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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
________________________________________________________________
Profa. Msc. Ilaine Aparecida Pagliarini
Orientador / Instituto de Direito – Universidade Federal de Roraima
________________________________________________________________
Prof. André Paulo dos Santos Pereira
Universidade Federal de Roraima / Curso de Direito
________________________________________________________________
Profa. Denise Meneses Gomes
Universidade Federal de Roraima / Curso de Direito
Mulher da Vida/ Minha irmã/ De todos os
tempos/ De todos os povos/ De todas as
latitudes/ Ela vem do fundo imemorial das
idades/ E carrega a carga pesada/ Dos
mais torpes sinônimos/ Apelidos e ápodos:
Mulher da zona/ Mulher da rua/ Mulher
perdida/ Mulher à-toa/ Mulher da Vida,
minha irmã/ Pisadas, espezinhadas,
ameaçadas/ Desprotegidas e exploradas/
Ignoradas da Lei, da justiça e do direito.
This study aims to analyze the 11.104 law of March 9, 2015, which criminalized the
conduct of feminicide, framing it as aggravated homicide and including a new list of
upper bounds to the Brazilian Criminal Code, and to examine the need of the feminicide
law by data on the murder of women in the state of Roraima, extracted from the 2015
Violence Map, and emblematic cases of murder of women by gender in five
municipalities of Roraima. Therefore, it uses a qualitative methodology, exploratory,
bibliographical and documentary. First, we analyze the concept of gender violence,
which is considered a synonym for violence against women, as they are its greatest
victims, and how the patriarchal culture served to legitimize this kind of violence, in an
inferiorization process of woman at the male figure, going through an approach of
national and international laws to combat gender violence. Then, we study femicide
crime on point, starting from the analysis of its typical requirements and changes in the
Brazilian Criminal Code. At the end, this study talks about the alarming data on the
Map of Violence 2015 Murder of women in Brazil, where Roraima figure as the first
place in the country as the state wich deaths of women by gender most grow, and
some outstanding cases at the state level.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09
1 VIOLÊNCIA DE GÊNERO.......................................................................................13
1.1 DELIMITAÇÃO CONCEITUAL............................................................................ 13
1.2 PATRIARCADO: A LEGITIMAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER........ 16
1.3 OS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ............................................. 21
1.3.1 Violência Física............................................................................................... 22
1.3.2 Violência Psicológica..................................................................................... 23
1.3.3 Violência Sexual.............................................................................................. 23
1.3.4 Violência Patrimonial...................................................................................... 24
1.3.5 Violência Moral................................................................................................ 25
1.4 MARCOS NORMATIVOS DE COMBATE À VIOLÊNCIA DE GÊNERO ............ 25
1.4.1 Âmbito Internacional...................................................................................... 25
1.4.2 Âmbito Nacional.............................................................................................. 29
2 A TIPIFICAÇÃO DO FEMINICÍDIO........................................................................ 32
2.1 O FEMINICÍDIO NA AMÉRICA LATINA............................................................... 32
2.2 O PROJETO DE LEI Nº 292/2013 OU LEI DO FEMINICÍDIO............................. 39
2.2.1 Antecedentes: 1992, 2003 e 2013................................................................... 39
2.2.2 A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência Contra a
Mulher....................................................................................................................... 40
2.3 A TIPIFICAÇÃO DO FEMINICÍDIO: LEI Nº 13.104 DE 09 DE MARÇO DE
2015........................................................................................................................... 44
2.3.1 Requisitos Típicos.......................................................................................... 45
2.3.1.1 Sujeito Passivo: Mulher.................................................................................. 46
2.3.1.2 Razão da Condição de Sexo Feminino ......................................................... 47
2.3.2 Causas de Aumento de Pena......................................................................... 50
2.3.3 O Feminicídio como Crime Hediondo........................................................... 53
2.3.4 Competência para o Julgamento de Feminicídio......................................... 55
3 O FEMINICÍDIO SOB A ÓTICA DO HOMICÍDIO DE MULHERES NO ESTADO DE
RORAIMA.................................................................................................................. 57
3.1 O MAPA DA VIOLÊNCIA 2015 E O HOMICÍDIO DE MULHERES POR
QUESTÕES DE GÊNERO......................................................................................... 57
3.2 CASOS EMBLEMÁTICOS .................................................................................. 67
3.2.1 Comarca de Boa Vista: João e Maria............................................................. 67
3.2.2 Comarca de Mucajaí: Ana e Pedro................................................................. 69
3.2.3 Comarca de Caracaraí: José e Tereza........................................................... 70
3.2.4 Comarca de Rorainópolis: Paulo, Carla e Joana.......................................... 71
3.2.5 Comarca de São Luiz do Anauá: Raul e Julia............................................... 72
3.2.6 Onde há amor, não há morte.......................................................................... 73
CONCLUSÃO............................................................................................................ 75
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 78
9
INTRODUÇÃO
1 VIOLÊNCIA DE GÊNERO
A violência tem se tornado um fato social que atinge países no mundo todo,
seja no âmbito interno ou externo, público ou privado, e por isso seu conceito está em
constante mudança, uma vez que diversas condutas passaram a ser consideradas
formas de violência (DAMÁSIO, 2015).
