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Issa Caimo Adremane

RESUMO

A LIBERDADE DO NEOLIBERALISMO – LEITURA CRITICA

José P. Castiano

Universidade Rovuma

Nampula

2019
Capitulo I

O presente resumo extraído da obra intitulada Liberdade do Neoliberalismo, do autor José


Castiano publicado no ano de 2018. O autor procura desmistificar os fundamentos da
liberdade na época neoliberal Deste modo para o autor o neoliberalismo não é uma nova
liberdade, mais sim, é uma forma de os grandes países capitalistas poderem exportar os seus
capitais. Nessa perspectiva Castiano considera o neoliberalismo um desses mitos que se
instalou no debate público moçambicano devido a sua suposta “mustruosidade”. Neste
primeiro capitulo Castiano procura explicar o surgimento do neoliberalismo.

De acordo com José Marti citado pelo autor (2018), este considera que existem dois processos
que caracterizam o surgimento do considerado “Mostro” o neoliberalismo. O primeiro foi o
aparecimento do homoeconomicus, nos finais do sec XIX, em que a questão ligada a
economia torna-se o ponto fulcral, e o segundo processo que caracteriza o surgimento do
neoliberalismo foi o aparecimento do Big Brother que consistia na mundialização das redes
sociais através da navegação Web, com este processo surgem novos espaços públicos, a
reconfiguração, assim como o aparecimento de utopias.

No entanto estes dois processos, de aparecimento dos homoeconomicus e o Big Brother


tiveram o que o autor chamou de dessubjectivação, ou seja, o desaparecimento contínuo do
sujeito histórico – revolucionário do engajamento social, lutas.

Todavia a radicalização do conceito geral liberdade numa liberdade específica económica


pelo neoliberalismo decorre em duas perspectivas segundo Castiano (2018:20), primeiro por
via da individualização do sujeito da liberdade, ao cidadão individual não se deve tocar por
estar investido de mais direitos que deveres perante a sociedade. O neoliberalismo para
Castiano põe o indivíduo como exclusivo portador da liberdade.

A segunda perspectiva da radicalização reside no facto de os clássicos do neoliberalismo,


eventualmente mais no caso de Friedman do que Hayek, terem fundamentado quase com um
fundamentalismo politico, a liberdade individual a partir d a liberdade económica e a
intocabilidade da propriedade privada.

Entretanto, o autor diz que a liberdade económica deixou de ser somente a liberdade
fundamental e o alicerce de outros tipos de liberdades. Para a sua defesa passar a ser quase a
única razão de ser do Estado moderno.
Castiano no seio das suas abordagens, argumenta dizendo que, quando chega-se ao ponto de
conhecer a defesa da liberdade económica como o fundamento principal da razão do Estado
moderno, abandonando-se o campo da economia politica pura para entrar no campo da
filosofia politica e social.

Por tanto, para Castiano a questão do direito neoliberal de cariz alemão nos países africanos,
teria um preço que nossos políticos, na sua maioria, estavam poucos dispostos a pagar, razão
pela qual segundo o autor o neoliberalismo trouxe paradigma da problematização total do
papel, funções e ate mesmo da essência do estado moderno em África.

Segunda perspectiva da radicalização ela reside no facto de que os clássicos do neoliberalismo


terem procurado fundamentos, com um fundamentalismo político, isto é a liberdade
individual a partir da liberdade económica e a intocabilidade de propriedades privadas. De
acordo com Hayek a liberdade ou falta de liberdade do indivíduo elas não dependem de gama
de escolha, mas sim liberdade de determinar a conduta ou com a sua pretensões correntes de
existência de alguns cujo poder que permite manipular a sua condição a modo de impor a sua
vontade.

Em virtude dos factos mencionados pôde perceber que, o neoliberalismo surge num contexto
em que a questão de liberdade era o ponto de reflexão, uma vez que a economia de um
determinado país o Estado tinha que intervir, já com esse processo de neoliberalismo o Estado
passa a ter pouca interferência nos assuntos referentes a economia, ou seja a economia tinha
que ser liberalizada e que o Estado devia somente olhar as questões sociais. E o
neoliberalismo enquanto teoria substitui a teoria crítica, porque de certa forma poderia torna-
se negativa, os Estados africanos passaram a ser avaliados por critérios do neoliberalismo na
sua versão africana, quer dizer a forma como é encarada ou olhada a economia e finanças e
como também tratam os cidadãos de classe média, de empresários passou a ser a forma como
são tomadas as decisões políticas dos Estados africanos.
Capitulo II

Neste II capítulo da sua obra Liberdade do Neoliberalismo, Castiano procura compreender a


as questões ligadas ao mau debate versus bom debate sobre o neoliberalismo. Visto que, tem
se discutido em torno desta problemática nos dias actuais. O neoliberalismo quebrou a
questão política da divisão entre a esquerda e a direita para a questão económica entre
devedores e credores.

