos solos finos possui muitas incertezas e variáveis. A elevada
atividade de superfície e suas propriedades físico-químicas dos argilo-minerais com a
influência da variação de água nos seus poros tem um grande desafio na utilização dos solos
finos. Mas obras com solos finos são constantes na construção civil e às vezes atraentes pois se
necessitarem de solos com baixa impermeabilidade pode ser usados como material
preferencial.

Neste solos finos, a mudança de sua estrutura original pode provocar a redução de sua
resistência mecânica. Defini-se amolgamento: “ação de amassamento da argila em todas as
suas direções sem a alteração do teor de umidade”

Dito de outra forma: amolgar solos finos é uma ação remodeladora de sua estrutura com a
eliminação das ligações existente originalmente transformando-as em outra.

Exemplo: a simples escavação de um solo ou penetração com uma fundação (estaca, bloco de
fundação) provocará um amolgamento do solo em sua circunvizinhança.

Sensibilidade das Argilas:

Mensuração da redução de sua resistência mecânica em função do amolgamento

St = (resistência a compressão / resistência a compressão após o amolgamento)


Em outras palavras, quanto maior a sensibilidade da argila, maior será a redução da resistência
mecânica.

St = 1 – sem sensibilidade ao amolgamento;

2 < St < 4 – argilas entre pequena e média sensibilidade ao amolgamento;

4 < St < 8 – argilas com sensibilidade;

St > 8 – solos muitos sensíveis.

A consequência do amolgamento é que uma amostra amolgada comprime mais que a amostra
indeformada embora o seu índice de compressão seja menor. O que ocorre é que o
amolgamento elimina o pré-adensamento e este passa a comprimir-se sob o efeito do seu
próprio peso. Além disso, há uma alteração importante em relação a permeabilidade que se
reduz quando o solo é amolgado.

Tixotropia das Argilas:

Refere-se a recuperação da resistência perdida pela argila em razão de ter sofrido o


amolgamento. Em outras palavras, a argila em estado de repouso tende a recuperar a
resistência inicial perdida no amolgamento (pois ocorre o desequilíbrio das foças
interpartículas) e com isso os potenciais de atração e repulsão no interior da argila tendem ao
equilíbrio de forma a recuperar sua resistência inicial.

Essa propriedade é de grande prática de forma a estabilizar (por exemplo) furos de sondagem
com o uso de lamas betoníticas (ou argilo betonítica) pois essa lama evita os
desmoronamentos nesses furos.

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Definição: O sistema de classificação de solos visa agrupar a diversidade de solos existentes em


classes que, sob o ponto de vista de Engenharia Geotécnica, possibilitem antever o provável
comportamento mecânico quando solicitado à tensões diversas.

Essa classificação utiliza em geral, para grupamento dos solos, parâmetros físicos como
origem, formação, constituição, granulometria e os índices de Atterberg.

O Sistema Unificado de Classificação de Solos (Casagrande) é baseado apenas na distribuição


granulométrica dos solos complementadas por características peculiares de comportamento.
Nesse sistema, os solos são classificados pela associação de duas letras. A primeira representa
a classe granulométrica do solo e a segunda corresponde à sua característica de
comportamento.

1ª Terminologia 2ª Terminologia
G –Pedregulho W – Bem Graduado
S – Areia P – Mal Graduado
M – Silte H – Alta Compressibilidade
C – Argila L – Baixa Compressibilidade
O – Solos Orgânico Pt - Turfa

Para essa classificação de solos pelo Sistema Unificado, realiza-se uma Análise Granulométrica.
Nesse resultado, observa-se o percentual retido na peneira nº 200 (0,075mm) que é o divisor
de águas entre os solos granulares e finos. Dessa forma, tem-se que:

- Porcentagem passante menor que 50%: Solo classificado como granular podendo ser G
(pedregulho) ou S (areia);

- Percentagem passante maior que 50%: solo classificado como fino podendo ser M (silte), C
(argila) ou O (solo orgânico).

