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VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE

COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ÁLGEBRA

Conteudista
Isidorio Rodrigues Queiroz

Rio de Janeiro / 2009

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO


UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou
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Un3a Universidade Castelo Branco

Álgebra / Universidade Castelo Branco. – Rio de Janeiro: UCB, 2009.


- 44 p.: il.

ISBN

1. Ensino a Distância. 2. Título.

CDD – 371.39

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Apresentação

Prezado(a) Aluno(a):

É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-
ação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente es-
peram retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.

Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-
cimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.

Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Autoestudo

O presente instrucional está dividido em três unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.

Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-
plementares.

As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.

Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das três unidades.

Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o
conteúdo de todas as Unidades Programáticas.

A carga horária do material instrucional para o autoestudo que você está recebendo agora, juntamente com
os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que
você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.

Bons Estudos!
Dicas para o Autoestudo

1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.

2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite


interrupções.

3 - Não deixe para estudar na última hora.

4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.

5 - Não pule etapas.

6 - Faça todas as tarefas propostas.

7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.

8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a autoavaliação.

9 - Não hesite em começar de novo.


SUMÁRIO

Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 09


Contextualização da disciplina ................................................................................................................... 11

UNIDADE I

RELAÇÕES ESPECIAIS SOBRE UM CONJUNTO

1.1 - Relação reflexiva ou reflexibilidade ................................................................................................... 13


1.2 - Relação simétrica ................................................................................................................................ 13
1.3 - Relação transitiva ............................................................................................................................... 13
1.4 - Relação de equivalência ..................................................................................................................... 14
1.5 - Relação antissimétrica ........................................................................................................................ 17
1.6 - Relação de ordem ............................................................................................................................... 18
1.7 - Operações internas .............................................................................................................................. 18
1.8 - Grupoide ............................................................................................................................................. 19

UNIDADE II

PROPRIEDADES DE UMA OPERAÇÃO

2.1 - Associatividade ................................................................................................................................... 21


2.2 - Comutatividade ................................................................................................................................... 22
2.3 - Existência do elemento neutro ............................................................................................................ 22
2.4 - Elementos simetrizáveis ..................................................................................................................... 25
2.5 - Distributividade .................................................................................................................................. 26

UNIDADE III

GRUPOS, ANÉIS E CORPOS

3.1 - Introdução à teoria dos grupos ............................................................................................................ 28


3.2 - Grupos finitos ..................................................................................................................................... 30
3.3 - Subgrupos ........................................................................................................................................... 32
3.4 - Potência de um grupo ......................................................................................................................... 34
3.5 - Subgrupos cíclicos .............................................................................................................................. 34
3.6 - Homomorfismo de grupos .................................................................................................................. 36
3.7 - Isomorfismo de grupos ....................................................................................................................... 37
3.8 - Estrutura de anel ................................................................................................................................. 39
3.9 - Estrutura de corpo ............................................................................................................................... 41

Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 44


Quadro-síntese do conteúdo 9
programático

UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS

I - RELAÇÕES ESPECIAIS SOBRE UM CON- • Mostrar que através de uma relação especial
JUNTO (chamada de equivalência) é possível subdividir um
1.1 - Relação reflexiva ou reflexibilidade conjunto em “pedaços” chamados de classe de equi-
1.2 - Relação simétrica valência.
1.3 - Relação transitiva
1.4 - Relação de equivalência
1.5 - Relação antissimétrica
1.6 - Relação de ordem
1.7 - Operações internas
1.8 - Grupoide

II - PROPRIEDADE DE UMA OPERAÇÃO • Mostrar a importância das propriedades de uma


2.1 - Associatividade operação nos Ensinos Fundamental e Médio.
2.2 - Comutatividade
2.3 - Existência do elemento neutro
2.4 - Elementos simetrizáveis
2.5 - Distributividade

III - GRUPOS, ANÉIS E CORPOS • Construir as principais estruturas algébricas.


3.1 - Introdução à teoria dos grupos
3.2 - Grupos finitos
3.3 - Subgrupos
3.4 - Potência de um grupo
3.5 - Subgrupos cíclicos
3.6 - Homomorfismo de grupos
3.7 - Isomorfismo de grupos
3.8 - Estrutura de anel
3.9 - Estrutura de corpo
Contextualização da Disciplina 11

A disciplina Álgebra, também conhecida por Estruturas Algébricas, visa dar uma noção das principais estru-
turas da Matemática (conjunto munido de uma ou mais operações com certas propriedades) e intercalá-la com
os conceitos primitivos do ensino básico.
UNIDADE I 13

RELAÇÕES ESPECIAIS SOBRE UM CONJUNTO

Seja E ≠ φ e R uma relação binária contida em E x E, isto é, R ⊂ E x E.

1.1 - Relação Reflexiva ou Reflexibilidade


Diremos que R é uma reflexiva se:

∀ x ∈ E, (x, x) ∈ E ou ∀ x ∈ E, x R x.

Exemplo:
1) E = {1, 2, 3}.
2) R1 = {(1, 1); (1, 2); (2, 2)} não é reflexiva, pois (3, 3) ∉ R1.
3) R2 = {(1, 1); (1, 2); (2, 2); (3, 3)} é reflexiva.

2) Seja E = N e x R y ⇔ x ≤ y Ex. 2 ≤ 5 ⇒ 2 < 5 ou 2 = 5


ou: x ≤ y ⇔ x < y ou x = y 5 ≤ 3 ⇔ 5 < 3 ou 5 = 3 é falso!

1.2 - Relação Simétrica


Diremos que R é simétrica se:

∀ x, y ∈ E se (x, y) ∈ E, então y R x.
Ou ∀ x, y ∈ E se x R y, então y R x.

Exemplo: 1) E = {1, 2, 3}
a) R1 = {(1, 1); (1, 2); (2, 2)} não é simétrica, pois (2, 1) ∉ R1.
b) R2 = {(1, 1); (1, 2); (2, 1)} é simétrica.
c) R3 = {(1, 1); (2, 2); (3, 3)} é simétrica, pois x = y.

2) Seja E = R e x R y ⇔x≤y

Se a R b, então b R a (2, 3); (2, 2); (3, 3) ...


a ≤ b então b ≤ a 2<3 2=2 3=3
(F)

1.3 - Relação Transitiva


Diremos que R é transitiva, se:

∀ x, y, z ∈ E se (x, y) ∈ R e (y, z) ∈ R, então (x, z) ∈ R.


Ou, se x R y e y R z, então x R z.
Exemplo:
1) E = {1, 2, 3}
a) R1 = {(1, 2); (2, 3); (1, 3)} é transitiva.
b) R2 = {(1, 3); (2, 3)} é transitiva.
c) R3 = {(1, 1); (1, 2)} é transitiva.
d) R4 = {(1, 3); (3, 1)} não é transitiva, pois não tem (1, 1) nem (3, 3).

Não é transitivo ⇒ {(1, 2); (2, 5); (1, 5); (3, 6); (5, 7)}.
1.4 - Relação de Equivalência
14
Diremos que R é de equivalência se:
a) R é reflexiva x R x.
b) R é simétrica x R y ou y R x.
c) R é transitiva (x R y) e (y R x), então x R y.

Exemplo:
1) E = {(1, 2, 3)}
a) R1 = {(1, 1); (1, 2); (2, 1); (2, 2); (3, 3)} é reflexiva; é simétrica; é transitiva. Logo, é R equivalente.
b) R2 = {(1, 1); (2, 1); (1, 2); (2, 2)} (3, 3) ∉ R não é reflexiva, não é R equivalente.
c) R3 = {(1, 1); (2, 2); (2, 3); (3, 2); (3, 3)} é reflexiva; é simétrica; é transitiva. Logo, é R de equivalente.
d) R4 = {(1, 1); (2, 2); (3, 3); (1, 2)} não é simétrica, logo não é R de equivalência.

2) Seja E = {1, 2, 4} e x R y ⇔ x é divisor de y.


R é de equivalência?
R = {(1, 1); (2, 2); (4, 4); (1, 2); (1, 4); (2, 4)}
Não é simétrica, logo não é de equivalência.

Classes de Equivalência

Seja R uma relação de equivalência em um conjunto E. Chamamos de classe de equivalência de um elemento


a ∈ E e indicamos por a , ao conjunto:
a = {x ∈ E / x R a}

O conjunto de todas as classes de equivalência é indicado por E/R, chamado de conjunto quociente de E por R.

As classes de equivalência determinam uma partição em E.