Em princípio o autor traz o debate sobre o dinheiro (economia), em que encontra duas
categorias ou chaves de abordagem ou questionamento. A primeira chama de chave restrita e
a segunda por chave ampla. A chave restrita corresponde a questões ligadas a regulação da
economia, ao papel do Estado na economia, que são a protecção social, ao direito ao trabalho,
e finalmente as questões da redistribuição da riqueza social e privada, estes pontos segundo o
autor encontram-se na agenda neoliberal.

É evidente que a nossa situação económica em Moçambique de acordo com Castiano


(2018:36), obriga-nos a entrar nas discussões sobre a economia através de duas perspectivas.
Uma primeira, que o autor considerou por um mau debate ou seja má economia, oprime o
público exceptuando os próprios economistas, porque por ser um mau debate, remete-nos nas
ideias de números, com gráficos, com taxas de crescimento de sobrevalorização ou inflação
da moeda e outros números e dados complicados para uma pessoa comum.

Ora, de acordo com Castiano (2018:37), para que o indivíduo participe neste amplo debate
sobre a boa economia, o indivíduo precisa de gostar de manusear e manipular os números e os
dados estatísticos fornecidos pela economia e por instituições financeiras, os bancos e por
instituições financeiras. Para isso é necessário que o indivíduo possa sair do debate puramente
economicista ao qual o neoliberalismo parece ter prende-los.

Todavia, no bom debate (ou boa economia), que o autor considera a chave ampla para
penetrar no mundo da economia, discutem-se ideias sobre as instituições económicas
existentes e como influenciam na realização da felicidade, paz e harmonia entre os
moçambicanos, africanos e entre as pessoas do mundo no geral.

De acordo com Castiano o debate é bom porque nele discute-se o dinheiro a financeirização
pública e toda a economia a partir de uma perspectiva social. De providência das necessidades
básicas dos moçambicanos e manutenção da paz social (igualdade conjugada com a
equidade). Desta forma trata-se de um debate em que procura entender-se como a economia
de Moçambique nos facilita o acesso de forma igual e equitativa, por exemplo: a água, com
ela nos facilita o acesso a habitação, a uma educação para todos. Em suma trata-se de um
debate democrático que nos levaria a uma perspectiva crítica ao modo como se conduz a
economia.

Nas palavras do autor (2018:38), este bom debate que nos falta, haveria de abrir o dinheiro, as
finanças e a economia a um debate realmente democrático, onde todos os participantes
entendem sobre o assunto e sobretudo, estão medianamente e razoavelmente informados
sobre os dados em jogo.

Portanto, temos em nosso poder duas opções para debater a questão da economia: uma é
deixarmo-nos afogar no dilúvio de números esgrimidos pelos economicistas liberais, e a outra
é debatermos a economia em função daquilo que são os projectos de utopias disponíveis na
sociedade moçambicana e no continente africano. O que os economistas chamam de
financeirização.

O autor Castiano cita o Filosofo Severino Ngoenha, que segundo o qual, o neoliberalismo é
ultraliberalismo por razões que podem ler por se mesmo. Todavia, podemos especular que a
razão principal seja, ele não vê no neoliberalismo uma nova fundamentação da liberdade no
contexto a anti – servidão, senão porque, ultrapassa o liberalismo enquanto defesa da
liberdade individual.

Em jeito de conclusão pôde perceber que, nos dias actuais nos sistemas de educação de
Moçambique, desde a escola primária ate ao ensino universitário, não tratam sobre a questão
do “dinheiro”. Quer dizer falar de dinheiro parece ser algo difícil, mesmo com a própria
família. O outro assunto não abordado no nosso sistema de educação e a morte. Razão pela
qual, quando fala-se desses dois termos fica parece um tabu. Portanto o dinheiro deveria ser
levado muito em consideração nos assuntos referentes a educação, para que haja o
desenvolvimento de conhecimento. No diz respeito ao bom debate, é importante que sejam
extensos os conhecimentos relativos a economia e o capitalismo para desenvolvimento do
país, só assim é que iremos notar a transformação ou a mudança das ideias referentes ao
sistema neoliberal.
Capitulo III

Neste III capítulo da sua obra Liberdade do Neoliberalismo, Castiano aborda sobre Hayek e o
perigo do retorno a servidão, o autor procura analisar o próprio significado de liberdade e o
neoliberalismo, para tal o autor cita na sua obra o economista Friendrich Hayek também
considerado um dos pais do neoliberalismo que na qual reflecte sobre a economia num
contexto social.

De acordo com Castiano, Hayek escreveu o livro o caminho para servidão em 1944, a
essência do livro reside no facto de persistir na defesa da liberdade individual. Ao longo das
abordagens Hayek considera a liberdade como ausência de coesão, ou seja a liberdade é o
estado no qual o homem não esta sujeito a coerção pela vontade arbitraria de outrem. Por
outra Hayek diz que a liberdade é a condição para que cada indivíduo possa assumir a sua
capacidade humana de escolher os seus próprios fins (ausência de coerção) sem que possa
sofrer pressão ou exigências.

