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O MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A PROBLEMAS DE

POTENCIAL BIDIMENSIONAIS COM ACOPLAMENTO ITERATIVO ENTRE


SUB-REGIÕES

Carlos Ruy Nunez Barbosa

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

_____________________________________________________
Prof. José Paulo Soares de Azevedo, Ph.D.

_____________________________________________________
Prof. Webe João Mansur, Ph.D.

_____________________________________________________
Prof. José Antonio Fontes Santiago, D.Sc.

_____________________________________________________
Eng. Francisco Manoel Salgado Carvalho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


FEVEREIRO DE 2005
BARBOSA, CARLOS RUY NUNEZ
O Método dos Elementos de Contorno
Aplicado a Problemas de Potencial
Bidimensionais com Acoplamento Iterativo
entre Sub-regiões. [Rio de Janeiro] 2005
IX, 76 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M. Sc.,
Engenharia Civil / Recursos Hídricos, 2005)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Método dos Elementos de Contorno
2. Campo e Potencial Elétrico
3. Acoplamento Iterativo
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

ii
Para Carolina e Pedro

iii
Agradecimentos

Ao Professor Webe Mansur pela orientação, amizade e apoio demonstrado ao longo de


todo o trabalho.

Ao amigo Athanasio pelo apoio constante no desenvolvimento do trabalho e pela


amizade dos últimos vinte e três anos.

Ao professor José Paulo pela oportunidade de desenvolver um trabalho


multidisciplinar na Área de Recursos Hídricos.

Ao professor Santiago e ao colega Salgado pela participação na banca e apoio nos


trabalhos.

Ao colega Luís Adriano pela amizade e apoio no desenvolvimento dos trabalhos.

Aos colegas do CEPEL pelo apoio e incentivo.

A secretaria do PEC em especial a Beth, Jairo, Ivone e Raul pelo apoio nos tratos
administrativos.

A minha esposa Simone e ao pai Ewaldo Ruy pela paciência e força demonstrado
durante todo o trabalho.

A minha mãe Marlene que está sempre presente.

Calos Ruy Nunez Barbosa

iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.).

O MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A PROBLEMAS


DE POTENCIAL BIDIMENSIONAIS COM ACOPLAMENTO ITERATIVO
ENTRE SUB-REGIÕES

Carlos Ruy Nunez Barbosa

Fevereiro/2005

Orientadores: José Paulo Soares de Azevedo


Webe João Mansur

Programa: Engenharia Civil

Este trabalho tem como objetivo a análise de problemas lineares de potencial


bidimensionais governados pela equação de Laplace, aplicando o método dos
elementos de contorno.

O método numérico de solução é implementado com a utilização do


acoplamento iterativo por sub-regiões. Esta técnica tem se mostrado muito promissora
por permitir a aplicação, idealmente, de métodos numéricos e técnicas de solução do
sistema de equações resultantes diferentes para cada sub-região.

O programa computacional desenvolvido visou o cálculo do campo elétrico e


da distribuição de potencial em problemas eletrostáticos com um ou mais materiais
dielétricos

Finalmente são apresentados os resultados das aplicações desenvolvidas para


demonstrar a validade da técnica numérica proposta no trabalho.

v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)

BOUNDARY ELEMENTS METHOD APPLIED IN TWO DIMENSIONAL


POTENCIAL PROBLEMS WITH SUB REGIONS ITERATIVE COUPLING

Carlos Ruy Nunez Barbosa

February/2005

Advisors: José Paulo Soares de Azevedo


Webe João Mansur

Department: Civil Engineering

The present work discusses the analysis of linear two-dimensional problems


governed by Laplace equation using boundary element method.

The numerical solution algorithm employs sub-regions iterative coupling. The


technique seems to be promising as it allows the coupling of different numerical
solution methods, on each region.

The software developed calculates electric field and voltage distribution in


electrostatic problems with one or more dielectric medium.

Finally, results and analyses are presented in order to validate the proposed
numerical technique.

vi
Lista de Principais Símbolos e Constantes

Símbolo Descrição Unidade / Valor


D Densidade de fluxo elétrico C/m2
E, P Intensidade de campo elétrico. V/m
ε, K Constante dielétrica F/m
ρ Distribuição volumétrica de cargas elétricas C/m3
V, U Potencial escalar elétrico V
B Densidade de Fluxo magnético T
H Intensidade de campo magnético A/m
J Densidade de Corrente Elétrica A/m2
Ω Domínio -
Γ Contorno -
σ Condutividade S/m
µ Permeabilidade H/m

vii
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 - Introdução 1
CAPÍTULO 2 - Problemas de Potencial e Campo Eletrostático 4
2.1 Introdução 4
2.2 Equações de Maxwell e o Problema Eletrostático 6
2.3 Equações de Laplace e Poisson 7
2.4 Métodos Numéricos aplicados à solução de problemas elétricos 9
CAPÍTULO 3 - O Método dos Elementos de Contorno 14
3.1 Introdução 14
3.2 Equação Integral do Contorno 15
3.2.1 Soluções Fundamentais 17
3.2.2 Sentenças de Resíduos Ponderados para Equação de Laplace 19
3.2.3 Equação Integral de Contorno para Pontos Fonte no Contorno 21
3.2.4 Valor do potencial e do campo elétrico para pontos internos 22
CAPÍTULO 4 - Implementação Computacional 24
4.1 Discretização do Contorno 24
4.2 Expressão Matricial 26
4.3 Cálculo de U e P nos pontos internos 30
4.4 Integração numérica 31
4.4.1 Nó duplo e recuado 32
4.5 Solução do Sistema 34
CAPÍTULO 5 - Sub-regiões 35
5.1 Introdução 35
5.2 Soluções com montagem do sistema global 36
5.3 Acoplamento Iterativo 37
5.3.1 Principais Algoritmos para implementação 38
CAPÍTULO 6 - Programas Computacionais 43
6.1 Entrada de Dados 43
6.1.1 Descrição do Contorno 44
6.1.2 Geração dos Elementos 45
6.1.3 Identificação das Sub-regiões 46
6.1.4 Definição das Condições de Contorno 47
6.1.5 Definição dos Pontos Internos 48
6.2 Programa MEC2Dq 48
6.2.1 Definição do Arquivo de Saída 49
6.3 Casos para teste do programa MEC2Dq 50
6.3.1 Capacitor de Placas Paralelas 50
6.3.2 Testes de Convergência 55
6.3.3 Teste de consistência do acoplamento iterativo 58
CAPÍTULO 7 - Conclusões 64
7.1 Aspectos Gerais 64
7.2 Desenvolvimentos Futuros 65
CAPÍTULO 8 - Referências Bibliográficas 66

viii
ANEXO 1 - Arquivos de entrada de dados 72

ANEXO 2 - Transformação de telles 75

ix
CAPÍTULO 1 - Introdução

Com o desenvolvimento dos Sistemas Elétricos a necessidade de técnicas mais precisas


e versáteis para a predeterminação do comportamento do campo elétrico e da
distribuição de potencial adquiriu grande importância nas fases de pesquisa, projeto,
manutenção e recapacitação de equipamentos e linhas de transmissão.

A resolução de problemas práticos de engenharia através da modelagem matemática dos


fenômenos físicos envolvidos sempre foi uma tarefa de difícil implementação. A partir
da análise da literatura e a troca de informações com os professores do Programa de
Engenharia Civil da COPPE/UFRJ, foi possível identificar a possibilidade de se
desenvolver uma técnica, já amplamente aplicada com sucesso em problemas de
engenharia civil, para solução das Equações de Laplace e Poisson e realizar uma
implementação computacional para solução de problemas elétricos governados pelas
mesmas equações.

Nas últimas décadas o processo de análise e solução destes problemas foi


profundamente modificado pelo desenvolvimento dos computadores e pela
generalização das técnicas numéricas de solução como o método de simulação de cargas
(MSC), Singer et al. (1974), e o método dos elementos finitos (MEF), Zienkiewicz e
Morgan, (1983). Com isso, tornou-se possível desenvolver ferramentas de cálculo
confiáveis para análise de problemas com geometrias complexas, um ou mais materiais
dielétricos, variação no tempo, etc.

Em particular, para aplicações de engenharia elétrica, a literatura tem indicado o sucesso


da utilização do MEF, para problemas de domínio fechado e o MSC para os de domínio
aberto e, na grande maioria dos casos, a problemas onde apenas um material dielétrico é
envolvido na modelagem. Mais recentemente foi observada a aplicação do Método dos
Elementos de Contorno (MEC), Brebbia (1978), para resolução de problemas da área
elétrica de domínio aberto e quando mais de um material dielétrico é envolvido.

1
Este trabalho tem como o objetivo a aplicação do MEC à análise de problemas lineares
de potencial bidimensionais governados pela equação de Laplace. O método consiste,
basicamente, na transformação da equação diferencial que governa o problema de
potencial em uma equação integral que relaciona somente valores no contorno; este é
discretizado em elementos onde são calculados o potencial e o campo elétrico a partir de
condições de contorno estabelecidas. Em seguida pode-se calcular o potencial e o
campo elétrico em pontos internos ao domínio, em função apenas dos valores
calculados no contorno.

O método numérico de solução é implementado com a utilização do acoplamento


iterativo por sub-regiões, Elleithy et al. (2001). A técnica permite tratar cada sub-região
separadamente e passar, como uma nova condição de contorno inicial, para uma outra
sub-região, os valores calculados na interface entres as sub-regiões, desta forma
permitindo a implementação, idealmente, de métodos numéricos e técnicas de solução
do sistema de equações resultante diferentes para cada sub-região.

A literatura pesquisada apresenta o acoplamento iterativo como muito promissor,


permitindo a solução de problemas com regiões compostas de materiais dielétricos com
valores diferentes o que, geralmente, faz com o sistema de equações resultante da
aplicação de métodos de solução fique mal condicionado dificultando, e, em muitos
casos, inviabilizando a solução.

A experiência no cálculo da distribuição de campos elétricos e potenciais em


equipamentos elétricos e linhas de transmissão, nos trabalhos desenvolvidos no CEPEL
tem indicado a utilização combinada do MSC ou MEC com o MEF aproveitando o que
de melhor existe nos dois métodos. Neste caso os resultados encontrados no cálculo do
problema pelo MSC são utilizados como dados de entrada para o cálculo a ser realizado
na resolução do problema pelo MEF, Domingues et al. (1997). Atualmente esta
implementação está sendo realizada com os programas de solução trocando informações
de condição de contorno de forma isolada e trabalhosa, o desenvolvimento da técnica de
acoplamentos iterativos pode facilitar a implementação desta solução híbrida.

2
Na seqüência do trabalho são apresentados os principais aspectos matemáticos da
metodologia, vários itens relacionados com a sua implementação computacional e o
programa computacional desenvolvido.

No capítulo 2 descreve-se a formulação da solução do problema eletrostático e um


resumo sobre a aplicação de métodos numéricos.

No capítulo 3 é apresentada a formulação básica do MEC para o cálculo de problemas


de potencial.

No capítulo 4 é apresentada a implementação computacional do MEC, com ênfase para


a discretização do contorno e a integração numérica.

No capítulo 5 é apresentada a formulação baseada na técnica do acoplamento iterativo


entre sub-regiões.