[a violência] não deve ser vista como transgressão de normas, leis, mas
principalmente, como transformação de uma assimetria e de uma diferença,
numa relação de desigualdade marcada pela hierarquia, tendo em vista a
dominação, exploração e opressão, pelo lado mais forte. Isto conduz para a
consideração do ser humano como uma coisa e não como um sujeito,
estando ausentes, portanto, a atividade e a fala. Convém lembrar que na pura
relação de força a finalidade e a destruição de uma das partes, destruindo-se
também enquanto relação. Por outro lado, a violência pretende manter a
relação através da justiça mediatizada pela vontade de uma das panes que
consente na submissão a outra (1991, p. 75).
Nesse sentido, entende Scott (1995, p. 75) que “o termo ‘gênero’ torna-se uma
forma de indicar ‘construções culturais’ – a criação inteiramente social de ideias sobre
os papéis adequados aos homens e às mulheres”.
Butler (1999), citado por Bento Berenice (2006, p. 71), afirma que “o corpo
aqui é pensado como naturalmente dimórfico, como uma folha em branco, esperando
o carimbo da cultura, que, por meio de uma série de significados culturais, assume o
gênero”.
A mulher é tomada como sinônimo de família, sendo que, nesse ponto, não
existe qualquer menção ao pai. Ao se tentar viabilizar os processos culturais mediante
os quais o feminino está sempre no polo subordinado, invisibilizou-se o masculino,
naturalizando-o. (BERENICE, 2006, p. 73).
John Stuat Mill, citado por Carole Pateman (1993, p. 240), em sua obra O
contrato sexual, aduz que o casamento “confere a uma das partes do contrato poder
legal e domínio sobre a outra pessoa, propriedade e liberdade de ação,
independentemente dos desejos e vontades da outra parte”.
Michael Rosaldo (1979), citado por Bento Berenice (2006), divide a sociedade
em dois campos incomunicáveis: o público e o doméstico. Isso explica a estrutura
hierárquica, binária e dicotômica dos gêneros, uma vez que o homem sempre ocupou
o polo em que se concentra a autoridade, o mundo público.
Corroborando com esse pensamento, Daniel Wezer Lang (2001, p.461) expõe
que “os homens dominam coletiva e individualmente as mulheres. Esta dominação se
exerce na esfera privada ou pública e atribui aos homens privilégios materiais,
culturais e simbólicos”.
Essa lógica de dependência diante dos homens, já não é o que rege mais
profundamente a condição feminina nas democracias ocidentais.
Desvitalização do ideal da mulher do lar, legitimidade dos estudos e do
trabalho femininos, direito de voto, “descasamento”, liberdade sexual,
controle da procriação: manifestações do acesso às mulheres à inteira
disposição de si em todas as esferas da existência, dispositivos que
constroem o modelo da “terceira mulher” (LIPOVETSKY, 2000, p. 233)
Segundo Maria Berenice Dias (2015, p. 26), “nesse contexto é que surge a
violência, justificada como forma de compensar possíveis falhas no cumprimento ideal
dos papéis de gênero”.
Para Dias (2015, p. 25), “venderam para a mulher a ideia de que ela é frágil e
necessita de proteção. Ao homem foi delegado o papel de protetor e provedor. Daí a
dominação, do sentimento de superioridade à agressão, é um passo”.