No entanto, Hayek no seu terceiro livro intitulado lei legislação e liberdade, o autor apresenta
todos os seus pensamentos, inclusive sobre o neoliberalismo. Um dos primeiros conceitos foi
o de ordem espontânea e o segundo é o de organização. De acordo com Hayek aplica-se ao
conceito de organização por exemplo: aos sistemas socialistas nos quais, Hayek diz que os
indivíduos integram uma sociedade em que obedecem comando, seja por valores, ou leis. Na
ordem espontânea os indivíduos obedecem regras na organização os indivíduos obedecem
objectivos.

No entanto, o discurso sobre a servidão voluntária questiona-se se, de facto o homem, por
natureza é um ser para liberdade ou para a servidão. Se for para a liberdade, então o que lhe
faz submeter-se a servidão de forma voluntaria? Para a percepção desta questão cita-se La
Boétie, que segundo ele existem três espécies de tiranos: uns reinam pela eleição do povo,
outros pela força das armas, outros sucedendo os da sua raça. Os que chegam ao poder pelo
direito da guerra, portam-se como quem pisa terra conquistada, aqueles a quem o povo deu o
poder, geralmente transmitem aos seus filhos o poder que o povo lhe concedeu.

Hayek olha a liberdade como algo que possui um valor instrumental, que permite a criação da
riqueza material que se tornou característica distintiva das sociedades que preservaram a
mesma, portanto, a liberdade para ele tem um valor fundamental porque permite criação da
riqueza material no indivíduo que, de outra forma, sem essa liberdade não teria possibilidades
de criar. O mercado é o mecanismo de defesa, não só da liberdade, mas sobretudo, de
inovação da criatividade.

Todavia, Castiano diz que, os defensores da liberdade devem impedir que o Estado abuse dos
seus poderes ilimitados para limitar as liberdades, em particular a liberdade económica que é a
fundamental para Hayek. A liberdade económica só é possível em sociedades de ordem
espontânea, contrariamente ao que acontece nas sociedades de organização. É importante
ressaltar que nas sociedades espontânea os indivíduos só obedecem apenas a regras gerais de
boa conduta, que são iguais para todos, independentes das vontades particulares.

Castiano cita Elísio Macamo, quando o mesmo afirmava que, nós não precisamos negociar a
paz, mas precisamos de regras para conviver, porque elas é que determinam o resultado de
tudo. Macamo argumenta que, se há uma parte de moçambicanos que quer províncias
“autónomas” e outros não, nós não precisamos de entrar nesse debate, mas sim, definir as
regras, se por exemplos assumimos que devam existir as ditas “províncias autónomas”
defendidas pela Renamo, o mais importantes é saber quais as regras básicas para que
possamos continuar a viver como moçambicanos.

De acordo com Hayek, os socialistas acreditam em duas coisas que são absolutamente
diferentes e talvez ate contraditórias: por um lado, em terem liberdade (estarem livres), por
outro, em estarem a viver numa sociedade baseada em “organização”, e não numa baseada na
ordem espontânea. Os socialistas acreditam que os fins desta sociedade organizada são a
justiça social, a igualdade e a segurança social.

Portanto na minha compreensão do argumento de Castiano assim como Hayek em torno da


Liberdade e a servidão, percebi que, a causa de sermos servis não só esta ligado nos assuntos
referentes ao capitalismo, mas também somos ainda servis por causa dos nossos hábitos assim
como costumes que de certa forma nos identifica, do mesmo jeito que ainda somos servis
porque somos cobardes, olhamos falhas nos nossos governantes e não falamos nada por medo,
e continuaremos a ser servis porque o tirano possui artimanhas para dominar os outros.
Percebi que a palavra liberdade é enganadora, fala-se de uma liberdade colectiva como algo
“novo”, é enganador, de facto quando se fala de liberdade colectiva quer dizer-se liberdades
sem limites somente para os membros da burocracia estatal e não exactamente para a maioria
das pessoas.
Capitulo IV

Neste IV Capitulo do livro Liberdade de Neoliberalismo, Castiano fala-nos de C . Em torno


do tópico o autor supracitado considera que o dinheiro é um assunto demasiado serio para ser
deixado aos homens dos bancos centrais. Friedman apresentava que as posições
aparentemente impopulares, uma delas, que provocou-lhe discórdias nos Estados Unidos, é o
princípio seguinte que gostava de anunciar nas suas palestras: os sistemas só trabalham bem
quando os interesses do Governo são menos, ou seja, quanto em menos esferas da sociedade
um governo intervir, melhor funciona esse sistema social.

A sua primeira grande influência deveu-se aos rastos que ele deixou no sistema financeiro
americano, ele propôs em 1941, quando tinha apenas 29 anos e trabalhava no departamento de
finanças, um sistema revolucionário de pagamentos de impostos, para a época. Naquela altura
os americanos pagavam os seus impostos correspondentes ao ano anterior uma vez por ano,
em Março, em 1941 estava-se em plena na segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos
queriam financiar essa guerra e não tinham dinheiro, então, Milton tem uma “brilhante ideia
que consistiu em ajudar a desenhar um sistema de imposto que cobrava antes do ano começar.

O objectivo era amealhar rapidamente dinheiro para que o Governo pudesse pagar a sua
entrada na guerra, portanto, em vez de pagar depois, Milton desenhou um sistema em que
pagava-se os impostos antes, o dinheiro passou a ser deduzido directamente do salário.