Após essa etapa, os solos vão para a segunda etapa a depender do resultado. Para os solos
classificados no agrupamento granulométrico dos solos granulares teremos a seguinte
complementação:

- Teor de finos < 5%: os solos granulares serão subclassificados como bem graduados (W)
quando o seu coeficiente de curvatura (Cc) estiver entre 1 e 3 e o coeficiente de uniformidade
(Cu) for maior que 4 para pedregulho e maior que 6 para areia. Para outras condições admitir
que o solo é subclassificado como mal graduado (P);

- Teor de finos entre 5% e 12%: recomenda-se a apresentação de características secundárias


como uniformidade e propriedade dos finos. Dessa forma a terminologia para essa faixa como
SW – SC (areia bem graduada, argilosa);

- Teor de finos >12%: solos granulares são secundariamente subclassificados com a


propriedade deste finos presentes (em relação ao índice de plasticidade – IP=LL-LP). Assim
pode-se ter a terminologia GC, SC, GM ou SM (Pedregulho argiloso, Areia argilosa, Pedregulho
siltoso e areia siltosa).

Lembrete: solos bem graduados – presença de diversos diâmetros na análise granulométrica.


Essa característica destes solos é um melhor comportamento mecânico pois as partículas
menores ocupam os vazios entre as maiores e com isso beneficia o entrosamento e contato
entre os diversos tipos de grãos. Estes solos são menos comproessíveis e possuem resistência
maior ao cisalhamento quando solicitados (tipo de tensão gerado por forças em sentidos
opostos porém em direção semelhante no material analisado).

Para solos classificados no agrupamento granulométrico de solos finos, tem-se a seguinte


complementação secundária:
1) Solos finos com fração fina predominante serão secundariamente subclassificados em
função de seu índice de Atterberg (consistência) verificadas em seu posicionamento na
carta de plasticidade;
2) A depender da posição nessa carta de plasticidade, os solos finos são secundariamente
subclassificados como solos de comportamento argiloso, siltoso ou orgânico;
3) Complementarmente, os solos finos poderão ser secundariamente subclassificados
por alta ou baixa compressibilidade (ou seja, quanto maior o limite de liquidez, mais
alta a sua compressibilidade).

Sistema Rodoviário de Classificação de Solos:

Esse sistema foi desenvolvido com o objetivo de se classificar o solo para o uso rodoviário.
Seus principais critérios para o agrupamento dos solos:

- Características Granulométricas;

- Limites de Atterberg.

Assim como na Classificação Unificada, inicialmente verifica-se o resultado da análise


granulométrica do solo, em especial a percentagem passante fracionada pela peneira 200
(0,075mm). Diferentemente da Classificação Unificada, considera-se solo granular aquele que
tem menos de 35% passando nessa peneira. A Classificação rodoviária é feita da seguinte
forma:

- Grupos A-1, A-2 e A-3 (solos granulares): solos que possuem uma porcentagem passante na
peneira nº 200 de no mínimo 35%;

- Grupos A-4, A-5, A-6 e A-7 (solos finos): solos que possuem uma porcentagem passante na
peneira nº 200 superior a 35%.

Sistemas Rodoviários de Classificação de Solos:

- AASHTO – American Association of State Highway and Transportation;

- HRB – Highway Research Board;

- TRB – Transportation Reserach Board.

Critérios Granulométricos utilizados por esses métodos rodoviários

. Seixos e pedras: fração retido na peneira 75mm;

. Pedregulhos: fração passante na peneira 75mm e retida na peneira 2mm;

. Areia: fração passante na peneira 2mm e retida na peneira 0,075mm;

. Silte e argila: fração passante na peneira 0,075mm.


Classificação de Solos Tropicais (MCT/MCV):

A classificação de solos com o uso da metodologia MCT(miniatura, compacta, tropical) foi


desenvolvida para solos tropicais. Esta utiliza corpos de prova (CP´s) de solos compactados
com dimensões reduzidas de forma a separar os solos tropicais em duas grandes classes:

1) Solos de comportamento laterítico – terminologia L.


Subclassificação:

- Areia laterítica quartzosa (LA);


- Solo arenoso laterítico (LA´);
- Solo argiloso laterítico (LG´).

Estes solos apresentam um comportamento desejável para a Engenharia geotécnica após a


compactação pois possuem elevada resistência mecânica, baixa permeabilidade e baixa
deformablidade.

2) Solos de comportamento não lateríticos (saprolíticos) – terminologia N


Subclassificação:

- Areias, siltes e misturas de areias e siltes com predominância de quartzo e/ou mica
não laterítica (NA);

- Misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não laterítico (NA´);

- Solo sistoso não laterítico (NS´);

- Solo argiloso não laterítico (NG´).

O saprólito, em geral, é o resultado do intemperismo da rocha mantendo de maneira nítida, a


estrutura da rocha de origem. Sua ocorrência faz-se presente nas camadas mais profundas do
solo tropical.

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