Ensina Dias (2015) que não é necessário que a agressão deixe marcas
aparentes, pois o uso de força física que ofenda o corpo ou a saúde da vítima já é
uma vis corporalis.
Não é sempre que a agressão contra a mulher se inicia por violência física.
Na maior parte dos casos a agressão se inicia com violência moral e psicológica e
evolui para a agressão física, uma vez que a mulher já se encontra frágil e não
consegue opor resistência (FERNANDES, 2013).
A violência física está prevista em condutas como as dos art. 129 e 121, §2°,
VI do Código Penal Brasileiro (lesão corporal e feminicídio), bem como nas Lei de
Contravenções Penais (art. 21). Mônica de Melo e Maria de Almeida Teles, citadas
por Sanches e Pinto (2015, p. 79), destacam que
Para Tânia Rocha Andrade Cunha (2007), a mulher vítima é mantida sempre
com medo das atitudes do agressor, seja em relação a ela própria, a algum familiar,
especialmente os filhos, amigos, objetos pessoais, animais de estimação e etc.
Assevera a autora que “por ter uma continuidade no tempo e, muitas vezes,
não ser identificada pela vítima, é de mais difícil reconhecimento, na medida em que
não deixa marcas visíveis no corpo da vítima” (CUNHA, 2007, p. 101).
Esse tipo de violência deixa dores na alma, razão pela qual suas
consequências são mais graves. “Muitos companheiros se utilizam de xingamentos,
palavras depreciativas para reduzir sua companheira a uma condição inferior,
enquanto ele se coloca em um patamar de superioridade” (DIAS, 2015, p. 73).
ocorria estupro entre o casal, uma vez que cabia à esposa o dever de submeter-se à
prática sexual (SCARANCE, 2013).
Tânia Rocha Andrade Cunha (2007) destaca que, pelo decorrer da história, o
corpo da mulher é tratado pelos homens como sua propriedade, que tem como base
o pensamento de supremacia do homem sobre a mulher, e na visão de que a
sexualidade se respalda nessa mesma supremacia. Desse modo, a violência sexual
praticada no âmbito de relação conjugal, relaciona-se com o uso do autoritarismo do
homem, que obriga a mulher a ter relações sexuais, e por causa dessa cultura, as
mulheres autorizam o ato sem vontade, acreditando ser essa sua obrigação.
Sobre a violência patrimonial, aduz Fernandes (2013, p. 129) que esta rompe
com o conceito de violência como agressão física, sendo adotada como a “conduta
violadora dos direitos patrimoniais da mulher. Violência é, então, violação dos direitos
da mulher e não agressão física”.
Esta é uma das formas mais usadas para dominação da mulher, por meio de
xingamentos públicos e privados, denegrindo sua autoestima e expondo a mulher
perante seus amigos e familiares, o que contribui para seu silêncio (FERNANDES,
2013).
Mas, segundo Maria Berenice Dias (2015, p. 39), “foi a Conferência de Direitos
Humanos das Nações Unidas, realizada em Viena, Áustria, no ano de 1993, que
definiu formalmente a violência contra a mulher como violação de direitos humanos”.
Artigo 8
Os Estados Partes convêm em adotar, progressivamente, medidas
específicas, inclusive programas destinados a:
a. promover o conhecimento e a observância do direito da mulher a uma vida
livre de violência e o direito da mulher a que se respeitem e protejam seus
direitos humanos;
b. modificar os padrões sociais e culturais de conduta de homens e mulheres,
inclusive a formulação de programas formais e não formais adequados a
todos os níveis do processo educacional, a fim de combater preconceitos e
costumes e todas as outras práticas baseadas na premissa da inferioridade
ou superioridade de qualquer dos gêneros ou nos papéis estereotipados para
o homem e a mulher, que legitimem ou exacerbem a violência contra a
mulher;
c. promover a educação e treinamento de todo o pessoal judiciário e policial
e demais funcionários responsáveis pela aplicação da lei, bem como do
pessoal encarregado da implementação de políticas de prevenção, punição
e erradicação da violência contra a mulher;
d. prestar serviços especializados apropriados à mulher sujeitada a violência,
por intermédio de entidades dos setores público e privado, inclusive abrigos,
serviços de orientação familiar, quando for o caso, e atendimento e custódia
dos menores afetados;
e. promover e apoiar programas de educação governamentais e privados,
destinados a conscientizar o público para os problemas da violência contra a
mulher, recursos jurídicos e reparação relacionados com essa violência;
29
Sobre a isonomia de que trata o artigo, ensina José Afonso da Silva (2008, p.