Exemplo: E = {1, 2, 3, 4}
R = {(1, 1); (1, 3); (1, 4); (3, 1); (3, 3); (3, 4); (2, 2); (4, 3); (4, 4); (4, 1)}

Eu posso ter:
1 = {x ∈ E/x R 1} = x R 1 ⇔ (x, 1) ∈ R. Então temos: {1, 3, 4}
2 = {x ∈ E/x R 2} = x R 2 ⇔ (x, 2) ∈ R. Então temos: {2}
3 = {x ∈ E/x R 3} = x R 3 ⇔ (x, 3) ∈ R. Então temos: {1, 3, 4}
4 = {x ∈ E/x R 4} = x R 4 ⇔ (x, 4) ∈ R. Então temos: {1, 3, 4}

A partir daí, temos que 1 = 3 = 4 e a rigor teremos duas classes. ⇒ E/R = {{1, 3, 4}; {2}}

A interseção é vazia e a união é E.

E
1
3 2
4 partição em E.
Em outros pares poderia dar:
15
E E

1
2
1 2 3 4
3
4

Exercícios Resolvidos
I) Seja E = (a ∈ Z/-3 ≤ a ≤ 3} e x R y ⇔ x – y = 2 k, x ∈ y

a) Construa a relação R. k=0 ⇒ x–y=0 ⇒ x=y


⇒ (-3, -3); (-2, -2); (-1, -1); (0, 0); (1, 1); (2, 2); (3, 3)
k=1 ⇒ x–y=2
(-1, -3); (0, -2); (1, -1); (2, 0); (3, 1)
k = -1 ⇒ x – y = -2
(-3, -1); (-2, 0); (-1, 1); (0, 2); (1, 3)
k=2 ⇒ x–y=4
(1, -3); (2, -2); (3, -1)
k = -2 ⇒ x – y = -4
(-3, 1); (-2, 2); (-1, 3)
k=3 ⇒ x–y=6
(3, -3)
k = -3 ⇒ x – y = -6
(-3, 3)

b)) Determine E/R.


E/R = {{-3, -1, 1, 3}; {-2, 0, 2}}
- 3 = {-3, -1, 1, 3}
- 2 = {-2, 0, 2}
- 1 = {-3, -1, 1, 3} - 3 = -1 =
1= 3 E
-3 -2
0 = {-2, 0, 2} -2= 0 = 2
1 = {-3, -1, 1, 3} -2 0

2 = {-2, 0, 2} +1 2
3 = {-3, -1, 1, 3}
+3 ∴k = 0

c) Prove que R é de equivalência.


c1 = Reflexiva ⇒ ∀ x ∈ R, x R x ⇒ x – x = 2 k ⇒ 0 = 2 k ∴ k = 0
c2 = Simétrica ⇒ ∀ x, y ∈ R, se x R y, então y R x.
Se x R y, então x – y = 2 k, então –x + y = -2 k, então y – x = 2 (-k), então y R x.
c3 = Transitiva ⇒ ∀ x, y, z ∈ R, se x R y e y R z, então x R z.
Se x R y ⇒ x – y = 2 a, a ∈ Z
Se y R z ⇒ y – z = 2 b, b ∈ Z+

⇒ x–z=2a+2b
⇒ x – z = 2(a + b) ⇒ x – z = 2 c; c ∈ Z
16 II) Seja E = {a ∈ Z/-4 ≤ a ≤ 4} e x R y ⇔ x 2 - 2 x = y 2 - 2 y.
a) Determine a relação.

b) Determine E/R.

c) Prove que a relação é de equivalência.

Observação
Pelo primeiro exercício, notamos que toda relação do tipo: x – y = 2 k; x – y = 3 k; x – y = -2 k; x – y = -3 k, etc.
(k ∈ Z). São relações de equivalência.

Assim, podemos estabelecer que qualquer relação do tipo: x – y = k . m, em que k, m ∈ Z é uma relação de
equivalência em Z. Estabeleceremos que as classes de equivalências a (a barra) dessa relação são do tipo:

a = {x ∈ Z/x R a} = {x ∈ Z/x – a = k . m} e o conjunto de todas as classes de equivalência será:


Z/m = { 0, 1, 2,..., m − 1 }

Tomemos por exemplo, m = 4

Assim, temos: x – y = 4 k; k ∈ Z e a = {x ∈ Z/x – a = 4 k}; Z / m = { 0, 1, 2, 3 }.

a) 0 = {x ∈ Z/x R 0} = {x ∈ Z/x - 0 = 4 k}
0 = {..., -8, -4, 0, 4, 8, ...} obs.: aqui são todos Z/4, dão resto zero.
b) 1 = {x ∈ Z/x R 1} = {x ∈ Z/x - 1 = 4 k}
1 = {..., -7, -3, 1, 5, 9, ...} obs.: aqui são todos Z/4, dão resto um.
c) 2 = {x ∈ Z/x R 2} = {x ∈ Z / x - 2 = 4 k}
2 = {..., -6, -2, 2, 6, 10, ...} obs.: aqui são todos Z/4, dão resto dois.
d) 3 = {x ∈ Z/x R 3} = {x ∈ Z / x - 3 = 4 k}
3 = {..., -5, -1, 3, 7, 11, ...} obs.: aqui são todos Z/4, dão resto três.

Como ficaria 4?
4 = {x ∈ Z/x R 4} = {x ∈ Z/x - 4 = 4 k}
∴ 4 = {..., -4, 0, 4, 8, ...} = 0

E se fizer - 1 ?
- 1 = {x ∈ Z/x R -1} = {x ∈ Z/x – (-1) = 4 k}
∴ - 1 = {..., -5, -1, 3, ...} = 3

Assim, temos: O conjunto Z foi subdividido em 4 classes de equivalências distintas, em que a interseção é
vazia e a união é Z.

Seja m = 3; então temos:

Z / 3 = { 0 , 1, 2 }

0 = {x ∈ Z/x R 0} = {x ∈ Z/x - 0 = 3 k} = {..., -6, -3, 0, 3, 6, ...}


1 = {x ∈ Z/x R 1} = {x ∈ Z/x - 1 = 3 k} = {..., -5, -2, 1, 4, 7, ...}
2 = {x ∈ Z/x R 2} = {x ∈ Z/x - 2 = 3 k} = {..., -4, -1, 2, 5, 8, ...}
As classes a (chamadas de classe residual módulo m) representam restos da divisão de inteiros por 3. 17
a) 0 é o conjunto de todos os inteiros que divididos por 3 deixam restos zero.
b) 1 é o conjunto de todos os inteiros que divididos por 3 deixam restos 1.
c) 2 é o conjunto de todos os inteiros que divididos deixam restos 2.

Adição Módulo m
∀ a, b ∈ Z/m, a ⊕ b = a + b

Multiplicação módulo m
∀ a, b ∈ Z/m, a ⊗ b = a.b

Exemplo:
1) Calcule em Z/3 :
a) 1 ⊕ 2 = 1 + 2 = 0 ⇒ 1 ⊕ 2 = 0
b) 2 ⊕ 2 = 2 + 2 =1⇒ 2 ⊕ 2 =1
c) 2 ⊗ 3 = 2.3 = 0 ⇒ 2 ⊗ 3 = 0
d) 3 ⊗ 3 = 0

2) Calcule em Z/31 :

a) 2 Ä 13 = 26
b) 11 Å 17 =
c) 14 Ä 15 =

1.5 - Relação Antissimétrica

Observamos que uma relação R é antissimétrica em E se:

∀ x, y ∈ E, se (x, y) ∈ R e (y, x) ∈ R, então x = y.


Ou
∀ x, y ∈ E, se x R y e y R x, então x = y.

Exemplo:
E = {1, 2, 4}
a) R1 = {(1, 2); (2, 1); (2, 4)} não é antissimétrica.
b) R2 = {(1, 2); (1, 4)} é antissimétrica.
c) R3 = {(1, 1); (2, 2); (4, 4)} é antissimétrica e simétrica ao mesmo tempo.
d) R4 = {(1, 2); (2, 4); (4, 2)} não é antissimétrica.
e) R5 = {(1, 2); (2, 2)} é antissimétrica.

Obs.: A relação só será antissimétrica se não houver pares simétricos. Ex.: letra a e letra b.

Quando o/se antecedente for verdadeiro e o subsequente falso, então será verdadeiro. Isto é:
VeF
{ = então V.
(F )

Se a condicional der falsa, então é verdadeiro.