Friedman fala-nos de sistema monetário mundial, e neste sentido quando estuda os impostos
do Governo cai numa grande surpresa, o Governo americano retirava 48% do salário. E é
assim que ele começa a interrogar-se qual é a diferença com o pais socialista que
declaradamente diz, como era o caso da Jugoslávia, que retirava 46% porque o Estado detinha
os meios de produção ou as fabricas? Ele chega a conclusão que, metade do salário paga
impostos, ou seja, seis dos doze meses o cidadão trabalha para o Estado. Começam a pensar
na possibilidade de mudar essa realidade, e a questão que se colocava a si mesmo era: como é
que posso maximizar a liberdade do cidadão a partir de mudanças económicas? Isto é como
posso mudar a politica por via da economia?

Milton aborda a questão da relação entre o Estado e a Liberdade. Neste sentido encontra duas
razões para abordar esse tema, primeira razão que ele chama por “razão preventiva” para
defender a liberdade, reside no facto de que as esferas de actuação do próprio Estado devem
ser reduzidas ao máximo.Por outras palavras, e este é um axioma que podemos assim
formular, para nos defendermos a liberdade do individuo o Estado deve ser o mínimo
possível. Reduzindo a que? A manter a lei e a ordem, a fazer cumprir os contratos privados
referidos não só entre indivíduos mas também entre corporações e empresas.

A segunda Friedman chama “razão construtiva” e esta é civilizacional, quer dizer, é só através
do Estado que os avanços civilizacionais podem ser benéficos e realizáveis para cada cidadão.
E aqui contam os avanços na arquitectura, na ciência, na literatura, na tecnologia, na industria,
esta é a razão principal para o cidadão ligar-se ao Estado, nomeadamente ara ser-lhes possível
beneficiar-se dos avanços nestas áreas.

No que se refere a intervenção do Estado na educação das crianças, Friedman sustenta ser um
caso difícil por decidir. Friedman acredita os pais em geral podem fazer melhor aos seus
filhos se cuidarem da sua transformacao em indivíduos responsáveis para quem a liberdade é
apropriada, porem, não acredita na liberdade dos pais em disporem como quiserem com as
outras pessoas, mesmos que sejam filhos. Estes tem valor de liberdade próprios, não são uma
simples extensão da liberdade dos pais, e aqui é um caso difícil balançar ate onde vai a
liberdade dos pais sobre os filhos e onde começa a liberdade dos filhos de decidirem por se
próprios. Ou seja, os pais não podem usar a sua liberdade para decidirem pelos filhos, sem
respeitarem a liberdade dos filhos.

Em jeito conclusivo, percebi que, o poder do Estado não pode ser concentrado somente
porque podemos partir da perspectiva de que o Estado é para o bem – estar do cidadão. O
mesmo poder que nos entregamos ao Estado, “para o bem – estar” pode ser também usado no
seu contrário, fazer o mal e, para não cairmos nesta possibilidade de nos conduzir ao mal, o
poder do Estado deve ser não só diminuído, senão também descentralizado ao máximo. Esta é
uma razão “preventiva” no sentido de garantir a preservação da liberdade prevenindo a
possibilidade do poder do Estado vir a ser usado para o “mal” ou simplesmente mal usado. De
acordo com Friedman o Estado não deve cuidar da educação por duas razões: o primeiro pelos
efeitos de vizinhança sobre os quais falamos acima, ou seja as circunstâncias em que acções
de indivíduos infligem custos significativos aos outros indivíduos pelas quais não se pode
obrigar a compensa-los de volta, a sociedade, por via dos pais, não pode obrigar a compensa-
los de volta, a sociedade, por vias dos pais, não podem exigir o pagamento que gastam pelos
filhos na educação. O segundo é o paternalismo do Estado, ou seja os pais serem responsáveis
de si mesmos no processo de educacional.
Capitulo V

Neste V capítulo, o autor aborda sobre Foucault o Neoliberalismo enquanto uma teoria crítica
(biopolitica). Castiano no seio das abordagens deste capítulo procura fazer uma leitura crítica
sobre o neoliberalismo proposto por Foucault.

Uma vez que Foucault foi um dos primeiros a analisar o neoliberalismo a partir de uma
perspectiva filosófica no contexto sobre do debate sobre a pós – modernidade. O próprio
Foucault no resumo das suas aulas, refere-se que biopolitica é a maneira como, a partir do
século XVII, se tentou racionalizar os problemas criados a prática governamental pelos
fenómenos específicos dos seres vivos, isto é, pela população, saúde, higiene, natalidade,
longevidade, trabalho, emprego, raça. Estes fenómenos levaram os governos a elaborarem
políticas públicas e sociais para os resolverem. Enfim biopolitica.