220):
Importa mesmo é notar que é uma regra que resume décadas de lutas das
mulheres contra discriminações. Mais relevante ainda é que não se trata aí
de mera isonomia formal. Não é igualdade perante a lei, mas igualdade em
direitos e obrigações.
1http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/77282-aumento-da-pena-para-feminicidio-da-maior-protecao-a-
mulher-avalia-conselheira
31
A Lei Maria da Penha deve ser vista como um início na luta pela igualdade
de gênero e pela universalização dos direitos humanos, que naturalmente
incluem o direito à integridade física e o direito à vida. Uma das continuações
necessárias dessa trajetória é o combate ao feminicídio, visto que os dados
da violência letal contra mulheres são alarmantes.
2 A TIPIFICAÇÃO DO FEMINICÍDIO
Como já fora exposto no presente trabalho, isso implica dizer que, as formas
patriarcais de pensamento e dominação ainda levam as mulheres a serem vítimas de
violência apenas pelo fato de serem mulheres. Essa violência, como foi visto, pode
ser psicológica, física, verbal, econômica, patrimonial e feminicídio; este último como
resultante fatal da morte violenta de mulheres.
Argentina
Bolívia
o prisión perpetua, pudiendo aplicarse lo dispuesto en el artículo 52, al que matare: (...) 11. A una mujer
cuando el hecho sea perpetrado por un hombre y mediare violencia de género”. Disponível em:
<http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/anexos/15000-19999/16546/texact.htm#15>. Acesso em 27
fev. 2016.
35
Frente a esse quadro, em março de 2013, foi sancionada a Lei Integral para
Garantir às Mulheres uma vida livre de violência5, a qual incorporou no Código Penal
boliviano o delito do feminicídio. A pena atual é a de reclusão de 30 anos, sem direito
a recurso.
Chile
Nos dados apresentados por Damásio de Jesus (2015, p. 24), estima-se que
metade da população de mulheres chilenas sofram alguma forma de violência, seja
ela física, sexual ou psicológica.
Colômbia
6 A reforma acrescentou o seguinte trecho no art. 390, in verbis: “(...) Si la víctima del delito descrito en
el inciso precedente es o ha sido la cónyuge o la conviviente de su autor, el delito tendrá el nombre de
femicidio”. Disponível em: <http://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=1984>. Acesso em 28 fev. 2016.
37
a modificação do artigo 104 do diploma legal7, que culmina penas de até 50 anos de
prisão a quem comete um feminicídio.
Costa Rica
7 In verbis: “Artículo 104. Circunstancias de agravación. [Penas aumentadas por el artículo 14 de la ley
890 de 2004] La pena será de cuatrocientos (400) a seiscientos (600) meses de prisión, si la conducta
descrita en el artículo anterior se cometiere: 1. [Modificado por el artículo 26 de la Ley 1257 de 2008]
En los cónyuges o compañeros permanentes; en el padre y la madre de familia, aunque no convivan
en un mismo hogar, en los ascendientes o descendientes de los anteriores y los hijos adoptivos; y en
todas las demás personas que de manera permanente se hallaren integradas a la unidad doméstica”.
Disponível em: <http://perso.unifr.ch/derechopenal/assets/files/legislacion/l_20130808_01.pdf>.
Acesso em 28 fev. 2016.
38
El Salvador
A Lei especial integral para uma vida livre de violência para as mulheres, nº
520, de 25 de novembro de 2010, vigente a partir de 1º de janeiro de 2012, culminou
pena de prisão de 20 a 35 anos, estendendo até 50 anos, na modalidade agravada
do crime.
Equador
8 In verbis: “Artículo 141.- Femicidio.- La persona que, como resultado de relaciones de poder
manifestadas en cualquier tipo de violencia, dé muerte a una mujer por el hecho de serlo o por su
condición de género, será sancionada con pena privativa de libertad de veintidós a veintiséis años.”.
