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Monografia
Apresentada em cumprimento parcial dos
Requisitos para Disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica
Por
Ângelo Gabriel da Silva
Julho de 2006
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................... 02
CONCLUSÃO............................................................................................... 29
BIBLIOGRAFIA........................................................................................... 31
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INTRODUÇÃO
Vivemos em uma época em que questionar tornou-se algo muito valorizado. Assim,
os que empreendem tal jornada o fazem sob os auspícios de renomados indivíduos que já
trilharam esse caminho. O livro Nuvem branca, de autoria de Dirk Anderson, propõe-se a
“eliminar o brilhante exterior pintado pelos historiadores adventistas e ter uma visão nítida
da verdadeira Ellen White - a Ellen White que seus amigos e associados conheceram”.
afirmação inicial, a analisar o dom profético de Ellen G. White, com o fim precípuo de
mostrar aos seus leitores uma Ellen G. White diferente da que seus historiadores
apresentam; e assim, segundo o autor, ter-se á uma Ellen G. White tal qual a conheceram
não exclusivamente, o autor busca realizar esse propósito afirmando que Ellen G. White
teria tido uma visão na qual Deus lhe teria mostrado que a porta da graça estaria fechada
para a humanidade: “já em 1845, Ellen estava recebendo visões que mostravam que a porta
Esta análise de Dirk Anderson prova, sem sombra de dúvidas, que Ellen G. White
G. White tenha tido uma visão da “porta fechada”, nos termos apresentados no referido
mesma, conforme descritos por Dirk Anderson. Assim, ao analisarmos o referido assunto,
1. Os que afirmaram ter tido Ellen G. White uma visão da porta fechada poderiam
estar certos, e Dirk Anderson entendeu corretamente as afirmações dessas pessoas; nesse
caso, os Adventistas do Sétimo Dia precisariam rever suas crenças e suas afirmações em
relação ao assunto;
Dirk Anderson, devido à lacuna temporal, pode ter deixado de compreender o que eles
afirmaram;
3. Dirk Anderson pode ter entendido corretamente o que foi afirmado pelos
contemporâneos de Ellen G. White, mas estes podem não ter sido inteiramente sinceros em
suas afirmações e, nesse caso, as fontes de Anderson não são úteis para o que ele pretende.
testemunhos citados por Dirk Anderson bem como avaliar o uso que ele faz dos escritos de
Ellen White com o fim de confirmar sua teoria, além, de mostrarmos que a experiência
negativa de Anderson com alguns adventistas acabou por indispô-lo contra Ellen G. White,
porta fechada” do referido livro, com nossa visão voltada especialmente para as críticas
levantadas ali pelo autor, e para a verificação da fidedignidade dos testemunhos por ele ali
apresentados.
Para isso, pretende-se fazer um estudo do conteúdo do livro “Nuvem Branca”, com
dedicação especial ao capítulo “A profetisa da Porta fechada” com uma análise crítica das
fontes usadas nesse capítulo pelo autor, à luz das discussões empreendidas por outros sobre
esta questão.
1 DIRK ANDERSON FECHA A PORTA À PROFETISA
Flórida, EUA, a coincidência de mais tarde vir a trabalhar no mesmo hospital, e logo após,
nascimento do seu filho; “Ao tempo em que meu filho nasceu no mesmo hospital, as coisas
haviam mudando (sic) dramaticamente. E assim têm havido mudanças na IASD como um
Após isto, Anderson comenta sua passagem como aluno pelas instituições
sentimentos em relação à pessoa de Ellen G. White como profetisa, bem como sua
apesar de ansiar pelo retorno de Cristo, pelo fato de os adventistas com os quais se
relacionava terem o hábito de marcar datas para o retorno de Cristo. (ANDERSON, [2000?
b], p. 2).
Vem, então, o que ele intitula de “aprendendo a ser perfeito” seguido de uma série
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Logo após ele narra sua conversão aos 21 anos de idade, que segundo ele ocorre ao ler um
dos livros do pastor Morris Venden e falando de sua experiência até ali afirma:
Não posso explicar por que julgava que seria salvo pelas obras. Ninguém
nunca me disse que eu me salvaria pelas obras. Foi simplesmente algo que
apreendi de minha experiência e vida estudantil. Comecei a ver as coisas sob uma
luz totalmente diferente. Submeti-me a Deus e dediquei-Lhe a vida .