De acordo com Foucalt citado por Castiano, ao longo do século XVI a Europa assistiu a
constituição, no seu seio, de uma nova racionalidade do Estado, este, o Estado passa a ser
autónomo, ou, mais exactamente, uma realidade autónoma e especifica, fora da sua sociedade.
Autónoma e especifica porque deixa de se justificar por um Deus ou por uma natureza fora
dele mesmo. Esta nova racionalidade do Estado permitiu que ele desenvolvesse também
novas formas de governar, o mercantilismo como forma de organização da produção e
consumo; o policiamento como forma de regulação interna de um país segundo o modelo
“cidade”; e a diplomacia militar para manter o equilíbrio e a soberania do território com o
exterior.

Desta forma segundo Foucault, o Estado autolimita-se para o exterior num jogo de equilíbrios
e não se limita para o interior para constituir-se num Polizeistaat, ou seja, num Estado –
Policia para poder estar em condições e ser capaz de regular tudo o que se encontra no seu
interior, especialmente a população, as terras e as suas relações.

Todavia, com o desenvolvimento económico dos países europeus, o que se passava no


mercado, passou a ser directamente do interesse público, portanto da “política”. Assim,
casam-se a economia e a politica nascendo a sua filha “economia política”. Alias, aos poucos,
a política passou a ser não muito mais do que a política para o mercado. O Direito vai
deixando assim de ser uma instância crítica para outorgar esse papel a Economia Politica. Esta
é uma “descoberta” especial de Foucault n’O Nascimento da Biopolitica. É o “nascimento”
em si deste conceito, economia política, ou biopolitica no seu sentido filosófico.
Foucault aponta cinco razões pelas quais considera que a economia política torna-se a
instância crítica à acção governamental, portanto crucial para a governamentabilidade. A
primeira razão: não se trata, desta vez, de uma limitação “ de direito”, senão “de facto”; ou
seja, um governo que ignorasse o que acontece no mercado, o que dele emerge como
sugestões para melhor governa-se, como linhas de gestão, não faria o que aos olhos do
público e da sociedade civil seria conveniente. Por isso correria o risco de se deslegitimar a si
próprio.

A segunda razão: sendo esta limitação “de facto também é, por isso mesmo, geral, pois não se
trata apenas de conselhos de prudência que saiem do mercado sobre o que deve ou não ser
feito pelo Soberano – assim o era o caso do Direito ou da Igreja como limitante do seu poder.
Desta vez trata-se de intervir na regulamentação interna do Estado (vai se para alem de uma
regulamentação apenas para o Estado).

A terceira razão, com a economia política, os princípios que orientam a organização social
dos países são estabelecidos já não indo busca-los num Deus ou uma moralidade e Direito
específicos, senão do mercado, nem Deus, nem as escrituras divinas, nem o cidadão, a razão
Governamental faz os cálculos e traça os seus próprios limites com base nos princípios desta
nesta nova instância, a economia.

A quarta razão: com o mercado, a divisão que se faz na função governamental já não é entre o
que se deve fazer e o que se deve deixar fazer e nem em função do súbdito, o mercado
simplesmente não distingue os súbditos.

Chegado a este ponto final, concluo que a grande transformação que o neoliberalismo provoca
é a própria concepção da liberdade. Ela já não é considerada a partir de uma posição
longínqua que se vai realizando aos poucos, a liberdade passa a ser uma relação actual, entre
os governantes e governados, entre o Estado e os seus cidadãos na esfera económica. A
principal funcao do Estado de Direito, e que explica o seu surgimento, é a necessidade de
eliminar a tendência aglutinadora da economia de mercado que resultaria na formação de
monopólios , estes estariam longe de ser uma economia em defesa do cidadão sem posses.
Percebi que o governo deve ocupar da Politica da sociedade e não de cada indivíduo em
particular.
Capitulo VI

Neste VI capitulo o autor remete-nos nas abordagens referentes a Psicopolitica: Diagnostico


do tempo Neoliberal de Byung – Chu Han. O autor procura analisar a partir da psicopolitica,
como é que as novas tecnologias transformaram e ainda continuam a transformar o nosso
mundo e a questão da noção da liberdade.

Segundo Chu Han a nova condição neoliberal da liberdade pode ser explicada somente pela
psicopolitica (e não pela biopolitica). Porque o que esta no pensamento de Byung – Chu Han,
é o facto de começar por constatar que na sociedade neoliberal há crise da liberdade.

Segundo Chul Han, a liberdade já não é liberdade, embora aparente sê-lo. O “eu” como
projecto – que devido as “luzes” (iluminismo) na modernidade e na interpretação dos
primeiros liberais – ter-se-ia libertado das coações externas pré – modernas medievais
(absolutismo, moral crista, servidão).

De acordo com Castiano a liberdade é haver menos intervenção e coerção do Estado, menos
força externa, deixar o indivíduo livre, já segundo Chul Han, a característica principal é que
essas coações e coerções são produzidas internamente pelo próprio sujeito. O sujeito coage-se
a si mesmo, por formas que, se ele quer lutar pela sua liberdade, tem que vencer as coações e
coerções internas, tem que se vencer a si mesmo.

Byung – Chun Han explica-se melhor sobre a grande transformação que se opera no
neoliberalismo em relação a liberdade individual, é uma forma de escravatura na medida em
que o capital se apodera da sua própria proliferação. Para se produzir, o capital explora a
liberdade do individuo, na livre concorrência não são os indivíduos que se afirmam como
livres , mas o que se afirma como livre é o capital.