No capítulo 6 são apresentados os programas computacionais desenvolvidos para


entrada de dados, programa de cálculo e apresentados os casos para teste do programa
desenvolvido.

No capítulo 7 são apresentadas as conclusões do trabalho e sugeridos alguns


desenvolvimentos futuros.

No capítulo 8 é apresentada a bibliografia utilizada para realização do trabalho.

Finalmente nos Anexos 1 e 2 são apresentados os arquivos de entrada de dados e a


formulação da transformação de Telles para solução de problemas quase-singulares.

3
CAPÍTULO 2 - Problemas de Potencial e Campo Eletrostático

2.1 Introdução

Neste Capítulo são apresentados o Modelo Eletrostático a partir das Equações de


Maxwell, as Equações de Laplace e Poisson e a apresentação dos principais Métodos
Numéricos aplicados na resolução de problemas eletromagnéticos.

O estudo do eletromagnetismo pode ser definido através de conceitos teóricos e


aplicados.

Os conceitos teóricos são descritos por leis fundamentais formuladas durante o século
19 por vários cientistas - Faraday, Ampere, Gauss, Coulomb, e outros. O físico-
matemático James Clerk Maxwell, reuniu estas leis em um grupo de equações em
derivadas parciais que estabelecem relações entre cargas, correntes elétricas e campos
elétricos e magnéticos, este grupo de equações é chamado de Equações de Maxwell,
(Popovic, 1971).

Os conceitos aplicados são formulados a partir da utilização dos conceitos teóricos. A


análise de projetos de engenharia elétrica apresenta com freqüência a necessidade desta
formulação ao se calcular o potencial e o campo elétrico em diversas aplicações:

• - Desenvolvimento de projetos de linhas de transmissão (dimensionamento


de feixes de condutores, geometria das torres, indução em objetos e pessoas),
e equipamentos (isoladores, ferragens, transformadores, etc.), Cordeiro et al.
(1995) e Dart et al. (1999), Figura 2.1.

• - Ensaios de laboratório para a definição do campo elétrico e potencial em


testes de configurações de arranjos de condutores e ferragens (distribuição de
potencial e medição de tensão de radiointerferência em cadeias de
isoladores, corona visual e ruído acústico, etc.), Domingues et al. (2003),
Figura 2.2.

4
• -Definição de níveis de campo elétrico e potencial na vizinhança das linhas
de transmissão e subestações com objetivo de respeitar os limites
estabelecidos, Moss et al. (1999).

Figura 2.1 – Linha de transmissão de alta Tensão.

Figura 2.2 – Ensaio em ferragem para feixe de condutores

5
2.2 Equações de Maxwell e o Problema Eletrostático

As Equações de Maxwell são apresentadas a seguir em sua forma diferencial, a forma


diferencial foi à escolhida por que é a mais comumente utilizada para resolução de
problemas eletromagnéticos de interface como apresentado abaixo,.

∂B
∇×E = −
∂t

∇⋅D = ρ (2.1)

∂D
∇×H = J +
∂t

∇⋅B = 0

Introduzindo neste ponto as relações constitutivas para um meio homogêneo, isotrópico


e linear,

D = ε ⋅E

B = µ ⋅H (2.2)

J = σ ⋅E

têm-se, basicamente, as relações do problema eletromagnético. Assim a satisfação de


todas as equações de forma simultânea possibilitará a sua solução.

No entanto ao se considerar, ao longo do tempo, pequenas variações nos campos


elétrico e magnético (campos senoidais de baixa freqüência), estes podem ser estudados
de forma desacoplada. E assim, as equações apresentadas em (2.1) tornam-se:

6
∇×E = 0

∇⋅D = ρ

B (2.3)
∇× =J
µ

∇⋅B = 0

As duas primeiras equações de (2.3) definem o problema eletrostático e as duas últimas


o problema magnetostático. Podemos observar que os dois pares de equações são
independentes (desacopladas), isto só é possível em problemas de campos estacionários
(com pequena variação no tempo), nos problemas em que a variação no tempo é
considerada, qualquer mudança no campo elétrico vai estar associada à outra no campo
magnético e vice versa.

2.3 Equações de Laplace e Poisson

No modelo eletrostático as leis que governam o campo elétrico e a distribuição de


potencial elétrico podem ser desenvolvidas a partir da relação entre a densidade de fluxo
e o campo elétrico. Da lei de Gauss em sua forma diferencial, segunda equação de (2.3),
e da propriedade constitutiva para um meio com a constante dielétrica do material ε ,
primeira equação de (2.2), pode-se descrever o campo elétrico na vizinhança de ρ
(2.4).

ρ
∇.E = (2.4)
ε

Como o campo elétrico E pode ser definido em termos de um potencial escalar elétrico:

7
E = - ∇V (2.5)

Substituindo (2.5) em (2.4), tem-se a equação de Poisson,

ρ
∇2V = − (2.6)
ε

e ainda para os problemas que não envolverem cargas elétricas dentro do dielétrico,
ρ = 0 em (2.6), tem-se a equação de Laplace.

∇2V = 0 (2.7)

Pode-se ainda definir, Silvester (1968), para problemas regidos pela equação de Laplace
(2.7), envolvendo meios lineares com propriedades dielétricas diferentes, as
componentes normais de D e E, e o potencial V, condições de equilíbrio e continuidade,
na interface destas regiões,

D1 = D 2 (2.8)

substituindo a primeira equação de 2.2 em 2.8 tem-se,

ε 1 E1 = ε 2 E 2 (2.9)

e ainda,

V1 = V2

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O problema que envolve a solução das equações de Poisson e Laplace sujeita às
condições de contorno, envolvendo geometrias complexas e com meios com diferentes
materiais dielétricos em sua maioria não apresentam solução analítica. Para se encontrar
a solução para estes problemas podem-se aplicar técnicas de solução numéricas como às
apresentadas no próximo item.

2.4 Métodos Numéricos aplicados à solução de problemas elétricos

A resolução de problemas governados pelas equações de Laplace e Poisson, em


particular na maioria dos casos de engenharia elétrica, requer o tratamento de
geometrias complexas e vários materiais dielétricos, impossibilitando tanto o uso de
soluções analíticas quanto a possibilidade de desenvolver protótipos pelos altos custos
envolvidos. Nestes casos podem ser aplicadas técnicas numéricas de solução.

A aplicação dos métodos numéricos pode ser definida como a criação de um processo
numérico que pode ser resolvido com o uso do computador. Este processo é definido a
partir de uma discretização, reduzindo um problema físico, contínuo, com um número
infinito de incógnitas, a um problema discreto com um número finito de incógnitas.

Dentre os métodos numéricos mais utilizados para a resolução de problemas


eletromagnéticos pode-se destacar o MEF, especialmente para problemas cuja região de
interesse é geralmente complexa e finita, e o MSC e MEC que surgiram para suprir a
necessidade de tratar problemas onde a região de interesse é muito extensa - infinita ou
semi-infinita.

No MEF, Silvester e Ferrari (1983), as condições de contorno da região onde se quer


calcular o potencial e o campo elétrico têm de ser conhecidas. Desta forma, para
encontrar a solução do problema o domínio é discretizado em elementos e a solução
global é aproximada por funções locais definidas nos nós destes elementos. O resultado

9
é um grupo de equações algébricas lineares acopladas, sendo o número de equações
igual ao número de potenciais desconhecidos. O MEF nos permite encontrar a solução
numérica aproximada para problemas de contornos curvos a partir da discretização do
domínio em elementos de formas geométricas diversas – elementos quadráticos ou
cúbicos - melhorando a representação do problema.

Contudo em muitos problemas elétricos não somos capazes de precisar o potencial ou


campo no contorno da região de interesse. Nestes casos podemos considerar um
contorno artificial onde se assume que o potencial é conhecido. Este contorno artificial
tem de ser colocado longe o bastante da região de interesse de forma a diminuir os erros
advindos desta aproximação no cálculo do potencial ou do campo elétrico, assim
implicando em um sistema muito grande de equações, por vezes incompatível com a
capacidade de memória dos computadores assim como o tempo gasto no cálculo.

Para solucionar este problema tem sido utilizado o MSC, Singer at al. (1974),
desenvolvido diretamente para aplicações em problemas de engenharia elétrica; nele
substitui-se a distribuição real de carga na superfície de um eletrodo por uma
distribuição fictícia de cargas discretas, colocadas no interior do eletrodo, cujos valores
são calculados ao serem satisfeitas as condições de contorno para um determinado
número de pontos escolhidos. Uma vez determinado o valor das cargas, o campo
elétrico e o potencial num ponto qualquer da região de interesse pode ser calculado por
superposição.

Verifica-se então um processo onde o número de cargas e sua posição no interior do


elemento é modificada, pelo usuário, a partir do conhecimento de novos valores de
potencial e campo elétrico, e assim por vezes até que o erro aceitável nos valores
determinados para os pontos escolhidos seja atingido. Este processo pode ser lento ou
acelerado dependendo diretamente da experiência do engenheiro com a utilização do
método, e a capacidade de memória disponível no computador.

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O MSC vem sendo muito utilizado para solução dos mais variados problemas elétricos,
em especial quando se esta trabalhando com um problema de apenas um material
dielétrico, Domingues et al. (1989). Ainda que alguns trabalhos apresentem a aplicação
do MSC para mais de um material, Malik (1989), grande parte da literatura aponta o
MEC para solução de problemas que envolvem fronteira aberta e mais de um material
dielétrico, Steinbigler e Haller (1991).

O MEC, Brebbia e Dominguez (1989), consiste, basicamente, na transformação da


equação diferencial que governa o problema em uma equação integral relacionando
somente valores das variáveis no contorno que é discretizado em elementos. A partir
desta discretização, as integrais no contorno são aproximadas por integrações efetuadas
em todos os elementos possibilitando o conhecimento do potencial e o campo elétrico
em qualquer ponto no contorno da região de interesse sem a existência necessária de
processos iterativos e a definição de sistemas de equações menores em relação aos
advindos, por exemplo, da utilização do MEF. Em seguida pode-se calcular o potencial
e o campo elétrico em pontos internos ao domínio em função apenas dos valores
calculados no contorno.

Podem-se relacionar alguns pontos positivos do MEC:

• pode ser aplicado para a solução de problemas de configurações bi e


tridimensionais e com condições de contorno bastante complexas;

• bom desempenho em termos de tempo de processamento, pois é rápido em


casos simples e em casos de grande porte o tempo de computação é
aceitável;

• o sistema de equações resultante geralmente tem dimensões reduzidas mas,


mesmo para configurações de grandes dimensões e com a utilização de um
número elevado de elementos, a maioria dos microcomputadores consegue
atender à demanda de memória;

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• preparação de dados pode tornar-se relativamente simples, mediante uma
adequada implementação computacional gráfica dos dados de entrada e
apresentação de resultados;

• possibilidade de representação de vários materiais dielétricos e


implementação de soluções híbridas com a utilização de outros métodos
numéricos em conjunto, em especial a partir da implementação do
acoplamento iterativo.

