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Seminário IV

EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA, COMPENSAÇÃO E


REPETIÇÃO DO INDÉBITO

ALUNO: João Victor de Oliveira Rodrigues Teixeira

Questões

1. Criticar a expressão “extinção do crédito tributário”. É correta a


tradicional separação das causas de extinção prescritas no art. 156 do CTN em
modalidades de fato e modalidades de direito? Justifique.

Equivocada a expressão de extinção do crédito tributário, pois as causas de extinção


elencadas no CTN são elementos da obrigação tributária e não somente ao crédito
tributário. Quanto à distinção entre modalidades de fato e de direito, é adequada,
citando como exemplo a prescrição e a decadência, estas não dependem de condutas
humanas, são fenômenos criados juridicamente. As demais modalidades de extinção
pressupõe uma conduta humana, que posteriormente adquire caráter jurídico, sendo
antes de tudo um fato.

2. Quem tem legitimidade ativa para pleitear a repetição do indébito


tributário? E em caso de substituição tributária? E na hipótese prevista no art.
166 do CTN, há alguma alteração do sujeito legitimado? Responda as perguntas
analisando criticamente os anexos I e II.

O possuidor da legitimidade ativa para pleitear a repetição de indébito tributário é o


sujeito passivo tributário da relação obrigacional tributária que o fez pagamento a
maior. Porém em caso de substituição tributária temos o sujeito passivo de direito e o
sujeito passivo de fato. Nesse caso o contribuinte de direito, que faz às vezes do
contribuinte de fato, será o sujeito legítimo para propor a repetição de indébito a não
ser que repasse o ônus financeiro ao contribuinte de fato então esse deterá a referida
legitimidade.

3. A hipótese de dação em pagamento de bens imóveis como causa extintiva


do crédito tributário altera a cláusula do art. 3º do CTN quanto à prestação
tributária qualificar-se como estritamente pecuniária? Justifique. As previsões de
extinção do crédito tributário por dação em pagamento de bens imóveis em
legislações municipais e estaduais antes da Lei Complementar n. 104/01 são
válidas? Têm aplicação jurídica? (Vide anexos III e IV).

Segundo ensinamentos do Prof. Paulo de Barros Carvalho, a hipótese de dação em


pagamento de bens imóveis como modalidade de extinção do crédito tributário,
veiculada pela Lei Complementar n° 104 de 2011, não alterou a clausula do artigo 3º
do CTN. Segundo o autor,

“não há por que confundir a regra-matriz de incidência


tributária, que, no espaço sintático do consequente, traz
elementos de uma relação jurídica cuja prestação
consubstancia a entrega de certa soma em dinheiro, e a
norma jurídica extintiva, que prevê, no seu antecedente, a
hipótese de realização da dação em imóveis – cumprida as
condições previstas em lei ordinária de cada ente político, na
esfera de sua competência impositiva – e, no consequente,
enunciados que serão utilizados para, no cálculo logico das
relações normativas, fazer desaparecer o crédito tributário.”

Portanto, não há que se falar em modificação da previsão legal do artigo 3º do CTN,


enquanto tratar de normas distintas, que coexistente em perfeita harmonia.

Com relação às previsões de extinção do crédito tributário por dação em pagamento de


bens imóveis em legislações municipais e estaduais antes da Lei Complementar n.
104/01, pontua-se que estas Leis Municipais e Estaduais não podem ser consideradas
válidas, enquanto não existir a época previsão legal para tanto.

Compete exclusivamente a LC estabelecer normas gerais em matéria de legislação


tributária, art. 146, inciso III da CF/88, portanto, não poderia a legislação Municipal e
Estadual prever essa nova modalidade de extinção do crédito tributário, sem que o
CTN fizesse tal previsão, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade e do pacto
federativo.

4. Que é compensação tributária? Quando nasce o direito subjetivo à


compensação tributária? Determinada lei editada em momento posterior ao do
nascimento do “direito subjetivo” à compensação estabelece limites ao seu
exercício, como por exemplo, limitando o crédito a compensar a determinado
valor por mês, impedindo a incidência de juros de mora ao crédito. Essas novas
regras que limitam a compensação se comparadas à legislação até então vigente
impactam o exercício do direito de compensar consagrado anteriormente à
vigência dessa lei? Há direito adquirido à compensação? (Vide anexos V).

A compensação tributária é uma das modalidades de extinção do crédito tributário,


com previsão legal no Código Tributário Nacional, mais especificamente no artigo
156, inciso II. Nessa hipótese, o sujeito passivo (contribuinte), que possua créditos
perante o Estado Administração, terá a faculdade de requer a compensação destes
créditos com débitos que ele possua, conforme especificidades que deverão ser
trazidas em lei.