Disponível em: http://www.justicia.gob.ec/wp- content/uploads/2014/05/c%C3%B3digo_org%C3%A1n
ico_integral_penal_-_coip_ed._sdn-jdhc.pdf>. Acesso em 28 fev. 2016.
39
Venezuela
Com a reforma da Lei Orgânica pelo Direito das Mulheres a uma vida livre de
violência, promulgada em 25 de novembro de 2014, o artigo 57 adquiriu nova redação
legal, que culmina penas de reclusão de 15 a 30 anos.
Desde 1992, o Congresso Nacional tem dedicado espaço em sua pauta para
a investigação da violência contra mulheres. Em 14 de março desse mesmo ano, fora
instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para “investigar a questão da
40
“Art. 121..................................................................................................
§ 7º Denomina-se feminicídio à forma extrema de violência de gênero que
resulta na morte da mulher quando há uma ou mais das seguintes
circunstâncias:
Homicídio simples
Art. 121. ................................................................................................
Homicídio qualificado
§ 2º .......................................................................................................
Feminicídio
O termo feminicídio é recente. Foi utilizado pela primeira vez por Radford e
Russel (DAMÁSIO DE JESUS, 2015), que conceituavam da seguinte forma: i)
feminicídio: entende-se como o assassinato de mulheres por razões associadas ao
seu gênero, ou seja, sua condição de mulher. Esse conceito clássico, subdivide-se
em outros dois, a saber: ii) feminicídio íntimo: quando o assassinato é cometido por
alguém com que a vítima tinha ou teve relação intima, seja esta familiar, de
convivência ou afim; iii) feminicídio não íntimo: quando o assassinato é cometido por
alguém com a quem a vítima não tinha relação intima; e, por fim, iv) feminicídio por
45
conexão: quando a mulher é assassinada por cruzar o caminho de alguém que tenta
matar outra mulher.
Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais,
por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Para Osório (2004), citado por Damásio de Jesus (2015, p. 10), a violência
doméstica por de ser definida segundo duas variáveis:
(...) quem agride e onde agride. Para que a violência sofrida por uma mulher
esteja enquadrada na categoria conjugal, é necessário que o agressor seja
uma pessoa que frequente sua casa, ou cuja casa ela frequente, o que more
com ela - independente da denominação: marido, noivo, namorado, amante,
etc. O espaço doméstico, portanto, torna-se a segunda variável, delimitando
o agressor como pessoa que tem livro acesso a ele.
Para Luís Flávio Gomes (2015), “há menosprezo quando o agente pratica o
crime por nutrir pouca ou nenhuma estima ou apreço pela vítima, configurando, dentre
outros, desdém, desprezo, desapreciação, desvalorização”.
Art. 1º. Toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou
exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na
igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
qualquer outro campo.
Art. 2º. Os Estados Partes condenam a discriminação contra a mulher em
todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios apropriados
e sem dilações, uma política destinada a eliminar a discriminação contra a
mulher, e com tal objetivo se comprometem a (...)
Nesse diapasão, Sanches (2015) tece algumas críticas quanto aos termos
utilizados:
12 A variação de 1/3 à metade deve ser aplicada conforme cada caso concreto. Compete ao juiz valorar
cada situação concreta para dosar proporcionalmente o aumento. No caso da gestação, quanto mais
próximo do parto, mais aumento; quando mais perto do parto já feito, mais aumento (até o limite dos 3
meses); quanto menos idade, mais aumento; quanto mais idosa a mulher, mais aumento; na
deficiência, compete ao juiz valorar o grau da deficiência etc.
51
Infere-se daí que o crime de homicídio tem como limite mínimo o começo do
nascimento, marcado pelo início das contrações expulsivas. Nas hipóteses
em que o nascimento não se produz espontaneamente, pelas contrações
uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo
do nascimento é determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão
abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as contrações expulsivas
são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado
pela execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica
(cesárea).