Na percepção de Castiano a essência do capitalismo primário permanece no neoliberalismo,


que é de manter a livre circulação do capital, condição para que ele se multiplique o que é
novo no neoliberalismo, porém, é que se da a impressão que esta liberdade esta incarnada no
sujeito individualmente.

O neoliberalismo, para retirar a liberdade ao individuo, segundo Byung –Chul Han, explora a
emoção, o jogo e a comunicação. Marx define termos de uma relação dentro de uma
colectividade e não como atributo individual.
No que tange a ditadura da transparência Han diz que a transparência que se exige hoje dos
políticos é tudo menos uma reivindicação política. A reivindicação da transparência pressupõe
a posição de um espectador que se escandaliza.

Segundo Byung – Chul Han, na sociedade neoliberal, a liberdade, se consubstancia em termos


do tempo, livre disponível, e de facto temos a possibilidade de termos muito tempo livre.
Porem, por causa da auto – fagocitação do homem, da auto – prisão e auto – coerção a que o
homem neoliberal sujeita-se a si próprio, esse vê-se obrigado utilizar o aparente “tempo
livre” para recuperar o trabalho que não fez em tempo útil. Então auto coage-se para voltar ao
trabalho no seu tempo livre.

A liberdade segundo Byung – Chul Han, já não tem gosto em si, é uma liberdade falsa que
acontece no neoliberalismo. Então, segundo Han, emerge uma ditadura da transparência. Han
diz que a presente crise da liberdade consiste em que estamos perante uma técnica de poder
que não nega ou submete a liberdade, mas antes a explora. Explora a própria liberdade. A
decisão livre é eliminada em favor da livre escolha entre as ofertas. Porque o poder oferece
facilidades.

Segundo Han o neoliberalismo introduz propositadamente as emoções para estimular a


comprar e engendrar a impressão de necessidades crescentes em cada consumidor. A
biopolitica baseia-se no poder disciplinar descobre a população como uma massa de produção
e reprodução.

Em jeito conclusivo percebo que, biopolitica segundo Han, desta feita a interpretar Foucault é
uma forma de governo numa sociedade disciplinar, mas e esse é o ponto crítico do Han,
Foucault não explora o psíquico. Por isso ele (Foucault) é totalmente inadequado para tomar-
lhe com uma possibilidade para uma interpretação adequada e suficientemente explicativa
sobre o neoliberalismo. Ou seja o elemento fundamental que ocorre no neoliberalismo, e que
já não é o corpo senão é a mente que é, no seu lugar, explorada, então toda analise
foucaultiana sobre o neoliberalismo despreza o elemento principal de exploração, a mente. O
principal elemento que Han acrescenta na análise sobre o neoliberalismo reside no facto de
destacar que este descobre a mente, a psique como uma forma produtiva para fundamentar a
exploração de homem pelo homem.
CAPITULO VII

Neste VII capítulo, o autor aborda sobre a Intercultura em Ngoenha: “Alternativa” ou nova
Fundamentação a critica Africana do Neoliberalismo? O autor procura trazer as ideias do
filósofo moçambicano Severino Ngoenha a partir da perspectiva que ele chamou por
intercultura.

Para Ngoenha, o aroma do tempo africano reside na interacção entre as culturas, estas marcam
as diferenças entre os homens, não temporais, mas de perspectivas de vida. Ngoenha baseia-se
n constatação, quase que evidente, de que as independências dos países africanos não
resultaram ainda em plenas liberdades, a razão do seu empenho crítico é almejar um contrato
social baseado em justiça como equidade e, de consequência, na separação lógica que faz
entre a independência (a liberdade – maior, quase que metafísica) e as liberdades (que se
historicisam).

Ngoenha compara o Estado algo como para dar mais força aos que estão naturalmente ou
socialmente desfavorecidos. Numa corrida desigual. Ngoenha diz que o Estado deve garantir
que os coxos, por não poderem correr, cheguem a meta e ainda apanhem o pedaço do bolo
que lhes corresponde. O Estado deve garantir a partilha e ate mesmo a comunhão do bem
público, diz Ngoenha roussemente falando. A sociedade de Rousseau é o povo samoriano em
Ngoenha.

No entanto, se Rousseau ainda aguardava uma revolução não somente contra o absolutismo
mas também contra o liberalismo (ambos i.e o absolutismo e o liberalismo, baseiam-se no
individualismo e na propriedade privada inimigos de Rousseau). Ngoenha trilha por uma via
mais reformista do contratualismo politico, social e cultural. Pois, na construção dos novos
estados africanos, estes devem necessariamente reencontrar-se com as culturas autóctones.