(ANDERSON, [2000?b], p. 2).
A esta altura ele dedica-se a ler os escritos de Ellen G White, e embora afirme ter desejado
“tornar-se o melhor adventista que pudesse” (ANDERSON, [2000?b], p. 2), deixa a Igreja
Terminação da obra" (ANDERSON, [2000?b], p. 3). Uma vez lá, ele tem experiência
diversas entre as quais estariam os escritos de Ellen G. White, quando então o diretor do
referido ministério o abandona e vai para outro movimento chamado Santo Nome”
Após narrar que os escritos de Ellen G. White tiveram um dramático impacto sobre
ele, Anderson informa que sua compreensão sobre o que ela havia escrito levou–o a tomar
diversas decisões radicais sobre alguns aspectos dietéticos. decisões estas que “tiveram o
seu efeito sobre minha saúde de um modo como jamais conseguirei me recuperar.”
(ANDERSON, [2000?b], p. 3). Buscando pessoas que aceitassem uma prática dos escritos
independentes tais como a Hope International porque, segundo ele, “cria que esses grupos
Assim, considerando sua posição sui generis, como praticante dos ensinos de White
Anderson diz: “por anos havia estado dizendo aos ASD's (sic) como deviam obedecer a
Ellen White. Tornara-me adepto de identificar que regras de Ellen White uma pessoa não
estava seguindo, e logo as criticava por serem relapsas em não seguir os seus padrões”
(ANDERSON,[2000?b], p. 4). Com esta visão dos escritos de Ellen G. White, após
internet. Após ser desafiado por um internauta a ler o livro de Canright sobre Ellen G.
Mesmo que possa parecer estranho aos adventistas que Anderson nada tenha encontrado
em refutação a canright faz-se necessário crer que ele estivesse sendo sincero ao afirmá-lo.
Após esta sua decepção Anderson diz: “comecei a investigar o tema da ‘porta fechada’ e
descobri que Ellen White havia de fato visto que a porta da salvação se fechara para os
pecadores em 1844 em pelo menos uma de suas visões” (ANDERSON, [2000? b], p. 5).
10, e rejeita suas crenças ou as crenças da IASD sobre o assunto e entende que sua
configurar sua afirmação de que Ellen G. White teve visões de que a porta da graça se
fechara em 1844.
não se relacionariam com o movimento adventista como, por exemplo, Guilherme Miller:
“ao advertir os pecadores e tentar despertar uma igreja formal, cumprimos nossa obra. Em
sua providência , Deus fechou a porta; só podemos instar-nos mutuamente a ser pacientes”
mantiveram em ligação com o movimento adventista pode ser representada por Bates:
Sua mensagem sempre era acompanhada pelo Espírito Santo, e onde quer
que fosse recebida como de parte do Senhor, quebrantava e derretia seus corações
como se fossem criancinhas, e alimentava, consolava, e fortalecia os débeis, e os
animava a apegar-se à fé, e ao movimento do sétimo mês; e que nossa obra para a
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igreja nominal e o mundo estava terminada, e o que restava fazer era a favor da
casa da fé (ANDERSON, [2000? a], p.11).
totalmente com o movimento adventista, poderíamos citar pelo menos três indivíduos
representantes, alguns dos quais são citados de uma fonte terciária, ou estão citando uma
Ouvi falar pela primeira vez da Srta. Ellen G. Harmon (depois Sra. Ellen
G. White) em princípios do inverno (janeiro ou fevereiro) de 1845, quando meu tio
Josiah Little veio à casa de meu pai e informou que havia visto uma tal Ellen
Harmon no ato de ter visões que ela assegurava receber de Deus. Meu tio disse que
ela afirmava que Deus lhe havia revelado que a porta da misericórdia tinha-se
fechado para sempre, e que de agora em diante não havia mais salvação para os
pecadores. Isto me causou grande inquietude e angústia mental, porque eu não
havia sido batizada e meu jovem coração se preocupou muito pelo que sucederia
com a minha salvação se a porta da misericórdia estivesse realmente fechada.
(ANDERSON, [2000? a], p. 10).