1.6 - Relação de Ordem
18
Diremos que uma relação R é de ordem em E se:

a) ∀ x ∈ E, x R x
b) ∀ x, y, z ∈ E se x R y e y R z, então x R z.
c) ∀ x, y ∈ E se x R y e y R x, então x = y.

Exemplo:
I) E = {1, 3, 5}
a) R1 = {(1, 1); (1, 3); (3, 3); (5, 5)} ela é reflexiva (1, 1); (3, 3); (5, 5), ela é transitiva e antissimétrica. Logo,
é relação de ordem.
b) R2 = {(1, 1); (3, 1); (3, 3); (5, 5)} é reflexiva, antissimétrica e transitiva. Logo, é uma relação de ordem.
c) R3 = {(1, 1); (3, 3); (5, 5); (1, 5)} é reflexiva, transitiva e antissimétrica. Logo, é uma relação de ordem.
d) R4 = {(1, 1); (3, 5); (3, 3); (5, 5); (5, 3)} só tem simetria. Não é antissimétrica. Logo, não é relação de
ordem.

II) Seja E = {1, 2, 4} e x R y ⇔ x ≤ y.


Escreva os pares da relação e verifique se é de ordem.
E = {(1, 1); (1, 2); (1, 4); (2, 2); (2, 4); (4, 4)}
É transitiva, reflexiva e antissimétrica. Logo, é relação de ordem.

III) Seja E = {1, 2, 4} e x R y ⇔ x é divisor de y.


Escreva os pares da relação e verifique se a relação é de ordem.
E = {(1, 1); (1, 2); (1, 4); (2, 2); (2, 4); (4, 4)}
É transitiva, é reflexiva e é antissimétrica. Logo, é de ordem.

1.7 - Operações Internas


Seja E ≠ φ . Chamamos de operação interna em E ou operação em E a toda função do tipo.
f: E . E → E
(x, y) → x ∗ y. Em que x ∗ y é a imagem da função f.

Notamos que x ∗ y é um elemento de E.

Ilustrações:
I) Seja E = {0, 1, 2, 3} e f: E × E → E em que x ∗ y = resto
(x, y) → x ∗ y da divisão de x + y por 4.

Os pares ordenados de E × E podem ser dispostos através da tábua abaixo:

∗ 0 1 2 3
0
1
2
3
Assim, temos:
(0, 0) → 0 ∗ 0 = 0 19
∗ 0 1 2 3
(0, 1) → 0 ∗ 1 = 1
. 0 0 1 2 3
. 1 1 2 3 0
. 2 2 3 0 1
(3, 3) → 3 ∗ 3 = 2 3 3 0 1 2

II) Seja E = N e f: E . E → E
(x, y) → x ∗ y = x – y

Não é uma operação em E.

Notamos que y > x, (x – y) ∉ N.

Logo, a subtração não é uma operação em N quando y > x, (x – y).

Mas a subtração é uma operação em Z.

1.8 - Grupoide

Seja E ≠ φ e "∗" uma operação definida em E. Chamamos de grupoide ao par (E, ∗ ).

Exemplo:
1) (N, +); grupoide aditivo
Nota-se que a adição é uma operação em N.

2) (N, .); grupoide multiplicativo


Nota-se que a multiplicação é uma operação em N.

3) Seja A = {x/x = 2 n; n ∈ Z}. Prove que (A, ∗ ), em que a ∗ b = a + b, é uma operação em A.

Devemos provar que:

∀ a, b ∈ A, (a ∗ b) ∈ A.

Sejam a, b ∈ A: Então a = 2 n1; n1 ∈ Z.


b = 2 n2; n2 ∈ Z.

Então: a ∗ b = 2 n1 + 2 n2
a ∗ b = 2 (n1 + n2) ⇒ a ∗ b = 2 n3; 2 n3 ∈ Z.

Logo: (a ∗ b) ∈ A.

4) Seja A = {x/x = 2 n, n ∈ Z}. Prove que (A, ∗ ), em que a ∗ b = a . b é uma operação em A.

Sejam a, b ∈ A: Então a = 2 n1; n1 ∈ Z.


b = 2 n2; n2 ∈ Z.

Então: a ∗ b = 2 n1 . 2 n2 ⇒ Então a ∗ b = 2 . 2n1n2 ⇒ a ∗ b = 2 n3; n3 ∈ Z.

Logo: (a ∗ b) ∈ A.
20
5) Seja A = {x/x = 2 n +1, n ∈ Z}. Prove que (A, ∗ ) não é um grupoide, em que a ∗ b = a + b.

Sejam a, b, ∈ A; então a = 2 n1 + 1 ; n1 ∈ Z.
b = 2 n2 + 1 ; n2 ∈ Z.

Então a ∗ b = 2 n1 + 1 + 2 n2 + 1; então: a ∗ b = 2 n1 + 2 n2 + 2.

Então a ∗ b = 2 (n1 + n2) + 2; então: a ∗ b = 2 n3 + 2; n3 ∈ Z.

Logo: (a ∗ b) ∉ A.

6) Seja A = {a, b} e P(A) = { φ , {a}, {b}, {a, b}} que é o conjunto das partes de A (subconjunto de A). Cons-
trua as tábulas dos grupoides. (A, I ) e (A, U ).

I f {a} {b} {a, b} U f {a} {b} {a, b}


f f f f f f f {a} {b} {a, b}
{a} f {a} f {a} {a} {a} {a} {a, b} {a, b}
{b} f f {b} {b} {b} {b} {a, b} {b} {a, b}
{a, b} f {a} {b} {a, b} {a, b} {a, b} {a, b} {a, b} {a, b}

7) Resolva a equação [3 ∗ ( x ∗ x)]+ (2 ∗ x) = 160 em N, em que a ∗ b = a + b + a . b.

[3 ∗ ( x + x + x.x)] + (2 + x + 2 x) = 160

⇒ [3 (2 x + x 2)] + (3 x + 2) = 160

3 + (2 x + x²) + 3 (2 x + x²) + 2 + 3 x = 160

x² + 2 x + 3 + 6 x + 3 x² + 2 + 3 x = 160

4 x² + 11 x + 5 – 160 = 0

4 x² + 11 x – 155 = 0

11 ± 121 + 2480 - 11 ± 2601 - 11 ± 51


x= =x = Þ x=
8 8 8
40
x’ = =5
8
- 62 - 31
x’’ = = ÏN
8 4
UNIDADE II 21

PROPRIEDADES DE UMA OPERAÇÃO

Seja E ≠ φ e "∗" uma operação definida em E.

2.1 - Associatividade

Diremos que uma operação é associativa em E ou que (E, ∗ ) é um semigrupo se:

∀ x, y, z ∈ E, (x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z)

Exemplo:
1) A adição usual é associativa em N, Z, Q ou R.

∀ a, b, c ∈ R, (a + b) + c = a + (b + c)

2) A multiplicação é associativa em N, Z, Q ou R.

∀ a, b, c ∈ R, (a . b) . c = a . (b . c)
b
3) A operação a ∗ b = a (potenciação) em Z não é associativa.

∀ a, b, c ∈ R, (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c)

a
b
∗ c = a∗ b c
c
b
(a ) c = a (b)

(F)

Exercícios Resolvidos
1) Verifique a associatividade nas operações:

I) x ∗ y = x + y + 4, definida em R.
∀ a, b, c ∈ R, (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c)
⇒ (a + b + 4) ∗ c = a ∗ (b + c + 4)
⇒ (a + b + 4) + c + 4 = a + (b + c + 4) + 4
⇒ a + b + 4 + c + 4 = a + b + c + 8 (V)

xy
II) x * y = , definida em R .
2
" a, b, c Î R, (a * b) * c = a * (b * c) Þ (a . b) * c = a * (b . c)
ab bc
( )* c = a* ( )Þ
2 2
a.b b.c
( .c) a.( )
2 = 2 Þ a.b.c = a.b.c (V)
2 2 4 4
22 III) x ∗ y = x 2 + y 2 , definida em R + .

∀ a, b, c ∈ R + , (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c)

( a2 + b2 ) ∗ c = a∗ ( b2 + c2 ) ⇒ ∝ ∗ c = a∗ β
14243 14243
∝ β

⇒ ( α 2 + c2 )2 = ( β 2 + c2 )2 ⇒ ∝2 + c 2 = β 2 + c 2 ⇒ ( a 2 + b2 )2 + c 2 = a 2 +

( b 2 + c 2 ) 2 ⇒ a 2 + b 2 + c 2 = a 2 + b 2 + c 2 (V).

a+b
IV) a ∗ b = , definida em R – {1, -1}.
1 + ab

V) a ∗ b = a + b – ab, definida em R.