O art. 121 do Código Penal, em seu § 4º, já prevê um aumento de 1/3 nos
casos de homicídio praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos. No
entanto, o aumento previsto para o feminicídio é mais severo, pois varia de 1/3 até
metade. Dessa forma, em razão do princípio da especialidade, prevalece o aumento
determinado pelo no § 7º, pois se trata de lei específica. Cumpre ressaltar, ainda, que
52
Gomes (2015) observa que vários são os tipos penais em que a pena é
agravada em razão da deficiência da vítima (lesão corporal, injúria, frustração de
direito assegurado por lei trabalhista etc.). Exige-se, ainda, que o agente tenha
conhecimento da situação de portador de deficiência da vítima, sob pena de não incidir
a causa de aumento de pena (em virtude do erro de tipo).
Ora, como o injusto penal retrata “um maior grau de intervenção estatal”, só
deve ser possível admitir uma adequação típica “quando inexista dúvida
sobre a necessidade dessa intervenção”, ou seja, na memorável lição de
JUAREZ TAVARES (2000), “[...] as normas penais incriminadoras devem-se
adequar, em primeiro lugar, à exigência de sua estrita legalidade, com os
corolários de anterioridade, forma escrita, definição estrita, taxatividade,
clareza e especificidade e outros, que correspondem a todas as garantias do
processo de intervenção.
O art. 2º da Lei 13.104/15 alterou o artigo 1º da Lei 8.072/90 (lei dos crimes
hediondos) para incluir nesse rol o homicídio qualificado do inciso VI,do § 2º, do
art. 121 do CP.
causa específica (provas mínimas sobre esse ponto). Sem isso, rejeita-se
parcialmente a denúncia. Deixar essa tarefa para o momento da sentença,
quando se sabe da inexistência de justa causa, é uma anomalia inqualificável
(para além de uma tirania deplorável violadora da dignidade humana). No
sentido de que o juiz pode corrigir desde logo o excesso acusatório veja RSE
200838000145850, Desembargadora Federal Assusete Magalhães, TRF1 -
Terceira Turma, E-DJF1 data:08/04/2011 página:165.
DO TRIBUNAL DO JÚRI
Até o presente momento deste trabalho, buscou-se dar uma visão geral
acerca da violência de gênero e da tipificação do feminicídio com as consequentes
mudanças no Código Penal Brasileiro. No entanto, para que se possa ter uma
percepção mais clara da necessidade da tipificação do feminicídio, passar-se-á a
descrição de dados de homicídio de mulheres por condição de sexo feminino no
Estado de Roraima por meio de um estudo do Mapa da Violência 2015, e a descrição
de casos emblemáticos de morte de mulheres por violência de gênero no Estado.
Nilda Stecanela e Pedro Moura Ferreira (2009, p. 148). argumentam que “uma
pesquisa que trate de violência contra a mulher não pode ignorar uma realidade
estatística”.
Os números estatísticos podem não ser uma realidade, uma vez que refletem
apenas o que chega ao conhecimento oficial, mas mesmo imperfeitos e parciais, são
importantes quando estamos frente à mudanças legislativas e institucionais que
incentivam a denúncia e a defesa dos direitos das vítimas de violência (STECANELA
e FERREIRA, 2009).
Entre 2003 e 20013 o número de vítimas mulheres passou de 3.937 (três mil
novecentos e trinta e sete) para 4.762 (quatro mil setecentos e sessenta e dois), um
aumento de 21% na década. Em 2013, essas mortes representam cerca de 13
homicídios femininos por dia (WAISELFISZ, 2015).
Apesar de a lei Maria da Penha ter sido mais rigorosa com crimes praticados
contra a mulher, esta não foi suficiente para que as mortes de mulheres por questões
de gênero diminuíssem, daí surgiu a necessidade de uma nova lei que tratasse
especificamente da matéria (DIAS, 2015).
14 http://flacso.org.br
59
Gráfico 1. Ordenamento das UFs, segundo taxa de homicídios de mulheres por (100
mil). Brasil. 2013.
60
Tabela 2. Taxa de homicídio de mulheres (por 100 mil), por UF e região. Brasil.
2003/20013.
Gráfico 2. Ordenamento das UFs, segundo taxas de homicídio de mulheres (por 100
mil). Brasil. 2013
Gráfico 3. Crescimento % das taxas de homicídio de mulheres (por 100 mil). Brasil.
2003/2013.
Gráfico 4. Crescimento % das taxas de homicídio de mulheres (por 100 mil). Brasil.
2006/2013.