A experiência no cálculo da distribuição de campos elétricos e potenciais em


equipamentos elétricos e linhas de transmissão, nos trabalhos desenvolvidos no CEPEL
tem indicado a utilização combinada do MSC ou MEC com o MEF aproveitando o que
de melhor existe nos dois métodos. Neste caso os resultados encontrados no cálculo do
problema pelo MSC são utilizados como dados de entrada para o cálculo a ser realizado
na resolução do problema por elementos finitos, Domingues et al. (1997). Atualmente
esta implementação está sendo realizada com os programas de solução trocando
informações de condição de contorno de forma isolada e trabalhosa, o desenvolvimento
da técnica de acoplamentos iterativos pode facilitar a implementação desta solução
híbrida.

Um exemplo de aplicação desta forma de modelagem híbrida pode ser observado na


Figura 2.3, que apresenta a fotografia do ensaio de um isolador de vidro para aplicação
em linha de transmissão de alta tensão, submetido a um intenso campo elétrico e na
Figura 2.4 onde é apresentado o corte do isolador mostrando a distribuição de potencial
no seu interior. Foi utilizado o programa TRICAMP, baseado no MSC, para calcular o
potencial no contorno, e este foi transferido como condição de contorno inicial para o
programa MEFE, baseado no MEF, para o cálculo da distribuição de potencial no
interior do isolador. Ambos desenvolvidos no CEPEL, Domingues et al. (1995) e
Mpalantinos Neto et al. (1989).

12
Figura 2.3 – Ensaio de um isolador de vidro.

Figura 2.4– Corte do isolador - distribuição de campo.

A partir deste ponto são apresentados os conceitos básicos da aplicação do método dos
elementos de contorno na resolução de problema de potencial.

13
CAPÍTULO 3 - O Método dos Elementos de Contorno

3.1 Introdução

Neste capítulo são apresentados os conceitos básicos do MEC aplicados à solução de


problemas de cálculo de campo e potencial eletrostático.

Desde o início do século passado, a aplicação de equações integrais na formulação de


problemas de valor de contorno teve início com a demonstração da existência de
soluções para estes problemas baseado em um processo de discretização do contorno.
Mas somente na década de 60, com o advento do computador, foi possível a obtenção
destas soluções e o desenvolvimento de uma técnica numérica para a solução destas
equações, Brebbia et al. (1984).

Até a década de 70 o MEC era utilizado quase somente por matemáticos e físicos e
muito pouco em problemas de engenharia.

Em especial nos problemas de engenharia elétrica onde a região de interesse fosse muito
extensa, infinita ou semi-infinita, durante as décadas de 70 e 80, várias publicações que
utilizam métodos integrais, em particular o MSC, foram desenvolvidas, como pode ser
observado em uma revisão destas aplicações apresentada em Malik (1989). A partir da
década de 90 o MEC começou a ser mais utilizado nas aplicações elétricas aproveitando
a experiência adquirida com MSC, em especial no desenvolvimento da malha de
elementos a partir de figuras geométricas primitivas (plano, esfera, toróide,etc.), como
já utilizadas para representar a distribuição das cargas no MSC, Gutfleish et al. (1994).

Convém observar que na maioria dos trabalhos desenvolvidos para a aplicação tanto do
MSC quanto do MEC a problemas elétricos, os programas computacionais foram
desenvolvidos para um determinado tipo de problema e sua geometria específica.

14
Deve-se ressaltar que todas as aproximações numéricas são feitas no contorno, assim
trabalha-se com uma dimensão a menos, ou seja, o problema bidimensional que será
desenvolvido reduz-se a apenas uma dimensão, implicando em uma significante
redução da quantidade de dados necessária para a caracterização do problema,
conseqüentemente reduzindo o tempo computacional gasto, fazendo que os sistemas de
equações, apesar de serem cheios e não simétricos, sejam, geralmente, menores que os
encontrados quando da utilização dos métodos de discretização de domínio.

3.2 Equação Integral do Contorno

Com o objetivo de procurar uma solução aproximada para os problemas governados


pela equação de Laplace aplicada a problemas bidimensionais, desenvolve-se a
formulação direta, Azevedo (1985) e Mansur et al. (1995), obtida, a partir da utilização
do método dos resíduos ponderados. De forma a facilitar a leitura da formulação do
MEC foram utilizados para o potencial e campo elétrico os símbolos letras U e P
respectivamente, consagradas na literatura, ao invés de V e E, geralmente usadas na área
elétrica.

A vantagem da escolha do método dos resíduos ponderados está no seu grau de


generalidade, permitindo a sua aplicação na resolução de equações diferenciais parciais
no desenvolvimento de outras técnicas numéricas como o MEF.

A partir da equação de Laplace (2.7) aplicada a um ponto X pertencente a um domínio


Ω, Figura 3.1, pode-se escrever,

∇ 2 u ( X) = 0 (3.1)

15
sujeita as condições de contorno essenciais ou de Dirichlet

_
u (x) = u (x) em Γu , x ∈ Γu (3.2)

e as condições de contorno naturais ou de Neuman,

∂ u(x) _
p( x) = = p(x) em Γp , x ∈ Γp (3.3)
∂n

onde n é a coordenada na direção do vetor unitário n normal ao contorno Γ = Γu + Γp e


_ _
orientada para fora do domínio Ω, sendo u e p valores prescritos do potencial e o
campo elétrico respectivamente, ao contorno Γ , como é apresentado na Figura 3.1.

n
n
Γu
t
u(x) = u(x) Ω
p(x) = p(x)

Γp

Figura 3.1 - Condições de contorno essenciais e naturais para a equação de Laplace.

16
3.2.1 Soluções Fundamentais

A Solução Fundamental u*, satisfaz a equação de Poisson (3.4), e corresponde ao


campo gerado por uma fonte unitária aplicada em um domínio infinito Ω * ,

q(ξ , X)
∇ 2 u * (ξ , X) + = 0 onde , X ∈ Ω * (3.4)
K

sendo u * singular em ξ = X.

u * (ξ , X) é a solução fundamental e q(ξ , X) uma fonte concentrada unitária, definida


como a função generalizada delta de Dirac.

q(ξ , X) = 0 para ξ ≠ X e ∫ q(ξ , X) dΩ = 1



(3.5)

A solução fundamental u * (ξ , X) da equação (3.4) é, portanto a solução da equação de


Poisson no ponto campo X - ponto onde se deseja calcular o potencial ou campo elétrico
- para uma fonte concentrada em ξ - ponto fonte - sendo ξ e X pontos pertencentes ao
domínio infinito Ω* , Figura 2.2, no qual se procura a solução da equação (3.4).

Existem infinitas soluções para a equação (3.4) que dependem do domínio Ω* e das
condições de contorno. A solução fundamental do potencial para problemas
bidimensionais em meios infinitos é apresentada a seguir:

1
u * (ξ , X) = − ln R (3.6)
2Kπ

17
onde R é a distância entre x e ξ.

O fluxo fundamental no contorno pode ser determinado a partir da definição de um


domínio Ω de contorno Γ dentro do domínio infinito Ω* , como se pode observar na
Figura 2.2. Calculando-se a derivada direcional em relação a normal no contorno Γ ,
pode-se escrever:

Y n

x
y r

t
Ω R
ξ
ξy Ω∗

X
x
ξx

Figura 2.2 – Determinação da solução fundamental.

1
p * (ξ , x) = − ∇ R •n (3.7)
2πKR

Sendo o vetor R = x − ξ , r o seu vetor unitário, n o vetor normal e r • n o produto


escalar.

18
3.2.2 Sentenças de Resíduos Ponderados para Equação de Laplace

Em princípio, as soluções da equação de Laplace obtidas por métodos aproximados, não


atendem exatamente (exceto para problemas bem simples) a equação (3.1) nem as suas
~ ~
condições de contorno (3.2) e (3.3). Desta forma, admitindo-se u e p como soluções
aproximadas para o problema definido em (3.1), e com as condições de contorno
definidas em (3.2) e (3.3), pode-se definir três tipos de funções de resíduos que devem
tender para zero quanto mais à solução aproximada tender para a solução analítica.

Utilizando outra vez a equação de Laplace, pode-se escrever:

~
R Ω ( X) = ∇ 2 u ( X) , X∈Ω
~ _
R u ( x) = u ( X) - u ( x) , x ∈ Γ u (3.8)
~ _
R p ( x) = p( x ) - p( x) , x ∈ Γp

Estes resíduos introduzidos na equação diferencial, quando da aplicação de soluções


aproximadas, podem ser minimizados, a partir da sentença básica de resíduos
ponderados para a equação de Laplace:

− =

∫ R Ω (X) Wl (X) dΩ(X) + ∫ R P (x) W l (x) dΓ P (x) + ∫ R U (x) W l (x) dΓ U (x) = 0


Ω ΓP ΓU
(3.9)

- =
Sendo Wl ( X) = u * (ξ , X) , W l (x) = - u * (ξ , x) e W l (x) = p* (ξ , x) , funções de
ponderação, onde X ∈ Ω , x a Γ P e a Γ u respectivamente. Substituindo-se (3.8) em (3.9)
tem-se:

~ ~ _ ~ _

∫ (∇ u )u dΩ = ∫ (p - p) u dΓ P - ∫ (u - u ) p dΓ u
2 * * *
(3.10)
Ω ΓP Γu

19
Aplicando a 2 a identidade de Green, (3.10) e escolhendo a solução fundamental para a
função φ , tem-se:

⎡ * 2 2 * ⎤ ∂u * ∂u *
∫ ⎢u (∇ u ) − u(∇ u )⎥⎦ dΩ = ∫Γ ( ∂n u − ∂n u ) dΓ
Ω⎣
(3.10a)

Pode-se reescrever (3.10):

∫ u (∇ u * ) dΩ = ∫ p * u dΓ - ∫ u * p dΓ
2
(3.11)
Ω Γ Γ

Onde Γ = Γ u + Γ p tem-se:

∫ p u dΓ = ∫ p u dΓ P + ∫ p u dΓ u
* * *

Γ Γp Γu

(3.12)
_

∫ u p dΓ = ∫ u p dΓ P + ∫ u p dΓ U
* * *

Γ ΓP ΓU

A equação (3.11) é considerada o ponto de partida para a dedução das equações


integrais básicas do MEC para a equação de Laplace.

Agora é preciso transformar a equação (3.11) que contém integrais de domínio e de


contorno, em uma equação integral, sem a participação da integral de domínio.

Lembrando da propriedade da função delta de Dirac (3.13) para pontos ξ pertencentes


ao domínio.

∫ δ(ξ , x) f(x) d(x) = f(ξ )



(3.13)

Aplicando (3.13) à integral de domínio da equação (3.11), tem-se:

∫∇ u (ξ , x) u(x) d(x) = ∫ − δ(ξ , x) u(x) d(x) = - u(ξ )


2 *
(3.14)
Ω Ω

20
Substituindo agora (3.14) em (3.11), podemos escrever:

u (ξ ) = − ∫ u(x) p * (ξ , x) d(x) + ∫ p(x) u * (ξ , x) d(x) (3.15)


Γ Γ

Da equação anterior pode-se calcular o valor do potencial u (ξ ) nos pontos internos do


domínio Ω de interesse, a partir de u(x) e p(x) no contorno Γ , mas como u(x) e p(x)
inicialmente não são conhecidos em todo contorno, a equação (3.15) ainda não é a
solução completa da equação (3.1).