VI) a ∗ b = a, definida em R.

VII) (a, b) ∗ (c, d) = (ac, d + ac), definida em R . R.

VIII) (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, b + d + 2 b . d), definida em R . R.

2.2 - Comutatividade
Diremos que uma operação "∗" é comutativa em E se:
∀ x, y ∈ E, x ∗ y = y ∗ x

Exemplo:
1) A adição é comutativa em N, Z, Q ou R.
∀ a, b ∈ R, a + b = b + a

2) A multiplicação é comutativa em N, Z, Q ou R.
∀ a, b ∈ R, a . b = b . a
2
3) A operação a ∗ b = a (potenciação) em N não é comutativa.
∀ a, b ∈ N, a ∗ b = b ∗ a ∴ a b = b a (F)

4) A operação (a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad + b) não é comutativa em N . N.


∀ (a, b), (c, d) ∈ N . N, (a, b) ∗ (c, d) = (c, d) ∗ (a, b) ⇒ (ac, ad + d) = (ca, cb + d) (F)

2.3 - Existência do Elemento Neutro


Seja "∗" uma operação definida em E. Diremos que "∗" admite o elemento neutro e se:
∀ x ∈ E, x ∗ e = e ∗ x = x

Exemplo:
1) A adição em N, Z, Q ou R admite o zero como elemento neutro.
∀ x ∈ R, x + 0 = 0 + x = x
2) A multiplicação em N, Z, Q ou R admite a unidade como elemento neutro.
∀ x ∈ R, x . 1 = 1 . x = x 23

3) Considere a operação x ∗ y = x + y – 4 definida em R. Vamos determinar o elemento neutro.


∀ x ∈ R, x ∗ e = e ∗ x = x ⇒ x + e – 4 = e + x – 4 – x; então: x + e – 4 = x; e = 4.

4) Seja x ∗ y = x + xy uma operação definida em R-{0}. Determine o elemento neutro.

Notamos que a operação não é comutativa.

Vejamos:
∀ a, b ∈ R, a ∗ b = b ∗ a ∴ a + ab = b + ba (F)

Então, temos que verificar a existência do elemento neutro à esquerda e à direita da operação.

Assim, temos:
a) x ∗ e = x (elemento neutro à direita)
x+xe=x
x e = 0 ∴ e = 0; x ≠ 0

b) e ∗ x = x (elemento neutro à esquerda)


x
e+ex=x e=
e (1 + x) = x x +1

Observamos que o elemento neutro não é único, pois o elemento neutro à esquerda é literal.

Assim, concluímos que a operação não admite o elemento neutro.

5) Seja x ∗ y = x + y uma operação definida em R. Determine o elemento neutro.


2

Notamos que a operação é comutativa; então:

∀ x ∈ R, x ∗ e = e ∗ x = x
x +e e + x
= =x
2 2

Então x + e = x ⇒ x + e = 2 x ⇒ e = x; ≠ o elemento neutro.


2

6) Seja (a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad + d) uma operação em R* × R.

Vejamos a comutatividade:

∀ (a, b), (c, d) ∈ R . R, (a, b) ∗ (c, d) = (c, d) ∗ (a, b) ⇒ (ac, ad + b) = (ca, cb + d) (F)

a) Elemento neutro à esquerda:

∀ (x 1 , x 2 ) ∈ R* × R, (e 1 , e 2 ) ∗ (x 1 , x 2 ) = (x 1 , x 2 )
(e 1 x 1 , e 1 x 2 + e 2 ) = (x 1 , x 2 )
x1
e1 x1 = x1 → e1 = → e 1 = 1; x ≠ 0
x1
e1 x1 + e1 = x 2 → x 2 + e 2 = x 2 → e 2 = 0
b) Elemento neutro à direita:
24
∀ (x 1 , x 2 ) ∈ R* × R, (x 1 , x 2 ) ∗ (e 1 , e 2 ) = (x 1 , x 2 )
(x 1 e 1 , x 1 e 2 + x 2 ) = (x 1 , x 2 )
x 1 e 1 = x 1 → e 1 = 1; x 1 ≠ 0
x1 e 2 + x 2 = x 2
x 1 e 2 = 0 → e 2 = 0; x 1 ≠ 0

Logo: (e 1 , e 2 ) = (1,0).

Exercícios Resolvidos

Determine o elemento neutro:


x+ y
1) x ∗ y = , definida em R- {1, -1}.
1 + xy
x∗ 1 = 1

x+e
=x
1 + xe
x + e = (1 + x e)
2
x+e=x+x e
2
e-x e=0
2
e (1 - x ) = 0
e = 0 → e = 0; x ≠ 1; x ≠ -1.
1− x2

2) x ∗ y = x 2 + y 2 , definida em R.
x∗ e = x

x2 + e2 = x
2 2 2
x +e =x
2
e = 0 ∴e = 0

3) x ∗ y = x + y – xy, definida em R.
x ∗ e=x
x + e – xe = x
e (1 – x) = 0
0
e= ∴ e = 0; x ≠ 0
1− x

4) (a, b) ∗ (c, d) = (a . c, b + d), definida em R × R.


2.4 - Elementos Simetrizáveis
25
Seja (E, ∗ ) um grupoide com elemento neutro "e" . Diremos que um elemento a ∈ E é simetrizável se
existir a’ ∈ E (simétrico de a) tal que:

a ∗ a’ = a’ ∗ a = e

Exemplo:
1) Em (Z, +), temos: elemento neutro é zero.

a + a’ = a’ + a = 0 ∴ a’ = -a

Notamos que todos os elementos são simetrizáveis.

Ex.: 4 ∗ (-4) = (-4) ∗ (4) = 0

2) Seja (R, .): elemento neutro é um.


1
a . a’ = a’ . a = 1 ∴ a’ = ; a ≠ 0.
a
Notamos que todos os elementos não-nulos são simetrizáveis, assim os elementos simetrizáveis pertencem
*
ao conjunto R- {0} ou R .
1 1 4
Ex.: .2=2. = 1; . a’ = 1
2 2 5

3) Seja x ∗ y = x + y – 2, definida em R.

a) Elemento neutro:
x∗ e = x ⇒ x + e – 2 = x ⇒ e=2

b) Elementos simetrizáveis:
a ∗ a’ = 2
a + a’ – 2 = 2 ∴ a’ = 4 – a → todos os elementos são simetrizáveis.

Notamos, por exemplo, que:

a) O simétrico de 4 é zero ⇔ 4∗ 0 = 0∗ 4 = 2

b) O simétrico de 5 é -1 ⇔ 5 ∗ (-1) = (-1) ∗ 5 = 2

4) Seja x ∗ y = 3
x 3 + y 3 uma operação em R.

Qual é o simétrico de -1?

a) Elemento neutro;
x∗ e = x
3
x3 + e3 = x
3 3 3
x +e =x

e=0
b) Elemento simétrico;
26
a ∗ a’ = 0
3
a 3 + a' 3 = 0
3
a 3 + a’ = 0
3
a’ = -a 3
3
a’ = − a 3 = -a

c) Simétrico.

a’ = - (-1) = 1

Exercícios Resolvidos
I) Seja x ∗ y = x + y – 5, definido em R. Qual é o simétrico de 5?
a) Elemento neutro;
x∗ e = x
x∗ e – 5 = x
e=5

b) Elemento simétrico;
a ∗ a’ = 5
a + a’ – 5 = 5
a + a’ = 10
a’ = 10 – a

c) Simétrico.
a’ = 10 – 5
a’ = 5

II) Seja (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, bd), definida em R × R. Qual é o simétrico de (-1, 2)?

III) Considere a operação definida em R × R, por: (a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad + bc). Qual é o simétrico de (2, 1)?

2.5 - Distributividade
Seja E ≠ φ em que se defina duas operações "∗" e "Τ" . Diremos que a operação "Τ" é distributiva em
relação à operação "∗" se:

∀ a, b, c ∈ E a T (b ∗ c) = (a T b) ∗ (a T c) direita
(b ∗ c) T a = (b T a) ∗ (c T a) esquerda

Exemplo:
1) A operação de multiplicação é distributiva em relação à adição e à subtração, em N, Z, Q ou R.

∀ a, b, c ∈ E a (b + c) = ab + ac
(b + c) . a = ba + ca

∀ a, b, c ∈ E a (b - c) = ab - ac
(b - c) . a = ba - ca
2) Sejam a T b = a + b – ab e a ∗ b = a + b – 1 operações definidas em R.
27
Verifique se “T” é distributiva em relação à “ ∗ ”.