O sociólogo quis demonstrar que Roraima, por exemplo, apresentou uma taxa
extremamente elevada, de 15,3 homicídios por 100 mil mulheres, mais que o triplo da
média nacional, enquanto estados como Santa Catarina, Piauí e São Paulo
representam a quinta parte de Roraima, com uma taxa em torno de 3 por 100 mil. Os
63
gráficos demostram que o estado de Roraima passou de 17º para o 1º lugar, na taxa
de homicídios a cada 100 mil em 2013 desde 2003
Gráfico 5. Taxas de homicídio de mulheres (por 100 mil), por UF. Brasil. 2006 e 2013
Vê-se que, mesmo com a vigência da Lei Maria da Penha, Roraima continuou
com uma taxa de crescimento elevado, chegando até 131,3%, enquanto algumas
regiões como Rondônia, Pernambuco e São Paulo, registraram uma quedas nas
taxas.
Tabela 4. Taxas de homicídio de mulheres (por 100 mil), por capital e região. Brasil.
2003/2013.
Tabela 5. Comparação das taxas de homicídio de mulheres (por 100 mil) nas UFs e em
suas respectivas capitais. Brasil. 2013
Shlema Lombardi de Kato, citada por Valéria Scarance Fernandes (2013), diz
que é sabido que nem todos os casos de violência doméstica evoluem para a morte,
mas é inegável que parte dela a maior incidência de morte de mulheres.
Em entrevista ao G1 Roraima,
Todos os casos aqui em comento são reais, obtidos por meio de cópias e/ou
acesso aos autos dos processos. Entretanto, para fins de evitar constrangimentos, os
nomes dos réus e das vítimas serão modificados.
No dia seguinte, por volta de meio dia, o réu foi até o trabalho da vítima e, com
uma faca em punho fez ameaças de morte. Como não conseguiu atingi-la com a faca,
sacou a arma e realizou os disparos, não causando-lhe a morte por circunstância
alheia à sua vontade.
Em seu depoimento em juízo, Maria declarou que João não aceitou o fim do
relacionamento; aduziu que, no início, a convivência era harmoniosa, mas tudo mudou
em razão das bebedeiras, ciúmes e agressões físicas do réu; que deu várias chances
para o réu mudar de comportamento até decidir romper com o relacionamento;
quando a relação terminou, ele passou a lhe ameaçar de morte, caso tivesse um novo
relacionamento amoroso; que, um dia antes dos fatos, o acusado lhe convidou para
irem a uma festa, aceitando o convite; após a festa, foi para a casa do acusado e ali
passou a haver novo desentendimento, sendo a vítima agredida com um soco no nariz
e chute no estômago; a vítima pediu socorro para sua filha por telefone e saiu do local;
no dia seguinte, foi para o trabalho (Trigo's Gourmet) e, enquanto estava estacionando
sua moto, foi surpreendida pelo acusado, que tentou lhe furar com uma faca (o réu
encostou seu carro e esticou o braço para lhe atingir); a vítima se afastou, caiu no
chão, levantou-se e correu para a porta de entrada da Trigo's; que ouviu dois disparos,
sendo alvejada com um tiro na região do glúteo (a vítima estava de costas); por razões
médicas, o projétil não foi retirado.
loja. Confirmou que efetuou apenas um tiro, porque o tipo de arma utilizada só permitia
o carregamento de um projétil, mas não teve intenção de matar.
O réu foi pronunciado nos moldes do art. 413 do Código de Processo Penal,
o qual dispõe que para a pronúncia do acusado, o Juiz deve estar convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação. Pedro recorreu, pois pretendia a reforma da decisão para que fosse o
crime desclassificado para lesões corporais (art. 129, CP), por ausência de dolo de
matar, considerando que a vítima foi atingida no glúteo. Aduziu que poderia,
tranquilamente, atingir a vítima em região vital, mas assim não o fez.