Tiago lhe havia confessado que Ellen G. White teria dado um colorido a uma das suas
visões para harmonizá-la com sua crença anterior relativa a porta fechada. "Bro. Carver, I
will make an admission to you I would not make to a sharp opponent. Considering the
circumstances of the case it would not be strange if they should give a coloring to the
Em 1877 Miles Grant que a semelhança de outros também dedicou tempo a criticar
Ellen G. White usando o tema da porta fechada como trampolim, reuniu os testemunhos
dos críticos citados até aqui em um pequeno tratado intitulado An examination of Mrs.
Ellen White's visions. Ali Grant basicamente se limita a apresentar testemunhos dessas
pessoas.
Tanto estes, quanto outros indivíduos que não são citados por Anderson, estiveram
envolvidos com o tema da porta fechada tanto acusando, quanto defendendo Ellen G.
Brinkerhoff, que após deixarem a Igreja Adventista do Sétimo Dia (DOUGLASS, 2001 p.
561), em 1866 escreveram que, em uma visão publicada em 1847 Ellen G. White
anunciara que não mais haveria salvação para os pecadores: “in a vision published in 1847,
she teaches that God had rejected all the wicked, and that it is now impossible for them to
que foram suprimidas algumas declarações de Ellen G. White (entre as quais se encontrava
algo sobre a porta fechada na edição dos livros Primeiros escritos e Christian experience
and views). Para ele, isso provava que Ellen G. White, mesmo após suas primeiras visões,
Dudley Marvin Canright dedicou todo um capítulo de seu livro publicado em 1919
sob o título de Life of Mrs. E. G. White, Seventh-day Adventist prophet: her false
claims refuted, que foi traduzido para uso eletrônico por Roman Quirós sob o título de
Vida de la Sra. Ellen G. White: Sus afirmaciones refutadas. Antes porém, Canright já
havia reunido os testemunhos dos indivíduos citados acima, inclusive de Miles Grant em
by a prominent minister and writer of that faith, com o fim de provar que Ellen G. White
Review and Herald em 14 de agosto de 1883. Além deles, Uriah Smith, em 1887,
Alem destes,
Ainda que em poucas palavras, In defense of the faith: the truth about Sevent-day
Adventists: a reply to Canright. se faz também uma alusão defensiva a Ellen G. White na
questão da porta fechada. Ali se faz também, citação da carta escrita por Ellen a
Loughborough, em 1874 onde ela explica sua posição anterior e posteriormente a 1844.
por fim o autor faz uma apresentação e um material que segundo ele era um exaustivo
Ainda podemos citar: Origin and History of Seventh –day Adventists. Onde o autor
aponta pessoas que tinham pontos de vistas extremados na questão da porta fechada e
noutros pontos, e afirma que as visões de Ellen G. White corrigiram estes, no caso da porta
fechada. Cita a carta de Ellen G. White de 1874, com sua declaração de que anteriormente
crera na doutrina da porta fechada. Alem disso no parágrafo anterior ele alista mileritas que
juntamente com Ellen criam a principio na porta fechada. (SPALDING, 1961 p.162)
rebateu a maioria das acusações feitas desde meados da década de 1860. Reuniu
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evidências de que Ellen White não teve visão ensinando que o tempo de graça
movimento milerita, enfatizando o fato de que após 1844 dois grupos mileritas
tornaram-se céticos quanto ao tempo, 22 de outubro de 1844, bem como, quanto aos
acontecimentos relacionados a este. Por outro lado os mileritas da porta fechada, por algum
tempo pelo menos, continuaram a crer que seus cálculos realizados em torno da profecia
das duas mil e trezentas tardes e manhãs tanto quanto o tempo de cumprimento desta em
sua relação com mensagem do retorno de Cristo estavam corretos. (DAMSTEEGT, 1977,
p. 104-115)
Por último não porem menos erudito, factual e cientifico, fazendo um varredura em
tudo quanto já se escreveu sobre o tema, está o quase exaustivo trabalho de Herbert
Douglass, que dedica de forma doutoral, diversas páginas de seu livro Mensageira do
Além das diversas outras contribuições dadas por Douglass ao tema penso que o fato de ele
apresentar Ellen G. White como alguém que enriqueceu a expressão “Porta fechada”
elevando os que criam nessa doutrina de um patamar extremo para outro equilibrado e
bíblico, foi sua principal contribuição. Não se pode ignorar porem, que o fato de ele
mostrar que Ellen G. White cria na questão da porta fechada de forma diferente de outros,
inclusive seu esposo e Jose Bates, pelo menos antes de 1851. (DOUGLASS, 2001 p.502)
A despeito de tudo que se escreveu, porem, a respeito da porta fechada, penso que
alistados como testemunhas por diversos escritores? Quais eram suas ligações com a
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pessoa de Ellen G. White ou a sua fé? Com base nos testemunhos dessas pessoas poderia
se afirmar que Ellen G. White Teria tido realmente uma visão da porta fechada?