Comutatividade em (T).
aTb=bTa
a + b – ab = b + a – ba (V)

a T (b ∗ c) = (a T b) ∗ (a T c)
a T (b + c – 1) = (a + b – ab) ∗ (a + c – ac)
a + (b + c – 1) – a (b + c – 1) = a + b – ab + a + c – ac – 1
a + b + c – 1 – ab - ac + a = a + b – ab + a + c – ac – 1 (V)

Exercícios Resolvidos
I) Verifique se “T” é distributiva em relação à “ ∗ ”, nos casos:

ab
1) a * b = a + b – 3 e a T b = a + b - , definidas em R.
3
aTb=bTa a T (b * c) = (a T b ) * (a T c)
ab ba ab ac
a+b- =b+a- ) * (a + c -
a T (b + c – 3) = (a + b - )
3 3 3 3
a (b + c - 3) ab ac
a+b +c–3- =a+b- +a+c- -3
3 3 3
ab ac 3a ab ac
a+b+c–3- - + =a+b- +a+c- -3
3 3 3 3 3
(V)

2) (a, b) T (c, d) = (ac, bd) e (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, b + d) definidos em R × R.

Comutatividade em T.

(a, b) + (c, d) = (c, d) + (a, b)


(ac, bd) = (ca, db)

(a, b) T {(c, d) ∗ (e, f)} = [(a, b) T (c, d)] ∗ [(a, b) T (e, f)]
(a, b) T (c + e, d + f) = (ac, bd) ∗ (ae, bf)
(a (c + e), b (d + f) = (ac + ae, bd + bf)

(ac + ae, bd + bf) = (ac + ae, bd + bf) (V)

3) (a, b) T (c, d) = (ac, ad + bc) e (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, b + d), definidas em R × R.


Comutatividade T.

(a, b) T (c, d) = (c, d) T (a, b)


(ac, ad + bc) = (ca, cb + da)
(V)

(a, b) T [(c, d) ∗ (e, f)] = [(a, b) + (c, d)] ∗ [(a, b) T (e, f)]

(a, b) T (c + e, d + f) = (ac, ad + bc) ∗ (ae, af + be)


(a (c + e), a (d + f) + b (c + e)) = (ac + ae, ad + bc + af + be)
(ac + ae, ad + af + bc, be) = (ac + ae, ad + bc + af + be)
28 UNIDADE III

GRUPOS, ANÉIS E CORPOS

3.1 - Introdução à Teoria dos Grupos


Seja E ≠ φ , em que se define uma operação ∗ . Diremos que “ ∗ ” define em E uma estrutura de grupo ou que
(E, ∗ ) é um grupo se:

a) ∀ a, b, c ∈ E, (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c) associativa.
b) ∀ x ∈ E, x ∗ e = e ∗ x = x ter elem. neutro.
c) ∀ x ∈ E, x ∗ x’ = x’ ∗ x = e ter simétrico.

Se, além das condições acima, tivermos ∀ a, b ∈ E, a ∗ b = b ∗ a, diremos que o grupo é comutativo ou que
o grupo é abeliano.

Exemplo:
1) São grupos abelianos.
(Z, +), (R, +), (R*, .)

2) (N, +) não é um grupo.

3) (R, ∗ ) é um grupo, em que a ∗ b = a + b – 2.

3) (R, ∗ ), a ∗ b = a + b – 2.
a) Associatividade
∀ a, b, c ∈ E, (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c)
(a + b – 2) ∗ c = a ∗ (b + c – 2)
(a + b – 2) + c – 2 = a + (b + c – 2) – 2
a + b + c – 4 = a + b + c – 4 (V)

b) Comutatividade
∀ a, b ∈ E, a ∗ b = b ∗ a ⇒ a + b – 2 = b + a – 2 (V)

c) Elemento neutro
∀ x ∈, x ∗ e = x
x+e–2=x
e – 2 = 0 ∴e = 2

d) Elemento simetrizável
∀ x ∈ , x ∗ x’ = e
x + x’ – 2 = 2
x’ = 4 – x é abeliano

Exercícios Resolvidos
a+b
1) a ∗ b = , E = R- {1, -1}
1 + ab
ab
2) a ∗ b = , E = R* ou E = R- {0}
2

a) Associativa: ∀ a, b, c ∈ R, (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b, c).


ab bc ac av 3
( ) * c = a * ( ) Þ a *c = a* b Þ = 29
{2 {2 2 2
a b

ab.c a.ab abc abc


ü 2 = 2 \ abc = abc (V).
Þ 2 = 2 ý
2 2 þ 2 2 4 4

ab ba
b) Comutatividade: " a, b Î R*, a * b = b * a \ = (V).
2 2

xe 2x
c)
c) Elemento Neutro: " x Î R*, x * e = x Þ
Elemento neutro: = x Þ xe = 2 x Þ e = \ e = 2.
2 2

x.x' 4
d) Elementeo simetrizável: " x Î R*, x * x' = e \
Elemento Simetrizável: = 2 \ xx' = 4 \ x' = .
2 x

3) (a, b) ∗ (c, d) = (ac, bd), defina em E = R* × R*

a) Associatividade: ∀ (a, b), (c, d), (e, f) ∈ R* × R*


[(a, b) ∗ (c, d)] ∗ (e, f) = (a, b) ∗ [(c, d), (e, f)]
(ac, bd) ∗ (e, f) = (a, b) ∗ (ce, df)
(ace, bdf) = (ace, bdf) (V)

b) Comutatividade:

∀ (a, b), (c, d) ∈ R* . R*, (a, b) ∗ (c, d) = (c, d) ∗ (a, b) ⇒ (ac, bd) = (ca, db).

c) Elemento neutro:
(x 1 , x 2 ) ∗ (e 1 , e 2 ) = (x 1 , x 2 )
(x 1 e 1 , x 2 e 2 ) = (x 1 , x 2 )
x1e1 = x1 ∴e 1 = 1
x2 e2 = x2 ∴ e2 = 1

d) Elemento simetrizável:
∀ (x 1 , x 2 ) ∈ R* . R*, (x 1 , x 2 ) ∗ (x 1' , x '2 ) = (1, 1)
' '
(x 1 x 1 , x 2 x 2 ) = (1, 1)
'
x1 x1 = 1 ⇒ x 1' = '
x1
x2 x2 = 1
'
⇒ x '2 = '
x2

4) (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, b + d), definida em E = R × R.

5) (a, b) ∗ (c, d) = (ac, ad + bc), definida em E = R* × R.


3.2 - Grupos Finitos
30
Seja (G, ∗ ) um grupo.

Se G é um conjunto finito, diremos que (G, ∗ ) é um grupo finito.

Todo grupo finito pode ser representado por uma tábua de operação ∗ , em que:

I) Não há repetições de elementos em linhas e colunas.

II) O elemento neutro é determinado pela interseção de uma linha (equivalente à linha fundamental) com uma
coluna (equivalente à coluna fundamental).

III) Se a tábua é “simétrica” em relação à diagonal principal, o grupo é abeliano.

IV) Não há regra prática para se verificar diretamente na tábua a associatividade; temos que testar todos os
compostos (x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z).