Segundo Paulo de Barros Carvalho, “na compensação tributária são dissolvidas,


simultaneamente, essas duas relações: (i) de crédito tributário e (ii) de débito do fisco.
Direitos e deveres funcionam como vetores de mesma intensidade e direção, mas de
sentidos opostos, que se anulam.”

Para que o direito subjetivo à compensação tributária nasça, são necessários alguns
acontecimentos anteriores.

Primeiramente, segundo Paulo de Barro Carvalho, é necessário “a constituição do


crédito tributário e do débito do Fisco, mediante a linguagem prevista pelo
ordenamento, para que a compensação se verifique. Esses elementos linguísticos,
todavia, ainda não são, por si só, suficientes para que se tenha por concretizada a
compensação. Necessário se faz o efetivo “encontro de contas”, formalizado por
linguagem juridicamente reconhecida.”

Portanto, deverão existir duas normas individuais e concretas, uma com relação ao
débito do contribuinte e outra formalizando o débito do fisco. Combinando estas duas
normas, surge uma terceira, que é a norma individual e concreta da compensação
tributária. Somente com a expedição dessa última norma é que a compensação atuará.

Com relação à vigência da eficácia das normas de compensação, a Primeira Seção do


STJ consolidou o entendimento de que “deve ser considerado o regime jurídico
vigente à época do ajuizamento da demanda, não podendo ser a causa julgada à luz do
direito superveniente, tendo em vista o inarredável requisito do prequestionamento,
viabilizador do conhecimento do apelo extremo, ressalvando-se o direito de o
contribuinte proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em
conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios”
(REsp. 488992/MG).

De mesmo modo, não há que se falar em direito adquirido à compensação, enquanto a


norma a incidir no caso será a do momento da propositura da ação.

5. Considerando o artigo 170-A do CTN, o artigo 489, §1°, inciso VI, 926 e
seguintes do CPC responda: é possível a compensação de indébito discutido em
ação judicial antes do trânsito em julgado da mesma?

Tendo em vista a vedação expressa do CTN, não é possível tal compensação, no


entanto se a ação for proposta antes da lei complementar 104/2001 é possível tal
compensação, pois é essa lei que instituiu a vedação.

6. Em razão da não homologação da compensação e a consequente aplicação


da multa isolada nos termos do art. 74, §17 da Lei n. 9.430/96 (com redação dada
pela Lei n. 13.097/15). Pergunta-se: a) A compensação não homologada equivale a
não pagamento de tributo? b) Que se entende por falsidade da declaração? E
qual a multa aplicada no caso de falsidade da declaração? c) As aplicações da
penalidade na hipótese de não homologação ou de falsidade da declaração
ofendem algum princípio jurídico tributário? Padece de algum vicio de
inconstitucionalidade a lei 13.670/2018 que em seu artigo 6° alterou o artigo 74 da
lei 9430/96 que regula a compensação no âmbito da União? Justifique.

Se a compensação não for homologada, ter-se-á por não quitado o débito correlato, e o
contribuinte será intimado a efetuar o pagamento dos débitos indevidamente
compensados, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a
homologou (§ 7º do artigo 74 da Lei 9.430/96).
Por falsidade de declaração, entende-se a ação do sujeito passivo de, ao emitir a
declaração de créditos que possui junto a Administração pública e os consequentes
débitos que se pretende compensar, insere informação que não condiz com a realidade,
no intuito de ludibriar a Administração Pública. Como exemplo de falsidade de
declaração, a indicação de créditos com a Fazenda num valor maior do que realmente
existe.

Com relação a multa no caso da falsidade da declaração, o §16 do artigo 74 da Lei


9.430/96 , que previa a multa de 100%, foi revogado pela Lei nº 13.137, de 2015.

A multa neste caso será de 150%, conforme previsão legal do Art. 18, parag. 2, da lei
10833/2003:

Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da


Medida Provisória no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001,
limitar-se-á à imposição de multa isolada em razão de não
homologação da compensação quando se comprove falsidade
da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação
dada pela Lei nº 11.488, de 2007).

§ 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será


aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art.
44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em
dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito
indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº
11.488, de 2007)

Com relação ao no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de


1996:

I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou


diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de
pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de
declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação
dada pela Lei nº 11.488, de 2007).

Portanto, considerando que o valor será em dobro, o percentual será de 150%.