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caso uma incompreensão seguida de uma confusão sobre o que é a porta fechada e o que
era crença de Ellen G. White antes de sua primeira visão, levaram pessoas a afirmarem que
ela teria tido visão sobre a porta fechada. Proposital, ou não, esta é a conclusão a que se
que parece nesse aspecto Anderson pode ter cometido um erro de sincronia ao aplicar o
que para ele significa porta fechada a Ellen G. White, sem considerar o tempo, as
circunstâncias e os significados desses vocábulos para ela. O que se pode perceber pela
investigação demorada de seus escritos é que termo Porta fechada para ela significou mais
de uma coisa no período que vai de 1844 a 1852. isto parece ser exatamente o que nos diz
Herbert Douglas “O termo ‘porta fechada’ podia significar várias coisas para os adventistas
ex-mileritas. Para Ellen White, significava algo diferente. Tiago White e José Bates
conta que Ellen G. White também era uma milerita -e precisamos levar- até 1844, teremos
que concluir que ela nesse período e logo após cria como eles. Entende-se claramente que
os mileritas criam que porta da salvação havia se fechado para os que rejeitaram sua
mensagem. Como bem se pode atestar pelas palavras de Ellen: “Por algum tempo depois
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da decepção de 1844, mantive, juntamente com o corpo do advento, que a porta da graça
estava para sempre fechada para o mundo.” (WHITE, 1958 p.63) vale ressaltar aqui que os
mileritas que continuaram crendo que Jesus iria voltar tinham em mente que ele não
deveria demorar, e é nesse contexto que eles acreditavam que sua obra em favor do mundo
estava terminada. Uma alternativa a este grupo era o que negava experiência de 1844,
chamados de adventistas da porta aberta. Deus então dá a Ellen sua primeira visão e
corrige a ambos: Os da porta fechada estavam errados (inclusive Ellen) por crer que a
salvação se encerrara; e os outros, o grupo da porta aberta, estavam errados por crerem que
nada havia de importante em 1844. Assim ela relata sua nova forma de ver.
Perceba que ela faz alusão a um grupo de fanáticos, nesse caso de pessoas que
criam na porta fechada de maneira radical, e que sentiam sua crença ser ameaçada por
Ellen G. White quando esta falava de uma grande obra a ser feita antes da volta de Jesus.
Isto lhe foi mostrado e isto implicava em pessoas serem salvas. Logo, ela não recebeu
visão sobre a porta da graça fechada, pois a visão recebida dizia exatamente o contrario.
Daí dizermos que houve confusão quanto ao que significava o termo para ela e aplicação
indevida dos termos. Alem do mais manda a lei do amor cristão que consideremos em
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primeiro lugar o que o outro tem a dizer sobre o assunto e nesse caso a própria Ellen G.
White deveria ser ouvida. E nesse caso que teria ela a dizer?
Se enquanto milerita Ellen tinha uma idéia da porta fechada como sendo o fim da
oportunidade para os pecadores após a visão, ela mudou a forma de compreender esta
terminologia adquirindo a mesma um novo significado para ela. Qual seria então esta sua
outra compreensão? Mais uma vez precisamos buscar entender estes detalhes como se
vivêssemos naqueles dias para que assim possamos nos inteirar do que eles queriam dizer
com certos termos dessa forma estaremos mais próximos de saber o que de fato eles
pensavam.