Exemplo:
E = {a, b, c}; (E, ∗ ) é um grupo, em que a operação ∗ é definida pela tábua:
* a b c
a c a b a) Elemento neutro é b
b a b c b) Elemento simetrizável a→c ⇔ a∗ c = b
c b c a
b→b ⇔ b∗ b = b

c) Associatividade: (x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z)

c1) (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c) c2) (a ∗ c) ∗ b = a ∗ (c ∗ b)
a∗ c = a ∗ c b ∗ a = b ∗ b
b=b b=b

c3) (b ∗ a) ∗ c = b ∗ (c ∗ a) c4) (b ∗ c) ∗ a = b ∗ (c ∗ a)
a ∗ c = b ∗ b c ∗ a = b ∗ b
b=b b=b

c5) (c ∗ a) ∗ b = c ∗ (a ∗ b) c6) (c ∗ b) ∗ a = c ∗ (b ∗ a)
b ∗ b = c ∗ a c ∗ a = c ∗ a
b=b b=b

Principais Grupos Finitos


I) Grupo de Klein:

* e a b c Elemento neutro: “e”


e e a b c simétricos: e → e
a a e c b a→a
b b c e a b→b
c c b a e c→c
II) Grupo cíclico de ordem 4:
31
* e a b c
e e a b c
a a e c b
b b c a e
c c b e a

III) (Z / n;⊕) Grupo aditivo das classes residuais:


Å 0 1 2 3 4
Elemento neutro: “ 0 ”
0 0 1 2 3 4
1 1 2 3 4 0 simétricos: 0 →0
2 2 3 4 0 1 1→ 4
3 3 4 0 1 2 2→3
4 4 0 1 2 3

Exercícios Resolvidos

1 −1
1) Seja A = {f1, f2, f3, f4} em que f1(x) = x; f2(x) = ; f3(x) = -x; f4(x) = . Construa a tábua do grupo (A, ○),
x x
em que “○” é operação de composição de funções e determine todos os simétricos:

1
○ f1 f2 f3 f4
−1 − 1 = -x
f1 f1 f2 f3 f4 (f2 ○ f4) (x) = f2 (f4 (x)) = f2 ( )=
f2 f2 f1 f4 f3 x x
(f2 ○ f4) (x) = f3
f3 f3 f4 f1 f2
(f1 ○ f1) (x) = f1 (f1(x)) = f1 (x) = (f1 ○ f1) (x) = f1
f4 f4 f3 f2 f1
1
(f1 ○ f2) (x) = f1(f2(x)) = f1 ( ) = (f1 ○ f2) (x) = f2
x
(f1 ○ f3) (x) = f1 (f3(x) = f1 (-x) = (f1 ○ f2) (x) = f3
−1
(f1 ○ f4) (x) = f1 (f4(x) = f1 ( ) = (f1 ○ f4) (x) = f4
x
1
1 1 =x
(f2 ○ f2) (x) = f2 ( ) =
x x
(f2 ○ f2) (x) = f1
(f3 ○ f2) (x) = (f3 (-x)) = +x (f3 ○ f3) = f1

simétricos: f1 é f1
f2 é f2
f3 é f3
f4 é f4
r
32 2) Seja G = { J , , , 4 , 5 , 6 } ⊂ Z/7. Construa a tábua do grupo (G, ⊗ ), determinando seus simétricos.
Ä 1 2 3 4 5 6 Obs.: Multiplica-se a 1ª linha c/ a 1ª coluna; divide por 7 e o resto
1 1 2 3 4 5 6 é o resultado.

2 2 4 6 1 3 5 Elemento neutro: 1
3 3 6 2 5 1 4 1=1
4 4 1 5 2 6 3 2=4e4=2
5 5 3 1 6 4 2 5=5e5=3
6 6 5 4 3 2 1 6 =6

O simetrizável é quando multiplicamos a coluna pela linha e encontramos o elemento neutro.

3.3 - Subgrupos
Seja (A, ∗ ) um grupo, B ≠ φ , B ⊂ A. Diremos que (B, ∗ ) é um subgrupo de (A, ∗ ) se:

1) e ∈ B, e elemento neutro de (A, ∗ ).


2) ∀ a ∈ B, ∃ a’ ∈ B.
3) ∀ a, b ∈ B, (a ∗ b) ∈ B.

Ex.:
1) (Z, +) é um subgrupo de (R, +).

a) 0 ∈ Z; 0 elemento neutro de (R, +).


b) ∀ a ∈ Z, a’ ∈ Z ∴ a’ = -a.
c) ∀ a, b ∈ Z, (a + b) ∈ Z.

2) (A, +) é um subgrupo de (Z, +), em que A = {x ∈ Z/ x = 2 m; m ∈ Z}.

a) 0 ∈ A, fazendo m = 0.
b) Seja a ∈ A; então a = 2 b; b ∈ Z.
Então a + a’ = 0 ∴ a’ = -a. Logo: a’ = -2 b, então a’ = 2 (-b), logo a’ ∈ A.

c) Sejam c, d ∈ A.
Então: c = 2 m1; m1 ∈ Z ⇒ Então c + d = 2 m1 + 2 m2
d = 2 m2; m2 ∈ Z = 2 (m1 + m2) = 2 m3

Então: c + d = 2 m3; m3 ∈ Z. Logo, (c + d) ∈ A.

3) Seja (Z/6), ⊕ ) um grupo.


Verifique se (A, ⊕ ) é um subgrupo de (Z/6, ⊕ ), em que:

a) A = { 0, 4 } → Elemento neutro 0 (V).


→ O simétrico de 4 é 2 ∴ 2 ∉ A
Logo, não é subgrupo.

b) A = { 0, 2, 4 } → Tem o elemento neutro 0 . (V).


→ O simétrico de 0 é 0 , e 2 é 4 .
→ E a soma a ⊕ b ∈ A, pois 0 + 0 = 0 ; 2 + 2 = 4 ; 2 + 4 = 6 ∴ 6 = 0 e 4 + 4 = 8 = 2
6
Portanto, é um subgrupo.
4) Seja (Z/8; ⊕ ), determine todos os seus subgrupos:
33
Em (Z/8; ⊕ ), temos: → Elemento neutro 0 . (V).
→ Os simétricos de 0 é 0 ; 1 é 7 ; 2 é 6 ; 3 é 5 ; 4 é 4 .

Vejamos os subgrupos:

a) Com 1 elemento:
H1 {0} → somente esse.

b) Com 8 elementos:
H1 = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} .

c) Com 2 elementos:
H1 = {0, 4} .

d) Com 3 elementos:
Opções A = {0, 1, 7} → 1 + 1 = 2 ∉ A
B = {0, 2, 6} → 2 + 2 = 4 ∉ A
C = {0, 3, 5} → 3 + 3 = 6 ∉ C

Todas falsas

e) Com 4 elementos:

Opções D = {0, 1, 7, 4} (F)


E= {0, 2, 6, 4} (V)
F= {0, 3, 5, 4} (F)
Então: H4 = {0, 2, 4, 6} .

f) Com 5 elementos:

Opções G = {0, 1, 7, 2, 6} (F) 1 ⊕ 2 = 3 ∉ G


H= {0, 1, 7, 3, 5} (F) 1 ⊕ 1 = 2 ∉ H
I= {0, 2, 6, 3, 5} (F) 2 ⊕ 2 = 4 ∉ I

g) Com 6 elementos:
r
Opções J = {0, 1, 7, 2, 6, 4} (F) 1 ⊕ 2 = 3 ∉ J
L= {0, 1, 7, 3, 5, 4} (F) 1 ⊕ 1 = 2 ∉ L
M= {0, 2, 6, 3, 5, 4} (F) 5 ⊕ 4 = 1 ∉ M

h) Com 7 elementos:
Opções: N = {0, 1, 7, 2, 6, 3, 5} (F) 2 ⊕ 2 = 4 ∉ N
5) Considere o grupo de Klein. Quais são os seus subgrupos?
34 * e a b c
Elemento neutro → e
e e a b c simétricos: e → e; a → a; c → c;
a a e c b H1 = {e}; H2 = {e, a, b, c}; H3 = {e, a}; H4 = {e, b}; H5 = {e, c}
b b c e a
c c b a e

6) Considere o grupo definido pela tábua abaixo. Quais os subgrupos:

* a b c d e f Elemento neutro: e
a c d e f a b simétricos: e → e; a → c; b → b; d → f
b d e f a b c H1 = {e}
c e f a b c d H2 = {a, b, c, d, e, f}
d f a b c d e H3 = {e, b}
e a b c d e f H4 = {e, a, c}
f b c d e f a

3.4 - Potência de um Grupo


Seja (E, ∗ ) um grupo e a ∈ E.

Definições:
n
1) (*a) = a ∗ a ∗ a ∗ ... ∗ a
0
2) (*a) = e (elemento neutro de (E, ∗ ))
−n n
3) (*a) = (*a’)

Ilustração: Considere o grupo (E, ∗ ), definido abaixo:


* a b c d e Elemento neutro: c
a d e a b c simétricos: c → c; a → e; b → d
b e a b c d
c a b c d e
d b c d e a
e c d e a b

2
a) (*d) = d ∗ d) = e
3
b) (*c) = (c ∗ c) ∗ c = c ∗ c = c
3
c) (*b) = (b ∗ b) ∗ b = a ∗ b = e
−2 2 2
d) (*e) = (*e’) = (*a) = a ∗ a = d

3.5 - Subgrupos Cíclicos

Seja (E, ∗ ) um grupo e a ∈ E. Chamamos de subgrupo cíclico, gerado pelo elemento a ∈ E e indicamos por
n
[a], ao conjunto: [a] = {(*a) /n ∈ Z}.
Exemplo: Seja o grupo (E, ∗ ).
35
* a b c d e f [b] = {b}
a f a b c d e
b a b c d e f Elemento neutro = b
c b c d e f a
d c d e f a b
e d e f a b c
f e f a b c d

n
a) [c] = {(*c) /n ∈ Z} ⇒ n = 0 → (*c) 0 = b; n = 1 → (*c) 1 ; n = 2 → (*c) 2 = d
−1 1 −2 2
n = -1 → (*c) = (*a) = a; n = -2 → (*c) = (*a) =f
3 −3 −3
n = 3 → (*c) = e; n = -3 → (*c) = (*a) =e
[c] = {b, c, d, a, f, e}.

n
b) [a] = {(*a) /n ∈ Z} = {f, e, d, c, b, a}.

n
c) [d] = {(*d) /n ∈ Z} = {f, b, d}.

n
d) [f] = {(*f) /n ∈ Z} = {d, b, f}.