3.2.3 Equação Integral de Contorno para Pontos Fonte no Contorno

A equação integral (3.15), deduzida anteriormente é válida para qualquer ponto ξ


pertencente ao domínio Ω e depende dos valores de U e P no contorno Γ que ainda são
desconhecidos. Com o objetivo de calcular estes valores no contorno e assim completar
a solução da equação (3.1), supondo que o domínio Ω é aumentado de um semi-círculo
de raio rξ e um ponto ξ pertencente ao semicírculo para um domínio bidimensional,
como é apresentado na Figura 3.3.

Γc
n
ξ

Γ

Ponto do contorno
Figura 3.3 - Definição do domínio para cálculo de pontos no contorno.

21
Estando o ponto ξ no centro de um círculo, ao fazer-se o raio rξ → 0 , Ω − Ωε tende a

Ω, Γ − Γc tende a Γ e ξ passa a ser um ponto de contorno. Assim a expressão (3.15)

torna-se um caso particular da equação (3.16) para um ponto localizado no contorno Γ e


C(ξ) = 1.

Por fim pode-se escrever a equação integral para pontos no contorno de problemas
definidos pela equação de Laplace que dá origem ao processo de discretização do
método dos elementos de contorno:

C(ξ ) u (ξ ) + ∫ u(x) p * (ξ , x) d(x) = ∫ p(x) u * (ξ , x) d(x) (3.16)


Γ Γ

onde,

⎧0 se ξ é um ponto externo

C(ξ ) = ⎨β / 2 π se ξ é um ponto no contorno
⎪1 se ξ é um ponto interno

sendo β o ângulo interno formado pelas tangentes a ξ em Γ . Cabe observar que para
contornos suaves em ξ , β = π e C = 0,5 .

3.2.4 Valor do potencial e do campo elétrico para pontos internos

Para terminar basta definir-se a equação integral que nos fornece os valores de campo
elétrico para pontos no interior do contorno, já que a equação (3.15) já fornece o
potencial nos pontos internos da região de interesse. O campo elétrico pode ser definido
pela diferenciação da equação (3.15), Mansur et al. (1995):

⎧ ∂ u * (ξ, x) ∂ p * (ξ, x) ⎫
p l = - ⎨∫ p(x) dΓ(x) - ∫ u(x) dΓ ( x ) ⎬ (3.17)
⎩Γ ∂ l( ξ ) Γ
∂ l( ξ ) ⎭

Sendo l o vetor unitário na direção que se deseja conhecer a derivada direcional tem-se:

22
∂ u * (ξ , x) 1
= r•l (3.18)
∂ l(ξ ) 2 π R2

∂ p* (ξ , x ) 1
=− (2(r • n)(r • l ) − (l • n)) (3.19)
∂ l(ξ ) 2 π R2

23
CAPÍTULO 4 - Implementação Computacional

Neste capítulo são apresentados os passos necessários para implementação


computacional do MEC baseado na solução da equação integral de contorno (3.16),
apresentada do capítulo 3. O processo de implementação já foi bem explorado, Azevedo
(1991), Mansur et al. (1995),Wrobel (2002) e aqui é apresentado de forma resumida.

4.1 Discretização do Contorno

Quando os problemas apresentam geometrias simples existe a possibilidade de utilizar-


se soluções analíticas, mas nos casos de geometrias complexas um procedimento
numérico tem que ser utilizado com o objetivo de reduzir as equações integrais a uma
forma algébrica.

De forma a obter a solução é necessário discretizar o contorno em elementos, os quais


aproximam a geometria do problema. Os valores de U e P no contorno são interpolados
nos elementos, sendo os mais usados em formulações bidimensionais os constantes,
lineares e quadráticos.

A Figura 4.1 representa a geração de malha para o elemento constante ou linear. Ambos
têm sua geometria linear definida por dois pontos nodais geométricos.

No elemento constante as variáveis de contorno U e P (tanto as prescritas, quanto as


incógnitas) são consideradas constantes em cada elemento e iguais ao seu valor no
ponto funcional localizado no meio do elemento.

Já para o elemento isoparamétrico linear, U e P variam linearmente dentro de cada


elemento em função dos valores nos dois nós funcionais localizados nos pontos

24
extremos do elemento.

Figura 4.1 – Discretização do contorno para elementos constantes ou lineares.

No elemento isoparamétrico quadrático, Figura 4.2, tanto a geometria quanto os valores


de U e P no contorno são representados utilizando-se as funções de interpolação
definidas em (4.1) para os dois nós extremos N1 e N 3 e o nó central N 2 . Neste trabalho,
estas mesmas funções são também aplicadas para o cálculo do comprimento do
elemento.

N1 (η ) = 1 / 2η (1 − η )
N 2 (η ) = (1 + η ) (1 − η ) (4.1)
N 3 (η ) = 1 / 2η (η + 1)

A escolha do elemento quadrático para implementação, deve-se à necessidade de se


representar geometrias curvas e ser o elemento que melhor representa a variação das
funções ao longo do contorno, aumentando a precisão do cálculo.

Observando os exemplos de discretização, a malha de elementos quadráticos, para um

25
mesmo número total de elementos, geralmente, representa melhor o contorno do
problema.

Figura 4.2 – Discretização do contorno por elementos isoparamétricos quadráticos.

4.2 Expressão Matricial

Partindo das funções de interpolação definidas em (4.1) pode-se interpolar U e P no


interior de cada elemento:

3 3
U(x) = ∑ N t (η ) U et e P(x) = ∑ N t (η )Pte (4.2)
t =1 t =1

sendo U et e Pte o potencial e a componente normal do campo elétrico nos pontos nodais
“t”.

Transformando a equação (3.16) para uma forma discreta, as integrais no contorno Γ

26
devem ser substituídas por somatórios de integrais sobre cada elemento e. Adotando
uma forma matricial,

Ne Ne
C(ξ ) U(ξ ) + ∑{ ∫ P * (ξ , x) N(η ) dΓ e (x)} u e = ∑{ ∫ U * (ξ , x) N(η ) dΓ e (x)} p e (4.3)
e =1 Γe e =1 Γe

onde Ne é o número de elementos.

Os valores do potencial e campo nos nós funcionais pertencentes aos elemento “e”:

u ( x) = N u e

(4.4)

p ( x) = N p e

e e
⎡u 1 ⎤ ⎡p1 ⎤
onde, N = [ N1 (η ) N 2 (η ) N 3 (η )] , u e = ⎢u 2 ⎥ e p e = ⎢⎢p 2 ⎥⎥
⎢ ⎥ (4.5)
⎢⎣u 3 ⎥⎦ ⎢⎣p 3 ⎥⎦

Já que as funções de interpolação e os pontos de integração numérica são dados na


coordenada natural η , Figura 4.3, onde as funções valem 1 no nó onde são definidas e 0
nos outros dois nós, é mais indicado realizar as integrações de (4.3) nesta coordenada.

3 2 1

y
η =1 η =0 η = −1

sentido de integração
N1 1

2
1

3 N2
Domínio 1

N3
x 1

27
Figura 4.3 – Elemento isoparamétrico quadrático – representação da transformação para
coordenadas naturais.

Para dΓe = J(η ) e dη , tem-se

Ne 1 Ne
C(ξ ) U(ξ ) + ∑ { ∫ P * (ξ , x ) N(η ) J(η ) e dη} u e =∑ { ∫ U * (ξ , x ) N(η ) J(η ) e dη} } p e (4.6)
e =1 −1 e =1 Γe

Sendo o jacobiano para a transformação de coordenadas,

J = [(dx / dη ) 2 + (dy / dη ) 2 ]1 / 2 (4.7)

as suas derivadas em relação às funções de interpolação (4.1),

dx dN1 dN 2 dN 3
= x1 + x2 + x3
dη dη dη dη
(4.8)
dy dN1 dN 2 dN 3
= y1 + y2 + y3
dη dη dη dη

e o vetor unitário normal ao elemento,

n = 1 / J [dx / dη i + dy / dη j] (4.9)

a equação (4.3) pode ser escrita como,

Ne ∧ Ne
C(ξ ) U(ξ ) + ∑ h e (ξ ) u e = ∑ g e (ξ ) p e (4.10)
e =1 e =1

28

onde os coeficientes genéricos das matrizes h e (ξ ) e g e (ξ ) (k = 1, 2, 3) são dados por:

∧ 1
h ek (ξ ) = ∫ P * (X, x) N k (η ) J(η ) e dη
−1
1
(4.11)
g (ξ ) = ∫ U * (X, x) N k (η ) J(η ) e dη
e
k
−1

Na equação (4.10) pode-se observar a utilização de índices de elementos (os elementos


“e” variando de 1até N e ), enquanto em (4.11) tem-se uma numeração de nós local para
cada elemento (k=1, 2, 3). Para montar o sistema final de equações é necessário
relacionar a numeração local de nós dos elementos a um sistema de numeração global,
de forma que cada nó é associado a um índice ‘j’ correspondente à numeração global
dos nós. Utilizando os pontos nodais ‘i’ como pontos de colocação ξ = ξ i , a equação
(4.10) pode ser escrita:

Ne ∧ Ne
Ci U i + ∑ h e u e = ∑ g e p e (4.12)
e =1 e =1

com C i = C(ξ i ) e U i = U i (ξ i ) (4.13)

Admitindo-se a continuidade de potencial e fluxo entre elementos, ‘Nnos’ o número


total de nós funcionais ‘j’ correspondendo à numeração global dos nós, têm-se:

Nnos ∧ Nnos
C i U i + ∑ H ij u j = ∑G ij pj ` (4.14)
j=1 j=1

H ij e G ij acumulam todas as contribuições dos coeficientes dos nós e de (4.14), pode-

se então montar o sistema de equações para as matrizes H e G:

Hu =G p (4.15)

Deve-se observar que para os termos de H,

29

H ij = H ij se i≠ j

e (4.16)

H ij = C i + H ij se i= j

Introduzindo os valores das condições de contorno nos nós prescritos e rearranjando H e


G, ou seja, trocando as colunas destas matrizes, que multiplicam a condição de contorno
prescrita, o sistema de equações pode ser escrito:

A x1 = B x 2 (4.17)

sendo,

x1 é o vetor das incógnitas nos nós.

x 2 é o vetor de condições de contorno prescritas.

A é a matriz de coeficientes de influência que multiplica as incógnitas.

B é a matriz de coeficientes de influência que multiplica as condições de contorno


prescritas.

4.3 Cálculo de U e P nos pontos internos

Resolvido o sistema de equações (4.17) e com todos os valores de U e P calculados


pode-se agora calcular os pontos internos em qualquer parte do domínio a partir das
equações (3.15) e (3.17), agora de forma discretizada.

30
Nnos Nnos
Ui = ∑
j=1
G ij Pj − ∑ H ij U j
j=1
(4.18)

⎧Nnos ∂ U* Nnos
∂ P* ⎫
Pl i = - K ⎨ ∑ ∫ Pj dΓ - ∑ ∫ U j dΓ ⎬ (4.19)
⎩ j=1 Γ
∂l j=1 Γ ∂l ⎭

Lembrando que as derivadas da equação (4.19) já foram apresentadas em (3.18) e


(3.19), estas equações completam o modelo do MEC que será utilizado para
desenvolvimento do programa computacional.