A aplicação da penalidade na hipótese de não homologação ofende claramente


princípios jurídicos tributários. Esse tipo de multa penaliza os contribuintes pelo
simples exercício regular de seus direitos, qual seja, o de peticionar aos entes da
administração pública, assegurado constitucionalmente (art. 5º, XXXIV, a, da Carta de
1988), e não ato ilícito por eles praticados. Numa situação hipotética que o
contribuinte por um descuido declarou algo equivocado, estaria sujeito a uma multa de
50% simplesmente porque não teve sua compensação homologada.

Não se pode admitir a imposição de penalidade sem que haja a comprovação do um


ilícito por parte do contribuinte. O próprio conceito literal da palavra “multa” significa
“pena pecuniária”. Pena, por sua vez, significa “castigo, punição, punição imposta
pelo estado ao delinquente contraventor”.
A Procuradoria-Geral da República, em seu parecer vinculado ao Recurso
Extraordinário 796939 – RS, propôs a Tese de que é inconstitucional a multa prevista
no art. 74, § 17, da Lei 9.430/1996, quando aplicada da mera não homologação da
compensação tributária, ressalvada sua incidência aos casos de comprovada má-fé do
contribuinte.

No caso da multa de 150% em caso de falsidade de declaração, poderiam ser


suscitados os princípios jurídicos tributários do não confisco e da proporcionalidade,
enquanto a multa ultrapassaria o próprio valor do tributo.

Aliás, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal já determinou que a multa aplicada ao


contribuinte não pode ser superior a 100% e ultrapassar o valor do tributo,
entendimento pacificado na jurisprudência recente.

Há um impedimento de compensação com a publicação da lei 13.670/2018, violando a


segurança, jurídica, principio da anterioridade, tendo em vista que não e possível
alterar a forma de tributação no meio do ano-calendário.

7. Diante da sistemática implementada pelo CPC/15 relativamente aos


julgamentos de casos repetitivos, pergunta-se: é possível falar em direito
subjetivo à repetição/compensação do indébito a partir do momento em que
proferida decisão em recurso especial e/ou recurso extraordinário repetitivo (vide
art. 928 do CPC/15), ainda que o contribuinte não tenha ajuizado ação de
repetição/compensação do indébito cujo fundamento seja objeto do recurso
repetitivo?

A princípio seria possível falar no direito subjetivo à repetição/compensação de


indébito a partir do momento em que proferida decisão em recurso especial e/ou
recurso extraordinário repetitivos, ainda que o contribuinte não tenha ajuizado a ação.

Entretanto, em muitos casos, observa-se que os tribunais superiores tem adotado a


modulação dos efeitos das decisões, conforme previsão do artigo 927, §3 do CPC/15.

Nesta situação, é preciso observação à modulação adotada pelo tribunal, que por
muitas vezes, limita os efeitos somente as ações que foram propostas antes da
declaração da inconstitucionalidade de determinada lei, por exemplo. Neste aspecto,
não haveria o direito subjetivo ao contribuinte ingressar com ação própria após o
julgamento do repetitivo.

8. Considerando os elementos da obrigação tributária (sujeito ativo e


passivo, objeto, direito, crédito, dever e débito) e o conteúdo do artigo 156 do
CTN, identifique para cada uma das hipóteses de extinção nele elencadas e a
seguir reproduzidas qual elemento da obrigação tributária é diretamente
afetado:

a) pagamento: Com o pagamento, há a satisfação do credito tributário. Sendo o


credito o elemento diretamente afetado, pois esse deixa de existir.

b) compensação: Na compensação há um choque entre o credito e o débito, sendo


esses dois os elementos afetados pela compensação.
c) transação: Na transação a uma renuncia de obrigações, mediante lei que autorize
negocio jurídico entre o sujeito passivo e o fisco.

d) remissão: Trata-se de ato de disposição judicial, afetando diretamente o objeto


tributário.

e) prescrição e decadência: Possuem efeitos idênticos, o credito tributário deixa de


existir,

g) conversão do depósito em renda: O elemento diretamente afetado também é o


credito tributário, tendo em vista que tal conversão se trata também de um forma de
pagamento.

h) pagamento antecipado e homologação do “lançamento” nos termos do art. 150,


§§ 1º a 4º do CTN: Também é o crédito tributário, vale ressaltar no entanto que não se
trata de forma autentica de extinção.

i) consignação em pagamento: O sujeito diretamente afetado é o sujeito ativo, que


possui a dificuldade em quitar o debito tributário.

j) decisão administrativa irreformável: Sujeito passivo.

h) decisão judicial transitada em julgado: Objeto.

i) dação em pagamento de bens imóveis: Sujeito ativo e sujeito passivo, sendo


sujeitado ao estado a autorização em lei que prescreva a forma e as condições em que
será feito.

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