Exercícios Resolvidos
2
1) Seja A = {1, -1, i, -i}. O grupo (A, .) em que i = -1 é cíclico.

(.) 1 -1 i -i [1] = {1}.


1 1 -1 i -i [-1] = {1, -1}.
-1 -1 1 -i i [i] = {-1, -i, 1, i} = A.
i i -i -1 1 [-i] = {-1, i, 1, -i} = A.
-i -i i 1 -1

Logo: (A, .) é um grupo cíclico, sendo i e –i seus geradores.

2) Seja A = {a, b, c, d}. Verifique se o grupo (A, ∗ ) é cíclico. Caso seja, determine seus elementos geradores.

* a b c d [a] = {a}.
a a b c d [b] = {c, d, a, b} = A é um gerador.
b b c d a [c] = {a, c}.
c c d a b [d] = {c, b, a, d} = A é um gerador.
d d a b c

Logo: (A, ∗ ) é cíclico sendo b e d seus geradores.

3) Seja (Z/4, ⊕ ) um grupo:

a) Construa a tábua;
b) Determine seus geradores;
c) Verifique se é cíclico, determinando seus possíveis geradores.
3.6 - Homomorfismo de Grupos
36
Sejam os grupos (A, ∗ ) e (B, T). Chamamos de homomorfismo de (A, ∗ ) em (B, T), a toda função do tipo:

f: A → B/ ∀ a, b ∈ A, f (A ∗ B) = f (a) + f (b).
* * r
Ex.: (R, +) e (R + , .) ∴ f = R → R + /f(n) = 2

Ilustração:
*
(R, +) (R + , .)
1
1 f 2 =2 Então, f(1 + 2) = 8.
f (1 + 2) = f(1) . f(2); de um modo geral,
2
2 f 2 =4 faremos ∀ a, b ∈ R, f (a + b) = f (a) . f (b)
2+1 a+ b a b
1+2 f 2 =8 2 =2 . 2 (V)

*
Mostramos que a situação acima vale para toda função f: R → R + . Tomemos por exemplo:
*
f: R → R + /f(x) = x + 1
∀ a, b ∈ R, f(a + b) = f(a) . f(b)

a + b + 1 = (a + 1) . (b + 1) (F)

Pequeno resumo da aula anterior: (Homomorfismo)


(A, ∗ ) e (B, T) ∴ f: A → B/ ∀ a, b ∈ A
f:(a ∗ b) = f(a) T f(b)

2) Sejam os grupos:
* * *
(R*, .) e (R, +). Mostre que F: R + → R/F(x) → log 2 x é um homomorfismo de (R + , .) em (R + , .).
*
(R + , .) e (R, +)
Fx = log 2 x

∀ a, b ∈ R *+ : F(a, b) = F(a) + F(b)



log 2 (a . b) = log 2 a + log 2 b (V)
Propriedade dos logaritmos
* * *
3) Seja o grupo (R + , .). Verifique se F: R + → R + /F(x) = x é um homomorfismo de (R *+ , .) em (R *+ , .).
* *
(R + , .) (R + , .) F(x) = x
∀ a, b ∈ R *+ : F(a . b) = f(a) . f(b)

a.b = a . b (V) Propriedade produto das raízes

4) Seja (Z, +) um grupo e F: Z → Z/f(x) = x + 2. Verifique se a função dada é um homomorfismo de (Z, +)


em (Z, +).

(Z, +) e (Z, +) F(x) = x + 2


∀ a, b ∈ Z: F(a + b) = f(a) + f(b)
a + b + 2 = a + 2 + b + 2 (F)
3.7 - Isomorfismo de Grupos
37
Sejam os grupos (A, ∗ ) e (B, T). Chamamos de isomorfismo de (A, ∗ ), em (B, T), a toda função do tipo:

1) ∀ a, b ∈ A, f(a ∗ b) = f(a) T f(b).

2) f é bijetora. Nesse caso, também diremos que os grupos são isomorfos.

Exemplo:
* *
1) Sejam os grupos (R + , .) e (R, +). Mostre que f: R*→R/f(x) = log 2 x é um isomorfismo de (R + , .) em (R, +).

a) ∀ a, b ∈ R *+ , f(a, b) = f(a) + f(b)


log 2 (a . b) = log 2 a + log 2 b (V)

b1) Sobrejetora: Im (f) = R f(x) = log 2 x ou y = log 2 x

y = log 2 x
1
x = 1 → log 2 1 ⇒ y=0 x= 1 ⇒ y = log 2 2 ⇒ y = -1
2
x = 2 → log 2 2 ⇒ y=1
1
x = 4 → log 2 4 ⇒ y=2 x= 1 ⇒ y = log 2 4 ⇒ y = -2
4

D(f) = R*
1
Im(f) = R. (V)
x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4

-1

-2

b2) Injetora ⇒ Se f(a) = f(b), então a = b.


Se f(a) = f(b), então log 2 a = log 2 b. Entre a = b (V).

* * 2 *
2) Considere os grupos (R, +) e (R + , .). Mostre que f: R→R + /f(x) = 2 é um isomorfismo de (R, +) em (R + , .).

a) ∀ a, b ∈ R, f(a + b) = f(a) . f(b)


a+ b a b
2 = 2 . 2 (V)
*
b1) Sobrejetora: Im (f) = R + ⇒ y = 2x x=0→y=1
x=1→y=2
y x = -1 → y = 1
x=2→y=4
2
x = -2 → y = 1
1
D(f) = R
4
*
Im(f) = R + (V)
x
-2 -1 1 2 3

-1

-2
b2) Injetora: Se f(a) = f(b), então a = b.
38
a b
Se f(a) = f(b), então 2 = 2 , então a = b. (V)

Obs.: y = a
x
⎯T⎯→
.V
⎯ x=a
y

y = log a x

3) Sejam os grupos (Z × Z, +) e (Z, +). Mostre que f: Z × Z → Z/f(x, y) = x é um epimorfismo (homomorfismo


sobrejetor) de (Z × Z, +) em (Z, +).

a) (a, b), (*c, d) ∈ Z × Z, f(a, b) + (c, d) = f(a, b) + f(c, d)


f(a + c, b + d) = f(a, b) + f(c, d)
a+c = a + c (V)

b1) Sobrejetora: Im(f) = Z


f(x, y) = x logo: f(0, 0) = 0; f(0, 1) = 0; f(1, 2) = 1; f(1, 3) = -1
(Z × Z) = Z (V) ou seja, é todo o Z. (V)

b2) Injetora: Se f(a) = f(b), então a = b.


Se f(a, b) = f(c, d), então (a, b) = (c, d), então a = c e b = d.

Se f(a, b) = f(c, d), então a = c e não ocorre b = d, logo é falso.


Exemplo: f(-1, 2) = -1 (-1, 2) (F).
f(-1, 3) = -1 (-1, 3) -1

4) Considere os grupos (Z, +) e (Z × Z, +). Mostre que f: Z → Z × Z/f(x) = (x, 0) é um monomorfismo (homo-
morfismo injetor) de (Z, +) em (Z × Z, +).

a) ∀ a, b ∈ Z, f(a + b) = f(a) + f(b)


(a + b, 0) = (a, 0) + (b, 0). (V)

b) Sobrejetora: Im(f) = Z × Z (F)


Se f(x) = (x, 0) ⇒ Im(f) ≠ Z × Z

c) Injetora: Se f(a) = f(b), então a = b.