4.4 Integração numérica

As integrações para o cálculo dos coeficientes h ek (ξ ) e g ek (ξ ) , indicadas em (4.11), são


resolvidas numericamente. Neste trabalho foi implementada a quadratura de Gauss,
Smith (2000), e nos casos onde os pontos fonte estão próximos aos pontos campo
(integrais quase-singulares) a quadratura é aplicada em conjunto com a transformação
de Telles (1987) e Telles e Oliveira (1994).

Os coeficientes da expressão (4.11) são então calculados utilizando-se a quadratura de


Gauss:

1 NG
I = ∫ A(η ) dη = ∑ A g Wg (4.18)
−1 g =1

sendo,

NG – número de pontos de Gauss utilizados.

A g = A(ηg ) valores do integrando correspondentes as coordenadas naturais ηg dos

pontos de Gauss utilizados.

Wg - pesos correspondentes às coordenadas ηg nos pontos de Gauss.

31
Aplicando a um ponto x g no interior do elemento de correspondente coordenada η g ,

tem-se.
1 NG
h (ξ ) = ∫ P * [ξ , x(η )]N k (η ) J(η ) e dη = ∑ Pg* (ξ )(N k ) g ( J e ) g Wg
e
k
−1 g =1
1
(4.19)
NG
g ek (ξ ) = ∫ U * [ξ , x(η )]N k (η ) J(η ) e dη = ∑ U *g (ξ )(N k ) g ( J e ) g Wg
−1 g =1

O programa de cálculo utiliza a quadratura de Gauss (4.19) para efetuar todas as


integrações sobre os elementos. Somente nos locais onde a relação “D” entre a distância
entre o ponto fonte e ponto campo e o tamanho do elemento, seja para cálculo no
contorno ou para pontos internos, for menor que 3,62, utiliza-se à transformação de
coordenadas proposta por Telles, cujo objetivo, basicamente, é de concentrar mais
pontos de Gauss nestes locais.

O resultado obtido com este esquema de integração foi bastante bom, como pode ser
visto nos resultados apresentados no capítulo 6.

De forma complementar, um resumo da formulação da transformação de Telles está


apresentado no Anexo 2, onde as expressões para os coeficientes de (4.19), depois de
aplicada à transformação, são também apresentados.

4.4.1 Nó duplo e recuado

Quando não existem descontinuidades de campo elétrico a implementação


computacional desenvolvida é suficiente para calcular as incógnitas do problema.
Porém, é muito comum o aparecimento de descontinuidades nos problemas elétricos, a
partir da existência de condições de contorno diferentes aplicadas em um mesmo nó, ou
ainda, quando a geometria do problema apresenta ângulos, não suaves, proporcionando

32
descontinuidades na derivada, como as apresentadas na aplicação numérica,
desenvolvida no capítulo 6, representando um capacitor de placas paralelas.

Neste trabalho, prevendo estes casos de descontinuidade e por conta da automatização


do processo, todos os nós (pontos de colocação) de descontinuidade são duplicados e
recuados, Figura 4.4, criando uma incógnita e uma equação extra. Na implementação
computacional foi utilizado um recuo de 5% do comprimento do elemento a partir da
posição anterior do nó duplicado. Este valor foi o que melhor resultado ofereceu no
balanço entre o tratamento da singularidade e a representação do problema físico.

Nestes casos, o valor do potencial, U no primeiro termo de (4.14), tem de ser


interpolado dentro do elemento com utilização das funções de interpolação, como visto
a seguir.

U = [N1 (η ' )U1 + N 2 (η ' )U 2 + N 3 (η ' )U 3 ] (4.20)

Lembrando ainda que C = 0.5 para pontos dentro do elemento.

Figura 4.4 - Nós duplicados e recuados na região de descontinuidade.

33
4.5 Solução do Sistema

Finalmente o sistema de equações (4.17) foi resolvido com a utilização do Método da


Eliminação de Gauss com pivoteamento total, Chapman (1998).

No próximo capítulo são apresentados mais alguns detalhes desta implementação nos
algoritmos especificamente elaborados para a implementação do acoplamento iterativo.

34
CAPÍTULO 5 - Sub-regiões

5.1 Introdução

Para problemas de domínio não homogêneo, Figura 5.1, mas composto por regiões
homogêneas, Figura 5.2, é indicado à técnica das sub-regiões, Mansur et al., (1995),
Wrobel (2002). Esta técnica consiste em escrever a equação (4.15), para cada região
separadamente e montar um sistema para todo o problema agregando as equações de
compatibilidade e de equilíbrio nas fronteiras das regiões.

Figura 5.1 – Domínio não homogêneo.

S1 S2

Figura 5.2 – Domínio com sub-regiões homogêneas.

35
5.2 Soluções com montagem do sistema global

Considere uma região Ω formada por duas regiões Ω1 e Ω 2 , Figura 5.3, tendo as
constantes dielétricas K 1 e K 2 , como propriedades dos materiais.

{P } {U }c

1
c 2
{P }
c

{U } c
1 {P }
I
2

{U }
I 2
1

{P }I ΓI {U }
I
2
1
Ω2
Ω1

Γ2
Γ1

Figura 5.3 – Domínio dividido em duas sub-regiões Ω1 e Ω 2 .

Pode-se escrever, separadamente para cada sub-região, as equações matriciais de


equilíbrio, desenvolvidas no capítulo anterior para o MEC, onde os índices i e c
referem-se, respectivamente a interface e ao resto do contorno, e os coeficientes das
submatrizes H C G C e H i G i são calculadas como apresentado no capítulo anterior.

⎧⎪U1C ⎫⎪ ⎧⎪P1C ⎫⎪
[ C
1
I
1 ]
H H ⎨ I ⎬ = G 1C G 1I [ ]⎨ I⎬ (5.1)
⎪⎩U1 ⎪⎭ ⎪⎩P1 ⎪⎭

⎧⎪U C2 ⎫⎪ ⎧⎪P2C ⎫⎪
[ C
2
I
2 ]
H H ⎨ I ⎬ = G C2 G I2 [ ] ⎨ I⎬ (5.2)
⎪⎩U 2 ⎪⎭ ⎪⎩P2 ⎪⎭

36
Associando as sub-regiões e aplicando as condições de continuidade e equilíbrio, têm-
se,

U1I = U I2 = U I (5.3)

K2 I
P1I = − P2 = P I (5.4)
K1

Assim (5.1) e (5.2) são escritas numa única expressão matricial (matriz global),

⎧U1C ⎫ ⎡G C G 1I 0 ⎤ ⎧P1 ⎫
C

⎡H C
1 H I
1 0 ⎤⎪ I ⎪ ⎢ 1
⎥ ⎪P I ⎪
⎢ C⎥ ⎨
U ⎬=⎢ K2 I C⎥ ⎨ ⎬ (5.5)
⎣⎢0 H I2 H 2 ⎦⎥ ⎪ C ⎪ 0 - G2 G2 ⎪ C ⎪
⎢ ⎥
⎩U 2 ⎭ ⎣ ⎦ ⎩P2 ⎭
K1

A montagem das matrizes das sub-regiões em uma única matriz global pode ser
realizada de diversas maneiras. Na implementação desenvolvida por Santiago (1987),
monta-se o sistema de solução em sub-matrizes que interligam as sub-regiões, isolando
contornos e interfaces. Em Valentim (1995), na matriz global, procura-se concentrar os
coeficientes não nulos (matriz banda) de forma a armazenar a menor quantidade
possível e necessária de coeficientes.

Estas formas de implementação, em particular para problemas elétricos, com um


número grande de sub-regiões e diferença na ordem de grandeza das propriedades
elétricas, entre os materiais dielétricos envolvidos, podem fazer com que a matriz global
se apresente mal-condicionada, o que, por vezes, impede a solução do sistema.

5.3 Acoplamento Iterativo

O processo consiste em tratar cada sub-região separadamente e passar de forma


iterativa, como uma nova condição de contorno , para uma outra sub-região, os valores

37
de U ou P calculados na interface entre as sub-regiões, Figuras 5.3.

Cada sub-região é tratada como um problema independente , sendo assim, em nenhum


momento é montada uma matriz global, mas várias matrizes por sub-regiões. A solução
global é computada através de um processo iterativo onde todas as sub-regiões são
percorridas e, neste processo, as condições de contorno de cada região são atualizadas
(momento onde é passada a influência das sub-regiões vizinhas), o sistema de equações
(5.1) e (5.2) é resolvido e verificada a convergência em todas as sub-regiões. O processo
é então repetido até se obter a convergência em todas as interfaces.

Nos últimos anos a técnica de acoplamento iterativo tem sido aplicada, em especial,
para problemas em que precisamos desenvolver soluções híbridas, ou seja, com a
utilização de mais de um método numérico, Elleithy e Tanaka (2003) e Soares Júnior
(2004). Como a técnica permite que o sistema de equações resultantes de cada sub-
região seja resolvido de forma independente, pode-se modelar cada região com a técnica
numérica mais apropriada, por exemplo na Figura 5.3, pode-se aplicar o MEF e o MEC
em cada sub-região, assim como, escolher o método de solução do sistema de equações
mais adequado para cada sub-região, tendo o cuidado de manter a correta
correspondência entre os nós da interface.

Mais especificamente tratando de problemas de cálculo de campo e potencial elétrico,


duas aplicações parecem ser promissoras:

• na solução de problemas com materiais dielétricos diferentes (da ordem de 1.0E2);

• na aplicação de soluções híbridas.

5.3.1 Principais Algoritmos para implementação

Neste trabalho, no processo de implementação da técnica do acoplamento iterativo

38
podem-se ressaltar os dois principais algoritmos desenvolvidos. O primeiro estabelece a
troca dos valores de U e P nas interfaces do problema e o segundo prepara, de forma
automática, o problema, definindo as condições de contorno iniciais para todas as suas
interfaces.

A partir da implementação numérica apresentada no capítulo anterior, foi desenvolvido,


Tabela 5.1, este primeiro algoritmo para solução de problemas com condição de
contorno nas interfaces de Dirichlet e Neuman.

Tabela 5.1 – Algoritmo para acoplamento das interfaces MEC-MEC

______________________________________________________________________

I – Resolve MEC para uma sub-região: leio PiI e obtenho U Ii+1

II – Escreve o valor de U nas interfaces com relaxação: U Ii+1 = (1 − α )U Ii + αU Ii+1

U Ii+1 − U Ii
III – Checagem de convergência: < tolerância
U Ii+1

IV – Resolve MEC para a outra sub-região: leio U Ii+1 e obtenho PiI+1

V – Escreve o valor de P nas interfaces com relaxação: PiI+1 = (1 − α )PiI + αPiI+1

PiI+1 − PiI
VI – Checagem de convergência: < tolerância
PiI+1

______________________________________________________________________

O loop continua até que a convergência seja atingida para um valor de tolerância pré-
definido, em todas as interfaces do problema.

Em Elleithy e Tanaka (2003), são apresentados outros algoritmos para o acoplamento


nas interfaces para aplicações MEC-MEC e MEF-MEC.

Antes de apresentar o segundo algoritmo é preciso o conceito de tratar as interfaces por

39
‘curvas’ e não por elementos individualmente, utilizado neste trabalho. Este conceito
para a entrada de dados, definido na arquitetura do sistema PHENIX, desenvolvido no
CEPEL e que já tem incorporado o programa MEFE, foi escolhido por ser de fácil
implementação e também para uma futura incorporação dos módulos do MEC2Dq,
programa desenvolvido neste trabalho, ao PHENIX. Na curva são gerados os elementos
para discretização do problema (malha) e é também a curva que recebe as condições de
contorno e delimita as sub-regiões. Um exemplo de desenho do problema por curvas
pode ser observado na Figura 5.4. No exemplo temos duas curvas, nas cores preta e
vermelha, definindo o contorno do problema e a curva azul a interface entre as sub-
regiões.