O que se depreende de um estudo mais demorado dos fatos que envolvem este
assunto é que o termo porta fechada passou a ser a identificação do grupo que aceitava que
o movimento de 1844 era verdadeiro, enquanto que os que criam ser este um movimento
falso eram chamados de adventistas da porta aberta. Para Ellen G. White este era o
significado que o termo ou termos porta fechada passou a ter mesmo antes de 1850 ainda
Bem, de posse desses dados dá pra se perceber que nesse caso nossa primeira
Bem, nesse caso parece que já pode ser dito que parte dela é verdadeira. Pois ao
que vimos Anderson deixou de entender pelo menos em parte o que foi dito sobre a porta
compreendeu embora pareça ter compreendido muito bem o que disseram os seus
opositores. Como vimos ele aplicou o significado primário e aberto do termo porta fechada
sem considerar o que ele significava para Ellen G. White antes e depois de sua visão. E
como se não bastasse ignorou o que ela disse sobre a questão; ou seja, a sua afirmação de
que nunca havia tido uma visão sobre a porta da graça fechada em 1844 (não pelo menos
nos termos de fim do tempo da graça para os pecadores), não contou nada para Anderson.
Além disso, Anderson parece fazer confusão entre crença pessoal, anterior a visão,
e crença derivada das revelações recebidas. E isto precisa ser considerado, pois a bíblia
também faz esta diferença sem contudo, negar que o profeta fosse verdadeiro. Vê-se isto
Um dia Davi disse ao profeta Natã: Veja só! Aqui estou eu, morando
numa casa revestida de madeira de cedro, enquanto a arca da aliança está guardada
numa barraca! Natã respondeu: Faça tudo o que quiser porque o Senhor Deus está
com você. Mas naquela noite o Senhor disse a Natã: Vá e diga ao meu servo Davi
que eu mandei dizer o seguinte: “Não é você a pessoa que deve construir um
templo para eu morar nele. E Natã contou a Davi tudo o que Deus lhe havia
revelado. (II Samuel 7:2-5,17).
A crença pessoal de Natã gerada, pelo contexto de vida que ele tinha, era de que Deus
aceitaria que Davi lhe edificasse uma casa. Mas isto não fazia parte dos planos de Deus.
Assim apesar de tudo que Natã tinha visto Deus fazer por meio de Davi, e da dedicação de
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Davi aceita por Deus, aqui nesse caso ele teve que dar meia volta e ceder em suas crenças
pessoais lugar para crença gerada pela revelação de Deus. Portanto assim que Natã recebe
as visões de Deus contrariando suas crenças, ele vai e dá a mensagem correta a Davi. Sua
crença antes da Visão era uma, e depois da Visão outra que contrariava completamente
aquela. Perguntamos quem se atreveria a achar que Natã não era um profeta verdadeiro por
afirmações?
Bem, Antes de responder a esta pergunta precisaríamos verificar que temos três
tipos de fontes testemunhais apresentadas por Anderson e fazermos diferenças entre elas.
Na verdade a diferença já foi feita a algumas páginas atrás. O que precisamos é relembrá-
Nossa pesquisa nos conduziu ao fato de que uma das modalidades de fontes
pecadores e tentar despertar uma igreja formal, cumprimos nossa obra. Em sua
(ANDERSON,[2000?a] p. 9)
Quem era Miller? Bem, ninguém mais, nem menos, que o fundador do movimento
milerita do qual Ellen fazia parte. Esta citação nos lembra que Miller cria que a porta da
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graça se fechara em 1844. Tudo certo. Mas é daí? Bem, nesse caso, Anderson conclui que
Ellen também deveria crer assim. E ele está certo. Alias, quem diz que ele está certo é a
própria Ellen. “Juntamente com meus irmãos e irmãs, depois da passagem de quarenta e
quatro, realmente acreditei que não se converteriam mais pecadores.” (WHITE, 1958 p.74)
mas..., e este mas precisa ser enfático, isto não significa que ela teria tido uma visão onde
isto fosse confirmado; pelo contrário, ela teve uma visão onde suas crenças em torno desse
E mais, ela diz claramente que nunca havia tido uma visão onde Deus lhe mostrava que a a
porta da graça se fechara em 1844
Outra coisa, apesar Miller de ter suas palavras usadas por Anderson, para gerar com
elas uma inferência de que Ellen G. White teria tido uma visão da porta fechada, ele
mesmo nunca declarou isto. Ou seja, Anderson faz aqui uma confusão; proposital ou não,
mas ele faz. Esta confusão seria: se Miller cria assim, Ellen também cria e se cria, então ela
teve uma visão nesse caso, a visão dela era falsa. A primeira parte de seu raciocínio esta
correta, mas a segunda parte dele é completamente alheia à realidade. Pior ainda, ela
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contraria as próprias palavras de Ellen G. White e se constitui nesse caso num falso
testemunho.