Se f(a) = f(b), então (a, 0) = (b, 0) ⇒ a = b. (V)

5) Sejam os grupos (R,+) e (R,T) em que a T B = a + b + 1.Verifique se f: R→R/f(x)=x–1 é um isomorfismo


de (R, +) em (R, T).

a) Homomorfo:
∀ a, b ∈ R, f(a + b) = f(a) T f(b)
a + b – 1 = (a – 1) T (b – 1)
a+b–1=a–1+b–1+1
a + b – 1 = a + b – 1 (V)
y

b) Sobrejetora:
f(x) = x – 1 1 D=R
x = 0 → y = -1 Im = R (V)
x=1→y=0
x
x = -1 → y = -2
-2 -1 1 2
x=2→y=1
x = -2 → y = -3
-1
c) Injetora: Se f(a) = f(b), então a = b.
Se f(a) = f(b), então a – 1 = b – 1, então a = b. (V) 39

Isso é Isomorfismo!

3.8 - Estrutura de Anel

Seja A ≠ φ , em que se define duas opções ∗ e T. Diremos que as operações definem em E uma estrutura de
anel ou que (E, ∗ , T) é um anel se:

a) (A, ∗ ) é um grupo abeliano.


b) ∀ a, b, c ∈ A, (a T b) T c = a T (b T c).
c) ∀ a, b, c ∈ A a T (b ∗ c) = (a T b) ∗ (a T c).
(b ∗ c) T a = (b T a) ∗ (c T a).

Notas:
1) Seja (E,∗ , T) um anel.
Se ∀ a, b ∈ E, a T b = b T a, diremos que o anel é comutativo.

2) Seja (E, ∗ , T) um anel comutativo.


Se ∀ x ∈ E, x T e = e T x = x, diremos que (E, ∗ , T) é um anel comutativo com elemento neutro, também
chamado de anel comutativo com unidade.

Exemplo:
1) (Z, +, .) é o anel dos inteiros.
2) (R, +, .) é o anel dos reais.
3) ( z ,⊕,⊗ ) é o anel das classes residuais.
n
4) Seja (R, ∗ , T) um grupo abeliano, em que a ∗ b = a + b – 1. Verifique se (R, ∗ , T) é um anel comutativo
1 2 1 2
com unidade, em que a T b = a + b –a b .

a) Associatividade (T):
∀ a, b, c ∈ R, (a T b) T c = a T (b T c)
2 1 2
(a + b – ab) T c = a T (b + c - bc)
a + b – ab + c – (a + b – ab) . c = a + b + c – ab – a (b – c – bc)
a + b – ab + c – ca – ab + abc = a + b + c – ab – ac + abc
Lado1 = lado 2.

b) Comutativa:
∀ a, b ∈ R, a T b = b T a
a + b – ab = b + a – ab (V)

c) Distributividade:
∀ a, b, c ∈ R, a T (b ∗ c) = (a T b) ∗ (a T c)
a T (b + c – 1) = (a + b – ab) ∗ (a + c – ac)
a + (b + c – 1) – a (b + c – 1) = (a + b – ab) + (a + c – ac) – 1
a + b + c – 1 – ab – ac + a = a + b – ab + a + c – ac – 1 (V)
d) Elemento neutro (T):
40
∀ x ∈ R, x T e = x
x + e – xe = x

e (1 – x) = 0
0
e= ⇒ e = 0; x ≠ 1
1− x

5) Seja (R × R, ∗ ) um grupo abeliano, em que (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, b + d). Verifique se (R × R, ∗ , T) é um


anel comutativo, em que (a, b) T (c, d) = (ac, 0).

6) Seja (R × R, ∗ ) um grupo abeliano, em que (a, b) ∗ (c, d) = (a + c, b + d).

Elementos Inversíveis de um Anel


Seja (E, ∗ , T) um anel comutativo com unidade. Diremos que um elemento a ∈ E é inversível se a T a’ = a’ T a = e.

O conjunto dos elementos inversíveis de E é dado por U(E).

Exemplo:

1) (Z, +, .)
1
a . a’ = 1 ⇒ a’ = ∈ Z ⇒ a = 1 ou a’ = -1
a
Logo: U(Z) = {1, -1}

2) (R, +, .)
1
a . a’ = 1 ⇒ a’ = ∈ R; a ≠ 0
a
Então U(R) = R –{0}.

3) ( Z , ⊕ , ⊗ ) → { 1, 2, 3, 4 }.
5
1 ⊗ a' = 1 → a' = 1
a . a' = 1 ⇒ 2 ⊗ a' = 1 → a' = 3
3 ⊗ a' = 1 → a' = 2 Logo: U( Z ) { 1, 3, 2, 4 }
5
4 ⊗ a' = 1 → a' = 1

4) ( Z , ⊕, ⊗ )
6
1 ⊗ a' = 1 → a' = 1

2 ⊗ a' = 1 → ≠ a' ∈ Z
6
a . a' = 1 ⇒ 3 ⊗ a' = 1 → ≠ a' ∈ Z
6
4 ⊗ a' = 1 → ≠ a' ∈ Z
6
5 ⊗ a' = 1 → a' = 5 U( Z ) = {1, 5 }
6
3.9 - Estrutura de Corpo
41
Seja (E, ∗ , T) um anel comutativo com unidade. Diremos que (E, ∗ , T) é um corpo se todos os elementos
diferentes do zero do anel (elemento neutro de 1ª operação) admitem o simétrico ou:

∀ x ≠ e (zero do anel), x T x’ = x’ T x = e (unidade do anel).

1) (R, +, .) é o corpo dos números reais.


1
Notamos que ∀ x ≠ 0, se x’ = 1 ou x’ = .
x

2) ( Z , ⊕ , ⊗ ) é um corpo, se n é primo.
n
Exemplo: ( Z , ⊕, ⊗)
7 1⊗1 =1
2 ⊗ 4 =1
3 ⊗ 5 =1
6 ⊗ 6 =1 UZ = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 } todos ≠ 0
7

3) Seja (R, ∗ , T) um anel comutativo com unidade, em que a ∗ b = a + b – 1 e a T b = a + b – ab.


Verifique se (R, ∗ , T) é um corpo.

a) Zero do anel (elemento neutro da 1ª equação)

∀ x ∈ R, x ∗ ∈ = x
x+e–1=x
e=1

b) Unidade do anel (elemento neutro da 2ª equação)

x T e = x → x + e – xe = x
0
e (1 – x) = 0 ∴ e = ∴ e = 0; x ≠ 1
1− x

c) Elemento inversível
∀ x ≠ 1, x T x’ = 0
x + x’- x . x’ = 0
−x
x’ (1 – x) = -x ⇒ x’ =
1− x

Nota: Seja o corpo (R × R, +, .), em que:


(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d)
(a, b) . (c, d) = (ac – bd, ad + bc)

Consideremos um elemento qualquer (a, b) ∈ R × R. Assim, temos:


(a, b) = (a, 0) + (0, b)
(a, b) = (a, 0) + (b, 0) . (0, 1)
Identificando todo par (x, 0) por x e chamando o par (0, 1) de um constante i, temos:
42
a b i
(a, b) = (a, 0) + (b, 0) . (0, 1)

(a, b) = a + b . i forma algébrica de um número complexo.

Exemplo: (-2, 3) = -2 + 3i
(4, -5) = 4 – 5i
Etc.

Assim, considerando i = (0, 1), temos:


2
i . i = i = (0, 1) . (0, 1)
2
i = (0 – 1, 0 + 0)
2
i = (-1, 0) ⇒ i 2 = -1 ⇒ i = −1

3 2
i =i .i
= (-1, 0) . (0, 1)
3
(0 – 0, -1 + 0) → i = (0, 1) → -1 (0, 1) = -1 . i = -i
43

Se você:
1) concluiu o estudo deste guia;
2) participou dos encontros;
3) fez contato com seu tutor;
4) realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as
avaliações.

Parabéns!
Referências Bibliográficas
44
ALENCAR FILHO, Edgard. Elementos de Álgebra Abstrata. 4 ed. São Paulo: Nobel, 1990.
_______. Teoria Elementar dos Números. São Paulo: Nobel, 1992.
AYRES, Frank. Álgebra Moderna. São Paulo: McGraw-Hill, 1974.
DOMINGUES, H. H. e IEZZI, G. Álgebra Moderna. São Paulo: Atual, 1982.
GARCIA, Arnaldo. Álgebra: um curso de introdução. Rio de Janeiro: IMPA, 1988.
GONÇALVES, Adilson. Introdução à Álgebra. 4 ed. Rio de Janeiro: IMPA, 1999.

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