Na interface a curva ora pertence a uma sub-região ora a outra, curva azul. Desta forma,
quando para uma sub-região A, a condição de contorno escolhida é U, para a sub-região
B a condição tem de ser P. Cabe lembrar que P tem sentido oposto em cada sub-região.

Durante o processo iterativo, por exemplo, a sub-região A que tem como condição de
contorno escolhida U, calcula e atualiza valores de P para a próxima iteração e vice-
versa.

Figura 5.4 – Desenho do contorno do problema por curvas.

40
O segundo algoritmo parte do princípio que as interfaces não têm condição de contorno
definidas. Lembrando que cada sub-região constituirá um sistema próprio a ser
resolvido, tem-se obrigatoriamente que “escolher” pelo menos uma condição de
contorno para as interfaces dentro de cada sub-região, tendo o cuidado de não alterar as
condições de contorno prescritas inicialmente e garantir que pelo menos uma ‘curva’ em
cada sub-região tenha condição de contorno de potencial. Desta forma, na Tabela 5.2 é
apresentado o processo de escolha.

Sendo:
_
U – condição inicial do problema
_
P – condição inicial do problema

U – potencial escolhido

P – campo elétrico escolhido

NSB – número de sub-regiões

SB – sub-região

NcurvasSB – número de curvas da sub-região

_
O primeiro loop vai privilegiar as curvas com U prescrito para serem escolhidas como
U. O segundo garante que pelo menos uma curva será marcada com U. O terceiro marca
_
as curvas ainda não escolhidas, garantindo que as curvas com P prescrito não sejam
erradamente marcadas.

Assim, depois de percorridas todas as instâncias do algoritmo todas as curvas do


problema terão condição de contorno.

No próximo capítulo, a partir da implementação da técnica de acoplamento iterativo


apresentada, foram desenvolvidos, para este trabalho, alguns casos teste para
comparação com resultados obtidos na literatura e também com os modelos
desenvolvidos, e já bastante testados, no CEPEL.

41
Tabela 5.2 – Algoritmo para escolha das condições de contorno (CC) nas interfaces

_____________________________________________________________________
_
Primeiro passo: verificar se existe uma curva com CC de U prescrito
i ← 1, NSB
_
Se o SBi possuir alguma curva não escolhida com U prescrito então
escolhe apenas uma curva (a primeira encontrada)
marca com U
Próximo i
Fim-se
Fim i
_
Segundo passo: verificar se alguma SB não tem uma curva com U

i ← 1, NSB
Se o SBi não tem curva com U então
Se possui curvas sem CC então
escolhe a primeira curva sem CC
marca com U
Senão
escolhe a primeira curva que ainda não foi escolhida
marca com U
Fim-se
Fim-se
Fim i

Terceiro passo: completar as curvas sem CC

i ← 1, NSB
j ← 1, NcurvasSB
Se curva j não possui CC então
escolhe curva e marca com U
Senão Se possui U já escolhido por outro SB
escolhe a curva e marco com P
Senão
_
Se (não possuir) P prescrito
escolhe a curva e marco U
Senão
_
escolhe a curva e marca com P
Fim-Se
Fim-Se
Fim-Se
Fim j
Fim i
______________________________________________________________________

42
CAPÍTULO 6 - Programas Computacionais

Os trabalhos desenvolvidos no CEPEL na implementação do programa MEFE, e nos


projetos desenvolvidos com a aplicação do programa TRICAMP, são a base a partir da
qual, foram desenvolvidos os módulos do programa MEC2Dq, em especial com o
objetivo de uma futura junção destes programas possibilitando o desenvolvimento de
soluções híbridas. Os trabalhos, desenvolvidos em forma modular, permitem que
alterações e futuras implementações sejam realizadas com mais facilidade e em tempo
menor.

6.1 Entrada de Dados

Neste trabalho a geração dos arquivos de dados para teste do programa MEC2Dq, foi
definida a partir de uma modificação realizada nos módulos do programa PHENIX,
permitindo a geração de todos os dados de entrada conforme os formatos definidos no
Anexo 1. Estes arquivos têm o formato de entrada definidos em detalhe para permitir
que o usuário, entre com os dados do caso em estudo. Como o arquivo para definição de
pontos internos, que é gerado somente para o MEC2Dq, e o arquivo de saída são
apresentados no presente capítulo.

Os dados para utilização do programa MEC2Dq foram divididos em cinco arquivos de


entrada de dados e um de saída, para cada caso em estudo, como listado a seguir:

• nome-do-caso.DN - distribuição de nós nas curvas (malha do MEC).

• nome-do-caso.CC1 - condições de contorno nas curvas.

• nome-do-caso.SD - sub-regiões e materiais que compõe o domínio.

• nome-do-caso.DM1 – características dos materiais das sub-regiões.

• nome-do-caso.POI - definição dos pontos internos para o cálculo do potencial e

43
campo elétrico.

• nome-do-caso.OUT – apresentação da solução para o potencial e o campo


elétrico no contorno e nos pontos internos.

6.1.1 Descrição do Contorno

Na figura 6.1 é apresentada a tela de entrada do programa que gera a os dados


geométricos do contorno do problema.

Figura 6.1 – Entrada da geometria do problema.

Vale lembrar que a geometria é definida pelo desenho do problema dividido em curvas,
conceito apresentado no capítulo anterior.

44
6.1.2 Geração dos Elementos

Na Figura 6.2 é apresentada a tela de entrada do programa que gera a malha dos
elementos no contorno – arquivo nome-do-caso.DN. A discretização do problema é
realizada de forma automática a partir da escolha do número de nós de cada curva.

Figura 6.2 – Malha dos elementos no contorno.

45
6.1.3 Identificação das Sub-regiões

Na Figura 6.3 é apresentada a tela de entrada do programa que identifica as sub-regiões


de interesse e os respectivos valores dos materiais – arquivos nome-do-caso.DM1 e
nome-do-caso.SD. O programa de identificação e separação de sub-regiões define
automaticamente as sub-regiões e as orienta no sentido anti-horário. Portanto no
desenvolvimento do programa de cálculo, tomou-se o cuidado de inverter o sentido que
define o contorno de um dado domínio, lembrando que o vetor normal sempre tem que
apontar para fora do domínio de interesse.

Figura 6.3 – Identificação das sub-regiões e materiais.

46
6.1.4 Definição das Condições de Contorno

Na Figura 6.4 é apresentada a tela de entrada do programa que permite a definição das
condições de contorno – arquivo nome-do-caso.CC1.

Figura 6.4 – Identificação das condições de contorno.

47
6.1.5 Definição dos Pontos Internos

Para esta versão do programa MEC2Dq o arquivo para definição de pontos internos –
nome-do-caso.POI – é um arquivo formato texto e tem a sua formatação definida na
Tabela 6.1.

Tabela 6.1 – Formato do arquivo de pontos internos.

Arquivo de pontos internos - <nome-do-caso>.POI


L Formato Tipo Descrição
0 E24.15 Extended Número Total de Pontos Internos
1 E24.15, 1X, E24.15, Extended, Extended, Lista com as coordenadas X e Y dos Pontos Internos e a Sub-
1X, I12 LongInt região que pertence

6.2 Programa MEC2Dq

No programa MEC2Dq é implementada a formulação do MEC para problemas


bidimensionais regidos pela equação de Laplace (2.7). O programa é composto por dez
módulos que contém todas as sub-rotinas desenvolvidas. A função destes módulos é
apresentada na Tabela 6.2.

48
Tabela 6.2 – Descrição dos módulos do programa MEC2Dq.

MÓDULO DESCRIÇÃO

LerDadosq Lê os dados dos arquivos de entrada .DN,


.CC1, .SD, .DM1

ErroUnit e BasicDataType Controle de erros

MECImputData Pré-processamento dos dados lidos

DadosMEC2Dq Definição dos dados internos

PreparaCaso2Dq Geração dos dados internos a partir do pré-


processador

Integraq Realiza as integrações e define o sistema


de equações do MEC

Solver Resolve o sistema de equações

P_internosq Calcula os pontos internos

Mec2Dq Programa principal – acoplamento


iterativo

6.2.1 Definição do Arquivo de Saída

Para esta versão do programa MEC2Dq o arquivo de saída com a solução do caso em
estudo – nome-do-caso.OUT – é um arquivo formato texto e tem a sua formatação
defina na Tabela 6.2.

49
Tabela 6.2 – Formato do Arquivo de Solução.

Arquivo de Solução - <nome-do-caso>.OUT


L Formato Tipo Descrição
0 E24.15 Extended Tolerância
1 I12 LongInt Número de Iterações
2 E24.15 Extended Parâmetro de Relaxação
3 E24.15 Extended Erro da Solução
4 I12, 1X, E24.15, 1X, LongInt, Extended, Lista com os nós do contorno e os valores de potencial e
E24.15 Extended campo elétrico
5 E24.15, 1X, E24.15, 1X, Extended, Extended, Lista com as coordenadas X e Y dos Pontos Internos e os
E24.15, 1X, E24.15 Extended, Extended valores calculados de potencial e campo elétrico

6.3 Casos para teste do programa MEC2Dq

Para validar o programa MEC2Dq foram desenvolvidos dois casos teste, apresentados
nos itens a seguir.

6.3.1 Capacitor de Placas Paralelas

Na figura 6.5 é apresentada à modelagem realizada para um domínio dividido em duas


sub-regiões separadas por uma curva de interface – capacitor de placas paralelas. Este
exemplo foi utilizado porque, além de permitir solução analítica, aparece de forma
recorrente na literatura pesquisada, Elleithy, (2001) e Elleithy e Tanaka (2003), Lie e
Yu (2002), Kamiya et al. (1997), no desenvolvimento de diversos testes, quais sejam:

• algoritmos de acoplamento por relaxação;

• acoplamento de sistemas híbridos;

• estabilidade e eficiência do acoplamento.

A partir das condições de contorno iniciais, definidas na Figura 6.6, compara-se a

50
simulação realizada utilizando o MEC2Dq com a modelagem realizada utilizando-se o
programa baseado no MEF, do sistema PHENIX, que não utiliza a técnica de sub-
regiões iterativas. É importante ressaltar que as condições de contorno da interface são
escolhidas e calculadas durante o processo de solução.

MEC2Dq: malha de 21 nós por curva do contorno, 84 elementos isoparamétricos


quadráticos para cada sub-região (MEC-MEC), Figura 6.7.

PHENIX: mesmo número de nós nas curvas de contorno, Figura 6.8, gerando uma
malha de 1310 elementos triangulares de primeira ordem, Figura 6.9.

As modelagens têm os seus resultados comparados ao resultado analítico. Para as duas


alternativas as constantes dielétricas dos materiais das duas regiões (K1 e K2) são iguais
à unidade. Cada sub-região é um quadrado de lado igual à unidade.

Figura 6.5 – Acoplamento – capacitor de placas paralelas.