Em seu interrogatório na fase de inquérito policial (fls. 9), Pedro declarou que
um dia antes dos fatos acertou as contas com seu patrão e comprou uma passagem
de balsa até Manaus; que em virtude de somente viajar no dia seguinte, foi ao
prostíbulo Pascoal onde ali conheceu a vítima e que esta o convidou para beber; que
a vítima estava acompanhava de outra mulher, que o convidaram a retornar a vila
Iracema; que retornaram no dia seguinte onde continuaram a beber, e por volta das
23h30min, no estabelecimento “Xodó do Povão” a vítima passou a invocar-se com o
interrogado, puxando-o pelo cinturão, desconhecendo o interrogado se era por ciúmes
da outra amiga ou se Ana. havia ingerido alguma droga, pois esta havia declarado
gostar do produto; que o interrogado tentou acalmar os ânimos da vítima, e sacou
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uma faca que portava na cintura investindo contra ela apenas para amedrontá-la,
chegando a desferir uma facada nas costas da vítima; mas que não tinha intenção de
matá-la, mas ela tinha que aprender a respeitá-lo..
Consta dos autos que o denunciado José, no dia 5 de abril de 2015, por volta
das 08h40min, com vontade de matar, e por razões do sexo feminino, deferiu golpes
de faca contra sua ex-companheira, Tereza, só não causando sua morte por
circunstância alheia à sua vontade. Segundo restou apurado, o denunciado que
estava separado da vítima há 3 semanas dirigiu-se a sua residência e passou a dizer
que venderia todos os móveis que se encontravam no interior da casa, o que
ocasionou uma discussão entre ambos.
Interrogado na fase do Inquérito Policial (fls. 6), declarou o acusado que ficou
enraivecido com a vítima quando soube que esta está se relacionando com outro
homem; que tem dois filho com a vítima um de 9 e outro de 7 nos de idade; que no
dia dos fatos não se recorda de ter golpeado a vítima devido ao seu estado de
embriaguez; que nunca agrediu a vítima fisicamente.
Em suas declarações (fls. 05), a vítima disse que viveu em união estável com
o acusado aproximadamente 10 anos e que este sempre foi bastante agressivo, tendo
a agredido fisicamente várias vezes, bem como confirmou os fatos narrados na
denúncia.
que mesmo ferida pegou uma espingarda e disparou contra o acusado o ferindo na
perna, caindo em seguida desfalecida.
Segundo restou apurado, a vítima chegou ao local do crime com seu novo
namorado, o que causou ciúmes no denunciado. Ato continuo, houve um
desentendimento entre ele e a vítima, quando o acusado, de surpresa deferiu os
golpes de faca contra Julia, vindo esta a falecer no caminho do hospital.
Desse modo, Raul foi denunciado como incurso nas penas do artigo 121, §2º,
incisos II e IV do Código Penal.
21h30min saíram para tomar cerveja no bar do Catatau, e lá chegando Raul chamou
Julia para conversar, tendo o mesmo desferido um tapa na vítima; que o depoente
deu um empurrão em Raul perguntando se estava doido, momento em que percebeu
que Raul tirou de baixo da blusa uma faca e logo em seguida desferiu várias facadas
em Julia, fugindo em seguida do local em uma motocicleta. (fls. 09 dos autos de
inquérito policial)
Raul foi pronunciado nos termos da denúncia (fls. 182), e levado à Júri Popular
no dia 15 de dezembro de 2015. O Conselho de Sentença decidiu que o réu praticou
o crime de homicídio consumado qualificado pelo motivo fútil e pelo recurso que
dificultou a defesa da ofendida, condenando-o nas penas do artigo 121, §2º, incisos II
e IV do Código Penal, à 18 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. (fls.
239).
Em Roraima se mata por amor, por ciúme, por respeito. Mas onde há amor,
não deveria haver morte. Nesse contexto, vale citar o pensamento de VÁSQUEZ,
2010, p. 131)
CONCLUSÃO
Entretanto, uma vida sem violência de gênero parece uma realidade distante,
ao passo que o número de homicídio de mulheres por essas razões ainda é elevado,
o que só reforça o fato de que a cultura do patriarcado não aceita a ideia de que os
papéis de gênero sejam iguais.
Como visto, a Lei do feminicídio alterou o Código Penal para incluir no rol de
qualificadoras do art. 121, §2°, o inciso VI, quando o homicídio ocorrer por razões da
condição de sexo feminino. Em que pese a lei ter usado a expressão “sexo feminino”,
a interpretação da doutrina entendeu no sentido de razões de gênero, as quais dizem
respeito à violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher.
Lei do Feminicídio, bem como restou clara a necessidade da tipificação deste sob
ótica do homicídio de mulheres por questões de gênero no Estado de Roraima.
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