De facto, se o inimigo da igualdade social em Rousseau era o próprio liberalismo


individualista, o inimigo number one da liberdade do povo em Ngoenha é o neoliberalismo.
Ngoenha adapta e adapta a critica rousseauna ao absolutismo e ao devir liberal para o tempo e
o contexto da crítica ao neoliberalismo e ao devir de uma filosofia da interculturalidade.
Ngoenha foi o primeiro filósofo moçambicano a tornar o neoliberalismo num problema
filosófico usando a perspectiva que ele chama “intercultura”.
Para Ngoenha não é exactamente o horizonte temporal fixo e distintivo senão a condição
periférica a partir da qual os africanos atravessam as diferentes épocas (escravatura,
colonialismo, neocolonialismo, neoliberalismo).

Ngoenha ao reconceptualizar a condição libertária do africano a partir, desta vez, da condição


neoliberal do negro, transforma o neoliberalismo num problema filosófico. E diferentemente
de Hegel, não se trata aqui de um conceito – ruptura ou de busca de um auto – certificação do
interior dum novo tempo, mas sim de um continuum libertário.

Esta dimensão “futuro” na conceitualização ngoenhiana da liberdade permitir-lhe-á olhar a


intercultura como uma “alternativa” a governação neoliberal. É considerando esta dimensão
alternativa que ele afirma que a filosofia africana é intrinsecamente intercultural porque nasce
na e da sua confrontação com o Ocidente.

Na percepção de Castiano a intercultura se transforma num princípio distintivo não somente


da condição neoliberal, mas de toda uma criteriologia do pensamento e da acção libertários do
negro na história. Para Ngoenha a filosofia intercultural não seria mais uma a adicionar-se ao
catálogo de saberes, mas sim a única maneira possível de fazer filosofia no mundo. Desta
ideia, para Castiano retira-se que a intercultura deixa de ser apenas uma prerrogativa africana
para passar a ser um princípio legislador do que deve ser filosofia no mundo de hoje,
diríamos, nos tempos modernos. Não há uma outra forma e possibilidade de fazer filosofia
que no seja intercultural.

Em jeito conclusivo, percebi que, que a intercultura não tem nada haver com o encontro ente
os povos, mas com viragem dos rumos migratórios e a consequente necessidade que os
europeus sentem de protegerem as suas conquistas sociais. Para Ngoenha a interculturalidade
tem de ser vista e considerada como um avanço moral da humanidade, este autor no que ele
chama ultra – liberalismo, identificou dois tipos de intercultura, intra – muros; extra – muros,
intra – muros refere-se entre africanos e requer uma espécie de um contrato cultural entre eles,
o propósito deste contrato inter – cultural é a busca de alternativas ao tipo de governação
biopolitica, neoliberal, a extra – muros trata-se da relação Norte – Sul e para Ngoenha, trata-
se aqui de uma intercultura ocupada e preocupada em elaborar ou reformular critérios
universalmente validos para os problemas também universais.
CAPITULO VIII

Neste VIII capítulo, o autor aborda sobre a dessubjectivação do sujeito no Neoliberalismo,


onde de certa forma Castiano procura explicar sobre o neoliberalismo enquanto teoria e
praxis. E quanto praxis não deixa alternativas para alternativas, teoricamente, fez-nos
concentrar no seu objecto a liberdade, radicalizando-a na economia, o mesmo tempo como
consequência fez esquecer aos filósofos a busca e a fundamentação do seu sujeito histórico,
dessubjectivou o sujeito.

De acordo com Castiano os dois processos chave que levaram a condição neoliberal são: em
primeiro lugar, o neoliberalismo caracteriza-se pela emergência duma economia que se quer
livre da política originando, de consequência, a economia política enquanto disciplina
filosófica. Como resultado o mercado emergiu e desenvolveu-se, pouco a pouco, todavia com
sucesso, para o critério – mãe da vida política, social, e cultural.

Em segundo lugar, o neoliberalismo caracteriza-se pelo surgimento dum novo espaço publico
onde o cidadão, já não é mais aquele que emite o seu juízo e age publicamente no sentido
clássico, se não cada vez mais um internauta que se limita apenas à uma liberdade de opinião
vigiada e controlada.

Para Castiano, devido ao rápido desenvolvimento da internet criam-se diversificadas redes de


relações virtuais em torno de diferentes temas ou frentes de combate do sujeito, já não é a voz
directa que deveria coordenar a acção politica para um combate por um mundo melhor, mas
uma password que abre a porta para o like fazer-se mais um dado, não para fazer-se ouvir. Ao
mesmo tempo que a internet abre a possibilidade de conhecer tudo de acessar a todos os dados
disponíveis, abre-se também a possibilidade do seu contrário, a de ser conhecido vigiado
permanentemente pelo Big Brother.

O autor cita Hayek novamente, dizendo que o indivíduo deveria ser livre de qualquer coerção,
mais particularmente da coerção que pudesse ser exercida pelo Estado. Para ele a liberdade
assenta na possibilidade de cada indivíduo poder pensar, avaliar e escolher os seus próprios
fins. A liberdade permite a criação da riqueza material, esta que se tornara na sua óptica, a
característica distintiva das sociedades que souberam preservar a liberdade individual. Byung
Chul Han, na sua análise sobre o neoliberalismo segundo Castiano, parte do seguinte ponto
crucial, não basta que o neoliberalismo seja analisado a partir do mercado como critério de
veridicidade, há um outro fenómeno neoliberal, nomeadamente o dataismo que, por via das
tecnologias de informação, mudou por completo toda estrutura do liberalismo. Portanto, o
neoliberalismo não surge somente como consequência dos actores e interesses do mercado, e
nem lhe parece ser este um elemento fundamental para a compreensão do neoliberalismo.