51
P=0

U=1kv U=0

P=0

Figura 6.6 – condições de contorno Iniciais.

Figura 6.7 – Malha para a solução MEC-MEC.

52
Figura 6.8 – Nós para geração de malha da solução MEF.

Figura 6.9 – Malha para a solução MEF.

53
Nas Figura 6.10 é apresentado o gráfico com as diferenças percentuais, em escala
logarítmica, das soluções MEC e MEF em relação à solução analítica para o potencial
na fronteira das sub-regiões.

Foi utilizado para o MEC o valor de 0.5 para o parâmetro de relaxação e uma tolerância
de 1.0E-10. O caso convergiu em 35 iterações. Já para o MEF, que utiliza um “solver”
baseado no Método de Sobre-relaxação, Mpalantinos Neto et al., 1989, o alfa foi de 1.7
a tolerância de 1.0E-6 e o caso convergiu em 76 iterações.

Potencial - Diferença para Solução Analítica

1.0E+00

1.0E-02
Diferença percentual (%)

MEF
1.0E-04
MEC

1.0E-06

1.0E-08

1.0E-10
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00
Distância na interface (m)
Distância na inteface (m)

Figura 6.10 – Soluções para o potencial na interface.

De forma complementar é apresentado um gráfico com as diferenças percentuais do


MEC em relação à solução analítica para o campo elétrico calculado na interface,
Figura 6.11.

54
Campo Elétrico - MEC

5.00

4.50

4.00
Diferença Percentual (%)

3.50

3.00

2.50

2.00

1.50

1.00

0.50

0.00
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00
Distância na fronteira (m)

Figura 6.11 – Solução para o campo elétrico na interface.

A solução do MEF não é apresentada para o campo elétrico na interface. O campo


elétrico teria de ser interpolado nos nós entre os elementos, uma vez que este é
constante dentro dos elementos o que acabaria mascarando a solução já que a ordem do
erro é pequena.

Pode-se observar que ambas as soluções, no cálculo do potencial, tem diferenças


percentuais próximas de zero em relação à solução analítica, enquanto o cálculo do
campo elétrico com o MEC tem uma variação de 2.5 a 4.5 pontos percentuais em
relação à solução analítica. A experiência mostra ser este nível de erro aceitável para o
cálculo de campo elétrico.

6.3.2 Testes de Convergência

Utilizando o capacitor de placas paralelas definidas na Figura 6.6, desenvolveu-se um


estudo sobre a faixa de variação do parâmetro de relaxação alfa e as constantes dos
materiais para as sub-regiões 1 e 2 (k1 e k2).

55
A aplicação tem como objetivo testar a influência de alfa na velocidade da convergência
da solução.

Alfa é variado em um intervalo de 0.1 a 1.9, enquanto o valor de k1 fica fixo em 1, o de


K2 varia de 1 a 10.000, segundo a Tabela 6.3. Na tabela é apresentado o número de
iterações de cada combinação estudada. Foi utilizada uma tolerância de 1.0E-10,
Figura 6.12.

Tabela 6.3 – Variação de Alfa e K2.

Alfa k2 = 1 k2 = 10 k2 = 20 k2 = 100 k2 = 1000 k2 = 10000


0.10 222 226 242 257 274 300
0.20 106 108 115 122 130 143
0.30 66 68 72 77 82 90
0.40 47 48 51 54 58 63
0.50 35 36 38 40 43 47
0.60 26 28 29 31 33 36
0.70 21 22 23 24 28 28
0.80 16 17 17 18 19 21
0.90 44 12 12 13 15 15
0.99 471 11 9 7 8 8
1.00 12 10 7 6 5
1.10 21 18 15 15 15
1.20 32 26 21 20 21
1.30 53 38 29 28 28
1.40 106 59 39 35 36
1.45 189 79 47 41 41
1.50 699 112 56 48 48
1.60 467 88 66 65
1.70 172 99 93
1.75 387 129 117
1.80 188 153
1.90 681 363

56
300

280

260

240

220

200
numero de iteraçoões

180 k2 = 1
k2 = 10
160 k2 = 20

140 k2 = 100
k2 = 1000
120 k2 = 10000

100

80

60

40

20

0
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30 1.40 1.50 1.60 1.70 1.80 1.90 2.00
Alfa

Figura 6.12 – Faixa de variação de alfa para diferentes valores de K2.

No gráfico apresentado na Figura 6.12 pode-se observar que mesmo para valores da
ordem de K2 = 1.0E4, a convergência é atingida. O gráfico sugere que para maiores
valores de K2, menor é a influência da sub-região 2 na solução global, o campo elétrico
se concentra então na sub-região de menor K, equação (2.9). Pode-se ainda ressaltar que
é possível a solução de problemas com materiais de propriedades dielétricas bastante
diferentes, tendo-se o cuidado de escolher o valor ótimo de Alfa.

Como os sistemas de equações são resolvidos separadamente e a variação da solução,


numa dada sub-região, entre iterações, depende da perturbação causada pelas sub-
regiões limítrofes, observa-se a convergência mais rápida para valores maiores de alfa
nos casos de maiores valores de K2 – maior influência da solução atual com relação a
anterior.

Contudo, apesar do gráfico sugerir este comportamento, o mesmo observado em,


Elleithy et al. (2001), tem que ser testado em outras configurações, mais complexas ,
estas devem ser estudadas para determinar se este comportamento é uma tendência ou
alguma particularidade deste caso por ter uma geometria simples.

57
Cabe observar que na literatura pesquisada, os trabalhos tratam, em geral, de valores de
k2 da ordem do dobro de k1. Para aplicações elétricas, no entanto, como por exemplo o
isolador apresentado no item 2.4, podem ocorrer valores de k2 (cimento) 30 vezes
maiores que k1 (ar).

Finalmente na Figura 6.13, K1 e K2 tem valor igual à unidade enquanto varia-se os


valores iniciais de U e P na interface das sub-regiões de zero, 50% e 75% da solução
esperada na convergência. Pode-se observar que a estimativa de um valor inicial para os
valores de U e P na interface não influenciou na velocidade da convergência.

Valor inicial

350

300

250
Numero de Iterações

200 zero
0.5 Sol.
150 0.75 Sol.

100

50

0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20
Alfa

Figura 6.13 – Efeito da escolha do valor inicial de alfa.

6.3.3 Teste de consistência do acoplamento iterativo

A partir de um caso de um domínio homogêneo, Figura 6.14, são construídas duas sub-
regiões fictícias com as constantes dos materiais iguais a 1, Figura 6.15, e desenvolvidas
modelagens para os dois casos, Figura 6.16 e 6.17.

58
O objetivo é verificar se, quando da aplicação do acoplamento entre as duas sub-regiões
fictícias, surgiriam valores de potencial e campo elétricos espúrios nos “cantos” criados
dentro do domínio inicial.

No caso do potencial a solução é observada sobre a curva 1 e o campo elétrico sobre a


curva 2, Figura 6.18.

Nas Figuras 6.19 e 6.20, são apresentados os gráficos desenvolvidos para o erro
percentual entre os valores calculados, com e sem a sub-região fictícia (quadrado
central), para o potencial e o campo elétrico.

Figura 6.14 – Domínio inicial.

59
Figura 6.15 – Sub-regiões fictícias.

Figura 6.16 – Malha para domínio inicial.

60
Figura 6.17 – Malha para sub-regiões fictícias.

P=0

U=1kv Curva 2
S2 U=0

S1 Curva 1

P=0

Figura 6.18 – Curvas escolhidas para observação da solução.

61
Se existisse apenas o domínio S1 (S2 = cavidade), Figura 6.18, a solução apresentaria
problemas nos ‘cantos’ internos. Novamente, como as sub-regiões são resolvidas
separadamente, buscou-se averiguar se uma interface fictícia causaria perturbação no
processo de convergência para a solução.

Pode-se observar que o nível de erro destas soluções se assemelha ao já observados no


caso do capacitor paralelo, indicando não haver problema na solução por acoplamento
iterativo realizada nas sub-regiões fictícias.

ERRO PERCENTUAL NO POTENCIAL

0.10

0.09

0.08

0.07

0.06
ERRO (%)

com quadrado
0.05
sem quadrado
0.04

0.03

0.02

0.01

0.00
0 3 6 9 12 15 18 21
Nós

Figura 6.19 – Comparação do erro no potencial

62
ERRO PERCENTUAL NO CAMPO

5.0

4.5

4.0

3.5

3.0
ERRO (%)

com quadrado
2.5
sem quadrado
2.0

1.5

1.0

0.5

0.0
0 3 6 9 12 15 18 21
Nós

Figura 6.20 – Comparação do erro no potencial

63
CAPÍTULO 7 - Conclusões

7.1 Aspectos Gerais

Neste trabalho foi desenvolvida uma aplicação do MEC à análise de problemas lineares
de potencial bidimensionais governados pela equação de Laplace.

O método numérico de solução foi implementado com a utilização da técnica do


acoplamento iterativo por sub-regiões.

Especificamente tratando de problemas de cálculo de campo e potencial elétrico, duas


aplicações parecem ser promissoras:

• na solução de problemas com materiais dielétricos diferentes (da ordem de 1.0E2);

• na aplicação de soluções híbridas.

O programa computacional desenvolvido visou o cálculo do campo elétrico e da


distribuição de potencial em problemas eletrostáticos bidimensionais, com um ou mais
materiais dielétricos. A implementação foi realizada de forma modular, permitindo que
alterações e futuras implementações sejam realizadas com mais facilidade e em tempo
menor.

Foram desenvolvidas aplicações com o objetivo de testar a convergência e consistência


do método. Em especial, verificar a influência do parâmetro de relaxação alfa na
velocidade da convergência da solução.

Os bons resultados dos casos teste desenvolvidos, em especial confirmando resultados


da literatura, realizados para demonstrar a validade da implementação, apontam para um

64
bom desempenho da técnica do acoplamento iterativo. Contudo, a técnica precisa ser
mais testada para confirmar o seu bom desempenho, principalmente em configurações
com a geometria mais complexa e um maior número de sub-regiões com propriedades
dielétricas dos materiais diferentes.

7.2 Desenvolvimentos Futuros

Podem-se destacar alguns desenvolvimentos importantes para a continuidade deste


trabalho.

• automação da entrada dos pontos internos;

• implementação de saídas de dados gráficas para facilitar a análise dos


resultados;

• implementação de outras técnicas de acoplamento nas interfaces, em especial


para as aplicações MEC-MEF;

• testes com configurações mais complexas e diferentes propriedades


dielétricas dos materiais;

• implementação do modelo axi-simétrico, visando permitir a utilização do


programa em uma gama mais ampla de problemas elétricos;

• implementação do modelo para cálculo de campos magnetostáticos;

• implementação do modelo para propagação de ondas eletromagnéticas;

65
CAPÍTULO 8 - Referências Bibliográficas

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70
ZIENKIEWICZ, O. C., MORGAN, K., 1983, “Finite Elements and
Approximation”, NY, USA, John Wiley and Sons, Inc.

71
ANEXO 1 - ARQUIVOS DE ENTRADA DE DADOS

Na tabela A1 é apresentado o arquivo de distribuição de nós.

Tabela A1 – Formato do arquivo de distribuição de nós.