mantiveram em ligação com o movimento adventista pode ser representada por Bates e
Otis Nichols. No caso de Joseph Bates, quem era ele? Um dos que passara pelo
desapontamento milerita, e que também tinha a crença da porta fechada. O que Anderson
cita dele nada diz que Ellen teria tido uma visão da porta fechada. Apenas diz que ele cria
assim. No caso dele, parece ter havido o mesmo que se deu em relação a Miller uma
confusão para gerar uma inferência, nada mais. Logo após Bates, ele cita Otis Nichols
Quanto a este precisa ser analisado o texto pois parece dizer algo na direção de que Ellen
No caso dessa carta de Otis Nichols para Miller, nada se fala de visão. Ele está
sentido de animar na fé os que poderiam desanimar e vir a crer como os da porta aberta que
narrativa da visão mostra que esse era o objetivo de Deus com ela. Ele fala de visitas de
Ellen com esse objetivo; que era confirmar a fé deles, de que o movimento do sétimo mês
(que a esta altura já tinha sido apelidado de movimento da porta fechada; considerando que
A última parte da citação pode ter sido a conclusão de Otis em relação ao que
Ellen G. White disse não exatamente o que ela disse. Ele relaciona sua carta com a
primeira visão de Ellen que nada fala de porta fechada. Mais uma vez parece ter havido
uma confusão da parte de Anderson com o que Ellen disse e o que disseram que ela disse.
Veja que Otis está narrando algo que ela teria feito e, é muito comum nesse tipo de
situação as pessoas emitirem seu parecer embutido no que está narrando mesmo sem
Outro fato que precisa se considerado é se Otis entendeu exatamente tudo que Ellen
Dizia. Mesmo hoje duas pessoas conversando fazem afirmações que são entendidas de
forma completamente diferente do que se intencionava, imagine então, analisar algo que
foi dito a mais de 150 anos sem que as pessoas estejam presentes para dizerem o que
Nesse grupo precisamos analisar o que Anderson cita da própria Ellen G. White.
O problema de Anderson aqui deriva do fato já citado de que ele ignora o significado de
porta fechada para Ellen G. White. Como já mencionamos, o sentido desses termos para
saíra do santo para o santíssimo no santuário celestial. Inclusive na própria narrativa citada
que, diga-se de passagem, fora feita entre adeptos da porta fechada, se diz que esta forma
de ver a porta fechada (para eles que haviam espiritualizado o acontecimento de 1844
crendo que Jesus havia vindo aos seus corações naquela ocasião. A estes foi mostrada a
idéia de um céu real e um cristo que ainda voltaria) era algo completamente novo
(DOUGLASS, 2001 p.473). “Em Exeter, sem dúvida, ela estivera relatando sua primeira
seus ensinos incorretos a respeito de seu ponto de vista extremos obre a porta fechada”
O objetivo dela era conduzi-los de suas crenças extremadas na porta fechada a um patamar
elevado verdadeiro e bíblico. Isto parece ser exatamente o que Douglass conclui.
Isto parece bastante esclarecedor quando compreendido. Sentimos que Anderson tenha
perdido a oportunidade de desenvolver esta partindo para uma visão radical de oposição a
profetisa.
milerismo ou mesmo de pessoas que nunca passaram por estes movimentos. Para estas
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pessoas, o milerismo foi um erro, 1844 foi um erro, e o que daí derivasse deveria ser um
erro.
A primeira dessas pessoas chamava-se Lucinda S. Burdick. Quem era esta senhora?
Bem ela fora esposa de um pastor chamado John Howell, e diz ter sido alcançada pelo
milerismo (que erradamente ela identifica como movimento adventista), mas que só se
identificou com ele em 1845 e como ela diz, era batista de ascendência e convertida ainda
na infância.
era esposa de um ministro evangélico não adventista, que razões ela teria para ser honesta
com Ellen G. White? Ainda hoje os Adventistas do Sétimo Dia são chamados de seita, tem
suas crenças torcidas, por indivíduos que se consideram cristãos, e são rejeitados por
alguns em seus templos. Porque seria diferente naqueles dias? Outra coisa, esta senhora
acusa Ellen de participar de coisas que ela terminantemente falou contra como os
I “became acquainted with James White and Ellen Harmon (now Mrs.
