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MICHEL NASSER ARAKAKI MUSTAFA

RA: 8112129

PORTFÓLIO CICLO 2

Trabalho apresentado ao Centro


Universitário Claretiano para a disciplina
Fundamentos da Educação, ministrada pelo Tutor
Maria Cecilia de Oliveira Adao.

CAMPO GRANDE – MS
2020
A caracterização antropomórfica das divindades nas epopéias homéricas traz uma
identidade entre homens e deuses, não se trata ainda aqui de uma oposição radical. Veja-se: se
os deuses absorvem os valores e condutas humanas, sem lhes recusar a dimensão negativa,
eles ficam aptos a entrarem em conflito entre si, tal como os humanos também o fazem, além
de conflituar com a própria humanidade – e outros seres entre um e o outro mundo. A
diferença radical: o homem é finito; os deuses, eternos. Portanto, são superiores aos humanos.
Neste sentido, igualar-se equivale a assimiliar a diferença: e isto se compreende nem tanto
pela superação do homem pelos deuses ou dos deuses pelos homens, mas do homem pelo
homem. Pode-se compreender que esta dialética apresenta um modelo de aquisição de um
caráter heróico ao homem. Este processo se denomina Paidéia. Tal aquisição torna aptos os
indivíduos que a recebem à manutenção dos poderes estatais que fundamentam a unidade
social dos gregos.
Nota-se, em diferentes organizações político-sociais dentre as Cidades-Estado gregas,
a diferença na consequência pedagógica das narrativas míticas. Se em Esparta, conhecida pela
formação rígida do ideal guerreiro, a didática tende ao objetivismo estatal, em Atenas, o
encaminhamento educacional de cunho social promovia a elaboração de diferenças subjetivas
dentre os homens, colocando, por exemplo, a família, antes do Estado, e mais especificamente
ao pai, a responsabilidade primeira sobre os educandos. Com isso, atender-se-iam necesidades
muito além das militares, pela educação, estendendo-se a ideais de harmonia não apenas
físicos, mas intelectuais e artísticos. Isso, é de se notar, no entanto, tinha como função atender
as necessidades do Estado ateniense. Com o seu desenvolvimento, adquirem-se dipositivos
culturais que propiciam a elaboração do processo pedagógico, em relação aos ideais
humanintários que preconiza sua educação. A transmissão do saber é o fundamental, palavra
é o destacamento humano ante toda a criação. Deste modo, a harmonia nas relações sociais e
individuais era trazida à tona para a convivência no interior do Estado ateniense. Não que não
houvesse a guerra, mas, ao contrário, ela também servia para trazer unidade entre os homens
atenienses e valores de camaradagem. O mito de Castor e Polideuces exprime tais valores.
Conta-se que: Tíndaro, filho de Ébalo, o rei de Esparta, que lhe sucede no trono após a
morte de Hipocoonte, desposa Leda, que se torna então a rainha de Esparta. Dotada de
cativante beleza, Leda banhava-se nas águas calmas de um lago, quando avistou um belo
cisne branco, que, pousando em seu colo, ela veio a acariciar. Este cisne era Zeus, encantado
por sua beleza, que lhe arranjou esta artimanha para fecundar a jovem recém-casada. Algum
tempo depois, uma dor lancinante anuncia a expulsão, de dentro do ventre de Leda, dois
grande ovos brancos. Do primeiro ovo, nascem Castor e Helena [a de Troia] e, do segundo,
Polideuces e Climnestra. Os irmãos, Castor e Polideuces, nasceram gêmeos e desenvolveram
perfeita amizade ao longo de sua jornada, tornando-se juntos grandes guerreiros – este era um
grande lutador e aquele, domador de cavalos – e participam de algumas tarefas menores que
atestaram seu heroísmo. Certa vez, os gêmeos se encantam com dusa mulheres e decidem
raptá-las, entretanto, estas eram prometidas aos irmãos herdeiros do reino de Micenas, Idas e
Linceu. Após entrarem em luta (em algumas versões interpolada com uma corrida de cavalos
ou uma prova de arraebanhar gado que terminam em luta corporal), Idas lança um ferimento
mortal em Castor, enquanto Polideuces ataca e vence Linceu. Ao ver o irmão morto,
Polideuces suplica a Zeus que retorne Castor à vida – o que certamente seria recusado por
Hades. Então, Zeus revela que Castor era mortal, por isso morreu, sendo este filho de Tíndaro.
No entanto, Polideuces era filho de Zeus e, por isso, era imortal. Comovido pela piedade do
irmão a seu companheiro fiel, Zeus propõe que ambos os irmãos partilhassem da
imortalidade: passando juntos um período do dia nas baixas terras de Hades, outro no salão
dourado do Olimpo.
A relação entre o humano e o divino, não é mera disputa (ainda que esta tenha uma
ponta no caso Zeus-Tíndaro), adquire outros contornos sem perdas para a jornada do herói (no
caso Zeus-Castor), quando se sobressai a comunicabilidade entre estes. Aqui, se nota o ideal
guerreiro, permeado pelos valores de lealdade e amizade – ideais morais superiores na ética
grega. Assim, o sacrifício de Polideuces em doar sua glória divinal, eleva o dom da justiça
fortalecido pela lealdade. Piedade e fidelidade, eis a égide dos gêmeos, conhecidos por
dióscuros, patronos dos cavaleiros e navegantes. O vitorioso (Idas) é morto e glorificado pela
vitória. O derrotado, morre e ressuscita por compaixão. Após a cura dos enfermos na ilha de
Malta, os apóstolos são providos do necessário para a viagem e partem em um barco com a
insígnia dos dióscuros.

BUSTOS, M. Glory and identity in Pindar´s Nemean 10. In: 6. 200.


10.25187/codex.v6i1.15621. 2018.
STERN, J. “The myths of Pindar’s Nemean 10”. In: Greek, Roman and Byzantine Studies 10,
1969, pp. 125-132.
YOUNG, D. C. “‘Something like the Gods’: a Pindaric theme and the myth of Nemean 10”,
In: Greek, Roman and Byzantine Studies 34, 1993, pp. 123-132.

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