As novas redes sociais tiram a possibilidade de a liberdade ser entendida como tempo livre,
no qual o sujeito não se encontra submetido a pressão de aumentar quase que infinitamente o
capital. A liberdade do neoliberalismo devido a este investimento massivo na psicopolitica,
deixa de ter a sua acepção original de decisão livre que o próprio individuo pode tomar em e
de que se ocupar.

Enquanto Byung – Chul Han e Foucalt centraram-se na analise do fenómeno neoliberal, uma
caminhada diferente foi feita pelo Ngoenha da Intercultura. Este contrariamente procura
oferecer uma alternativa de compreensão crítica do modelo de governação biopolitica a partir
de uma perspectiva do terceiro mundo, ou seja, a partir dos campeões de sofrimento. Para
além da pura interpretação do fenómeno, Ngoenha nos oferece, no fim do livro, também
possibilidades de acção, por via do sujeito intercultural, para opor-se as consequências
nefastas da mundialização do neoliberalismo, no caso concreto de Moçambique a partir dele.

Ngoenha cultiva, na Intercultura, o além duma pura interpretação acrescentando dimensão


sofredora (politica) e, por consequência disto, da acção virada para o futuro, isto é, para a
utopia. Este é importante aspecto a destacar-se em Ngoenha a ideia de que não há nenhuma
critica neoliberal que se possa fazer que passe por cima de uma grande parte da população que
mundial, pobre, ou que esteja a margem dos campeões do sofrimento.

Em jeito de conclusão percebi que, a interculturalidade encerra o sujeito africano numa


marcha continua cuja direcção não se sabe bem se é o futuro ou o seu passado ultrapassado.
Uma vez que a definição ngoenhiana da intercultura corre sobre uma base que,
historicamente, se tem tomada como óbvia, que é possível haver dialogo ente culturas
diferentes. O autor diz nos que existe uma possibilidade de duas culturas se influenciarem
umas as outras na forma como constroem as suas instituições de casamento, por exemplo ou
nos seus valores religiosos quando se encontram. Deste modo para o autor, ao longo dos
séculos tem sido esta a nossa história comum a de trocas culturais, mas isso para Ngoenha,
esta longe de considerar intercultural. Assim e ainda na óptica do autor, o que se idealiza
teoricamente constituir uma situação de dialogo intercultural, não passa de um diálogo
intersubjectivo.
Conclusão

Após a leitura minuciosa do livro pertencente ao José P. Castiano, referente a Liberdade do


Neoliberalismo – leituras críticas, percebe-se que, Castiano procura revelar a verdadeira
natureza dos fundamentos da liberdade na época neoliberal. Para tal construção de
desmistificação, Castiano faz um debate entre as ideias dos filósofos que abordaram as
questões ligadas a liberdade assim como o neoliberalismo, como espelho para interpretação e
percepção da realidade moçambicano.

Castiano considera neste seu belíssimo livro o neoliberalismo como sendo um desses mitos
que se instalou no debate público do nosso país (Moçambique). Uma vez que, olha-se o
neoliberalismo como sendo “monstruoso”. Todavia Castiano nos explica que vivemos num
contexto histórico neoliberal caracterizado pelo predomínio do económico sobre o político e
sobre o ético e ate sobre o direito.

Dessa forma, a questão económica tornou-se uma pressão reguladora e legitimadora da acção
política da governação, exemplo disso a diplomacia económica. E da acção moral, ou seja
pelo dinheiro podemos fazer tudo.

As abordagens referentes a psicopolitica, destacam-se aqui o aparecimento de novos espaços


públicos, a reconfiguração dos espaços da liberdade individual assim como o aparecimento de
utopias. Esta encruzilhada é o produto do desenvolvimento significativo das novas
tecnologias que não só encurtaram a distância entre os homens, trazendo novos espaços
públicos, a midia, facebook, whatssap, e também a mistura do público e privado devido aos
efeitos do Big Brother.

Em suma, no que se refere a questão económica versus a escola, Castiano, nos remete a ideia
de que nos sistemas de educação de Moçambique, desde a escola primária ate ao ensino
universitário, não tratam sobre a questão do “dinheiro”. Quer dizer falar de dinheiro parece
ser algo difícil, mesmo com a própria família. O outro assunto não abordado no nosso sistema
de educação e a morte. Razão pela qual, quando fala-se desses dois termos fica parece um
tabu. Portanto o dinheiro deveria ser levado muito em consideração nos assuntos referentes a
educação, para que haja o desenvolvimento de conhecimento, é importante que sejam
extensos os conhecimentos relativos a economia e o capitalismo para desenvolvimento do
país, só assim é que iremos notar a transformação ou a mudança das ideias referentes ao
sistema neoliberal.

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