White) early in 1845. At the time of my first acquaintance with them they were in
a wild fanaticism, -- used to sit on the floor instead of chairs, and creep around the
floor like little children. Such freaks were considered a mark of humility.
(GRANT, 1877 p. 6)
Assim parece ficar claro que não havia sinceridade da parte dessa senhora ao tratar com
Ellen G. White.
Ainda outro ponto a ser considerando é que a citação feita por Anderson advinda da
Burdick dificilmente a reputaremos por digna de crédito; pois ela diz que ouviu através do
tio. Ela não verificou in locum. Analisemos: ela ouviu através do tio, relatou a Miles Grant
que escreveu, que foi citado por Anderson. Isto tem aparência de disse-me, disse-me.
Adventista o que poderia levar alguém a pensar que ele era pastor dessa igreja, e isto daria
maior peso aos seus argumentos. Mas a verdade é que ele também era pastor da
denominação Advento Cristão, uma ramificação de 1844 que fazia oposição sistemática
aos Adventistas do Sétimo Dia. Este pastor nutria suspeitas contra Ellen G. White.
Interessante é que ele é citado por Miles Grant que tinha também a mesma posição e se
Confirmando o que dissemos sobre a animosidade de Grant contra Ellen temos a seguinte
informação de Douglass:
Vê-se então que nossa afirmação sobre os referidos senhores tem fundamento.
Eram pessoas que por discordarem de Ellen G. White faziam questão de apresentar
Sobre esta questão e as afirmações de Burdick e Miles Grant contra Ellen G. White
ela escreve:
o que nos impede de dar a elas o credito que Anderson deu. Assim podemos afirmar que
Alguém poderia perguntar: mas porque essas pessoas fariam isto, simplesmente por
ela não crer como elas? . Lembremos que as maiores guerras que têm sido travadas, o são
por discordância de ordem religiosa. Se pararmos para pensar no tratamento que Jezabel
deu aos profetas de Deus (I Reis 18:4) por não ser de sua fé, talvez entendamos esta
questão. Além desse exemplo poderíamos citar o fato de Jesus foi alvo de Contradição
(Lucas 2:34), Chamado de Glutão e beberrão,(Mateus 11:19) Paulo foi tido por profanador
CONCLUSÃO
inicio desse trabalho pudemos perceber que o testemunho pessoal de Anderson apresenta
muitas coisas que nos indicam quem ele decepcionou-se com Ellen G. White por falta de
conhecimentos reais de seus escritos, que suas informações ali apresentadas nos deixam
ver que ele de fato pouco relacionamento teve com a fé adventista e que suas conclusões
pessoais de Ellen das suas crenças advindas da revelação; isto gerou naturalmente uma rota
que foi seguida por ele até o fim e que apesar de levá-lo aonde ele queria esta rota o fez
Além desse aspecto, pudemos perceber o fato de que ele desconheceu ou ignorou o
sentido dos termos “porta fechada” para ela, desrespeitou o uso sincrônico dessas palavras
no contexto Whiteano, e devido a isto ele chegou a conclusões bastante diversas das que
Além do mais Anderson fez uso inadequado das fontes de primeira e segunda.
modalidades, considerando as crenças daquelas pessoas como se elas fosse uma prova de
terceira modalidade que por si só já deveriam ter sido rejeitadas, pois as mesmas já haviam
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sido declaradas como indignas de crédito pela própria Ellen G. White se mostraram
Assim podemos afirmar que a análise de Anderson não prova que Ellen G. White
teria tido uma visão onde Deus Lhe mostraria que a porta da graça se fechara para os
pecadores em 1844.
BIBLIOGRAFIA
ANDERSON, Dirk. A nuvem branca. [S. l.: s.n. 2000a?] Disponível em:
<http://www.ellenwhite.org/port/woc.htm.> Acesso em: 11 de julho de 2006, 20:13h.
CARVER, H. C.
NICHOL, Francis D. Ellen G. White and Her Critics. Washington DC.: Review
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30
31
REA, Walter T. La mentira White. Tradução: Román Quirós. [S. l.: s.n.], 1982.
Disponível em:<http:// www.ellenwhite.org/espanol/egw17.htm.> Acesso em:11de julho
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WHITE, Ellen G. Primeiros escritos. 6. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
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______. Manuscript releases: from the files of the letters and manuscripts written
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WHITE, Arthur L. Ellen G. White: The Early years 1827-1862. Washington DC.:
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