Arquivo com distribuição de nós - <nome-do-projeto>.DN


L Formato Tipo Descrição
0 A3, 3(A1,A8,A3,A27) tyPhenixID Identificação do Sistema
1 I12 LongInt número de curvas do arquivo
2 I12, 1X, 2I5, 1X, I12, LongInt, 2 Byte, nome da curva, tipo, subtipo, no de nós, tipo de distribuição,
1X, I5, 1X, I12, 1X, LongInt, Byte, número de pontos de concentração, razão,tipo de elemento
E24,1X, I12 LongInt, Extended
3 3(E24,1X) 2 Extended lista com X e Y dos nós da curva e distância ao nó anterior
4 Se existirem pontos de concentração
5 1X, E24 Extended Distância em relação ao ponto inicial (ordenados)

Na tabela A2 é apresentado o arquivo de dados das sub-regiões.

Tabela A2 – Formato do arquivo de sub-regiões.

Arquivo com Sub-regiões - <nome-do-projeto>.SD


L Formato Tipo Descrição
0 A3, 3(A1,A8,A3,A27) tyPhenixID Identificação do Sistema
1 I12 LongInt no de sub-regiões(SB)
2 3(I12, 1X) 3 LongInt no da SB, no de curvas, no de SB internas1
3 I12 LongInt lista de curvas2 (nomes de curvas)
4 I12 LongInt lista das SB internas
(1) Apenas 1 nível, o interno a este não conta.
(2) O nome das curvas é acompanhado de um sinal indicando o sentido de percurso da curva para uma orientação anti-horária do SD ao
qual ela pertence. Por exemplo: nome positivo a curva é percorrida no sentido de P1 para P2.

72
Na tabela A3 é apresentado o arquivo de característica dos materiais. A opção válida
para esta versão do programa se restringe a materiais lineares, código do material = 1.

Tabela A3 – Formato do arquivo de materiais.

Arquivo de materiais - <nome-do-projeto>.DM1


L Formato Tipo Descrição
0 A3, 3(A1,A8,A3,A27) tyPhenixID Identificação do Sistema
1 I12 Word no de subdomínios, no de subdomínios especiais3
2 5(I12, 1X), A40 5 Word, String[30] no do subdomínio, código do material1, código de
k (eletrostática) ou µ (magnetostática), código de σ, nome
do material.
Obs.: se código do material = 0 só existirá o registro #10
3 2(1X, E24) 2 Extended fonte de carga q (eletrostática) ou densidade de corrente j
(magnetostática)
4 depende do tipo de k ou µ :
1X, E24 Extended 1 – valor (linear)
4(1X, E24) 4 Extended 2 – INRIA: µ(α1,α2α3α4)
⎯ Integer 3 a 20 – não usado
3I10, 1X, A12 Word,2LongInt,Str12 21 – Tabela: tipo, número de linhas, Identificação, título
I5,1X,I10,1X,A30, Byte,Word,2String 31 – Função2: tipo, no de linhas sintaxe, nome,
A80 parâmetros
5 2c(1X, E24) 2c Extended Tabela tipo : limites inferior e superior de cada coluna (c)
A255 String Função: expressão (sintaxe válida no Pascal – sem“;”)2
6 Tabela tipo :
3(1X, E24) 3 Extended 3 – X, Y, valor
4(1X, E24) 4 Extended 5 – X, Y, valor da direção X, valor na direção Y
7 depende do tipo de σ :
1X, E24 Extended 1 – valor (linear)
⎯ Integer 2 a 20 - não usado
3I10, 1X, A12 Word,2LongInt,Str12 21 – Tabela: tipo, número de linhas, Identificação, título
I5,1X,I10,1X,A30, Byte,Word,2String 31 – Função2: tipo, no de linhas sintaxe, nome,
A80 parâmetros
8 2c(1X, E24) 2c Extended Tabela tipo : limites inferior e superior de cada coluna (c)
A255 String Função: expressão (sintaxe válida no Pascal – sem“;”)2
9 Tabela tipo :
3(1X, E24) 3 Extended 3 – X, Y, valor
4(1X, E24) 4 Extended 5 – X, Y, valor da direção X, valor na direção Y
10 A4 String[4] ‘&&&’ final da c.c. da curva, ‘//**’ final do arquivo3
(3) – No caso de existirem subdomínios especiais, criados pela edição manual da malha, após a marca de final de arquivo ‘//**’ segue a
descrição destes conforme os registros #2 ao #10

Na tabela A4 é apresentado o arquivo de condições de contorno. A opção válida para


esta versão do programa, para o tipo de condição de contorno, se restringe ao potencial
e campo elétrico constantes, códigos 70 e 80 respectivamente.

73
Tabela A3 – Formato do arquivo de condições de contorno.

Arquivo com condições no contorno - <nome-do-projeto>.CC1


L Formato Tipo Descrição
0 A3, 3(A1,A8,A3,A27) tyPhenixID Identificação do Sistema
1 I12,1X,I5 LongInt, Byte número de curvas do arquivo, C.C. completas - 0 = FALSE.
2 I12, 1X, I12, 1X, LongInt, Integer, Byte, nome da curva, código da condição de contorno, local onde
I12,1X,A80 Str80 esta a c.c. – 0)local, 1)outro arq. formatado, 2)outro arq. de
formato livre com separador espaço em branco, não sendo
permitido p/ funções, Formato (local da c.c. ≠ 0)
3 Depende do tipo de condição de contorno (CC) :
⎯ ⎯ 0 – sem CC, os registros #3, #4 e #5 não existem
⎯ ⎯ 110 – ∉ ao contorno – “contenção de malha”
A80 String[80] nome e endereço do arquivo – no caso de: local da c.c. ≠ 0
Dirichlet (1 a 10, 70):
2(1X, E24) 2 Extended 1 – potencial e ângulo3 de fase
3I10, 1X, A12 Word,2LongInt,Str12 2 – Tabela: tipo, número de linhas, Identificação, título
I5,1X,I10,1X,A30, A80 Byte,Word,2String 3 – Função1: tipo, no de linhas sintaxe, nome, parâmetros
⎯ ⎯ 4 a 10 – não usado
1X, E24 Extended 70 – potencial constante
Neuman (11 a 20, 80):
2(1X, E24) 2 Extended 11 – fluxo e ângulo3 de fase
3I10, 1X, A12 Word,2LongInt,Str12 12 – Tabela: tipo, número de linhas, Identificação, título
I5,1X,I10,1X,A30, A80 Byte,Word,2String 13 – Função1: tipo, no de linhas sintaxe, nome, parâmetros
⎯ ⎯ 14 a 20 – não usado
1X, E24 Extended 80 – fluxo constante
Película de resistividade (21 a 30):
1X, E24 Extended 21 – película com resistividade (poluição)
3I10, 1X, A12 Word,2LongInt,Str12 22 – Tabela: tipo, número de linhas, Identificação, título
I5,1X,I10,1X,A30, A80 Byte,Word,2String 23 – Função1: tipo, no de linhas sintaxe, nome, parâmetros
⎯ ⎯ 24 a 30 – não usado
Película de carga (31 a 40):
1X, E24 Extended 31 – película de carga
3I10, 1X, A12 Word,2LongInt,Str12 32 – Tabela: tipo, número de linhas, Identificação, título
I5,1X,I10,1X,A30, A80 Byte,Word,2String 33 – Função1: tipo, no de linhas sintaxe, nome, parâmetros
⎯ ⎯ 34 a 40 – não usado
I12 LongInt 50 – Condições periódicas / anti-periódicas : nome da
curva correspondente, o sinal indica o sentido de
correspondência dos nós
I12 LongInt 100 – Eletrodos de potencial flutuante: número do
eletrodo flutuante. Todas as curvas que pertencem ao
eletrodo terão este número de eletrodo.
4 2c(1X, E24) 2c Extended Tabela tipo : limites inferior e superior de cada coluna (c)
A255 String Função: expressão (sintaxe válida no Pascal – sem“;”)2
5 Tabela tipo :
2(1X, E24) 2 Extended 1 – distância ao inicio da curva, valor
3(1X, E24) 3 Extended 2 – distância ao inicio da curva, valor e âgulo3
3(1X, E24) 3 Extended 3 – X,Y, valor
4(1X, E24) 4 Extended 4 – X,Y valor e âgulo3
6 A4 String[4] ‘&&&’ final da c.c. da curva, ‘//**’ final do arquivo
(1) no caso de intercâmbio de arquivos para estudos com modelos físicos diferentes os valores dos ângulos elétricos serão considerados
iguais a zero graus se necessários no modelo físico e não existirem no arquivo ou desprezados na situação inversa.

74
ANEXO 2 - TRANSFORMAÇÃO DE TELLES

Neste trabalho foi implementado o esquema proposto por Telles, item 4.4, em conjunto
com a quadratura de Gauss, para resolver as integrais quase-singulares que aparecem no
processo de integração do MEC. Neste anexo é apresentado, de forma resumida, a
formulação da transformação de Telles.

O objetivo é de aumentar a concentração de pontos de Gauss na região do elemento


mais próxima ao ponto de singularidade. Para isto foi definida uma transformação das
coordenadas naturais do elemento (η ) para uma nova coordenada ( γ ) através de um
polinômio o terceiro grau e seu jacobiano,

η (γ ) = aγ 3 + b γ 2 + cγ + d (A2.1)

G (γ ) = 3 aγ 2 + 2 b γ + cγ (A2.2)

onde, a, b, c e d são parâmetros dependentes da relação (D) entre a distância D1 entre o


ponto fonte e o ponto campo e o comprimento do elemento D2.


a = (1 − r ) / Q
− −
b = −3(1 − r ) γ / Q
− −
c = (r + 3γ 2 )/ Q (A2.3)
d = −b

Q = 1 + 3γ 2

_ _ _
Onde γ é tal que η (γ ) = η , calculado por,

75
_
_
[ ] [
γ = 3 − q + 2 (q 2 + p 3 + 3 − q − 2 (q 2 + p 3 + ] η
_
(A2.4)
1+ 2 r

⎡⎛ _
_ ⎞

⎢⎜ 3 ⎟ _⎥
2η ⎟
⎢⎜η ⎛⎜ 3 − 2 r ⎞⎟ −
1 _ _
1
q= −η ⎥ (A2.5)
_
⎢⎜ ⎝ ⎠
_ ⎟ _

2(1 + 2 r ) ⎜ 1 + 2 r ⎟ 2(1 + 2 r )
⎢⎝ ⎠ ⎥
⎣ ⎦

1 ⎡ _ _ _

p= _ ⎢
4 r (1 − r ) + 3(1 − η 2
)⎥ (A2.6)
3(1 + 2 r ) ⎣ ⎦

onde
_
r depende da D:

_
r=0 se 0,0 ≤ D < 0.05
_
r = 0,85 + 0,24 ln(D) se ,05 ≤ D < 1,3
_
(A2.7)
r = 0.893 + 0,0832 ln(D) se 1,3 ≤ D < 3,618
_
r =1 se 3,618 ≤ D

E finalmente os coeficientes de influência indicados em (4.19) são agora obtidos.

NG
h ek (ξ ) = ∑ Pg* (ξ )( N k ) g ( J e ) g G Wg
g =1
NG
(A2.8)
g ek (ξ ) = ∑ U *g (ξ )( N k ) g ( J e ) g G Wg
g =1

76

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